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Como |PF1 − PF2 | ≡ C > 0 posso supor que tomei P no ramo da hipe´rbole onde PF1 − PF2 ≡ C > 0 (seria ana´logo o outro caso, trocando os pape´is de F1 e F2). F1 F2 P Q F2 ’ α/2 α/2 Marque no segmento de reta [F1P ] o ponto F ′ 2 que tem PF2 = PF ′ 2. Considere a bissectriz r do aˆngulo α em P que faz parte do triaˆngulo ∆F1PF2. 6. A HIPE´RBOLE E O ANA´LOGO DA PROPRIEDADE REFLETIVA 280 Tome um ponto Q ∈ r, Q 6= P . Caso 1: Suponhamos QF1 ≥ QF ′2: Enta˜o como Q na˜o esta´ alinhado com F1, F ′ 2, P , temos: QF ′2 + F ′ 2F1 > F1Q, e portanto: F ′2F1 > F1Q−QF ′2 ≥ 0. Note que a nossa reta r funciona tambe´m como mediatriz do segmento [F ′2F2] (por ser a bissectriz do triaˆngulo iso´sceles ∆F ′2PF ′ 2). Logo QF ′2 = QF2 e portanto: F ′2F1 > F1Q−QF2. Por outro lado, ja´ que o ponto F ′2 esta´ no segmento [F1P ], temos: F ′2F1 = PF1 − PF ′2 = = PF1 − PF2. Como este u´ltimo valor e´ positivo, pela escolha de P , |PF1 − PF2 | = PF1 − PF2 ≡ C > 0 e |PF1 − PF2 | > F1Q−QF2 ≥ 0 nos faz concluir que Q na˜o pertence a` elipse. Ou seja, que da reta r somente o ponto P esta´ na elipse. Vemos em seguida que r na˜o e´ paralela a nenhuma das ass´ıntotas da hipe´rbole. Portanto, pela Afirmac¸a˜o 6.2, concl´ımos que r e´ a tangent a` hipe´rbole no ponto P . Caso 2: Suponhamos QF ′2 ≥ QF1: Enta˜o como Q na˜o esta´ alinhado com F1, F ′ 2, P , temos: QF1 + F1F ′2 > QF ′ 2, e portanto: F ′2F1 > QF ′ 2 −QF1 ≥ 0. O Resto da prova neste Caso 2 e´ exatamente igual ao do Caso 1. � CAPI´TULO 20. AS COˆNICAS E SUAS PROPRIEDADES REFLETIVAS 281 7. Famı´lia de coˆnicas co-focais ortogonais Considere a seguinte famı´lia de coˆnicas: x2 λ + y2 λ− k2 = 1, k > 0, com k fixado e o paraˆmetro λ > 0, λ 6= k2. A Figura a seguir ilustra o caso em que k = 2, onde escolhi 10 valores λ = 15, 10, 8, 6, 5, 3.5, 3, 2, 1, 0.3 0y -4 2 4 x 4 -2 -4 -2 20 A Afirmac¸a˜o a seguir descreve a famı´lia em detalhe. O item iv) e´ surpreendente ! Afirmac¸a˜o 7.1. • i ) todas as coˆnicas dessa famı´lia teˆm os mesmos Focos (k, 0) e (−k, 0). Se λ − k2 > 0 a coˆnica correspondente ao λ e´ uma elipse com excentricidade k√ λ . Se λ − k2 < 0 a coˆnica correspondente ao λ e´ uma hipe´rbole com excentricidade k√ λ . 7. FAMI´LIA DE COˆNICAS CO-FOCAIS ORTOGONAIS 282 • ii) em cada ponto (x, 0) do eixo dos x, diferente dos dois Focos (k, 0) e (−k, 0) e da origem, so´ passa um elemento da famı´lia de coˆnicas. De fato, se |x| > k enta˜o passa so´ uma elipse cujo paraˆmetro e´ λ = x2 e cuja excentricidade e´ e = a|x| < 1. E se |x| < k enta˜o so´ passa uma hipe´rbole cujo paraˆmetro e´ λ = x2 e cuja excentricidade e´ e = a|x| > 1. • iii) em cada ponto (0, y) do eixo dos y, diferente da origem so´ passa uma elipse da famı´lia, com paraˆmetro λ = k2 + y2 e excentricidade k√ k2+y2 • iv) em cada ponto (x, y) com x · y 6= 0 passam dois elementos da famı´lia, uma elipse e uma hipe´rbole, e a intersecc¸a˜o e´ ortogonal7 Demonstrac¸a˜o. Do item i): Basta aplicar a Afirmac¸a˜o 2.2 para encontrar os focos e a excentricidade. Note que se λ− k2 < 0 as hipe´rboles sa˜o: x2 λ − y 2 k2 − λ = 1. De ii): Dado o ponto (x, 0) a expressa˜o: x2 λ + y2 λ− k2 = 1, k > 0 produz a seguinte equac¸a˜o quadra´tica em λ: λ2 − λ · (k2 + x2) + k2 · x2 = 0. Se x2 − k2 > 0 (ou seja, |x| > k) o discriminante dessa equac¸a˜o vira: x2 − k2 e obtemos duas soluc¸o˜es: λ = x2 e λ = k2 mas por hipo´tese exclu´ımos λ− k2. Analogamente se x2 − k2 < 0. De iii): Para um ponto (0, y) equac¸a˜o em λ agora e´ linear: y2 λ− k2 = 1⇔ λ = k 2 + y2. De iv): Deixo para o leitor verificar que para cada ponto (x, y) com x · y 6= 0 passam duas coˆnicas diferentes, uma com excentricidade > 1 e a outra < 1. A u´nica coisa que quero destacar e´ que os paraˆmetros λ1, λ2 sa˜o as soluc¸o˜es da equac¸a˜o quadra´tica em λ: λ2 − λ · (k2 + x2 + y2) + x2 · k2 = 0 7Quando duas curvas se intersectam, o aˆngulo que formam e´ medido com base no aˆngulo formado por suas retas tangentes. CAPI´TULO 20. AS COˆNICAS E SUAS PROPRIEDADES REFLETIVAS 283 que sai de x2 λ + y2 λ− k2 = 1. Lembro que: λ1 + λ2 = k 2 + x2 + y2 e λ1 · λ2 = x2 · k2, ja´ que λ2 − λ · (k2 + x2 + y2) + x2 · k2 = (λ− λ1) · (λ− λ2). Nesses pontos (x, y) com x · y 6= 0, as duas curvas da famı´lia que passam pelo ponto na˜o sa˜o verticais, ou seja, localmente em torno de cada ponto as duas curvas sa˜o gra´ficos da forma y = fλ1(x) e y = fλ2(x). De fato, ∂( x 2 λ + y 2 λ−k2 − 1 ) ∂y = 0⇔ y = 0 e podemos usar o Teorema 2.1 do Cap´ıtulo 15. Tambe´m por esse mesmo Teorema calculo: f ′λ1(x) = − (2x λ1 ) ( 2y λ1−k2 ) = −x y · (λ1 − k 2 λ1 ), enquanto que f ′λ2(x) = −x y · (λ2 − k 2 λ2 ). Agora noto que termos a condic¸a˜o: f ′λ1(x) = −1 f ′λ2(x) equivale a termos (x2 + y2) · λ1 · λ2 − x2 · k2 · (λ1 + λ2) + x2 · k4 = 0, o que conseguimos que seja verdade se usamos: λ1 · λ2 = x2 · k2 e λ1 + λ2 = k2 + x2 + y2. Ora, f ′λ1(x) = −1 f ′λ2(x) e´ a condic¸a˜o de ortogonalidade, por isso cada par elipse-hipe´rbole que se encontra num ponto e´ ortogonal. � Para vermos exemplos de famı´lias de cu´bicas ortogonais precisaremos da Sec¸a˜o 3 do Cap´ıtulo 50. 8. EXERCI´CIOS 284 8. Exerc´ıcios Exerc´ıcio 8.1. Chamamos uma hipe´rbole x 2 a2 − y2 b2 = 1 de retangular se suas ass´ıntotas sa˜o ortog- onais entre si. Qual a relac¸a˜o entre a e b que e´ necessa´ria e suficiente para termos uma hipe´rbole retangular ? Exerc´ıcio 8.2. (resolvido) Um planeta de move em trajeto´ria el´ıptica, em que o Sol e´ um dos focos da elipse. Observado a partir de um ponto (x, y) = (0, 0), o planeta esta´, num certo instante t0, na posic¸a˜o (x0, y0), onde x0 > y0 > 0. Ademais, sua coordenada x tem em t0 uma taxa de variac¸a˜o de−1 UA/s, enquanto que sua coordenada y tem taxa de variac¸a˜o de 1 UA/s. i) Determine a equac¸a˜o (padra˜o) da elipse que descreve sua trajeto´ria. ii) Determine as posic¸o˜es poss´ıveis do Sol. iii) A distaˆncia do foco onde esta´ o Sol ate´ o ve´rtice mais pro´ximo e´ chamado de perihe´lio do planeta. Determine-o. CAP´ıTULO 21 Integrac¸a˜o e o Primeiro Teorema Fundamental 1. A´rea sob um gra´fico positivo Dado um gra´fico de uma func¸a˜o cont´ınua y = f(x) ≥ 0 quero entender qual a A´rea compreendida sob esse gra´fico e acima do eixo x, da vertical x = a ate´ a vertical x = b. Se y = f(x) = ax+b e´ uma reta tudo ok, ja´ sabemos o que sa˜o a´reas de triaˆngulos, retaˆngulo, trape´zios, etc. Mas e se y = f(x) na˜o for uma reta ? Se f(x) na˜o e´ a equac¸a˜o de uma reta, vemos que realmente precisamos definir de maneira matemati- camente correta a intuic¸a˜o que temos de que ha´ uma figura sob esse gra´fico e que ela tem uma certa a´rea. A ide´ia de Bernard Riemann e´ de ir subdividindo o domı´nio da f e colocando lado a lado retaˆngulos sob o gra´fico (vou chama´-los de retaˆngulos justapostos sob o gra´fico). A soma das a´reas desses retaˆngulos e´ menor que a a´rea buscada, mas a medida que se refina a subdivisa˜o do domı´nio a soma de a´reas dos retaˆngulos justapostos sob o gra´fico se aproxima de um certo valor. Isso funciona bem por exemplo se f : [a, b]]→ R e´ cont´ınua. Se f na˜o fosse cont´ınua em [a, b], quem sabe os valores da f ficassem ta˜o altos quanto quise´ssemos, o que levaria em muitos casos a que a a´rea da regia˜o sob seu gra´fico devesse ser considerada infinita, na˜o um nu´mero determinado. 1 1Veremos mais adiante, quando tratarmos de integrais impro´prias que, a`s vezes, a integrac¸a˜o consegue domar o infinito, tanto do tamanho do intervalo onde se integra, quanto dos valores da func¸a˜o em [a, b]. 285 2. QUAL FUNC¸A˜O DESCREVE AS A´REAS SOB GRA´FICOS?