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Direito Civil I – Carlos da Fonseca Nadais 1 CIVIL I – AULA 10 DEFEITOS NOS NEGÓCIOS JURÍDICOS PRIMEIRA PARTE: ERRO, IGNORÂNCIA DOLO E COAÇÃO. Defeitos do negócio jurídico ou vícios negociais são falhas, defeitos, imperfeições, máculas, que afetarão, em algum grau, os negócios jurídicos. Temos, basicamente, dois vícios vistos pela doutrina de modo geral: a) vícios de consentimento, que atuam sobre o intuito negocial, fazendo com que haja uma divisão, um distanciamento entre os elementos da vontade (erro; dolo; coação; estado de perigo; lesão), porque a vontade do agente não se forma corretamente, já que não fora o defeito de que se ressentiu no processo de formação, manifestar-se-ia, certamente, de maneira diversa; e b) vícios sociais que comprometem a segurança coletiva, pois farão que haja um risco na perpetuação daquele negócio (fraude contra credores), no caso prejudicando pessoas estranhas ao negócio, mas que possua interesse nos seus efeitos. O Código Civil declara que é anulável o negócio jurídico: a) Por incapacidade relativa do agente [módulo ]; b) Por vício resultante de erro (art. 138 a 144 CC), dolo (art. 145 a 146 CC), coação (art. 151 a 155 CC); veremos agora; estado de perigo (art. 156 CC), lesão (art. 157 CC) ou fraude contra credores (art. 158 a 165 CC); que veremos no módulo 11. 1. ERRO Erro é a falsa ideia ou falso sentido que se tem de alguma coisa. Em regra erro não se presume, assim, alegado o erro, este deve ser provado. Vamos alguns exemplos. Se alguém pega um dinheiro achando tratar-se de doação, mas na verdade foi empréstimo, há a possibilidade de anular esse negócio. Um sujeito com muitas posses é salvo de um incêndio por um Soldado do Corpo de Bombeiros - Fábio. Anos se passam, e o sujeito elabora seu testamento, em que dedica parte de sua fortuna ao bombeiro que o salvara anos antes, mas erra nome indicando Flávio, mas deixa expresso o motivo de tê-lo como herdeiro testamentário. O sujeito falece e o testamento é aberto e o dinheiro é repassado ao bombeiro errado. O testamento, sendo um negócio jurídico, poderá ser anulado, por invalidade. Parece simples, mas há uma diferença sutil entre erro e ignorância. O erro é a falsa representação da realidade, o sujeito engana-se sozinho. A ignorância é o completo desconhecimento da realidade, embora ambos acarretem efeitos iguais. Art. 138 CC. São anuláveis [não se trata de nulo] os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio. 1.1. Erro substancial ou essencial Não é qualquer erro que é capaz de anular o negócio jurídico, como dita o art. 138 CC, o erro deve ser substancial ou essencial (art. 139 CC), que pode ser entendido, quando diante de um negócio jurídico, fizéssemos a pergunta: “se eu tivesse conhecimento de todos os elementos do negócio, eu o faria assim mesmo?”. Vamos a outro exemplo. Eu compro uma moto especial de 1.200 cc que fora me prometido, por exemplo, ir de 0 a 100 km/h em 2 segundos, entretanto ela necessita de 4 segundos para tanto. “Se eu soubesse que a moto, com todas as melhorias, demoraria 4 segundos e não dois segundos para alcançar 100 km/h, eu a compraria?” Se a resposta for “não”, teríamos erro essencial; se fosse “sim”, teríamos erro acidental. Carlos da Fonseca Nadais - 2016-1 Direito Civil I – Carlos da Fonseca Nadais 2 Art. 139 CC. O erro é substancial quando: I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais; II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante; III - sendo [erro] de direito∆ e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico. ∆ quando se age contra a lei sem saber (� ? art. 3º LINB ?) Art. 3° LINDB. Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece. 1.2. Falso motivo Art. 140 CC. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante. O falso motivo ocorre ao eleger um motivo determinante para que se faça um negócio, mas, por erro ou ignorância, ele não se concretiza. Exemplo. Prolifera um boato que se instalará, em 6 meses, uma nova fábrica em determinado local. Um sujeito dá ouvidos a esse boato e loca um imóvel, em frente à suposta fábrica, para montar um restaurante. O contrato é de 36 meses, mas passados 12 meses, nada de fábrica... Ele resolve encerrar o empreendimento cancelar o contrato por falso motivo. Ele não foi induzido em erro por ninguém, apenas se colocou num estado de espírito condizente com o erro. 1.3. Transmissão errônea da vontade Art. 141 CC. A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável nos Direito mesmos casos em que o é a declaração direta. Nesse caso ocorrem situações que comprometem a declaração das vontades. Como, por exemplo, negócio celebrado por fax, mas que parte da página, que continha dados essências ao negócio, não tenha “chegado” ou mesmo por telefone, cuja ligação tenha “caído”, quando fossem passados detalhes relevantes do negócio. 1.4. Erros de indicação da coisa Art. 142 CC. O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração de vontade, não viciará o negócio quando, por seu contexto e pelas circunstâncias, se puder identificar a coisa ou pessoa cogitada. Esse é o caso do bombeiro que descrevemos no começo. Noutra situação o sujeito tem dois filhos, Mario e Luciana, e faz testamento deixando determinado bem para... Luana. Mesmo ocorrendo erro, no contexto vê-se que o sujeito só tem uma filha, e pode-se facilmente identificar a pessoa indicada, e, por fim, o negócio não ficará viciado. 1.5. Erro de cálculo Art. 143 CC. O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade. O erro de cálculo também não autoriza a anulação do negócio jurídico, mas sim a retificação. Exemplo. Um sujeito tem interesse em adquiri determinada empresa, sendo- lhe apresentado planilha com todos os passivos e ativos da empresa. Nessa planilha está indicado um passivo trabalhista de $ 10.000, fator determinante para celebrar o negócio. Um mês depois da compra, o sujeito percebe que o passivo trabalhista é, na verdade, de $ 100.000! Esse erro autoriza o sujeito a retificar sua vontade, ou seja, anulado. Carlos da Fonseca Nadais - 2016-1 Direito Civil I – Carlos da Fonseca Nadais 3 1.6. Possibilidade de convalescimento do erro Art. 144 CC. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante. Em razão do princípio da conservação do negócio, mesmo detectado erro, não necessariamente leva as partes a anular o negócio. É possível que se componham. Como o sujeito que recebe um “abatimento” de $ 90.000 na compra da empresa ($100.000 - $ 10.000) e não requer a anulação do negócio. 2. O DOLO O dolo é uma circunstância em que se deseja o resultado, no nosso caso, manipular a manifestação de vontade de uma das partes do negócio. Assim, o dano pode ou não ter ocorrido, para que se pleiteie a anulação do negócio jurídico, ou seja, não necessita concretizar o prejuízo, basta a ocorrência do dolo e ele se a razão, a essência do negócio. Art. 145 CC. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa. Classificações do dolo Antes de adentrarmos às especificações do Código Civil, cabe fazer um pequeno introito sobre o dolo em geral. ∆ dolo bônus: sem intenção de prejudicar. Exemplo: propaganda no intuito de valorizar o produto, como o feirante que grita“esse é o mais delicioso pêssego do mundo!”. Pode ser socialmente e juridicamente aceitos... ∆ dolo malus: Há a intenção de prejudicar. Exemplo: propaganda enganosa, manipulando ou omitindo informações ao consumidor. 2.1. Dolo acidental Se no erro acidental a pessoa em erro faria o negócio se tivesse conhecimento do erro, no caso de dolo acidental, a pessoa enganada faria o negócio mesmo assim, o negócio não é anulável, apenas ensejará perdas e danos. Art. 146 CC. O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo. Fala sobre o dolo acidental. Já falamos isso quando falamos sobre erro e ignorância, e o mesmo raciocínio vale quando falamos em dolo. O erro será substancial (essencial) quando o agente enganado não faria o negócio se soubesse da realidade. No caso do dolo, a pessoa, se soubesse da enganação, faria o negócio ainda assim, embora, como diz o artigo, “por outro modo”. Se sim, 2.2. Dolo negativo ou omissão dolosa Esse é o caso da omissão dolosa de informações ou fatos que alterariam substancialmente a manifestação da vontade de uma das partes do negócio. Exemplo, o dono de um apartamento sabe que a qualquer tempo a piscina do apartamento do andar de cima vai causar infiltração e danificar seu apartamento. É só uma questão de tempo. Tenta vender o apartamento e omite essa informação. Se o comprador soubesse desse problema não teria comprado o apartamento. Provada a má-fé do vendedor o negócio pode ser anulado, por omissão dolosa. Se o comprador soubesse desse problema e, Carlos da Fonseca Nadais - 2016-1 Direito Civil I – Carlos da Fonseca Nadais 4 mesmo assim, comprasse o apartamento, seria então um caso acidental e se resolveria em perdas e danos. Art. 147 CC. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado. 2.3. Dolo de terceiros: Aqui, seria a situação omissão dolosa, substituindo o “proprietário” por um terceiro, por exemplo, um corretor de imóveis. Vamos a outro exemplo, Jonas está em tratativas para vender um imóvel a José, que está indeciso se fecha negócio ou não. Cesar atravessa a conversa e fala que também tem interesse no imóvel. José, afobado, oferece um valor maior para fechar negócio. Na verdade, Jonas sabia que César estava mentindo e não compraria na realidade o imóvel, pelo contrário, o proprietário está com pressa de vender. Caberia, então, pedido de anulação do negócio por má-fé do Jonas. Se, por ventura, Jonas não soubesse da intenção de César, mas se beneficiou do fato, pelo princípio da conservação dos negócios, também se resolveria em perdas e danos a favor de José. Outro mais comum é de venda de carros. Luís, mecânico, que diz que o carro que Lúcio quer comprar estava ótimo, entretanto Luís sabe que o carro tem defeitos, e está em conluio com o proprietário do carro. Se o defeito for relevante para fechar o negócio, Lucio pode requerer a anulação, mas se o defeito não for relevante para Lúcio, resolve-se em perdas e danos contra Lúcio e, subsidiariamente, o vendedor. Art. 148 CC. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou. 2.4. Dolo na representação: Aqui cabe antes relembrarmos a representação legal (disposta na lei) e representação convencional (mandato). No primeiro caso a responsabilidade fica limitada até o benefício auferido pela representado. No segundo caso, a responsabilidade é solidária, ou seja, por todo o prejuízo e na mesma posição do representado. Art. 149 CC. O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém, o dolo for do representante convencional, o representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos. 2.5. Dolo recíproco ou bilateral É a circunstância em que temos ambas as partes estão de má-fé, cada qual querendo enganar o outro. O negócio será mantido, mesmo em prejuízo de um dos sujeitos. Art. 150 CC. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização. 3. COAÇÃO A coação é o ato de constranger alguém, mediante força, violência, grave ameaça ou chantagem. Atuar sobre a vontade de alguém. A coação absoluta, que é a irresistível, que não gera invalidade, porque o negócio não chega a existir! Carlos da Fonseca Nadais - 2016-1 Direito Civil I – Carlos da Fonseca Nadais 5 A coação relativa, que é a resistível, ou seja, tem-se a opção de agir de maneira diversa. Como chantagem, ou coação psíquica. Exemplo: um homossexual enrustido, que ainda não está pronto para se revelar. Se alguém sabe da verdade e o chantageia, tem ele opção? Tem. É a coação que estaremos falando em caso de vício negocial. Chantagem, extorsão... Então, falou-se em coação, estaremos diante de uma situação de anulabilidade. É invalidade relativa. 3.1 Medo de grave dano relativo à pessoa, família ou bens. Art. 151 CC. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta [causa] ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens ∆. Parágrafo único. Se disser respeito à pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação. ∆ por exemplo, sujeito ameaça o cachorro, única companhia de uma senhora, para forçá-la a fazer determinada coisa. 3.2. Medo relacionado às características da pessoa A pessoa pode sim ser coagida em relação de suas crenças, um estudante em relação a professor, são inúmeras situações, mas não podemos confundir com temor reverencial ou exercício normal de direito. O exercício normal de um direito é a pressão exercida dentro dos limites da lei. Exemplo: César não paga a fatura do cartão de crédito e a administradora envia uma “cartinha” dizendo que se não pagar a fatura, requererá inclusão de seu nome no Serasa ou outro cadastro de inadimplentes. O simples temor reverencial consiste no medo decorrente de um grande respeito, pelo receio que o agente tem de desagradar pessoa a ele ligada por vínculo afetivo ou relação de hierarquia. Exemplo: o medo de desgostar o pai ou a mãe Art. 152 CC. No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que possam influir na gravidade dela. Art. 153 CC. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples temor reverencial. 3.3. Coação de terceiros. Podemos fazer um paralelo com o dolo de terceiros que já vimos. Exemplo: Leandro fica sabendo que Roberta está para comprar um terreno, mas está indecisa entre dois que pertencem a Marcus. Prefere aquele no campo e detrimento do outro na praia, que é mais caro. Leandro, vizinho do terreno do campo, não quer que se construa ao lado da casa dele, pois “acabará com sua tranquilidade”, assim ameaça divulgar o segredo de que Roberta é infiel no casamento, se ela comprar esse terreno. Está configurada a coação. Assim, Roberta recua e compra do terreno da praia. Há duas situações, se Marcus estiver de conluio com Leandro, ou se está de boa-fé, mas se beneficiou indiretamente da coação de Leandro, que se resolve em perdas e danos com a conservação do negócio. Art. 154 CC. Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite,e esta responderá solidariamente com aquele por perdas e danos. Carlos da Fonseca Nadais - 2016-1 Direito Civil I – Carlos da Fonseca Nadais 6 Art. 155 CC. Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto [que sofreu coação]. Carlos da Fonseca Nadais - 2016-1 Direito Civil I – Carlos da Fonseca Nadais 7 Caso Concreto 01 - Analise a decisão adiante: CIVIL. ACORDO EXTRAJUDICIAL. QUITAÇÃO. VALIDADE. AÇÃO OBJETIVANDO AMPLIAR INDENIZAÇÃO. DESCABIMENTO. VÍCIO NA DECLARAÇÃO DE VONTADE. INEXISTÊNCIA. 1. Na hipótese específica dos autos, no ato da assinatura de acordo extrajudicial para indenização por acidente envolvendo veículo de propriedade da recorrente, a recorrida era representada por advogado, que também assinou o documento. 2. A quitação plena e geral, para nada mais reclamar a qualquer título, constante do acordo extrajudicial, é válida e eficaz, desautorizando investida judicial para ampliar a verba indenizatória aceita e recebida. Precedentes. 3. Não se pode falar na existência de erro apto a gerar a nulidade relativa do negócio jurídico se a declaração de vontade exarada pela parte não foi motivada por uma percepção equivocada da realidade e se não houve engano quanto a nenhum elemento essencial do negócio - natureza, objeto, substância ou pessoa. 4. Em sua origem, a ilicitude do negócio usurário era medida apenas com base em proporções matemáticas (requisito objetivo), mas a evolução do instituto fez com que se passasse a levar em consideração, além do desequilíbrio financeiro das prestações, também o abuso do estado de necessidade (requisito subjetivo). Ainda que esse abuso, consubstanciado no dolo de aproveitamento – vantagem que uma parte tira do estado psicológico de inferioridade da outra -, seja presumido diante da diferença exagerada entre as prestações, essa presunção é relativa e cai por terra ante a evidência de que se agiu de boa-fé e sem abuso ou exploração da fragilidade alheia. 5. Ainda que, nos termos do art. 1.027 do CC/16, a transação deva ser interpretada restritivamente, não há como negar eficácia a um acordo que contenha outorga expressa de quitação, se o negócio foi celebrado sem qualquer vício capaz de macular a manifestação volitiva das partes. Sustentar o contrário implicaria ofensa ao princípio da segurança jurídica, que possui, entre seus elementos de efetividade, o respeito ao ato jurídico perfeito, indispensável à estabilidade das relações negociais. 6. Recurso especial parcialmente provido. (STJ - REsp 1265890/SC – Rel. Min. Nacy Andrighi – Terceira Turma – Dje 09/12/2011). Por que a figura do erro foi afastada neste julgado? Poderia ser identificado outro vício na transação realizada? Explique sua resposta em no máximo dez linhas. R. O erro é a falsa representação da realidade. Estando a pessoa devidamente assistida por um advogado no momento em que foi firmado o acordo, devidamente informada sobre todo o seu conteúdo, não poderá alegar erro. Parece, o caso, uma tentativa clara de enriquecimento sem causa uma vez que os valores acordados já foram, inclusive, pagos. Poderia, ainda, a requerente, demonstrar talvez coação no ato da transação. Questão objetiva 01 - O dolo é vício de vontade que torna anulável o negócio jurídico. Arguida a prática do dolo num determinado negócio, é incorreto afirmar que: a) a intenção de quem pratica o dolo é a de induzir o declarante a celebrar um negócio jurídico; (ou não celebrar...) b) a utilização de recursos fraudulentos graves pode se dar por parte do outro contratante ou de terceiros, se forem do conhecimento daquele; (art. 148). c) o silêncio intencional de uma das partes sobre fato relevante ao negócio também constitui dolo; (art. 147 CC) d) o dolo recíproco impede a anulação do negócio jurídico sobre o qual incidiu; (art. 150 CC). e) o dolo do representante de uma das partes obriga o representado a responder civilmente por todo o prejuízo do outro contratante, independentemente do proveito que o mesmo representado experimentar. (art. 149, CC) Carlos da Fonseca Nadais - 2016-1 Direito Civil I – Carlos da Fonseca Nadais 8 Questão objetiva 02 - Analise as proposições: I Francisco pensa que adquiriu de Júlia o lote nº 4 da quadra A, mas na verdade adquiriu o lote nº 4 da quadra B. (art. 139 I CC). II Vanessa assina contrato de compra e venda de um apartamento, uma vez que tem sob sua cabeça uma arma empunhada por Robson. (art. 151 CC) III Karina, ao celebrar contrato de seguro de vida, omite que é portadora de enfermidade gravíssima. (art. 147 CC). As situações apresentadas caracterizam, respectivamente, os seguintes vícios de consentimento: a) Erro substancial, coação física, dolo negativo. b) Dolo positivo, coação moral, erro substancial. c) Dolo negativo, coação moral, erro acidental. d) Erro substancial, coação física, dolo positivo. Carlos da Fonseca Nadais - 2016-1
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