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03 VÍCIOS DO NEGÓCIOS JURÍDICOS

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Prof. Fernando Valdomiro dos Reis, Direito Civil II 
Vícios ou Defeitos do Negócio Jurídico 
 
Conforme já vimos, o negócio jurídico é um ato em que temos a 
manifestação de vontade, assim faz-se necessário para a validade do negócio 
jurídico que essa vontade seja manifestada de forma LIVRE, CONSCIENTE E 
IDÔNEA PELO AGENTE, existindo qualquer maluca no que diz respeito a 
manifestação de vontade, o negócio jurídico será viciado, podendo ser pleiteado a 
sua anulação. 
Aos falarmos em vício ou defeito do negócio jurídico, temos que ter em 
mente a existência de 02 (duas) espécies, sendo vícios de consentimento, ligados 
a vontade do agente, e vícios sociais. 
No que diz respeito a vontade do agente nós temos as seguintes espécies 
de vício: 
1. ERRO (art. 138 a 144); 
2. DOLO (art. 145 a 150); 
3. COAÇÃO (art. 151 a 155; 
4. ESTADO DE PERIGO (art. 156); 
5. LESÃO (art. 157. 
 
O Estado de Perigo e a Lesão, não estavam previstos no código de 1916, 
passando a existir através do código civil de 2002. Tais vícios tornam o negócio 
nulo, atingindo à vontade, elemento que está presente na validade do negócio 
jurídico, conforme vimos na escada ponteana. 
No que diz respeito a repercussão social, nós temos: 
1. FRAUDE CONTRA CREDORES 
2. SIMULAÇÃO 
 
São considerados vícios de repercussão social, porque atingem a boa-fé e 
a socialidade do negócio, importante ter em mente que os vícios do negócio 
jurídicos, são diferentes de vício redibitórios ou vícios do produto, pois o vício no 
Prof. Fernando Valdomiro dos Reis, Direito Civil II 
negócio jurídico pode estar presente em todos os negócios, pois atingem a 
manifestação de vontade. 
No caso dos vícios redibtórios a sua previsão legal está no art. 441 a 446 
do CC, e em se tratando de relação de consumo nos art. 18 e 26 do CDC. 
 
Do Erro e da Ignorância 
 
O erro nada mais é do que uma falsa percepção da realidade, o agente 
imagina uma determinada situação (fato) e na verdade estamos diante de outro, e 
esse erro pode dizer respeito à PESSOA, OBJETO DO NEGÓCIO ou a um 
DIREITO, que acaba por prejudicar a vontade de uma das partes. 
Diferentemente do que acontecia com o códex anterior, o atual código civil 
prevê em seu art. 138 a possibilidade de anulação do negócio jurídico celebrados 
com esse substancial, ou seja, aquele erro que qualquer pessoa poderia perceber, e 
isso dá-se em virtude da boa-fé objetiva no referido diploma. 
Assim podemos concluir que o agente consiga entender que está agindo 
sobre erro, ou seja, que ele tenha total condições de compreender o caráter do 
referido negócio, este poderá ser anulado. 
Na vigência do código de 1916, somente seria possível anular o negócio 
jurídico, se o erro fosse ESCUSÁVEL, ou seja, pelas situações do caso concreto, 
fosse justificável que a parte tivesse caído no erro, a grosso modo, era 
necessário que houve uma justificativa para a parte de sido enganada. 
La no primeiro período, vocês viram que o nosso código civil é 
fundamentado em 03 princípios, básicos, sendo eles a eticidade, sociabilidade e 
operabilidade, através do princípio da eticidade, temos que as partes devém 
agir de boa-fé em suas relações, de forma honesta, sem querer iludir, enganar, 
ou trapacear em seus negócios. 
Este assunto foi pauta da I Jornada de Direito Civil, sendo aprovado o 
Enunciado n. 12, com a seguinte redação: 
“É irrelevante ser ou não escusável o erro, porque o dispositivo adota o 
princípio da confiança”. 
Prof. Fernando Valdomiro dos Reis, Direito Civil II 
Isso se da em virtude da forte valorização da boa-fé objetiva, contudo tal 
entendimento não é pacifico na doutrina, a uma corrente, seguida pela Professora 
Maria Helena Diniz, Silvo Rodrigues, Carlos Roberto Gonçalves, entre outros, no 
sentido de que o negócio jurídico somente poderia ser anulado, nas hipóteses em 
que o erro seja inescusável, ou seja, ele somente seria anulado se o agente não 
tivesse condições de entender que estava agindo de erro. 
Mesmo com esse entendimento, não podemos perder de vista que o código 
é alicerçado na boa-fé existente entre as partes e não nas suas condições pessoas, 
que possibilitem ou não entender a existência do erro, vejamos o art. 138: 
 
ART. 138 – São anuláveis os negócios jurídicos quando as declarações 
de vontade emanarem de erro substancial, que poderia ser percebido por 
pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio. 
 
 O professor Flávio Tartuce traz o seguinte exemplo para demonstrar que 
o erro não precisa mais ser escusável, o que justifica a primeira corrente: 
“Um jovem estudante, recém chegado do interior de Minas Gerais a São 
Paulo vá até o viaduto do Chá, no centro da Capital. Lá na ponta do viaduto, 
encontra um vendedor ambulante que vende pilhas, com uma placa “vende-se”, o 
estudante mineiro então paga R$ 5.000,00, pensando estar comprando o viaduto, 
e a outra parte nada diz”. 
Esse erro poderia ser entendido por uma pessoa de diligência normal 
(capacidade cognitiva), sim, qualquer pessoa poderia saber que não era o viaduto 
que estava à venda. Muito embora estejamos diante de um erro extremamente 
grosseiro, a atual legislação permite a anulação, tendo em vista que a outra parte, 
sabendo do erro, permaneceu internet, recebendo o dinheiro. 
Por uma questão de lógica, se a legislação proteja aquele que cometeu um 
erro escusável, imagina então os erros inescusáveis, aqueles que até mesmo uma 
pessoa com discernimento, acabaria por cometer. 
Ao erro é dado o mesmo tratamento jurídico da ignorância, que consiste 
em um desconhecimento total quanto ao objeto do negócio, ou seja, a parte não 
Prof. Fernando Valdomiro dos Reis, Direito Civil II 
possui entendimento acerca do objeto, suas características ou demais situações 
relevantes. 
O erro e a ignorância são tratados pela lei como situações sinônimas, e em 
ambos os casos o agente se engana sozinho, podendo ser anulado o negócio 
jurídico sempre que o erro foi substancial ou essencial. 
 
Acerca do tema vejamos o art. 139 do código civil: 
Art. 139. O erro é substancial quando: 
O erro substancial ocorre quando a falsa percepção de vontade, seja ela em 
virtude de erro ou ignorância, influenciar de forma direta na realização do negócio 
jurídico, de modo que se o agente não estivesse agindo em erro o negócio não 
aconteceria. e os incisos do art. 139 traz as hipóteses de erro substância 
I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou 
a alguma das qualidades a ele essenciais; 
• NATUREZA DO NEGÓCIO: É o que ocorre quando uma pessoa 
imagina estar vendendo uma casa e a outra acredita que está recebendo 
em doação. 
 
• OBJETO PRINCIPAL: A pessoa está adquirindo um terreno e recebe 
outro em seu lugar. 
 
• QUALIDADES ESSÊNCIAIS: O comprador deseja adquirir uma vaca 
leiteira, e o vendedor está vendendo uma vaca de corte. 
II - Concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se 
refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo 
relevante; 
Prof. Fernando Valdomiro dos Reis, Direito Civil II 
• Identidade: Você deseja comprar uma determinada obra de arte de um 
certo artista, contudo acaba errando e encomendando de outra pessoa. 
 
• Qualidade Essencial: Aqui o erro diz respeito a identidade ou qualidade 
da pessoa, imagina você que está montando uma empresa, e então resolve 
procurar um sócio, e então escolhe o seu vizinho, pois acredita que o 
mesmo é honesto, trabalhador, uma pessoa idônea de reputação ilibada, 
quando na verdade não passa de um mal caráter, desonesto e com 
comprovada inidoneidade, veja que você somente procurou porque 
achava ser uma pessoa honesta, esse era o seu requisito principal para que 
pudesse se associar a ele, aqui temos a QUALIDADE ESSENCIA, ou 
seja, a qualidade da pessoa que você procurava era ser honesta, e por erro, 
acabou se associando a alguém que não era honesto. Nãose esqueça que 
o erro sempre deve ser determinante para a realização ou não do 
negócio. 
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o 
motivo único ou principal do negócio jurídico. 
Importante ter em mente que o erro essencial de direito não justifica o 
agente a se recusar em cumprir a lei, afastando assim a aplicação da norma, a 
situação é diferente. Muitas vezes alguém pratica um negócio por mero 
desconhecimento da lei. É muito comum em cidades grandes, você deixar o seu 
carro estacionado e alguém ficar ali cuidando, quando você volta essas pessoas 
acabam esperando uma gorjeta, mas imagine que essa pessoa exige que você lhe 
pague uma determinada quantia por ter cuidado de seu carro, você desconhecendo 
a lei no que diz respeito a inexistência de obrigatoriedade em pagar por um serviço 
que não contratou, achando que em virtude do agente ter cuidado do seu carro, 
você teria a obrigação de paga-lo, e então lhe dá a quantia. Esse erro tem que ser 
determinante e ÚNICO motivo para a existência do negócio jurídico. 
 
Prof. Fernando Valdomiro dos Reis, Direito Civil II 
O inciso III, do art. 139, é uma novidade trazida pelo CC/02, veja que esse 
erro não é uma exceção ao princípio da obrigatoriedade da lei, previsto no 
art. 3º da LINDB, pois por meio deste princípio o agente deixa de cumprir 
uma obrigação alegando não conhecer a lei que o obrigava. 
No caso do inciso III, o agente acaba fazendo algo, que se tivesse 
conhecimento da lei não teria veio, no art. 3º nós temos um deixar fazer 
alegando não cumprir a lei, aqui nós temos um fazer por não conhecer. 
Outro exemplo trazido no livro do professor Tartuce é o caso do 
empresário que celebra novo contrato de locação, mais oneroso, pois pensa que 
perdeu o prazo para a ação renovatória. Sendo este leigo no assunto e desejando 
proteger o seu ponto empresarial, poderá pleitear a anulação desse novo contrato. 
Somente o erro substancial tem o condão de anular o negócio jurídico, pois 
está sempre ligado aos elementos primários (principais do negócio), já os erros 
acidentais, atingem apenas os elementos secundários que não são essenciais, 
determinantes para a realização do negócio jurídico, não gerando assim a anulação 
deste. 
As partes irão celebrar o contrato, ainda que o erro acidental seja 
conhecido, diferente do que acontece no erro essencial, vejamos o disposto no art. 
142, do código civil: 
 
Art. 142. O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a 
declaração de vontade, não viciará o negócio quando, por seu contexto e pelas 
circunstâncias, se puder identificar a coisa ou pessoa cogitada. 
 
Aqui estamos diante do famoso ERRO IRRELEVANTE, quando este 
não vier a causar nenhum prejuízo as partes, a sua existência será irrelevante para 
o negócio jurídico, é o caso em que mesmo existindo o erro é perfeitamente 
possível identificar a pessoa ou coisa a que se destina. 
Exemplo: Um contrato de compra e venda de um terreno, em que as partes 
descrevem o imóvel como o imóvel urbano lote nº 20, localizado na esquina da rua 
A, com a av. B, murado, ao lado de uma casa verde. 
Prof. Fernando Valdomiro dos Reis, Direito Civil II 
Ocorre que o verdadeiro nº do imóvel não é lote 20, mas sim, 50, veja que 
a denominação está incorreta, houve um erro na descrição, porém tal fato não 
atrapalha o negócio, uma vez que as demais características estão corretas e 
possibilitam a identificação do imóvel. 
Está regra também se aplica caso o erro em relação a descrição da pessoa, 
quando existir demais características que possibilitem a sua identificação, o erro 
quanto ao objeto é também conhecido como error in corpore e o erro quanto a 
pessoa erro in persona. 
Assim, apenas para ratificar o entendimento, temos que o erro somente irá 
anular o negócio jurídico se for substancial, sendo este determinante para a 
realização ou não do negócio jurídico, ou seja, ele é o motivo pelo qual o negócio 
aconteceu, se não fosse a situação errônea o negócio não teria acontecido. 
E o motivo está no plano subjetivo do negócio jurídico, e como bem 
explica o professor Clóvis Beviláqua “os motivos do ato são do domínio da 
psicologia e da moral. O direito não os investiga, nem lhes sofre influência, exceto 
quando fazem parte integrante do ato, quer apareçam como razão dele, quer como 
condição de que ele dependa”. 
NÃO PODEMOS CONFUNDIR MOTIVO COM CAUSA. 
A CAUSA ESTÁ NO PLANO OBJETIVO ENQUANTO O MOTIVO 
NO PLANO SUBJETIVO. 
Seguindo o exemplo do prof. Flávio Tartuce, ao analisar um contrato de 
compra e venda, a CAUSA, é a transmissão da propriedade, ou seja, o que deu 
causa aquele contrato foi a transmissão, já o motivo podem ser vários, a pessoa 
comprou porque o preço estava bom, o imóvel era bem localizado, seria um 
presente, a realização de um sonho, etc. 
 
FALSO MOTIVO 
Considerando que o motivo está ligado a circunstâncias de caráter pessoal, 
em regra ele não poderá anular o negócio jurídico, conforme preceitua o art. 140 
do código civil, ao tratar do erro quanto ao fim colimado, que não anula o negócio. 
Prof. Fernando Valdomiro dos Reis, Direito Civil II 
Exemplo: o pai que compra um carro para presentear a sua filha, porém na 
véspera da festa ele descobre que é o aniversário do seu filho, e não de sua filha a 
menos que este seja 
Outro exemplo que podemos dar é a pessoa que deseja comprar um terreno 
para construir a sua casa e morar com a sua esposa, o motivo que ela a pessoa a 
comprar o terreno é essa vontade de construir a casa e morar com sua esposa, é 
notório que esse motivo é absolutamente relevante para a validade do negócio 
jurídico. Se a esposa vier a largar do comprador, impossibilitando-o de se casar, 
ainda assim o negócio será válido e eficaz. 
Sendo o motivo EXPRESSO COMO RAZÃO DETERMINANTE para a 
realização do negócio, esse motivo que em regra é irrelevante, passa a ter 
relevância. Imagine que você resolve comprar um terreno para dar de presente a 
uma pessoa que salvou a sua vida, esse motivo é o que fez você realizar a compra 
do terreno, foi algo determinante, e ele também é conhecido da pessoa que está 
vendendo, ela tem ciência de que você comprou o terreno como forma de gratidão. 
Ocorre que se essa pessoa não tiver realmente salvado a sua vida, você que 
é o doador, o motivo que deu ensejo ao negócio jurídico é falso ou inexistente, 
podendo assim anular o negócio jurídico. 
 
TRANSMISSÃO ERRÔNEA DA VONTADE 
 
O art. 141 do Código Civil dispõe que: 
 
Art. 141 – A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é 
anulável nos mesmos casos em que o é a declaração direta. 
 
Trocando em miúdos, significa dizer que existindo manifestação errônea 
de vontade, por meios interpostos, será causa de anulabilidade do negócio e não 
de nulidade, como previa o código anterior. 
O que temos como meios interpostos de transmissão da vontade? 
Prof. Fernando Valdomiro dos Reis, Direito Civil II 
Todos aqueles meios de comunicação, seja ela escrita, audiovisual, em 
especial os instrumentos de comunicação utilizados pela internet, é o que 
chamamos de contratos eletrônicos (trata-se de contratos atípicos que não há 
previsão legal, conforme previsto no art. 425 do CC). 
considerando que vivemos em um mundo moderno não podemos esquecer 
das facilidades oriundas deste, em especial a era digital, mas esse contexto merece 
atenção, pois ao realizar um negócio jurídico através de telefone, rádio, televisão, 
fax, internet, e-mail, etc., ao manifestar sua vontade, está pode ser interpretada de 
forma errônea pelo parte, modificando totalmente a manifestação de vontade, 
assim, para que haja a anulação do negócio jurídico é necessário observar os 
mesmos requisitos quanto ao erro, conforme art. 139, sendo necessário que o 
destinatário da declaração possa perceber seu equívoco, conforme art. 138. 
 
ERRO MATERIAL RETIFICÁVEL 
 
O erro material retificávelestá previsto no art. 143, do CC, com a seguinte 
redação: 
Art. 143 – O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da 
declaração de vontade. 
 
Trata-se de um erro acidental e por este motivo não autoriza a anulação do 
negócio jurídico. Como o próprio nome sugere, estamos diante de um erro na 
elaboração aritmética dos dados que identificam o objeto do negócio. 
EXEMPLO: AS partes realizam contrato de compra e venda de 5.000 
sacas de soja ao valor de R$ 100,00 por saca, ao emitir a fatura dos produtos, o 
vendedor emite no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), quando o valor 
correto seria R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais), observe que não era a intenção 
do vendedor cobrar apenas os R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), o que ocorreu 
foi um erro material, assim por força do art. 143 do código civil, ele está autorizado 
a realizar a retificação desta fatura. 
Prof. Fernando Valdomiro dos Reis, Direito Civil II 
Esse erro não autoriza a anulação do negócio jurídico, mas apenas a sua 
correção. 
Importante destacar ainda o disposto no art. 144, do CC, ao prever que: 
 
Art. 144 – O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando 
a pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para 
executá-la na conformidade da vontade real do manifestante. 
 
O referido dispositivo visa dar cumprimento aos princípios da eticidade e 
operabilidade, assegurando assim o cumprimento da vontade das partes, para 
melhor ilustrar o dispositivo, imagine que as partes fizeram determinado negócio 
jurídico, contudo ao transcreve-lo no papel, e assinar, este ficou de forma diversa 
do que havia sido combinado, seja no prazo de entrega do objeto, nas condições 
de pagamento, etc. basta que exista um erro que possa afetar o negócio. 
Neste caso, querendo a parte, cumprir o acordo, conforme havia sido 
combinado inicialmente, ou seja, em conformidade real com as partes e rejeitando 
o que foi posto ao papel, não haverá a necessidade de convalidação do negócio 
jurídico, conforme preceitua o referido dispositivo. 
Exemplo trazido por Maria Helena Diniz: “Se A pensar que comprou o 
lote n. 4 na quadra X, quando, na verdade, adquiriu o lote n. 4 na quadra Y, ter-se-
á erro substancial que não invalidará o ato negocial se o vendedor vier a entregar-
lhe o lote n. 4 da quadra X, visto que não houve qualquer prejuízo a A, diante da 
execução do negócio de conformidade com a sua vontade real”. 
 
ERRO OBSTANTIVO/IMPRÓPRIO 
 
Trata-se extremamente relevante, que possui uma divergência substancial 
entre a vontade das partes, tamanha é a divergência que torna impossível a 
formação do negócio jurídico, então como próprio nome sugere, é o erro que obsta 
a formação do negócio jurídico, impossibilitando assim a sua existência. 
Prof. Fernando Valdomiro dos Reis, Direito Civil II 
A gravidade do erro é tamanha, que em outros ordenamentos jurídicos, 
como no direito alemão por exemplo o erro obstativo (erro obstáculo, erro 
impróprio) faz com que o negócio jurídico seja considerado inexistente. 
Muito embora seja algo de extrema relevância para a vida prática, o erro 
obstativo não está previsto no nosso código civil, assim, quando estiver diante de 
um erro impróprio, obstáculo, ou obstativo, estaremos diante de uma hipótese de 
anulabilidade, nos termos do art. 1171, inciso II, do CC, mas segundo o próprio 
professor Tartuce é difícil até imaginar essa hipótese, uma vez que diante deste 
erro o negócio não chega a ser nem ao menos constituído. 
O prazo para pleitear a anulação do negócio jurídico é de 04 anos, 
conforme previsão do art. 178, II do CC. 
 
DOLO 
 
O dolo nada mais é do que a verdadeira safadeza, o agente utiliza meios 
ardilosos para enganar alguém, aqui nós temos o que conhecemos na sociedade 
com espertalhão, aquele que não me esforços para se der bem em um negócio. 
Segundo os civilistas tradicionais, o dolo é a ferramenta de trabalho do 
estelionatário, vejamos o que dispõe o art. 145 sobre o assunto: 
 
Art. 145 – São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este 
for a sua causa. 
 
No dolo nós temos a parte agindo com maldade, para induzir alguém a 
permanecer em erro, ou a cometer um negócio jurídico, que se não fosse essa falsa 
percepção da realidade, não cometeria se fosse o fato de ser sido enganado, 
induzindo, instigado a praticar o negócio jurídico. 
Em outras palavras o dolo nada mais é do que a conduta livre e consciente 
de alguém que provoca, que cria, faz surgir uma ideia erronea em outra pessoa, 
para pratica deste ato, IMPORTANTE lembrar que esse erro deve ser determinante 
para a realização do negócio. 
Prof. Fernando Valdomiro dos Reis, Direito Civil II 
 
ELEMENTOS DO DOLO 
 
Para que possamos falar em dolo é necessário constatar a existência de 
alguns requisitos, vejamos: 
1. A intenção de induzir a outra parte em erro: ou seja, se o agente também 
não sabia da realidade, e age de boa-fé, não há de se falar em anulação do 
negócio jurídico; 
 
2. Utilização de recursos fraudulentos graves: nada mais é, do que aquele 
cara que usa artifícios tão maldosos, que uma pessoa de raciocínio e 
discernimento normal, não conseguiria perceber que está sendo enganada. 
Não podemos perder de vista, que se não for um recurso fraudulento grave, 
não poderá ser anulado o negócio jurídico. A prestação de informações 
falsas, a sonegação da verdade, até mesmo o silêncio intencional a respeito 
de alguma circunstância relevante ao negócio jurídico podem configurar o 
comportamento doloso, mas somente ira anular o negócio se o meio 
fraudulento empregado seja grave, que seja reprovável pela moral das 
práticas negociais (dolus malus). As pequenas esperteza da autopropaganda 
exagerada (dolus bônus), facilmente perceptíveis não autorizam a anulação 
do negócio jurídico. 
 
3. CAUSA DETERMINANTE: É necessário que o emprego do doloso desse 
recurso fraudulento é que tneha sido o responsável pela celebraçaõ do 
negócio, ou seja, se a vítima tivesse percebido a fraude, a enganação, ela 
não teria realizado este, outro ponto que devemos ter atenção é, se o DOLO 
INFLUIR APENAS SOBR A FORMA COM QUE O NEGÓCIO SE 
CONCRETIZOU (DOLO ACIDENTAL), não dará ensejo à anulação, mas 
apenas direito das perdas e danos (CC, art .146). 
 
Prof. Fernando Valdomiro dos Reis, Direito Civil II 
Feito essas considerações, temos ainda que diferenciar o dolo-vício do 
negócio jurídico do dolo da responsabilidade civil, vejamos: 
 
DOLO – RESPONSABILIDADE 
CIVIL 
DOLO – VICÍO DO NEGÓCIO 
Não está relacionado com um negócio 
jurídico, não gerando qualquer 
anulabilidade. 
Está relacionado com um negócio 
jurídico, sendo a única causa da sua 
celebração (dolo essencial). 
Se eventualmente atingir um negócio 
jurídico gera apenas o dever de pagar 
perdas e danos, deve ser tratado como 
dolo acidental (art. 146 CC). 
Sendo o dolo essencial ao ato, causara 
anulabilidade, nos termos do art. 171, 
II, do CC, desde que proposta a ação no 
prazo de 04 anos de celebração do 
negócio, pelo interessado (art. 187, II 
do CC). 
 
DOLO ACIDENTAL / DOLO INCIDENS 
 
O dolo acidental, que é o previsto no art. 146 do código civil não gera a 
anulação do negócio jurídico, mas apenas o direito a receber as perdas e danos, 
conforme determina o art. 146, vejamos: 
 
Art. 146 - O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, 
e é acidental quando, a seu respeito, o negócio seria realizado, embora por 
outro modo. 
 
Aqui surge a diferença do dolo vício do negócio jurídico, ou seja, não 
sendo o dolo a causa determinante para a realização do negócio jurídico, a vítima 
não poderá pedir a anulação do mesmo. 
O dolo acidental diz respeito aos elementos colaterais, ou acessórios do 
negócio jurídico, impossibilitando assim a sua anulação, contudo autoriza a 
reparação por perdas e danos. 
Prof. Fernando Valdomiro dos Reis, Direito Civil IIAqui o negócio jurídico acaba sendo mais oneroso ao comprador, vejamos 
um julgado para melhor ilustrar tal fato: 
 
Apelação Cível do Juizado Especial ACJ 20151410053607 
(TJ-DF) 
Jurisprudência•19/11/2015•Tribunal de Justiça do Distrito 
Federal e Territórios 
Ementa: Sabe-se que o dolo é o meio utilizado por uma das 
partes para levar a outra à realização de um negócio que não 
lhe é favorável, e diz-se que há dolo acidental quando, a seu 
despeito, o negócio seria realizado, embora de outro modo. 
7.Assim, na hipótese, as rés/recorrentes, ao não informarem 
ao autor que a aquisição de aparelho a gás era o único meio 
para aquecimento da água dos chuveiros, agiram 
com dolo acidental, ou seja, se omitiram com a intenção de 
enganar o recorrido e obter vantagem para si, 
sendo acidental pois a compra do apartamento aconteceria 
independentemente da informação sobre o sistema de 
aquecimento da água. Portanto, deve a 
Construtora/Incorporadora ressarcir o autor pelo dano 
material, nos termos do art. 146 do Código Civil . 8.Ressalta-
se, também, que o recorrente não se desincumbiu do ônus de 
provar a existência de fato impeditivo, modificativo ou 
extintivo do direito do autor, como determina o art. 333 , II , 
do CPC , deixando de demonstrar que houve qualquer 
informação prévia de que a compra e instalação do sistema 
de aquecimento a gás deveria ser adquirido pelo proprietário. 
9.Diante da ofensa ao princípio da transparência e da 
ocorrência de dolo acidental, deve ser mantida a sentença 
que julgou procedente o pedido inicial, condenando as 
rés/recorridas ao pagamento em favor do recorrente da 
https://tj-df.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/258386298/apelacao-civel-do-juizado-especial-acj-20151410053607
https://tj-df.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/258386298/apelacao-civel-do-juizado-especial-acj-20151410053607
https://tj-df.jusbrasil.com.br/
https://tj-df.jusbrasil.com.br/
Prof. Fernando Valdomiro dos Reis, Direito Civil II 
quantia de R$ 1.800,00 (mil e oitocentos reais) a título de 
danos materiais, corrigida monetariamente desde a data do 
desembolso e acrescida de juros de mora de 1% ao mês a 
partir da citação. 10.Recurso conhecido e desprovido. 
 
ATENÇÃO 
QUANDO ESTAMOS DIANTE DE UM DOLO ACIDENTAL, ESTE 
NÃO ANULA O NEGÓCIO JURÍDICO, MAS POR QUE? 
SIMPLES, É DIZ RESPEITO AOS ELEMENTOS SECUNDÁRIOS 
E ACESSÓRIOS DO NEGÓCIO, TORNANDO ESTE MAIS ONEROSO A 
PARTE, PORÉM AINDA ASSIM O NEGÓCIO IRIA SE CONSUMAR, ELE 
NÃO É DETERMINANTE PARA A SUA REALIZAÇÃO. 
 
OMISSÃO DOLOSA COMO MODALIDADE DE DOLO 
 
Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de 
uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja 
ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se 
teria celebrado. 
 
O como se não fosse o suficiente ter condutas positivas, ou seja, ações que 
visem enganar, iludir , e trapeçar, não raras vezes, eles induzem a parte a erro, 
através de uma conduta negativa, uma omissão dolosa, aqui temos o caso em que 
o agente deixa de prestar informação relevante para o negócio. EXEMPLO, o 
agente que dolosamente omite o real estado da coisa alieanda (TJ-SP, Ape. 
0004013-19.2004.8.26.0126, rel. Des. Salles Rossi, j. 19.09.12). Muito embora o 
art. 147 trate do silencio intencional como forma de dolo apenas quando recair 
sobre fato ou qualidade essencial à celebração do negócio (dolo essencial), nada 
impede que a omissão dolosa recaia sobre elemento circunstancial (dolo acidental), 
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justificando a reparação por perdas e danos (RT 785/243), inclusive é este o 
exemplo no julgado citado no tópico anterior. 
 
DOLO DE TERCEIRO 
 
As situações mais comuns, é aquelas em que o próprio negociante agi 
como dolo, para obter vantagem na negociação, porém não é a única hipótese em 
que o negócio jurídico será anulável, este também pode ocorrer nos casos em que 
haja o dolo de terceiro, conforme art. 148 do CC: 
 
Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de 
terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; 
em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro 
responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou. 
 
É necessário termos duas situações em mente, no que diz respeito a pessoa 
que se beneficia do dolo. 
A primeira é que a parte beneficiada com o dolo pode saber ou não saber 
do dolo desse terceiro, se a parte beneficiada souber do dolo, o negócio jurídico 
será anulável. 
Nos casos em que a parte não sabe sobre o dolo, não será possível anular 
o negócio jurídico, isso porque diferente do código de 1916, o atual código visa 
preservar a segurança nas relações jurídicas, protegendo assim a boa-fé existente 
entre as partes. 
Diante disto se a parte que se beneficia do dolo de terceiro não sabia nem 
tinha como saber de sua existência, o negócio não será anulado, e ela também não 
responderá por perdas e danos. 
 
A segunda situação diz respeito ao fato de que muito embora o beneficiário 
não saiba, nem devesse saber do dolo de terceiro, a vítima não poderá ficar no 
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prejuízo, podendo pleitear a reparação por perdas e danos, se o contratante tivesse 
condições de saber sobre esse dolo, ele será responsável solidário na reparação de 
dano, porém se não agiu com culpa somente o terceiro deverá reparar. 
E como sabemos se o beneficiário tem conhecimento desse dolo? 
Devemos imaginar a pessoa natural comum, ou seja, em pleno gozo de 
suas faculdades mentais, e de discernimento, caso essa pessoa tenha condições de 
identificar o dolo, o beneficiário também teria, estando ele nas mesmas condições. 
 
No dolo de terceiro, 
se a parte a quem 
aproveita dele 
tem ciência o negócio é anulável 
não tem ciência o negócio não é anulável, mas o 
lesado pode pedir perdas e danos ao 
autor do dolo 
 
DOLO DO REPRESENTANTE LEGAL 
 
O dolo do representante legal está previsto no art. 149 do Código Civil, com 
a seguinte redação: 
 
Art. 149. O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o 
representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; 
se, porém, o dolo for do representante convencional, o representado 
responderá solidariamente com ele por perdas e danos. 
 
Ainda que não seja parte do negócio jurídico, seria incorreto considerar o 
representante um simples terceiro aplicando-se o disposto no art. 148 do CC, em 
verdade o representante está agindo como se o representado fosse, ele não agiu em 
nome próprio. 
Assim, independente se a representação seja legal ou convencional, sempre 
que este agir com dolo, o negócio será passível de anulação e o representante 
sujeito a reparação por perdas e danos. 
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A diferença se dará apenas em relação à extensão da responsabilidade do 
representado em cada caso. Isso porque, na representação legal, o representado não 
tem influência alguma na escolha do representante, sequer sendo-lhe possível 
destituir o representante que legalmente o representa. 
Mostra-se injusto, portanto, responsabilizar o representado pelos atos 
praticados por esse representante que lhe foi imposto pela lei. Sensível a essa 
situação, o legislador restringiu a responsabilidade do representado até o limite do 
proveito que teve. 
Inversamente, na representação convencional, em que o representado tem 
influência direta na escolha da pessoa designada para agir em seu nome, o 
representado responderá solidariamente com o representante por perdas e danos 
presumindo-se sua culpa in elegendo pelos atos praticados pelo representante. 
 
DOLO RECIPROCO 
 
Em se tratando de dolo bilateral, não temos boa-fé a ser protegida, uma vez 
que ambos agiram de modo reprovável, assim a consequência é a validade do 
negócio.Aquele que busca obter vantagem indevida à custas de terceiro, não pode 
invocar a condição de vítima da torpeza alheia se essa pretensa vítima se mostrou 
mais esperta, aqui é o verdadeiro, ladrão que rouba ladrão tem 100 anos de perdão. 
 
 
CLASSIFICAÇÃO DOLO 
 
Vejamos a classificação do dolo: 
I. Quanto ao conteúdo: 
 
a) Dolus bonus (dolo bom) – pode ser concebido em dois sentidos. 
Inicialmente, é o dolo tolerável, aceito inclusive nos meios comerciais. 
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São os exageros feitos pelo comerciante ou vendedor em relação às 
qualidades de um bem que está sendo vendido, mas que não têm a 
finalidade de prejudicar o comprador. 
 
O negócio em que está presente esta modalidade de dolo não é passível 
de anulação, desde que não venha a enganar o consumidor, mediante 
publicidade enganosa, prática abusiva vedada pelo art. 37, § 1.º, do 
Código de Defesa do Consumidor. 
 
Em suma, a lábia do comerciante, inicialmente, é exemplo de dolus 
bonus. Entretanto, se o vendedor utilizar artifícios de má-fé para 
enganar o consumidor, o ato poderá ser anulado. 
 
Por outro lado, haverá também dolus bonus no caso de uma conduta 
que visa trazer vantagens a outrem, como, por exemplo, a de oferecer 
um remédio a alguém alegando ser um suco, para curar essa pessoa, 
caso em que também não se pode falar em anulabilidade. 
 
b) Dolus malus (dolo mau) – este sim consiste em ações astuciosas ou 
maliciosas com o objetivo de enganar alguém e lhe causar prejuízo. 
Quando se tem o dolo mau, o negócio jurídico poderá ser anulado se 
houver prejuízo ao induzido e benefício ao autor do dolo ou a terceiro. 
 
 
II. Quanto à conduta das partes: 
 
a) Dolo positivo (ou comissivo) – é o dolo praticado por ação (conduta 
positiva). Exemplo: a publicidade enganosa por ação: alguém faz um 
anúncio em revista de grande circulação pela qual um carro tem 
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determinado acessório, mas quando o comprador o adquire percebe 
que o acessório não está presente. 
 
b) Dolo negativo (ou omissivo) – é o dolo praticado por omissão 
(conduta negativa), situação em que um dos negociantes ou 
contratantes é prejudicado. Também é conhecido por reticência 
acidental ou omissão dolosa. Exemplo ocorre nas vendas de 
apartamentos decorados, em que não se revela ao comprador que os 
móveis são feitos sob medida, induzindo-o a erro (publicidade 
enganosa por omissão). O dolo negativo fica ainda mais evidenciado 
nas vendas de microimóveis em algumas localidades, caso da cidade 
de São Paulo, com apartamentos com até 10 metros quadrados, em que 
não se comunica aos compradores previamente que a decoração tem 
que ser feita toda sob medida e por empresa especializada, chegando a 
passar da metade do valor do bem. Citem-se, ainda, as vendas de 
imóveis na planta, em que não se informa aos adquirentes que não será 
possível instalar aparelhos de ar-condicionado nas unidades ou fechar 
a varanda, por expressa proibição constante da convenção de 
condomínio. 
 
c) Dolo recíproco ou bilateral – é a situação em que ambas as partes 
agem dolosamente, um tentando prejudicar o outro mediante o 
emprego de artifícios ardilosos. Em regra, haverá uma compensação 
total dessas condutas movidas pela má-fé, consagração da regra pela 
qual ninguém pode beneficiar-se da própria torpeza (nemo auditur 
propriam turpitudinem allegans), inclusive se presente de forma 
recíproca. Segundo o art. 150 do CC/2002, não podem as partes alegar 
os dolos concorrentes, permanecendo incólume o negócio jurídico 
celebrado, não cabendo também qualquer indenização a título de 
perdas e danos. 
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Exemplificando, se duas ou mais pessoas agirem com dolo, tentando 
assim se beneficiar de uma compra e venda, o ato não poderá ser 
anulado. De toda sorte, se os dolos de ambos os negociantes causarem 
prejuízos de valores diferentes, pode ocorrer uma compensação 
parcial das condutas, o que gera ao prejudicado em quantia maior o 
direito de pleitear perdas e danos da outra parte. O dolo bilateral (de 
ambas as partes) é também denominado dolo compensado ou dolo 
enantiomórfico.

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