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Defeitos do Negócio Jurídico
São os chamados defeitos do negócio jurídico, que podem se apresentar sob a forma de:
a) Vícios de consentimento (de vontade); ou
b) Vícios sociais.
Vícios de consentimento dizem respeito a hipóteses nas quais a manifestação de vontade do agente não corresponde ao íntimo e verdadeiro intento do agente. São vícios de vontade o erro, o dolo, a coação, a lesão e o estado de perigo.
Vícios sociais a vontade é exteriorizada em conformidade com a intenção do agente. No entanto, há uma deliberada vontade de prejudicar terceiro ou burlar a lei, motivo pelo qual o vicio não é interno, endógeno, mas externo, de alcance social. No ordenamento jurídico pátrio encontra-se como vício social a fraude contra credores e a simulação (lembrando, insistentemente que a simulação, no Código Civil, é causa de nulidade do negócio jurídico, a teor do que estabelece o seu art. 167).
Prazo:
O prazo para pleitear a anulação do negócio viciado por defeito do negócio jurídico é de quatro anos (CC, art. 178, I e II), contado:
I) No caso de coação, do dia em que ela cessar; e
II) Nas hipóteses de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo e lesão, da data em que o ato negocial foi celebrado.
Não é inoportuno acrescentar que, nas demais hipótese em que a lei dispuser sobre a anulabilidade de determinado ato, sem estabelecer prazo específico para pleitear-se a anulação, este será de dois anos (regra suplementar), consoante a determinação do art. 179 da Codificação Civil.
É chamada regra subsidiária do prazo de anulabilidade de atos jurídicos. 
Natureza da Ação Anulatória
A natureza do prazo extintivo para a propositura da ação anulatória é decadencial, uma vez que se trata de ação constitutiva negativa (desconstitutiva).
VÍCIOS DO CONSENTIMENTO
1) Erro ou ignorância
O erro ou ignorância é o resultado de uma falsa percepção, noção, ou mesmo da falta (ausência) de percepção sobre a pessoa, o objeto ou o próprio negócio que se pratica.
Para ocorrer a anulação do negócio o erro há de ser o motivo determinante do ato.
No erro o agente incorre sozinho em lapso, sem qualquer ação de terceiro ou da parte contrária. Por isso, se, porventura, houver indução ao erro, caracterizar-se-á o dolo.
Não é qualquer espécie de erro que torna anulável o negócio jurídico.
O erro só é admitido como causa de anulabilidade do negócio jurídico se for:
Essencial (substancial) e Real.
Erro Essencial é o que recai sobre as circunstâncias e aspectos relevantes (principais) do negócio que se celebra. É aquele que constitui a causa determinante do ato. Em outras palavras, se o declarante (agente) tivesse conhecimento da realizada fenomenológica efetiva, não celebraria o negócio. Logo, o erro deve ser a causa essencial do negócio.
Em conformidade com o art. 139 do Código Civil, o erro substancial pode assumir diferentes feições:
I – é o que interessa à natureza do negócio (error in negotio):
Cuida-se da hipótese em que o agente almeja uma modalidade de negócio, mas por engano, realiza outra espécie negocial.
Ex.1: a pessoas que empresta uma coisa e a outra entende que houve doação.
Ex.2: O contrato é de doação, mas o agente imagina ser uma doação de pagamento.
II – O que interessa ao objeto principal da declaração ou a alguma das qualidades a ele essenciais (error in corpore):
Trata-se da hipótese em que o erro recai sobre o próprio objeto da avença ou sobre alguma característica específica que acreditava que o objeto possuísse.
Ex.1: Como no caso do comprador que adquire imóvel em uma rua imaginando se tratar de outra rua homônima.
Ex.2: Do antiquário que adquire um relógio de bolso na convicção de que pertenceu a D. Pedro II, quando jamais pertenceu ao Imperador.
Ex.3: Compra de um candelabro de latão, quando se imaginava que fosse de bronze.Candelabro: Um candelabro e um castiçal com vários braços.
III- diz respeito, ainda a “erro relativo à identidade ou a alguma qualidade essencial a quem se refira a declaração de vontade” (error in persona): que só pode ser invocado se se tratar de negócio jurídico personalíssimo, isto é, aquele para o qual importa alguma qualidade específica do outro contratante.
Ex: doação a pessoa que o doador imaginava, de modo errôneo, ter salvo a vida de seu filho.
IV – À quantidade do objeto da negociação (error in quantitate)
Ex.: do colecionador que adquire uma coleção de relógios composta por 50 peças, depois descobrindo que, originariamente, a referida coleção continha 60 unidades.
O erro deve ser Real: o erro deve ser efetivo, produzindo um prejuízo para o interessado (o declarante).
Erro Acidental (opondo-se ao erro essencial e real). O erro, em tal hipótese, é insuficiente para invalidar o negócio.
Em tese, não é capaz de viciar o consentimento do sujeito, pois recai apenas sobre as qualidades acessórias do objeto da relação (error in qualitate), bem como sobre sua medida, peso ou quantidade (error in quantitate), desde que não importe em prejuízo real ao indivíduo.
Exemplo: Pedido de transferência do veículo para o nome do réu-reconvinte. Transferência efetivada. Pleito prejudicado. Indenização, porém, devida ao autor pelo custo da notificação feita em razão de o réu não haver transferido o bem para seu nome. A alienação de veículo com motor de potência inferior à informada caracteriza erro acidental, e não vício redibitório, de modo que inaplicável ao caso o prazo decadencial do art. 445 do CC. Há erro, porque a coisa difere daquela que o comprador queria adquirir. Erro acidental. Qualidades secundárias do objeto. Princípio da cognoscibilidade. Interpretação do art. 138 do CC. Indenização decorrente da diferença de valor entre os veículos devida.Vício redibitório: É um erro oculto do veículo.
Ex.: Uma pessoa que compra um automóvel e posteriormente descobre que o porta-malas é 5cm² menor do que pensava.
Aqui o erro é irrelevante, de acordo com o art. 142 o negócio não será invalidado quando, por seu contexto e pelas circunstâncias, se puder identificar a coisa ou a pessoa cogitada.
Ex.1: o erro sobre a qualidade da pessoa, de ser ela casada ou solteira, não terá o condão de anular um legado que lhe for feito, se puder identificar a pessoa visada pelo testador, apesar de ter sido erroneamente indicada.
Ex.2: No direito das sucessões há regra semelhante (art. 1903 – CC). Por exemplo, o doador beneficia o seu sobrinho Antônio. Na realidade, não tem nenhum sobrinho com esse nome. Apura-se. Porém, que tem um afilhado de nome Antônio, a quem sempre chamou de sobrinho. Essa pessoa receberá o bem doado. Assim, a disposição testamentária poderá salvar-se se, apesar do erro, pelo contexto do testamento, por outros documentos, ou por fatos inequívocos, se puder fazer a retificação e identificar a pessoa ou a coisa a que o testador queria referir-se (art. 142 – CC).
Erro de Cálculo, que apenas autoriza a retificação da declaração de vontade.Retificação: Corrigir; endireitar.
Art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade.
Falso Motivo, em regra, não vicia o negócio jurídico, salvo se nele figure explicitamente como razão determinante ou essencial do negócio (CC, art. 140).
Ex.: pode ser apresentado, lembrando decisão do tribunal de Justiça de São Paulo, em acórdão relatado pelo então Desembargador José Frederico Marques (RT 231: 189), citando o caso de venda de fundo de comércio na qual o alienante garante expressamente para o adquirente uma grande freguesia. O comprador, sem dúvida, declara a vontade com base nessa causa. Estando expressa a razão determinante e, posteriormente, verificado não haver clientela alguma, é evidente a falsa causa do negócio jurídico celebrado, sendo admitida a sua anulação.
Transmissão errônea da vontade: “Art. 141. A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável nos mesmos casos em que o é a declaração direta.” (ex. telégrafo, rádio, TV, fone, mensageiro (quem transmitiu errado pode vir a responder por perdas e danos.) Meios Interpostos: Quando a transmissão da vontade se faça por meio interpostos, enão apenas pessoalmente. É o caso de uma pessoa que utiliza cartas, e-mails, telefone, rádio, televisão, internet, etc.
Ex: Erro ocasionado pelo meio interposto que transmitiu à vontade, como: falha da internet, má compreensão do mensageiro que transmitiu à vontade, interrupção do sinal da internet...
 Se houver culpa do eminente prevalece o Negócio Jurídico.
Convalescimento do erro: Há a possibilidade de convalescimento do erro conforme se prevê o art. 144 do CC. Em razão do princípio da conservação dos atos e negócios jurídicos e ainda pelo princípio da segurança jurídica.Convalescimento: Significa recuperar de modo gradual o vigor e o ânimo, geralmente, abalados por alguma doença; restabelecer ou restabelecer-se.
O vício pode ser sanado: Em qualquer caso, quando a pessoa, a quem se dirigir a manifestação de vontade viciada por erro, se oferecer para executá-la em conformidade por erro, se verdadeira, intenção do declarante, não se cogita da anulabilidade do negócio, por desaparecer o necessário prejuízo real.
2) DOLO
Aqui o agente é induzido a se equivocar em razão de manobras astuciosas, ardilosas e maliciosas perpetradas por outrem.Manobras astuciosas: Constitui uma omissão dolosa ou reticente para induzir um dos contratantes a realizar o negócio.
Em síntese apertada, porém completa, no erro o agente se enganou sozinho; no dolo, foi induzido a erro, foi enganado. Ou seja, o dolo, nada mais é, senão, um erro provocado por terceiro.
Requisitos que devem estar presentes para que o negócio se torne anulável em razão do dolo:
 O dolo deve ser essencial, principal (dolus dans causam contratui);
 Deve haver conduta maliciosa da parte contrária ou de terceiros;
 O dolo deve ser grave;
 Não deve haver dolo bilateral;
Dolo Principal: É aquele que foi a razão determinante para a prática do negócio jurídico (art. 145). Além de anular o negócio, ele ainda enseja indenização por perdas e danos.
Dolo Acidental: Se contrapõe ao dolo principal. O dolo é considerado acidental (dolus accidens) quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo (art. 146 2° parte, do CC), não serve para a anulação do negócio, apenas obrigando à satisfação das perdas e danos, por conta das condições menos vantajosas estabelecidas no negócio para o declarante.
Ex.: Do comprador do apartamento que se encantou com a vista, concluímos que o negócio jurídico teria sido finalizado ainda que o comprador soubesse do barulho. Todavia, o barulho causa uma desvalorização da coisa. O preço da venda, seria menor, se não houvesse a malícia do vendedor (podendo o comprador exigir a indenização do vendedor)
As formas de manifestação de conduta maliciosa (dolosa) pela parte contrária ou por terceiros podem se dar por ação (conduta comissiva) ou omissão (conduta omissiva). 
Art. 147. Trata do silencio intencional de uma das partes acerca de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado.
Também se distingue, em sede doutrinária, o dolus bonus do dolus malus, importando esclarecer que somente este (dolus malus) macula o negócio jurídico, por nele existir vontade de iludir para viciar o consentimento, por importar prejuízo para a parte contrária (declaratório).
Ressalte-se, ademais, que o dolus bônus/dolo inocente é uma categoria jurídica tolerada juridicamente, especialmente no mundo dos negócios. Consiste basicamente nos exageros cometidos pelo vendedor, valorizando o objeto a ser alienado ou potencializando as suas qualidades (é o exemplo do vendedor que anuncia o objeto da compra e venda como o “melhor carro do mundo”). Existe malícia, mas é aquela malícia tolerada pelo meio social, a qual não rompe a barreira da ética. Não há intenção de lesar ou prejudicar o outro sujeito”. O critério de aferição da conduta, com o fito de compreender o dolo como bom ou mal, sem dúvida, é a boa-fé objetiva, isto é, a confiança que se espera das pessoas habitualmente.
Convém salientar, entretanto, que o código de Defesa do Consumidor vedou qualquer espécie de propaganda enganosa, em seu art. 37, impedindo que se conduza o consumidor a qualquer tipo de erro, motivo pelo qual ficou obstado, em sede consumerista, qualquer espécie de exagero, que somente será admitido se não for capaz de induzir o consumidor a erro. Por conta disso, o dolus bonus não é mais tolerável no âmbito das relações de consumo. Outrossim, é preciso realçar que se a malícia perpetrada pelo agente para a celebração do negócio (dolus bonus) implicar em violação da boa fé objetiva, transmuda-se em dolus malus (ou dolo do mal), tornando o negócio anulável. 
Dolo de Terceiro
Terceiro é aquele que não intervém direta ou indiretamente no negócio. No entanto, não será considerado terceiro o representante da parte (legal ou convencional), uma vez que, atuando nos limites de seus poderes, considera-se o ato praticado pelo próprio representado. Se se trata de representante legal, só obrigará o representado a responder civilmente até a importância do proveito que tenha obtido. Por outra banda, se o representante é convencional (e logicamente, foi escolhido pelo representado), responderá o representado solidariamente pelas perdas e danos, tendo ação regressiva contra os procurados, se sofrer condenação (CC, art. 149). 
Para a anulação do negócio por dolo de terceiro – que, por obvio, deve ser principal – é preciso que a parte a quem aproveite o dolo tivesse (ou devesse ter) conhecimento do mesmo. É lógico que a parte ludibriada, ainda que o negócio subsista (por exemplo, por falta de conhecimento da parte em favor de quem aproveite), terá ação de reparação de danos contra o terceiro.
Dolo Bilateral/Recíproco
De acordo com o art. 150, é preciso observar que ninguém poderá se beneficiar de sua própria malícia (nemo auditur propriam turpitudinem allegans), motivo pelo qual, se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma delas poderá alega-lo como causa anulatória do negócio. Menção deve ser feita ao fato de que pouco interessa a espécie de dolo que cada uma das partes possuía, não se admitindo, em nenhuma hipótese, a anulação do ato. Assim, não importa que uma das partes tenha atuado com dolo essencial e a outra, apenas com dolo acidental; sendo certo que ambas procederam com dolo, não havendo boa-fé, compensam-se as condutas, afastando-se a alegação.
3) COAÇÃO
Conceito: É toda a pressão física ou moral exercida contra alguém, de modo a força-lo á prática de um determinado negócio jurídico, contra a sua vontade, tornando defeituoso o negócio. É a coação, assim, o fator externo apto a influenciar a vítima no sentido de realizar, efetivamente, o negócio que a sua vontade (interna e livre) não deseja.
Enquanto no erro o declarante se engana sozinho, espontaneamente, e no dolo é levado a se equivocar, por força de manobras ardilosas, na coação o agente sofre intimidação moral: ou pratica o ato ou sofrerá as consequências decorrentes da ameaça que lhe é imposta.
Desde o Direito Romano a coação é dividida em dois tipos distintos:
I) Coação física, a chamada vis absoluta, caracterizada por uma pressão resultante de uma força exterior suficiente para tolher os movimentos do agente, fazendo desaparecer sua vontade.
II) Coação moral, também dita vis compulsiva, caracterizada pela existência de uma ameaça séria e idônea de algum dano (de ordem material ou moral), a ser causado ao declarante ou a pessoa afetivamente ligada a ele, viciando a sua vontade.
Enquanto na hipótese de vis absoluta (coação física) o negócio é inexistente, porque não há qualquer declaração de vontade (nem mesmo qualquer vontade na vítima, no caso de vis compulsiva (coação moral), o negócio é anulável, exatamente porque houve um vício, defeito, na declaração de vontade, decorrente da doação sofrida, uma vez que não se tolheu por completo a liberdade volitiva.
Implica a coação, por conseguinte, na ameaça realizada através de condutas comissivas ou omissivas.
Os requisitos para a configuração da coação podem ser assim sistematizados:
I) Gravidade (ameaça de um dano sério a ser imposto à vítima ou a terceiro a quemse vincule afetivamente);
II) Seriedade (que a coação seja idônea para assustar a vítima); 
III) Iminência ou atualidade;
IV) Nexo causal entre a coação e o ato extorquido (ou seja, o negócio somente foi realizado por conta da coação);
V) Que o ato ameaçado seja injusto.
Para a aferição dos elementos acima listados, é preciso que sejam analisadas as circunstâncias subjetivas da vítima, ao contrário do que ocorre com o erro (onde são analisadas as circunstâncias objetivas). Assim, o sexo, a idade, a formação intelectual e profissional serão elevadas em conta para aferir a existência, ou não, de coação.
Muito embora não exista previsão em lei, a doutrina, corretamente, tem exigido, tal como erro e no dolo, que se trate de coação principal, essencial, para que autorize a anulação do negócio. Assim, é preciso que a coação seja a causa determinante do negócio. Identicamente, a coação acidental (que se perfaz quando o agente celebraria o negócio mesmo sem a pressão sofrida) somente obriga ao ressarcimento do prejuízo.
Nos termos do art. 153 do CC, não são causas da anulação do negócio jurídico por coação:
a) A ameaça de exercício regular de direito (salvo se se tratar de exercício abusivo de direito ou se houver constrangimento da parte contrária) e o temor reverencial.
b) A ameaça de um mal impossível ou remoto, assim como de mal evitável ou menor do que o ato extorquido, por não permitir a dualidade entre o mal em perspectiva e a declaração de vontade.
A coação exercida por terceiro vicia o negócio jurídico se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a quem aproveite, respondendo esta, solidariamente com o terceiro, por perdas e danos. Note-se, entretanto, que, se a parte a quem aproveita a coação decorrente de terceiro não tivesse ou não devesse ter conhecimento daquela, o negócio jurídico subsistirá, respondendo o autor da coação por todas as perdas e danos causadas ao coacto (CC, art. 155). Assim, por força do art. 154 do Código Civil, a coação exercida por terceiro somente será causa de anulabilidade do ato se o beneficiário dela tivesse ou devesse ter ciência.
Ademais, vale o esclarecimento de que a coação consiste em ameaça de mal ao declarante ou a pessoa de sua família, compreendido, aqui, o termo família em sentido amplíssimo, não apenas envolvendo as pessoas unidas por laços de parentesco (consanguíneo, afim ou adotivo), mas, por igual, as pessoas atadas por laços afetivos. Por isso, o parágrafo único do art. 151 do Código afirma que, se a coação for dirigida a pessoa não pertencente à família da vítima, o juiz, com base nas circunstâncias do caso concreto, decidirá.

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