Buscar

DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO (1)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 35 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 35 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 35 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

2
DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO
	
1. Defeitos do Negócio Jurídico
	 
 I) Vícios de consentimento- A vontade não é expressa de maneira absolutamente livre.
 a) erro
 b) dolo
 c) coação
 d) lesão
 e) estado de perigo
 II) Vícios Sociais.
a) simulação
b) fraude contra credores
ERRO OU IGNORÂNCIA
Previsão Legislativa: Código Civil artigos 138 a 144.
2. Conceito:
 O erro ocorre “quando o agente, por desconhecimento ou falso conhecimento das circunstâncias, age de um modo que não seria a sua vontade, se conhecesse a verdadeira situação” (Caio Mário).
 Erro→ É um estado de espírito positivo→falsa percepção da realidade;
 Ignorância → É um estado de espírito negativo → total desconhecimento do declarante a respeito das circunstâncias do negócio.
	
3. Erro
↓
Causa de anulabilidade. Art.138 CC
	
a) essencial ou substancial → incide sobre a essência (substância) do ato que se pratica, sem o qual este não se teria realizado.
 Ex.: colecionador adquire estátua de material sintético pensando ser de marfim.
b) escusável (perdoável) → Há de ser perdoável, dentro do que se espera do homem médio que atue com grau normal de diligência.
 -Não se admite a alegação de erro por parte daquele que atuou com acentuado grau de displicência.
 
	
4. Erro Substancial - hipóteses
Art. 139 CC: O erro é substancial
	
a) quando interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração ou a alguma das qualidades a ele essenciais;
b) quando concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante;
c) sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico.
5. O erro poderá incidir no negócio, no objeto ou na pessoa.
	
6. Espécie de erros ‘Roberto Ruggiero’
	
 a) error in negócio → Incide sobre a natureza do negócio que se leva a efeito, art. 139, I CC.
 
 Ex.: Troca de uma causa jurídica por outra.
 - enfiteuse com locação
· comodato com doação
 b) error in corpore → Versa sobre a identidade do objeto. (troca de animais)
 c) error in substância → Versa sobre a essência da coisa ou as propriedades essenciais de determinado objeto. É o erro sobre a qualidade do objeto. (art. 139, I CC).
 Ex.: anel de cobre para ouro.
d) d) error in persona → É o que versa sobre a identidade ou as qualidades de de determinada pessoa.
 Avulta-se de importância no Direito de Família.
7. Erro de Direito- art. 139, II CC
	
8. Erro de Direito
	
a) Não implicar recusa à aplicação da lei;
b) Formativo único ou principal do negócio jurídico
“Error juris” → Não se confunde com a ignorância da lei
9. LICC. Art. 3→ Ninguém pode se escusar de cumprir a lei alegando que a desconhece.
10. Para aplicação exija-se a presença da boa-fé.
11. Princípio da Conservação- art. 144 CC→ Prevê a possibilidade de convalescimento do ato se o erro na indicação da pessoa ou da coisa for suprido por circunstâncias.
12. O “erro juris” não consiste apenas na ignorância da norma, mas também no seu falso conhecimento e na sua interpretação errônea.
13. Para induzir a anulação do negócio jurídico, necessário que o erro tenha sido a razão única ou principal ao determinar (viciar) a vontade.
Código civil
Dos Defeitos do Negócio Jurídico
Seção I
Do Erro ou Ignorância
Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio.
Art. 139. O erro é substancial quando:
I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais;
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante;
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico.
Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante.
Art. 141. A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável nos mesmos casos em que o é a declaração direta.
Art. 142. O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração de vontade, não viciará o negócio quando, por seu contexto e pelas circunstâncias, se puder identificar a coisa ou pessoa cogitada.
Art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade.
Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante.
DO DOLO
Previsão Legislativa: Código Civil artigos 145 a 150.
Conceito:	o dolo consiste no artifício malicioso que a parte de um negócio jurídico, ou um terceiro, emprega para induzir alguém a declarar uma vontade por acreditar em uma falsa percepção da realidade, que, se fosse conhecida, levaria à não realização do negócio jurídico.
Cfe. Fábio de Oliveira Azevedo, Direito Civil – Introdução e Teoria Geral, pg. 460
	Enquanto no erro há uma espontânea falsa impressão das circunstâncias do negócio, no dolo tem-se vício de consentimento em que o agente é induzido a se equivocar em virtude manobras ardilosas e maliciosas praticadas por outrem, ou seja, o dolo é provocado intencionalmente pela outra parte ou por terceiro, fazendo com que o declarante se equivoque.
	A rigor, o dolo não é vício de vontade, mas causa do vício de vontade. 
	Atento ao fato de o dolo constitui causa do vício de vontade e não o próprio vício, o moderno e prestigiado Código Civil de Quebec (Canadá), dispôs:
Art. 1401. 	L’erreur d’une partie, provoquée par le dol de l’autre partie ou à la connaissance de celle-ci, vicie le consentement dans tous les cas où, sans cela, la partie n’aurait pas contracté ou aurait contracté à des
conditions diferentes. 
Em tradução livre:
Art. 1.401.	O erro de uma das partes, causado pelo dolo da outra, vicia o consentimento em todos os casos em que, em caso contrário, a parte não teria contratado ou teria contratado em condições diferentes.
		Cumpre ressaltar que o dolo civil tem disciplina própria, não se confundindo com o dolo do Direito Penal.
DIFERENÇA DO DOLO COM OUTRAS ESPÉCIES DE VÍCIOS DE CONSENTIMENTO
a) – ERRO: Há uma intima ligação entre o erro e o dolo, porque num e noutro caso a vítima é iludida. Diferem, contudo, pelo fato de que, no erro, ela (vítima) se engana sozinha, enquanto no dolo, o equívoco é provocado por outrem.
b) – SIMULAÇÃO: Nesta a vítima é lesada sem participar do negócio simulado. As partes fingem ou simulam uma situação, visando fraudar a lei ou prejudicar terceiros. No caso do dolo, a vítima participa diretamente do negócio, mas somente a outra conhece a maquinação e age de má-fé.
c) – FRAUDE: O dolo também não se confunde com a fraude, embora ambos os vícios envolvam emprego de manobras desleais. A fraude consuma se a participação pessoal do lesado no negócio. No dolo, este concorre para a sua realização, iludido pelas referidas manobras. Tanto a fraude como a simulação são mais graves do que o dolo, a ponto de a última trazer, como consequência, a nulidade do negócio (CC, art. 167), enquanto o dolo acarreta apenas a sua anulabilidade.
d) – COAÇÃO: A coação também apresenta maior gravidade do que o dolo, pois, não bastasse o emprego de grave ameaça, age aquela diretamente sobre a liberdade da vítima, enquanto este atua exclusivamente sobre sua inteligência. 
	No dolo despreza o legislador a necessidade de demonstração de dano. É que nele, se punea manobra desleal que faz uma pessoa atuar em erro, ainda que não haja um prejuízo de natureza patrimonial. O prejuízo existirá, sim, mas será sempre de natureza moral, em observância ao princípio da solidariedade que deve pautar a atuação das pessoas na vida em sociedade. 
ESPÉCIES DE DOLO
1. Dolo principal (dolo causa dans) e acidental (dolos incidens)
	Dispõe o Código Civil que são os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa (art. 145). Refere-se ao dolo capaz de induzir à declaração de vontade que será a causa do negócio jurídico; é o dolo principal, aquele sem o qual o negócio não teria sido realizado.
	Por isso, para gerar a anulabilidade do negócio, não basta uma das partes simplesmente atuar com dolo: é preciso que o ato ilícito conduza a uma declaração de vontade que seja a causa determinante do negócio – motivo que conduziu, fundamentalmente, à prática do ato negocial.
	É preciso que o dolo tenha sido a força propulsora da declaração de vontade viciada, ou seja, sem o dolo, a parte que o dolo, a parte não realizaria o negócio, sendo ele essencial à sua celebração.
	Do contrário, haverá um dolo acidental, que só obriga à satisfação das perdas e danos, reputando-se como acidental o dolo quando, apesar dele, o negócio seria realizado, embora por outro modo (artigo 146 do CC).
	A identificação do dolo principal ou acidental pauta-se pelo critério do homem médio, a partir das circunstâncias do caso concreto. Não pode ser anulada por dolo, assim, a declaração que deriva de um erro grosseiro do declarante da vontade.
	Em síntese, para que o dolo constitua vício de consentimento, é necessário:
a) – que haja intenção de induzir o declarante a realizar o negócio jurídico;
b) – que os artifícios fraudulentos sejam graves;
c) – sejam a causa determinante da declaração de vontade;
d) – procedam do outro contratante, ou seja, deste conhecido, se procedentes de terceiro.
2. Dolus bônus (inocente) e dolus malus.
	
Esta distinção remonta ao direito romano. Normalmente haverá uma relação entre o dolus bonus, que conduz ao dolo acidental, e o dolus malus, que leva ao dolo principal.
Dolus bônus.	É o dolo tolerável, destituído de gravidade suficiente para viciar a manifestação de vontade.
	É comum no mundo dos negócios. Consiste basicamente nos exageros cometidos pelo vendedor, valorizando o objeto a ser alienado (é o exemplo do vendedor que anuncia o objeto da compra e venda como o “melhor carro do mundo”. Tal manifestação pode ser dissipada com um pouco de perspicácia ou diligência pelo comprador. Não terá força suficiente para anular o negócio desde que os exageros não sejam acompanhados de artifícios.
Dolus malus.	É o revestido de gravidade, exercido com o propósito de ludibriar e de prejudicar. É essa modalidade que se divide em dolo principal e acidental. Pode consistir em atos, palavras e até mesmo no silêncio maldoso.
	Só o dolus malus, isto é, o grave, vicia o consentimento, acarretando o negócio jurídico ou a obrigação de satisfazer perdas e danos, conforme a intensidade da gravidade.
	A lei não dita regras para se distinguir o dolo tolerado daquele que vicia o consentimento. Cabe, portanto, ao juiz, no exame do caso concreto, decidir se o contratante excedeu ou não o limite do razoável.
	Convém salientar, entretanto, que o Código de Defesa do Consumidor vedou qualquer espécie de propaganda enganosa, em seu artigo 37, impedindo que se conduza o consumidor a qualquer tipo de erro, motivo pelo qual ficou obstado, em sede consumerista, qualquer espécie de exagero, que somente será admitido se não for capaz de induzir o consumidor a erro.
	
3. Dolo por ação (positivo ou comissivo) e por omissão (omissivo ou negativo). O dolo, em regra, é praticado por meio de uma conduta positiva, mas é possível uma pessoa provocar o dolo mediante omissão, conforme expressamente prevê o Código Civil:
Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado.
	Nos negócios bilaterais (que exigem duas manifestações de vontade, como a compra e venda), pode uma das partes silenciar sobre um fato que a outra ignora, e que, conhecido, a levaria a não realizar o negócio.
	Constata-se que o legislador equiparou a omissão dolosa à ação dolosa, exigindo que aquela seja de tal importância que, sem ela, o ato não se realizado. Provando-se, pois, tal circunstância, pode ser pleiteada a anulação do negócio jurídico.
	Esse silêncio deve ser intencional, ou seja, é preciso que o autor do dolo conheça o erro da outra parte e silencia sobre o fato ou a qualidade ignorada.
4. Dolo da parte e dolo de terceiro.
	Dispõe o Código Civil:
Art. 148. 	Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou.
	O dolo pode partir do próprio sujeito do negócio jurídico (exemplo: o vendedor é induzido a erro por um terceiro, que não o comprador). Neste último caso, em que o dolo parte de terceiro, é preciso que o beneficiário (exemplo: o comprador) tenha condições de saber que ocorreu o dolo para que haja anulação. Por sua vez, se o beneficiário não tinha condições de saber, será mantido o negócio jurídico em homenagem à sua boa-fé, cabendo ao prejudicado (exemplo: o vendedor) pelo erro agir contra o seu autor (o terceiro), buscando a reparação por perdas e danos.
	Outro exemplo, se o adquirente é convencido, maldosamente, por um terceiro de que o relógio que está adquirindo é de ouro, sem que tal afirmação tenha sido feita pelo vendedor, e este ouve as palavras de induzimento utilizadas pelo terceiro e não alerta o comprador, o negócio torna-se anulável.
	Entretanto, se a parte a quem aproveita não soube do dolo de terceiro, não se anula o negócio. Mas o lesado poderá reclamar perdas e danos do autor do dolo (terceiro), nos termos do art. 148, segunda parte.
	Incumbe ao lesado provar, na ação anulatória, que a outra parte, beneficiada pelo dolo de terceiro (dolo principal), dele teve ou deveria ter conhecimento.
5. Dolo do representante legal e convencional.
Art. 149. O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém, o dolo for do representante convencional, o representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos.
		O Código Civil distinguiu o dolo do representante legal do dolo praticado pelo representante convencional.
		Na representação legal (curador, tutor, o pai no exercício do pátrio poder) não foi o representado que elegeu o representante, razão pela qual não pode responsabilizar-se por seus desmandos ao fazer uma pessoa atuar em erro. Já no dolo do representante convencional (mandato, diretor de sociedade empresária) o representado escolheu mal a pessoa que iria atuar no seu interesse, e por isso deve responder solidariamente por perdas e danos.
	Daí a previsão de que o representante e representado serão solidariamente responsáveis pelos danos ocasionados pelo representante convencional. No entanto, se a representação for legal, representado só responde pelo proveito o que obteve, cabendo as perdas e danos ao autor do dolo, que é o representante legal. 
	O representado convencional, quando responder civilmente, tem ação regressiva contra o representante.
	
6. Dolo recíproco ou bilateral – Compensação de dolo.
	Dispõe o Código Civil:
Art. 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização
	Trata a hipótese de dolo de ambas as partes.
	Neste caso, se ambas as partes têm culpa, uma vez que cada qual quis obter vantagem em prejuízo da outra, nenhuma delas pode invocar o dolo para anularo negócio, ou reclamar indenização. Há uma compensação, ou desprezo do Judiciário, porque ninguém pode valer-se da própria torpeza.
	E se o dolo de um for principal e o de outro, acidental? Nesse caso, predomina o entendimento de que é possível a compensação, pois não se pode medir a maior ou menor deslealdade na atuação. 
CODIGO CIVIL:
Do Dolo
Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa.
Art. 146. O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo.
Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado.
Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou.
Art. 149. O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém, o dolo for do representante convencional, o representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos.
Art. 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização
DA COAÇÃO
Previsão Legislativa:	Código Civil artigos 151 a 155
1. Conceito. É toda ameaça ou pressão injusta exercida sobre um indivíduo para forçá-lo, contra a sua vontade, a praticar um ato ou realizar um negócio. O que a caracteriza é o emprego da violência psicológica para viciar a vontade.
	Não é a coação, em si, um vício de vontade, mas sim o temor que ela inspira ou causa, tornando defeituosa a manifestação de querer do agente.
	A coação é causa de anulabilidade do negócio jurídico (art. 171-II, do CC) porque impede a livre manifestação de vontade. É um vício mais grave e profundo que o dolo uma vez que incide sobre a inteligência da vítima.
	A vítima é a pessoa que declara a vontade, praticando o negócio jurídico pelo receio de sofrer um dano na sua pessoa, nos seus bens, ou na sua família. A ameaça é a cauda do ato.
	O receio de dano à pessoa do coato ou de sua família refere-se a dano moral ou patrimonial. É moral quando se ameaça a vida, a integridade física, a liberdade, a honra, o decoro e o bom nome da vítima; é patrimonial quando visa atingir valores econômicos. Por família entende-se o conjunto de pessoas ligadas por laços de consanguinidade ou de comparável afetividade, como no caso de um amigo ou noivo.
	
ESPÉCIES DE COAÇÃO
a) – coação absoluta ou física - (vis absoluta) – quando consiste na utilização da violência física, de tal modo que impede a formação da vontade negocial. A vantagem pretendida pelo coator é obtida mediante o emprego de força física. 
Na coação absoluta o agente não manifesta a sua vontade, mas sim a de quem obriga a prática do ato e, não havendo vontade, o negócio jurídico é inexistente (alguns doutrinadores preferem ver, nesse tipo de coação, hipótese de nulidade). 
Exemplo: a colocação da impressão digital do analfabeto no contrato, agarrando-se à força o seu braço.
b) – coação relativa ou moral – (vis compulsiva) – o agente tem vontade própria e manifesta-a, só que viciada pela moral que sobre ele exerce o coator, induzindo ou obrigando a praticar o ato para evitar o mal com que o ameaçam.
Exemplo: Alguém que aceita vender uma casa, sob a ameaça de serem revelados segredos de sua vida pessoal, como a existência de uma amante, sofrendo sérios prejuízos patrimoniais com a venda.
REQUISITOS DA COAÇÃO – Art. 151 - CÓDIGO CIVIL
a) - deve ser a causa determinante - deve haver uma relação de causalidade entre a coação e o ato extorquido, ou seja, o negócio deve ter sido realizado somente por ter havido grave ameaça ou violência, que provocou na vítima fundado receio de dano à sua pessoa, à sua família ou aos seus bens.
Se alguém, porém, foi vítima de coação, mas deu seu consentimento independente da ameaça, não se configura o aludido defeito do negócio jurídico.
	Incumbe à parte que pretende a anulação do negócio jurídico o ônus de provar o nexo de causa e efeito entre a violência e a anuência.
b) – deve ser grave – a coação, para viciar a manifestação de vontade, há de ser tal intensidade que efetivamente incuta na vítima um fundado temor de dano a bem que considera relevante. Esse dano pode ser moral ou patrimonial.
Para aferira a gravidade n~~ao se considera o critério abstrato do comportamento do homem médio, de diligência normal. Segue-se o critério concreto, ou seja, o de avaliar, em cada caso, as condições particulares ou pessoais da vítima. Algumas pessoas, em razão de diversos fatores, são mais suscetíveis de se sentir atemorizadas do que outras (art. 152 do CC).
	Nos termos do art. 153 do CC, o simples temor reverencial não se considera coação.
c) – deve ser injusta - tal expressão deve ser entendida como ilícita, contrária ao direito, ou constituir abuso de direito (= ato ilícito). 
Exemplos: c.1 - o indivíduo que, surpreendendo alguém a praticar algum crime, ameaça denunciá-lo caso não realiza com ele determinado negócio; c.2. – o marido que surpreendendo a mulher em adultério obtém dela a renúncia à sua meação em favor dos filhos para não prosseguir com a queixa crime. O problema não se altera pelo fato de haver a vítima da coação agido com culpa.
d) – deve dizer respeito a dano atual ou iminente - isto é, dano atual e inevitável, pois a ameaça de um mal impossível, remoto ou evitável, não constitui coação capaz de viciar o ato. O mal é iminente sempre que a vítima não tenha meios para furtar-se ao dano, quer com os próprios recursos, quer mediante auxílio de outrem, ou da autoridade pública. Entretanto, não significa que a ameaça deva realizar-se imediatamente. Basta que provoque, desde logo, no espírito da vítima, um temor de intensidade suficiente para conduzi-la a contratar.
e) – deve constituir ameaça de prejuízo à pessoa ou a bens da vítima ou a pessoas de sua família. A intimidação à pessoa pode ocorrer de diversas formas, como sofrimentos físicos, cárcere privado, tortura etc. Pode configurar coação também a ameaça de provocação de dano patrimonial, como incêndio, depredação, greve etc. 
Pode o lesado sentir-se intimidado, ainda, com ameaça de dano a pessoa de sua família (acepção ampla, compreendendo não só a que resulta do casamento como também a decorrente de união estável). 
Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação (CC. Art. 151, parágrafo único).
COAÇÃO DE TERCEIRO (EXÓGENA)
	Dispõe o Código Civil:
	
Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com aquele por perdas e danos.
Art. 155. Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto.
	A coação exercida por terceiro só vicia o negócio jurídico e permite a sua anulação pelo lesado se a outra parte, que se beneficiou, dela teve ou devesse ter conhecimento. Há nesse caso, uma cumplicidade do beneficiário, que responderá civilmente com o terceiro pelas perdas e danos devidos àquele, como previsto no art. 154 do Código Civil.
	O legislador prestigiou o princípio da boa-fé, a tutela da confiança da parte que recebeu a declaração de vontade sem ter, nem podendo ter, conhecimento da coação – vício de consentimento.
	Imagine-se a hipótese em que uma pessoa vende o seu carro para outra, diante da ameaça perpetrada por um terceiro. Seria de todo injusto anular esse negócio jurídicose o comprador desconhecesse e nem sequer tinha condições de saber que houve coação.
CÓDIGO CIVIL
Seção III
Da Coação
Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens.
Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação.
Art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que possam influir na gravidade dela.
Art. 153. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples temor reverencial.
Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com aquele por perdas e danos.
Art. 155. Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto.
DO ESTADO DE PERIGO
Previsão Legislativa: Art. 156 do Código Civil.
Conceito Legal. Código Civil:
Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.
Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias.
	Constitui o estado de perigo, portanto, a situação de extrema necessidade que conduz uma pessoa a celebrar negócio jurídico em que assume obrigação desproporcional e excessiva.
	Trata-se de causa de anulabilidade do negócio jurídico.
	No estado de perigo, uma pessoa declara a vontade em virtude de um risco de dano (à vida, à saúde ou à integridade física). Esse perigo envolve o próprio declarante, alguém da sua família, ou terceiros a ele ligados emocionalmente pelas circunstâncias. O declarante exterioriza a sua vontade para salvar pessoas, tais como um amigo(a) ou um(a) namorado(a) em situação de perigo.
	É preciso que a situação de risco seja conhecida pelo destinatário ou declaratário.
	
EXEMPLOS - Estado de Perigo
1 - É o caso do pai que, recebendo a inesperada notícia de que o seu filho foi sequestrado, e diante de um pedido de resgate de dez milhões de reais, decide alienar o seu único imóvel, avaliado no mesmo valor pedido pelo criminoso, por meio milhão de reais, fato este que é de inteiro conhecimento do comprador do imóvel.
Observe que não há coação do comprador. A alienação do imóvel não decorreu de qualquer ameaça por ele, mas de um risco decorrente de circunstâncias de fato. Esse risco deve ser atual ou iminente.
2 - O doente que, por conta de necessidade de salvar-se da moléstia, aceita pagar honorários médicos excessivos;
3 - o genitor que para salvar seu filho das chamas de um incêndio oferece toda a sua fortuna para que salvá-lo.
4 - o pai que, tendo o filho sequestrado, para pagar vultosa quantia a título de resgate, aliena joias valiosas a preço vil.
5 - aquele que afogando-se, promete significativa quantia em pecúnia para quem salvar-lhe.
6 - o dono da embarcação que está afundando e se compromete a remunerar excessivamente quem o leve até o porto.
7 - a exigência de vultosos depósitos em dinheiro ou prestação de garantia exigidos por instituições hospitalares e clínicas em geral, a título de caução, para que o paciente possa ser atendido em situação emergencial.
	O que se pune no estado de perigo é o proveito consciente do outro contratante, absolutamente incompatível com a lealdade que deveria existir na relação contratual, simplesmente em decorrência da boa-fé objetiva e dos deveres acessórios que ela cria.
Elementos Caracterizadores
a) – elemento de ordem objetiva - consistente na assunção de obrigação exageradamente oneroso no momento da exteriorização da vontade, para salvar de grave ameaça a si ou pessoa a quem se liga efetivamente o declarante, submetendo-se a dano atual e iminente. Admite-se que o estado de perigo ocorra tanto em negócios jurídicos bilaterais (ex.: compra e venda) como em negócios jurídicos unilaterais (ex.: promessa de recompensa), diferente do que ocorre na lesão, que exige prestações desproporcionais, limitando-se, por isso, aos negócios bilaterais.
b) – elemento de natureza subjetivo – segundo o qual a liberdade e consciência plena do declarante precisa ser seguida de um aproveitamento consciente da iniquidade pelo destinatário da vontade, isto é, deverá o declaratário saber que o declarante está em situação de risco para si mesmo ou para terceiro, o que leva realizar o desvantajoso negócio jurídico. Esse aproveitamento consciente denomina-se dolo de aproveitamento.
	
Pouco importa que a situação de perigo tenha sido criada de forma voluntária ou involuntária, como na hipótese em que um empresário abastado tenta o suicídio e resolve se atirar ao mar. Ao executar seu plano, fica preso em um penhasco, e neste instante desiste de se matar. Diante da situação de perigo em que se encontra, promete doar todo o seu patrimônio a quem lhe salvar a vida.
Da mesma maneira, não interessa se a situação de perigo é real ou putativa.
A doutrina brasileira enumera os seguintes requisitos para caracterização do estado de perigo:
REQUISITOS DO ESTADO DE PERIGO
a) – existência de grave dano;
b) – que o dano seja atual ou iminente;
c)– que o perigo seja a causa determinante da declaração;
d)– o conhecimento do perigo pela outra parte;
e) – a existência de obrigação onerosa excessivamente;
f) – a intenção do declarante de salvar a si ou a pessoa de sua família ou a terceiro.
g) - a existência de um nexo de causalidade entre o temor da vítima e a sua declaração viciada, somente perfazendo o negócio (danoso) em razão dessa conexão.
TEORIA DO APROVEITAMENTO NO ESTADO DE PERIGO.
	Apesar do legislação não contemplar regra similar à do § 2º do artigo 157 do Código Civil, que autoriza a não decretação da invalidade se a parte favorecida concordar com a redução do seu proveito, entende a doutrina ser perfeitamente aplicável ao estado de perigo, uma vez que as parte poderão acordar de tal forma, conservando o negócio.
	É a tese aprovada no Enunciado 148 das Jornadas de Direito Civil, do Conselho da Justiça Federal (CJF): ao estado de perigo (art. 156) aplica-se, por analogia, o disposto no § 2º do art. 157.
	Não há justificativa para tratamento diferenciado. A legislação deve atender ao princípio da conservação dos contratos, estabelecendo regras que o satisfaçam, garantindo maior segurança jurídica às relações contratuais. Assim, em virtude da mesma ratio legis, será possível aplicar a regra consubstanciada no § 2º do art. 157 do Código Civil aos casos de contrato celebrados em estado de perigo.
DA LESÃO
Previsão Legislativa. Artigo 157 do Código Civil.
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.
§ 1 o Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico.
§ 2 o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.
Conceito: Lesão é o prejuízo resultante da enorme (manifesta) desproporção existente entre as prestações de um contrato, no momento de sua celebração, determinada pela premente necessidade ou inexperiência de uma das partes.
	Trata-se de negócio jurídico defeituoso em que não se observa o princípio da igualdade, pelo menos aproximada, na prestação e na contraprestação, e em que não há a intenção de se fazer liberalidade.
	Revela a falta de equidade ou iniquidade enorme, o que provoca um desequilíbrionas relações contratuais. A lesão causa sempre um prejuízo resultante da exagerada desproporção das prestações existentes nos negócios jurídicos.
Conquanto o Código Civil de 1916 não tenha feito menção à lesão, a ordem jurídica pátria já conhecia o instituto, em razão de dispositivos legais insertos na Lei nº 1.521/51 – Lei de Economia Popular (art. 4º) e no Código de Defesa do Consumidor (que, em seus artigos 6º, V, 39, V, e 51, IV, reputa nulas de pleno direito, as cláusulas abusivas, obstando a prática da lesão em contratos de consumo).
a) – lesão enorme ou lesão propriamente dita – incluída a lesão enormíssima, resgatada a partir de referências históricas no Direito Romano, caracterizada, simplesmente, pelo excesso nas vantagens e desvantagens, tratando-se de defeito exclusivamente objetivo. Materializava-se a partir de um critério tarifado, bastando, por exemplo, que no contrato de compra e venda ocorresse desproporção superior à metade do justo preço.ESPÉCIES DE LESÃO
b) – lesão usurária ou usura real – contemplada na Lei de Economia Popular, originada nas influências do Código Civil Alemão, artigo 138, exigindo para sua concretização, além do requisito objetivo, outros de ordem subjetiva:
b.1) – o estado de necessidade, a inexperiência ou a leviandade da parte que declara a vontade e
b.2) – a consciência da parte que causa a lesão, se beneficiando de forma dolosa, sabendo estar lesando a parte contrária (é o chamado dolo de aproveitamento, exigível em face do caráter penal da lesão usuária). Veja-se que não se investiga a vontade da vítima, mas a do autor da lesão, que pratica ato contrário aos bons costumes;
c) – lesão especial – assim intitulada por falta de qualificação específica e contemplada no Código Civil, em seu artigo 157. Diferencia-se da lesão enorme porque para a sua caracterização não é bastante a desproporção entre as prestações (elemento objetivo), exigindo-se, também, requisitos relacionados aos sujeitos (subjetivos). Também se distingue da lesão usurária, no entanto, pois não cogita do dolo de aproveitamento da parte beneficiária, caracterizando-se independentemente da vontade da parte que se beneficia em lucrar exageradamente. Não se persegue a ocorrência de um ilícito. Para sua configuração basta que a parte que se beneficia tenha conhecimento do estado de necessidade ou da inexperiência do declarante.
d) – lesão consumerista – tipificada no Código de Defesa do Consumidor, caracterizada, nas linhas gerais do Direito Romano, pelo simples elemento objetivo, dispensada a perquirição subjetiva. Porém, ao contrário da lesão enorme, não há qualquer tarifamento da desproporção existente entre as prestações, cabendo ao juiz analisar a sua ocorrência caso a caso. 
Há que se lembrar que enquanto a lesão especial (do Código Civil) gera anulabilidade do negócio jurídico, nos termos do art. 171 do CC, a lesão consumerista (como reza o artigo 51 do CDC) e a lesão usurária têm como consequência a nulidade absoluta, obstando a produtividade dos efeitos.
No nosso estudo merece atenção especial a lesão especial, prevista no art. 157 do Código Civil, que não se preocupa em punir a atitude maliciosa do favorecido, mas, sim, em proteger o lesado, tanto que, ao contrário do que ocorre no estado de perigo em que o benificiário tem de conhece-la, na lesão o próprio conhecimento é indiferente para que ela se configure.
ELEMENTOS DA LESÃO
a) – elemento objetivo – consistente na manifesta desproporção entre as prestações recíprocas, geradora de lucro exagerado (violação do princípio da comutatividade). 
7A lei brasileira optou, corretamente. Pelo conceito aberto, não definindo, de antemão, um parâmetro quantitativo para a caracterização da lesão (metade do valor, um terço etc.), o que somente ocorrerá em concreto, no caso posto à apreciação judicial, segundo os valores da época da contratação, pois o contrato é prejudicial e lesivo no seu nascedouro.
b) – elemento subjetivo – que decorre da falta de paridade entre as partes, determinada pela premente necessidade ou por inexperiência do contratante. Tais circunstâncias devem estar relacionadas exclusivamente à contratação, ou seja, àquele determinado contrato, pois uma pessoa pode ser considerada em estado de inferioridade para certos negócios, em razão de suas próprias condições pessoais, ou em razão de circunstâncias do momento da celebração, e não ser considerada como tal para outros. A necessidade do contratante, de que fala a lei, não está relacionada às suas condições econômicas. Não é a miséria, a insuficiência habitual de meios para prover à subsistência própria ou dos seus. É a necessidade contratual. Ela deve estar relacionada à impossibilidade de evitar o contrato. A inexperiência deve ser relacionada ao contrato, consistindo na falta de conhecimentos técnicos ou habilidades relativos à natureza da transação. Não significa falta de cultura, pois até pessoa erudita e inteligente às vezes celebra contrato sem perceber bem o seu alcance, por não ser sua atividade comum. A lei refere-se, portanto, à inexperiência contatual ou técnica, que se aferirá tanto em relação à natureza da transação quanto à pessoa da outra parte.
EFEITOS DA LESÃO: anulação e revisão.
	O Código Civil considera a lesão um vício de consentimento, que torna anulável o contrato (art. 178, II). Faz, porém, uma ressalva: não se decretará a anulação do negócio se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.
	Privilegia o princípio da conservação dos contratos.
	O lesionado poderá, desse modo, optar pela anulação ou pela revisão do contrato, formulando pedido alternativo: a anulação do negócio ou a complementação do preço.
	Mesmo que o autor postule somente a anulação do contrato, será facultado ao outro contratante ilidir a pretensão de ruptura do negócio, mediante o referido suplemento suficiente para afastar a manifesta desproporção entre as prestações e recompor o patrimônio daquele, salvando a avença. Competirá ao juiz decidir se o suplemento foi ou não suficiente para evitar a perpetuação do locupletamento.
CONTRATOS ONEROSOS.
		O instituto da lesão é aplicável a todo contrato bilateral e oneroso, isto é, contrato comutativo, aquele em que a relação de vantagem e sacrifício decorre da própria estrutura do negócio jurídico.
	A possibilidade de oferecimento de suplementação suficiente, prevista no art. 157 do CC, reforça a ideia defendida pela doutrina de que a lesão só ocorre em contratos comutativos, em que a contraprestação é um dar e não fazer, e não nos aleatórios, pois nestes as prestações envolvem risco e, por sua própria natureza, não precisam ser esclarecidos. De regra, a álea impede a lesão.
CONTAROS ALEATÓRIOS	.
Em caráter excepcional, uma corrente doutrinária (menor) admite, em caráter muito restrito, a contaminação do negócio jurídico aleatório pelo vício de lesão. Nesse sentido escreve CRISTIANO CHAVES DE FARIA que:
 “o contrato aleatório pode estar inquinado de lesão, quando da celebração, quando, e. g., os riscos consideráveis do negócio são imputados a uma das partes, sendo inexpressivos para a outra, explorando-se situação de inferioridade.
Concorda com essa ideia Ana Luiza Maia Nevares, desfechando que o contrato aleatório poderá ser lesivo se, ao valorarem os riscos, estres forem inexpressivos para uma das partes, em contraposição àqueles suportados pela outra, havendo exploração da situação de inferioridade de um dos contratantes pelo outro, beneficiado no momento da celebração do negócio.”
		(Direito Civil – Teoria Geral, 4ª edição, pg. 448 Lumen Juris).
		Somente se poderá, portanto, invocar a lesão nos contratos aleatórios, excepcionalmente, quando a vantagem que obtém uma das partes é excessiva, desproporcional em relação à álea normal do contrato.
(Carlos Roberto Gonçalves, Direito Civil, pag. 450, Ed. Saraiva, vol. 1).
4. Dolo da parte ou de terceiro
5. Dolo do representante legal e convencional
Dolo recíproco ou compensável
dolus bonusdolo acidental
perdas e danos
dolus malus
dolo principal
anulabilidade do negócio jurídico
1. Dolo principal e acidental	
2. Dolus bonus (inocente) e dolus malus
3. Dolo por ação (comissivo) e por omissão (omissivo)

Outros materiais