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CIVIL I AULA 14 DECADENCIA

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Direito Civil I – Carlos da Fonseca Nadais 
 
1 
 
CIVIL I – AULA 14 
DECADÊNCIA. 
1. Conceito 
A origem da palavra decadência vem do verbo latino “cadere”, que significa cair. A 
decadência atinge diretamente o direito em razão também da desídia do titular durante 
certo lapso temporal. Portanto, a decadência é a extinção do direito pela inércia do 
titular, quando a eficácia desse direito estava originalmente subordinada ao exercício 
dentro de determinado prazo, que se esgotou, sem o respectivo exercício. O tempo age, 
no caso de decadência, como um requisito do ato. 
O objeto da decadência, portanto, é o direito que nasce, por vontade da lei ou do 
homem, subordinado à condição de seu exercício em limitado lapso de tempo. A 
decadência é a extinção do direito pela inação de seu titular que deixa escoar o prazo 
legal ou voluntariamente fixado para o seu exercício. Perdido o prazo, perdido estará o 
direito. Na prescrição ocorre a perda de uma pretensão, na decadência importa a perda 
do próprio direito material. 
A decadência está relacionada aos direitos que são objetos de ações constitutivas e deve 
ser arguida por meio de defesa (art. 336 NCPC). 
2. Espécies de decadência: 
2.1. Decadência legal 
Quando é prevista em lei, sendo reconhecida de ofício pelo juiz, ainda que se trate de 
direitos patrimoniais; de acordo com o arts. 210 CC. 
Art. 210 CC. Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando 
estabelecida por lei. 
O prazo decadencial legal é irrenunciável, nem antes nem depois de consumada, 
segundo o art. 209 CC (decadência é matéria de ordem pública) 
Art. 209 CC. É nula a renúncia à decadência fixada em lei. [contrato pode] 
2.2. Decadência convencional 
Quando é estipulada pelas partes, somente a parte beneficiada poderá alegá-la, em 
qualquer grau de jurisdição, sendo vedado ao juiz de Direito suprir a alegação da parte, 
conforme art. 211 CC. 
Art. 211 CC. Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita 
pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a 
alegação. 
O prazo decadencial convencional pode ser renunciado (não é matéria de ordem 
pública), conforme art. 209 CC. 
3. Interrupção, suspensão e impedimento na decadência. 
As normas de suspensão, impedimento e interrupção não são aplicáveis à decadência, 
que envolve prazos fatais, peremptórios (art. 207 CC), salvo disposição em contrário, 
como, por exemplo, a exceção encontrada no art. 26 §2° CDC e não oponibilidade a 
absolutamente incapazes. (art. 208 c/c arts. 3º e 198, I, CC). 
Carlos da Fonseca Nadais - 2016
Direito Civil I – Carlos da Fonseca Nadais 
 
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Art. 207 CC. Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à 
decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a 
prescrição. 
Art. 26 CDC. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil 
constatação caduca em: 
§ 2° Obstam [impedem] a decadência: 
I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o 
fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, 
que deve ser transmitida de forma inequívoca; 
III- a instauração de inquérito civil, até seu encerramento. 
Art. 208 CC. Aplica-se à decadência o disposto nos arts. 195 [relativamente 
incapazes] e 198, inciso I. [absolutamente incapazes] 
Art. 198 CC. Também não corre a prescrição [decadência]: 
I - contra os incapazes de que trata o art. 3°. 
Art. 3° CC. São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da 
vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos. [nova redação dada EPD] 
4. Distinção entre prescrição e decadência. 
Apesar de serem similares, a decadência não se confunde com a prescrição, embora, à 
primeira vista, ante o traço comum do lapso de tempo aliado à inação do titular, possa 
parecer que os prazos prescricionais não se distinguem dos decadenciais. 
Na prescrição ocorre a perda de uma pretensão e na decadência a perda do próprio 
direito material. 
A prescrição admite interrupção, numa única vez, e não corre em relação a 
determinadas pessoas, a decadência é "fatal", correndo contra quem quer que seja, não 
admitindo suspensão e não admitindo interrupção. 
Numa ação que busque uma sentença condenatória teremos prescrição, no que busque 
uma sentença constitutiva teremos decadência. As ações meramente declaratórias não 
prescrevem nem decaem. 
A decadência começa a correr, como prazo extintivo, desde o momento em que o direito 
nasce e a prescrição não tem seu início com o nascimento do direito, mas a partir de 
sua violação. 
A prescrição, por ser de ordem privada, pode sofrer renúncia e a decadência, por ser de 
ordem pública, não pode sofre renúncia. 
A decadência opera contra todos, salvo contra absolutamente incapazes (art. 208 CC), 
enquanto a prescrição não opera para determinadas pessoas elencadas pelo art. 198 CC. 
A decadência legal e a prescrição podem ser reconhecida de ofício pelo juiz (art. 219 
§5° CPC/73 ou arts. 332 §1° e 487 II NCPC) 
Art. 332 NCPC. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, 
independentemente da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o 
pedido que contrariar: 
§ 1° O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se 
verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição. 
Art. 487 NCPC. Haverá resolução de mérito quando o juiz: 
II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência 
ou prescrição. 
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Direito Civil I – Carlos da Fonseca Nadais 
 
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5. A decadência no CDC e suas especificidades 
O CDC utiliza dois critérios para a fixação do prazo de reclamação [judicial]: a 
facilidade de constatação do vício (oculto ou aparente) e a durabilidade do serviço ou 
produto. 
A data inicial para contagem do prazo de reclamação também é controversa, mas 
coerente com o espírito do CDC, que dá ao juiz margem para interpretações favoráveis 
ao consumidor, cabendo, assim, ao magistrado determiná-la, de acordo com a natureza 
do produto ou serviço e visando sempre sua finalidade social. 
Art. 26 CDC. O direito de reclamar [judicialmente] pelos vícios aparentes 
ou de fácil constatação caduca em: 
I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não 
duráveis; 
II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos 
duráveis. 
§ 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do 
produto ou do término da execução dos serviços. 
§ 2° Obstam [impedem] a decadência: 
I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o 
fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, 
que deve ser transmitida de forma inequívoca; 
II - (Vetado). 
III- a instauração de inquérito civil, até seu encerramento. 
§ 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento 
em que ficar evidenciado o defeito. 
6. Outros exemplos de decadência: 
Art. 173 CTN. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário 
extingue-se após 5 (cinco) anos, contados: 
I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento 
poderia ter sido efetuado; 
II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por 
vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. 
Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se 
definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em 
que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, 
ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao 
lançamento. 
Art. 45 CC. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito 
privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, 
precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder 
Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o atoconstitutivo. 
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das 
pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o 
prazo da publicação de sua inscrição no registro. 
Art. 48 CC. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se 
tomarão pela maioria de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo 
dispuser de modo diverso. 
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Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular as decisões a que se 
refere este artigo, quando violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de 
erro, dolo, simulação ou fraude. 
Art. 501 CC. Decai do direito de propor as ações previstas no artigo 
antecedente o vendedor ou o comprador [do imóvel com divergência na 
matrícula] que não o fizer no prazo de um ano, a contar do registro do 
título. 
Art. 445 CC. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou 
abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um 
ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo 
conta-se da alienação, reduzido à metade. [vicio redibitório na coisa 
adquirida] 
Art. 618 CC. Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras construções 
consideráveis, o empreiteiro de materiais e execução responderá, durante o 
prazo irredutível de cinco anos, pela solidez e segurança do trabalho, assim 
em razão dos materiais, como do solo. 
Parágrafo único. Decairá do direito assegurado neste artigo o dono da obra 
que não propuser a ação contra o empreiteiro, nos cento e oitenta dias 
seguintes ao aparecimento do vício ou defeito. 
Art. 178 CC. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a 
anulação do negócio jurídico, contado: 
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar; 
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do 
dia em que se realizou o negócio jurídico; 
III- no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade. 
Art. 179 CC. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem 
estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a 
contar da data da conclusão do ato. 
7. Institutos assemelhados à decadência e prescrição 
7.1. Perempção: O instituto processual que extingue somente o direito de ação é a 
perempção, decorrente da contumácia do autor que deu causa a três arquivamentos 
sucessivos (art. 486 § 3° NCPC). Restam conservados o direito material e a pretensão, 
que só podem ser opostos em defesa ou exceção. 
Art. 486 NCPC. O pronunciamento judicial que não resolve o mérito não 
obsta a que a parte proponha de novo a ação. 
§ 3°. Se o autor der causa, por 3 (três) vezes, a sentença fundada em 
abandono a causa, não poderá propor nova ação contra o réu com o mesmo 
objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a possibilidade de alegar em 
defesa o seu direito. 
7.2. Preclusão: É a perda de uma faculdade processual, por não ter sido exercida no 
momento próprio, impedindo nova discussão em questões já decididas, dentro do 
mesmo processo. 
Art. 293 NCPC. O réu poderá impugnar, em preliminar da contestação, o 
valor atribuído à causa pelo autor, sob pena de preclusão, e o juiz decidirá a 
respeito, impondo, se for o caso, a complementação das custas. 
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Art. 278 NCPC. A nulidade dos atos deve ser alegada na primeira 
oportunidade em que couber à parte falar nos autos, sob pena de preclusão. 
Art. 139 NCPC. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste 
Código, incumbindo-lhe: 
VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios 
de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir 
maior efetividade à tutela do direito; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Caso Concreto 01 - Juliano descobriu em janeiro deste ano que em janeiro de 2010 foi 
constituída uma sociedade limitada em que consta como sócio-gerente. Ocorre que 
Juliano nunca foi sócio desta empresa e, tão pouco conhece as pessoas que dela fazem 
parte. Pergunta-se: Juliano pode propor ação anulatória da constituição da sociedade? O 
prazo para a propositura dessa ação é prescricional ou decadencial? Explique sua 
resposta em no máximo cinco linhas. 
No plano de aula cinco estudaram-se as pessoas jurídicas e lá se verificou ser de três 
anos o prazo para pleitear a anulação do ato de constituição da pessoa jurídica de 
direito privado. Trata-se de prazo decadencial, previsto no art. 45, parágrafo único, 
CC. Portanto, vencido o prazo, Juliano não poderá propor a ação anulatória, embora 
possa tomar outras medidas para regularizar a situação. 
Questão objetiva 01 - (V EXAME DE ORDEM) O decurso do tempo exerce efeitos 
sobre as relações jurídicas. Com o propósito de suprir uma deficiência apontada pela 
doutrina em relação ao Código velho, o novo Código Civil, a exemplo do Código Civil 
italiano e português, define o que é prescrição e institui disciplina específica para a 
decadência. Tendo em vista os preceitos do Código Civil a respeito da matéria, assinale 
a alternativa correta: 
a) Se a decadência resultar de convenção entre as partes, o interessado poderá 
alegá-la, em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não poderá suprir a alegação de 
quem a aproveite. 
b) Se um dos credores solidários constituir judicialmente o devedor em mora, tal 
iniciativa não aproveitará aos demais quanto à interrupção da prescrição, nem a 
interrupção produzida em face do principal devedor prejudica o fiador dele 
c) O Código Civil optou por conceituar o instituto da prescrição como a extinção 
da pretensão e estabelece que a prescrição, em razão da sua relevância, pode ser 
arguida, mesmo entre os cônjuges enquanto casados pelo regime de separação 
obrigatória de bens. 
d) Quando uma ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não 
correrá a prescrição até o despacho do juiz que tenha recebido ou rejeitado a 
denúncia ou a queixa-crime. 
Questão objetiva 02 - (TJGO 2009) O empresário X é locatário de dois imóveis, sendo 
o contrato de um deles por prazo determinado de seis (06) anos e o de outro, também 
por prazo determinado, mas de um (01) ano, com cláusula estabelecendo que o locatário 
poderá renová-lo por igual prazo desde que notifique o locador até sessenta (60) dias 
antes do término, sob pena de a locação prorrogar-se por prazo indeterminado. Os 
prazos que o empresário X tem para mover ação renovatória do primeiro contrato de 
locação e para renovar anualmente o segundo contrato de locação classificam-se: 
a) ambos como decadenciais e passíveis de reconhecimento de ofício pelo Juiz. 
b) ambos como decadenciais, sendo apenas o primeiro passível de reconhecimento 
de ofício pelo Juiz. (arts. 51 e 52, Lei 8.245/91 – Lei de Locações – e art. 210 CC) 
c) ambos como prescricionais, sendo o primeiro passível de reconhecimento de 
ofício pelo Juiz. 
d) o primeiro, como prescricional e o segundo como decadencial, nenhum deles 
podendo ser reconhecido de ofício pelo Juiz. 
e) o primeiro como decadencial e o segundo como prescricional, sendo ambos 
passíveis de recebimento de ofício pelo Juiz. 
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