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Dir Tributário 05

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CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO 
www.pontodosconcursos.com.br 1
AULA 5: CARACTERÍSTICAS CONSTITUCIONAIS DAS ESPÉCIES 
TRIBUTÁRIAS 
 
3. CARACTERÍSTICAS CONSTITUCIONAIS DAS ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS 
3.1. TAXAS 
As taxas são uma das espécies tributárias integrantes do STN. Estão apenas 
mencionadas na Constituição, no art. 145, inciso II, e § 2º. A Constituição não diz 
mais nada sobre as taxas. 
No CTN, as taxas são tratadas nos arts. 77 a 80. 
Antes de começarmos, é importante aproveitar para revermos os conceitos de 
tributo vinculado e tributo não-vinculado. 
Tributo vinculado é aquele cujo fato gerador (ou hipótese de incidência) é uma 
atividade estatal específica. 
São sempre vinculados as taxas e as contribuições de melhoria. 
Tributo não-vinculado é aquele cujo fato gerador (ou hipótese de incidência) não é 
uma atividade do Estado, mas sim uma atividade ou situação econômica do 
contribuinte. 
Todos os impostos são não-vinculados. 
Os empréstimos compulsórios podem ser vinculados ou não-vinculados. Depende 
da hipótese de incidência que a lei complementar que o institua venha a 
estabelecer. 
As contribuições também podem ser tributos vinculados ou não-vinculados. 
Depende da hipótese de incidência que a lei preveja. O fato de a arrecadação das 
contribuições ter destinação específica, que muitas vezes é custear alguma 
atividade estatal específica, não tem nada a ver com o conceito de tributo 
vinculado. O que interessa para esse conceito é só a análise do fato gerador, 
nunca da destinação do dinheiro arrecadado. 
Isso é um erro comum. O aluno (e muitas vezes o professor ou autor de apostila) 
pensa assim: “já que as contribuições de seguridade são destinadas a uma 
atividade estatal específica, então elas são tributos vinculados”. 
Está errado pelo simples motivo de que o conceito de tributo vinculado e não-
vinculado não é esse. É um conceito muito antigo e muito tradicional, que foi 
criado justamente para distinguir impostos de taxas e de contribuições de 
melhoria, numa época em que não se reconhecia a existência de outras espécies 
tributárias. Nessa época, aliás, a doutrina e a jurisprudência eram claríssimas ao 
afirmar que o destino da arrecadação era totalmente irrelevante para o Direito 
Tributário. Essa visão chegou a ser incorporada ao nosso CTN, que é de 1966, e 
está no seu art. 4º, inciso II. Eu já comentei que esse artigo foi prejudicado com o 
advento da CF/88, porque o STF passou a entender que os empréstimos 
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compulsórios e as contribuições são espécies tributárias distintas dos impostos, 
taxas e contribuições de melhoria. 
Na minha opinião, são contribuições sempre vinculadas as contribuições de 
iluminação pública (CF, art. 149-A) e as contribuições para os conselhos 
fiscalizadores de profissões regulamentadas. No primeiro caso, a hipótese de 
incidência é a prestação do serviço público de iluminação pública. No segundo 
caso, a hipótese de incidência é o exercício do poder de polícia por esses 
conselhos (CRM, CRO, OAB, CREA etc.). Mas isso não é pacífico e acho 
impossível ser cobrado em concurso. 
Pois bem, voltemos às taxas. 
Como as taxas são tributos vinculados, eu sei que seus fatos geradores são 
atividades do Estado. Quais são elas? 
A resposta nos leva à existência de duas espécies de taxas, a saber: 
1) taxas de polícia. 
O fato gerador é o exercício regular do poder de polícia. 
O que é poder de polícia? 
O CTN define. A definição está no art. 78. É muito longa e acaba confundindo, 
mas vocês têm que conhecer, porque as questões de Tributário que abordam o 
CTN são muito freqüentemente literais. Portanto, diz o art. 78 do CTN: 
“Art. 78. Considera-se poder de polícia a atividade da administração pública que, 
limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou 
a abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à 
higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao 
exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do 
Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos 
individuais ou coletivos.” 
Vamos simplificar: poder de polícia, aqui, diz respeito à chamada polícia 
administrativa, que é diferente da polícia de segurança pública (polícias militares) 
e da polícia judiciária (polícias civis). A atividade de polícia administrativa é 
definida como a restrição ou o condicionamento ao exercício de atividades 
privadas, visando a assegurar o bem estar da coletividade. 
Em termos mais práticos, são as atividades de fiscalização em geral, exercidas 
pelos mais diversos órgãos e entidades da Administração Pública. 
E o que quer dizer exercício regular? Mais uma vez o CTN explicita, no parágrafo 
único do art. 78: 
“Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo 
órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal 
e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou 
desvio de poder.” 
Simplificando, exercício regular é exercício legal; regular é a atividade de polícia 
exercida nos termos e limites da lei. Só isso. Aliás, seria ridículo e absurdo prever 
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como hipótese de incidência de um tributo o exercício ilegal de uma atividade 
estatal! 
A taxa de polícia só pode ser cobrada pelo exercício efetivo da atividade de 
polícia. Não se admite taxa de polícia por utilização ou prestação potencial do 
poder de polícia. 
Como exemplo de taxa de polícia, temos uma expressamente mencionada na 
Súmula 665 do STF, que tem esta redação: “É constitucional a Taxa de 
Fiscalização dos Mercados de Títulos e Valores Mobiliários instituída pela Lei 
7.940/89”. 
2) Taxas de serviço público. 
O fato gerador é a prestação de serviço público específico e divisível, cuja 
utilização pelo contribuinte pode ser efetiva ou potencial. 
Essa espécie de taxa precisa que conheçamos diversas definições. Vamos a elas: 
a) Serviço público específico e divisível. 
O CTN procurou estabelecer esses conceitos, em seu art. 79, incisos II e III. 
Vocês precisam conhecer as definições legais literais, sempre. Diz o CTN que os 
serviços públicos são: 
“específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de 
intervenção, de unidade, ou de necessidades públicas”; e 
“divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada 
um dos seus usuários”. 
A definição de “divisível” não apresenta dificuldades. O usuário do serviço tem que 
poder ser individualizado e deve ser possível algum critério para estimar 
quantitativamente a utilização do serviço por ele. 
A definição de específico é praticamente incompreensível. 
À primeira vista parece que o Código quis dizer que o serviço é específico quando 
há um órgão ou entidade na Administração cuja atribuição específica é a 
prestação daquele serviço. Alguns autores defendem essa posição. 
Entretanto, a maioria da doutrina e, o que é mais importante, o Supremo Tribunal 
Federal, adotam uma interpretação bastante curiosa, mas que é, em princípio, a 
que devemos adotar em concursos públicos. 
Para eles, e para nós também, todo serviço público divisível é também específico, 
ou seja, não faz sentido o CTN falar em específico e divisível. Bastaria falar em 
divisível. 
O que muda é o ponto de vista. 
Assim, sob o ponto de vista da prestação o serviço é específico ou geral. Sob a 
ótica da utilização, é divisível ou indivisível. 
Concluindo, vale a pena ler este trecho de um julgado do STF, que a Corte já 
utilizou em inúmeros outros: 
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“Os serviços públicos, segundo a lição de Roque Carrazza, ‘se dividem em gerais 
e específicos. Os serviços públicos gerais, ditos também universais, são os 
prestados uti universi, isto é, indistintamente a todos os cidadãos. Eles alcançam a 
comunidade, como um todo considerada, beneficiando número indeterminado (ou, 
pelo menos, indeterminável) de pessoas. É o caso dos serviços de iluminação 
pública, de segurança pública, de diplomacia, de defesa externa do país etc.’. 
Esses serviços, acrescenta Carrazza, são custeados pelos impostos. (Roque 
Carrazza, ‘Curso de Dir. Const. Tributário’, Malheiros Editores, 11ª ed., 1998, pág. 
327). Os serviços públicos específicos, segundo o mesmo autor, ‘também 
chamados singulares, são os prestados uti singuli. Referem-se a uma pessoa ou a 
um número determinado (ou, pelo menos, determinável) de pessoas. São de 
utilização individual e mensurável. Gozam, portanto, de divisibilidade, é dizer, da 
possibilidade de avaliar-se a utilização efetiva ou potencial, individualmente 
considerada.” 
Em resumo, quando um serviço público é prestado para usuários individualizáveis 
e que podem utilizá-lo separadamente, ele é específico e divisível. Quando um 
serviço público é prestado para a coletividade como um todo e não é possível 
separar a utilização de cada um, nem estimar o quanto cada um utiliza, ele é geral 
e indivisível. 
Exemplos típicos de serviços gerais e indivisíveis e que, portanto, não podem ser 
remunerados por taxa, são a iluminação pública e a limpeza de ruas e logradouros 
públicos. Temos até mesmo a Súmula 670 do STF, que diz: “o serviço de 
iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa”. 
Exemplo de serviços que podem ser remunerados por taxas são a coleta 
domiciliar de lixo, o fornecimento domiciliar de água encanada, o esgotamento 
sanitário etc. 
Quanto ao conceito de utilização efetiva ou potencial, a situação é muito mais 
simples. 
Diz o CTN que os serviços públicos consideram-se utilizados pelo contribuinte: 
a) “efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título”. 
Não necessita maiores explicações. É quando o usuário usa mesmo. 
b) “potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua 
disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento”. 
Aqui, o usuário não necessita utilizar o serviço, mas será devedor mesmo que não 
use. Para isso, é necessário que exista lei estabelecendo que aquele serviço 
público é de utilização obrigatória (geralmente são os serviços relacionados à 
saúde pública, como coleta domiciliar de lixo, esgotamento sanitário, fornecimento 
domiciliar de água encanada etc.). 
Exemplo: coleta domiciliar de lixo é de utilização obrigatória. Desde que exista o 
serviço de coleta de lixo, e esteja à disposição, será cobrada a taxa pelo 
município, mesmo que o contribuinte prove que passou o ano inteiro na Europa e 
que naquele imóvel não se produziu nem um miligrama de lixo. Diversamente, se 
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não existir o serviço, ou se não estiver à disposição daquele contribuinte, não 
poderá ser cobrada taxa. Também não poderá se a utilização não for compulsória, 
o que depende de uma lei que assim disponha. 
Por último, há uma regra no § 2º do art. 145 da Constituição (“As taxas não 
poderão ter base de cálculo própria de impostos”) semelhante à que está no 
parágrafo único do art. 77 do CTN (“A taxa não pode ter base de cálculo ou fato 
gerador idênticos aos que correspondam a imposto nem ser calculada em função 
do capital das empresas”). 
A da Constituição é mais precisa e mais abrangente. 
É muito difícil dizer, no caso concreto, o que seria um critério adequado para 
estabelecer a base de cálculo das taxas. O que é certo, e é isso que pode ser 
cobrado em concurso, é que a base de cálculo das taxas deve ter alguma relação 
com o custo do serviço prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. Não se 
trata, e isso também é certo, de correspondência exata, nem de uma 
proporcionalidade matemática. Diz-se, apenas, que o critério deve ser o custo do 
serviço prestado, que deve haver uma relação entre a base de cálculo e o custo 
desse serviço. Só isso. É também certo que a base de cálculo das taxas não pode 
ser o valor de uma atividade econômica exercida pelo contribuinte, ou o valor de 
um bem integrante do patrimônio do contribuinte. Isso é que seria uma base de 
cálculo própria de impostos, mesmo que não idêntica à de algum dos impostos 
existentes. 
Fiquemos por aí. Esse assunto, para ser levado aos casos concretos, é tão 
complexo, que o próprio STF tem adotado critérios bastante contraditórios em 
seus julgados, para decidir sobre a constitucionalidade de bases de cálculos de 
taxas definidas em leis as mais variadas. Se cair em concurso, o mais provável 
seria uma questão literal. Mas já apareceu esta, da ESAF: 
(ESAF/AFRF/2002-2) O Município de Campinas instituiu a taxa de serviços 
urbanos, cuja base de cálculo repousa nos elementos localização, área e 
dimensões do imóvel. Essa taxa é constitucional? 
O gabarito foi: não. 
Eu imagino que o elaborador tenha buscado um caso real em que a lei foi julgada 
inconstitucional. O fundamento é fácil: os elementos apontados são alguns dos 
que determinam o valor de um imóvel e o valor de imóvel é base de cálculo 
própria de imposto, não de taxa. Não há, na questão, nenhuma referência à 
espécie de serviço e à relação entre os elementos “localização, área e dimensões 
do imóvel” e o custo do serviço, à proporção estimada ou presumida entre esses 
elementos e o grau de utilização do serviço pelo contribuinte. 
Mas minha opinião é que foi um total absurdo pedir esse julgamento pelo 
candidato. Aliás, esse concurso foi péssimo, e suas questões não servem, de jeito 
nenhum, como parâmetro. 
 
3.1.1. TAXA E PREÇO PÚBLICO 
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Esse é um assunto, em geral, pouco cobrado. 
Todas as diferenças entre taxas e preços públicos decorrem do fato de que taxa é 
tributo e preço público não é tributo. 
Antes de enumerarmos as principais diferenças, só uma observação: no Direito 
Tributário, nós tratamos preço público e tarifa como sinônimos. No Direito 
Administrativo, há autores que afirmam que preço público é gênero e tarifa é 
espécie. A tarifa seria o preço público especificamente cobrado pela prestação de 
serviços públicos. Os outros preços públicos, como o cobrado pela Administração 
pelo uso de um bem público, seriam preços públicos não-tarifários. Repito, essa 
diferenciação não é útil no Direito Tributário. 
No caso da remuneração dos serviços públicos específicos e divisíveis, o Estado, 
em muitos casos, pode optar por adotar o regime contratual, e cobrar preço 
público, ou o regime tributário, e cobrar taxa. 
Os serviços gerais e indivisíveis não podem, de modo nenhum, ser remunerados 
nem por taxa nem por tarifa. A única forma de custear os serviços gerais e 
indivisíveis é com as receitas gerais do Estado, especialmente as decorrentes de 
impostos (salvo no caso da contribuição de iluminação pública, que é uma 
contribuição destinada ao custeio de um serviço geral e indivisível). 
Outro ponto interessante é que os preços públicos podem ser exigidos por 
pessoas jurídicas de direito privado, inclusive não integrantes da Administração 
Pública, como as concessionárias de serviços públicos, e por pessoas jurídicas de 
direito público. Ou seja, podem ser sujeitos ativos da relação jurídica concernente 
a um preço público pessoas jurídicas de direito privado ou público. As taxas não. 
Como qualquer tributo, as taxas só podem ter como sujeitos ativos as pessoas 
jurídicas de direito público. 
Vejamos as diferenças mais importantes entre taxa e preço público. 
1) Taxa é receita derivada e preço públicoé receita originária. 
Isso são conceitos do Direito Financeiro e quase nunca aparecem em questões de 
Tributário. 
Uma receita é derivada quando o Estado a obtém em razão de seu poder de 
império, de sua supremacia perante os particulares. Todos os tributos e multas 
são receitas derivadas. O nome “derivada” indica que a receita provém (deriva) do 
patrimônio de outrem, em geral dos particulares, não do próprio Estado. 
Receitas originárias são obtidas pelo Estado sem uso de poder de império, de 
supremacia. Em geral são obtidas em decorrência da exploração do próprio 
patrimônio do Estado, como ocorre na remuneração pelo uso de bens públicos. 
2) Taxas estão sujeitas aos princípios de Direito Tributário, como anterioridade, 
noventena, legalidade estrita para instituição, majoração etc. 
Os preços públicos não estão sujeitos a princípios específicos de Direito 
Tributário, mas sim aos princípios de Direito Administrativo. A principal 
conseqüência é que os preços são previstos em contratos administrativos, não em 
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leis, os aumentos e reajustes decorrem do contrato, não de lei, e o aumento pode 
ser cobrado imediatamente, sem que se fale em anterioridade, noventena ou 
qualquer outro prazo relacionado ao princípio tributário da não-surpresa. 
3) A cobrança dos preços públicos é proporcional ao uso e a das taxas não. 
Para visualizarmos isso, basta pensarmos nas contas de luz e de telefone. Vejam 
como é diferente da taxa de lixo. Se eu, em um mês, produzo cem quilos de lixo e, 
no outro, produzo dez quilos, pagarei exatamente a mesma taxa de lixo. Se eu 
consumo em um mês 50 kw.hora de energia elétrica, pago R$30,00. Se, no mês 
seguinte, consumo 100 kw.hora, pago R$60,00 (não é exatamente assim, está 
simplificado para efeito de exemplo; mesmo nos preços públicos, embora haja 
proporcionalidade, ela não costuma ser absoluta; em muitos casos existem tarifas 
favorecidas em determinadas faixas de consumo, por razões sociais). 
4) As taxas são compulsórias, os preços públicos, em tese, são facultativos, isto é, 
em relação a eles, prevalece a autonomia da vontade. 
Assim, se eu não quiser ter um telefone, evidentemente não pagarei tarifa de 
telefone. Se eu quiser ter um gerador em minha casa, ou viver à luz de velas, não 
pagarei tarifa de energia elétrica. Diferentemente, se eu não quiser que coletem 
meu lixo e eu mesmo levar todo lixo que produzo diretamente ao depósito de lixo, 
pagarei a taxa de lixo de qualquer jeito, além de ser considerado maluco. 
5) As taxas podem ser cobradas por utilização potencial de serviço público, os 
preços públicos não. 
6) As taxas podem ser cobradas pelo exercício do poder de polícia, os preços 
públicos não. 
E basta isso sobre este assunto. Sinceramente, não se preocupem demais com 
ele. 
 
3.1.2. PEDÁGIO 
Este assunto, pedágio, é outro que angustia muito os concursandos, sem 
necessidade. 
O motivo da preocupação é que ninguém define com segurança a natureza 
jurídica do pedágio. 
É taxa ou é tarifa? 
Não é possível, mesmo, uma resposta certa. 
O certo é que existe farta jurisprudência do STF afirmando que pedágio é tributo, 
da espécie taxa. O fundamento é o fato de o pedágio ser mencionado na 
Constituição no art. 150, inciso V, justamente na seção que trata “das limitações 
do poder de tributar”. 
Acontece que todos os julgados do STF sobre o assunto são acerca do extinto 
selo-pedágio, que, sem dúvida nenhuma, foi instituído sob regime jurídico 
tributário (por exemplo, a cobrança era desvinculada da quantidade de vezes que 
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a pessoa transitava nas rodovias federais). Não há maiores problemas em atribuir 
a natureza de taxa ao selo-pedágio, o que foi efetivamente feito pelo STF. 
O problema é a gente querer generalizar e pretender afirmar como uma regra 
rígida que pedágio é obrigatoriamente tributo. Quem disser isso vai ficar na 
seguinte situação: (1) vai ter que afirmar que todos esses pedágios que há alguns 
anos são cobrados por concessionárias são inconstitucionais, porque nosso 
Direito não admite relação jurídica tributária em que o sujeito ativo seja pessoa 
jurídica de direito privado; (2) terá que considerá-los inconstitucionais, também, 
porque sua instituição e seus reajustes não são feitos por lei, além de nem 
pensarem em obedecer a anterioridade ou noventena. 
Por outro lado, quem pretender afirmar que pedágio é sempre tarifa, terá, pelo 
menos, estes problemas: (1) estará aparentemente contrariando a jurisprudência 
firmada pelo STF, que, ao tratar do selo-pedágio, decidiu que o pedágio é taxa; (2) 
terá que afirmar que a Constituição, na seção que trata “das limitações do poder 
de tributar” tratou de uma coisa que não é tributo. 
Ainda há muitos outros problemas. Por exemplo, ninguém na doutrina aceita que 
no caso de cobrança de pedágio sob regime de preço público possa inexistir uma 
via alternativa gratuita, mesmo que em mau estado de conservação, à disposição 
do contribuinte. Isso porque a inexistência de alternativa torna o pedágio 
compulsório, e só as taxas podem ser compulsórias, não os preços públicos. 
Não preciso dizer mais, não é? Vocês sabem que no Brasil atual o pedágio é 
cobrado sob regime de tarifa. Entretanto, isso implica reconhecer que o 
constituinte originário errou quanto à localização, no texto da Carta Política, da 
regra que menciona o pedágio. Implica reconhecer que a inexistência de via 
alternativa é um verdadeiro absurdo, uma total afronta ao direito fundamental de ir 
e vir. Mas resolve o problema de justificar a cobrança por pessoas de direito 
privado e de justificar a total inobservância dos princípios de Direito Tributário. 
Bem, vamos tentar traçar um rumo para concursos. 
Minha opinião é que questão perguntando a posição do STF sobre o pedágio só 
tem uma resposta: o pedágio é tributo, da espécie taxa. 
Se alguma questão afirmar que o pedágio tanto pode ser taxa como tarifa, a 
critério do legislador, eu marcaria verdadeiro. A verdade é que eu vejo a doutrina 
se encaminhando para essa posição conciliatória. Assim, se o legislador optar 
pela instituição de um pedágio-taxa, o regime jurídico será tributário, e não poderá 
ser cobrado por pessoas privadas. Se optar pela instituição de um pedágio-tarifa, 
como tem acontecido, o regime jurídico será contratual, a cobrança pode ser feita 
por concessionária, pessoa jurídica de direito privado. Entretanto, 
doutrinariamente, é defendida a necessidade de, nesse caso, existir via 
alternativa. 
Por último, qualquer que seja o regime jurídico, a cobrança de pedágio somente 
pode ter como fundamento a conservação de via pelo poder público, porque isso 
está na Constituição (art. 150, V). Só que temos que adotar uma definição de 
poder público em sentido amplo, incluindo não só a atuação direta do Estado, 
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como também a atuação indireta, por meio de delegatárias de serviço público. Não 
pode o pedágio ser cobrado sob nenhum outro fundamento, com seria o caso se 
um estado-membro resolvesse cobrar um inconstitucional pedágio pela 
transposição de suas divisas. 
Já falamos mais do que o necessário sobre esse assunto. Se eu pudesse resumir 
ainda mais, diria: pedágio, no Brasil, é um instituto de regramento caótico, que, na 
prática, desrespeita diversos dos princípios que os juristas indicam como 
obrigatórios em qualquer canto do mundo. E pronto. 
 
3.2. CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA 
A contribuição de melhoria é a segunda das espécies de tributos sempre 
vinculados existentes em nosso STN. 
Existente teoricamente, porque a verdade é que a contribuição de melhoria é um 
tributo em quase total desuso (se não em total desuso mesmo,sem o “quase”). 
Mas, como está prevista na Constituição e no CTN, e, principalmente, como 
sempre consta dos editais dos concursos em geral, precisamos estudá-la. 
A Constituição só fala na contribuição de melhoria em um único ponto, nenhum 
outro. É no art. 145, inciso III, em que estabelece: 
“A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os 
seguintes tributos: 
................ 
III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.” 
Qualquer questão de concurso que diga que a Constituição estabeleceu alguma 
outra regra sobre a contribuição de melhoria é falsa. 
Com base na Constituição só conseguimos saber: 
1) A competência para a instituição da contribuição de melhoria é comum a todas 
as pessoas políticas. 
2) É um tributo vinculado a uma atividade estatal específica: a realização de uma 
obra pública que beneficie imóveis determinados ou determináveis. 
3) A obra deve ser anterior à exigência da contribuição de melhoria. Pelo menos é 
essa a posição do STF e, por isso, a interpretação que devemos adotar para a 
expressão “decorrente de obras públicas”. 
Vejam este item de questão da ESAF: 
(ESAF/PFN/1998) A Constituição de 1988 não estabelece que o limite total da 
contribuição de melhoria seja o valor da despesa realizada pela obra pública que 
lhe deu causa. 
A afirmativa é verdadeira. Esse limite existe, mas está no CTN, como veremos 
abaixo, mas não na Constituição. 
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Outro item de questão da ESAF: 
(ESAF/AFRF/2001) A Constituição da República prevê que contribuição de 
melhoria, decorrente de obras públicas, tenha por limite o custo total da obra e o 
valor da melhoria por ela trazida, e que tenha sido precedida de referendo popular. 
A afirmativa é falsa. Na verdade foi fácil demais essa, porque eles inventaram do 
nada essa história de “referendo popular”. Isso não é exigido para a instituição de 
absolutamente nenhum tributo! 
Para estudar para concursos, portanto, precisamos, não só em relação à 
contribuição de melhoria, saber o que está na Constituição e o que está no CTN. 
O CTN disciplina a contribuição de melhoria nos arts. 81 e 82. Não acho 
necessário decorar o art. 82. O mais importante mesmo está no art. 81. A 
contribuição de melhoria está também disciplinada no Decreto-lei nº 195/1967, de 
forma muito mais detalhada do que no CTN, mas eu não recomendo a leitura, pelo 
menos para provas objetivas de concursos da área fiscal. 
O fato gerador da contribuição de melhoria é a realização de uma obra pública da 
qual decorra valorização imobiliária. O STF já decidiu que a valorização imobiliária 
integra obrigatoriamente a hipótese de incidência da contribuição de melhoria (é 
da essência desse tributo a ocorrência de valorização imobiliária), mesmo não 
estando isso expresso na Constituição. A ESAF, sem referir explicitamente o STF, 
já exigiu esse conhecimento em concurso: 
(ESAF/AFRF/2002-2) O texto constitucional (art. 145, III) deixou de se referir 
expressamente à valorização imobiliária, ao cogitar de contribuição de melhoria. 
Com isso, o acréscimo do valor do imóvel localizado nas áreas beneficiadas direta 
ou indiretamente por obras públicas ainda figura como fato gerador da 
contribuição? 
A resposta é sim. O acréscimo de valor a imóveis determinados é elemento 
essencial à definição da hipótese de incidência das contribuições de melhoria. 
Está exigido explicitamente no CTN (e no DL nº 195/1967), mas, mesmo que não 
estivesse, seria obrigatória a sua ocorrência, segundo entendimento do STF. 
O sujeito ativo é a pessoa política que realiza a obra. O sujeito passivo é o 
proprietário do imóvel, ou, no caso de enfiteuse, o titular do domínio útil (enfiteuta). 
Isso foi objeto desta questão: 
(CESPE/TITULAR DE SERVIÇOS NOTARIAIS E DE REGISTRO DO 
TJDFT/2000) Caso o governo do DF promovesse a edificação de uma nova ponte 
no Lago Sul, então poderia ser instituída contribuição de melhoria, para custeio da 
obra, a ser cobrada de todos os que utilizassem a ponte de maneira regular. 
Está errado, porque a contribuição de melhoria só pode ser cobrada dos 
proprietários ou enfiteutas dos imóveis que tiveram valorização em decorrência de 
obra pública. 
O CTN estabelece limites à cobrança da contribuição de melhoria. São dois os 
limites: 
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1) limite individual, correspondente ao acréscimo de valor que da obra resultar 
para cada imóvel beneficiado; e 
2) limite total, correspondente à despesa realizada. 
Em cada caso, o limite que prevalecerá será o primeiro a ser atingido. 
Assim, se uma obra de custo R$100.000,00 beneficiou igualmente 10 imóveis e 
cada imóvel valorizou-se em exatos R$7.000,00, o máximo que pode ser cobrado 
de cada proprietário é R$7.000,00. 
Se a mesma obra de R$100.000,00 tivesse valorizado cada imóvel em exatos 
R$12.000,00, o máximo que poderia ser cobrado de cada proprietário seria 
R$10.000,00. Por quê? 
Porque, nesse caso, o limite total seria atingido primeiro, uma vez que 
R$10.000,00 multiplicados por 10 (o número de imóveis beneficiados) já perfazem 
os R$100.000,00, que é o custo total da obra. 
Simples, não. E bem teórico. Imaginem a aplicação disso na prática! É por isso 
que a contribuição de melhoria não é usada. 
Vejam esta questão do CESPE: 
(CESPE/ADVOGADO/COMPANHIA ENERGÉTICA DE BRASÍLIA/2000) Se o DF 
construísse uma ponte ligando o Lago Norte ao Plano Piloto e, em virtude da 
valorização dos imóveis próximos à obra, decidisse cobrar dos seus proprietários 
uma contribuição de melhoria, então o Estado não poderia cobrar de cada 
particular uma contribuição maior que o acréscimo do valor de seus imóveis, 
resultante da construção da nova ponte. Além disso, caso a soma do valor 
agregado aos imóveis pela nova obra ultrapassasse o custo da própria 
construção, a parte excedente do preço da obra somente poderia ser utilizada 
para custear a manutenção da nova ponte ou eventuais melhoramentos dela. 
A afirmativa é falsa, porque nada do que exceder o preço total da obra pode ser 
cobrado. 
Outro ponto que às vezes aparece: a contribuição de melhoria tem como 
fundamento a vedação ao enriquecimento sem causa. Parece não ter nada a ver, 
mas a explicação é esta: como o particular teve um aumento em seu patrimônio 
que não resultou de seu trabalho ou do emprego de capital seu, é justo que ele 
devolva à coletividade, que custeou a obra que o beneficiou, o acréscimo de 
patrimônio que ele obteve sem uma causa justa. Bonito, não? Pena que, na 
prática, não funcione... 
Mas, em concurso, funciona. Vejam esta questão: 
(ESAF/Fiscal Tributos Estaduais Pará/2002) Identifique, nas opções abaixo, o 
tributo cujo fundamento ético-jurídico é o não enriquecimento injusto. 
a) imposto 
b) taxa 
c) empréstimo compulsório 
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d) contribuição social 
e) contribuição de melhoria 
O gabarito é letra “e”, pelo motivo que expliquei acima. 
Sobre contribuição de melhoria já falamos mais que o necessário. Passemos aos 
impostos. 
 
3.3. IMPOSTOS 
DEFINIÇÃO DE IMPOSTO 
Os impostos são tributos sempre e obrigatoriamente não-vinculados. Pela escola 
tricotômica, imposto era a única espécie não-vinculada de tributo. Para ela, todo e 
qualquer tributo, não importa o nome, que tivesse fato gerador não-vinculado a 
uma atividade estatal específica, era um imposto. 
Hoje em dia, com a classificação qüinqüipartida, nós ainda podemos e devemos 
dizer que os impostos são espécie tributária sempre e obrigatoriamente não-
vinculada. Mas as contribuições e os empréstimos compulsórios também podem 
ser não-vinculados. As contribuições, aliás, na sua esmagadora maioria, são não-
vinculadas (lembrem-seque esse conceito refere-se exclusivamente ao fato 
gerador, não à destinação da arrecadação; a destinação da arrecadação, nas 
contribuições, é sempre vinculada a algum órgão, entidade ou despesa). 
Por falar em destinação da arrecadação, os impostos, além de terem o fato 
gerador sempre não-vinculado, têm, como regra geral, vedada a vinculação de 
sua arrecadação a despesas específicas. 
Essa disposição encontra-se no art. 167, inciso IV, da Constituição, que diz: 
“Art. 167. São vedados: 
................ 
IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a 
repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 
e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para 
manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da 
administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 
2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por 
antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º 
deste artigo;” (O § 4º, mencionado nesse dispositivo, permite aos estados, DF e 
municípios vincularem receita de impostos para prestação de garantia ou 
contragarantia à União e para pagamentos de débitos para com ela.) 
A Constituição não traz absolutamente nenhuma definição de imposto. 
O CTN tem uma definição por exclusão, no seu art. 16. É a seguinte: 
“Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação 
independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.” 
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Essa é a única definição de imposto que temos em nosso Direito positivo. Ela 
funciona muito bem para a escola tricotômica. Quando consideramos cinco as 
espécies tributárias, a definição fica um tanto falha, porque não permite distinguir 
imposto de contribuições ou empréstimos compulsórios cujos fatos geradores 
sejam não-vinculados. 
Mas é a definição que temos, e sempre que aparecer em questão de concurso 
refere-se, obviamente, a impostos. Nunca a contribuições ou empréstimos 
compulsórios. 
Os impostos são tributos, em regra, discriminados. Isso significa que a 
Constituição estabelece, ela própria, as bases econômicas sobre as quais podem 
ser instituídos impostos. Já vimos que atribuiu à União os impostos discriminados 
no art. 153, aos estados e DF os discriminados no art. 155, e aos municípios os do 
art. 156. Além dos impostos discriminados, existe a previsão de que a União, e 
somente ela, institua impostos não discriminados (sem bases econômicas 
definidas no texto constitucional), utilizando a denominada competência residual, 
que estudaremos mais tarde, e a competência extraordinária, esta última para a 
instituição dos impostos extraordinários de guerra. 
 
3.3.1. ELEMENTOS BÁSICOS DOS IMPOSTOS FEDERAIS – CONSTITUIÇÃO 
E CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. 
O estudo dos impostos um a um é uma das mais relevantes fontes de angústia 
para os candidatos, principalmente para os que pretendem especificamente fazer 
os concursos para a Receita Federal. 
O motivo da preocupação é duplo: em 2002, em ambos os concursos para AFRF, 
apareceram questões em que foi exigido conhecimento específico da legislação 
de determinados impostos. Isso não acontecia antes e todo mundo sabe que é 
totalmente impossível conhecer a legislação específica de todos os tributos 
federais. 
Meus alunos passaram a pedir, bastante aflitos, dicas de estudo que lhes 
permitissem estar preparados para enfrentar esse tipo de questão. 
O pior é que não existe, ou pelo menos eu não conheço, nenhuma dica para 
tornar alguém apto a acertar questões que demandem conhecimento das leis 
ordinárias e medidas provisórias que integram a legislação específica dos tributos 
federais. 
Mas, a boa notícia é que, já no AFRF/2003, e nos outros concursos de 2003 em 
diante, em que a banca foi a ESAF, o Direito Tributário voltou a ser cobrado como 
nunca deveria ter deixado de ser: com base na Constituição, no CTN e na 
jurisprudência do STF. 
A verdade é que legislação específica de tributos não é Direito Tributário. O 
estudo do Direito em geral é algo sistemático e a legislação tributária específica é 
caótica, casuísta e extremamente cambiante. Hoje em dia, então, com a 
desorganização tributária resultante da voracidade arrecadatória do Governo, com 
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a criação da COFINS não-cumulativa e do PIS não-cumulativo (que certamente 
são os tributos com a legislação mais complicada do mundo), mais o PIS e 
COFINS na importação, e muitos outros assuntos, podemos afirmar, com 
segurança, que é totalmente impossível alguém estar preparado para questões 
sobre leis e medidas provisórias de tributos específicos. 
Como o candidato tem muitas outras matérias para dominar, além do Direito 
Tributário, meu conselho firme sempre foi: ignorem a legislação tributária 
concernente a tributos específicos. Recomendava isso mesmo quando parecia 
que a tendência seria haver quatro ou cinco questões sobre tributos específicos na 
prova de Tributário dos concursos para AFRF. É claro que ninguém gostava de 
ouvir “conforme-se em não estar preparado para quatro ou cinco questões em 
uma prova com vinte”; e eu detestava ter que dizer isso aos alunos, mas não via 
mesmo outro jeito. Se o aluno perdesse um tempo e energia imensos tentando 
conhecer as várias dezenas de leis e medidas provisórias relativos aos tributos 
federais, além de continuar com uma chance muito grande de errar as questões 
específicas, deixaria de se preparar para as outras matérias. Em resumo, tentar 
conhecer a legislação específica dos tributos federais quase certamente 
acarretaria a reprovação do aluno no concurso. 
Bem, por todos os motivos que acabei de apontar, nós veremos somente as linhas 
básicas acerca dos impostos da União, conforme a Constituição e o CTN. Depois 
disso, apresentarei algumas das questões específicas que apareceram nos 
concursos AFRF 2002, fazendo alguns comentários. 
Repito, pelo que eu tenho acompanhado das provas da ESAF (e eu acompanho 
todas), o Direito Tributário parece ter voltado a ser cobrado apenas com base na 
Constituição, no CTN e no STF. É claro que pode mudar de novo para pior, mas 
isso não altera nosso método de estudo, porque, como eu disse, não acho 
recomendável alguém tentar saber os milhares (milhares mesmo) de artigos das 
leis e medidas provisórias integrantes da legislação tributária federal específica. 
De todo modo, se alguém, apesar de tudo que eu falei, quiser tentar conhecer 
alguma coisa da legislação, minha opinião é que a melhor forma é ir direto aos 
regulamentos dos tributos. Os regulamentos estão disponíveis no site da Receita 
Federal na internet – www.receita.fazenda.gov.br. Na parte superior do site, clique 
em “Legislação”, depois em “Por ato legal”, depois em “Regulamentos”. Ali estão 
todos os regulamentos dos impostos federais. Para quem for ler algum 
regulamento eu não recomendo o do PIS/COFINS, porque está muito 
desatualizado. Os outros podem ser usados com razoável segurança. Mas, vale 
repetir: considero uma tarefa pouco proveitosa e mesmo contraproducente, 
prejudicial à preparação global do candidato. 
Os impostos de competência da União estão enumerados no art. 153 da 
Constituição. Além deles, a União pode, com base na chamada competência 
residual, prevista no art. 154, I, da Constituição, instituir outros impostos, não 
discriminados, desde que atenda às exigências estabelecidas nesse artigo, que 
estudaremos mais tarde. Pode, ainda, conforme o art. 154, II, utilizando a 
denominada competência extraordinária, instituir impostos de guerra, que também 
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não têm bases econômicas de incidência discriminadas. Vejamos os traços 
básicos dos impostos federais discriminados. 
 
1) Imposto de Importação (CF, art. 153, I) 
A Constituição não fala praticamente nada sobre o II. As únicas normas 
constitucionais sobre ele são as que determinam ser o II exceção à anterioridade e 
à noventena (art. 150, § 1º) e a que possibilita ao Poder Executivo, nos termos e 
limites da lei, alterar suas alíquotas. 
O CTN trata do II nos arts. 19 a 22. São os seguintes os elementos da hipótese de 
incidência. 
a) fato gerador: 
Entrada de mercadoria estrangeira no território nacional 
b) base de cálculo: 
Para falar na base de cálculo, é necessário, antes, que vocês saibam o que 
significa alíquota específica e alíquota “ad valorem”. 
A chamada alíquota específica é, na verdade, um valor em moeda, que é 
multiplicado por uma unidade de medida, determinando o total de tributo a pagar. 
Por exemplo, R$1,20 por maço de cigarros com vinte unidades cada, ou R$0,75 
por garrafa de cerveja de 600ml, ou R$50,00 por tonelada de soja. Se alguém 
importa 10.000 maços de cigarro, pagará R$11.200,00 de imposto, e assim por 
diante. Vejam que no caso da alíquota específica a base de cálculo não é um valor 
em dinheiro, mas sim uma unidade de medida. 
A alíquota “ad valorem” é um percentual que, aplicado sobre uma base de cálculo 
determinada em moeda (hoje em dia, em Reais), dá o total de imposto a pagar. É 
o mais comum, a espécie de alíquotas a que estamos acostumados. Assim, se 
temos alíquota de 10% de IPI sobre o valor do produto e o valor do produto é de 
R$500,00, o IPI a pagar é R$50,00. Vejam que a base de cálculo é expressa em 
moeda. 
Pois bem, o CTN estabelece como base de cálculo do II (art. 20): 
“I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei 
tributária; 
II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu 
similar, alcançaria, ao tempo da importação, em uma venda em condições de 
livre concorrência, para entrega no porto ou lugar de entrada do produto no 
País; 
III - quando se trate de produto apreendido ou abandonado, levado a leilão, o 
preço da arrematação.” 
Pode ser útil saber que a base de cálculo, prevista no Regulamento Aduaneiro 
(RA) - Decreto nº 4.543/2002, é diferente. Está no art. 75 do RA, abaixo 
transcrito: 
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“Art. 75. A base de cálculo do imposto é (Decreto-lei no 37, de 1966, art. 2o, com a 
redação dada pelo Decreto-lei no 2.472, de 1o de setembro de 1988, art. 1o, e 
Acordo sobre a Implementação do Artigo VII do Acordo Geral sobre Tarifas e 
Comércio - GATT 1994 - Acordo de Valoração Aduaneira, Artigo 1, aprovado pelo 
Decreto Legislativo no 30, de 15 de dezembro de 1994, e promulgado pelo Decreto 
no 1.355, de 30 de dezembro de 1994): 
I - quando a alíquota for ad valorem, o valor aduaneiro apurado segundo as 
normas do Artigo VII do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio - GATT 1994; e 
II - quando a alíquota for específica, a quantidade de mercadoria expressa na 
unidade de medida estabelecida.” 
c) contribuinte: 
Pelo CTN, art. 22, é contribuinte: 
“I - o importador ou quem a lei a ele equiparar; 
II - o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados.” 
Pelo RA, art. 103: 
“Art. 103. É contribuinte do imposto (Decreto-lei no 37, de 1966, art. 31, com a 
redação dada pelo Decreto-lei no 2.472, de 1988, art. 1o): 
I - o importador, assim considerada qualquer pessoa que promova a entrada de 
mercadoria estrangeira no território aduaneiro; 
II - o destinatário de remessa postal internacional indicado pelo respectivo 
remetente; e 
III - o adquirente de mercadoria entrepostada.” 
 
2) Imposto de Exportação (CF, art. 153, II) 
A Constituição também não fala praticamente nada sobre o IE. Exatamente como 
ocorre com o II, as únicas normas constitucionais sobre o IE são as que 
determinam ser ele exceção à anterioridade e à noventena (art. 150, § 1º) e a que 
possibilita ao Poder Executivo, nos termos e limites da lei, alterar suas alíquotas. 
O CTN trata do IE nos arts. 23 a 28. São os seguintes os elementos da hipótese 
de incidência. 
a) fato gerador: 
Saída de produtos nacionais ou nacionalizados do território nacional para o 
estrangeiro (CTN, art. 23). 
b) base de cálculo: 
Segundo o CTN, art. 24: 
“Art. 24. A base de cálculo do imposto é: 
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I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei 
tributária; 
II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu 
similar, alcançaria, ao tempo da exportação, em uma venda em condições de 
livre concorrência. 
Parágrafo único. Para os efeitos do inciso II, considera-se a entrega como 
efetuada no porto ou lugar da saída do produto, deduzidos os tributos 
diretamente incidentes sobre a operação de exportação e, nas vendas 
efetuadas a prazo superior aos correntes no mercado internacional o custo do 
financiamento.” 
No RA, a base de cálculo do IE está no art. 214, nestes termos: 
“Art. 214. A base de cálculo do imposto é o preço normal que a mercadoria, ou 
sua similar, alcançaria, ao tempo da exportação, em uma venda em condições de 
livre concorrência no mercado internacional, observadas as normas expedidas 
pela Câmara de Comércio Exterior (Decreto-lei no 1.578, de 1977, art. 2o, com a 
redação dada pela Medida Provisória no 2.158-35, de 2001, art. 51). 
§ 1o Quando o preço da mercadoria for de difícil apuração ou for suscetível de 
oscilações bruscas no mercado internacional, a Câmara de Comércio Exterior 
fixará critérios específicos ou estabelecerá pauta de valor mínimo, para apuração 
da base de cálculo (Decreto-lei no 1.578, de 1977, art. 2o, § 2o, com a redação 
dada pela Medida Provisória no 2.158-35, de 2001, art. 51). 
§ 2o Para efeito de determinação da base de cálculo do imposto, o preço de venda 
das mercadorias exportadas não poderá ser inferior ao seu custo de aquisição ou 
de produção, acrescido dos impostos e das contribuições incidentes e da margem 
de lucro de quinze por cento sobre a soma dos custos, mais impostos e 
contribuições (Decreto-lei no 1.578, de 1977, art. 2o, § 3o, com a redação dada 
pela Lei no 9.716, de 1998, art. 1o).” 
c) contribuinte: 
É o exportador ou quem a lei a ele equiparar (CTN, art. 27). 
Pelo RA, temos, no art. 217, o seguinte: 
“Art. 217. É contribuinte do imposto o exportador, assim considerada qualquer 
pessoa que promova a saída de mercadoria do território aduaneiro (Decreto-lei no 
1.578, de 1977, art. 5o).” 
 
3) Imposto sobre a Renda (CF, art. 153, III) 
O imposto de renda é o imposto que possui a legislação mais extensa e complexa. 
Além disso, embora seja um só imposto, com base constitucional única no art. 
153, inciso III, as regras relativas ao imposto de renda das pessoas físicas (IRPF) 
são muitíssimo diferentes das relativas ao imposto de renda das pessoas jurídicas 
(IRPJ). Para complicar, ainda existe uma quantidade enorme de regras próprias 
aplicáveis ao imposto de renda retido na fonte (IRRF). Sinceramente, considero 
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totalmente impossível estudar o IR, para concursos, pelo regulamento. Apesar 
disso, para quem desejar conhecê-lo por alto, Regulamento do IR (RIR) - Decreto 
nº 3.000/1999, com seus 1004 artigos, está disponível na página da SRF. 
Vejamos o que a Constituição e o CTN estabelecem sobre o IR. 
Normas constitucionais relativas ao IR. 
1) progressividade obrigatória 
O IR deve ter alíquotas progressivas, isto é, quanto maior a base de cálculo 
maiores devem ser as alíquotas. O fundamento dessa exigência é o princípio da 
capacidade contributiva.2) generalidade e universalidade 
São dois critérios de observância obrigatória. Não existe consenso sobre a 
diferença ente um e outro. De qualquer forma, se isso aparecer em algum 
concurso, minha opinião é que é majoritária a identificação da generalidade com a 
incidência sobre todas as pessoas e da universalidade com a incidência sobre 
todas as rendas e proventos. O certo mesmo é que dizer que o IR deve observar 
obrigatoriamente os critérios da generalidade e da universalidade significa que 
todas as pessoas e rendas (e proventos) estão a ele sujeitas. O fundamento é o 
princípio da isonomia. 
3) exceção à noventena 
O IR está sujeito à anterioridade do exercício financeiro, mas é exceção à 
noventena, conforme determina o art. 150, § 1º, da Constituição. 
Vejamos os dispositivos do CTN sobre o IR. 
a) fato gerador (CTN, art. 43): 
A aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: 
I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação 
de ambos; 
II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos 
patrimoniais não compreendidos no item anterior. 
A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, 
da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma 
de percepção (CTN, art. 43, § 1º - incluído pela LC 104/2001). 
Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei estabelecerá 
as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para fins de 
incidência do imposto. (CTN, art. 43, § 2º - incluído pela LC 104/2001). 
b) base de cálculo: 
A base de cálculo do imposto é o montante, real, arbitrado ou presumido, da renda 
ou dos proventos tributáveis (CTN, art. 44) 
c) contribuinte: 
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O art. 45 do CTN é o mais abrangente possível, ao estabelecer que o 
contribuinte do IR é qualquer pessoa, desde que tenha a disponibilidade de 
renda ou provento. Transcrevo o artigo: 
“Art. 45. Contribuinte do imposto é o titular da disponibilidade a que se refere o 
artigo 43, sem prejuízo de atribuir a lei essa condição ao possuidor, a qualquer 
título, dos bens produtores de renda ou dos proventos tributáveis. 
Parágrafo único. A lei pode atribuir à fonte pagadora da renda ou dos 
proventos tributáveis a condição de responsável pelo imposto cuja retenção e 
recolhimento lhe caibam.” 
 
4) Imposto sobre Produtos Industrializados (CF, art. 153, IV) 
A Constituição tem algumas regras acerca do IPI que são importantes para 
concurso, especialmente a que foi introduzida pela EC 42/2003 que veremos em 
seguida. São elas: 
1) O IPI é exceção à legalidade, quanto à alteração de alíquotas, nos termos da lei 
(art. 153, § 1º) 
2) É exceção à anterioridade do exercício financeiro, mas não à noventena (art. 
150, § 1º) 
3) É obrigatória a observância do critério da seletividade. 
Isso significa que as alíquotas do IPI devem ser menores para os produtos 
essenciais e mais elevadas para os supérfluos e luxuosos. 
4) É também obrigatória a não-cumulatividade. 
Um tributo ser não-cumulativo significa que o que for devido em cada operação 
pode ser compensado com o montante cobrado nas anteriores. O CTN define a 
não-cumulatividade do IPI assim: 
“Art. 49. O imposto é não-cumulativo, dispondo a lei de forma que o montante 
devido resulte da diferença a maior, em determinado período, entre o imposto 
referente aos produtos saídos do estabelecimento e o pago relativamente aos 
produtos nele entrados.” 
Portanto, a “compensação” entre o IPI devido na saída e o cobrado nas 
operações anteriores, a que se refere a Constituição, é efetivada pelo chamado 
“sistema de créditos e débitos”, ou, simplesmente, “sistema de créditos”. O 
contribuinte credita-se em seus livros fiscais do valor do imposto incidente em 
suas operações de entrada (compras) e debita-se do incidente sobre as 
operações de saída. Se os débitos, ao término de um período de apuração, 
forem maiores do que os créditos, recolhe-se o imposto pela diferença. Se 
ocorrer o contrário, não há imposto a pagar no período, e os créditos são 
transferidos para o período de apuração seguinte. 
Observem que a nomenclatura jurídica é diferente da usada na Contabilidade. 
Quando falamos, no Direito Tributário, em crédito de IPI, estamos falando em 
um valor de tributo em favor do contribuinte, um valor relativamente ao qual ele 
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é credor, e não em lançamento contábil a crédito em uma conta. Pelo contrário, 
contabilmente os valores a serem recuperados a título de IPI cobrado nas 
operações anteriores (de compra de insumos) são lançados no ativo da 
empresa, como direitos. Portanto, pela Contabilidade, são lançados a débito na 
conta “IPI a recuperar” ou “IPI conta corrente”. É fundamental evitar confusão 
entre a terminologia contábil e a jurídica. 
É, também, importante diferenciar a “compensação”, a que se refere o texto 
constitucional ao definir a técnica da não-cumulatividade, da compensação 
modalidade de extinção do crédito tributário arrolada no art. 156, inciso II, do 
CTN e disciplinada no seu art. 170. Cuidaremos dessa compensação mais 
tarde, ao estudarmos “extinção do crédito tributário”. A palavra “compensação” 
usada na Constituição para referir-se à não-cumulatividade do IPI tem apenas 
o sentido de “dedução” (algo como “deduz-se do IPI devido em uma operação 
o IPI cobrado nas operações anteriores”), e não de forma de extinção do 
crédito tributário. 
5) Imunidades: 
São imunes ao IPI as exportações de produtos industrializados (art. 153, § 3º, 
inciso III). 
Também são imunes (não são imunidades específicas do IPI): 
a) livros, jornais, periódicos e papel destinado a sua impressão (art. 150, inciso 
VI); 
b) ouro, definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial (art. 153, § 
5º); 
c) energia elétrica, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País (art. 
155, §3º). 
6) “Terá reduzido seu impacto sobre a aquisição de bens de capital pelo 
contribuinte do imposto, na forma da lei” (CF, art. 153, § 3º, IV). Não é regra de 
imunidade. Prestem especial atenção a essa regra, pelo único motivo de que ela 
foi acrescentada pela EC 42/2003 e, portanto, tem chances maiores de aparecer 
em uma questão de concurso. 
Quanto aos elementos da hipótese de incidência do IPI, tomando como base, 
essencialmente, o CTN, temos: 
a) fato gerador: 
Está previsto no art. 46 do CTN, transcrito abaixo: 
“Art. 46. O imposto, de competência da União, sobre produtos industrializados 
tem como fato gerador: 
I - o seu desembaraço aduaneiro, quando de procedência estrangeira; 
II - a sua saída dos estabelecimentos a que se refere o parágrafo único do 
artigo 51; 
III - a sua arrematação, quando apreendido ou abandonado e levado a leilão. 
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Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se industrializado o 
produto que tenha sido submetido a qualquer operação que lhe modifique a 
natureza ou a finalidade, ou o aperfeiçoe para o consumo.” 
A lei ordinária instituidora do IPI (Lei nº 4502/1964) só considera fato gerador 
do IPI as duas primeiras hipóteses. Isso está no Regulamento do IPI (RIPI) - 
Decreto nº 4.544/2002, no art. 34: 
“Art. 34. Fato gerador do imposto é (Lei nº 4.502, de 1964, art. 2º): 
I - o desembaraço aduaneiro de produto de procedência estrangeira; ou 
II - a saída de produto do estabelecimento industrial, ou equiparado a industrial.” 
Do Regulamento do IPI (RIPI) - Decreto nº 4.544/2002, pode ser útil, também, 
conhecer estes conceitos: 
“Art. 2º O imposto incide sobre produtos industrializados, nacionais e estrangeiros, 
obedecidas as especificações constantes da Tabelade Incidência do Imposto 
sobre Produtos Industrializados - TIPI (Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, 
art. 1º, e Decreto-lei nº 34, de 18 de novembro de 1966, art. 1º). 
Parágrafo único. O campo de incidência do imposto abrange todos os produtos 
com alíquota, ainda que zero, relacionados na TIPI, observadas as disposições 
contidas nas respectivas notas complementares, excluídos aqueles a que 
corresponde a notação "NT" (não-tributado) (Lei nº 10.451,de 10 de maio de 2002, 
art. 6º). 
Art. 3º Produto industrializado é o resultante de qualquer operação definida neste 
Regulamento como industrialização, mesmo incompleta, parcial ou intermediária. 
Art. 4º Caracteriza industrialização qualquer operação que modifique a natureza, o 
funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, ou o 
aperfeiçoe para consumo, tal como (Lei nº 4.502, de 1964, art. 3º, parágrafo único, 
e Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, art. 46, parágrafo único): 
I - a que, exercida sobre matérias-primas ou produtos intermediários, importe na 
obtenção de espécie nova (transformação); 
II - a que importe em modificar, aperfeiçoar ou, de qualquer forma, alterar o 
funcionamento, a utilização, o acabamento ou a aparência do produto 
(beneficiamento); 
III - a que consista na reunião de produtos, peças ou partes e de que resulte um 
novo produto ou unidade autônoma, ainda que sob a mesma classificação fiscal 
(montagem); 
IV - a que importe em alterar a apresentação do produto, pela colocação da 
embalagem, ainda que em substituição da original, salvo quando a embalagem 
colocada se destine apenas ao transporte da mercadoria (acondicionamento ou 
reacondicionamento); ou 
V - a que, exercida sobre produto usado ou parte remanescente de produto 
deteriorado ou inutilizado, renove ou restaure o produto para utilização (renovação 
ou recondicionamento). 
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Parágrafo único. São irrelevantes, para caracterizar a operação como 
industrialização, o processo utilizado para obtenção do produto e a localização e 
condições das instalações ou equipamentos empregados.” 
b) base de cálculo (CTN, art. 47): 
No desembaraço: valor aduaneiro + valor do II + taxas e encargos cambiais 
Na saída de produto industrializado do estabelecimento industrial ou equiparado a 
industrial: o valor da operação. 
Na arrematação em leilão: o preço de arrematação. 
c) contribuinte (CTN, art. 51): 
Conforme o fato gerador, é o importador, o estabelecimento industrial ou 
equiparado a industrial e o arrematante. 
É interessante observar que para o IPI vigora o denominado “princípio da 
autonomia dos estabelecimentos”. Assim, para esse imposto, cada 
estabelecimento, embora não tenha personalidade jurídica própria, é considerado 
“contribuinte autônomo”, expressão textualmente usada pelo CTN no parágrafo 
único do art. 51. 
 
5) Imposto sobre Operações Financeiras (CF, art. 153, V) 
A Constituição tem muito poucas regras relativa ao IOF. Exatamente como ocorre 
com o II e o IE, o IOF é exceção ao princípio da anterioridade do exercício 
financeiro e à noventena (art. 150, § 1º). Também é facultado ao Poder Executivo, 
nos termos e limites da lei, alterar suas alíquotas (art. 153, § 1º). 
Além disso, o § 5º do art. 150 da Constituição traz uma regra específica para o 
IOF sobre o ouro, ativo financeiro ou instrumento cambial, que é a seguinte: 
“§5º O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial, 
sujeita-se exclusivamente à incidência do imposto de que trata o inciso V do 
"caput" deste artigo, devido na operação de origem; a alíquota mínima será de um 
por cento, assegurada a transferência do montante da arrecadação nos seguintes 
termos: 
I - trinta por cento para o Estado, o Distrito Federal ou o Território, conforme 
a origem; 
II - setenta por cento para o Município de origem.” 
Já vimos que essa é uma regra de imunidade que afasta a incidência dos demais 
tributos, exceto da CPMF, por força do disposto no art. 74, § 2º, do ADCT. 
A Lei básica do IOF é a Lei nº 8.894/1994. O Regulamento do IOF é o Decreto nº 
4.494/2002. Vejamos, em linhas gerais, os elementos da hipótese de incidência do 
IOF, tomando por base, essencialmente, o CTN. 
a) fato gerador (CTN, art. 63): 
Operações de crédito, câmbio, seguro e com títulos ou valores mobiliários. 
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b) base de cálculo: 
É o valor das operações financeiras correspondentes (CTN, art. 64). 
c) contribuintes: 
Segundo o CTN, é contribuinte qualquer das partes na operação tributada, como 
dispuser a lei (CTN, art. 66). 
 
6) Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (CF, art. 153, VI) 
O ITR possui algumas regras constitucionais que, em minha opinião, são bastante 
importantes para concurso, principalmente pelo fato de terem sido 
substancialmente modificadas com a EC 42/2003. 
São as seguintes as normas constitucionais relativas ao ITR. 
1) “será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a 
manutenção de propriedades improdutivas” (art. 153, § 4º, I). 
Antes da EC 42/2003, o texto constitucional não falava explicitamente que o ITR 
teria que ser progressivo. Apenas falava que deveria ter “suas alíquotas fixadas de 
forma a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas”. 
2) São imunes ao ITR as “pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as 
explore o proprietário que não possua outro imóvel” (art. 153, § 4º, II). 
Antes da “reforma tributária”, era expressamente exigido que o proprietário 
explorasse a propriedade “só ou com sua família”. Hoje em dia, mesmo que ele 
tenha empregados permanentes, o imóvel não perderá a imunidade. Segundo 
entendimento da Receita Federal, se o imóvel for explorado por arrendamento ou 
parceria ocorre a perda da imunidade. Como estudioso do Direito Tributário e do 
Constitucional eu discordo desse entendimento (as opiniões que eu manifesto são 
sempre privadas, puramente teóricas e acadêmicas; nunca emito opiniões em 
textos particulares ou aulas na qualidade de servidor público). Mas é ele que deve 
ser adotado, pelo menos, em questões da ESAF. 
3) “será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem, na forma da 
lei, desde que não implique redução do imposto ou qualquer outra forma de 
renúncia fiscal” (art. 153, § 4º, III) 
Essa é uma novidade que tem muita chance de ser cobrada nos próximos 
concursos. Durante a tramitação da “reforma tributária”, cogitou-se muitas vezes 
de passar a competência tributária relativa ao ITR para os municípios. Não foi isso 
que acabou acontecendo. A competência para instituição do ITR permanece 
com a União. O que a EC 42/2003 trouxe foi essa hipótese inusitada de os 
municípios, por opção sua, sem que a União possa a isso se opor, assumirem a 
administração do ITR, mais precisamente, a fiscalização e cobrança do imposto. 
Essa faculdade conferida aos municípios depende de regulamentação em lei, o 
que ainda não aconteceu. 
Além disso, está previsto, no art. 158, inciso II, da Constituição, também 
modificado pela EC 42/2003, que os municípios que fizerem a opção de fiscalizar 
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e arrecadar o ITR ficarão com 100% do produto da arrecadação do imposto 
relativo a imóveis localizados em seus territórios. 
A lei básica do ITR é a Lei 9.393/1996. O Regulamento do ITR (RITR) é o Decreto 
nº 4.382/2002. Vejamos as linhas gerais da hipótese de incidência, conforme o 
CTN. 
a) fato gerador (CTN, art. 29): 
Propriedade, domínio útil ou posse de imóvel rural. 
O critério para definir se um imóvel é rural ou urbano é o da localização e não leva 
em conta a utilização do imóvel. Assim, é imóvel urbano todo aquele localizadona 
zona urbana do município. Quem define a zona urbana é a lei do município. 
Entretanto, o legislador municipal deve observar o disposto no art. 32 do CTN. 
Esse artigo, embora trate do IPTU, estabelece as exigências para que uma área 
possa ser considerada zona urbana. Transcrevo o art. 32 do CTN: 
“Art. 32. O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade 
predial e territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil 
ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido 
na lei civil, localizado na zona urbana do Município. 
§ 1º Para os efeitos deste imposto, entende-se como zona urbana a definida 
em lei municipal; observado o requisito mínimo da existência de 
melhoramentos indicados em pelo menos 2 (dois) dos incisos seguintes, 
construídos ou mantidos pelo Poder Público: 
I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais; 
II - abastecimento de água; 
III - sistema de esgotos sanitários; 
IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição 
domiciliar; 
V - escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) 
quilômetros do imóvel considerado. 
§ 2º A lei municipal pode considerar urbanas as áreas urbanizáveis, ou de 
expansão urbana, constantes de loteamentos aprovados pelos órgãos 
competentes, destinados à habitação, à indústria ou ao comércio, mesmo que 
localizados fora das zonas definidas nos termos do parágrafo anterior.” 
Portanto, o imóvel que não estiver em zona considerada urbana está sujeito ao 
ITR. Os demais estão sujeitos ao IPTU. 
b) Base de cálculo (CTN, art. 30) 
É o valor fundiário. A lei ordinária não usa essa expressão, mas sim “valor da terra 
nua”. São sinônimos. O valor da terra nua é basicamente o valor de mercado do 
imóvel, depois de subtraído o valor de tudo o que o proprietário acrescentou: o 
valor das construções, instalações e benfeitorias, das culturas permanentes e 
temporárias, das pastagens cultivadas e melhoradas e das florestas plantadas. 
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c) contribuinte (CTN, art. 30) 
É o proprietário, o enfiteuta, ou o possuidor a qualquer título. 
 
7) Imposto sobre Grandes Fortunas (CF, art. 153, VII) 
Diz a Constituição que “compete à União instituir impostos sobre grandes fortunas, 
nos termos de lei complementar”. 
Há quem defenda a tese de que a lei complementar deve só estabelecer as linhas 
gerais acerca dos elementos a serem observados pelo legislador na hora da 
instituição do imposto. Outros autores entendem que a instituição e toda a 
disciplina do imposto deve ser feita por lei complementar. 
Minha opinião é que devemos adotar a segunda linha para concursos. Eu sou 
partidário da necessidade de lei complementar para toda disciplina do imposto. 
Explico. Se fosse exigida uma lei complementar só para traçar o delineamento 
geral do imposto, não seria necessário o inciso VII do art. 153 falar em lei 
complementar. Bastaria a previsão existente no inciso III, alínea “a”, do art. 146 da 
Constituição, que diz que “cabe à lei complementar estabelecer normas gerais em 
matéria de legislação tributária, especialmente sobre definição de tributos e de 
suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta 
Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes”. 
Ora, como existe uma regra geral de hermenêutica (ciência da interpretação) que 
diz que a lei não tem palavras inúteis, o que inclui a Constituição, e como “traçar 
as linhas gerais do IGF” mediante lei complementar já é exigido no art. 146, III, “a”, 
acho mais razoável entender que o art. 153, inciso VII, exige lei complementar 
para a instituição e disciplina de tudo que diga respeito ao IGF. 
Bom, pessoal, o que eu tenho condições de passar a vocês sobre o estudo dos 
impostos federais discriminados é isso. Creio, sinceramente, que sabendo o que 
vimos aqui (pelo menos é possível saber bem os pontos que abordei), vocês têm 
condições de acertar todas as questões que têm aparecido nos últimos concursos 
da ESAF e em todo os do CESPE. Ademais, como eu disse e repito, se a questão 
pretendesse que vocês soubessem o § 7º do art. 39 da MP nº 2.158-35/2001 (é 
brincadeira, nem sei se esse dispositivo existe), nem vocês teriam como saber, 
nem ninguém; isso torna questões desse tipo irrelevantes para sua aprovação. 
 
PONTOS RELEVANTES SOBRE ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS 
1) As taxas são tributos vinculados, porque seu fato gerador é sempre uma 
atividade estatal específica relativa ao contribuinte. 
2) Há duas espécies de taxas: (1) taxas de polícia, cujo fato gerador é o exercício 
regular do poder de polícia; e (2) taxas de serviço, que têm como fato gerador a 
prestação de serviço público específico e divisível, cuja utilização pelo contribuinte 
pode ser efetiva ou potencial. 
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3) Poder de polícia são as atividades de fiscalização em geral, e “exercício 
regular” significa conforme a lei, não arbitrário, não abusivo. 
4) A taxa de polícia só pode ser cobrada pelo exercício efetivo da atividade de 
polícia. Não é admitida a cobrança de taxa de polícia por utilização ou prestação 
potencial do poder de polícia. 
5) Serviço público específico e divisível é aquele prestado para usuários 
individualizáveis e que podem utilizá-lo separadamente. Serviço público geral e 
indivisível é aquele prestado para a coletividade como um todo, não sendo 
possível separar a utilização de cada um, nem estimar o quanto cada um utiliza. 
6) A utilização potencial de serviço público, que possibilita a cobrança de taxa, 
existe quando o serviço é de utilização compulsória e está à disposição do usuário 
mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento. 
7) As taxas não podem ter base de cálculo própria de impostos, isto é, a base de 
cálculo deve ter alguma relação com o custo do serviço prestado ao contribuinte 
ou posto à sua disposição (a base de cálculo das taxas não pode ser o valor de 
uma atividade econômica exercida pelo contribuinte, ou o valor de um bem 
integrante do patrimônio do contribuinte). 
8) Todas as diferenças entre taxas e preços públicos decorrem do fato de que 
taxas têm natureza tributária e preços públicos têm natureza contratual. 
9) Não existe definição segura sobre a natureza jurídica do pedágio. Entretanto, 
em diversos julgados, o STF refere-se aos pedágios como tributos da espécie 
taxa. 
10) Contribuição de melhoria é um tributo sempre vinculado, cujo fato gerador é a 
realização de uma obra pública da qual decorra valorização imobiliária. 
11) O CTN estabelece como limites à cobrança da contribuição de melhoria: (1) 
limite individual, correspondente ao acréscimo de valor que da obra resultar para 
cada imóvel beneficiado; e (2) limite total, correspondente à despesa realizada. 
Em cada caso, o limite que prevalecerá será o primeiro a ser atingido. 
12) O STF já decidiu que a valorização imobiliária integra obrigatoriamente a 
hipótese de incidência da contribuição de melhoria, mesmo não estando isso 
expresso na Constituição. De todo modo, o CTN e o DL nº 195/1967 
expressamente referem-se à valorização imobiliária como elemento integrante da 
hipótese de incidência das contribuições de melhoria. 
13) A contribuição de melhoria tem como fundamento a vedação ao 
enriquecimento sem causa, pois visa a anular o acréscimo patrimonial que não 
teve como origem trabalho ou capital do beneficiado. 
14) Os impostos são tributos sempre e obrigatoriamente não-vinculados. Segundo 
o CTN, “imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação 
independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte”. 
15) Os impostos, além de terem o fato gerador sempre não-vinculado, têm, como 
regra geral,vedada a vinculação de sua arrecadação a despesas específicas. 
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Abaixo, selecionei algumas questões de concursos que tratam de assuntos desta 
aula e de alguns outros que já estudamos. Alguns dos itens de algumas das 
questões já foram comentados em pontos específicos desta e de outras aulas, 
mas fixação nunca é demais. Selecionei, também, e comentei brevemente, as 
principais questões específicas sobre impostos que constaram dos concursos 
AFRF de 2002. 
 
1– (ESAF/PFN/1998) 
( ) Segundo o Código Tributário Nacional, são tributos os impostos, as taxas e 
a contribuição de melhoria. 
( ) Os impostos são chamados de ‘tributos não vinculados’ porque sua 
cobrança independe de uma atividade estatal específica em relação ao 
contribuinte. 
( ) A Constituição de 1988 não estabelece que o limite total da contribuição de 
melhoria seja o valor da despesa realizada pela obra pública que lhe deu 
causa. 
Marque com um V a afirmação (ou negação) verdadeira, e com F a falsa. Em 
seguida, escolha, entre as cinco opções abaixo, aquela que contem a seqüência 
correta. 
a) V, V, V 
b) V, V, F 
c) V, F, F 
d) F, F, F 
e) F, V, V 
 
2– (ESAF/TRF/2000) 
• A prestação de serviço militar é compulsória e não constitui sanção a ato 
ilícito, porém não tem a natureza de tributo porque não é prestação 
pecuniária. 
• Os impostos, as taxas e as contribuições de melhoria são espécies de 
tributos. 
• Cabe à lei ordinária regular as limitações constitucionais ao poder de 
tributar. 
a) As três assertivas são verdadeiras. 
b) É falsa apenas a última assertiva. 
c) É falsa apenas a primeira assertiva. 
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d) São verdadeiras apenas a primeira e a última assertivas. 
e) É verdadeira apenas a última assertiva. 
 
3 – (ESAF/Agente Tributário Estadual de MS/2001) Em matéria tributária, é 
correto afirmar-se que: 
a) Somente a União pode instituir impostos com fundamento no exercício regular 
do poder de polícia. 
b) Os Estados e o DF têm competência para instituir empréstimo compulsório. 
c) A contribuição de melhoria é devida em função da prestação de serviços 
públicos divisíveis. 
d) As taxas têm que ter bases de cálculo diferentes das dos impostos. 
e) As contribuições sociais decorrem da realização de obras públicas que 
promovam uma valorização imobiliária privada. 
 
4 – (ESAF/AFRF/2003) Indique a opção que preenche corretamente as lacunas, 
consideradas as pertinentes disposições do Código Tributário Nacional. 
– Para efeito de fato gerador e cobrança de taxa, considera-se regular o exercício 
do poder de polícia quando desempenhado _________________ nos limites da lei 
aplicável, com observância ________________ e, tratando-se de atividade que a 
lei tenha como _____________________, sem abuso ou desvio de poder. 
a) pelo Poder Público / das disposições regulamentares aplicáveis / contrária aos 
bons costumes 
b) por órgão de segurança pública / das normas administrativas aplicáveis / 
perigosa 
c) pelo órgão competente / de procedimentos administrativos / vinculada 
d) somente por órgão de segurança pública / do devido processo legal / atentatória 
a direitos fundamentais 
e) pelo órgão competente / do processo legal / discricionária 
 
5 – (ESAF/Analista Comércio Exterior/2002) Denomina-se preço público: 
a) a prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa 
exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada 
mediante atividade administrativa plenamente vinculada. 
b) a prestação pecuniária exigida pelo Poder Público, decorrente de tributo cuja 
obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade 
estatal específica, relativa ao contribuinte. 
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c) a prestação pecuniária decorrente de tributo instituído para fazer face ao custo 
de obras públicas de que resulte valorização imobiliária. 
d) a obrigação do sujeito passivo, que surge com a ocorrência do fato gerador e 
tem por objeto o pagamento de tributo. 
e) a prestação pecuniária, decorrente da livre manifestação do comprador, exigida 
pelo Estado, por órgão estatal, ou por entidade ligada ao Poder Público, pela 
venda de um bem material ou imaterial. 
 
6 – (ESAF/AFRF/2002-2) 
[1] O Município de Campinas instituiu a taxa de serviços urbanos, cuja base de 
cálculo repousa nos elementos localização, área e dimensões do imóvel. Essa 
taxa é constitucional? 
[2] O texto constitucional (art. 145, III) deixou de se referir expressamente à 
valorização imobiliária, ao cogitar de contribuição de melhoria. Com isso, o 
acréscimo do valor do imóvel localizado nas áreas beneficiadas direta ou 
indiretamente por obras públicas ainda figura como fato gerador da contribuição? 
[3] O imposto sobre operações financeiras está sujeito ao princípio da 
anterioridade? 
a) Não, não, não 
b) Não, sim, não 
c) Sim, não, não 
d) Sim, sim, não 
e) Sim, sim, sim 
 
7 – (ESAF/AFRF/2002-2) Assinale a resposta correta. 
(i) O imposto sobre produtos industrializados (IPI) incide sobre produtos 
industrializados estrangeiros? 
(ii) O campo de incidência do IPI abrange os produtos com alíquota zero? 
a) (i) Sim, porque para efeito de IPI não há distinção em relação à procedência 
dos bens. (ii) Não, porque alíquota zero equivale à ausência de alíquota. 
b) (i) Sim, porque se o produto é industrializado esse imposto substitui o de 
importação. (ii) Sim, porque alíquota zero não impede que o produto siga o regime 
geral do imposto. 
c) (i) Sim. A lei assim o diz. (ii) Sim, porque a lei determina que seu campo de 
incidência abrange todos os produtos com alíquota. 
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d) (i) Não, porque haveria bis in idem, já que sobre eles incide o imposto de 
importação. (ii) Sim, porque o campo de incidência desse imposto abrange todos 
os produtos industrializados. 
e) (i) Não, porque o IPI não é um tributo aduaneiro. (ii) Não, porque o campo de 
incidência advém da Constituição e esta não previu a hipótese. 
Gabarito: letra “c”. 
Um dos fatos geradores do IPI é o desembaraço aduaneiro de produto de 
procedência estrangeira. Portanto, a resposta à primeira pergunta é sim, o IPI 
incide sobre produto de procedência estrangeira por expressa previsão legal. 
A resposta à segunda pergunta está no parágrafo único do art. 2º do RIPI: 
”Art. 2º O imposto incide sobre produtos industrializados, nacionais e estrangeiros, 
obedecidas as especificações constantes da Tabela de Incidência do Imposto 
sobre Produtos Industrializados - TIPI (Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, 
art. 1º, e Decreto-lei nº 34, de 18 de novembro de 1966, art. 1º). 
Parágrafo único. O campo de incidência do imposto abrange todos os 
produtos com alíquota, ainda que zero, relacionados na TIPI, observadas as 
disposições contidas nas respectivas notas complementares, excluídos aqueles a 
que corresponde a notação "NT" (não-tributado) (Lei nº 10.451,de 10 de maio de 
2002, art. 6º). 
 
8 – (ESAF/AFRF/2002-2) Quanto ao imposto de exportação, avalie o acerto das 
afirmações adiante e marque com V as verdadeiras e com F as falsas; em 
seguida, marque a opção correta. 
( ) O imposto incide sobre mercadoria nacional ou nacionalizada destinada ao 
exterior. 
( ) Pelas regras vigentes, o imposto é excepcional, pois somente os produtos 
relacionados estão a ele sujeitos. 
( ) O preço, a vista, da mercadoria, FOB ou colocada na fronteira, é indicativo do 
preço normal, que é a base de cálculo do imposto. 
a) V, V, V 
b) V, V, F 
c) V, F, F 
d) F, F, F

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