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Bons estudos! DIREITO CIVIL TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES REVISANDO 1. CONCEITO - Obrigação é o vínculo jurídico transitório em virtude do qual uma pessoa fica sujeita a satisfazer uma prestação econômica em proveito do outro. Analisemos: a) vínculo jurídico: relação pessoal interessada ao Direito; b) transitório: com fim esperado, ou seja, término; c) prestação: objeto da obrigação, a conduta ou omissão humana em dar, fazer e não fazer; d) econômica: valor econômico/patrimonial sobre a coisa da relação pessoal. 2. ELEMENTOS DA OBRIGAÇÃO a) duplo sujeito: existência de dois sujeitos na relação pessoal, um sujeito ativo (credor) e outro passivo (devedor); b) vínculo jurídico: acontecimento que liga os sujeitos ao objeto da obrigação; c) objeto: o conteúdo da relação é o fato humano, uma conduta ou omissão do devedor, ou seja, a prestação (dar, fazer e não fazer). NOTA: Na obrigação de dar o objeto da prestação é uma coisa, mas o objeto da obrigação é de entregar a coisa; na obrigação de fazer o objeto da prestação é um serviço; e na obrigação de não fazer o objeto da prestação é uma omissão/abstenção. Como o objeto da obrigação é a prestação, mesmo na obrigação de dar o credor não tem poder sobre a coisa, mas sim sobre a prestação. 3. VALIDADE DA OBRIGAÇÃO - Para que o objeto da obrigação seja válido é necessário que seja lícito, possível, determinável e tenha valor patrimonial. Bons estudos! 4. FONTES DAS OBRIGAÇÕES - O Direito surge dos fatos, dos acontecimentos humanos em sociedade. As fontes do Direito são a lei, a jurisprudência, a doutrina e os costumes. - Quais são as fontes das obrigações patrimoniais? a) Contrato: principal fonte da obrigação, sendo o meio que se dá concretude na relação jurídica; b) Atos unilaterais: o exemplo da promessa de recompensa; c) Atos ilícitos: comportamentos humanos desprovidos de responsabilidade. OBS: Alguns autores elenca as fontes das obrigações em atos negociais, atos não- negociais e atos ilícitos. 5. ESPÉCIES DE OBRIGAÇÃO a) Obrigação de dar: conduta humana que tem por objeto uma coisa. Subdividem-se me obrigação de dar coisa certa, onde o devedor compromete entregar ao credor determinado bem móvel ou imóvel, perfeitamente individualizado; obrigação de restituir, também chamada de obrigação de devolver, pois a coisa pertence ao devedor ate a sua tradição; e obrigação de dar coisa incerta, onde a coisa é determinável pelo gênero e quantidade. b) Obrigação de fazer: conduta humana cujo objeto é um serviço. Divide-se em fungível, quando for possível a substituição do individuo que se comprometeu em realizar a obrigação; e infungível, quando não for possível a substituição do individuo em razão das qualidades pessoais que importa na realização da obrigação. c) Obrigação de não fazer: tipo de obrigação negativa cujo objeto é uma omissão ou abstenção (p.ex. revelar formula de um perfume). NOTA: A violação da obrigação negativa se resolve em perdas e danos, mas sendo viável/possível, o credor poderá exigir o desfazimento da obrigação pelo devedor (ver arts. 251 e 389). 6. CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES a) Obrigação natural: difere da obrigação civil, pois nesta cumpre os efeitos jurídicos. Já na obrigação natural, de caráter moral, a obrigação não pode ser exigida pelo credor. (Não se confunda obrigação natural (soluti retentio) com obrigação inexistente (repetitio indebiti)); b) Obrigação alternativa: tem por objeto duas ou mais prestações, mas apenas uma será cumprida como pagamento; Bons estudos! c) Obrigação facultativa: é aquela cujo objeto da prestação é único, mas confere ao devedor o direito excepcional de substituí-lo por outro; d) Obrigação divisível e indivisível: a primeira é aquela cujo prestação pode ser parcialmente cumprida sem prejuízo de sua qualidade e de seu valor. E a segunda é aquela em que a prestação só pode ser cumprida por inteiro; e) Obrigação solidária: há solidariedade quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito ou com responsabilidade pela divida toda, como se fosse o único (264). A solidariedade decorre de contrato ou da lei (265). f) Obrigação principal e acessória: principal é a obrigação autônoma, ou seja, tem vida própria, já a obrigação acessória depende da principal, agregando-se a ela. g) Obrigação cumulativa ou conjuntiva: caracteriza-se pela pluralidade de prestações (ex. troco uma casa por um carro e uma lancha). Não se trata de obrigação alternativa (carro OU lancha), mas obrigação cumulativa (carro E lancha). Na obrigação cumulativa todas nas prestações interessam ao credor, na alternativa apenas uma delas. Na cumulativa, muitas prestações estão na obrigação e muitas no pagamento. Já na alternativa, muitas prestações estão na obrigação e apenas uma no pagamento. h) Obrigação pura: obrigação simples, ou seja, toda aquela cuja eficácia não esta subordinada a qualquer das três modalidades dos negócios jurídicos: condição, termo (ou prazo) e o encargo (ou modo, ou ônus). Logo, obrigação simples é aquela que não for condicional, a termo ou modal. i) Obrigação real: corresponde ao vinculo jurídico que se origina da lei com características dos Direitos Reais e transmissão automática ao novo proprietário da coisa. Trata-se de uma obrigação propter rem (= em razão da coisa). Não decorre de um contrato, mas da propriedade sobre um bem. j) Obrigação líquida e ilíquida: obrigação liquida é aquela cuja existência é certa e cujo valor é conhecido. Se ilíquida a obrigação, não havendo acordo entre as partes, busca-se em juízo a sua liquidação. NOTA: Qualquer das três espécies de obrigação (dar, fazer e não fazer) pode ser divisível ou indivisível. A obrigação indivisível é impossível pagar por partes, pois resulta da natureza da prestação (p.ex. cavalo, diamante). Já a obrigação solidária até pode ser paga por partes, mas por força de contrato não pode, tratando-se de uma garantia para favorecer o credor. Bons estudos! 7. CLÁUSULA PENAL - A cláusula penal consiste na fixação de um valor determinado no contrato que, em consequência da inexecução culposa da obrigação (408), busca a reparação por perdas e danos. O CP é cláusula acessória a um contrato, não sendo obrigatória. Na ausência de clausula penal no contrato, verificado descumprimento da obrigação, ficará a critério do juiz determinar o valor da indenização. Favor ver o art. 409 do CC. OBS: Quando digo inexecução “culposa”, refiro-me à culpa em sentido amplo (lato sensu), que corresponde ao dolo (inexecução voluntária) e à culpa stricto sensu (em sentido restrito = imprudência e negligência). 8. EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES (formas) a) Pagamento: é a principal forma de extinção das obrigações. Pagamento é a morte natural da obrigação. Pagar é executar a obrigação, seja ela de dar uma coisa, de fazer um serviço ou de abster de alguma conduta (não fazer). Importante entender que o pagamento é voluntário e exato. b) Imputação de pagamento: é a operação pela qual o devedor de mais de uma divida vencida da mesma natureza a um só credor, indica qual das dívidas está pagando por ser tal pagamento inferior ao total das dívidas (352). Imputar o pagamento é determinar em qual dívida o pagamento está incidindo. c) Pagamento por consignação: consiste no depósito judicial da coisa devida, realizada pelo devedor nas hipóteses do art. 335 do CC. É através da consignação que o devedor vai exercer o seu direito de pagar. Só existe consignação nas obrigações de dar, pois não se pode depositar um serviço (obrigação de fazer)ou uma omissão (obrigação de não-fazer), mas apenas coisas, em geral dinheiro. Deve-se observar que nessa forma de pagamento, o autor é o devedor, o credor é o réu e a quitação vem com a sentença. d) Pagamento por sub-rogação: ocorre quando a dívida de alguém é paga por um terceiro que adquire o crédito e satisfaz o credor, mas não extingue a dívida e nem libera o devedor, que passa a dever a esse terceiro. Sub-rogar é substituir o credor, de modo que o pagamento por sub-rogação assemelha-se à cessão de crédito por se tratar de substituição da pessoa do credor (348). e) Dação em pagamento: é o acordo liberatório em que o credor concorda em receber do devedor prestação diversa da ajustada (356). Não pode haver imposição do devedor em pagar algo diferente do devido (313). É dar alguma coisa em pagamento, diferente da coisa devida. Bons estudos! f) Novação: trata-se da extinção de uma obrigação por outra diferente, determinada a substituí-la. Com a novação se extingue uma dívida e se cria uma nova dívida entre as mesmas partes. *Existem outras formas/modos de pagamento como p.ex. compensação, confusão, remissão, transação, arbitragem. 9. INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES As obrigações podem não ser cumpridas por culpa do devedor ou por culpa do credor, ou ainda por algum acidente (= caso fortuito ou de força maior). A culpa do devedor pode ensejar a mora ou o inadimplemento. A mora é o atraso no pagamento enquanto o inadimplemento é a falta de pagamento. Vale ressaltar que a mora também pode ser do credor, pois pode se negar a aceitar o pagamento. MORA (394): é o atraso no pagamento ou no recebimento, tanto por culpa do devedor (mora solvendi) como por culpa do credor (mora accipiendi). Se ambos forem culpados não haverá mora, pois as moras recíprocas se anulam. A mora do credor independe de culpa, e o devedor nesse caso deve consignar o pagamento. 10. TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES - Cessão de Crédito: é o negócio jurídico onde o credor de uma obrigação chamado cedente, transfere a um terceiro, chamado cessionário, sua posição ativa na relação obrigacional, independentemente da autorização do devedor (anuência), que se chama cedido. Em outras palavras, é a venda de um direito de crédito; e a transferência ativa da obrigação que o credor faz a outrem de seus direitos; corresponde à sucessão ativa da relação obrigacional. Tal transferência pode ser onerosa ou gratuita, ou seja, o terceiro pode comprar o crédito ou simplesmente ganhá-lo (= doação) do cedente. - Assunção de Débito: que constitui negócio jurídico pelo qual o devedor transfere a outrem a sua posição na relação jurídica, sem novar, ou seja, sem acarretar a criação de obrigação nova e a extinção da anterior. - Cessão de Contrato: em que se procede à transmissão, ao cessionário, da inteira posição contratual do cedente, como sucede na transferência a terceiro, feita pelo promitente comprador, de sua posição no compromisso de compra e venda de imóvel loteado, sem anuência do credor.
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