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Este material é privativo dos que colaboram para a democratização do ensino de qualidade, assinando o site www.NOTA11.com.br. Caso você não seja um usuário e esteja disseminando ou tendo acesso a este material, saiba que está contribuindo para naufragar projetos que disponibilizam um conteúdo de qualidade por um baixo custo de aquisição. Prof. Jailton Fernandes 1 Cap.- 1.1- INTRODUÇÃO AO ORÇAMENTO PÚBLICO AFO, Orçamento Público ou Direito Financeiro? O estudo de AFO/Orçamento Público está intimamente ligado ao Direito Financeiro. As bancas, inclusive, não têm feito distinções relevantes no que se refere a essas disciplinas, tratando-as, quase sempre, como sinônimas. O Direito Financeiro compreende a disciplina jurídica de toda a atividade financeira do Estado e abrange receita pública (obtenção de recursos), o crédito público (criação de recursos), o orçamento público (gestão de recursos) e a despesa pública (dispêndio de recursos). Trata-se, portanto, de objeto mais amplo que o do Direito Tributário, que tem por objeto específico a disciplina jurídica de apenas uma das origens da receita pública: o tributo. Já o estudo da Administração Financeira e Orçamentária, também conhecido como Orçamento Público, envolve a aplicação do Direito Financeiro na Administração Pública, ou seja, é o estudo da atividade financeira do estado com enfoque administrativo. Portanto, o Direito Financeiro e a Administração Financeira e Orçamentária tratam do mesmo objeto. Enquanto o primeiro possui como foco os fenômenos financeiros positivados (estabelecidos em normas jurídicas: Constituição, Leis, Decretos, etc.), a segunda se funda na aplicação desses normativos na atividade administrativa do Estado. As normas básicas referentes à nossa matéria encontram-se, principalmente, na Constituição Federal de 1988 (sobretudo entre os arts. 163 e 169); na Lei nº 4.320/64 (Normas gerais de Direito financeiro); e na Lei Complementar nº 101/2000 (LRF). Além disso, a cobrança do Manual Técnico de Orçamento e a Parte I (Procedimentos Contábeis Orçamentários) do Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público tem sido recorrente por parte de todas as principais bancas examinadoras. É importante que você, concursando, tenha esses materiais sempre à mão e os consulte frequentemente, uma vez que, em nossa disciplina, é muito forte a cobrança da literalidade. Mas não se preocupe! Estaremos aqui para auxiliá-lo na assimilação desse conhecimento. Bons estudos! Este material é privativo dos que colaboram para a democratização do ensino de qualidade, assinando o site www.NOTA11.com.br. Caso você não seja um usuário e esteja disseminando ou tendo acesso a este material, saiba que está contribuindo para naufragar projetos que disponibilizam um conteúdo de qualidade por um baixo custo de aquisição. Prof. Jailton Fernandes 2 Competência legislativa Uma das primeiras providências que devemos tomar ao iniciar o estudo de uma matéria para concurso, é descobrir a quem compete a regulação daquela disciplina. No nosso caso, os incisos I e II do art. 24 da CF estabelecem competência concorrente para legislar sobre o assunto: Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; II - orçamento. Portanto, por se tratar de competência concorrente, cabe à União estabelecer as normas gerais, o que não exclui a competência suplementar dos Estados. No entanto, caso inexista lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. Se, posteriormente, for editada lei federal sobre normas gerais, a eficácia da lei estadual fica suspensa, mas somente no que contrariar as normas gerais. Origem e Conceito A origem dos orçamentos públicos está relacionada ao fortalecimento da democracia, que se opôs ao regime antigo, cujo monarca era considerado detentor do patrimônio extraído da coletividade. O orçamento público nasceu, como veremos no decorrer do curso, com forte enfoque no controle político dos gastos públicos, possuindo pouca importância o aspecto planejamento. Todavia, com o tempo foi evoluindo para um importante instrumento de planejamento e gestão das finanças públicas. A doutrina considera a Magna Carta, outorgada na Inglaterra medieval pelo Rei João Sem Terra, no ano de 1215, como o embrião do orçamento público. Devido às pressões realizadas pelos barões feudais, esse instrumento buscava limitar o poder de tributar do rei. Por exemplo, o artigo 12 determinava que: "Nenhum tributo ou auxílio será instituído no Reino, senão pelo Conselho Comum, exceto com o fim de resgatar a pessoa do Rei, fazer seu primogênito cavaleiro e casar sua filha mais velha uma vez, e os auxílios para esse fim serão razoáveis em seu montante." Este material é privativo dos que colaboram para a democratização do ensino de qualidade, assinando o site www.NOTA11.com.br. Caso você não seja um usuário e esteja disseminando ou tendo acesso a este material, saiba que está contribuindo para naufragar projetos que disponibilizam um conteúdo de qualidade por um baixo custo de aquisição. Prof. Jailton Fernandes 3 Modernamente, podemos considerar que o orçamento público é o instrumento de gestão em que o Poder Legislativo autoriza o Poder Executivo, por certo período de tempo, a arrecadar receitas, e a fixar as despesas a serem realizadas no exercício financeiro vindouro, objetivando a continuidade, eficácia, eficiência, efetividade e a economicidade dos serviços prestados à sociedade. Atualmente, o orçamento é um instrumento dinâmico, que leva em conta para a sua concepção aspectos do passado, a conjuntura atual e as projeções e perspectivas para o futuro. Atividade Financeira do Estado O Estado existe para consecução do BEM COMUM. Para alcançar esse objetivo são necessários meios (recursos) que auxiliem na satisfação dessas necessidades públicas (segurança, educação, saúde, etc.). Segundo a doutrina, o estudo do Direito Financeiro e, consequentemente, da Atividade Financeira do Estado abrange: � A receita pública (obtenção de recursos); � O crédito público (criação de recursos); � O orçamento público (gestão de recursos); e � A despesa pública (dispêndio de recursos). Portanto, a atividade financeira do Estado é exercida com finalidade de produzir o bem comum da sociedade. Nesse sentido, o orçamento desempenha função vital para o bom desenvolvimento das finanças públicas, auxiliando – por exemplo – no controle dos gastos, na gestão dos recursos e no planejamento. Funções clássicas do orçamento As funções clássicas do orçamento são: alocativa, distributiva e estabilizadora. Função alocativa: deriva da incapacidade do mercado de suprir a sociedade de determinados bens e serviços de consumo coletivo e visa à promoção de ajustamentos na alocação de recursos, por meio da oferta desses bens e serviços necessários e desejados pela sociedade, porém que não são providos pela iniciativa privada. Função distributiva: visa tornar a sociedade menos desigual em termos de renda e riqueza por meio de ajustamentos na distribuição de renda. Os programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, representam exemplo dessa função. Este material é privativo dos que colaboram para a democratização do ensino de qualidade, assinando o site www.NOTA11.com.br. Caso você não seja um usuário e esteja disseminando ou tendo acesso a este material, saiba que está contribuindo para naufragar projetos que disponibilizam um conteúdo de qualidade por um baixo custo de aquisição. Prof. JailtonFernandes 4 Função estabilizadora: visa manter a estabilidade econômica por meio do ajustamento no nível de preços, melhoria na oferta de empregos, estabilidade da moeda e promoção do crescimento econômico, a partir do nível de demanda que o governo exerce sobre a economia, mediante instrumentos de política monetária, cambial e fiscal. Natureza jurídica do orçamento Há divergências no campo doutrinário. Todavia, a doutrina majoritária considera o orçamento como lei apenas em sentido formal. Lei em sentido formal é todo ato proveniente do Poder Legislativo, independente do seu conteúdo. Ex: lei que dá nome a uma rua ou a uma praça. Já lei em sentido material é aquela que estabelece regras gerais e abstratas de caráter obrigatório, independente do órgão que a tenha emanado. Por este motivo, a lei orçamentária não é considerada uma lei em sentido material, pois não é dotada de generalidade e abstração, impositivo a todos os cidadãos, mas tendo um teor concreto e específico. Outro ponto a destacar é o fato de que, no Brasil, o orçamento possui caráter autorizativo, pois o governante não está obrigado a realizar todas as despesas ali previstas. Contudo, é preciso estar atento a esse tema, pois tramita no Congresso Nacional Proposta de Emenda Constitucional que visa dotar o orçamento de características impositivas, o que obrigaria o governante, em algumas situações, a executar despesas nele previstas. Além disso, o orçamento no Brasil é estabelecido por uma lei temporária, ou seja, a vigência do orçamento é limitada a um período de tempo. Por força do artigo 34 da Lei 4.320/64, no Brasil o período é de um ano e coincide com o ano civil. Portanto, é uma lei de caráter temporária, pois anualmente será necessária a edição de uma nova lei que estime as receitas e fixe as despesas para o exercício. Por fim, o orçamento, no Brasil, é uma lei especial, pois possui processo legislativo diferenciado, com prazos de tramitação previamente fixados, e trata de matéria específica: previsão de receitas e fixação de despesas. Exatamente por ser uma lei especial e possuir um processo mais célere que, via de regra, não pode tratar de matéria que seja estranha a previsão de receitas e fixação de despesas.
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