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DIREITO FINANCEIRO APLICADO

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AULA 1 - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO FINANCEIRO
CLASSIFICAÇÕES
O Direito é dividido de forma clássica em Direito Público e Direito Privado. Tal classificação é considerada equívoca por alguns doutrinadores. Analisando que, em muitos casos, não é possível identificar a natureza jurídica do interesse em questão, uma vez que todos estão interligados.
Para entender melhor o que significa essa classificação e qual é o seu alcance vamos verificar, a seguir, a definição de Direito Público que compreende o Direito Financeiro.
O QUE É O DIREITO PÚBLICO?
O Direito Público é o ramo do Direito composto pelas normas que têm por matéria interesse do Estado, tais como a função e organização, a ordem e segurança, a paz social etc.
Tais normas regulam as relações entre o Estado e os particulares, visando sempre à concretização do interesse público, conforme as previsões da lei.
O interesse público se concretiza por meio da atuação da Administração Pública, com a organização e prestação dos serviços públicos e utilização de recursos financeiros públicos.
A compreensão desse conceito é de suma importância para o início dos nossos estudos e para o entendimento da disciplina Direito Financeiro Aplicado.
O Direito Financeiro surge simultaneamente com a criação do Estado Moderno, principalmente junto com o Estado Liberal. Assim como o Direito Constitucional, as relações entre o Estado e a sociedade precisavam ser organizadas e disciplinadas de modo a garantir o interesse público.
Mas, afinal: qual a relação do Direito Financeiro com os outros ramos do direito?
O Direito Financeiro se relaciona com outros ramos do Direito, como se segue:
DIREITO CONSTITUCIONAL:
Vários institutos, regras e princípios do Direito Financeiro, se encontram no texto constitucional em vigor (Constituição Federal), e a forma de se interpretar a Constituição se aplica a ele.
DIREITO ADMINISTRATIVO:
O Direito Financeiro nasceu do Direito Administrativo isso faz com que as duas matérias não sejam totalmente independentes, pois, a existência de instrumentos de Direito Administrativo, que serve ao Direito Financeiro, cria um elo entre elas. Exemplos: empenho (ato pelo qual o administrador concretiza a despesa pública); receita pública (objeto de arrecadação por meio de ato administrativo).
DIREITO TRIBUTÁRIO:
Surgiu do Direito Financeiro. O objeto deles é comum: o estudo do tributo. Enquanto o Direito Financeiro o estuda na visão macro, o vê como uma das receitas do Estado, o Direito Tributário o estuda em sua acepção científica; são aplicados aos dois os mesmos princípios.
DIREITO PENAL:
Vários aspectos da atividade financeira do Estado estão tipificados no código penal e em leis extravagantes (peculato, lavagem de dinheiro, leis de responsabilidade fiscal).
DIREITO CIVIL E COMERCIAL/EMPRESARIAL:
Na atividade financeira do Estado são utilizados institutos do Direito Civil e Comercial/Empresarial para a obtenção de receitas públicas de forma subsidiária.
DIREITO PROCESSUAL:
O processo administrativo, civil e penal serão instrumentos de concreção do Dir. Financeiro. Instrumentalização dos institutos do Direito Financeiro.
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO:
Quando tratado internacional for criado cujo objeto tenha relação com Direito Financeiro: despesa, receita, orçamento, dívida ou crédito público. Dívida é o assunto mais comum.
A Constituição adotou, como forma de governo, o federalismo, que é a união dos estados. O Brasil é Estado Federal, soberano, dotado de personalidade jurídica de direito público internacional, composto de Estados federados. Estes gozam de autonomia, ou seja, um autogoverno regido pela Constituição.
Quanto à evolução, o liberalismo entendia que tudo era do indivíduo, pugnava pelo livre comércio e não admitia a intervenção do Estado no domínio econômico, podendo se socorrer de empréstimos em caráter excepcional para fazer face às despesas de guerra.
A partir do final do século XIX começou a ocorrer um alargamento das atribuições do Estado, que deixou sua posição de mero expectador do que ocorria no domínio econômico e nele passou a intervir, tendo por principais consequências:
· Grandes oscilações que passavam a economia.
· Crises provocadas pelo desemprego.
· Efeitos das descobertas científicas.
FONTES DO DIREITO FINANCEIRO
As fontes formais do Direito Financeiro são as normas jurídicas que têm por conteúdo a regulação da atividade financeira do Estado e se divide em: fontes formais primárias e fontes formais secundárias.
• Fontes formais primárias
As fontes formais primárias são aquelas normas jurídicas que inovam o sistema jurídico. São fontes formais primárias do Direito Financeiro:
CONSTITUIÇÃO:
Estipula os princípios gerais sobre o orçamento, as fontes de captação de receitas públicas e os limites da despesa pública, além de se prescrever quais serão as competências administrativas e legislativas no campo da atividade financeira.
LEI COMPLEMENTAR:
Haja vista existirem vários dispositivos constitucionais que a exigem na esfera do Direito Financeiro (exemplo: artigos 161, 163, 165, § 9º, 169).
LEI ORDINÁRIA:
É a fonte mais utilizada no Direito Financeiro. Como exemplos de leis ordinárias, em matéria financeira, temos a Lei 4320/64 que estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal e temos as leis orçamentárias anuais (LOAs), as leis de diretrizes orçamentárias (LDOs) e os planos plurianuais (PPAs), conforme o artigo 165, incisos I, II e III, da CF/88.
RESOLUÇÕES DO SENADO:
Importância no que se refere à suspensão da execução, no todo ou em parte, de lei ou de decreto declarados inconstitucionais por decisão do Supremo Tribunal Federal.
TRATADOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS:
Assinadas pelo Poder Executivo, revogam ou modificam a legislação financeira interna e serão observadas pela que lhes sobrevenha. Transformam-se em fontes do Direito Financeiro, após sua aprovação pelo Congresso Nacional, por Decreto Legislativo.
MEDIDA PROVISÓRIA:
É fonte do Direito Financeiro, mas com limites, uma vez que o artigo 62, § 1º, inciso I, alínea “d”, da CF/88, proíbe a sua utilização em matéria orçamentária, com exceção dos créditos extraordinários. Assim, a medida provisória poderá ser utilizada em temas de crédito público, despesa pública e receita pública, desde que não envolva dispositivos tipicamente orçamentários.
• Fontes Formais Secundárias
As fontes formais secundárias têm como função auxiliar a tarefa das fontes formais primárias, e são, assim, normas meramente complementares. São exemplos de fontes formais secundárias do Direito Financeiro:
DECRETOS REGULAMENTARES:
Atos do Poder Executivo baixados com fim de dar cumprimento às leis financeiras quando estas não são autoexecutáveis. Eles estão totalmente vinculados à lei anterior, portanto não podem criar ou inovar o que a lei não estabeleceu. Temos como exemplo o Decreto de Programação Orçamentária e Financeira que é editado em todo início de cada exercício financeiro, para garantir a execução da Lei Orçamentária Anual.
Em Direito Financeiro, toda lei nacional, isto é, aplicável à União, aos estados e aos municípios deverá ser uma lei complementar.
O Direito Financeiro estuda o ordenamento jurídico e financeiro do Estado e regula a atividade financeira do mesmo, sob o ponto de vista jurídico, com foco em:
• Políticas públicas e necessidades públicas;
• Princípios constitucionais;
• Despesas públicas;
• Orçamento e crédito adicional;
• Controle orçamentário.
Não faz parte do direito financeiro:
• Tributos;
• Câmbio;
• Moeda.
Faz parte do direito financeiro:
• Receitas não tributárias;
• Despesas;
• Orçamento;
• Controle pelo Tribunal de Contas;
• Responsabilidade fiscal.
Objeto
É a própria atividade financeira do Estado, cujos quatro elementos são:
• Receita;
• Despesa;
• Orçamento e;
• Crédito público.
DIREITO FINANCEIRO X DIREITO TRIBUTÁRIO
Tanto o Direito Tributário como o Direito Financeiro estão intimamente ligados à atividadefinanceira do Estado.
É importante destacar que o Direito Financeiro estuda a atividade financeira como um todo, de forma que seria esta uma grande área onde um dos seus tópicos seria o Direito Tributário, visto que seu objeto material é tão somente a tributação.
Assim sendo, o Direito Tributário versa sobre uma parcela da estrutura econômica do estado (relações tributárias), enquanto o Direito Financeiro se incumbe de toda e qualquer atividade financeira estatal que envolva dinheiro, ou seja, orçamento, tributos, receita, relações econômicas etc.
Nesse sentido, pode-se dizer que o Direito Financeiro regula a atividade financeira e orçamentária do ente público, enquanto o Direito Tributário se delimita às arrecadações de tributos em seus aspectos de criação, arrecadação e fiscalização, bem como as relações jurídicas derivadas.
Além disso, podemos analisar esses dois ramos do Direito sob a óptica do bem comum X interesse privado.
BEM COMUM X INTERESSE PRIVADO
• O Direito Financeiro busca a melhor utilização dos recursos arrecadados em prol do bem comum.
• Visa à satisfação de necessidades públicas pelo Estado.
• O Direito Tributário, por vezes, é vinculado a uma ideia individual, de retirada de dinheiro do bolso privado.
• Busca limitar a arrecadação.
Alguns dos mais importantes princípios do Direito Financeiro são:
E quais as legislações mais importantes que utilizaremos no decorrer do nosso curso?
Embora existisse a controvérsia de que o controle interno não havia sido regulamentado antes da vigência da Lei de Responsabilidade Fiscal, registra-se a seguir sua cronologia:
1964 — Marco inicial do controle interno quando a Lei n. 4.320/64, Lei Federal contendo normas gerais de Direito Financeiro, criou as expressões Controle Interno e Controle Externo. A norma instituiu o controle interno no âmbito da Administração em seus artigos. 76 a 80.
1967 — O Decreto-Lei n. 200/67 prevê a atuação do controle das atividades da Administração Federal em todos os níveis e em todos os órgãos, para fiscalizar a utilização de recursos e a execução de programas. Com o advento da Constituição Federal de 1967, consolida-se a atividade de fiscalização da gestão dos recursos públicos.
1988 — A Constituição Federal de 1988 traz a grande novidade: a criação do Sistema de Controle Interno que deve ser mantido, de forma integrada, por cada Poder da Federação (Legislativo, Executivo e Judiciário). Preceitua-se que uma das funções atribuídas aos responsáveis pelo Controle Interno é a de apoiar o Controle Externo no exercício de sua missão institucional, dando ciência ao Tribunal de Contas de qualquer irregularidade ou ilegalidade observada na gestão dos recursos públicos, sob pena de responsabilidade solidária (art. 70 e art. 74, IV, § 1º - CF/88). Observa-se que as atribuições de fiscalização e controle já não são mais exclusivas do Controle Externo (exercido pelo Poder Legislativo, com o auxílio do Tribunal de Contas), mas também do Controle Interno de cada Poder (Executivo, Legislativo e Judiciário).
1989 — A exemplo da Constituição Federal, a Constituição Estadual prevê que a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial dos poderes/órgãos e de todas as entidades da administração direta e indireta, quanto aos aspectos de legalidade, legitimidade e economicidade, assim como a aplicação das subvenções e a renúncia de receitas, será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno que, de forma integrada, serão mantidos pelo próprio poder e a entidade envolvida (artigos. 73, §1º inciso I, 74 e 81).
2000 — A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), Lei Complementar n. 101/2000, prevê a obrigatoriedade da participação do responsável pelo controle interno nos relatórios de gestão fiscal (controles de limites de despesas, empenhos e dívidas — artigo. 54, parágrafo único e art. 59).
ATIVIDADE PROPOSTA
1.Qual é a finalidade do Estado? Exemplifique.
- É suprir as necessidades dos particulares por meio das ações do Estado como, por exemplo, a construção de estradas, hospitais, casas populares.
2. Relacione a coluna de cima com a coluna de baixo e marque a alternativa correta:
A. Pertence ao Direito Financeiro
B. Não pertence ao Direito Financeiro
1. Moeda ( )
2. Despesa ( )
3. orçamento ( )
4. Controle pelo Tribunal de Contas ( )
5. Tributos ( )
6. Câmbio ( )
7. Responsabilidade Fiscal ( )
8. Taxas ( )
- c) 1(B); 2(A); 3(A); 4 (A); 5 (B); 6 (B); 7 (A); 8 (B)
3. Qual o princípio que determina que o orçamento será executado dentro do ano civil, no caso do Brasil, 1º de janeiro a 31 de dezembro?
- b) Anualidade
4. Qual a função das fontes formais secundárias do Direito Financeiro?
- Auxiliar a tarefa das fontes formais primárias, e são, assim, normas meramente complementares. Exemplos de fontes formais secundárias do Direito Financeiro: decretos regulamentares, que são atos do Poder Executivo baixados com fim de dar cumprimento às leis financeiras quando estas não são autoexecutáveis.
A lei complementar é uma norma que, no ordenamento jurídico brasileiro, possui posição hierárquica superior à lei ordinária e às demais normas, exceto a Constituição Federal, sua função é complementar a Constituição (portanto o seu nome) e regulamentar, de forma geral, determinada matéria que, por exigência constitucional, deva ser por ela tratada.
AULA 2 - ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO
COMPETÊNCIAS
A competência para legislar sobre o Direito financeiro é concorrente entre a União, os estados e o Distrito Federal. Observe que os municípios não possuem competência para legislar sobre Direito Financeiro.
Quanto à questão das regras gerais, cabe à União exercê-las e aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios complementá-las. Não havendo manifestação da União em relação às regras gerais os entes anteriormente citados terão competência plena.
Veja algumas ações que visam promover o bem-estar da coletividade:
• Construção de uma sociedade livre, justa e solidária;
• Desenvolvimento nacional;
• Erradicação da pobreza e marginalização;
• Redução das desigualdades sociais e regionais.
Responsabilidades do Estado que requerem recursos pecuniários
A atividade financeira do Estado é a reunião dos atos que visam à obtenção, gestão e aplicação de recursos pecuniários dos objetivos do poder público.
Aqui, relacionamos algumas responsabilidades do Estado que requerem recursos pecuniários:
· Manutenção da ordem
· Solução de litígios
· Fiscalização de atividades
· Realização de ações sociais nas áreas da Saúde e Educação
· Prestação de outros serviços públicos
ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO
A atividade financeira do Estado destina-se ao atendimento de necessidades públicas, portanto distancia-se de qualquer objetivo de lucro.
Desta forma, as entidades da administração indireta que têm entre seus propósitos o aumento do capital aplicado (entidades de direito privado) como os bancos estatais, não desenvolvem atividades financeiras do Estado em sentido estrito, isto é, limitado a esse assunto.
Mas por que a atividade financeira do Estado tem como característica principal a atividade instrumental?
Porque a obtenção e a aplicação dos recursos por parte do Estado não se esgotam em si mesmas; essas ações servem para alcançar objetivos de índole política, econômica ou administrativa.
Direito Financeiro: conjunto de normas jurídicas que disciplinam a atividade financeira do estado.
Ciência das Finanças: estuda os fenômenos financeiros sobre os aspectos sociológico, político, econômico, independente de haver regulamentação legal.
O QUE É RECEITA PÚBLICA?
São entradas ou ingressos (fontes) de recursos financeiros que serão aplicados na aquisição de bens ou serviços, buscando atender às necessidades da coletividade.
Todo ingresso de dinheiro, nos cofres públicos, denomina-se entrada. Todavia, nem toda entrada vai compor receita do Estado. Existem as entradas provisórias, que não estão destinadas a permanecer nos cofres públicos.
Exemplos:caução (depósito), fiança (garantia) e empréstimos.
ENTRADAS PROVISÓRIAS:
Provocam aumento do passivo financeiro, portanto, representam obrigações a pagar a terceiros (simples troca em dinheiro).
ENTRADAS DEFINITIVAS:
Tornam-se eficaz por meio de cobrança de tributos e dos preços públicos (tarifas).
INGRESSOS ORÇAMENTÁRIOS:
Representados pela receita que efetivamente irão financiar os gastos públicos.
INGRESSOS EXTRAORÇAMENTÁRIOS:
Podem assumir as mais diversas denominações, porém, sempre representam um passivo financeiro, que deverá obrigatoriamente ser restituído ao seu verdadeiro proprietário.
Não há necessidade de autorização legislativa para a arrecadação das receitas extraorçamentárias. Sua efetivação não está vinculada à execução do orçamento, nem tampouco constitui renda do Estado, que é apenas mero depositário desses valores.
É possível afirmar que o dinheiro recebido, a título de receita extraorçamentária, soma-se às disponibilidades financeiras, mas, em contrapartida, constitui um passivo exigível e, como tal, será restituído quando, de direito, for reclamado.
Quanto à origem de onde provêm, as receitas públicas podem ser:
• originárias ou facultativas: aquelas vindas através do patrimônio do Estado como as doações; e
• as receitas derivadas ou compulsórias: que advém do patrimônio particular por meio de imposição como no caso de cobrança de tributos.
No Direito Financeiro Aplicado, vamos tratar das receitas originárias. Aquelas que decorrem da exploração do patrimônio público.
Exemplos: patrimoniais (laudêmio, foro, aluguéis), industriais, comerciais e de serviços.
O que é dívida pública?
Origem da palavra dívida: Do latim debĭta, dívida é a obrigação que um sujeito tem de reembolsar, devolver, satisfazer ou pagar, especialmente dinheiro.
Público, por outro lado, é um adjetivo que qualifica aquilo que pertence a toda a sociedade ou que é comum ao povo.
A noção de dívida pública menciona o conjunto de dívidas que mantém o Estado em relação a outro país ou a particulares. Trata-se de um mecanismo para obter recursos financeiros por meio da emissão de títulos de valores.
Dívida pública é o montante que o governo deve para entidades e para a sociedade. O governo toma dinheiro emprestado para financiar parte dos seus gastos que não são cobertos com a arrecadação de impostos, ou para a gestão financeira — para alcançar controlar o nível de atividade, o crédito ou o consumo ou para captar dólares no exterior.
HÁ DIFERENÇA ENTRE DÍVIDA “EXTERNA” E “INTERNA” FEDERAL?
Sim, e a grande diferença entre as duas não é quem empresta (os chamados credores), mas em qual moeda foi feita a dívida.
Isso quer dizer que se um banco brasileiro conceder um empréstimo em Dólares ao governo, essa é considerada uma dívida externa.
Igualmente se um banco estrangeiro conceder um empréstimo em Reais: aí, o governo terá uma dívida interna.
QUAIS OS MEIOS MAIS EFICAZES PARA SANAR A DÍVIDA PÚBLICA?
1 - Com a celebração de contratos (normalmente são realizados com entidades criadas pelas principais nações do mundo). Da mesma forma que um empréstimo tradicional, o governo assina um contrato com alguma instituição.
Nesse contrato, estão definidos o valor a ser emprestado, quanto de juros o governo deve pagar por ele e qual o prazo para o seu pagamento.
2 - Emissão de títulos públicos (ativos de renda fixa emitidos pelo Tesouro Nacional).
Quando você compra um título público, você empresta dinheiro para o governo brasileiro com o direito de receber futuramente uma remuneração por esse empréstimo, isto é, o indivíduo receberá o que emprestou acrescido de juros sobre o valor emprestado.
Você sabia que nem toda dívida é ruim?
Depende muito do tipo de endividamento e sua qualidade.
Se você comprometer 70% do seu salário para pagar o cartão de crédito por ter comprado em lojas de varejo, essa é uma dívida ruim, pois poderá forçá-lo a recorrer ao cheque especial ou a empréstimos, normalmente consignados, com taxas de juros exorbitantes.
De outra forma, ter uma dívida de financiamento de um imóvel, ou do financiamento de novos maquinários para sua empresa é a chamada dívida positiva. É uma dívida que viabiliza o investimento no patrimônio.
Assim acontece com a dívida pública. Se o Estado não arrecada o suficiente, em princípio, ele poderia se endividar para o ingresso de recursos para financiar todo o conjunto de obrigações que ele tem a cumprir. Teoricamente, a dívida é isso. É para complementar os recursos necessários para o Estado cumprir com as suas obrigações. Isso em principio.
A diferença ocorre quando a dívida é auditada e não é encontrada a contrapartida real.
A administração da dívida pública é feita pelo Ministério da Fazenda intermediada pela Secretaria do Tesouro Nacional. Se bem gerenciada, oferece à sociedade equilíbrio em investimentos e serviços prestados pelo governo à coletividade.
· Acontece assim, em épocas de crescimento da economia, o país reduz ou até mesmo extingue a dívida.
· Em contrapartida, nos momentos de crise, o governo se socorre de empréstimo (elevando a dívida) e utiliza tal recurso para sair o mais rápido possível do endividamento.
Uma administração bem feita evita o aumento descontrolado de tributos ou a redução das despesas (atingindo sem piedade a população). Resumido, não havendo controle, as taxas de juros ficam irrefreáveis.
ATIVIDADES PROPOSTAS
1. Quando o governo federal deseja contrair empréstimos, o modo mais utilizado é a emissão de títulos públicos, que nada mais é do que um documento criado pelo governo para atestar que o titular deste tem direito ao valor pago por ele somado aos juros que serão aplicados. Como é feita a venda de títulos públicos para pessoas físicas?
- A venda dos títulos públicos para pessoas físicas é feita por meio do tesouro direto.
2. A dívida pública federal é interna ou externa? Justifique sua resposta.
- Pode ser interna ou externa, de acordo com a localização dos seus credores e com a moeda envolvida nas operações.
3. Cite duas ações que visem ao bem-estar social.
- Erradicação da pobreza e marginalização; e Redução das desigualdades sociais e regionais.
AULA 3 - ESPÉCIES DE RECEITAS PÚBLICAS
LEI Nº 4.320 DE 1964
Vamos falar da classificação legal/econômico tratada no artigo 11 da Lei nº4320 de 1964.
A receita pode ser classificada como corrente ou de capital, com destaque especialmente para as despesas que essas receitas visam a financiar.
A lei diz que:
• receitas correntes são aquelas destinadas a atender às despesas correntes.
• receitas de capital são aquelas destinadas a atender às despesas de capital.
No entanto, essa definição constante da lei não diz muito sobre o que são essas receitas. Assim, avançando um pouco mais nesta classificação, o comando a ser utilizado é a continuidade.
As receitas correntes são destinadas a cobrir as despesas com o propósito de continuidade (como o custeio da máquina pública) e as de capital são destinadas a cobrir despesas que não se caracterizam pela continuidade, como, por exemplo, os investimentos.
Ainda sobre as receitas correntes temos que elas fazem parte da rotina do Estado em relação à sua existência. São exemplos dessa receita o custeio do funcionalismo público, da educação, da saúde.
A classificação, de acordo com a percepção da receita, pode se apresentar sob duas formas:
RECEITAS CORRENTES:
Aumentam o patrimônio duradouro do Estado. Exemplo: receitas tributárias, industriais e agropecuárias.
RECEITAS DE CAPITAL:
Não alteram o patrimônio duradouro do Estado. Exemplo: criação de um posto de saúde (não representa nova entrada de dinheiro, pois, tais receitas são oriundas de operações de crédito, transferências de bens, amortização de empréstimos concedidos, transferências de capital e demais receitas de capitais.)
RECEITA AGROPECUÁRIA:
É o ingresso proveniente da atividade ou da exploração agropecuária de origem vegetal ou animal. Incluem-se nessa classificação as receitas advindas da exploração da agricultura (cultivo do solo), da pecuária (criação, recriaçãoou engorda de gado e de animais de pequeno porte) e das atividades de beneficiamento existentes nos próprios estabelecimentos.
RECEITA INDUSTRIAL:
É o ingresso proveniente da atividade industrial de extração mineral, de transformação, de construção e outras, proveniente das atividades industriais definidas como tal pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
RECEITAS TRANSFERIDAS:
Decorrentes de transferência entre os estados da federação. É necessário que haja sempre dois entes da federação e um deles faça a transferência para o outro. São gastos vinculados à manutenção do estado, mas, que não são por ele realizadas diretamente, isto é, gastos realizados pelo estado que não trazem contrapartida direta para ele.
Exemplo: A União transfere recursos (via transferência corrente) para o município fazer a execução e, posteriormente, lhe prestar contas. Divide-se em subvenções sociais (despesas de entes privados ou públicos de caráter assistencial ou cultural) e econômicas (incentivos à iniciativa privada).
E ainda pode-se ter transferência obrigatória, que se subdivide em: constitucionais (a CRFB/88 exige) ou legais (a lei exige), bem como há a transferência voluntária, na qual há liberalidade do ente, cujo objetivo é auxiliar outro ente que está definida no art. 25 CRFB/88:
Art. 25 – Os estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição.
§ 1º - São reservadas aos estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
§ 2º - Cabe aos estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.
§3º - Os estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de Municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.
Por isso, normalmente são classificadas como:
RECEITAS CORRENTES:
Aquelas resultantes de atividades próprias do Estado, como as receitas tributárias e as patrimoniais (ingresso proveniente de contraprestações pagas pelos particulares para o uso do patrimônio público), entre outras.
RECEITAS DE CAPITAL:
Aquelas resultantes de operação em que o Estado busca a capitação externa de recurso, como a constituição de uma dívida.
Você sabe o que é uma receita pública gratuita?
É aquela que o fisco arrecada sem nenhuma contrapartida. Exemplo: herança jacente (quando não há herdeiro certo e determinado).
Ou seja, não tem ônus algum para o Estado, pois o Estado não irá prestar nenhuma contraprestação.
Qual a importância da classificação das receitas públicas?
É importante classificar as receitas públicas para haver uma transparência na hora do controle do dinheiro público, facilitando assim a sua administração, e o repasse dos recursos públicos. Isto possibilitará a constatação de qualquer tipo de irregularidade, portanto, de normas de responsabilização fiscal fazer justiça perante os abusos cometidos pelo mau repasse e uso dessas receitas.
Conforme o que dispõe no art. 11, §§ 1º e 2º, da Lei nº. 4320/64:
§ 1º - São Receitas Correntes as receitas tributária, de contribuições, patrimonial, agropecuária, industrial, de serviços e outras e, ainda, as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em Despesas Correntes. (Redação dada pelo Decreto Lei nº 1.939, de 20.5.1982)
§ 2º - São Receitas de Capital as provenientes da realização de recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas; da conversão, em espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, destinados a atender despesas classificáveis em Despesas de Capital e, ainda, o superávit do Orçamento Corrente. (Redação dada pelo Decreto Lei nº 1.939, de 20.5.1982)
MAIS DETALHADO
As receitas podem ser classificadas quanto à sua periodicidade e quanto a sua origem, vejamos:
QUANTO À PERIODICIDADE:
Extraordinárias: Decretadas em circunstâncias anormais, de caráter temporário, como acontece nos tempos de guerra, comoção ou incolumidade pública. Vão decorrer de iminência (aquilo que está prestes a acontecer) ou do caso de guerra externa, que motive o Estado a exigir os impostos extraordinários.
Ordinárias: Aquelas receitas arrecadadas sem vinculação especifica, é uma receita livre, tem um caráter periódico; havidas com regularidade, as previstas nos orçamentos.
QUANTO À ORIGEM:
Originárias: Aquelas decorrentes da exploração, pelo Estado, de seus próprios bens. Tem natureza dominial.
Derivadas: Aquelas que provêm da imposição constitucional e legal sobre o patrimônio do particular. É o tributo.
Transferidas: Aquelas que provêm do constrangimento constitucional e legal sobre o patrimônio particular, mas são repassadas por um ente estatal a outro. Dividem-se em:
• Obrigatórias: aquelas que o titular da arrecadação não é, necessariamente, o titular do tributo.
• Voluntárias: os recursos repassados pela União aos estados, ao DF e aos municípios, em decorrência da celebração de convênios, acordos, ajustes ou outros instrumentos similares cuja finalidade é a realização de obras e/ou serviços de interesse comum e coincidente às três esferas do Governo.
Principais características da Receita Pública
CARÁTER PERMANENTE:
Integra de modo permanente ao patrimônio do Estado. Exclui as entradas com caráter transitório.
NÃO ESTAR SUJEITO À CONDIÇÃO:
Exclui os ingressos que posteriormente tenham que ser restituídos, como os empréstimos que o Estado realiza quando necessita de recursos.
NÃO HAVER BAIXA PATRIMONIAL:
Ocorre com a entrada decorrente da compra e venda de um imóvel, por exemplo, não pode ser classificada como receita, pois corresponde a uma diminuição patrimonial.
ELEMENTO NOVO E POSITIVO:
Além de não corresponder a nenhuma baixa patrimonial, deve acrescer, aumentar o patrimônio público.
Quais são as etapas da receita pública?
PREVISÃO (ART. 12, LRF):
É a estimativa da receita a ser arrecadada pelo Estado, com o objetivo de melhor planejar seus gastos.
LANÇAMENTO:
É o ato pelo qual se verifica a procedência do crédito, o sujeito passivo e ao final, efetua-se a inscrição em dívida ativa. Somente as receitas tributárias, as patrimoniais e as industriais são passíveis de lançamento.
ARRECADAÇÃO:
Fase de recebimento por meio das repartições fiscais, agentes ou rede bancária.
Por que ressaltar o princípio da economicidade quando falamos de receita pública?
Porque o estado deve buscar a melhor economia para a administração pública. Esse princípio preceitua que o mínimo de receita deve produzir o máximo de benefícios.
Um dos exemplos de situação na qual esse princípio é primordial é o da licitação pública. Nesse caso, deve-se sempre buscar a melhor oferta, a ser escolhida pela administração, e que traga o máximo em serviços ou bens para a população.
Esse princípio está expresso no artigo 70 da Constituição Federal.
Art. 70. (CF/88) A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.
ATIVIDADES PROPOSTAS
1.Qual o propósito das receitas correntes?
- c) As receitas correntes são destinadas a cobrir as despesas com o propósito de continuidade.
2.Wilson é gerente executivo de contas do Município de Matosinho e recebe verbas de aluguéis de imóveis públicos locados à iniciativa privada. Essas receitas, em se tratando de finanças públicas, são consideradas:
- b) ordinárias
3.As receitas podem ser classificadas, em relação à origem, como originárias ou derivadas. São exemplos de cada uma destas espécies, respectivamente:-a) preço e penalidades pecuniárias.
4.Qual a diferença entre ingresso e receita pública?
- Ingresso é qualquer entrada de dinheiro nos cofres públicos.
Receita é o ingresso definitivo de dinheiro nos cofres públicos, fundamental para que o Estado cumpra suas funções típicas e possa gerir economia em geral.
5.Entendemos como Receitas de Capital, EXCETO:
- a) Cobrança da Dívida Ativa
6.Tudo que entra nos cofres públicos é considerado receita?
- Não. Nem tudo que entra nos cofres públicos pode ser considerado receita, pois receita pública é todo valor que entra nos cofres públicos e se incorpora ao seu patrimônio.
Alguns recursos entram nos cofres públicos, porém não se incorporam ao seu patrimônio, como é o caso de financiamento, nesse caso, estamos falando de ingresso de recurso e não receita pública.
7.No estudo do Direito Financeiro Aplicado, o que é receita industrial e qual órgão que a define?
- É o ingresso proveniente da atividade industrial de extração mineral, de transformação, de construção e outras; e das atividades industriais definidas como tal pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
AULA 4 – DESPESAS PÚBLICAS
Agora que já dominamos o assunto que versa sobre Receitas Públicas, você irá reconhecer que a Despesa Pública é denominada como o conjunto de gastos realizados pelos entes públicos para custear os serviços públicos (despesas correntes) prestados à sociedade ou para a realização de investimentos (despesas de capital).
Quem autoriza a realização das despesas públicas?
As despesas públicas devem ser autorizadas pelo Poder legislativo, por meio do ato administrativo chamado orçamento público. Exceção são as chamadas despesas extraorçamentárias.
O propósito das despesas públicas é regular o funcionamento dos serviços públicos. A doutrina dominante adota o conceito de Aliomar Baleeiro e diz que ela pode significar duas coisas:
· Designa o conjunto de dispêndios do estado ou de outra pessoa jurídica de direito público para funcionamento dos serviços públicos.
· Pode significar a aplicação de certa quantia em dinheiro por parte da autoridade, dentro de uma autorização legislativa para execução de fim a cargo do governo.
Portanto, corresponde aos desembolsos efetuados pelo Estado para arcar com as suas diversas responsabilidades junto à sociedade. (Artigo 164, II, CF/88)
Antes de qualquer ação, o Estado verifica as necessidades públicas para fazer face às despesas públicas.
DESPESA ORÇAMENTÁRIA:
Trata-se da despesa que decorre da lei orçamentária e dos créditos adicionais (suplementar, especial e extraordinário). A lei deve autorizá-la.
DESPESA EXTRAORÇAMENTÁRIA:
São valores que não estão previstos na lei do orçamento público ou constam apenas de forma transitória, pode ocorrer também de ficarem à disposição da Administração e ainda, as despesas que já foram autorizadas por lei, foram empenhadas, mas não necessariamente pagas.
Ou seja, são aquelas que não estão diretamente vinculadas a um gasto do Estado ou a um gasto daquele exercício financeiro.
Exemplos: Cauções, depósitos, resgate de operação de crédito por antecipação de receita, resto a pagar etc.
Agora, um exemplo bem prático: o Poder Público realiza um contrato com o particular, este apresenta uma garantia que entra no orçamento como receita e somente no término do contrato e realizado o pagamento do contratado devolve-se a garantia que, nesse caso, vai sair dos cofres públicos com a denominação de despesa ordinária extraorçamentária — despesa corrente de transferência.
Artigo 3º da Lei 4320
DESPESAS ORDINÁRIAS:
São as despesas que ocorrem habitualmente, de forma prevista ou previsível, na atividade regular do Estado.
Exemplo: Material de consumo, pessoal etc.
CLASSIFICAÇÃO DAS DESPESAS PÚBLICAS
A classificação é realizada pela Lei nº 4.320, de 17/03/64, que estatui normas de Direito Financeiro para a elaboração e o controle dos orçamentos e balanços da União, estados, municípios e Distrito Federal, tendo a referida lei procedido à classificação com base nas diversas categorias econômicas da despesa pública:
Receitas vinculadas e obrigatórias previstas na Constituição Federal
Os artigos 198 e 212, da Constituição Federal, tratam, genericamente, de duas necessidades públicas em relação às quais o legislador houve por bem estabelecer a obrigação dos entes de efetivar gastos mínimos e, portanto, obrigar a realização da despesa pública. São elas a Saúde e a Educação.
SAÚDE:
Com relação à saúde a Lei Complementar 141/2012 e o Decreto 7.827/2012, que regulamentaram a Emenda Constitucional 29/2000, estabeleceram que a União deve direcionar para a saúde “o montante correspondente ao valor empenhado no exercício financeiro anterior, acrescido de, no mínimo, o percentual correspondente à variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB), ocorrida no ano anterior ao da Lei Orçamentaria Anual.
Quanto aos estados e municípios os percentuais mínimos de aplicação serão de 12% e 15%, e para o Distrito Federal 12% ou 15% a depender da natureza da receita — se tributo federal ou estadual.
EDUCAÇÃO:
No artigo 212, da Constituição, por sua vez, ao tratar das despesas com a Educação, determina, desde logo, os percentuais que os entes devem observar: 18% para a União e 25% para os estados, o Distrito Federal e os municípios.
QUANTO À CATEGORIA ECONÔMICA
Despesas Correntes
DESPESAS DE CUSTEIO:
Dotações destinadas à manutenção de serviços anteriormente criados, inclusive para atender a obras de conservação e adaptação de bens imóveis (art. 12, Lei 4.320). Exemplos: pagamento de serviços terceiros, pagamento de pessoal e encargos, aquisição de material de consumo, entre outras.
TRANSFERÊNCIAS CORRENTES:
Dotações para despesas as quais não corresponda contraprestação direta em bens ou serviços, inclusive para contribuições e subvenções destinadas a atender à manifestação de outras entidades de direito público ou privado. Exemplos: transferências de assistência e previdência social, pagamento de salário-família, juros da dívida pública.
Despesas de Capital
INVESTIMENTOS:
Dotações para o planejamento e a execução de obras, inclusive as destinadas à aquisição de imóveis considerados necessários à realização destas últimas, bem como para os programas especiais de trabalho, aquisição de instalações, equipamentos e material permanente e constituição ou aumento do capital de empresas que não sejam de caráter comercial ou financeiro (art. 12, § 4º, Lei 4.320).
INVERSÕES FINANCEIRAS:
Conforme art. 12, § 5º, Lei 4.320, são as dotações destinadas para:
I – aquisição de imóveis, ou de bens de capital já em utilização;
II – aquisição de títulos representativos do capital de empresas ou entidades de qualquer espécie, já constituídas, quando a operação não importe aumento do capital;
III – constituição ou aumento do capital de entidades ou empresas que visem a objetivos comerciais ou financeiros, inclusive operações bancárias ou de seguros.
TRANSFERÊNCIAS DE CAPITAL:
Dotações para investimentos ou inversões financeiras que outras pessoas, de direito público ou privado, devam realizar, independentemente de contraprestação direta em bens ou serviços, constituindo essas transferências auxílios ou contribuições, segundo derivem diretamente da Lei de Orçamento ou de lei especialmente anterior, bem como as dotações para amortização da dívida pública.
Dotação: São valores monetários autorizados, consignados na Lei Orçamentária Anual (LOA) para atender a uma determinada programação orçamentária.
QUANTO À AFETAÇÃO PATRIMONIAL
DESPESA EFETIVA:
Reduzem a Situação Líquida Patrimonial (SLP) do Estado, provocando um fato contábil modificativo diminutivo.
Exemplos: pessoal e encargos; juros e encargos da dívida interna e externa; outras despesas correntes, salvo aquelas de material de consumo para estoque.
DESPESA NÃO EFETIVA (OU POR MUDANÇA PATRIMONIAL):
Não provoca alteração na Situação Líquida Patrimonial (SLP) do Estado.
Exemplo: investimentos, inversões financeiras, amortização da dívida interna e externa,outras despesas de capital, salvo aquelas destinadas a auxílios e contribuições de capital bem como os investimentos em bens de uso comum do povo; despesa corrente para formação de estoque de material de consumo.
QUANTO À REGULARIDADE
ORDINÁRIAS:
Destinadas à manutenção contínua dos serviços públicos. Repetem-se em todos os exercícios.
EXTRAORDINÁRIAS:
De caráter esporádico ou excepcional, provocadas por circunstâncias especiais e inconstantes. Não aparecem todos os anos nas dotações orçamentarias.
QUANTO À COMPETÊNCIA INSTITUCIONAL
A competência institucional da despesa pública pode ser Federal, estadual ou municipal.
DESPESAS PRIMÁRIAS E FINANCEIRAS
DESPESAS PRIMÁRIAS:
Também conhecidas como despesas não financeiras, correspondem ao conjunto de gastos que possibilita a oferta de serviços públicos à sociedade, deduzidas às despesas financeiras. São exemplos os gastos com pessoal, custeio e investimento. Podem ser de natureza obrigatória ou discricionária (com liberdade de escolha do seu conteúdo/destinatário).
DESPESAS FINANCEIRAS:
Aquelas que criam um direito ou extinguem uma obrigação, ambas de natureza financeira, junto ao setor privado interno e/ou externo. São exemplos: pagamento de juros e amortização de dívidas; concessão de empréstimos e financiamentos; aquisição de títulos de crédito.
ETAPAS DA EXECUÇÃO DA DESPESA
A Lei n. 4.320, de 1964, fixa estes três momentos para o processamento da despesa pública:
Empenho (art. 58 da Lei n. 4.320/64). Providência de dedução da dotação disponível do valor da operação. Pode ser: ordinário, por estimativa ou global;
 Liquidação (art. 63 da Lei n. 4.320/64). Importa na verificação do recebimento dos bens ou serviços;
Pagamento (art. 62, 64 e 65 da Lei n. 4.320/64). Entrega do numerário (dinheiro) pertinente ao credor do Poder Público.
FORMAS ESPECIAIS DE PAGAMENTO
Existem formas especiais de pagamento paralelas ao processo normal ou ordinário de realização das despesas públicas. São elas:
Suprimento de fundos (ou adiantamento) (art. 68 da Lei n. 4.320/64):
• Busca atender pequenas despesas de pronto pagamento (envolve entrega de numerário e prestação de contas)
Restos a pagar (arts. 34 a 38 da Lei n. 4.320/64)):
• Considera os empenhos realizados e não pagos até 31 de dezembro
Despesas de exercícios anteriores (art. 37 da Lei n. 4.320/64):
• Importa no reconhecimento de dívidas após o encerramento do exercício 
Precatórios e requisições de pequeno valor (art. 100 da CF):
• São os pagamentos decorrentes de decisão judicial transitada em julgado
Empenho: “O empenho da despesa é o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição” (Art. 58 da Lei 4.320/64). Como se nota, o empenho é de suma importância na despesa pública. É uma garantia ao fornecedor e ao mesmo tempo um controle dos gastos.
ATIVIDADES PROPOSTAS
1.______________ é o conjunto de gastos do Estado, cujo objetivo é promover a realização de necessidades públicas, o que implica o correto funcionamento e desenvolvimento de serviços públicos e manutenção da estrutura administrativa necessária para tanto.
-d) Despesa Pública
2. Quais as fases de realização da despesa pública?
-Consuma-se reconhecer a despesa em três fases → empenho, liquidação e pagamento.
3.Quanto à regularidade qual o propósito das despesas ordinárias?
-São aquelas destinadas à manutenção contínua dos serviços públicos. Repetem-se em todos os exercícios.
4. No estudo da despesa pública, o que é compreendido por Empenho?
-O empenho da despesa é o ato proveniente de autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de cumprimento de condição.
5.Quem tem competência institucional da despesa pública?
-A competência institucional da despesa pública pode ser Federal, estadual ou municipal.
AULA 5 – ORÇAMENTO PÚBLICO
INTRODUÇÃO
Para o Direito Financeiro, o orçamento é documento fundamental na atividade financeira do Estado.
De acordo com a melhor doutrina, Aliomar Baleeiro (1971, p. 397) define:
“Nos Estados democráticos, o orçamento é considerado o ato pelo qual o Poder Legislativo prevê e autoriza ao Poder Executivo, por certo período em pormenor, as despesas destinadas ao funcionamento dos serviços públicos e outros fins adotados pela política econômica ou geral do país, assim como a arrecadação das receitas já criadas em lei.”
O orçamento, no Estado de Direito, não é mero documento de caráter contábil ou administrativo, mas, sim, poderoso instrumento de política econômica e social que, para sua execução, depende da correta e eficaz alocação dos recursos.
EVOLUÇÃO DO ORÇAMENTO PÚBLICO
O Orçamento Público evoluiu muito ao longo da nossa história, desde o orçamento tradicional, com destaque no gasto, até o que denominamos hoje de orçamento-programa, com ênfase nas realizações. Na verdade, outras versões do orçamento foram características da sua evolução.
ORÇAMENTO TRADICIONAL:
O orçamento tradicional era representado por uma simples planilha contendo uma projeção de receitas e despesas, a serem executadas no exercício, com a aquisição de bens e serviços públicos, observando que havia destaque no gasto, e não nas realizações que um governo pretendia executar.
Não havia um planejamento de ações, com o propósito de minimizar ou solucionar um problema do Estado, como a Educação, a Saúde etc., era apenas um documento formal, indicando o que o governo iria comprar durante o ano, sem qualquer ligação com um processo de planejamento ou funções que o Estado deveria desempenhar. Apenas dotava os órgãos de recursos para pagamentos de materiais ou pessoal, sem se importar com os objetivos econômicos ou sociais.
ORÇAMENTO DE DESEMPENHO:
No orçamento de desempenho, houve uma tentativa de se melhorar o processo orçamentário, buscando-se saber onde o governo gastava o recurso. Ou seja, tentou-se, de alguma forma, não apenas projetar receitas e despesas, mas saber onde se estava gastando e porque se estava gastando o recurso.
Em que pese esse orçamento ter representado uma evolução do orçamento tradicional, ainda não poderia ser considerado um orçamento-programa, tendo em vista que lhe faltava uma característica primordial: a vinculação a um sistema de planejamento público.
ORÇAMENTO-PROGRAMA:
O orçamento-programa, criado no Brasil pelo Decreto-Lei nº 200/67, consagrou a integração entre o planejamento e o orçamento público, uma vez que, com o seu advento, surgiu a necessidade de se planejar as ações, antes de executar o orçamento.
Era preciso, antes de fixar as despesas ou distribuir as receitas, saber quais as reais deficiências ou necessidades da população e categorizar as ações necessárias visando à correção ou minimização dos problemas. A ênfase no orçamento-programa eram as realizações, ou seja, interessava o que o governo realizava.
Houve um enorme avanço na técnica de apresentação orçamentária quando surgiu a Classificação Funcional Programática. Ela permitia a vinculação das dotações orçamentárias aos objetivos de governo. Os objetivos são viabilizados pelos programas de governo.
Esse enfoque permite uma visão de “o que o governo faz”, o que tem um significado bastante diferenciado do enfoque tradicional, que visualiza “o que o governo compra”.
Os programas, na classificação funcional-programática, eram desdobramentos das funções básicas de governo. Faziam a ligação entre os planos de longo e médio prazo, e representam os meios e instrumentos de ação, organicamente articulados para o cumprimento das funções.
Os programas representam, geralmente, os produtos finais da ação governamental. Esse tipo de orçamento é denominado orçamento-programa.
No Brasil, o orçamento-programa está estruturado em diversas categorias programáticas, ou níveis de programação, que representam objetivos da ação governamental em vários níveis decisórios.
· Uma relação de funções, representando objetivos mais gerais: o maior nível de agregação das ações, de modo a refletir as atribuiçõespermanentes do governo.
· Uma relação de subfunções (divisões), como meios e instrumentos de ações organicamente articulados para o cumprimento das funções. É importante ressaltar que uma subfunção agrega vários programas.
· Uma relação de programas, com projetos, atividades e operações especiais representando ações específicas, como subprodutos desses programas.
Resumindo:
• As funções representam as áreas de atuação do governo, divididas em subfunções;
• Os programas representam os objetivos que se pretende alcançar e estão articulados às funções e subfunções;
• Os projetos e as atividades representam os meios de alcançar os objetivos dos programas.
O orçamento-programa está intimamente ligado ao sistema de planejamento e aos objetivos que o governo pretende alcançar. É um plano de trabalho expresso por um conjunto de ações a realizar e pela identificação dos recursos necessários. A ênfase é nos objetivos a realizar.
As características principais do orçamento-programa são:
• Evolução do orçamento tradicional, vinculando-o ao planejamento;
• Melhor controle, identificação das funções, da situação, das soluções, dos objetivos, recursos etc. — ênfase no que se realiza e não no que se gasta.
Finalizando essas fases, temos que o orçamento público, no Brasil, é sempre elaborado por iniciativa do poder Executivo na forma do orçamento-programa. Essa técnica quer dizer que é permitido ao cidadão, que paga os seus impostos, saber o que o governo está devolvendo à sociedade em termos de serviços, seja em âmbito federal, estadual ou municipal.
O orçamento não contém todas as autorizações para todas as receitas e todas as despesas dentro de um período, uma vez que podem ocorrer fatos supervenientes, dotações insuficientes e outras causas que exigem créditos adicionais.
No Brasil, não há um único orçamento público, uma vez que nem todos os gastos podem ser limitados em um único orçamento retomado periodicamente, em especial, em função das transições de poder bem como das descontinuidades politicamente justificadas que resultariam de ciclos mais curtos. Portanto, pode-se dizer que existem ciclos diferentes que falam entre si, mas possuem certa autonomia para evitar lapsos do destino financeiro das arrecadações públicas.
Divide-se, então o orçamento público em três leis que regem o planejamento financeiro público:
· O Plano Plurianual	
· A Lei de Diretrizes Orçamentárias	
· A Lei Orçamentária anual
As quatro correntes que explicam a natureza jurídica do orçamento público:
1ª: Sustenta que o orçamento é sempre uma lei porque emana de um órgão que é eminentemente legiferante.
2ª: Sustenta que orçamento apresenta-se extrinsecamente como uma lei, mas seu conteúdo é de mero ato administrativo.
3ª: Sustenta que é um simples ato administrativo.
4ª: Sustenta que não pode ser defendido como lei, embora tenha aspecto formal e aparência de lei, pois possui prazo determinado, sendo considerado mero ato-condição.
A Constituição Federal Brasileira confere ao orçamento natureza jurídica de lei (critério formal) para vigorar pelo prazo determinado de um ano. É lei no sentido formal sem ser no sentido material, pois lei material é ato normativo genérico, abstrato e permanente, enquanto que a lei orçamentária é para efeitos concretos, particulares e destinada a vigorar por um só exercício.
Não cria direitos subjetivos e se apresenta apenas como lei autorizativa.
Explicadinho:
O Direito Formal é a parte que se preocupa com a definição das regras de existência do Direito, é o meio responsável pelo qual o Direito existe, e como as pessoas e instituições devem se portar dentro dele.
Sua palavra de ordem é “como” e são preocupações da área formal do Direito:
• “Como propor uma pensão alimentícia?”;
• “Como ingressar com uma ação judicial em determinada instância”.
O Direito Material trata dos fins do Direito (finalidade), ou seja, preocupa-se em definir o quê o direito garante ou exige. São os tão falados “direitos e deveres” (Direito Material), responsável por definir qual a matéria objetiva ou esperada de alguém.
Cabe o direito material definir “o quê”. De regra geral, é possível definir assim a diferença entre Direito Formal e Direito Material:
• o primeiro lida com “como”, isto é, com o meio no qual as leis são aplicadas;
• o segundo lida com “o quê”, isto é, com a finalidade das leis.
Exemplos de Direito Material e Direito Formal:
DIREITO MATERIAL:
Define que matar alguém é crime, passível de diferentes tipos de pena, levando em consideração a gravidade e as circunstâncias nas quais este crime ocorreu.
Todas essas regras são definidas pelo Direito Material, nas leis que fazem parte do Direito Penal (Código Penal, Código de Processo Penal etc.).
DIREITO FORMAL:
Estabelece como o criminoso responsável pela morte de alguém será acusado e julgado, bem como este cidadão poderá se defender, quais são e como se desenvolvem os recursos aos quais ele recorrer. O Direito Formal não está preocupado com a matéria do crime ocorrido, em si, mas com a forma como esse crime será tratado por todas as partes judicialmente envolvidas com ele.
No Brasil, o orçamento é autorizativo. Você sabe bem o que isso significa? Então, vamos lá!
Quando o orçamento é elaborado, indica quanto será gasto e de que forma, para cada ação do Estado. Porém, isso não significa que, obrigatoriamente, deve ser feito e gasto tudo o que consta do seu planejamento.
O orçamento autoriza tendo em vista as necessidades e o plano de desenvolvimento de cada região. Sendo viável realizar tudo o que se lê no orçamento público, perfeito! Caso não se consiga, por qualquer razão, não há punição para os governantes.
É preciso ressaltar que, no Brasil, o orçamento público define um programa de trabalho anual, apontando as prioridades e a destinação dos recursos disponíveis para o período de 12 meses, a contar de 1º de janeiro.
POR QUE SURGIU O ORÇAMENTO PÚBLICO?
Surgiu para atuar como instrumento de controle parlamentar da atividade financeira governamental, ou seja, desempenhada pelo Executivo.
Para que o controle fosse mais eficaz, era necessária a vinculação do orçamento a normas e regras que orientassem a sua elaboração e execução. A partir daí, nascem os chamados princípios orçamentários, que visam estabelecer as regras orçamentárias.
PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS
PRINCÍPIO DA ANUALIDADE:
Também denominado de princípio de periodicidade, em que as estimativas de receita e despesas devem fazer referência a um período limitado de tempo, em geral, um ano. Exercício financeiro é o nome dado ao período de vigência do orçamento.
Esse princípio está previsto na legislação brasileira pela Constituição Federal, artigo 165, inciso III; e artigos 2º e 34 da Lei nº 4.320/64.
PRINCÍPIO DA UNIDADE:
Para cada exercício financeiro deve existir apenas um orçamento, portanto ele é uno. Assim, procura-se eliminar a existência de múltiplos orçamentos (orçamentos paralelos).
Esse princípio está previsto na legislação brasileira, no artigo 165, § 5º da Constituição Federal e no artigo 2º da Lei nº 4.320/64.
PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE:
É necessário que o orçamento contenha todas as receitas e despesas referentes aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta. É imperioso destacar que para haver universalidade do orçamento é preciso que esse seja único (princípio da unidade).
Daí a referência, do mesmo artigo constitucional, para os dois princípios. O mesmo acontece com o artigo 2º, da Lei nº 4.320/64, em que os princípios de anualidade, unidade e universalidade são citados textualmente.
Atenção!
Está consagrado, no artigo 3º, da Lei nº 4.320/64, a imposição do princípio de universalidade à receita quando determina a inclusão das “operações de crédito autorizadas em lei” e excetuam as operações de crédito por antecipação da receita. O artigo 4º, da Lei nº 4.320/64, impõe a universalidade da despesa.
PRINCÍPIO DA EXCLUSIVIDADE:
A reforma constitucional de 1926 consagrou esse princípio. Nele, é previsto que o orçamento devaconter apenas matéria orçamentária, não incluindo, em seu projeto de lei, assuntos estranhos.
Por assunto estranho é possível citar a tentativa de incluir a “Lei do divórcio” no projeto de lei orçamentária. Isso se dava em face da celeridade do processo de discussão, votação e aprovação da proposta orçamentária.
Verifique o artigo 165, § 8º, da Constituição Federal e o artigo 7º da Lei nº 4.320/64.
PRINCÍPIO DA ESPECIFICAÇÃO:
Recebe outras duas denominações: da especialização ou da discriminação, tem o propósito de vedar as autorizações de despesas globais, isto é, aquelas que devem ser classificadas com um nível de desagregação tal que facilite a análise por parte das pessoas. Esse princípio está previsto nos artigos 5º e 15 da Lei nº 4.320/64.
Atenção!
A exceção aos artigos supracitados está contida no artigo 20, da Lei 4.320/64, que permite dotações globais para os “... programas especiais de trabalho que, por sua natureza, não possam cumprir-se subordinadamente às normas gerais de execução da despesa, que poderão ser custeados por dotações globais, classificadas entre as despesas de capital”.
PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE:
Todo conteúdo orçamentário deve ser divulgado pelos veículos oficiais de comunicação, isto é, para conhecimento público e para eficácia de sua validade enquanto ato oficial de autorização de arrecadação de receitas e a execução de despesas.
Como é feita essa publicidade?
A publicação deve ser feita no Diário Oficial da União. Além disso, a Constituição Federal exige a publicação até trinta dias após o encerramento de cada bimestre, do relatório resumido da execução orçamentária.
PRINCÍPIO DO EQUILÍBRIO:
Significa dizer que as despesas não devem ultrapassar as receitas previstas para o exercício financeiro. O equilíbrio, assim como alguns outros princípios, não é uma regra rígida e objetiva a deter o crescimento dos gastos governamentais.
Para o leigo, ao examinar o orçamento, verá que ele estará sempre em equilíbrio, isto é, receitas exatamente iguais às despesas. No entanto, essa é uma maneira simplista de se analisar o orçamento. Devemos observar as contas orçamentárias internamente, por meio das contas do orçamento corrente e de capital. Nessas contas “escondem-se” os desequilíbrios orçamentários.
A Constituição Federal de 1988 adota uma visão realista diante do déficit orçamentário ao conceituá-lo
PRINCÍPIO DO ORÇAMENTO BRUTO:
Fica estabelecido, nesse princípio, que todas as parcelas de receitas e despesas devem constar do orçamento em seus valores brutos, sem qualquer tipo de deduções.
Nesse sentido, busca-se impedir a inclusão de importâncias líquidas, isto é, descontando despesas que serão efetuadas por outras entidades e, com isso, gravando o orçamento e impedindo sua completa visão, conforme preconiza o princípio de universalidade.
Esse princípio está previsto na legislação brasileira pela Lei nº 4.320/64, no artigo 6º, §1º.
PRINCÍPIO DA NÃO AFETAÇÃO DE RECEITAS:
O objetivo é definido da seguinte maneira: Não é possível reservar nenhuma parcela da receita geral e tampouco comprometê-la para atender a determinados gastos. A Constituição Federal prevê esse princípio no artigo 167, incisos IV e IX.
Atenção!
Encontraremos exceções ao princípio da não afetação de receitas, nos artigos 158 e 159, que tratam das participações dos estados, municípios e do Distrito Federal no produto da arrecadação dos impostos, sobre a renda e proventos de qualquer natureza, sobre produtos industrializados, sobre a propriedade rural, sobre a propriedade de veículos automotores, sobre a circulação de mercadorias e a prestação de serviços de transportes interestadual e intermunicipal e de comunicação.
Além dessas exceções, conforme artigo 212, da Constituição Federal de 1988, temos a vinculação da aplicação da receita de impostos na manutenção e no desenvolvimento do ensino, onde a União deve aplicar nunca menos que 18% e os estados, o Distrito Federal e os municípios, nunca menos que 25% nessas áreas.
ATIVIDADES PROPOSTAS
1.Como se deu a evolução histórica do orçamento público no Brasil?
-Depois de longos períodos de crises econômicas diretamente relacionadas à falta de planejamento público, percebe-se, recentemente, a preocupação em fortalecer a vinculação existente entre planejamento e orçamento. O país apresenta uma programação orçamentária voltada não só para o controle de gastos, mas também para a avaliação de resultados.
2.Sobre os princípios orçamentários quando as despesas não devem ultrapassar as receitas previstas para o exercício financeiro, fazemos alusão ao:
-d) Princípio do equilíbrio;
3.Qual o propósito do princípio da universalidade orçamentária?
-De acordo com esse princípio, no orçamento, devem estar todas as receitas e despesas dos poderes, fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, como preceituado no art. 3º da Lei 4.320/64.
4.Qual a explicação para a natureza jurídica, do orçamento público no Brasil, ser recebida como lei?
-É lei no sentido formal sem ser no sentido material, pois lei material é ato normativo genérico, abstrato e permanente, enquanto que a lei orçamentária é lei para efeitos concretos, particulares e destinada a vigorar por um só exercício.
5.Como é elaborado o orçamento público no Brasil?
-O orçamento público, no Brasil, é elaborado sempre por iniciativa do Poder Executivo, segundo a técnica do orçamento-programa.
Essa técnica é uma forma de evidenciar e orientar as ações desenvolvidas pelo poder público. Tem um mérito: o de dar visibilidade aos objetivos para as ações públicas.
AULA 6 – LEIS ORÇAMENTÁRIAS
QUAL A NECESSIDADE DO SISTEMA ORÇAMENTÁRIO?
O sistema orçamentário surgiu como um meio de limitar o Poder Executivo na estipulação de receitas e realização de despesas, pois sem esse controle o emprego do dinheiro do Estado poderia ficar sob a mera vontade de alguns membros do governo.
O objetivo principal deste sistema é propiciar ao Poder Executivo a capacidade de prever seus gastos, uma vez que ele define o plano ou a orientação de governo a que se deseja seguir.
Por sua vez, o sistema fornece ao Poder Legislativo a capacidade de, em um intervalo preestabelecido de tempo, executar as despesas previstas para o funcionamento do Estado.
Com este sistema, como vimos na aula anterior, a Constituição Federal estabelece que toda previsão de receita e autorização de despesas seja aprovada pelo Poder Legislativo, colocando em prática o já conhecido sistema de freios e contrapesos.
O processo orçamentário brasileiro que envolve os governos federal, estaduais, municipais e o Distrito Federal tem como base:
Na Constituição Federal de 1988, o processo orçamentário está inserido dos artigos 165 a 169, do Capítulo II, Seção II – Dos Orçamentos.
As Constituições Estaduais bem como as Leis Orgânicas dos Municípios abordam a questão orçamentária. O sistema orçamentário encontra fundamento constitucional nos artigos 165 a 169 da Constituição Federal de 1988. Este sistema é constituído por três leis principais:
	
	
	
	O Plano Plurianual (PPA)
	A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)
	A Lei de Orçamento Anual (LOA)
Destacamos três importantes dimensões no sistema orçamentário brasileiro, todas de interesse direto para a sociedade:
DIMENSÃO JURÍDICA:
A primeira é a dimensão jurídica: o orçamento público tem caráter e força de lei, e enquanto tal define limites a serem respeitados pelos governantes e agentes públicos no tocante à realização de despesas e à arrecadação de receitas.
A elaboração e a aprovação do orçamento público seguem o processo legislativo de discussão, emenda, votação e sanção presidencial como qualquer outra lei.
DIMENSÃO ECONÔMICA:
A segunda é a dimensão econômica: o orçamento público é basicamente o instrumento por meio do qual o governo extrai recursos da sociedade e os injeta em áreas selecionadas.
Esse processo redistributivo não é neutro do ponto de vista da eficiência econômica e da trajetória de desenvolvimento de longo prazo.
DIMENSÃO POLÍTICA:
A terceira éa dimensão política: é consequência da dimensão econômica. Se o orçamento público tem um inequívoco caráter redistributivo, o processo de elaboração, aprovação e gestão do orçamento embute necessariamente perspectivas e interesses conflitantes que se resolvem, em última instância, no âmbito da ação política dos agentes públicos e dos inúmeros segmentos sociais.
Essas três dimensões revelam que, em sentido amplo, o sistema orçamentário brasileiro compõe-se não apenas de leis — como aquelas mencionadas acima —, mas de todo um arcabouço institucional composto de vários elementos:
• Agentes políticos e entidades dos três Poderes;
• As relações entre esses agentes e os eleitores e segmentos organizados da sociedade; e
• As regras formais e informais que disciplinam essas relações e normatizam o processo decisório em torno do orçamento público.
IMPORTÂNCIA DA CF 1988
A criação da Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, foi um marco importante para a questão dos avanços sociais, onde a participação da sociedade, na tomada de decisões, nas administrações públicas dos Estados foram sendo implementadas.
O orçamento e o planejamento públicos avançaram no contexto participação popular, considerando os cidadãos não apenas como meros receptores das políticas públicas, mas como partícipes nas sugestões e ações, adquirindo caráter propositivo nos processos e na condução dessa administração.
O QUE É PLANIFICAR?
É definir prioridades, é traçar, com antecedência, objetivos, ações e metas utilizando-se de uma metodologia já definida.
O planejamento não deve ser estático, visto o dinamismo da sociedade e da economia. Por esta razão, faz-se necessário, na escolha do modelo lógico, definir os processos de decisão e avaliação para ajustes e acerto de rumos com celeridade.
O planejamento de longo prazo exige atenção aos requisitos da sustentabilidade ampla e da governabilidade, atendendo aos condicionantes sociais, econômicos, políticos e ambientais. Há necessidade de submeter às propostas do governo a um amplo processo de negociação com os diversos setores da sociedade, para garantir que as escolhas atendam aos anseios da sociedade e obtenham seu apoio para implementação.
Definitivamente o orçamento público não é um amontoado de números que todo ano se repete com correções de 5% ou 10% para cada dotação.
O planejamento público é essencial para que haja uma boa administração e deve orientar as receitas e as despesas orçamentárias. Na definição das despesas estarão determinadas as prioridades, ou seja, “o rosto” do governo diante da realidade que vive a população.
No caso de um município, por exemplo, o planejamento está definido no Plano Diretor e, obviamente, precisa estar baseado em um diagnóstico da realidade local, que deve ser conhecida com profundidade pelo Poder Executivo. Esse conhecimento, em grande parte, está retratado nos indicadores dessa realidade.
Salienta-se que não há propriamente hierarquia entre PPA, LDO e LOA, pois todas elas estão fundamentadas na Constituição Federal de 1988 e cada uma possui conteúdo próprio.
QUAL O OBJETIVO CONSTITUCIONAL DA LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS?
A LDO foi criada pela Constituição de 1988 para estabelecer uma relação entre o planejamento de médio prazo, previsto no Plano Plurianual (PPA), e o de curto prazo, definido pela Lei Orçamentária Anual (LOA).
É a única lei que tem prazo constitucional para ser aprovada pelo Congresso Nacional: até 30 de junho de cada exercício, para que o Legislativo possa entrar em recesso.
Um dos objetivos constitucionais da LDO é o de apresentar metas e prioridades da administração pública federal para o exercício financeiro subsequente, de acordo com as orientações do PPA que exploraremos a seguir.
Fundamentado na LDO, a Secretaria de Orçamento Federal elabora a proposta orçamentária para o ano seguinte, em conjunto com os ministérios e os órgãos dos poderes Legislativo, Judiciário e do Ministério Público.
Verificamos, ainda, dois outros objetivos constitucionais:
• Dispor sobre as alterações na legislação tributária e
• Estabelecer a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento (estímulo financeiro).
Trata-se de uma lei ordinária com validade apenas para um exercício. De acordo com o § 2º, do artigo 165, do texto constitucional, a LDO:
“Compreenderá as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações da legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras de fomento.”
Como vimos, as prioridades e metas definidas pela LDO para os programas e ações são apresentadas em anexo ao texto legal, constituindo-se em um detalhamento anual de metas estabelecidas no PPA e que foram selecionadas para constar do projeto de lei orçamentária de cada exercício.
No Poder Executivo, o órgão que coordena a elaboração desse projeto da LDO é a Secretaria de Orçamento Federal (SOF) do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.
A Secretaria do Tesouro Nacional (STN) do Ministério da Fazenda (MF) também colabora na feitura desse documento, principalmente nas questões relacionadas à dívida mobiliária federal e às normas sobre execução orçamentária.
É importante destacar que as normas de Direito Financeiro, baixadas pela Lei n.º 4.320, de 1964, são ainda as que estabelecem as regras básicas de elaboração, execução e controle dos planos e orçamentos. Porém, face, principalmente, aos novos comandos orçamentários introduzidos pela Constituição Federal, de 1988, essa lei ficou desatualizada.
Assim, diante da ausência da lei complementar prevista no § 9.º, do art. 165, da CF, que viria a substituir a referida lei, a LDO tem exercido também o papel de suprir as lacunas e imperfeições legais sobre a matéria, compatibilizando as normas infraconstitucionais (norma que está hierarquicamente abaixo da Constituição Federal) com as disposições contidas no texto da Lei Maior.
FINALIDADES DA LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS
Estabelecer metas e prioridades da administração, incluindo as despesas de capital para o exercício subsequente.
Dispor sobre alterações na legislação tributária, prevendo tanto os acréscimos (novos tributos ou aumento de alíquotas), quantos os decréscimos da arrecadação de tributos.
Autorizar a concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração de servidores, criação de cargos, empregos e funções e admissão de pessoal na administração pública. A exceção está para as empresas públicas e sociedades de economia mista que não precisam dessa autorização na LDO, conforme previsão do artigo 169, §1º, II da CF.
O QUE É PLANO PLURIANUAL?
PPA é um instrumento utilizado pela administração pública, situando de forma regionalizada:
• As diretrizes (linhas gerais que desenham o Plano),
• Os objetivos (expressos em cada programa do PPA) e
• As metas (parcelas de resultados) que se pretende alcançar no período de vigência do Plano, a cada programa.
Tudo isto, objetivando orientar a administração, na aplicação dos recursos públicos, bem como privados, quando for o caso destes últimos, para situações onde ocorram parcerias.
LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL
Programa as ações a serem executadas para viabilizar a concretização das situações planejadas no Plano Plurianual e transformá-las em realidade, obedecida a Lei de Diretrizes Orçamentárias.
A LOA estima as receitas que o governo espera arrecadar durante o ano e fixa os gastos a serem realizados com tais recursos.
Traz, de forma detalhada, as ações que serão implementadas e executadas pelo poder público no período de um ano.
Observe que, o planejamento da ação governamental é instrumento fundamental para realização dos objetivos básicos do Brasil (CF-88, artigo 3º da CF-88), sendo que é concretizado justamente por meio das leis de natureza orçamentária que possibilitam a edificação do sistema jurídico que arrima o planejamento da administração pública.
QUAIS OSOBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA POLÍTICA ORÇAMENTÁRIA?
Ampliar a renda e reduzir as desigualdades sociais.
QUAIS OS OBJETIVOS ESPECÍFICOS DA POLÍTICA ORÇAMENTÁRIA?
• Corrigir as imperfeições do mercado ou atenuar seus efeitos;
• Manter a estabilidade econômica e social;
• Fomentar o crescimento econômico;
• Melhorar a distribuição de renda;
• Universalizar o acesso aos bens e serviços públicos produzidos pelo próprio setor público ou pelo setor privado; e
• Garantir o cumprimento das funções elementares de Estado.
E SE NÃO HOUVER APRESENTAÇÃO DA LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL?
Vamos lá! Esse é um dos temas de grande repercussão teórica e prática no direito financeiro, isto é, justamente a falta da lei orçamentária anual, que se verifica por uma dessas quatro situações:
a) omissão do Chefe do Poder Executivo (não envio da proposta no prazo);
b) ato comissivo do Chefe do Poder Executivo (veto integral do projeto de lei);
c) omissão do Poder Legislativo (não encaminhamento do projeto, no prazo legal, para sanção);
d) ato comissivo do Poder Legislativo (rejeição integral do projeto de lei).
ATIVIDADES PROPOSTAS
1.O que está compreendido na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)?
-A LDO compreende as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente. Orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.
2.Qual o propósito do Plano Plurianual?
-O Plano Plurianual (PPA) é um instrumento previsto no art. 165, da Constituição Federal, destinado a organizar e viabilizar a ação pública, com vistas a cumprir os fundamentos e os objetivos da República.
Por meio dele, é declarado o conjunto das políticas públicas do governo para um período de 4 anos e os caminhos trilhados para viabilizar as metas previstas.
3. O que é definido na Lei Orçamentária Anual (LOA)?
-O governo define as prioridades contidas no PPA e as metas que deverão ser atingidas naquele ano. A LOA disciplina todas as ações do Governo Federal. Nenhuma despesa pública pode ser executada fora do orçamento, mas nem tudo é feito pelo Governo Federal. As ações dos governos estaduais e municipais devem estar registradas nas leis orçamentárias dos estados e municípios.
4.Na proposta orçamentária de determinado ente público, encaminhada ao Poder Legislativo para o exercício de 2018, consta autorização ao Poder Executivo para doar um terreno à iniciativa privada para construção de um clube recreativo.
Com relação aos princípios orçamentários, a proposta orçamentária não atende ao princípio da:
-a) exclusividade
A autorização do Poder Executivo, para doar um terreno à iniciativa privada, para construção de um clube recreativo fere o princípio da exclusividade, que determina ser vedado constar, no orçamento, assuntos estranhos à previsão da receita e fixação da despesa.
5.O __________ do município do Vale das Rosas é, definido pelo __________ e, certamente, precisa estar consolidado em um diagnóstico da realidade local, que deve ser conhecida com profundidade pelo Poder Executivo.
Esse conhecimento, em sua maioria, está retratado nos indicadores dessa realidade.
-b) planejamento/plano diretor
AULA 7 – CRÉDITO PÚBLICO
O QUE É CRÉDITO PÚBLICO?
O crédito público tem como palavra-chave a confiança de que goza o governo para contrair empréstimos de pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras.
Caracteriza-se por ser um dos meios de que se utiliza o Estado visando obter recursos para cobrir as despesas sob sua responsabilidade.
Com a evolução do nosso sistema político, mais e mais se foi estendendo a disciplina de nível constitucional do crédito público. O conjunto dos princípios e das regras voltados para este objeto forma o que se poderia designar por sistema constitucional financeiro, ou conjunto harmônico de normas constitucionais, voltadas à disciplina da atividade financeira pública:
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE:
Faz previsão que os empréstimos públicos deverão ser regulados por lei específica legislada pelo Congresso Nacional e tais empréstimos somente poderão ser efetuados em conformidade com tal lei.
PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA:
Obriga a inclusão, no orçamento, de todos os empréstimos.
PRINCÍPIO DA SERIEDADE:
É a irretratabilidade da promessa de restituição do empréstimo.
O crédito público diferencia das “receitas”, porque o valor não adere de forma definitiva no patrimônio público. Trata-se de um “ingresso”, que apenas entra no ativo de forma provisória nos cofres públicos, pois possui um desdobramento imediato no passivo do Estado, mais juros.
Também se difere dos tributos, porque não são compulsórios: os particulares entregam o seu dinheiro ao Estado, a título de empréstimo, por espontânea vontade.
De quem é a competência para celebrar o crédito público?
O Poder Executivo depende de autorização do Poder Legislativo, por meio de lei.
São cinco os critérios de classificação do Crédito Público:
Quanto à forma
O crédito público pode ser voluntário, semi-obrigatório e obrigatório.
Quanto à origem
O crédito público pode ser interno e externo.
Quanto ao momento do resgate
O crédito público pode ser de curto prazo, de longo prazo ou perpétuo.
Quanto ao prazo do resgate
A dívida pública pode ser fundada ou flutuante.
Quanto ao critério constitucional
O crédito público pode ser denominado de ARO (crédito por antecipação de receita).
QUANTO À FORMA, OS CRÉDITOS PÚBLICOS PODEM SER:
VOLUNTÁRIOS
Os empréstimos públicos são realizados a partir do acordo de vontades entre o Poder Público e o particular. Não há qualquer coação por parte do Estado e, por isso, há a devolução do valor emprestado, acrescidos dos juros e correções nos prazos avençados.
SEMIOBRIGATÓRIOS/PATRIÓTICOS
Em situações especiais (em tempo de guerra, por exemplo), o Estado, de forma indireta, utiliza-se da coação para a subscrição do crédito.
OBRIGATÓRIOS/FORÇADOS
Estão fundamentados no poder de império do Estado. Os cidadãos são coagidos a subscrever o crédito. Há muita discussão quanto a sua natureza jurídica, pois alguns autores consideram uma forma de tributação (imposto-empréstimo).
QUANTO À ORIGEM, O CRÉDITO PÚBLICO PODE SER:
INTERNO	
Quando o empréstimo for obtido dentro do Brasil, independentemente se quem estiver emprestado for brasileiro ou estrangeiro. Nesse caso, o pagamento deverá ser realizado em moeda nacional.
EXTERNO
Quando o empréstimo for obtido no exterior. Os encargos podem ser pagos em moeda estrangeira ou em ouro. Ele é regido por norma de Direito Internacional Público.
Esta é uma classificação muito importante, pois indicará a qual regime jurídico a operação se submete (de Direito Internacional Público ou de Direito Interno) e o endividamento externo apresenta mais dificuldades de resgate do que o interno.
No entanto, não há consenso quanto ao critério diferenciador. Acima, foi utilizado o critério “local de celebração”, mas há autores que utilizam o de “nacionalidade da moeda” e “qualidade dos contratantes”.
QUANTO AO MOMENTO DO RESGATE:
DE CURTO PRAZO:
A operação é realizada para satisfazer necessidades imediatas do Estado e o adimplemento ocorrerá dentro do mesmo exercício financeiro (operação de crédito por antecipação de receita, CF/88).
Conforme a Constituição Federal, são chamados de operações de crédito por “Antecipação de Receita Orçamentária” (AROs), devendo ser pagas até o trigésimo dia do exercício financeiro seguinte.
O artigo 38, da Lei de Responsabilidade Fiscal, estabelece os critérios para a expedição dos AROs, as proibições, bem como o seu procedimento.
ATENÇÃO!
A leitura desse artigo é indispensável para a compreensão do instituto.
DE LONGO PRAZO:
Sempre que for resgatável em período superior a um exercício financeiro.
PERPÉTUOS:
Quando não há previsão da devolução do valor emprestado, mas tão somente, dos juros e das correções dele inerente (ocorre somente o pagamento dos juros e correções).

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