Buscar

Direito das Sucessões: Conceito e Princípio da Saisine

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 61 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 61 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 61 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ESMEG 
DIREITO DAS SUCESSÕES 
Profª: Ana Flávia Borges 
 
 
OBS: Para facilitar seus estudos, lembre-se de ler todos os artigos citados no material no Código Civil e no Código 
de Processo Civil!! 
 
 
 
“A  morte  sempre  chega  pontualmente  na  hora  incerta”.  (Mário  Quintana) 
 
1. Considerações iniciais 
- É sabido que a morte, fato jurídico de alta relevância, desencadeia uma série de efeitos que afetam 
profundamente as relações jurídicas entre os indivíduos. No Brasil, como em grande parte dos países 
ocidentais, evita-se   falar   sobre   a   morte   porque   traz   “má   sorte”   e   lembra   sofrimento,   dentre   outros  
aspectos. Entretanto, é preciso ser objetivo e encarar que o homem desaparece, mas os bens 
continuam. 
 
O direito de herança é assegurado pela Constituição Federal no art. 5º, inc. XXX e o Código Civil 
disciplina o Direito das Sucessões nos artigos 1.784 a 2.027. 
 
2. CONCEITO: 
Direito das sucessões: Conjunto de normas que disciplina a transferência do patrimônio de alguém, 
depois da sua morte, ao herdeiro em virtude de lei ou de testamento. 
 
- Disposições que regem a transmissão de bens ou valores e dívidas do falecido, ou seja, a transmissão 
do ativo e do passivo do de cujus ao herdeiro. O herdeiro insere-se na titularidade de uma relação 
jurídica advinda do falecido, assume direitos e obrigações do antigo titular. 
 
O falecido é chamado autor da herança ou de cujus – esta  expressão  latina  é  a  abreviatura  da  frase  “de  
cujus  sucessione  (ou  hereditatis)  agitur”  – aquele de cuja sucessão (ou herança) se trata. 
 
 
HERANÇA – É o conjunto de direitos e obrigações que se transmitem, em razão da morte, a uma pessoa 
ou a um conjunto de pessoas, que sobrevivam ao falecido. Somatório em que se incluem os bens e as 
dívidas, os créditos e os débitos, os direitos e as obrigações, as pretensões e as ações de que era titular 
o falecido, e as que contra eles foram propostas, desde que transmissíveis. 
 
 
ESPÓLIO – o acervo hereditário recebe o nome de espólio. Trata-se de massa patrimonial administrada 
e representada pelo inventariante. Constitui-se em uma universalidade de bens de existência transitória. 
Não tem personalidade jurídica, mas tem capacidade jurídica para demandar e ser demandado (art. 12, 
V, CPC). 
 
3. O VOCÁBULO SUCESSÃO: 
 
Do latim succedere, traduz a ideia de alguém que assume o lugar de outra pessoa, passando a 
responder pelos seus bens, direitos e obrigações. 
 
A palavra sucessão, na acepção jurídica, apresenta dois sentidos: 
- em sentido amplo: ato pelo qual uma pessoa assume o lugar de outra, substituindo-a na 
titularidade de determinados bens e direitos. Ato pelo qual alguém sucede a outrem, investindo-se no 
todo ou em parte nos direitos que lhe pertenciam. 
Trata-se da sucessão inter vivos. Ex: Numa compra e venda, o comprador sucede ao vendedor; numa 
doação, o donatário sucede ao doador. Isto ocorre em todos os modos derivados de adquirir o domínio 
ou o direito. Não se verifica apenas no direito das obrigações, ocorre também no direito das coisas (Ex: 
acessio possessionis), e até no direito de família, quando os pais decaem do poder familiar e são 
substituídos pelo tutor nomeado pelo juiz. 
 
- em sentido estrito: a palavra é usada para designar a sucessão decorrente da morte de alguém. 
Designa a transferência parcial ou total de herança a um ou mais herdeiros. É a sucessão causa mortis 
ou mortis causa. 
 
5. PRINCÍPIO DA SAISINE (ou direito de saisine) 
 
- Em francês se pronuncia “cesíni” 
- Surgiu na Idade Média e foi instituído pelo direito costumeiro francês. 
- Instituído na França desde o século XIII, determina que a propriedade e a posse da herança passem 
aos herdeiros com a morte do de cujus. 
- O próprio falecido transmite ao sucessor o domínio e a posse da herança (le mort saisit le vif). Isto 
ocorre por efeito direto da lei. 
- Encontra-se no art. 1784 do CC: Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros 
legítimos e testamentários. 
- Embora a morte não se confunda com a transmissão da herança, já que a morte é pressuposto para a 
transmissão da herança, a lei, por uma ficção, torna-as coincidentes em termos cronológicos, 
presumindo que o próprio falecido investiu seus herdeiros no domínio e na posse indireta de seu 
patrimônio, porque o patrimônio não pode ficar sem titular. 
- Por força desse princípio, no mesmo instante em que acontece a morte, abre-se a sucessão e 
transmite-se a herança aos herdeiros legítimos e testamentários, ainda que ignorem o fato da morte. 
- Não há direito subjetivo sem titular, por isso os bens não podem ficar sem donos. 
 
5.1. Consequências: 
Deste princípio decorrem várias consequências, dentre elas podemos destacar: 
- A legitimação para suceder é regulada pela lei vigente ao tempo da abertura da sucessão (art. 1787) 
Ex. morte antes da CF/88 - o filho adotado nada herda se concorre com filhos consangüíneos do 
adotante, mesmo que o inventário seja feito após a CF/88 
- O herdeiro que sobrevive ao de cujus, mesmo que por um instante, herda os bens deixados e os 
transmite aos seus sucessores, se falecer em seguida; 
- é na ocasião da transmissão da herança (ou seja no momento da morte) que se deve verificar o valor 
dos bens que compõem o acervo hereditário, de forma a determinar o monte partilhável e o valor do 
imposto de transmissão causa mortis. (Súmula 112 do STF dispõe: O imposto de transmissão causa 
mortis é devido pela alíquota vigente ao tempo da abertura da sucessão). 
 
 
OBS: DIFERENÇA ENTRE MEAÇÃO E HERANÇA: Cabe lembrar que os institutos da meação e da 
sucessão se diferenciam. A meação decorre do Direito de Família e se refere à divisão dos bens 
comuns, dependendo do regime matrimonial de bens. Por outro lado, a sucessão ocorre sobre os 
bens deixados pelo falecido, sendo deferida a transmissão causa mortis. Assim, excluída a 
meação há o patrimônio do falecido, que é a herança a ser dividida legalmente entre os herdeiros. 
 
 
 
1. DA SUCESSÃO EM GERAL 
 
- Art. 6º, CC. – “A  existência  da  pessoa  natural  termina  com  a  morte  real.” 
Exige-se a prova da morte real, mediante apresentação da certidão de óbito. Cabe ao médico atestar o 
óbito, indicar a data e a hora em que ocorreu. É o registro do óbito que prova a morte (art. 9º, inc. I, CC). 
 
- A morte é o fato que transforma a mera expectativa do herdeiro em direito. 
Não há que se falar em herança de pessoa viva, embora possa ocorrer a abertura da sucessão do 
ausente, presumindo-lhe a morte. 
 
- Morte presumida – mais de uma circunstância enseja a declaração da morte presumida: ausência (art. 
6º); quando for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida (art. 7º, I); e se 
alguém desaparece em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término 
da guerra (art. 7º, II). 
 
→  O  art.  6º    trata  da  morte  presumida  do  ausente. 
Ausente – pessoa que desaparece sem dar notícias e sem deixar representante para administrar seus 
bens. (Ex: marido que vai comprar cigarro e nunca mais volta, rs). 
 
A lei autoriza aos herdeiros do ausente a ingressarem com o pedido de abertura da sucessão provisória 
num primeiro momento e, após 10 anos, poderão requerer a sucessão definitiva, que também durará 10 
anos. Nomeia-se curador ao ausente e arrecadam-se os bens (art. 26 e seguintes do CC). 
 
Exceção no sistema sucessório, porque admite a abertura da sucessão em razão de desaparecimento. 
 
�  Ausência  difere  de  morte  presumida  (art.  7º  do  CC) 
Há situações em que, embora haja uma evidência de morte, o corpo do de cujus não é encontrado por 
ter desaparecido em naufrágio, inundação , incêndio ou outra catástrofe. Para esses casos, a Lei de 
Registros Públicos (Lei 6015/73) prevê um procedimento de justificação judicial. 
 
. LRP – processo dejustificação do óbito 
. CC – ação declaratória de morte presumida, onde o juiz fixa a data provável da morte. 
O CC amplia no art. 7º, I e II, as hipóteses de morte presumida, que pode ser declarada sem a 
decretação  de  ausência,  usando  a  expressão  genérica:  “se  for  extremamente  provável  a  morte  de  quem  
estava  em  perigo  de  vida.”  Neste  caso,  poderá  ser  requerida  ação  declaratória  de  morte  presumida  e  não  
simples justificação, depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data 
provável do falecimento (art. 7º, p.u) 
 
Lembrar: Art. 1784 do CC (princípio da saisine) 
Não há direito subjetivo sem titular (por isso os bens não podem ficar sem donos) 
No mesmo instante em que acontece a morte, abre-se a sucessão. 
A herança transmite-se automaticamente aos herdeiros legítimos e testamentários (ainda que estes 
ignorem o fato). 
 
�COMORIÊNCIA – ART. 8º, CC 
Quando duas pessoas morrem na mesma ocasião sem ser possível precisar quem morreu primeiro, 
presumem-se simultaneamente mortas. Só interessa saber quem morreu primeiro se uma for herdeira ou 
beneficiária da outra. Do contrário, não existe interesse jurídico nessa pesquisa. Deve haver mútuo 
direito sucessório entre os falecidos para que se invoque o art. 8º do CC. 
 
2. ESPÉCIES DE SUCESSÃO 
Art. 1786 – “a  sucessão  dá-se  por  lei  ou  ato  de  última  vontade” 
 
2.1 Quanto à fonte, a sucessão pode ser: 
 
a) Legítima ou ab intestato – ocorre em virtude da lei 
*Art. 1788 – pessoa que morre sem testamento, a herança é transmitida aos herdeiros legítimos 
indicados na lei (art. 1829), de acordo com uma ordem de preferência (ordem de vocação hereditária). 
Representa a vontade presumida do falecido de transmitir seu patrimônio às pessoas indicadas na lei, 
porque se quisesse de outra forma teria deixado testamento. 
 
*Art. 1788, segunda parte – a sucessão pode ser ao mesmo tempo legítima e testamentária - qdo o 
testamento não abrange todos os bens do de cujus, os não incluídos passam aos herdeiros legítimos 
 
* Art. 1788, parte final – se o testamento caducar ou for julgado nulo, a sucessão será legítima. 
Ex: falta dos bens deixados, revogação do testamento. 
 
b) Testamentária – dá-se por disposição de última vontade, expressa em testamento ou codicilo. 
 
Codicilo: ato de última vontade para disposições de pequeno valor. Ex: pessoa dispõe em um documento 
assinado sobre como quer o seu enterro, ou para quem quer dar as suas jóias, suas roupas, etc. 
 
Art. 1846 – Havendo herdeiros necessários – herança dividida em duas partes: porção disponível e 
legítima (assegurada aos herdeiros necessários). 
Não havendo herdeiros necessários, a liberdade de testar é plena. Neste caso o testador pode afastar os 
colaterais (art. 1850). 
 
2.2 Quanto aos efeitos a sucessão pode ser: 
 
a) Sucessão a título universal – o herdeiro sucede na totalidade, fração ou porcentagem da herança. 
Ex: pai morre e deixa dois carros e duas casas, os herdeiros são chamados a suceder em todos os bens, 
ou em frações ou partes ideais da herança e não sobre determinados bens. Ou o pai morre e deixa 
testamento, os herdeiros são chamados a suceder na parte que lhes cabe. 
- Pode ocorrer na sucessão legítima e na testamentária. 
 
b) Sucessão a título singular – quando o testador deixa um bem certo e determinado (legado) ao 
beneficiário (legatário). Legatário não é o mesmo que herdeiro. Não representa o falecido e não 
responde pelas dívidas e encargos da herança. 
 
Legatário adquire a propriedade: Legatário adquire a posse: 
-bens fungíveis- só na partilha - tanto dos bens fungíveis ou infungíveis pode 
- bens infungíveis – desde a abertura da sucessão requerer aos herdeiros, mas estes só são 
 obrigados a entregar após a partilha. 
 
 
OBS1: A sucessão legítima é sempre a título universal porque transfere aos herdeiros a totalidade ou 
fração ideal do patrimônio do de cujus. A sucessão testamentária pode ser a título universal ou a título 
singular, conforme a vontade do testador. 
 
OBS2: De forma expressa a lei proíbe pacto sucessório: a herança de pessoa viva não pode ser objeto 
de contrato (art. 426, CC). Qualquer avença que afronte essa vedação legal é nula (art. 166, VI, CC). 
 
3. ESPÉCIES DE SUCESSORES 
 
3.1. Herdeiro Legítimo – indicado pela lei em ordem preferencial (art. 1829) 
3.2. Herdeiro Testamentário (ou instituído) – beneficiado em ato de última vontade, com uma parte 
ideal do acervo hereditário, sem individuação dos bens. 
3.3. Herdeiro Necessário (legitimário ou reservatário) – é o ascendente, o descendente (parentes em 
linha reta não excluídos da sucessão) e o cônjuge (art. 1.845). 
3.4 Herdeiro Universal- herdeiro único. Recebe a totalidade de herança. 
Recebe os bens mediante auto de adjudicação lavrado no inventário. 
3.5. Legatário – sucessor contemplado em ato de última vontade (testamento ou codicilo) com bem certo 
e determinado 
 
4. LUGAR EM QUE SE ABRE A SUCESSÃO 
 
Art. 1785 – no lugar do último domicílio do falecido – art. 96 do CPC . Esse é o foro competente para 
o processamento do inventário, mesmo que o óbito tenha ocorrido em outro local (até no exterior) e 
mesmo que haja bens em outros lugares. 
 
x Se o falecido não tinha domicílio certo, é competente o foro da situação dos bens (art. 96, p.u, 
I) 
x Se o falecido não tinha domicílio certo e os bens se situam em vários lugares, é competente 
o foro do lugar onde ocorreu o óbito (art. 96. p.u., II) 
x De cujus com vários domicílios certos – art. 94, § 1º, CPC permite a abertura do inventário em 
qualquer um deles. 
 
- Predomina o entendimento jurisprudencial que aberto o inventário em qualquer outro juízo, a 
incompetência é relativa –prorrogável ante o silêncio dos interessados, não pode ser reconhecida de 
ofício pelo juiz. 
- A lei estabelece a competência da autoridade judiciária brasileira para o inventário dos bens aqui 
situados (LINDB, art. 10) 
 Mesmo se o morto fosse estrangeiro e tivesse domicílio fora do país, o fato de ter bens aqui firma a 
competência da justiça brasileira (art. 89, CPC). Se o falecido deixa bens fora do Brasil, o foro 
competente para o inventário é o do país onde se situam os bens 
 
OBS: O juízo do inventário atrai as ações que lhe sejam relativas (art. 91 e 96, CPC). 
 
 
DA HERANÇA E SUA ADMINISTRAÇÃO 
 
1. Indivisibilidade e unidade da herança 
 
A Herança é uma universalidade indivisível, é um todo unitário. 
 
Art. 1791 - a herança defere-se como um todo unitário, ainda que haja vários herdeiros. 
Se há um herdeiro há uma herança. Se há 15 herdeiros há uma herança. 
 
Art. 1791, parágrafo único- até a partilha, o direitos dos herdeiros é regido pelas normas relativas ao 
condomínio (art. 1314 a 1326 do CC). Cada um dos herdeiros tem os mesmos direitos e deveres em 
relação ao todo. 
→  Antes  da  partilha  nenhum  herdeiro   tem  a  posse  ou  a  propriedade  exclusiva  sobre  um  bem  certo  e  
determinado. Só a partilha individualiza os bens que cabem à cada herdeiro e atribui os quinhões de 
cada sucessor. 
A indivisibilidade nasce no momento da abertura da sucessão. 
A herança constitui um núcleo unitário. Não é suscetível de divisão em partes materiais enquanto 
permanecer como herança. 
- O herdeiro pode alienar ou ceder sua quota ideal, antes da partilha (direito à sucessão aberta) – art. 80, 
II,CC considera-o bem imóvel. Faz-se uma escritura pública de cessão de direitos hereditários. 
 
- Arts. 1793 a 1795 cessão à pessoa estranha à sucessão – direito de preferência 
* o co-herdeiro que não for informado sobre a cessão ou não concordar com ela pode depositar o preço 
em juízo e receber a cota cedida a estranho – direitode preferência (regras relativas ao condomínio) 
OBS: Cada um dos herdeiros tem os mesmos direitos e deveres em relação ao todo. 
A indivisibilidade diz respeito ao domínio e à posse dos bens hereditários, desde a abertura da sucessão 
até a partilha. 
OBS2: É ineficaz a cessão de direitos hereditários sobre qualquer bem da herança considerado 
singularmente. 
 
 
2. ADMINISTRAÇÃO DA HERANÇA 
 
Responsabilidade dos herdeiros 
- Art. 1792, CC (ler) 
- Direito romano – o herdeiro respondia pelas dívidas do de cujus de forma ilimitada e absoluta. O seu 
patrimônio se confundia com o do falecido, o que podia prejudicá-lo e prejudicar seus próprios credores. 
Para evitar este inconveniente, após um tempo, permitiu-se a aceitação da herança livre das dívidas. 
Finalmente, Justiniano em 531 disciplinou a aceitação da herança sob benefício do inventário, onde o 
herdeiro só aceitava a herança se, após o inventário, se verificasse que o ativo superava o passivo. 
 
- No Brasil, o CC/1916 tornou regra geral a aceitação da herança sob benefício do inventário impondo 
que as responsabilidades dos herdeiros nunca ultrapassariam as forças da herança. Tal determinação foi 
reproduzida no art. 1792 do CC/02. (Pode-se dizer que no nosso ordenamento, a aceitação da herança é 
sempre a benefício do inventário). 
- Assim, se o passivo for maior que o ativo, a situação é de insolvência civil – instaura-se procedimento 
de declaração de insolvência (CPC, arts. 748 e 991, VIII), incumbindo ao inventariante requerê-la - 
concurso de credores, regendo-se as preferências e privilégios pelas regras próprias. 
 
- O herdeiro deve fazer o inventário para provar as forças da herança para os credores. Na ausência de 
inventário ou com um inventário lacunoso, o herdeiro deve usar outros meios de prova para evidenciar o 
“excesso”  (existência  de  débito  além  das  forças  da  herança).   
- No inventário é feito um levantamento do patrimônio do falecido, relacionando-se os bens, créditos e 
débitos. As dívidas são da herança, que responde por elas (art. 1997). Só serão partilhados os bens e 
valores que restarem depois de pagas as dívidas. 
 
2.1. Cessão de direitos hereditários 
É próprio dos direitos patrimoniais a TRANSMISSIBILIDADE. 
O direito à sucessão aberta, como qualquer direito patrimonial de conteúdo econômico, pode ser 
comercializado. Se não houver nenhuma cláusula de inalienabilidade imposta aos bens deixados pelo de 
cujus, o herdeiro pode promover a transferência de seus direitos ou quinhão por meio de cessão. 
Não pode fazer isso depois de julgada a partilha 
 
Cessão da herança ou cessão de direitos hereditários – transferência que o herdeiro, legítimo ou 
testamentário, faz a outrem de todo quinhão ou de parte dele, que lhe compete após a abertura da 
sucessão - negócio jurídico translativo inter vivos. Só pode ser celebrado após a abertura da sucessão. 
 
- Arts. 1793 a 1795 – regras específicas sobre a cessão dos direitos hereditários. 
- Direito à sucessão aberta – bem imóvel – ainda que todos os bens deixados sejam móveis. 
- Como o direito a sucessão aberta é considerado bem imóvel, o negócio jurídico exige escritura pública 
e outorga uxória ou marital, como condição de validade do negócio. 
 
- O que se considera imóvel não é o direito aos bens componentes da herança, mas o direito à herança, 
como uma unidade abstrata. 
- O cessionário adquire a título universal, porque recebe uma cota-parte do patrimônio 
- Pode ser gratuita (assemelhando-se a uma doação) ou onerosa (assemelhando-se a uma compra e 
venda. 
 
O cedente garante a existência do direito cedido, não a sua extensão ou quantidade de bens, correndo o 
cessionário o risco da herança ser mais ou menos absorvida pelas dívidas. O cessionário assume o lugar 
e a posição jurídica do cedente (mas não assume a qualidade de herdeiro, que é pessoal e 
intransferível), fincando sub-rogado em todos os direitos e obrigações, como se fosse o próprio herdeiro, 
recebendo, na partilha, o que o herdeiro cedente haveria de receber. 
 
 O co-herdeiro pode ceder quota-parte ou parcela de quota-parte da herança, mas nunca um ou mais 
bens determinados – Isso decorre da Indivisibilidade da herança e da incerteza relativa aos bens que 
tocarão a cada co-herdeiro por ocasião da partilha. 
 
- Se o cedente discriminar as coisas que pretende alienar, a alienação será ineficaz perante os outros co-
herdeiros (art. 1793, § 2º). Nada impede que o cedente especifique um bem como integrante de sua 
quota-parte, mas isso não obriga os demais herdeiros – se estes concordarem com a cláusula inserida 
no instrumento de cessão, podem acordar que o bem especificado faça parte da quota que caberia ao 
cessionário, mas não estão obrigados a fazê-lo. 
 
OBS: Art. 1793, §1º, CC 
- A cessão abrange os direitos hereditários havidos até a data da realização da cessão. Se depois dela, 
houver em favor do cedente substituição (ele ser indicado no lugar de herdeiro ou legatário que não 
aceitar ou não puder aceitar a herança) ou direito de acrescer (ex. renúncia de co-herdeiro), os direitos 
resultantes presumem-se não abrangidos no ato de alienação do quinhão hereditário. 
 
Direito de preferência do co-herdeiro 
Sendo o direito à posse e propriedade da herança indivisível, aplicando-se as normas relativas ao 
condomínio (art. 1791) o co-herdeiro não poderá ceder a sua quota hereditária a pessoa estranha à 
sucessão se outro herdeiro a quiser, tanto por tanto – ART. 1794 (LER) 
- ART. 1795 
Repete a regra do art. 504, caput, do CC – condomínio 
 
- O co-herdeiro preterido pode exercer seu direito de preferência ou prelação, pela ação de preempção, 
ajuizada no prazo decadencial de 180 dias, contados da data em que teve ciência da alienação, e na 
qual efetuará o depósito do preço pago, havendo para si a parte vendida a terceiro. 
- Qualquer impugnação à cessão, que não puder ser decidida de plano pelo juiz, as partes devem 
recorrer às vias ordinárias, ficando reservada a quota da herança sub judice. 
- A preferência só pode ser exercida  nas  cessões  onerosas,  como  se  depreende  da  expressão  “tanto  por  
tanto”.  Se  é  feita  gratuitamente  não  há  direito  do  co-herdeiro, assim como se é feita a outro co-herdeiro 
que, logicamente, não é pessoa estranha à sucessão. 
 
3. Abertura do Inventário 
Art. 1796 (Ler) 
- O inventário deve ser instaurado no prazo de trinta dias, a contar da abertura da sucessão. 
- O art. 983 do CPC, com redação dada pela Lei 11.441/07 prevê o prazo de 60 dias para abertura do 
inventário, que deve ser finalizado nos 12 meses subsequentes – o juiz pode prorrogar estes prazos de 
ofício ou a requerimento das partes. 
OBS: Cada Estado pode instituir multa sobre o imposto a recolher, como sanção pela não observância 
desse prazo (STF, Súmula 542). 
� Inventário:  processo  em  que  se  faz a relação, descrição e avaliação dos bens deixados. Apura-se o 
patrimônio do de cujus, pagam-se as dívidas passivas, cobram-se as dívidas ativas, pagam-se os 
legados, o imposto causa mortis e procede-se à partilha, com a expedição dos formais 
 
OBS: O inventário até a Lei 11441/07 era um procedimento judicial e contencioso. Agora, a nova redação 
do art. 982 permite o inventário extrajudicial por escritura pública, desde que todos os interessados sejam 
capazes e haja acordo. Havendo incapaz ou testamento, o inventário será judicial. 
 
3.1 Administração provisória da herança 
- Até que o inventário seja instaurado, seja nomeado inventariante e este preste compromisso, o espólio 
continua na posse do administrador provisório (art. 985 CPC). 
 
- A administração provisória da herança, até o compromisso do inventariante, cabe, sucessivamente (art. 
1797): a) ao cônjuge ou companheiro, se com o outro convivia ao tempo da abertura da sucessão; b) ao 
herdeiro que estiver na posse e administração dos bens e, se houver maisde um nessas condições, ao 
mais velho; c)ao testamenteiro; d) a pessoa de confiança do juiz, na falta ou escusa das indicadas nos 
incisos antecedentes, ou quando tiverem de ser afastadas por motivo grave levado ao conhecimento do 
juiz. 
 
OBS: Na prática, somente em heranças de grande monta ou quando há dificuldades para nomear-se um 
inventariante, é que surge a figura do administrador provisório. 
 
4. Legitimação para suceder 
-Regra – legitimidade passiva 
- Exceção –ilegitimidade 
Vigora o princípio de que todas as pessoas têm legitimidade para suceder, exceto aquelas 
expressamente excluídas. 
- Art. 1798 – pessoas nascidas ou já concebidas (assegura-se os direitos do nascituro) – Vale tanto pra 
sucessão legítima como para a testamentária. 
 
Se o feto nascer morto, não há aquisição de direitos, não recebe nem transmite direitos. Sua quota 
hereditária será devolvida aos herdeiros legítimos do de cujus, ou ao substituto testamentário, se tiver 
sido indicado. 
 
“Pessoas”  - Não podem ser contemplados animais, salvo indiretamente, pela imposição a um herdeiro 
testamentário do encargo de cuidar de um animal especificamente. 
 
*Tanto as pessoas naturais como as jurídicas, de direito público ou privado, podem ser beneficiadas por 
testamento. 
*Excluem-se as coisas inanimadas e as entidades místicas, como os santos. 
*Só as pessoas vivas ao tempo da abertura da sucessão podem ser herdeiras. Se no instante da 
abertura da sucessão o herdeiro já é morto, defere-se a herança aos outros da sua classe, ou aos da 
classe imediata se for o único. 
 
4.1 Legitimação para suceder por testamento 
Art. 1799, CC 
Indica outras pessoas que também podem ser contempladas, além das existentes ou já concebidas 
quando da abertura da sucessão. – pessoas que só podem receber herança ou legado por disposição de 
última vontade. 
�  Inciso  I  – exceção à regra geral – permite que os filhos não concebidos (prole eventual), de pessoas 
indicadas pelo testador, e vivas ao abrir-se a sucessão, possam receber a herança. O testador dá um 
salto, passando por cima dos genitores, contemplando os filhos que estes tiverem, e se tiverem. 
- Após a liquidação ou a partilha, os bens da herança serão confiados a um curador, nomeado pelo juiz 
(art. 1800). LER ART. 1801 – o curador poderá ser a própria pessoa cuja prole eventual o testador quis 
contemplar, e sucessivamente, às pessoas que podem ser nomeadas curadoras do interdito (art. 1775). 
OBS: Neste caso, não se trata mais do nascituro, mas sim do concepturo. 
LER §§ 2º e 3º 
- Prazo de espera – 02 anos (art. 1800, § 4º) 
� Inciso  II  – Pessoas jurídicas 
 
A existência legal das pessoas jurídicas começa com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro 
(art. 45, CC) 
�  Inciso  III  – Fundações (art. 62, CC) 
Podem ser criadas por escritura pública ou por testamento. 
Por não existir, ainda, a pessoa jurídica idealizada pelo testador, os bens ficarão sob a guarda provisória 
da pessoa encarregada de instituir a fundação, até o registro de seu estatuto, quando passará a ter 
existência legal. 
5. Não podem ser nomeados herdeiros testamentários nem legatários (art. 1801, CC) 
- Ler art. 1801 
Pessoas que não podem adquiri por testamento por serem consideradas suspeitas. Poderiam abusar da 
confiança do testador e alterar sua vontade para obter algum benefício para si ou para seus parentes, 
cônjuge ou companheiro. Poderiam até interferir na liberdade do testador. 
 
-art. 1802 – nulas as disposições feitas às pessoas que são proibidas de suceder. 
- Presume-se a interposição de pessoas quando são beneficiados os previstos no parágrafo único do art. 
1802 
- art. 1803 – logicamente que é lícita, porque não há discriminação entre filhos. Independentemente da 
origem da filiação, todos os filhos têm os mesmos direitos (art. 227, §6º, CF) 
 
 
ACEITAÇÃO DA HERANÇA 
 
1.Conceito 
- Ato jurídico unilateral pelo qual o herdeiro legítimo ou testamentário manifesta a vontade de aceitar a 
herança. 
- Trata-se de uma confirmação, já que, aberta a sucessão, a herança transmite-se desde logo aos 
herdeiros legítimos e testamentários (art. 1784 – Princípio da Saisine) 
- Revela a concordância do beneficiário em receber a herança. Só é herdeiro quem deseja sê-lo. 
Ninguém deve ser herdeiro contra a própria vontade. 
- A aceitação torna definitiva a transmissão da herança ao herdeiro, desde a abertura da sucessão (tem 
efeitos ex tunc). 
- Tem efeito retrooperante – retroage à data do óbito. 
- A aceitação nada mais é do que o não exercício do direito de renunciar à herança. 
OBS: A aceitação costuma ser tácita (o herdeiro pratica atos que demonstram a intenção de aceitar a 
herança, como por ex: intervir no inventário, representado por advogado, concordando com as primeiras 
declarações). 
 
2. Espécies de aceitação 
2.1. Quanto à forma: 
a) Aceitação expressa – é manifestada por declaração escrita (pública ou particular) em que o 
herdeiro declara seu desejo de receber a herança (art. 1805, 1ª parte). 
Manifestação oral não vale como aceitação. 
b) Aceitação tácita – resulta de qualquer ato que demonstre intenção de aceitar a herança (art. 1805, 2ª 
parte). Ex: intervenção no inventário, representado por advogado, concordando ou impugnando as 
primeiras declarações; cessão de direitos, etc. 
 
OBS: Já se decidiu que o simples requerimento de abertura de inventário não traduz o propósito de 
aceitar a herança, por se tratar de obrigação legal do herdeiro. 
 
Também não exprimem aceitação os atos oficiosos, como o funeral, os meramente conservatórios ou de 
administração e guarda provisória (art. 1805, § 1º, CC) – não importam automaticamente em aceitação 
da herança. 
-Clóvis Beviláqua define: 
•atos oficiosos –organização do velório, funeral, cerimônias religiosas (atos praticados por sentimento 
humanitário, altruísta, sem qualquer interesse). 
•atos   meramente   conservatórios   – necessários e urgentes para impedir a perda ou deterioração dos 
bens. 
•atos de administração ou guarda provisória – praticados pelo herdeiro para atender uma necessidade 
urgente, sem a intenção de ter os bens para si, ou seja, com o ânimo de entregá-los, logo que possível, a 
quem deva guardá-los e conservá-los. 
 
OBS1: O herdeiro pode pagar as dívidas do morto por motivos de ordem moral, por exemplo, e isso não 
necessariamente importará em aceitação da herança. 
 
OBS2: O art. 1805, § 2º, dispõe que: a cessão gratuita pura e simples aos demais co-herdeiros não 
importa em aceitação. Tal ato equivale a uma renúncia. 
 
c) aceitação presumida (art. 1807, CC) 
Ocorre quando algum interessado em saber se o herdeiro aceita ou não a herança, requer ao juiz, depois 
de passados 20 dias da abertura da sucessão, que marque ao herdeiro (por meio de notificação judicial) 
prazo razoável (não maior que 30 dias), para se pronunciar se aceita ou não a herança, SOB PENA DE 
HAVER A HERANÇA POR ACEITA. 
- Notificação judicial. Juízo competente – juízo do inventário. 
- Direito (prazo) para deliberar – esgotado o prazo estipulado pelo juiz para que o herdeiro manifeste se 
aceita ou não a herança, o seu silêncio será interpretado como aceitação. 
- Nesta espécie de aceitação não há qualquer ato positivo do herdeiro, a simples omissão é tida como 
aceitação da herança. 
 
2.2 Quanto à pessoa que a manifesta (ou quanto ao agente): 
2.2.1 Aceitação direta – feita pelo próprio herdeiro. 
2.2.2. Aceitação indireta – quando alguém a faz pelo herdeiro. Esta pode acontecer em quatro 
hipóteses: 
a) Aceitação pelos sucessores – o herdeiro que falece antes de aceitar a herança morre na posse de 
um direito, que se transmite aos seus sucessores. 
Trata-se de sucessão hereditária do direito de aceitar/renunciar (art. 1809, caput, CC) 
- A morte do herdeiro antes da aceitação da herança impede a transmissão direta da herança (ainda não 
aceita) aos seus sucessores,mas transfere-lhes o direito de aceitá-la ou renunciá-la. 
Não apenas os direitos sucessórios são transmitidos, como também o prazo para deliberar. 
►   Esta   espécie   de   aceitação   (pelos   sucessores)   não   ocorre   na   pendência   de   condição   suspensiva,  
estipulada pelo testador, ainda não verificada (art. 1809, caput). Pois, se o herdeiro falecer antes do 
implemento da condição, o seu direito sucessório será extinto, já que a condição suspensiva obsta à 
aquisição do direito (art. 125, CC). 
 
 Ex: o testador nomeia Joselito como seu herdeiro, sob a condição de obter o primeiro lugar em 
determinado concurso público. Se Joselito falecer antes de verificada a condição (ou seja, antes de 
passar no tal concurso), os eventuais direitos que ele receberia são como se nunca tivessem existido. Os 
herdeiros de Joselito não o sucederão no direito de aceitar a herança. 
 
►  art.  1809,  parágrafo  único  – impõe uma condição para que os sucessores do herdeiro falecido possam 
aceitar ou renunciar à primeira herança – devem concordar em receber a segunda herança. 
 
Ex: Falece José e deixa dois filhos. Um dos filhos (Joselito) morre antes de aceitar a herança, 
transmitindo seus bens para os seus filhos. Estes últimos (filhos de Joselito) só poderão aceitar a 
herança do avô (José) em nome do pai (Joselito), se previamente aceitarem a herança paterna. Se 
renunciarem à herança do pai (Joselito) não poderão deliberar sobre a herança do avô (José). 
 
b) Aceitação pelo tutor ou curador – mediante autorização judicial (art. 1748, II, c/c art. 1781, CC). O 
tutor ou curador pode receber herança, legado, doações, representando o incapaz. 
 
c) Aceitação por mandatário (art. 653 a692, CC) ou por gestor de negócios (arts. 861 a 875, CC). 
É pacífico o entendimento de que se admite a aceitação da herança por procurador (mandatário). Porém 
é controvertida a aceitação feita pelo gestor de negócios. 
 
•   Gestão de negócios – ocorre quando uma pessoa, sem autorização do interessado, intervém na 
administração do negócio alheio, dirigindo-o segundo a vontade e o interesse presumível de seu dono. 
Trata-se de uma intervenção motivada pela necessidade ou utilidade, com a intenção de trazer proveito 
para o dono do negócio. 
 
OBS: A princípio nada impede que a herança seja aceita pelo gestor de negócios, para evitar prejuízos 
ao herdeiro, mesmo sem sua autorização. Para alguns autores, ela está condicionada à confirmação 
posterior do herdeiro. Para outros, não é necessário confirmar, mas a aceitação só é válida quando a não 
Naceitação imediata pudesse prejudicar o herdeiro, uma vez que a ausência de aceitação, o silêncio do 
herdeiro, importa em aceitação. 
 
d) Aceitação pelos credores 
Art. 1813 – afasta a possibilidade de haver renúncia lesiva a credores. 
- a renúncia à herança pode configurar fraude contra credores. 
Se o herdeiro prejudicar credores com sua renúncia à herança, os credores podem aceitá-la em nome do 
renunciante, nos autos do inventário não encerrado, mediante autorização judicial. 
- O devedor não pode abrir mão de seu patrimônio lesando os credores. 
- O que ocorre neste caso é que a renúncia é ineficaz em relação aos credores. Tanto que pagas as 
dívidas, o que sobrar não retorna ao herdeiro renunciante, mas é dividido entre os demais co-herdeiros. 
Pode-se dizer que a renúncia não é eficaz até o montante das dívidas do herdeiro. 
- Prazo decadencial de 30 dias para os credores se habilitarem no inventário – art. 1813, § 1º (a contar 
do conhecimento da renúncia) – cabe aos credores provar quando tomaram conhecimento da renúncia 
prejudicial efetuada pelo herdeiro. 
- Se o processo de inventário já estiver encerrado ou se houver decorrido o prazo para o credor se 
habilitar, este deverá se valer da ação pauliana para anular o negócio jurídico fraudulento (art. 158 a 165, 
CC). 
- Pagas as dívidas, o remanescente é devolvido aos herdeiros e não ao renunciante, que perdeu a 
condição de herdeiro. 
3. Características da aceitação 
- ato jurídico unilateral – porque se aperfeiçoa com uma única manifestação de vontade; 
- de natureza não receptícia – porque não depende de ser comunicado a outrem para que produza 
efeitos; 
- indivisível e incondicional – não se pode aceitar a herança em parte, sob condição ou a termo (art. 
1808, CC) 
 A herança deve ser aceita sempre na sua totalidade. O herdeiro não pode aceitar apenas uma parte ou 
fração do quinhão que lhe cabe na herança, nem pode aceitar determinados bens e outros não, ou ainda, 
desde certo tempo ou até certo tempo. 
Ex de condição: receber apenas bens imóveis – não é possível. 
 
OBS:-art. 1808, § 1º - Se o sucessor do de cujus for ao mesmo tempo herdeiro e legatário, poderá aceitar 
a herança e o legado; renunciar a ambos; aceitar a herança e renunciar ao legado ou aceitar o legado e 
renunciar a herança. 
- art. 1808, § 2º - o herdeiro chamado à sucessão a mais de um quinhão hereditário, sob títulos 
sucessórios diversos, pode livremente deliberar quanto aos quinhões que aceita e aos que renuncia. 
Uma pessoa pode ser ao mesmo tempo herdeiro legítimo e herdeiro testamentário (sucessores a título 
universal). São heranças com origens diferentes. Por isso pode aceitar um quinhão e renunciar ao outro. 
À primeira vista pode parecer que os §§ 1º e 2º do art. 1808 estariam abrindo exceções ao princípio da 
indivisibilidade da herança. Mas as exceções são apenas aparentes, porque em ambos os casos 
permanece a proibição de aceitar ou renunciar à herança parcialmente. 
O que ocorre é que no § 1º difere-se herança de legado e no § 2º as heranças tem origens distintas 
(sucessão legítima e sucessão testamentária). 
 
4. Irretratabilidade da aceitação (art. 1812, CC) 
� Os atos de aceitação e renúncia são irrevogáveis. Como declaração unilateral da vontade, a 
aceitação gera efeitos imediatos e definitivos. 
Depois de agir como herdeiro, este não pode mais renunciar, não pode abrir mão da condição de 
herdeiro. 
 O herdeiro, depois de já ter aceito a herança por escrito (aceitação expressa), ou já ter praticado atos 
típicos de herdeiro (aceitação tácita) ou já ter silenciado quando notificado a se manifestar (aceitação 
presumida), não pode mais renunciar à herança, o que poderá fazer é ceder seus direitos 
hereditários. 
 
 
RENÚNCIA DA HERANÇA 
1. Conceito 
- Ato jurídico unilateral pelo qual o herdeiro manifesta a intenção de não aceitar a herança. 
� O herdeiro prefere conservar-se completamente estranho à sucessão. 
- É o repúdio manifestado pelo sucessor antes de assumir a postura de herdeiro e enquanto não agir 
como herdeiro. 
� Como já dito, o herdeiro não é obrigado a aceitar a herança. Sua recusa denomina-se renúncia ou 
repúdio. 
OBS: a transferência do quinhão hereditário à pessoa certa não é renúncia, é cessão. 
- Acontece como na aceitação, ou seja, tem efeito retrooperante (ex tunc), o herdeiro que renuncia 
é havido como se nunca tivesse sido herdeiro e como se nunca a sucessão lhe houvesse sido 
deferida. 
 
� Tanto o herdeiro legítimo como o testamentário e o legatário podem renunciar. 
 
OBS2: A renúncia é sempre gratuita. A cessão pode ser gratuita ou onerosa e é feita em favor de 
determinada pessoa. Na renúncia o herdeiro não pode escolher quem ficará com o seu quinhão. 
 
OBS3: Na renúncia o herdeiro abdica de todos os direitos, se afasta do inventário sem nada receber e 
sem dirigir o seu quinhão para uma ou mais pessoas. Se quiser contemplar determinada pessoa, não se 
trata de renúncia, mas sim de cessão. 
 
OBS4: Quando o herdeiro legítimo renuncia, os bens retornam ao acervo hereditário e são recebidos 
pelos demais herdeiros. Os coerdeiros   recebem   a   parte   do   renunciante   por   “direito   de   acrescer”.  
Desconstitui-se o ato translativo ocorrido no momento da morte e gera-se a ficção de o renunciante 
jamais ter sido herdeiro. 
2. Forma 
㑤 Art.1806 – A renúncia da herança deve constar expressamente de instrumento público (escritura 
pública juntada aos autos de inventário) ou termo judicial (lavrado nos próprios autos de inventário). 
Escrito particular não serve. 
No inventário extrajudicial – a renúncia pode ser levada a efeito na escritura pública do inventário. 
 
OBS: Termo nos autos é a forma mais simples e menos dispendiosa. Pode ser assinado pela parte ou 
por procurador com poderes especiais (art. 661, § 1º, CC) 
 
A renúncia é negócio solene – sua validade depende de observância da forma prescrita em lei. 
 
- Não pode ser tácita e nem se presume (deve ser feita por escritura pública ou termo nos autos). Deve 
resultar de ato positivo. Também não se admite promessa de renúncia porque implicaria em pacto 
sucessório (o que é proibido por lei – art. 426, CC). 
 
- Não é válida se for manifestada em documento particular. O STJ já 
decidiu no Resp 431965/SP: 
“CIVIL.  HERANÇA.  RENÚNCIA. A renúncia à herança depende de ato 
solene, a saber, escritura pública ou termo nos autos de inventário; 
petição manifestando a renúncia, com a promessa de assinatura do 
termo judicial, não produz efeitos sem que essa formalidade seja 
ultimada.  Recurso  especial  não  conhecido.” 
 
OBS: Como não se pode aceitar a herança em parte, também não pode haver renúncia em parte. Mas 
como já visto, pode haver renúncia da herança e aceitação do legado e vice-versa – art. 1808, CC. 
 
3. Espécies de Renúncia 
 
3.1. Abdicativa ou propriamente dita (renúncia própria) 
Ocorre quando o herdeiro a manifesta sem ter praticado qualquer ato que exprima aceitação e quando é 
pura e simples (em benefício do monte, sem indicação de qualquer favorecido). 
� Art.  1805,  §  2º,  CC  (o  legislador  usa  equivocadamente  a  expressão  “cessão  gratuita,  pura  e  simples”  
como sinônimo de renúncia. Melhor seria se tivesse usado o termo renúncia) 
� Esta é a verdadeira renúncia, feita gratuita e genericamente em favor de todos os co-herdeiros. 
Nesta o único imposto devido é o causa mortis. 
O renunciante não paga o imposto causa mortis porque não participou da sucessão 
 
2.2. Renúncia Translativa ou imprópria 
- Ocorre quando o herdeiro renuncia em favor de determinada pessoa. 
- Na verdade, não se trata de renúncia e sim de cessão da herança. 
 
OBS: Pode-se dar esse nome (renúncia translativa) também no caso da renúncia pura e simples, 
se manifestada depois da prática de atos que importem em aceitação da herança (habilitação no 
inventário, concordando com as primeiras declarações, p.ex.). 
 
No caso da renúncia feita em favor de determinada pessoa (que é cessão na realidade), são 
devidos dois impostos. O causa mortis e o inter vivos. 
 
Ex: Se o filho renuncia à herança paterna em favor de seus filhos, presume-se que aceitou a herança 
(incide o imposto causa mortis) e transmitiu aos filhos por ato inter vivos (incide o imposto inter vivos). 
ITCMD 
 
4. RESTRIÇÕES LEGAIS AO DIREITO DE RENUNCIAR 
Para que possa ser exercido, são necessários alguns pressupostos: 
4.1 Capacidade jurídica plena do renunciante – a renúncia exige agente capaz 
 
Renúncia efetivada por incapaz não tem validade, ainda que feita por seu representante legal (vez que 
este tem poderes de administração e não de alienação). 
- O representante legal do incapaz só poderá renunciar mediante prévia autorização judicial, e o juiz 
somente a concederá se provada a necessidade ou evidente utilidade para o incapaz- art. 1691, CC (o 
que dificilmente ocorre em se tratando de renúncia de direitos). 
 
4.2 Anuência do cônjuge 
- Se o renunciante for casado é necessária a anuência (outorga marital ou uxória), exceto se o regime de 
bens for o da separação de bens (art. 1647, I, CC). 
- Se o regime for o da participação final nos aquestos com cláusula de livre disposição dos bens imóveis 
particulares, não é necessária a anuência do cônjuge (art. 1656, CC) 
㑤 Se porventura o cônjuge discordar e recusar a dar sua anuência sem motivo justo, poderá o juiz suprir 
a outorga denegada (art. 1648, CC). 
 
4.3 Que não prejudique credores 
- Não pode haver renúncia lesiva a credores (art. 1813, CC) 
Se ocorrer os credores podem aceitar a herança em nome do renunciante, mediante autorização judicial 
nos autos do inventário. 
 
5. EFEITOS DA RENÚNCIA 
5.1. Exclusão da sucessão do herdeiro renunciante – é o primeiro e principal efeito da renúncia 
(afastar o renunciante da sucessão). 
- Quem renuncia deixa de ser herdeiro desde a abertura da sucessão (efeito ex tunc). 
㑤Princípio da Saisine – com a abertura da sucessão a herança transmite-se desde logo ao herdeiro. 
MAS, se ele a renuncia, a transmissão tem-se como se não efetuada (art. 1804, p. único, CC). 
5.2. Acréscimo da parte do renunciante à dos outros herdeiros da mesma classe (art. 1810, 1ª 
parte). 
Se o de cujus tinha vários filhos e um deles renuncia, a sua quota passa aos irmãos, pois o renunciante é 
considerado como se nunca tivesse existido. 
 
Diferente da morte – se o de cujus tinha vários filhos e um dele é pré-morto, a sua parte passará aos 
filhos (netos do falecido) – que herdarão por representação. 
 
Art. 1810., 2ª parte –Se o renunciante for o único da sua classe a herança passa aos da classe 
subsequente. 
- Então se o de cujus deixa um filho único e este renuncia á herança, esta passa aos filhos do 
renunciante – que herdarão por direito próprio e por cabeça. 
Diferente da pré-morte, em que os filhos herdam por representação ou estirpe. 
 
5.3. Proibição da sucessão por representação 
O destino da herança deve ser compatível com a ideia de que o renunciante desaparece da sucessão. 
- Art. 1811, 1ª parte – ninguém pode suceder representando herdeiro renunciante. 
- Se um filho do renunciante lhe toma o lugar na sucessão, representando-o, não teria aquele na verdade 
saído da sucessão, pois continuaria representado pelo filho. 
- Art. 1811, 2ª parte – Se porém o renunciante for o único da sua classe, ou se todos os outros da 
mesma classe renunciarem à herança, poderão os filhos vir à sucessão por direito próprio e por 
cabeça. 
LOGO, a parte do renunciante só passa aos filhos se ele for o único de sua classe ou se todos os outros 
da mesma classe renunciarem. 
- Cabe destacar que a herança será dividida em partes iguais (entre os netos), mesmo que o morto tenha 
deixado vários filhos renunciantes, cada qual com diversa quantidade de filhos. 
 
6- INEFICÁCIA E INVALIDADE DA RENÚNCIA 
- Ineficácia – pode ocorrer pela suspensão temporária dos efeitos da renúncia pelo juiz, a pedido dos 
credores prejudicados, a fim de se pagarem. 
- Invalidade absoluta (nulidade) – ocorre se não houver sido feita por escritura pública ou termo judicial, 
ou quando manifestada por pessoa absolutamente incapaz, não representada e sem autorização judicial. 
- Invalidade relativa (anulabilidade) – quando proveniente de erro,dolo ou coação, a ensejar a 
anulação do ato por vício de consentimento, ou quando realizada sem a anuência do cônjuge. 
 
7- IRRETRATABILIDADE DA RENÚNCIA 
art. 1812 – São irrevogáveis os atos de aceitação ou renúncia da herança. 
Logo, não há que se falar em arrependimento do renunciante 
Depois de ter revelado que assumiu os bens que lhe foram transmitidos (por escrito ou agindo como 
herdeiro), não pode mais renunciar. Isso porque a lei não admite comportamentos contraditórios – 
Princípio “nemo   potest   venire   contra   factum   poprium”   que tutela a confiança e não tolera condutas 
incoerentes. Se o herdeiro aceita a herança, não pode renunciá-la, o que pode fazer é cessão. 
 
 
EXCLUÍDOS DA SUCESSÃO 
 
 - A sucessão hereditária fundamenta-se, dentre outras coisas, em uma razão de ordem ética – a afeição 
real ou presumida do falecido ao herdeiro ou legatário. 
 
Dois institutos preveem a possibilidade de penalizar o herdeiro que agiu de forma injusta contra o autor 
daherança: a indignidade e a deserdação. São institutos que não se confundem, apesar de terem as 
mesmas consequências: exclusão do herdeiro. 
 
OBS: na renúncia o herdeiro é excluído da sucessão porque assim o quis. 
 
1- INDIGNIDADE – é uma sanção civil que acarreta a perda do direito sucessório. 
 
- Se o herdeiro ou legatário pratica atos ofensivos contra o de cujus pode ser privado do direito 
sucessório. 
 
- Trata-se de um questão moral de não se beneficiar o ingrato com o patrimônio deixado pelo ofendido. 
O instituto da indignidade objetiva impedir que uma pessoa suceda a outra, extraindo vantagem de seu 
patrimônio, depois de cometer contra ela atos lesivos graves. 
 
 Não basta qualquer ato ofensivo para que o herdeiro seja excluído da sucessão por 
indignidade. Somente os casos previstos no art. 1814 do CC, que podem ser divididos em: 
atentado contra a vida, contra a honra e contra a liberdade de testar do de cujus. 
 
2. PRESSUPOSTOS PARA A EXCLUSÃO POR INDIGNIDADE 
 
- que o herdeiro ou legatário seja incurso nos casos legais de indignidade (art. 1814); 
- não tenha sido reabilitado (perdoado) pelo de cujus (art. 1818); 
- haja uma sentença declaratória da indignidade (o indigno só é afastado da sucessão mediante sentença 
judicial transitada em julgado). (Art. 1815) 
 
3. CAUSAS DE EXCLUSÃO POR INDIGNIDADE 
 
Os atos ofensivos que caracterizam a indignidade estão enumerados de forma taxativa (numerus 
clausus) no art. 1814 do CC – não comportando interpretação extensiva ou por analogia. 
*Para Maria Berenice Dias, a escolha feita pelo legislador reproduz uma preocupação antiquada e 
conservadora, pois prioriza a imagem social e deixa de fora crimes que têm repercussão mais danosa à 
pessoa da vítima. Melhor seria delegar ao juiz o encargo de identificar se o ato do herdeiro justificaria a 
exclusão da herança. Por exemplo, é um absurdo excluir da sucessão o filho que cometeu injúria contra 
a mãe e contemplá-lo se ele a estuprou (já que o estupro não está no rol do art. 1814). 
 
- De acordo com o art. 1814, CC, consideram-se indignos: 
 
3.1. os que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa 
deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou 
descendente. 
 
O inc. I trata da mais grave de todas as causas, pois a ingratidão do herdeiro neste caso é evidente. Há 
até um provérbio alemão que se amolda a esta hipótese, que diz: “mão   ensanguentada   não   apanha  
herança”. 
 
Observa-se que não é necessário que o herdeiro seja autor do homicídio, se for co-autor ou partícipe é 
suficiente para sua exclusão. 
 
►  O  CC/1916  previa   a   hipótese   de   indignidade   se   o   homicídio   doloso   (consumado  ou   tentado)   fosse  
cometido contra o autor da herança. O CC/02 pune também o herdeiro que comete homicídio 
contra o cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente do autor da herança. 
 
►  Não se pune o homicídio culposo com a exclusão por indignidade. 
 
►  Não se exige que haja condenação criminal para que o indigno seja excluído da sucessão. O 
indigno é quem comete o fato e não quem sofre a condenação penal. 
- A prova do fato e da culpabilidade pode ser feita no juízo cível. 
 
- Se houver sentença condenatória, reconhecendo a materialidade e autoria do causador do dano, além 
do dolo, não há que se reexaminar a questão no cível. Por outro lado, se houver absolvição em razão da 
inexistência do crime ou da autoria, a exclusão por indignidade será afastada. 
 
- Prevalece no Brasil o princípio da independência da responsabilidade civil em relação à penal (art. 935, 
CC) – Enquanto os fatos não estiverem definidos na esfera criminal, as ações cível e criminal correrão de 
forma independente e autônoma para apurar ambas as responsabilidades: a civil e a penal. Se já foi 
proferida sentença criminal condenatória, é porque se reconheceu a culpa ou dolo do causador do dano 
e a sentença faz coisa julgada no cível. 
 
Se o réu for absolvido na esfera penal por alguma excludente de antijuridicidade também se afasta a 
pena de indignidade, porque não houve voluntariedade, não existiu o elemento subjetivo (dolo). 
*Da mesma forma acontece nos casos de loucura/embriaguez, aberratio ictus - art. 73, CP - erro na 
execução ou erro por acidente (A quer matar B e atira nele, por desvio, má pontaria, acerta C); e nos 
casos de erro sobre a pessoa (A quer matar B, vê C na rua e atira nele pensando ser B), porque o ato 
lesivo não foi voluntário. 
 
►   Há   autores   que   entendem   que   a   instigação/induzimento   ao   suicídio   deve   equiparar-se ao 
homicídio doloso para efeito de indignidade. 
 
OBS: se o menor comete o delito, a doutrina diverge se pode ser declarado indigno. Chega a ser imoral 
que um adolescente possa se beneficiar de sua menoridade e receber a herança, após ter matado o pai. 
 
3.2 os que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem em 
crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro. 
 
O inciso II aponta duas hipóteses de exclusão: 
3.2.1 – denunciação caluniosa em juízo contra o de cujus (art. 339, CP) 
A lei exige que a imputação do crime tenha sido proferida em juízo (não importa em indignidade se o 
herdeiro a fizer em jornais, livros, cartas, ou até mesmo na esfera administrativa). 
- a jurisprudência restringe ainda mais, exigindo que a denunciação caluniosa tenha sido praticada em 
juízo criminal. Logo, acusação feita no juízo cível (em ação de separação, interdição, por exemplo) não 
conduziria à indignidade sucessória. 
 
*Giselda Hironaka critica: acha que pode ser feita a acusação caluniosa em qualquer juízo, porque o que 
a lei exige é que o fato imputado caluniosamente seja considerado crime. 
 
- Também não há necessidade de condenação criminal, basta que tenha sido instaurado o procedimento 
ou investigação em virtude da postulação do herdeiro que imputou caluniosamente ao autor da herança a 
prática de um crime. 
 
3.2.2 – prática de crimes contra a honra do de cujus, ou de seu cônjuge/companheiro. 
Crimes contra a honra – calúnia, difamação e injúria (arts. 138 a 140 do CP) 
Há quem diga que, pela má redação do art. 1814, II, CC o crime de denunciação caluniosa só exclui o 
herdeiro se praticado contra o de cujus. Se for contra o companheiro/cônjuge não exclui. 
A melhor solução apontada pela doutrina e pela jurisprudência é quem em ambos os casos (denunciação 
caluniosa e crimes contra a honra), a regra atinja a ofensa ao autor da herança e ao 
cônjuge/companheiro. 
 
Também não é necessário haver condenação criminal. Para Washington de Barros Monteiro é 
necessário. 
 
É possível ocorrer crime contra a honra mesmo após a morte da vítima (art. 138, § 2º, CP). 
 
3.3 os que por violência ou meios fraudulentos inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor 
livremente de seus bens por ato de última vontade. 
A lei preserva a liberdade de testar – a vontade testamentária deve ser livre 
- A inibição ou impedimento pode ser tanto mediante violência (física) ou fraude (moral). 
 
- Esta regra visa punir quem atenta contar a liberdade de testar – ex: impedir a feitura de testamento; 
alterar o que estava pronto; exercer pressão sobre o testador; ocultar, viciar, inutilizar ou falsificar o 
testamento; atrapalhar o cumprimento das disposições testamentárias. 
 
A fraude e a violência são vícios que podem ensejar a anulação do testamento. Isso não impede que o 
indigno sofra a pena de exclusão da sucessão. 
 
4. PROCEDIMENTO PARA A EXCLUSÃO 
Art. 1815 
Depende de propositura de ação específica (declaratória de indignidade), intentada por quem 
tenha interesse na sucessão. 
 
O CC/1916 estabelecia que a ação só podia ser proposta por quem tivesse interesse na sucessão. Ex: 
um filho do falecido ajuizava a demanda para excluir seu irmão indigno. O CC/02 não prevê 
expressamenteque a ação deve ser movida por quem tenha interesse na sucessão. Mas deve-se 
observar a regra geral do art. 3º do CPC que dispõe que “para  propor  ou  contestar  a  ação  é  necessário  
ter  interesse  e  legitimidade”. 
 
- Por certo que prevalece implícito o princípio de que a ação de exclusão por indignidade deve ser 
proposta por quem tenha interesse na sucessão. Se o interessado permanece inerte, não pratica ato 
ilícito, é apenas uma opção. 
 
Têm interesse: o coerdeiro favorecido com a exclusão do indigno; o Município, o DF e a União na falta de 
outros sucessores legítimos e testamentários 
 
- Os credores do interessado (que seria beneficiado com a exclusão) não têm legitimidade para 
propor a ação – Ninguém pode pleitear direito alheio em nome próprio,salvo quando autorizado por lei 
(art. 6º, CPC). 
- Há quem entenda que o MP tem legitimidade para propor a ação (por ser o guardião da ordem jurídica 
e haver interesse público e social de evitar que o sucessor ingrato receba vantagem, beneficiando-se do 
patrimônio deixado por sua vítima). Principalmente no caso de interessados menores ou de inexistência 
de outros herdeiros. 
Para quem entende que o MP não é parte legítima os menores devem estar representados por seus 
representantes legais e não havendo outros herdeiros que não o indigno, cabe ao Município, DF e União 
requerer sua exclusão da sucessão (art. 1844) 
 
►  a ação deve seguir o rito ordinário para permitir maior produção de provas e assegurar a ampla 
defesa do acusado de indignidade. 
►Prazo decadencial de 04 anos para a propositura da ação – 04 anos contados da abertura da 
sucessão (Art. 1815, p. único, CC). 
Com o óbito do indigno antes da sentença, extingue-se a ação, já que a indignidade é uma sanção civil, 
tem caráter de pena, e não pode passar da pessoa do indigno. 
 
- A ação para exclusão do indigno não pode ser proposta em vida do autor da herança, até mesmo 
pela inexistência de sucessão, o que acarretaria a ausência de interesse processual 
(necessidade/utilidade). 
 
- Em vida, o ofendido pode deserdar o seu ofensor. 
 
5- EFEITOS DA INDIGNIDADE 
O reconhecimento judicial da indignidade produz vários efeitos, dentre eles: 
 
5.1 descendentes do herdeiro excluído sucedem como se aquele fosse morto antes da abertura 
da sucessão- pré-morto (art. 1816). 
 
Os efeitos da exclusão são pessoais. Os herdeiros sucedem o indigno por representação como se ele 
fosse pré-morto. Fundamenta-se no princípio de que a pena não pode passar da pessoa do delinquente 
(princípio da personalização da pena). 
 
Somente os DESCENDENTES sucedem o indigno. Se não existirem, os demais herdeiros receberão a 
parte do indigno. 
 
Os bens retirados do indigno chamam-se ereptícios. 
 
5.2. os efeitos da sentença retroagem à data da abertura da sucessão – o indigno é considerado pré-
morto ao de cujus – Como consequência deve restituir os frutos e rendimentos que dos bens da herança 
houver percebido, mas tem direito à ser indenizado pelas despesas com a conservação dos bens (art. 
1817, p. único). 
5.3. o excluído da sucessão não terá direito ao usufruto e administração dos bens que passem a 
seus sucessores, nem à sucessão eventual desses bens. (art. 1816, p. único). 
 
 Os pais são, por lei (art. 1689, I e II), usufrutuários e administradores dos bens dos filhos menores. 
 Esta regra (art. 1816, p. único) impede que o indigno tire proveito, indiretamente, das rendas 
produzidas pela herança da qual foi afastado. 
 A lei impede também que o indigno herde de seus descendentes quanto aos bens que ele receberam 
do de cujus em decorrência da exclusão daquele por indignidade. 
 
6- REABILITAÇÃO OU PERDÃO DO INDIGNO (art. 1818) 
►  O  herdeiro  que  incorre  em  indignidade  pode  ser  perdoado  pelo  ofendido,  porque  ninguém  melhor  que  
ele para avaliar o grau da ofensa. 
É ato formal e privativo da vítima, é ato personalíssimo,só o próprio ofendido pode fazê-lo. 
 
- A lei impõe ao ofendido que o faça por declaração expressa em testamento ou ato autêntico 
(escritura pública ou declaração feita em cartório autenticada por escrivão). Não tem valor documento 
particular, declarações verbais, cartas, etc. 
*Maria Berenice Dias entende que o escrito particular firmado pelo de cujus e por duas testemunhas, 
bem como o codicilo, são válidos para a reabilitação do indigno. 
- Admite-se o perdão tácito ou parcial (art. 1818, p. único) somente na via testamentária quando o 
testador houver, após a ofensa, contemplado o indigno em testamento. (Neste caso este poderá 
suceder no limite da deixa testamentária). 
 
- Para a maioria da doutrina, o perdão, uma vez concedido, é irretratável. 
 
- Nulo o testamento que contém o perdão, este não terá efeito, salto se tiver sido adotada a forma pública 
de testamento, quando poderá valer como ato autêntico. 
 
7- VALIDADE DOS ATOS PRATICADOS PELO HERDEIRO APARENTE - art. 1817, caput 
 
O excluído da sucessão é considerado herdeiro aparente em relação às alienações onerosas efetuadas 
a terceiros de boa-fé. 
 
- Via de regra, para todos os demais efeitos, a sentença de exclusão retroage, exceto para invalidar os 
atos praticados pelo indigno, neste caso a sentença tem efeito ex nunc, sendo válidas as alienações 
efetuadas pelo excluído antes da sentença. 
 
Decorre da necessidade de privilegiar a boa fé de terceiros que negociaram com o falso herdeiro (art. 
1827, p. único). 
 
- Herdeiro aparente: é o que se encontra na posse dos bens hereditários como se fosse legítimo 
sucessor do de cujus, assumindo posição notória, ostensiva, sendo por todos considerado, por força de 
erro comum ou geral, como verdadeiro herdeiro. (Zeno Veloso). 
 
- Para que os atos praticados sejam válidos é necessário que o negócio tenha sido realizado a título 
oneroso. A alienação feita a título gratuito pelo indigno antes da sentença de exclusão não será 
considerada válida, devendo prevalecer o direito do herdeiro real. 
Portanto, para a validade do ato praticado pelo herdeiro aparente é necessário : negócio jurídico oneroso 
e terceiros adquirentes de boa-fé. 
 
x A intenção do legislador é prestigiar a boa fé do terceiro adquirente. Se provada a má-fé do 
contratante, consistente no conhecimento de tratar-se o vendedor de herdeiro indigno/aparente, 
não se convalida a alienação, pois assumiu o risco natural de aquisição de bem de quem tinha o 
risco de perder a propriedade. 
x Além disso, se a disposição da herança ocorrer a título gratuito (o herdeiro indigno doar algum 
bem a terceiro), o ato não será válido, pois o terceiro não terá prejuízo, apenas será privado de 
um  ganho.  O  art.  1817  se  aplica  apenas  às  “alienações  onerosas”. 
- Aos herdeiros prejudicados subsiste o direito de propor ação objetivando o ressarcimento de perdas e 
danos contra o herdeiro aparente. 
 
8. DISTINÇÕES ENTRE ILEGITIMIDADE PARA SUCEDER, INDIGNIDADE E DESERDAÇÃO 
 
INDIGNIDADE ILEGITIMIDADE PARA 
SUCECER 
DESERDAÇÃO 
Perda da aptidão para suceder 
por culpa do beneficiado 
Inaptidão de alguém para receber 
a herança por motivos de ordem 
geral, independentemente de seu 
mérito ou demérito 
Exclusão de herdeiro necessário 
por ato do testador, com base em 
uma das causas previstas em lei 
Obsta à conservação da herança Impede que nasça o direito à 
sucessão 
Obsta à conservação da herança 
Decorre da lei e pode atingir 
todos os sucessores (legítimos 
ou testamentários e legatários) 
É também chamada 
incapacidade sucessória 
Só ocorre na sucessão 
testamentária e serve para afastar 
herdeiros necessários. Para excluir 
os colaterais, basta que o testador 
não os contemple em testamento. 
O indigno adquire a herança 
quando da abertura da sucessão 
e vem a perdê-la com o trânsito 
em julgado da sentença que o 
exclui da sucessão. 
O incapaz sucessório não 
adquire a herança em momentoalgum 
O deserdado adquire a herança na 
abertura da sucessão e a perde 
quando da sentença da ação 
ordinária – art. 1965, CC 
A vontade do de cujus de excluir 
o ingrato é presumida (decorre 
da lei). 
A incapacidade decorre da lei, 
que determina quem é legitimado 
a suceder. 
A vontade do de cujus de excluir é 
expressa (no testamento) 
Hipóteses expressamente 
previstas no art. 1814, CC 
 Art. 1798 a 1803, CC. Hipóteses de deserdação: todas 
as da indignidade, além das 
previstas no art. 1962 e 1963, CC 
 
HERANÇA JACENTE E HERANÇA VACANTE 
 
� HERANÇA JACENTE 
 
Maria Helena Diniz: “ter-se-á herança jacente quando não houver herdeiro legítimo ou testamentário, 
notoriamente conhecido, ou quando for repudiada pelas pessoas sucessíveis”. 
 
▸Quando se abre a sucessão e o de cujus não deixou herdeiros nem testamento, diz-se que a herança é 
jacente (art. 1819, CC). 
 
- A herança é jacente quando não há quem dela possa cuidar legitimamente. 
Existe jacência quando não se sabe de herdeiros: ou porque não existem, ou porque não se sabe 
de sua existência, ou ainda porque os herdeiros conhecidos renunciaram à herança. 
- A herança jacente tem uma série de medidas que objetiva proteger os bens de um titular ainda 
desconhecido. 
- A jacência não se confunde com a vacância. O estado de jacência é uma passagem fática, 
transitória. A vacância é a entrega dos bens à Fazenda Pública por não haver herdeiros que se habilitem 
no período da jacência. 
 
1.1. Natureza Jurídica 
Segundo Silvio Venosa a herança jacente é uma entidade com personificação anômala, representada 
por um curador. Para Carlos Roberto Gonçalves é um ente despersonalizado – um acervo de bens 
administrado por um curador, sob a fiscalização da autoridade judiciária, até que se habilitem os 
herdeiros incertos ou desconhecidos, ou se declare a vacância. 
 
1.2. Características 
- transitoriedade 
- A herança jacente tem legitimação ativa e passiva para estar em juízo. O CPC (art. 12, IV) determina a 
representação processual por um curador (tanto da herança jacente quanto da herança vacante). 
 
- Herança jacente é diferente de espólio (apesar de ambos não terem personalidade jurídica), porque na 
primeira a sucessão ocorre porque não há herdeiros conhecidos e no segundo os herdeiros são 
conhecidos. 
- O procedimento de arrecadação dos bens da herança jacente vem disciplinado nos arts. 1142 a1158 do 
CPC. 
 
1.3 Hipóteses de Jacência 
 
- sem testamento: pode ocorrer tanto na inexistência de herdeiros conhecidos como na renúncia da 
herança pelos herdeiros conhecidos. 
- com testamento: quando o herdeiro testamentário não existir ou não aceitar a herança e não houver 
herdeiros das demais classes. 
 
OBS: Há outros casos de jacência. Ex: testador nomeia filho já concebido e ainda não nascido de 
determinada pessoa, a herança é arrecadada como jacente e aguarda-se o nascimento com vida do 
beneficiário, se este não ocorre no prazo de dois anos, a herança passa aos herdeiros legítimos (art. 
1800, §§ 3º e 4º). Quando o de cujus deixa bens para uma pessoa jurídica ainda em formação; 
pendência de condição suspensiva. NENHUMA DESSAS SITUAÇÕES CONDUZ À VACÂNCIA DA 
HERANÇA. 
 
2. HERANÇA VACANTE (art. 1820, CC) 
A vacância é o estado definitivo da herança que foi jacente. 
Não havendo herdeiro aparente o juiz promove a arrecadação dos bens para preservar o acervo e 
entregá-lo aos herdeiros que se apresentem ou ao Poder Público, caso a herança seja declarada 
vacante. 
Os bens são arrecadados para evitar a dilapidação por terceiros ou para que não desapareçam. 
A declaração de vacância é condição indispensável para que a herança seja incorporada ao domínio 
público. 
 
Enquanto isso a herança permanecerá sob a guarda de um curador, nomeado livremente pelo juiz (art. 
1819, CC; 1143, CPC). 
 
Segundo Sílvio Rodrigues “herança  vacante  é  a  que  não  foi  disputada com êxito por qualquer herdeiro e 
que,  judicialmente,  foi  declarada  de  ninguém” 
 
- A declaração de vacância põe fim ao estado de jacência da herança e a devolve ao Poder Público 
(Município, DF ou União). 
 
Neste caso, como o Estado não é herdeiro, os bens não se transmitem no momento da abertura da 
sucessão, é indispensável que haja a declaração judicial da vacância e que transcorra o prazo de 05 
anos da abertura da sucessão para que o Estado receba os bens. 
 
OBS: O ente público não é herdeiro, não integra a ordem de vocação hereditária. Não pode renunciar à 
herança porque é sucessor obrigatório (sucessor por força de lei). Deve aplicar os bens e valores que 
receber em fundações destinadas ao desenvolvimento do ensino universitário, sob a fiscalização do 
Ministério Público (Decreto Lei 8207/45). 
 
- Procedimento de arrecadação dos bens (natureza cautelar) – arts. 1142 a 1158 do CPC: 
 
O procedimento tem 04 fases: a arrecadação dos bens; a publicação dos editais e procura de herdeiros; 
a entrega dos bens ao ente publico; e a definitiva transferência dos bens ao Poder Público (Município ou 
DF). 
►Chegando   ao   conhecimento   do   juiz   da   comarca   onde   o   de cujus tinha domicílio, de que este não 
deixou sucessores conhecidos, o juiz, de ofício, instaura o procedimento de arrecadação da herança 
considerada jacente. O Ministério Público, a Fazenda Pública ou outro interessado podem comunicar ao 
juiz para que seja instaurado o procedimento de arrecadação. (Caso excepcional dentro da lei 
processual, onde o juiz age de ofício e inicia um processo por portaria) 
 
►  Feita  a  arrecadação  da  herança  jacente  (lavrado  o auto de arrecadação), os bens da herança ficarão 
sob a guarda e administração de um curador (remunerado). 
 
►  Serão  publicados  editais  com  prazo  de  06  meses,  contados  da  primeira  publicação,  reproduzidos  três  
vezes, com o intervalo de trinta dias, para que venham habilitar-se os sucessores (art. 1152, CPC). 
Passado um ano da primeira publicação e não havendo herdeiro habilitado nem habilitação pendente, a 
herança será declarada vacante (art. 1157, CPC e art. 1820, CC). 
 
►Decorrido um ano da primeira publicação dos editais, sem que haja herdeiro habilitado ou 
habilitação pendente, o juiz, após ouvir o MP e a Fazenda Pública, declarará, por sentença, vacante a 
herança, ocasião em que os bens são entregues ao Poder Público, ainda que não transferida a 
propriedade definitivamente. 
 
OBS: Se surge herdeiro no período da jacência, os efeitos desta desaparecem e a procedência da 
habilitação do herdeiro converte a arrecadação em inventário, excluindo a possibilidade de vacância (art. 
1153, CPC) 
OBS2: Se houver credor do falecido e este se habilitar, o juiz, ouvido o MP, o curador e a Fazenda 
Pública, se julgar procedente a habilitação, determinará o pagamento do débito até o limite das forças da 
herança. 
 
OBS3: Cabe lembrar que o CC dispõe no art. 1823 que quando todos os sucessores renunciarem 
à herança, ela será desde logo declarada vacante (para evitar o desnecessário processo de 
arrecadação). 
2.1 Efeitos da declaração de vacância Art. 1822 
- Põe fim à imprecisão que caracteriza a situação de jacência, estabelecendo a certeza jurídica de que o 
patrimônio hereditário não tem titular. 
- Promove a transferência dos bens para o Poder Público (não em caráter definitivo). O prazo de 
aquisição definitiva se conta da abertura da sucessão – 05 anos. 
- A declaração de vacância não impede que herdeiros necessários reivindiquem a herança enquanto não 
decorrido o prazo de 05 anos, contado da abertura da sucessão (art. 1822, caput) 
 
- Afasta da sucessão os colaterais que não se habilitarem até a declaração de vacância (art. 1822, p. 
único) 
- Art. 1821 – É reconhecido aos credores o direito de pedir o pagamento das dívidas reconhecidas, nos 
limites das forças da herança. 
- A sentença que converte a herança jacente em herançavacante promove a transferência dos bens, 
ainda que de forma resolúvel, para o Poder Público. O curador é obrigado a entregar os bens após um 
ano da primeira publicação dos editais, mas o prazo de aquisição definitiva (05 anos) não se conta deste 
fato e sim da abertura da sucessão. 
Lembrar: A declaração de vacância defere a propriedade dos bens arrecadados ao ente público, mas 
ainda não em caráter definitivo – propriedade resolúvel. 
OBS: O STJ tem admitido a aquisição por usucapião de bem da herança jacente se ainda não houve 
declaração de vacância (REsp 73458/SP e REsp 36959). 
 
“CIVIL.  USUCAPIÃO. HERANÇA JACENTE. O Estado não adquire a propriedade dos bens que 
integram a herança jacente, até que seja declarada a vacância, de modo que, nesse interregno, 
estão sujeitos à usucapião. Recurso  especial   não  conhecido”.   (Terceira Turma, Resp 36959-SP, 
Rel. Min. Ari Pargendler, j. 24.04.2001, DJ 11.06.2001, p. 196). 
 
“USUCAPIÃO. Herança jacente. O bem integrante de herança jacente só é devolvido ao Estado 
com a sentença de declaração da vacância, podendo, até ali, ser possuído ad usucapionem. 
Precedentes.  Recursos  não  conhecidos.”  (Quarta  Turma.  REsp  253719-RJ, Rel. Min, Ruy Rosado 
de Aguiar, j. 26.09.2000) 
 
 
SUCESSÃO LEGÍTIMA 
 
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
-A sucessão dá-se por lei ou ato de última vontade (art. 1786). É a sucessão deferida por determinação 
legal. 
CONCEITO- Sucessão legítima ou ab intestato é a sucessão que ocorre quando não há 
testamento; ou ainda em caso de invalidade ou caducidade do testamento, além também da 
sucessão em relação aos bens não contemplados no testamento. Em razão disso, se diz que a 
sucessão legítima tem caráter subsidiário (art. 1788, CC). 
OBS: A sucessão testamentária pode ocorrer simultaneamente à sucessão legítima, em havendo 
herdeiro necessário a quem a lei assegura o direito à legítima ou quando o testador dispõe apenas de 
parte dos seus bens no testamento. 
►  Herdeiros legítimos – pessoas indicadas pela lei em ordem preferencial. Este gênero se subdivide 
em duas espécies: 
- herdeiros necessários (legitimários ou reservatários) – descendentes, ascendentes e o cônjuge. A 
existência desses herdeiros impede a disposição por ato de última vontade, dos bens constitutivos da 
legítima ou reserva (art. 1789) 
- herdeiros facultativos (colaterais) – herdam na falta de herdeiros necessários e na falta de 
testamento. Para serem excluídos da sucessão, basta que o testador disponha de seu patrimônio por 
inteiro, sem contemplá-los. (Havendo só herdeiros facultativos, a liberdade de testar é plena). 
Todo herdeiro necessário é legítimo, mas nem todo herdeiro legítimo é necessário. 
►  herdeiro testamentário – herdeiro nomeado em testamento a título universal. 
 
Como já dito, falecendo o de cujus ab intestato (sem deixar testamento) a herança é deferida a 
determinadas pessoas. O chamamento dos sucessores é feito de acordo com uma sequência, 
denominada ORDEM DE VOCAÇÃO HEREDITÁRIA. 
 
2. ORDEM DE VOCAÇÃO HEREDITÁRIA 
 
Para Sílvio Rodrigues, trata-se da relação preferencial, estabelecida pela lei, das pessoas que são 
chamadas a suceder ao finado. 
- Consiste na distribuição dos herdeiros em classes preferenciais, baseadas na proximidade com o de 
cujus e nas relações de família e de sangue, conforme se vê pelo disposto no art. 1829, CC. 
Pode-se dizer que todos os parentes são herdeiros em potencial. 
Para a ordem de vocação hereditária, a lei se inspirou na vontade presumida do autor da herança – Já 
que na ordem das afeições familiares, o amor primeiro desce, depois sobe e em seguida dilata-se. 
 
Se o de cujus quisesse beneficiar pessoa diferente dos herdeiros legítimos teria feito testamento; se não 
o fez presume-se que gostaria que os bens passassem às pessoas da família na ordem de vocação 
hereditária. 
►  O  chamamento  dos  sucessores  é   feito  por  classes,  e  uma  classe  só  é  chamada  a  suceder  se  não  
houver herdeiros da classe precedente. Há uma hierarquia de classes, obedecendo a uma ordem, por 
isso se diz que a ordem é preferencial. A existência de herdeiros de uma classe exclui o 
chamamento dos herdeiros da classe subseqüente. 
- Somente na hipótese da classe estar vazia é que se chamam os integrantes da classe subsequente. A 
presença de um único herdeiro de uma classe, afasta as demais classes. 
 
- São quatro classes (art. 1829): 
 
•1º  lugar  – descendentes (filhos, netos, bisnetos, etc) em concorrência com o cônjuge sobrevivente 
•2º  lugar  – ascendentes (pais, avós, bisavós, trisavós, etc.) em concorrência com o cônjuge sobrevivente. 
•3º  lugar  – cônjuge sobrevivente 
•4ª  lugar- colaterais (irmãos, sobrinhos, tios, primos, sobrinhos-netos e tios-avós). 
 
Logo, se o autor da herança deixar descendentes e ascendentes vivos, só os primeiros herdarão. 
*Na ausência de herdeiros ou se todos renunciarem à herança, esta jaz sem dono – é recolhida como 
jacente e devolvida ao ente público em que os bens estão localizados. O ente público não é herdeiro, 
recebe os bens em razão da declaração de vacância. 
OBS: A omissão do companheiro no art. 1829 é uma falha legislativa, que pode ser suprida pelo art. 
1844. Embora reconhecidos, os seus direitos são disciplinados em local inadequado, no capítulo das 
disposições gerais (art. 1790, CC). 
OBS2: A ordem de vocação hereditária se restringe ao rol do art. 1829, não incluindo parentes por 
afinidade ou dependentes. 
No CC/1916 a ordem de vocação tinha caráter absoluto – estabelecia uma sequência de vocação 
essencialmente compartimentada, sem qualquer espécie de concorrência entre as classes. 
 
 - O CC/02 estabeleceu a concorrência dos cônjuges ou companheiros supérstites sem prejudicar 
a ordem de vocação tradicionalmente aceita pelo ordenamento jurídico. 
O cônjuge além de concorrer com descendentes ou ascendentes só herdará a totalidade da herança 
se não houver descendente e ascendentes, e os colaterais só herdarão se não houver, 
descendentes, ascendentes e cônjuge sobrevivente. 
 
OBS2: O CC/02 trouxe importantes mudanças na ordem de vocação hereditária: 
� excluiu o município, o DF e a União (Poder Público) do rol de herdeiros legítimos, vez que estes não 
adquirem os bens com a morte do de cujus pelo Princípio da Saisine e sim somente após a declaração 
de vacância. 
� Colocou o cônjuge no rol dos herdeiros necessários e em concorrência com os descendentes e 
ascendentes. 
OBS: A sucessão que não obedece a ordem de vocação hereditária é considerada anômala ou 
irregular. 
Ex: Lei 6858/80 - alvará para levantamento de valores devidos pelos empregadores aos empregados, 
saldos de contas vinculadas do FGTS e PIS/PASEP e de contas bancárias, poupanças e fundos de 
investimentos. Serão pagos em quotas iguais aos dependentes habilitados perante a previdência social, 
não havendo outros bens sujeitos à inventário. 
 
2.1 SUCESSÃO DOS DESCENDENTES 
A Lei privilegia a classe dos descendentes colocando-os em primeiro plano no rol dos herdeiros 
sucessíveis. Tal fato tem como fundamento a continuidade da vida humana e a vontade presumida do 
autor da herança. 
-Genericamente, contemplam-se todos os descendentes (filhos, netos, bisnetos), porém os de grau mais 
próximo excluem os mais remotos, salvo os chamados por direito de representação (art. 1833) 
•  Assim, em primeiro lugar são chamados os filhos do falecido (sucedem por cabeça e por direito 
próprio), recebendo cada um quota igual da herança, porque se acham à mesma distância do pai como 
parentes em linha reta. 
•Na  falta  de  filhos,  chamam-se os netos, e posteriormente os bisnetos, ressalvada a possibilidade 
de haver representação. 
 
*Direito de representação – benefício da lei, em virtude do qual os descendentes de uma pessoa 
falecida, são chamados a substituí-la na qualidade de herdeira legítima, exercendo o direito hereditário 
que a ela cabia.

Outros materiais