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Aula 05
Controle Externo p/ TCU ? Técnico e Auditor (Tecnologia da Informação e
Biblioteconomia)
Professor: Erick Alves
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Olá pessoal! 
Nosso objetivo nesta aula é estudar as principais características do 
julgamento de contas, cobrindo os seguintes assuntos: 
9 Tomada e prestação de contas
9 Tomada de contas especial
Para tanto, seguiremos o seguinte sumário: 
SUMÁRIO 
Tomada e prestação de contas ....................................................................................................................................... 2 
Dever de prestar contas.................................................................................................................................................... 2 
Contas de gestão .................................................................................................................................................................. 6 
Tomada de contas especial .......................................................................................................................................... 16 
Decisões em processos de contas .............................................................................................................................. 32 
Decisão preliminar .......................................................................................................................................................... 32 
Decisão definitiva ............................................................................................................................................................. 34 
Decisão terminativa ........................................................................................................................................................ 47 
Mais questões de prova ................................................................................................................................................... 79 
RESUMÃO DA AULA ........................................................................................................................................................... 94 
Questões comentadas na Aula..................................................................................................................................... 96 
Gabarito .................................................................................................................................................................................110 
O julgamento de contas é assunto importante, diretamente relacionado 
com a jurisdição do TCU, que vimos na Aula 01. E é bastante explorado nas 
provas; portanto, bastante atenção! 
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TOMADA E PRESTAÇÃO DE CONTAS 
Como sabemos, uma das principais competências dos Tribunais de 
Contas é julgar as contas dos administradores e dos demais responsáveis 
por dinheiros, bens e valores públicos, nos termos da Constituição Federal 
(art. 71, II). Ao TCU, em particular, compete julgar as contas dos 
responsáveis por recursos provenientes do orçamento da União, ou pelos 
quais o Governo Federal responda. 
Por meio do julgamento de contas, o Tribunal avalia e decide sobre a 
legalidade, legitimidade e economicidade dos atos de gestão dos seus 
jurisdicionados. Para tanto, os responsáveis devem prestar contas por meio 
de documentos e informações de natureza contábil, financeira, 
orçamentária, operacional ou patrimonial que evidenciem a boa e regular 
aplicação dos recursos públicos. 
Nos tópicos seguintes, veremos os procedimentos e demais 
características do julgamento de contas no âmbito do TCU. 
DEVER DE PRESTAR CONTAS 
Nos termos do Regimento Interno (art. 188), as pessoas a seguir têm o 
dever de prestar contas ao TCU para julgamento: 
ƒ Qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde,
gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União
responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária;
ƒ Os dirigentes de empresas públicas e sociedades de economia mista constituídas
com recursos da União;
ƒ Os dirigentes ou liquidantes das empresas encampadas ou sob intervenção ou que,
de qualquer modo, venham a integrar, provisória ou permanentemente, o
patrimônio da União ou de outra entidade federal;
ƒ Os responsáveis pelas contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital
social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado
constitutivo;
ƒ Os responsáveis por entidades dotadas de personalidade jurídica de direito privado
que recebam contribuições parafiscais e prestem serviço de interesse público ou
social;
ƒ Todos aqueles que lhe devam prestar contas ou cujos atos estejam sujeitos à sua
fiscalização por expressa disposição de lei;
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Essas pessoas são os jurisdicionados do Tribunal relacionados no 
art. 5º, I e III a VII do RI/TCU. As contas desses administradores e 
responsáveis devem ser submetidas anualmente a julgamento do Tribunal, 
sob a forma de tomada ou prestação de contas, organizadas de acordo 
com as regras estabelecidas em Instrução Normativa1 do próprio TCU. 
Na mesma linha, a IN TCU 63/2010 (art. 2º) dispõe que os 
responsáveis pelas seguintes unidades jurisdicionadas estão sujeitos à 
constituição de processo de contas para julgamento: 
ƒ Órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta, incluídas as
fundações e empresas estatais, bem como suas unidades internas;
ƒ Fundos cujo controle se enquadre como competência do Tribunal;
ƒ Serviços sociais autônomos;
ƒ Contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União
participe, de forma direta ou indireta, nos termos do respectivo tratado constitutivo;
ƒ Empresas encampadas, sob intervenção federal, ou que, de qualquer modo, venham
a integrar, provisória ou permanentemente, o patrimônio da União ou de entidade
pública federal;
ƒ Entidades cujos gestores, em razão de previsão legal, devam prestar contas ao
Tribunal;
ƒ Programas de governo constantes do Plano Plurianual previsto no inciso I do art. 165
da Constituição Federal;
ƒ Consórcios públicos em que a União figure como consorciada;
ƒ Entidades de fiscalização do exercício profissional.
Todavia, o TCU, a seu critério, pode dispensá-los da obrigação de 
enviar suas contas para julgamento (LO/TCU, art. 6º). Com efeito, 
anualmente o Tribunal define, em Decisão Normativa, as unidades 
jurisdicionadas cujos responsáveis terão processos de contas ordinárias 
constituídos para julgamento. Os responsáveis pelas unidades 
jurisdicionadas não relacionadas na referida Decisão Normativa, em regra, 
não terão as contas do respectivo exercício julgadas pelo Tribunal. 
A possibilidade de dispensa é apenas uma maneira de conferir maior 
efetividade e qualidade ao exame e julgamento das contas anuais, mediante 
1 Atualmente, a IN 63/2010 alterada pela IN 72/2013 estabelece normas de organização e de apresentação 
dos processos de contas da administração pública federal para julgamento do Tribunal de Contas da União. 
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a racionalização da quantidade de processosanalisados pelo Tribunal, 
segundo critérios de materialidade, relevância e risco. Assim, a Corte pode 
concentrar sua força de trabalho na análise das contas das entidades que 
administram maiores orçamentos, que desempenham funções mais sensíveis 
para a sociedade ou, ainda, que apresentam maior histórico de problemas. 
Porém, frise-se: a regra é a prestação de contas! 
A dispensa eventualmente concedida pelo Tribunal refere-se 
apenas à constituição de processo de contas ordinárias. 
Como veremos daqui a pouco, os responsáveis pelas 
entidades dispensadas ainda devem prestar contas, mediante a apresentação de 
relatórios de gestão, os quais, diferentemente dos processos de contas, não são 
julgados pelo Tribunal. Ademais, as entidades dispensadas continuam sujeitas à 
fiscalização do TCU, podendo ser objeto de uma auditoria, por exemplo. 
Quanto à dispensa de prestar contas, em respeito ao art. 5º, XXXV, da 
Constituição Federal (inafastabilidade da tutela jurisdicional), há ainda a 
possiblidade de o Poder Judiciário julgar que determinada pessoa não 
está obrigada a prestar contas ao Tribunal. Por exemplo, em um julgado 
antigo, o STF decidiu que não caberia aos Tribunais de Contas julgarem as 
contas de administradores de entidades de direito privado, ainda que com 
capital majoritário do Estado, como as sociedades de economia mista. Os 
TCs foram obrigados a respeitar esse entendimento enquanto esteve em 
vigor. Porém, em 2005, o Supremo modificou sua posição (MS 25.092), 
fixando o novo e atual entendimento de que tais entidades estão, sim, 
obrigadas a prestar contas. 
Prosseguindo... Você percebeu que os jurisdicionados sujeitos à tomada 
ou prestação de contas anuais são apenas os relacionados nos incisos I e III 
a VII do art. 5º do RI/TCU? E os demais, que estão nos incisos II e VIII a X, 
não devem prestar contas? Na verdade, eles prestam sim, mas não 
mediante a apresentação de contas ordinárias anuais. Vejamos... 
Aqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de 
que resulte dano ao erário (inciso II) não têm o dever de prestar contas 
ordinárias ao TCU para julgamento. Isso é óbvio, pois é difícil imaginar que 
esses responsáveis compareçam espontaneamente perante o Tribunal 
constituindo um processo de contas ordinárias para confessar a prática de 
irregularidades. De toda sorte, as contas dos causadores de dano erário, 
mesmo que não vinculados à Administração Pública, são julgadas por meio 
de tomada de contas especial, que possui caráter eventual e não 
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ordinário, haja vista que só é instaurada quando se tem conhecimento de 
algum prejuízo ao erário, servindo para apurar somente este dano, e não a 
gestão do exercício inteiro, como é feito nas contas ordinárias anuais. 
Ademais, a instauração da tomada de contas especial e seu posterior envio 
ao TCU deve ser, em regra, de iniciativa da autoridade administrativa com 
ascendência hierárquica sobre o causador do dano ao erário, como veremos 
em detalhe na sequência desta aula. As contas ordinárias, ao contrário, 
devem ser constituídas por iniciativa do próprio administrador responsável 
pelas contas. 
Por sua vez, os responsáveis pela aplicação de quaisquer recursos 
repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros 
instrumentos congêneres, a estado, ao Distrito Federal, a município, e a 
qualquer outra pessoa, física ou jurídica, pública ou privada (inciso VIII), em 
regra, não prestam contas diretamente ao TCU, mas respondem pela boa e 
regular aplicação desses recursos perante o órgão ou entidade da União 
que os repassou, apresentando todos os documentos, informações e 
demonstrativos necessários à composição dos relatórios de gestão e dos 
processos de contas dos responsáveis pela unidade jurisdicionada 
repassadora. Esta, por sua vez, deve evidenciar ao Tribunal, em sua própria 
prestação de contas, como foi feita a utilização dos recursos por ela 
repassados. Portanto, as prestações de contas dos responsáveis pela 
aplicação de recursos repassados pela União só chegarão ao TCU por 
intermédio das contas do órgão ou entidade repassador. Eles somente 
prestam contas diretamente ao Tribunal no caso de dano ao erário ou 
omissão no dever de prestar contas ao órgão repassador, situações 
ensejadoras de tomada de contas especial, que veremos daqui a pouco. 
Nessa hipótese, eles se enquadrariam no inciso II do art. 5º (responsáveis 
por dar causa a dano ao erário). 
Já os sucessores dos administradores e responsáveis (inciso IX) não 
estão sujeitos a prestar contas anualmente porque, a rigor, não são 
responsáveis pela gestão de recursos públicos. Eles apenas respondem pelo 
débito eventualmente imputado ao falecido, até o limite do patrimônio 
transferido. 
Por fim, os representantes nas assembleias (inciso X) estarão sob a 
jurisdição do TCU caso pratiquem atos de gestão ruinosa ou liberalidade à 
custa das respectivas sociedades. Dessa forma, ao se verificar essa situação 
específica, não ordinária ± causa de prejuízo às respectivas sociedades ± 
suas contas estarão sujeitas ao julgamento do Tribunal, mediante a 
instauração de tomada de contas especial. Nessa situação, os 
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representantes da União também se enquadrariam no inciso II do art. 5º 
(responsáveis por dar causa a dano ao erário). 
Vale lembrar que as entidades de fiscalização do exercício 
profissional não estão mais dispensadas de prestar contas, estando agora 
arroladas dentre as unidades sujeitas a apresentar relatório de gestão e a 
constituir processo de contas para julgamento. Na mesma linha, os 
consórcios públicos 2 com participação da União foram incluídos 
expressamente nesse rol a partir da IN TCU 73/2012. 
CONTAS DE GESTÃO 
O julgamento das contas de gestão constitui a materialização da 
competência reservada aos Tribunais de Contas pela primeira parte do 
inciso II do art. 71 da Constituição Federal: 
II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por 
dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas 
as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público (...) 
As contas de gestão ou contas ordinárias constituem processos de 
trabalho do controle externo destinados a avaliar e julgar o desempenho e 
a conformidade da gestão dos responsáveis em um determinado exercício 
financeiro, com base em documentos, informações e demonstrativos de 
natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional ou patrimonial, 
obtidos direta ou indiretamente. 
Assim, por exemplo, pode existir um processo de contas ordinárias do 
Ministério da Educação referente ao exercício de 2013, outro referente ao 
exercício de 2014 e assim por diante. O mesmo ocorre em relação às demais 
unidades da Administração Pública Federal e aos demais exercícios. 
Lembre-se que o Tribunal pode dispensar, a seu critério, alguma 
entidade de constituir processo de contas ordinárias. Com efeito, 
anualmente o TCU divulga uma relação de unidades jurisdicionadas (UJ) 
escolhidas para constituir o respectivo processo referente àquele exercício, 
segundo critérios de risco, materialidade e relevância. Tais unidades 
deverão submeter seu processo de contas para julgamento do TCU. 
As demais UJ ficam dispensadas de apresentar para julgamento as 
contas relativas ao referido exercício financeiro. Perceba, então, que a 
dispensa concedida pelo TCU refere-se apenas à constituição de processo 
2 A exemplo da Autoridade Pública Olímpica Ȃ APO, consórciointegrado pela União, o estado do Rio de 
Janeiro e o município do Rio de Janeiro 
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para julgamento. O dever de prestar contas permanece. Lembre-se do 
disposto no art. 70, parágrafo único da CF (prestará contas qualquer 
pessoa...). 
Enfim, as unidades dispensadas ainda estão sujeitas ao dever prestar 
contas, demonstrando ao TCU e à sociedade a boa e regular aplicação dos 
recursos públicos. A única diferença é que o farão de uma forma 
simplificada, mediante a apresentação dos respectivos relatórios de 
gestão, os quais ficarão disponíveis para livre consulta no portal do TCU na 
internet. O conteúdo desses relatórios deve abranger a totalidade da gestão 
da unidade, conforme definido pelo Tribunal. 
Em princípio, o TCU não irá deliberar sobre os relatórios de gestão, de 
modo que as contas dos responsáveis pelas unidades dispensadas 
não serão julgadas no exercício em que foram liberadas de apresentar 
processo de contas ordinárias, nos termos do art. 6º da LO/TCU. Entretanto, 
o Tribunal pode, em decisão específica, determinar que alguma dessas
unidades constitua processo de contas se, por exemplo, for constatado 
algum indício de irregularidade no relatório de gestão da unidade. Ademais, 
os responsáveis pelas unidades dispensadas de constituir processo de contas 
para julgamento também permanecem sujeitos às demais formas de 
fiscalização exercidas pelos controles interno e externo (IN TCU 63/2010, 
art. 4º, §1º). 
Para consolidar a importância do relatório de gestão como instrumento 
de prestação de contas, a IN TCU 63/2010 preceitua que a apresentação 
tempestiva do relatório de gestão, com o conteúdo e forma fixados em 
decisão normativa, configura o cumprimento da obrigação de prestar 
contas, nos termos do art. 70 da Constituição Federal. 
Em sentido contrário, a não apresentação do relatório de gestão no 
prazo fixado configura omissão no dever de prestar contas, além de 
caracterizar ato de improbidade administrativa. Verificada a omissão, o 
Tribunal determinará, em decisão específica, a constituição de processo de 
tomada de contas para citação do dirigente máximo da unidade 
jurisdicionada. Se o responsável não conseguir justificar a falta, suas contas 
serão julgadas irregulares e ele será condenado em débito. Nem mesmo a 
apresentação posterior do relatório de gestão afastará a irregularidade, 
podendo o débito ser afastado caso a documentação esteja de acordo com 
as normas legais e regulamentares e demonstre a boa e regular aplicação 
dos recursos. 
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Sintetizando: o Tribunal pode definir que determinada UJ constitua 
processo de contas ordinárias relativo ao exercício X e dispensá-la dessa 
responsabilidade no exercício seguinte, e assim por diante. Nos exercícios 
em que não sejam obrigados a constituir processo de contas, os 
responsáveis não terão suas contas julgadas pelo Tribunal, mas prestarão 
contas mesmo assim, enviando os relatórios de gestão referentes àqueles 
exercícios. 
CARACTERÍSTICAS DO MODELO DE CONTAS ORDINÁRIAS 
Prestação de contas (CF, art. 70) Julgamento de contas (CF, art. 71, II) 
x Materializada pelo envio dos relatórios
de gestão ao TCU.
x Universalidade: dever de todas as UJ.
x Publicidade no portal do TCU.
x Materializada pela constituição e envio de
processo de contas ao TCU para julgamento.
x Seletividade: algumas UJ são escolhidas, a
critério do TCU.
x TCU emite um julgamento, certificando a
regularidade, regularidade com ressalvas ou
irregularidade das contas.
Além das contas ordinárias, existem ainda os processos de contas 
extraordinárias, constituídos por ocasião da extinção, liquidação, 
dissolução, transformação, fusão, incorporação ou desestatização de 
unidades jurisdicionadas. 
Os processos de contas extraordinárias deverão conter documentos e 
informações relativos às providências adotadas para encerramento das 
atividades da unidade, em especial os termos de transferência patrimonial e 
a situação dos processos administrativos não encerrados. 
A constituição de processo de contas extraordinárias é dispensada nos 
seguintes casos: 
ƒ Unidade jurisdicionada que, sem alteração de sua natureza jurídica e mantidas as
atribuições anteriores, passar a integrar a estrutura de outro ministério ou órgão;
ƒ Unidade jurisdicionada que sofrer alteração de nome ou de estrutura, se preservada a
continuidade administrativa e mantidas atribuições similares às anteriores;
ƒ Empresa não classificada como individual, consolidadora, agregada ou agregadora na DN
anual, em que unidade da administração indireta tenha participação no capital, no
momento da venda da participação;
ƒ Unidade não relacionada expressamente na DN anual ou referida como consolidada no
referido normativo.
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Os processos de contas de gestão (ordinárias ou extraordinárias) são 
formalizados pelos órgãos do sistema de controle interno, mediante 
provocação do administrador responsável, em consonância com as 
orientações do TCU. Após serem instruídos no âmbito interno, os processos 
são encaminhados ao Tribunal para apreciação e julgamento. 
Os prazos para esse encaminhamento, assim como a forma e o 
conteúdo dos processos de contas, observarão, em cada exercício financeiro, 
o disposto em Decisão Normativa do TCU.
Tomada e prestação de contas: diferença 
As contas dos administradores e responsáveis são submetidas a 
julgamento do Tribunal sob a forma de tomada ou prestação de contas. 
Antigamente, sob a égide da IN TCU 57/2008, a definição de tomada de 
contas e prestação de contas tinha relação com o fato de a unidade 
jurisdicionada (UJ) que fosse constituir o respectivo processo ser integrante 
da administração federal direta ou indireta. Pela definição antiga, as 
entidades da administração indireta constituíam processo de prestação de 
contas, enquanto as unidades da administração direta constituíam processo 
de tomada de contas. Porém, a partir da IN TCU 63/2010, cujos dispositivos 
se aplicam aos processos de contas de 2010 em diante, a classificação dos 
processos de contas mudou radicalmente. Agora, para classificar um 
processo em prestação ou tomada de contas observa-se apenas 
quem teve a iniciativa da apresentação do processo ao TCU, da 
seguinte forma3: 
ƒ Prestação de contas: quando a UJ que está obrigada, por ato normativo, a apresentar
contas, o faz espontaneamente, no prazo estabelecido. Nesse caso, será autuado no
TCU um processo de prestação de contas ordinárias.
ƒ Tomada de contas: quando um órgão de controle (interno ou externo) toma as
contas da UJ que, estando obriga a apresentar contas, não o faz no prazo
estabelecido. Nesse caso, será autuado no TCU um processo de tomada de contas
ordinárias.
Ou seja, no âmbito do TCU, o posicionamento da unidade na 
administração direta ou indireta não mais possui relevância para distinguir 
prestação e tomada de contas. 
3 Em alguns outros TCs, como o TCDF, a classificação dos processos de contas ainda segue o critério da 
administração direta ou indireta. 
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Deve ficar claro que o conceito da IN 63 (quanto à iniciativa de 
apresentação) se refere às contas ordinárias, ou seja,às unidades que 
devem constituir processo de contas para julgamento relativamente a 
determinado exercício financeiro. Vou explicar. Como vimos, o TCU define 
anualmente, mediante Decisão Normativa, as unidades que devem prestar 
contas no exercício seguinte (ex: no início de 2013, o TCU definiu as 
unidades que devem apresentar contas em 2014, relativas a 2013). As 
contas ordinárias avaliam de forma ampla a gestão dos responsáveis no 
exercício a que se referem. Se um órgão estiver obrigado a constituir 
processo de contas ordinárias e não as prestar no prazo estabelecido, será 
autuado um processo de tomada de contas ordinárias. Isso não se 
confunde com as tomadas de contas especiais (TCE), mesmo aquelas 
instauradas por omissão no dever de prestar contas, uma vez que as TCE 
são procedimentos mais céleres, para apurar um fato específico, enquanto 
as tomadas de contas ordinárias apreciam atos de todo um exercício 
financeiro. 
Assim, a tomada de contas especial se aplica, por exemplo, quando da 
omissão na prestação de contas de um convênio. A tomada de contas 
especial vai apurar somente as contas desse convênio. Já as tomadas de 
contas ordinárias são instauradas porque o órgão deixou de apresentar a 
prestação de contas referente à gestão completa de determinado exercício, 
envolvendo todos os atos praticados naquele período. 
Conteúdo dos processos de contas 
A tomada ou prestação de contas deve incluir todos os recursos, 
orçamentários e extra orçamentários, geridos ou não pela unidade ou 
entLGDGH��/2�7&8��DUW���ž��SDUiJUDIR�~QLFR���³Geridos ou não´�TXHU�GL]HU�TXH�
as contas devem trazer informações não só sobre todos os recursos 
utilizados, arrecadados, guardados ou geridos pela unidade ou entidade, 
mas também sobre aqueles pelos quais ela responda, a exemplo dos 
recursos eventualmente repassados mediante convênio, acordo, ajuste ou 
outro instrumento congênere. 
As despesas de caráter sigiloso, a exemplo das afetas à segurança 
nacional, serão examinadas pelo Tribunal de forma sigilosa. À vista das 
demonstrações recebidas, o Tribunal poderá ordenar a verificação in loco 
dos respectivos comprovantes (LO/TCU, art. 92). 
Os processos de contas constituídos para julgamento (tomada ou 
prestação de contas, inclusive a tomada de contas especial) devem conter os 
seguintes elementos (LO/TCU, art. 9º): 
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ƒ Relatório de gestão;
ƒ Relatório do tomador de contas, quando couber;
ƒ Relatório e certificado de auditoria, com o parecer do dirigente do órgão de
controle interno, que consignará qualquer irregularidade ou ilegalidade constatada,
indicando as medidas adotadas para corrigir as faltas encontradas;
ƒ Pronunciamento do Ministro de Estado supervisor da área ou da autoridade de nível
hierárquico equivalente.
O relatório de gestão é elaborado pela própria unidade jurisdicionada. 
Constitui-se de documentos, informações e demonstrativos de natureza 
contábil, financeira, orçamentária, operacional ou patrimonial, organizado 
para permitir a visão sistêmica do desempenho e da conformidade da gestão 
dos responsáveis. Na hipótese de tomada de contas (especial ou ordinária), 
o relatório de gestão é substituído pelo relatório do tomador de contas.
As unidades dispensadas de constituir processos de contas para julgamento 
somente elaboram e enviam ao TCU o relatório de gestão. 
Já o relatório de auditoria de gestão é elaborado pelo órgão de 
controle interno competente, a partir dos resultados de auditoria específica 
realizada para avaliar a conformidade e o desempenho da gestão no 
respectivo período. Com base nos exames realizados, o controle interno 
emite sua opinião a respeito da regularidade da gestão dos responsáveis, o 
que é feito por meio do certificado de auditoria, que apresenta o parecer 
conclusivo do dirigente do órgão de controle interno. 
No pronunciamento do Ministro de Estado supervisor da unidade 
jurisdicionada, ou da autoridade de nível hierárquico equivalente, deve ser 
atestado expressamente que a autoridade tomou conhecimento das 
conclusões contidas no parecer do dirigente do órgão de controle interno 
sobre o desempenho e a conformidade da gestão da unidade 
supervisionada. Tal pronunciamento não poderá ser objeto de delegação 
(LO/TCU, art. 52). 
Clique aqui4 para ver exemplo de relatório de gestão, relatório de auditoria de gestão,
parecer do dirigente de controle interno e pronunciamento ministerial, relativos às contas da 
Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) do exercício de 2009, disponíveis no site da entidade. 
4 http://www2.anac.gov.br/anac/exercicio2009.asp 
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Rol de responsáveis 
O processo de contas contém ainda o rol de responsáveis. Esse 
documento especifica e identifica os gestores cujas contas serão julgadas 
pelo Tribunal, trazendo informações como nome, CPF, função exercida, 
período de gestão, endereço para comunicação etc. 
Recorde-se que o Tribunal julga as contas das pessoas, não as contas 
do órgão/entidade, nem as pessoas em si. As pessoas, por seu turno, são 
responsáveis pela gestão e pela prestação de contas ao TCU, respondendo 
pessoalmente por eventuais desvios ou irregularidades, e só recebem 
quitação após o julgamento do Tribunal. A responsabilidade do 
administrador relativamente aos atos e fatos de sua gestão é estritamente 
pessoal. 
Segundo a IN TCU 63/2010 (art. 10), são considerados responsáveis 
pela gestão os titulares e seus substitutos que desempenharem, durante o 
período a que se referirem as contas, as seguintes naturezas de 
responsabilidade, se houver: 
ƒ Dirigente máximo da unidade jurisdicionada;
ƒ Membro de diretoria ou ocupante de cargo de direção no nível de hierarquia
imediatamente inferior e sucessivo ao do dirigente máximo, com base na estrutura
de cargos aprovada para a unidade jurisdicionada;
ƒ Membro de órgão colegiado que, por definição legal, regimental ou estatutária, seja
responsável por ato de gestão que possa causar impacto na economicidade,
eficiência e eficácia da gestão da unidade.
O TCU poderá definir outras naturezas de responsabilidade em Decisão 
Normativa. 
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1. (TCU ± TCE 2007 ± Cespe) Qualquer pessoa, física ou jurídica, pública ou
privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e 
valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma 
obrigações de natureza pecuniária está obrigada constitucionalmente a prestar 
contas ao TCU. 
Comentário: O quesito está correto, ante o disposto no art. 70, parágrafo 
único da CF. Não obstante, lembre-se que a prestação de contas ordinárias 
diretamente ao TCU ocorre em duas fases: 
(i) Mediante o envio de relatório de gestão, o qual é disponibilizado 
pelo Tribunal na internet, mas não é julgado ± todas UJ.
(ii) Mediante a constituição de processo de contas submetido ao 
Tribunal para julgamento ± apenas algumas UJ.
Anualmente, o Tribunal divulga duas Decisões Normativas: uma 
relacionando as unidades que deverão apresentar relatórios de gestão, 
definindo conteúdo, forma e prazos para apresentação; e outra escolhendo, 
dentre as unidades relacionadas na primeira DN, aquelas que deverão 
constituir processo de contas para julgamento, também definindo conteúdo, 
forma e prazos para apresentação. 
A prestação de contas seguindo essa sistemáticaconfigura o 
cumprimento da obrigação prevista no art. 70, parágrafo único da CF. 
Gabarito: Certo 
2. (TCU ± ACE 2005 ± Cespe) Nos termos da Lei n.º 8.443/1992 (Lei Orgânica do
TCU), o TCU tem jurisdição própria e privativa, em todo o território nacional, sobre 
as pessoas e matérias sujeitas à sua competência e, somente por decisão do TCU, 
as pessoas abrangidas pela jurisdição do Tribunal podem ser liberadas da 
responsabilidade de prestar-lhe contas. 
Comentário: A primeira parte da questão está correta ± ³o TCU tem
jurisdição própria e privativa (...) sobre as pessoas e matérias sujeitas à sua 
FRPSHWrQFLD´ (LO/TCU, art. 4º). Todavia, em seguida, D� SDODYUD� ³VRPHQWH´�
torna o quesito errado, visto que o Poder Judiciário também pode dispensar 
determinada pessoa de prestar contas (LO/TCU, art. 6º). 
Gabarito: Errado 
3. (TCU ± AUFC 2010 ± Cespe) Quem apenas dá causa ao extravio de um bem
público, causando dano ao erário, não se submete à jurisdição do TCU. 
Comentário: A questão está errada, pois a jurisdição do Tribunal abrange 
.
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aqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que 
resulte dano ao erário (LO/TCU, art. 5º, II). As contas dos causadores de dano 
erário são julgadas por meio de tomada de contas especial, cuja instauração e 
posterior envio ao TCU são, em regra, de iniciativa da autoridade 
administrativa competente (LO/TCU, art. 8º; RI/TCU, art. 197), como veremos 
em detalhe na sequência desta aula. 
Gabarito: Errado 
4. (TCU ± ACE 2008 ± Cespe) A jurisdição do TCU se estende aos sucessores dos
responsáveis pela aplicação de recursos repassados pela União aos demais entes, 
até o limite do valor do patrimônio transferido. 
Comentário: Os responsáveis pela aplicação de recursos repassados 
pela União aos demais entes estão sob a jurisdição do TCU (LO/TCU, art. 5º, 
VII), assim como os sucessores desses responsáveis, até o limite do 
patrimônio transferido (LO/TCU, art. 5º, VIII), daí a correção do item. Nada 
obstante, lembre-se que tais jurisdicionados, tanto os responsáveis pela 
aplicação de recursos federais descentralizados quanto os sucessores, não 
têm o dever de prestar contas ordinárias ao TCU para julgamento (LO/TCU, 
art. 6º; RI/TCU, art. 188). 
Gabarito: Certo 
5. (TCU ± AUFC 2009 ± Cespe) Se a União, em razão da presente crise financeira,
decidir adquirir temporariamente o controle acionário de um banco que se encontre 
em dificuldades de liquidez, com vistas a saneá-lo e vendê-lo em dois meses, 
durante este período, os dirigentes deste banco estarão sujeitos à jurisdição do 
TCU. 
Comentário: Está sob a jurisdição do TCU qualquer pessoa física ou 
jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou 
administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União 
responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária 
(LO/TCU, art. 5º I). Não há delimitação de tempo, mínimo ou máximo, para que 
se assuma tal responsabilidade. Assim, os dirigentes do banco estarão sim 
sob a jurisdição do TCU durante o período em que a entidade permanecer sob 
o controle da União. E ainda terão o dever de prestar contas ordinárias ao
TCU para julgamento ± uma vez que estão abrangidos pelo inciso I do art. 5º
da LO/TCU ± e só por decisão do Tribunal poderão ser dispensados dessa
responsabilidade (LO/TCU, art. 6º), ressalvada eventual apreciação do caso 
pelo Judiciário. 
Gabarito: Certo 
.
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6. (TCU ± AUFC 2010 ± Cespe) Na prestação de contas, o administrador público
deve incluir somente os recursos orçamentários e os extra orçamentários geridos 
pela sua unidade. 
Comentário: Nas prestações de contas, o administrador público deve 
incluir todos os recursos, orçamentários e extra orçamentários, geridos ou 
não pela entidade. Isso contempla não apenas os recursos geridos, utilizados, 
arrecadados ou guardados pela unidade ou entidade, mas também aqueles 
pelos quais ela responda (LO/TCU, art. 7º, parágrafo único). Assim, por 
exemplo, a prestação de contas do responsável por unidade repassadora de 
recursos deve também contemplar a gestão desses recursos descentralizados 
�³SHORV�TXDLV�HOD� UHVSRQGD´���H�QmR�Vy�RV�JHULGRV�GLUHWDPHQWH�SHOD�XQLGDGH��
daí o erro do quesito. 
Gabarito: Errado 
7. (TCU ± AUFC 2009 ± Cespe) Se determinado órgão público receber ingresso
financeiro na forma de depósitos, portanto, sem previsão na lei orçamentária, tais 
recursos não precisarão ser incluídos nas tomadas ou prestações de contas. 
Comentário: Nas tomadas e prestações de contas devem ser incluídos 
todos os recursos, orçamentários e extra orçamentários (LO/TCU, art. 7º, 
parágrafo único), daí o erro do quesito. Não obstante, cabe salientar que os 
ingressos financeiros na forma de depósitos podem ser orçamentários, ainda 
que não constem da lei orçamentária, desde que não haja obrigação de serem 
restituídos a terceiros. 
Gabarito: Errado 
8. (TCU ± ACE 2004 ± Cespe) Nas prestações de contas que os gestores públicos
devem remeter periodicamente ao TCU, não há necessidade de inserção de 
demonstrativos referentes a recursos extra-orçamentários, pois, nesses casos, 
inexiste potencial de lesão ao erário. 
Comentário: Mais uma questão que exigiu do candidato o conhecimento 
de que nas tomadas e prestações de contas devem ser incluídos todos os 
recursos, orçamentários e extra orçamentários, geridos ou não pela entidade 
(LO/TCU, art. 7º, parágrafo único). Sobre o assunto, a IN 63/2010 dispõe: 
Art. 12. Os relatórios de gestão referidos no caput do art. 3º devem contemplar todos 
os recursos orçamentários e extra-orçamentários utilizados, arrecadados, guardados 
ou geridos pelas unidades jurisdicionadas, ou pelos quais elas respondam, incluídos 
os oriundos de fundos de natureza contábil recebidos de entes da administração 
pública federal ou descentralizados para execução indireta. 
Gabarito: Errado 
.
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9. (TCDF ± ACE 2012 ± Cespe) Nas tomadas de contas de uma entidade pública
do DF, devem ser incluídos todos os recursos extraorçamentários, mesmo aqueles 
que não sejam geridos por ela. 
Comentário: Em quase todas as provas do Cespe aparece uma questão 
dessas. Como a Lei Orgânica do TCDF, nesse ponto, é idêntica à do TCU, 
então o quesito está correto. 
Gabarito: Certo 
10. (TCDF ± Procurador 2012 ± Cespe) No julgamento de contas submetidas ao
TCU, serão apreciadas, entre outras, as contas públicas relativas a recursos 
extraorçamentários não geridos pela entidade ou unidade cujas contas estiverem 
sendo julgadas. 
Comentário: Mais uma. Como, nesse ponto, a Lei Orgânica do TCU é 
idêntica à do TCDF, no sentido de que as tomadas e prestações de contas 
devem incluir todos os recursos, orçamentários e extra-orçamentários, 
geridos ou não pela unidade, então o quesito está correto. 
Gabarito: Certo 
TOMADA DE CONTAS ESPECIAL 
Tomada de contas especial (TCE) é um processo administrativo 
devidamente formalizado, com rito próprio, para apurar responsabilidade 
por ocorrência de dano ao patrimônio da Administração Pública Federal, 
com a finalidade de apurar os fatos, quantificar o prejuízo, identificar os 
responsáveis e obter o respectivo ressarcimento5. 
Possui previsão expressa na parte finaldo inciso II do art. 71 da 
Constituição Federal, que atribui aos Tribunais de Contas a competência 
para julgar: 
"II - (...) as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra 
irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público". 
Dessa forma, a TCE tem por objetivo (LO/TCU, art. 8º): 
9 Apurar os fatos (o que aconteceu);
9 Identificar os responsáveis (quem participou e como);
9 Quantificar do dano (quanto foi o prejuízo ao erário);
9 Obter o ressarcimento.
5 Conforme IN TCU 71/2012, que dispõe sobre instauração, a organização e o encaminhamento ao Tribunal 
de Contas da União dos processos de tomada de contas especial. 
.
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Para tanto, o processo de TCE deve conter elementos de 
prova/convicção suficientes para se definir qual foi a conduta dos agentes 
públicos e demais responsáveis envolvidos (agentes solidários ou não), 
qual/quanto foi o dano e, principalmente, o nexo de causalidade entre a 
conduta dos agentes e o dano, para que se possa exigir o ressarcimento. 
Consideram-se responsáveis as pessoas físicas ou jurídicas às quais 
possa ser imputada a obrigação de ressarcir o erário, vale dizer, qualquer 
pessoa que esteja sob a jurisdição do TCU. 
Nas TCEs os responsáveis podem ser qualquer 
pessoa física ou jurídica, pública ou privada, 
responsável por causar dano ao erário. 
Assim, uma diferença entre as tomadas de contas especiais e os 
processos de contas de gestão (ordinárias e extraordinárias) é que, 
enquanto o rol de responsáveis dos processos de contas de gestão inclui 
apenas dirigentes vinculados à administração pública federal, direta e 
indireta, nas TCEs os responsáveis podem ser qualquer pessoa física ou 
jurídica, pública ou privada responsável por causar dano ao erário. Nesse 
caso, a Constituição exige apenas um evento específico para ocorrer a 
necessidade da apresentação das contas, qual seja, a existência de 
eventual prejuízo ao patrimônio público, não importando quem o tenha 
causado. Agentes públicos e privados respondem da mesma forma. 
Ademais, as TCEs não são vinculadas a um exercício financeiro 
específico. São constituídos tantos processos de TCE quantas forem as 
situações determinantes verificadas. 
Situações determinantes 
Um processo de TCE deve ser instaurado quando forem verificadas as 
seguintes situações: 
9 Omissão no dever de prestar contas;
9 Não comprovação da aplicação dos recursos repassados pela União mediante
convênio, contrato de repasse ou instrumento congênere;
9 Ocorrência de desfalque, alcance, desvio ou desaparecimento de dinheiro, bens ou
valores públicos;
9 Prática de ato ilegal, ilegítimo ou antieconômico de que resulte dano ao erário.
.
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O principal pressuposto para a instauração de um processo de TCE é a 
configuração de um fato que possa trazer prejuízo ao erário. 
O prejuízo recursos ou mesmo da perda, roubo ou furto de bens. 
Todavia, o dano também pode ser consequência de presunções 
legais. Por exemplo: como já sabemos, os beneficiários de repasses de 
recursos federais têm a obrigação de prestar contas ao órgão ou entidade 
repassador. Esse dever abrange, por exemplo, as unidades da federação que 
assinam convênio com a União, o bolsista do CNPq que recebe auxílio 
financeiro para a execução de um projeto de pesquisa ou a ONG que recebe 
repasses da União para executar ações de cunho social. Todos devem 
prestar contas dos recursos federais recebidos, a fim de demonstrar a sua 
boa e regular aplicação. Se não o fazem, presume-se que o recurso não foi 
aplicado como deveria. O prejuízo, que nesse caso é presumido, 
corresponde ao montante de recursos sem aplicação correta comprovada. 
Assim, cabe a instauração de TCE quando houver omissão no dever de 
prestar contas ou ausência de comprovação da boa e regular aplicação dos 
recursos. 
Quanto à prática de atos ilegais, ilegítimos ou antieconômicos, apenas 
aqueles que produzam dano ao erário ensejarão a instauração de TCE. A 
prática de atos dessa natureza de que não resulte dano ao erário será 
apurada pela autoridade administrativa, pelo controle interno ou pelo próprio 
TCU em outros tipos de processos que não a tomada de contas especial. 
Cumpre destacar que tanto em caso de dolo como de culpa a TCE 
deve ser instaurada. Assim, para a instauração de TCE, não importa se o 
agente teve a intenção de praticar a conduta que causou prejuízo ao erário, 
ou se agiu por negligência, imperícia ou imprudência. A TCE deve ser 
instaurada em quaisquer dessas hipóteses. 
Exemplo de TCE instaurada por omissão no dever de prestar contas 
Acórdão TCU 784/2009 ʹ Segunda Câmara
Excerto: TCE instaurada pelo FNDE contra ex-Prefeito, em razão da omissão no dever 
de prestar contas dos recursos referentes ao Convênio nº 94125/1998, para aquisição 
de equipamentos e construção de uma escola. Contas julgadas irregulares por 
omissão com débito e multa. Revelia. 
Exemplo de TCE instaurada por desvio de recursos 
Acórdão TCU 1910/2008 ʹ Segunda Câmara
Sumário: Tomada de contas especial. Recursos para auxílio à pesquisa. Omissão no 
.
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dever de prestar contas. Desvio de recursos. Contas irregulares, débito e multa. 
1. A ausência de comprovação da boa e regular aplicação dos recursos públicos
disponibilizados ao pesquisador enseja o julgamento pela irregularidade das contas, e 
ainda a aplicação de multa. 
2. A incorporação de equipamentos adquiridos com verbas públicas ao patrimônio de
terceiro não autorizado, pessoa jurídica de direito privado, caracteriza desvio de 
recursos públicos 
Exemplo de TCE instaurada por desfalque e desvio de recursos 
Acórdão TCU 5330/2011 ʹ Segunda Câmara
Sumário: Tomada de contas especial. Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. 
Apropriação indevida de recursos. Citação do responsável. Irregularidades não 
afastadas. Débito. Multa. Contas irregulares. 
- Julgam-se irregulares as contas, com aplicação de multa ao responsável, em face do 
desfalque ou desvio de dinheiros, bens ou valores públicos. 
Excerto: Tomada de Contas Especial. Prejuízos à ECT causados por empregado. 
Irregularidades identificadas no remanejamento de produtos, bem como no 
recebimento e na sua devolução. (...) 
Pressupostos 
É pressuposto para instauração de tomada de contas especial a 
existência de elementos fáticos e jurídicos suficientes para: 
ƒ Comprovação da ocorrência de dano; e
ƒ Identificação das pessoas físicas ou jurídicas que deram causa ou concorreram
para a ocorrência de dano.
Assim, para instaurar a TCE é necessário que se tenha condições de 
descrever a situação que deu origem ao dano e de evidenciar a relação entre 
essa situação e a conduta ilegal, ilegítima ou antieconômica da pessoa 
responsável por ter causado ou concorrido para a ocorrência do prejuízo. E 
tudo isso deve estar lastreado em documentos, narrativas e outros 
elementos probatórios que comprovem a ocorrência do dano ao erário e a 
respectiva responsabilidade. 
Responsabilidade pela instauração 
Diante das situações determinantes (ato ou omissão que resultou em 
prejuízo ao erário), e presentes os pressupostos (existência de elementos 
comprobatórios), a TCE deve ser instaurada pela autoridade competente 
.
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do próprio órgão ou entidade jurisdicionada responsável pela gestão dos 
recursos. 
A ³autoridade competente´�p�DTXHOD�que delegou a gestão dos recursos 
ao responsável por dar causa ao prejuízo. Pode ser, por exemplo, o 
ordenador de despesas do órgão ou entidade no qual ocorreu desfalque ou 
desvio de recursos ou se praticou ato ilegal, ilegítimo ou antieconômico de 
que resultou dano ao erário; pode ser, ainda, o responsável pelo órgão 
repassador dos recursos de convênio (concedente) cujo recebedor 
(convenente) foi omisso no dever de prestar contas, ou não foi capaz de 
comprovar a boa e regular aplicação dos recursos. Veja no primeiro exemplo 
acima: a TCE foi instaurada pelo FNDE, órgão que repassou recursos 
federais mediante convênio a determinado Município, cujo prefeito foi 
omisso no dever de prestar contas. 
Mas a instauração de tomada de contas especial é medida 
excepcional. Antes da instauração da TCE, o órgão ou entidade deve 
fazer o que estiver ao seu alcance para obter o ressarcimento do prejuízo. 
Esgotadas as medidas administrativas internas sem obtenção do 
ressarcimento pretendido, aí sim a autoridade competente tem a obrigação 
de providenciar, por iniciativa própria, a imediata instauração de tomada de 
contas especial, encaminhando o feito ao TCU para julgamento (IN TCU 
71/2012, arts. 3º e 4º). 
Em caso de omissão ou inércia da autoridade competente, o TCU 
determinará a instauração da tomada de contas especial, fixando prazo 
para o cumprimento da decisão (LO/TCU, art. 8º, §1º). Importante observar 
que, nesse caso, não é o TCU quem instaura a TCE. O que o Tribunal faz é 
determinar ao órgão que a instaure. 
Por sua vez, os responsáveis pelo controle interno, sempre que 
tiverem conhecimento da ocorrência das situações determinantes, devem 
alertar formalmente a autoridade administrativa competente para que 
instaure a TCE, comunicando ao Tribunal qualquer irregularidade ou 
ilegalidade de que tomem conhecimento, sob pena de responsabilidade 
solidária (LO/TCU, art. 50 e 51). 
A não adoção das providências para apuração dos fatos, identificação 
dos responsáveis, quantificação do dano e obtenção do ressarcimento é 
considerada grave infração à norma legal, sujeitando a autoridade 
administrativa à responsabilização solidária pelo dano ocorrido e às 
sanções cabíveis. Assim, se uma autoridade, por força do cargo que ocupa, 
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é responsável por determinar a instauração de uma TCE e não o faz, passa a 
responder solidariamente pelo débito. 
A responsabilidade pela instauração de TCE, em regra, é da 
autoridade administrativa competente, depois de esgotadas as 
providências administrativas internas com vistas à recomposição 
do erário. Diante da configuração de prejuízo, a autoridade administrativa pode 
instaurar a TCE por iniciativa própria, por recomendação dos órgãos de controle 
interno ou por determinação do próprio TCU. 
O TCU pode ainda determinar a conversão de outros processos de controle externo 
em tomada de contas especial. Nesse caso, a TCE é constituída no âmbito do Tribunal. 
Conversão de processo em TCE 
Além da hipótese de instauração pela autoridade administrativa 
competente, por iniciativa própria ou por provocação do controle interno ou 
do Tribunal de Contas, a TCE também pode ser oriunda de conversão de 
outros processos de controle externo constituídos pelo TCU, tais como, 
denúncia, representação, inspeção, auditoria e processos de registro de atos 
de pessoal. Se no âmbito desses processos de fiscalização restar configurada 
a ocorrência de desfalque, desvio de bens ou outra irregularidade de que 
resulte dano ao erário, o Tribunal ordenará, desde logo, a conversão 
do processo em tomada de contas especial (LO/TCU, art. 47). 
Na hipótese de conversão, a TCE não surge de modo externo ao 
Tribunal, mas sim a partir da atividade fiscalizadora exercida pela Corte de 
Contas. Isso ocorre porque só em processos de contas ³latu sensu´ ± 
ordinárias, extraordinárias ou especiais ± o Tribunal pode julgar as
contas de responsável e condená-lo, se for o caso, a ressarcir o 
prejuízo causado (imputação de débito). 
Assim, por exemplo, se no curso de uma auditoria for constatada 
ocorrência que resultou em prejuízo aos cofres públicos, a auditoria 
(processo de fiscalização) deverá ser convertida em processo de tomada de 
contas especial (processo de contas), para aí sim ocorrer o julgamento das 
contas dos responsáveis pelo desfalque e a cobrança do débito apurado. 
Haverá, então, mutação da natureza do processo, de um processo de 
fiscalização para um processo de contas. Nesse caso, o TCU não fixa prazo 
para que a autoridade administrativa instaure a TCE: o Tribunal a constitui 
por si próprio, mediante a conversão do processo de fiscalização, por decisão 
do Plenário ou das Câmaras. A conversão em TCE dever ser comunicada ao 
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Ministro de Estado supervisor da área ou autoridade equivalente (RI/TCU, 
art. 198, parágrafo único). 
A conversão em TCE não é necessária nas situações em que o custo da 
cobrança seja superior ao valor do ressarcimento, vale dizer, quando o 
prejuízo apurado possui baixa materialidade (LO/TCU, art. 93). 
Os processos convertidos em TCE não precisam conter todas as peças 
exigidas para os demais processos de contas (relatório do tomador de 
contas, relatório de auditoria de gestão, certificado de auditoria e parecer do 
dirigente do órgão de controle interno) sendo, porém, obrigatória a ciência 
do Ministro de Estado supervisor da área ou autoridade equivalente. 
Ressalte-se que as TCE instauradas diretamente pela autoridade 
competente devem conter todas aquelas peças. 
Por fim, deve ficar claro que a verificação de dano ao erário em 
processos de contas de gestão (ordinárias ou extraordinárias) não requer 
conversão em tomada de contas especial. Nesse caso, a imputação de 
débito para ressarcimento do prejuízo ocorre no próprio processo de contas 
de gestão. A conversão é necessária apenas na hipótese de prejuízo 
constatado em processos de fiscalização (auditorias, inspeções, denúncias, 
representações, atos sujeitos a registro). 
Exemplo de conversão em TCE 
Acórdão 506/2009 ʹ Plenário
Excerto: Representação. Inspeção. Audiência. Irregularidades na aplicação de recursos 
do PETI e de convênios firmados com o governo federal. Sonegação de documento. 
Conversão do processo em tomada de contas especial. Citação. 
1. Constatada a existência de débito, converte-se o processo em Tomada de Contas
Especial e determina-se a citação dos responsáveis. 
[VOTO] 
[...] Tendo em vista a existência de dano ao erário, caracterizada (i) pela retirada de 
recursos da conta do PETI para pagamento, em espécie, das bolsas referentes aos 
meses de março e abril de 2001, sem a comprovação do recebimento das bolsas pelos 
seus beneficiários, (ii) pelo pagamento à EMATER/RO do equivalente a 48 (quarenta e 
oito) horas de curso de capacitação em mecanização agrícola sem a devida 
contraprestação e (iii) pela não comprovação da aplicação de recursos transferidos 
em 13/8/2002 para o Fundo Municipal de Assistência Social, os presentes autos 
devem ser convertidos em Tomada de Contas Especial, com a realização das citações 
propostas pela Unidade Técnica. [...] 
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Exemplo de não conversão em TCE por racionalização administrativa 
Acórdão 3911/2008 ʹ Segunda Câmara
Excerto: Representação. Não-comprovação da boa e regular aplicação de parte dos 
recursos repassados pelo MDS. Débito de baixa materialidade. Não conversão em 
TCE Determinação ao órgão repassador com vistas ao ressarcimento do débito 
Arquivamento. 
[...] Diante dos indícios da existência de débito, o encaminhamento natural seria o da 
conversão dos autos em Tomada de Contas Especial. Tendo em vista, contudo, que o 
débito atualizado encontra-se abaixo do limite para encaminhamento de Tomada de 
Contas Especial (de R$ 23.000,00), fixado no art. 5º, caput c/c o art. 11 da Instrução 
Normativa 56/2007-TCU, entendo adequada a proposta de arquivamento dos autos. 
[...] Nesse sentido, [...], encontra-se o recente Acórdão 1024/2008, por meio do qual a 
Segunda Câmara, em lugar de determinar a conversão dos autos em Tomada de 
Contas Especial, decidiu, ante a baixa materialidade do débito, determinar ao 
Ministério da Cultura a adoção de providências para o seu ressarcimento, [...]. 
Dispensa de instauração de TCE 
Dispensa-se a instauração de tomada de contas especial na ocorrência 
de perda, extravio ou outra irregularidade em que fique comprovada a 
ausência de má fé de quem lhe deu causa, se o dano for 
imediatamente ressarcido. Perceba que são duas condições a serem 
necessariamente satisfeitas: ausência de má fé e ressarcimento imediato do 
prejuízo. Nesse caso, a autoridade administrativa competente deverá, em 
sua prestação de contas ordinária, comunicar o fato ao Tribunal (RI/TCU, 
art. 197, §3º). 
Além disso, salvo determinação em contrário do Tribunal, a 
instauração de TCE fica dispensada nas seguintes hipóteses (IN/TCU 
71/2012, art. 6º): 
ƒ valor do débito atualizado monetariamente inferior a R$ 75.000,00.
ƒ transcurso de prazo superior a dez anos entre a data provável de
ocorrência do dano e a primeira notificação dos responsáveis pela
autoridade administrativa competente.
Assim, se o débito for inferior a R$ 75.000,00 ou se houver transcorrido 
mais de dez anos entre a ocorrência do dano e a primeira notificação dos 
responsáveis, a autoridade administrativa competente não precisa instaurar 
tomada de contas especial para julgamento pelo TCU. As providências para 
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ressarcimento do prejuízo devem ser adotadas apenas no âmbito da própria 
unidade lesada ou, alternativamente, na via judicial. 
Vale destacar que, na hipótese de existirem diversos débitos cujo valor 
seja inferior ao limite mínimo de R$ 75.000,00, referentes ao mesmo 
responsável e perante o mesmo órgão, a autoridade administrativa 
competente deve consolidar todos esses débitos e constituir TCE se o seu 
somatório atingir ou ultrapassar o referido valor (IN TCU 71/2012, 
art. 15, IV). 
Também está prevista a dispensa de instauração de tomada de contas 
especial quando não há participação culposa ou dolosa de agente 
público no prejuízo ao erário, nos termos da Súmula TCU nº 187: 
Sem prejuízo da adoção, pelas autoridades ou pelos órgãos competentes, nas 
instâncias, próprias e distintas, das medidas administrativas, civis e penais 
cabíveis, dispensa-se, a juízo do Tribunal de Contas, a tomada de contas 
especial, quando houver dano ou prejuízo financeiro ou patrimonial, causado por 
pessoa estranha ao serviço público e sem conluio com servidor da 
Administração Direta ou Indireta e de Fundação instituída ou mantida pelo Poder 
Público, e, ainda, de qualquer outra entidade que gerencie recursos públicos, 
independentemente de sua natureza jurídica ou do nível quantitativo de 
participação no capital social. 
Até bem pouco tempo, a jurisprudência do TCU era firme quanto à 
impossibilidade de responsabilização de agente privado nas situações em 
que não houvesse a participação de servidor público, a despeito de a 
Súmula 187 dizer que, nesses casos, a dispensa poderia ser desconsiderada, 
a juízo do Tribunal de Contas. 
Ocorre que, recentemente, o Acórdão 946/2013-Plenário rompeu esse 
paradigma, e o TCU passou a admitir a responsabilização exclusiva de 
particular, vale dizer, segundo o novo entendimento, o agente particular 
que tenha dado causa a dano ao erário está sujeito à responsabilização 
por parte do TCU independentemente de ter atuado em solidariedade 
com agente da administração pública. 
Mas professor, por que esse entendimento é novo, visto que a 
Súmula 187 já dizia que a tomada de contas especial poderá ser 
dispensada, a juízo do Tribunal, ou seja, havia previsão de que a dispensa 
não seria uma providência taxativa? Respondo: justamente porque, como 
dito�� R� ³MXt]R� GR� 7ULEXQDO´�� Fonsolidado em várias decisões ao longo dos 
anos, era firme no sentido de dispensar a instauração de TCE sempre que 
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não fosse comprovada a participação de agente público no dano ao erário. O 
Acórdão 946/2013-Plenário foi o marco que mudou esse status quo, daí sua 
importância. 
A possibilidade de responsabilização exclusiva de particular, 
segundo o voto condutor do Acórdão 946/2013-Plenário, estaria prevista na 
parte final do inciso II do art. 71 da Constituição Federal, que atribui ao TCU 
a competência para julgar: 
"II - (...) as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra 
irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público". 
De acordo com o voto do relator, Ministro Benjamin Zymler, pelo 
dispositivo constitucional acima 
³HVWDULD�DOFDQoDGR pela obrigação de prestar contas todo aquele cuja conduta 
provoque prejuízo ao erário. Não há, pois, nesse dispositivo 
constitucional a distinção entre agentes públicos ou particulares e 
tampouco há a exigência de que esses últimos estejam exercendo 
múnus público ou que tenham agido em solidariedade com qualquer 
agente público�´ 
Nesse caso, como vimos, a Constituição exige apenas um evento 
específico para ocorrer a necessidade da apresentação das contas, qual 
seja, a existência de eventual prejuízo ao patrimônio público, não 
importando quem o tenha causado. Agentes públicos e privados respondem 
da mesma forma. 
Na situação objeto do processo em que o novo entendimento foi 
consubstanciado, uma empresa privada remanesceu condenada 
isoladamente pelo débito apurado. Tal hipótese não seria possível sob a 
égide da jurisprudência anterior, tendo em vista que a responsabilidade dos 
agentes públicos foi afastada na apreciação do caso. 
É fato que o Ministro Relator relativizou essa competência do TCU ao 
ponderar que ³Sode haver situações em que a natureza da operação que
provocou o dano ao erário não justifica ou não recomenda a atuação do 
7&8´, no sentido de que as ações do Tribunal devem focar situações mais 
relevantes, em vista dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. 
Nessa linha, não seria razoável supor que todas as situações em que ocorra 
débito ao erário devam ser submetidas ao TCU. É o mesmo raciocínio que 
vimos anteriormente, aplicável às contas ordinárias, quando o Tribunal 
dispensa certas unidades de constituir o respectivo processo para 
julgamento. 
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Para ilustrar, toma-se como exemplo um dano a veículo oficial causado 
por uma colisão com outro veículo particular, em que ficou comprovadoque 
o acidente ocorreu por culpa exclusiva do motorista do veículo particular.
Nesse caso, embora tenha havido prejuízo ao erário, não seria razoável 
exigir a instauração de TCE em desfavor do particular, seja pelo valor do 
dano, provavelmente de baixa materialidade, seja por se tratar de situação 
típica da vida privada. Se o Tribunal passasse a atuar em todos os casos do 
gênero teria de despender esforços significativos para analisa-los, tendo de 
deixar de lado situações mais relevantes. 
O próprio relator do Acórdão 946/2013-Plenário trouxe outro exemplo 
em que não seria razoável a instauração de TCE: a inadimplência de 
particulares em operações de crédito regularmente realizadas - ou seja, de 
acordo com os normativos pertinentes - por bancos oficiais. Primeiro, porque 
a quantidade dessas operações demandaria significativos esforços dos 
órgãos de controle, alijando-os da atuação em situações mais relevantes. 
Segundo, porque se trata de operações tipicamente privadas, realizadas de 
acordo com o regime jurídico próprio das empresas privadas a que estão 
submetidas as instituições financeiras oficiais. 
Evidentemente, a dispensa de instauração de TCE comentada nesses 
exemplos não obsta a adoção, pelo ente governamental prejudicado, nas 
instâncias próprias e distintas (como o Poder Judiciário), das medidas 
administrativas, civis e penais cabíveis, conforme preceitua a citada 
Súmula TCU nº 187. 
Contudo, a meu ver, tais ponderações não devem ser feitas para 
fins de prova, a menos que a questão o exija expressamente. Na 
hora ³+´��o entendimento que deve prevalecer é o adotado pelo Tribunal no 
Acórdão 946/2013-Plenário: o agente particular que tenha dado causa a 
dano ao erário está sujeito à jurisdição do TCU, independentemente de ter 
atuado no exercício de função pública ou em conjunto com agente público, 
conforme o art. 71, inciso II, parte final, da Constituição Federal. 
Essa discussão acerca da responsabilização exclusiva de agente 
particular não se aplica à entidade privada ou à pessoa física 
não vinculada à Administração que receba contribuições do 
Governo Federal. Nesse caso, os beneficiados pelos repasses de recursos públicos 
atuam em nome do Estado e, nessa condição, devem responder perante o Tribunal de 
Contas pelos prejuízos causados, indepedentemente da participação dolosa ou culposa 
de servidor. 
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Não cabimento de TCE 
A seguir alguns casos específicos nos quais não cabem a instauração 
de TCE: 
ƒ em substituição a procedimentos disciplinares para apurar infrações
administrativas;
ƒ para obter ressarcimento de valores pagos indevidamente a
servidores;
ƒ nos casos de prejuízos causados por terceiros por descumprimento de
cláusulas contratuais legitimamente acordadas (exceto se for
verificado ato ilícito decorrente de ação ou omissão de agente público).
Perceba que, nesses casos, não se trata de dispensa, mas de não 
cabimento de TCE. Já nas hipóteses de dispensa, vistas anteriormente, a 
instauração de TCE é cabível, mas, a critério do Tribunal, dispensada. Em 
ambos os casos, as providências para solução das pendências devem ser 
adotadas no âmbito da própria administração ou do Poder Judiciário. 
Exemplo de não cabimento de TCE 
Acórdão TCU 2420/2011 ʹ Primeira Câmara
Sumário: Tomada de Contas Especial. Restituição de valores recebidos por servidor 
indevidamente. Competência da própria administração para descontar em folha de 
pagamento. Ausência de pressupostos válidos de constituição do processo. Arquivamento. 
Encaminhamento ao Tribunal de Contas da União 
Cumprido, no âmbito do órgão ou entidade, o objetivo de apurar os 
fatos, identificar os responsáveis e quantificar o dano, a TCE será 
encaminhada ao controle interno, para emissão de parecer e, em seguida, 
ao Ministro de Estado supervisor da área ± ou autoridade equivalente -, a 
fim de declarar que tomou conhecimento do que foi apurado. Após isso, a 
TCE será encaminhada ao TCU para julgamento. 
O Regimento Interno disciplina que a tomada de contas especial deve 
ser encaminhada desde logo ao TCU se o dano ao erário for de valor igual 
ou superior à quantia fixada em cada ano civil até a última sessão ordinária 
do Plenário, para vigorar no exercício subsequente (art. 199). Atualmente, 
esse valor é de R$ 75.000,00. 
Regulamentando essas disposições do Regimento Interno, o art. 11 da 
IN TCU 71/2012 prescreve que a tomada de contas especial deve ser 
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encaminhada ao TCU em até 180 dias a contar do término do exercício 
financeiro em que foi instaurada. Portanto, R�³GHVGH� ORJR´�PHQFLRQDGR�
no parágrafo anterior corresponde ao referido prazo de 180 dias. 
Excepcionalmente, esse prazo poderá ser prorrogado pelo Plenário do 
TCU ± não pelas Câmaras ± mediante solicitação fundamentada, formulada, 
conforme o caso, pelas autoridades de mais alto nível integrantes da 
estrutura da unidade que instaurou a TCE, quais sejam (IN TCU 71/2012, 
art. 11, §2º): 
ƒ Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal,
ƒ Presidentes do Supremo Tribunal Federal, dos demais Tribunais
Superiores, dos Tribunais Federais nos Estados e no Distrito Federal;
ƒ Presidente do Tribunal de Contas da União;
ƒ Ministro de Estado;
ƒ Outras autoridades de nível hierárquico equivalente.
 O dirigente máximo do órgão de controle interno também poderá 
solicitar a prorrogação do prazo nos casos em que os trabalhos a cargo do 
órgão não possam ser concluídos a tempo. 
Por outro lado, se o dano for de valor inferior ao limite mínimo de 
R$ 75.000,00, o Regimento Interno dispõe que a TCE deve ser anexada ao 
processo da prestação de contas ordinária do administrador ou ordenador de 
despesa, para julgamento em conjunto (art. 199, §4º). 
Porém, como vimos, a IN TCU 71/2012 dispensa a instauração de TCE 
nesses casos, salvo determinação em contrário do Tribunal. Então, na 
prática, não ocorre esse julgamento conjunto, em virtude da dispensa na 
maioria dos casos. Não obstante, a IN TCU 71/2012 prescreve que os 
relatórios de gestão elaborados anualmente pelas unidades 
jurisdicionadas deverão apresentar informações sobre as tomadas de contas 
especiais cuja instauração foi dispensada nos termos previstos na norma. 
Havendo majoração do valor mínimo, as tomadas de contas 
especiais de exercícios anteriores já presentes no Tribunal, cujo dano ao 
erário seja inferior ao novo valor fixado, poderão ser arquivadas a título 
de racionalização administrativa e economia processual, sem 
cancelamento do débito, desde que ainda não tenha sido efetivada a 
citação dos responsáveis, que continuarão obrigados ao pagamento do 
débito (RI/TCU, art. 199, §2º). 
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Antes do encaminhamento ao TCU, as tomadas de contas especiais 
serão arquivadas na unidade de origem nas hipóteses de recolhimento do 
débito, comprovação da não ocorrência do dano imputado aos responsáveis 
e subsistência de débito inferior ao limite de R$ 75.000,00. 
A despeito de toda essa previsão normativa, vamos ver o entendimento 
do Cespe, organizadora dos concursos para o TCU, sobre o assunto: 
11. (TCU ± TFCE 2012 ± Cespe) Quando o dano ao erário provocado por determinada
irregularidade na gestão de recursos públicos for inferior à quantia fixada anualmente 
pelo TCU, a tomada de contas poderá ser dispensada, a critériodo TCU. 
Comentário: Como vimos, a IN TCU 71/2012 dispensa a instauração de TCE 
na apuração de dano inferior ao limite mínimo, atualmente de R$ 75.000,00, salvo 
determinação em contrário do Tribunal. Portanto, em princípio, a assertiva 
estaria correta. Porém, nas justificativas para a manutenção do gabarito, o 
Cespe manifestou entendimento diverso. Vejamos: 
Recurso indeferido. No caso de danos de valor irrelevante, a tomada de contas 
deve ser obrigatoriamente realizada. A única diferença em relação aos danos de 
maior valor é que, no caso descrito pelo item, a TCE é anexada ao processo da 
respectiva tomada ou prestação de contas anual do administrador ou ordenador 
de despesa, para julgamento em conjunto. Essa é a determinação do art. 8º, § 3º, 
da Lei Nº 8.443, de 1992. Qualquer norma infralegal que dispuser em sentido 
contrário estará exorbitando seu objetivo regulamentar. 
Seguindo essa interpretação, a banca considerou a questão errada. Vale 
destacar que a então vigente IN TCU 56/2007, antecessora da IN TCU 71/2012, 
também trazia a mesma previsão de dispensa constante na norma atual. 
Mas o importante aqui é prestar atenção na conduta do Cespe em 
simplesmente ignorar, nesse ponto, as disposições da Instrução Normativa do 
TCU, sob a justificativa de que ³TXDOTXHU� QRUPD� LQIUDOHJDO� TXH� GLVSXVHU� HP�
sentido contrário HVWDUi� H[RUELWDQGR� VHX� REMHWLYR� UHJXODPHQWDU´. Como a
IN 71/2012 prevê claramente a dispensa de TCE na hipótese de valor do dano 
inferior ao limite mínimo, então, seguindo a linha da banca, tal previsão estaria 
contrariando o disposto na LO/TCU e, por isso, não deve ser considerada para 
fins de prova. Complicado, né?! 
Gabarito: Errado 
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Fases da TCE 
A doutrina costuma classificar a TCE em duas fases ou etapas: interna 
e externa, com as seguintes características: 
Fase Interna Fase Externa 
Ocorre dentro do órgão ou entidade em que 
ocorreu o fato ensejador de sua instauração 
Ocorre no Tribunal de Contas. 
Procedimento de natureza verificadora e 
investigatória. Não é processo. 
Processo para julgamento da conduta dos 
responsáveis. É processo. 
Não há obrigatoriedade do contraditório e da 
ampla defesa. 
O contraditório e a ampla defesa são 
obrigatórios. 
Não há julgamento. Há julgamento. 
Encerra-se com o encaminhamento ao TC. Encerra-se com o arquivamento do processo. 
O processo de tomada de contas especial deve ser instruído com o 
relatório do tomador de contas, contendo informações completas e 
comprovadas a respeito das providências adotadas internamente com a 
finalidade de obter o integral ressarcimento ao erário. 
Dessa forma, a instauração do processo de tomada de contas especial 
será sempre precedida de ampla apuração dos fatos ou omissões que 
resultarem em prejuízo ao erário, mediante a realização de auditoria, 
sindicância, inquérito, processo administrativo, disciplinar, ou outro 
procedimento que relate detalhadamente a situação ocorrida, suas 
circunstâncias, a identificação dos responsáveis e a quantificação do 
prejuízo. 
Esses procedimentos de apuração ocorrem no âmbito do órgão ou 
entidade em que ocorreu o fato ensejador de sua instauração (fase interna). 
A responsabilidade pela apuração interna é de quem cabe instaurar a 
tomada de contas especial, ou seja, da autoridade administrativa 
competente. 
Já a eventual punição dos responsáveis na fase interna depende das 
possibilidades dos procedimentos que venham a ser adotados para tratar o 
caso (por exemplo, processos administrativos disciplinares). Se apenas 
forem realizados procedimentos meramente investigativos (como as 
sindicâncias) então não há que se falar em punição na fase interna, 
dispensando o contraditório e a ampla defesa. 
Cumprido, no âmbito do órgão ou entidade, o objetivo de apurar os 
fatos, identificar os responsáveis e quantificar o dano, a TCE será 
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encaminhada ao controle interno para emissão de parecer e, em seguida, ao 
Ministro de Estado supervisor da área ± ou autoridade equivalente -, a fim 
de declarar que tomou conhecimento do que foi apurado. 
Dessa forma, além do relatório do tomador de contas, o processo de 
tomada de contas especial deve ser instruído com os mesmos elementos que 
instruem os processos de contas de gestão: relatório e certificado de 
auditoria, com o parecer do dirigente do órgão de controle interno, 
pronunciamento do Ministro de Estado e rol de responsáveis. 
Após isso, a TCE deve ser encaminhada ao TCU para julgamento, 
conforme as regras que vimos no tópico anterior, caracterizando o início da 
fase externa. 
Protocolada a tomada de contas especial no Tribunal, autua-se um 
processo específico que passará por todas aquelas etapas que já 
conhecemos (instrução do copo técnico, parecer do MP/TCU, relatório do 
Relator) para então ser julgado pelo colegiado (as Câmaras, em regra). No 
julgamento, o Tribunal poderá determinar o ressarcimento do dano e o 
recolhimento de multa, com força de título executivo, caso reste 
comprovada a responsabilidade da(s) pessoa(s) arrolada(s) nos autos após a 
garantia do contraditório e da ampla defesa. 
Por fim, vale lembrar que os processos de TCE oriundos de conversão 
de processo de fiscalização são constituídos no âmbito da própria Corte de 
Contas, portanto, não há encaminhamento ao TCU. Como o feito já surge no 
âmbito do Tribunal, sem a adoção de procedimentos investigatórios pelo 
órgão ou entidade em que ocorreu o fato ensejador, não há a fase interna, 
somente a externa. 
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DECISÕES EM PROCESSOS DE CONTAS 
A decisão adotada pelo TCU em processo de tomada ou prestação de 
contas ± ordinárias, extraordinárias e tomadas de contas especial ± pode 
ser: preliminar, definitiva ou terminativa (RI/TCU, art. 201). 
DECISÃO PRELIMINAR 
Preliminar é a decisão pela qual o Relator ou o Tribunal, antes de 
pronunciar-se quanto ao mérito das contas, resolve (RI/TCU, art. 201, 
§1º):
ƒ Sobrestar o julgamento;
ƒ Ordenar a citação ou a audiência dos responsáveis;
ƒ Rejeitar as alegações de defesa e fixar novo e improrrogável prazo
para recolhimento do débito; ou
ƒ Determinar outras diligências necessárias ao saneamento do processo.
Assim, as decisões preliminares não firmam o mérito das contas, ou 
seja, não julgam a regularidade da gestão. A finalidade das decisões 
preliminares é sanear os autos, dando curso ao processo, até que se alcance 
uma decisão definitiva. As decisões preliminares são as únicas que podem 
ser adotadas por despacho singular do Relator (deliberação 
monocrática), sendo publicadas nos órgãos oficiais apenas por opção deste 
(LO/TCU, art. 13; RI/TCU, art. 203). Exceção é a decisão preliminar que 
rejeita as alegações de defesa e fixa novo e improrrogável prazo para 
recolhimento do débito, que é proferida mediante Acórdão, ou seja, é uma 
decisão colegiada, como veremos ainda nesta aula (RI/TCU, art. 202, §3º). 
Sobrestar o julgamento 
Adota-se a decisão preliminar de sobrestar o julgamento quando 
alguma matéria ou fato tenha o potencial de interferir no mérito do processo 
de contas. Nesse caso, o julgamento das contas é suspenso até o deslinde 
da matéria ou fato limitador. 
Por exemplo: se numa auditoria ainda em curso no Tribunal estiverem 
sendo constatadas diversas

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