Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aula 05 Controle Externo p/ TCU ? Técnico e Auditor (Tecnologia da Informação e Biblioteconomia) Professor: Erick Alves . Controle Externo TCU ʹ TEFC e AUFC (TI e Bibliotec.) 2014 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 05 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 110 AULA 05 Olá pessoal! Nosso objetivo nesta aula é estudar as principais características do julgamento de contas, cobrindo os seguintes assuntos: 9 Tomada e prestação de contas 9 Tomada de contas especial Para tanto, seguiremos o seguinte sumário: SUMÁRIO Tomada e prestação de contas ....................................................................................................................................... 2 Dever de prestar contas.................................................................................................................................................... 2 Contas de gestão .................................................................................................................................................................. 6 Tomada de contas especial .......................................................................................................................................... 16 Decisões em processos de contas .............................................................................................................................. 32 Decisão preliminar .......................................................................................................................................................... 32 Decisão definitiva ............................................................................................................................................................. 34 Decisão terminativa ........................................................................................................................................................ 47 Mais questões de prova ................................................................................................................................................... 79 RESUMÃO DA AULA ........................................................................................................................................................... 94 Questões comentadas na Aula..................................................................................................................................... 96 Gabarito .................................................................................................................................................................................110 O julgamento de contas é assunto importante, diretamente relacionado com a jurisdição do TCU, que vimos na Aula 01. E é bastante explorado nas provas; portanto, bastante atenção! . Controle Externo TCU ʹ TEFC e AUFC (TI e Bibliotec.) 2014 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 05 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 110 TOMADA E PRESTAÇÃO DE CONTAS Como sabemos, uma das principais competências dos Tribunais de Contas é julgar as contas dos administradores e dos demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos, nos termos da Constituição Federal (art. 71, II). Ao TCU, em particular, compete julgar as contas dos responsáveis por recursos provenientes do orçamento da União, ou pelos quais o Governo Federal responda. Por meio do julgamento de contas, o Tribunal avalia e decide sobre a legalidade, legitimidade e economicidade dos atos de gestão dos seus jurisdicionados. Para tanto, os responsáveis devem prestar contas por meio de documentos e informações de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional ou patrimonial que evidenciem a boa e regular aplicação dos recursos públicos. Nos tópicos seguintes, veremos os procedimentos e demais características do julgamento de contas no âmbito do TCU. DEVER DE PRESTAR CONTAS Nos termos do Regimento Interno (art. 188), as pessoas a seguir têm o dever de prestar contas ao TCU para julgamento: Qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária; Os dirigentes de empresas públicas e sociedades de economia mista constituídas com recursos da União; Os dirigentes ou liquidantes das empresas encampadas ou sob intervenção ou que, de qualquer modo, venham a integrar, provisória ou permanentemente, o patrimônio da União ou de outra entidade federal; Os responsáveis pelas contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo; Os responsáveis por entidades dotadas de personalidade jurídica de direito privado que recebam contribuições parafiscais e prestem serviço de interesse público ou social; Todos aqueles que lhe devam prestar contas ou cujos atos estejam sujeitos à sua fiscalização por expressa disposição de lei; . Controle Externo TCU ʹ TEFC e AUFC (TI e Bibliotec.) 2014 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 05 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 110 Essas pessoas são os jurisdicionados do Tribunal relacionados no art. 5º, I e III a VII do RI/TCU. As contas desses administradores e responsáveis devem ser submetidas anualmente a julgamento do Tribunal, sob a forma de tomada ou prestação de contas, organizadas de acordo com as regras estabelecidas em Instrução Normativa1 do próprio TCU. Na mesma linha, a IN TCU 63/2010 (art. 2º) dispõe que os responsáveis pelas seguintes unidades jurisdicionadas estão sujeitos à constituição de processo de contas para julgamento: Órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta, incluídas as fundações e empresas estatais, bem como suas unidades internas; Fundos cujo controle se enquadre como competência do Tribunal; Serviços sociais autônomos; Contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do respectivo tratado constitutivo; Empresas encampadas, sob intervenção federal, ou que, de qualquer modo, venham a integrar, provisória ou permanentemente, o patrimônio da União ou de entidade pública federal; Entidades cujos gestores, em razão de previsão legal, devam prestar contas ao Tribunal; Programas de governo constantes do Plano Plurianual previsto no inciso I do art. 165 da Constituição Federal; Consórcios públicos em que a União figure como consorciada; Entidades de fiscalização do exercício profissional. Todavia, o TCU, a seu critério, pode dispensá-los da obrigação de enviar suas contas para julgamento (LO/TCU, art. 6º). Com efeito, anualmente o Tribunal define, em Decisão Normativa, as unidades jurisdicionadas cujos responsáveis terão processos de contas ordinárias constituídos para julgamento. Os responsáveis pelas unidades jurisdicionadas não relacionadas na referida Decisão Normativa, em regra, não terão as contas do respectivo exercício julgadas pelo Tribunal. A possibilidade de dispensa é apenas uma maneira de conferir maior efetividade e qualidade ao exame e julgamento das contas anuais, mediante 1 Atualmente, a IN 63/2010 alterada pela IN 72/2013 estabelece normas de organização e de apresentação dos processos de contas da administração pública federal para julgamento do Tribunal de Contas da União. . Controle Externo TCU ʹ TEFC e AUFC (TI e Bibliotec.) 2014 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 05 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 110 a racionalização da quantidade de processosanalisados pelo Tribunal, segundo critérios de materialidade, relevância e risco. Assim, a Corte pode concentrar sua força de trabalho na análise das contas das entidades que administram maiores orçamentos, que desempenham funções mais sensíveis para a sociedade ou, ainda, que apresentam maior histórico de problemas. Porém, frise-se: a regra é a prestação de contas! A dispensa eventualmente concedida pelo Tribunal refere-se apenas à constituição de processo de contas ordinárias. Como veremos daqui a pouco, os responsáveis pelas entidades dispensadas ainda devem prestar contas, mediante a apresentação de relatórios de gestão, os quais, diferentemente dos processos de contas, não são julgados pelo Tribunal. Ademais, as entidades dispensadas continuam sujeitas à fiscalização do TCU, podendo ser objeto de uma auditoria, por exemplo. Quanto à dispensa de prestar contas, em respeito ao art. 5º, XXXV, da Constituição Federal (inafastabilidade da tutela jurisdicional), há ainda a possiblidade de o Poder Judiciário julgar que determinada pessoa não está obrigada a prestar contas ao Tribunal. Por exemplo, em um julgado antigo, o STF decidiu que não caberia aos Tribunais de Contas julgarem as contas de administradores de entidades de direito privado, ainda que com capital majoritário do Estado, como as sociedades de economia mista. Os TCs foram obrigados a respeitar esse entendimento enquanto esteve em vigor. Porém, em 2005, o Supremo modificou sua posição (MS 25.092), fixando o novo e atual entendimento de que tais entidades estão, sim, obrigadas a prestar contas. Prosseguindo... Você percebeu que os jurisdicionados sujeitos à tomada ou prestação de contas anuais são apenas os relacionados nos incisos I e III a VII do art. 5º do RI/TCU? E os demais, que estão nos incisos II e VIII a X, não devem prestar contas? Na verdade, eles prestam sim, mas não mediante a apresentação de contas ordinárias anuais. Vejamos... Aqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte dano ao erário (inciso II) não têm o dever de prestar contas ordinárias ao TCU para julgamento. Isso é óbvio, pois é difícil imaginar que esses responsáveis compareçam espontaneamente perante o Tribunal constituindo um processo de contas ordinárias para confessar a prática de irregularidades. De toda sorte, as contas dos causadores de dano erário, mesmo que não vinculados à Administração Pública, são julgadas por meio de tomada de contas especial, que possui caráter eventual e não . Controle Externo TCU ʹ TEFC e AUFC (TI e Bibliotec.) 2014 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 05 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 110 ordinário, haja vista que só é instaurada quando se tem conhecimento de algum prejuízo ao erário, servindo para apurar somente este dano, e não a gestão do exercício inteiro, como é feito nas contas ordinárias anuais. Ademais, a instauração da tomada de contas especial e seu posterior envio ao TCU deve ser, em regra, de iniciativa da autoridade administrativa com ascendência hierárquica sobre o causador do dano ao erário, como veremos em detalhe na sequência desta aula. As contas ordinárias, ao contrário, devem ser constituídas por iniciativa do próprio administrador responsável pelas contas. Por sua vez, os responsáveis pela aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a estado, ao Distrito Federal, a município, e a qualquer outra pessoa, física ou jurídica, pública ou privada (inciso VIII), em regra, não prestam contas diretamente ao TCU, mas respondem pela boa e regular aplicação desses recursos perante o órgão ou entidade da União que os repassou, apresentando todos os documentos, informações e demonstrativos necessários à composição dos relatórios de gestão e dos processos de contas dos responsáveis pela unidade jurisdicionada repassadora. Esta, por sua vez, deve evidenciar ao Tribunal, em sua própria prestação de contas, como foi feita a utilização dos recursos por ela repassados. Portanto, as prestações de contas dos responsáveis pela aplicação de recursos repassados pela União só chegarão ao TCU por intermédio das contas do órgão ou entidade repassador. Eles somente prestam contas diretamente ao Tribunal no caso de dano ao erário ou omissão no dever de prestar contas ao órgão repassador, situações ensejadoras de tomada de contas especial, que veremos daqui a pouco. Nessa hipótese, eles se enquadrariam no inciso II do art. 5º (responsáveis por dar causa a dano ao erário). Já os sucessores dos administradores e responsáveis (inciso IX) não estão sujeitos a prestar contas anualmente porque, a rigor, não são responsáveis pela gestão de recursos públicos. Eles apenas respondem pelo débito eventualmente imputado ao falecido, até o limite do patrimônio transferido. Por fim, os representantes nas assembleias (inciso X) estarão sob a jurisdição do TCU caso pratiquem atos de gestão ruinosa ou liberalidade à custa das respectivas sociedades. Dessa forma, ao se verificar essa situação específica, não ordinária ± causa de prejuízo às respectivas sociedades ± suas contas estarão sujeitas ao julgamento do Tribunal, mediante a instauração de tomada de contas especial. Nessa situação, os . Controle Externo TCU ʹ TEFC e AUFC (TI e Bibliotec.) 2014 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 05 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 110 representantes da União também se enquadrariam no inciso II do art. 5º (responsáveis por dar causa a dano ao erário). Vale lembrar que as entidades de fiscalização do exercício profissional não estão mais dispensadas de prestar contas, estando agora arroladas dentre as unidades sujeitas a apresentar relatório de gestão e a constituir processo de contas para julgamento. Na mesma linha, os consórcios públicos 2 com participação da União foram incluídos expressamente nesse rol a partir da IN TCU 73/2012. CONTAS DE GESTÃO O julgamento das contas de gestão constitui a materialização da competência reservada aos Tribunais de Contas pela primeira parte do inciso II do art. 71 da Constituição Federal: II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público (...) As contas de gestão ou contas ordinárias constituem processos de trabalho do controle externo destinados a avaliar e julgar o desempenho e a conformidade da gestão dos responsáveis em um determinado exercício financeiro, com base em documentos, informações e demonstrativos de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional ou patrimonial, obtidos direta ou indiretamente. Assim, por exemplo, pode existir um processo de contas ordinárias do Ministério da Educação referente ao exercício de 2013, outro referente ao exercício de 2014 e assim por diante. O mesmo ocorre em relação às demais unidades da Administração Pública Federal e aos demais exercícios. Lembre-se que o Tribunal pode dispensar, a seu critério, alguma entidade de constituir processo de contas ordinárias. Com efeito, anualmente o TCU divulga uma relação de unidades jurisdicionadas (UJ) escolhidas para constituir o respectivo processo referente àquele exercício, segundo critérios de risco, materialidade e relevância. Tais unidades deverão submeter seu processo de contas para julgamento do TCU. As demais UJ ficam dispensadas de apresentar para julgamento as contas relativas ao referido exercício financeiro. Perceba, então, que a dispensa concedida pelo TCU refere-se apenas à constituição de processo 2 A exemplo da Autoridade Pública Olímpica Ȃ APO, consórciointegrado pela União, o estado do Rio de Janeiro e o município do Rio de Janeiro . Controle Externo TCU ʹ TEFC e AUFC (TI e Bibliotec.) 2014 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 05 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 110 para julgamento. O dever de prestar contas permanece. Lembre-se do disposto no art. 70, parágrafo único da CF (prestará contas qualquer pessoa...). Enfim, as unidades dispensadas ainda estão sujeitas ao dever prestar contas, demonstrando ao TCU e à sociedade a boa e regular aplicação dos recursos públicos. A única diferença é que o farão de uma forma simplificada, mediante a apresentação dos respectivos relatórios de gestão, os quais ficarão disponíveis para livre consulta no portal do TCU na internet. O conteúdo desses relatórios deve abranger a totalidade da gestão da unidade, conforme definido pelo Tribunal. Em princípio, o TCU não irá deliberar sobre os relatórios de gestão, de modo que as contas dos responsáveis pelas unidades dispensadas não serão julgadas no exercício em que foram liberadas de apresentar processo de contas ordinárias, nos termos do art. 6º da LO/TCU. Entretanto, o Tribunal pode, em decisão específica, determinar que alguma dessas unidades constitua processo de contas se, por exemplo, for constatado algum indício de irregularidade no relatório de gestão da unidade. Ademais, os responsáveis pelas unidades dispensadas de constituir processo de contas para julgamento também permanecem sujeitos às demais formas de fiscalização exercidas pelos controles interno e externo (IN TCU 63/2010, art. 4º, §1º). Para consolidar a importância do relatório de gestão como instrumento de prestação de contas, a IN TCU 63/2010 preceitua que a apresentação tempestiva do relatório de gestão, com o conteúdo e forma fixados em decisão normativa, configura o cumprimento da obrigação de prestar contas, nos termos do art. 70 da Constituição Federal. Em sentido contrário, a não apresentação do relatório de gestão no prazo fixado configura omissão no dever de prestar contas, além de caracterizar ato de improbidade administrativa. Verificada a omissão, o Tribunal determinará, em decisão específica, a constituição de processo de tomada de contas para citação do dirigente máximo da unidade jurisdicionada. Se o responsável não conseguir justificar a falta, suas contas serão julgadas irregulares e ele será condenado em débito. Nem mesmo a apresentação posterior do relatório de gestão afastará a irregularidade, podendo o débito ser afastado caso a documentação esteja de acordo com as normas legais e regulamentares e demonstre a boa e regular aplicação dos recursos. . Controle Externo TCU ʹ TEFC e AUFC (TI e Bibliotec.) 2014 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 05 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 110 Sintetizando: o Tribunal pode definir que determinada UJ constitua processo de contas ordinárias relativo ao exercício X e dispensá-la dessa responsabilidade no exercício seguinte, e assim por diante. Nos exercícios em que não sejam obrigados a constituir processo de contas, os responsáveis não terão suas contas julgadas pelo Tribunal, mas prestarão contas mesmo assim, enviando os relatórios de gestão referentes àqueles exercícios. CARACTERÍSTICAS DO MODELO DE CONTAS ORDINÁRIAS Prestação de contas (CF, art. 70) Julgamento de contas (CF, art. 71, II) x Materializada pelo envio dos relatórios de gestão ao TCU. x Universalidade: dever de todas as UJ. x Publicidade no portal do TCU. x Materializada pela constituição e envio de processo de contas ao TCU para julgamento. x Seletividade: algumas UJ são escolhidas, a critério do TCU. x TCU emite um julgamento, certificando a regularidade, regularidade com ressalvas ou irregularidade das contas. Além das contas ordinárias, existem ainda os processos de contas extraordinárias, constituídos por ocasião da extinção, liquidação, dissolução, transformação, fusão, incorporação ou desestatização de unidades jurisdicionadas. Os processos de contas extraordinárias deverão conter documentos e informações relativos às providências adotadas para encerramento das atividades da unidade, em especial os termos de transferência patrimonial e a situação dos processos administrativos não encerrados. A constituição de processo de contas extraordinárias é dispensada nos seguintes casos: Unidade jurisdicionada que, sem alteração de sua natureza jurídica e mantidas as atribuições anteriores, passar a integrar a estrutura de outro ministério ou órgão; Unidade jurisdicionada que sofrer alteração de nome ou de estrutura, se preservada a continuidade administrativa e mantidas atribuições similares às anteriores; Empresa não classificada como individual, consolidadora, agregada ou agregadora na DN anual, em que unidade da administração indireta tenha participação no capital, no momento da venda da participação; Unidade não relacionada expressamente na DN anual ou referida como consolidada no referido normativo. . Controle Externo TCU ʹ TEFC e AUFC (TI e Bibliotec.) 2014 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 05 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 110 Os processos de contas de gestão (ordinárias ou extraordinárias) são formalizados pelos órgãos do sistema de controle interno, mediante provocação do administrador responsável, em consonância com as orientações do TCU. Após serem instruídos no âmbito interno, os processos são encaminhados ao Tribunal para apreciação e julgamento. Os prazos para esse encaminhamento, assim como a forma e o conteúdo dos processos de contas, observarão, em cada exercício financeiro, o disposto em Decisão Normativa do TCU. Tomada e prestação de contas: diferença As contas dos administradores e responsáveis são submetidas a julgamento do Tribunal sob a forma de tomada ou prestação de contas. Antigamente, sob a égide da IN TCU 57/2008, a definição de tomada de contas e prestação de contas tinha relação com o fato de a unidade jurisdicionada (UJ) que fosse constituir o respectivo processo ser integrante da administração federal direta ou indireta. Pela definição antiga, as entidades da administração indireta constituíam processo de prestação de contas, enquanto as unidades da administração direta constituíam processo de tomada de contas. Porém, a partir da IN TCU 63/2010, cujos dispositivos se aplicam aos processos de contas de 2010 em diante, a classificação dos processos de contas mudou radicalmente. Agora, para classificar um processo em prestação ou tomada de contas observa-se apenas quem teve a iniciativa da apresentação do processo ao TCU, da seguinte forma3: Prestação de contas: quando a UJ que está obrigada, por ato normativo, a apresentar contas, o faz espontaneamente, no prazo estabelecido. Nesse caso, será autuado no TCU um processo de prestação de contas ordinárias. Tomada de contas: quando um órgão de controle (interno ou externo) toma as contas da UJ que, estando obriga a apresentar contas, não o faz no prazo estabelecido. Nesse caso, será autuado no TCU um processo de tomada de contas ordinárias. Ou seja, no âmbito do TCU, o posicionamento da unidade na administração direta ou indireta não mais possui relevância para distinguir prestação e tomada de contas. 3 Em alguns outros TCs, como o TCDF, a classificação dos processos de contas ainda segue o critério da administração direta ou indireta. . Controle Externo TCU ʹ TEFC e AUFC (TI e Bibliotec.) 2014 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 05 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 110 Deve ficar claro que o conceito da IN 63 (quanto à iniciativa de apresentação) se refere às contas ordinárias, ou seja,às unidades que devem constituir processo de contas para julgamento relativamente a determinado exercício financeiro. Vou explicar. Como vimos, o TCU define anualmente, mediante Decisão Normativa, as unidades que devem prestar contas no exercício seguinte (ex: no início de 2013, o TCU definiu as unidades que devem apresentar contas em 2014, relativas a 2013). As contas ordinárias avaliam de forma ampla a gestão dos responsáveis no exercício a que se referem. Se um órgão estiver obrigado a constituir processo de contas ordinárias e não as prestar no prazo estabelecido, será autuado um processo de tomada de contas ordinárias. Isso não se confunde com as tomadas de contas especiais (TCE), mesmo aquelas instauradas por omissão no dever de prestar contas, uma vez que as TCE são procedimentos mais céleres, para apurar um fato específico, enquanto as tomadas de contas ordinárias apreciam atos de todo um exercício financeiro. Assim, a tomada de contas especial se aplica, por exemplo, quando da omissão na prestação de contas de um convênio. A tomada de contas especial vai apurar somente as contas desse convênio. Já as tomadas de contas ordinárias são instauradas porque o órgão deixou de apresentar a prestação de contas referente à gestão completa de determinado exercício, envolvendo todos os atos praticados naquele período. Conteúdo dos processos de contas A tomada ou prestação de contas deve incluir todos os recursos, orçamentários e extra orçamentários, geridos ou não pela unidade ou entLGDGH��/2�7&8��DUW�����SDUiJUDIR�~QLFR���³Geridos ou não´�TXHU�GL]HU�TXH� as contas devem trazer informações não só sobre todos os recursos utilizados, arrecadados, guardados ou geridos pela unidade ou entidade, mas também sobre aqueles pelos quais ela responda, a exemplo dos recursos eventualmente repassados mediante convênio, acordo, ajuste ou outro instrumento congênere. As despesas de caráter sigiloso, a exemplo das afetas à segurança nacional, serão examinadas pelo Tribunal de forma sigilosa. À vista das demonstrações recebidas, o Tribunal poderá ordenar a verificação in loco dos respectivos comprovantes (LO/TCU, art. 92). Os processos de contas constituídos para julgamento (tomada ou prestação de contas, inclusive a tomada de contas especial) devem conter os seguintes elementos (LO/TCU, art. 9º): . Controle Externo TCU ʹ TEFC e AUFC (TI e Bibliotec.) 2014 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 05 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 110 Relatório de gestão; Relatório do tomador de contas, quando couber; Relatório e certificado de auditoria, com o parecer do dirigente do órgão de controle interno, que consignará qualquer irregularidade ou ilegalidade constatada, indicando as medidas adotadas para corrigir as faltas encontradas; Pronunciamento do Ministro de Estado supervisor da área ou da autoridade de nível hierárquico equivalente. O relatório de gestão é elaborado pela própria unidade jurisdicionada. Constitui-se de documentos, informações e demonstrativos de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional ou patrimonial, organizado para permitir a visão sistêmica do desempenho e da conformidade da gestão dos responsáveis. Na hipótese de tomada de contas (especial ou ordinária), o relatório de gestão é substituído pelo relatório do tomador de contas. As unidades dispensadas de constituir processos de contas para julgamento somente elaboram e enviam ao TCU o relatório de gestão. Já o relatório de auditoria de gestão é elaborado pelo órgão de controle interno competente, a partir dos resultados de auditoria específica realizada para avaliar a conformidade e o desempenho da gestão no respectivo período. Com base nos exames realizados, o controle interno emite sua opinião a respeito da regularidade da gestão dos responsáveis, o que é feito por meio do certificado de auditoria, que apresenta o parecer conclusivo do dirigente do órgão de controle interno. No pronunciamento do Ministro de Estado supervisor da unidade jurisdicionada, ou da autoridade de nível hierárquico equivalente, deve ser atestado expressamente que a autoridade tomou conhecimento das conclusões contidas no parecer do dirigente do órgão de controle interno sobre o desempenho e a conformidade da gestão da unidade supervisionada. Tal pronunciamento não poderá ser objeto de delegação (LO/TCU, art. 52). Clique aqui4 para ver exemplo de relatório de gestão, relatório de auditoria de gestão, parecer do dirigente de controle interno e pronunciamento ministerial, relativos às contas da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) do exercício de 2009, disponíveis no site da entidade. 4 http://www2.anac.gov.br/anac/exercicio2009.asp . Controle Externo TCU ʹ TEFC e AUFC (TI e Bibliotec.) 2014 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 05 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 110 Rol de responsáveis O processo de contas contém ainda o rol de responsáveis. Esse documento especifica e identifica os gestores cujas contas serão julgadas pelo Tribunal, trazendo informações como nome, CPF, função exercida, período de gestão, endereço para comunicação etc. Recorde-se que o Tribunal julga as contas das pessoas, não as contas do órgão/entidade, nem as pessoas em si. As pessoas, por seu turno, são responsáveis pela gestão e pela prestação de contas ao TCU, respondendo pessoalmente por eventuais desvios ou irregularidades, e só recebem quitação após o julgamento do Tribunal. A responsabilidade do administrador relativamente aos atos e fatos de sua gestão é estritamente pessoal. Segundo a IN TCU 63/2010 (art. 10), são considerados responsáveis pela gestão os titulares e seus substitutos que desempenharem, durante o período a que se referirem as contas, as seguintes naturezas de responsabilidade, se houver: Dirigente máximo da unidade jurisdicionada; Membro de diretoria ou ocupante de cargo de direção no nível de hierarquia imediatamente inferior e sucessivo ao do dirigente máximo, com base na estrutura de cargos aprovada para a unidade jurisdicionada; Membro de órgão colegiado que, por definição legal, regimental ou estatutária, seja responsável por ato de gestão que possa causar impacto na economicidade, eficiência e eficácia da gestão da unidade. O TCU poderá definir outras naturezas de responsabilidade em Decisão Normativa. . Controle Externo TCU ʹ TEFC e AUFC (TI e Bibliotec.) 2014 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 05 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 110 1. (TCU ± TCE 2007 ± Cespe) Qualquer pessoa, física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária está obrigada constitucionalmente a prestar contas ao TCU. Comentário: O quesito está correto, ante o disposto no art. 70, parágrafo único da CF. Não obstante, lembre-se que a prestação de contas ordinárias diretamente ao TCU ocorre em duas fases: (i) Mediante o envio de relatório de gestão, o qual é disponibilizado pelo Tribunal na internet, mas não é julgado ± todas UJ. (ii) Mediante a constituição de processo de contas submetido ao Tribunal para julgamento ± apenas algumas UJ. Anualmente, o Tribunal divulga duas Decisões Normativas: uma relacionando as unidades que deverão apresentar relatórios de gestão, definindo conteúdo, forma e prazos para apresentação; e outra escolhendo, dentre as unidades relacionadas na primeira DN, aquelas que deverão constituir processo de contas para julgamento, também definindo conteúdo, forma e prazos para apresentação. A prestação de contas seguindo essa sistemáticaconfigura o cumprimento da obrigação prevista no art. 70, parágrafo único da CF. Gabarito: Certo 2. (TCU ± ACE 2005 ± Cespe) Nos termos da Lei n.º 8.443/1992 (Lei Orgânica do TCU), o TCU tem jurisdição própria e privativa, em todo o território nacional, sobre as pessoas e matérias sujeitas à sua competência e, somente por decisão do TCU, as pessoas abrangidas pela jurisdição do Tribunal podem ser liberadas da responsabilidade de prestar-lhe contas. Comentário: A primeira parte da questão está correta ± ³o TCU tem jurisdição própria e privativa (...) sobre as pessoas e matérias sujeitas à sua FRPSHWrQFLD´ (LO/TCU, art. 4º). Todavia, em seguida, D� SDODYUD� ³VRPHQWH´� torna o quesito errado, visto que o Poder Judiciário também pode dispensar determinada pessoa de prestar contas (LO/TCU, art. 6º). Gabarito: Errado 3. (TCU ± AUFC 2010 ± Cespe) Quem apenas dá causa ao extravio de um bem público, causando dano ao erário, não se submete à jurisdição do TCU. Comentário: A questão está errada, pois a jurisdição do Tribunal abrange . Controle Externo TCU ʹ TEFC e AUFC (TI e Bibliotec.) 2014 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 05 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 110 aqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte dano ao erário (LO/TCU, art. 5º, II). As contas dos causadores de dano erário são julgadas por meio de tomada de contas especial, cuja instauração e posterior envio ao TCU são, em regra, de iniciativa da autoridade administrativa competente (LO/TCU, art. 8º; RI/TCU, art. 197), como veremos em detalhe na sequência desta aula. Gabarito: Errado 4. (TCU ± ACE 2008 ± Cespe) A jurisdição do TCU se estende aos sucessores dos responsáveis pela aplicação de recursos repassados pela União aos demais entes, até o limite do valor do patrimônio transferido. Comentário: Os responsáveis pela aplicação de recursos repassados pela União aos demais entes estão sob a jurisdição do TCU (LO/TCU, art. 5º, VII), assim como os sucessores desses responsáveis, até o limite do patrimônio transferido (LO/TCU, art. 5º, VIII), daí a correção do item. Nada obstante, lembre-se que tais jurisdicionados, tanto os responsáveis pela aplicação de recursos federais descentralizados quanto os sucessores, não têm o dever de prestar contas ordinárias ao TCU para julgamento (LO/TCU, art. 6º; RI/TCU, art. 188). Gabarito: Certo 5. (TCU ± AUFC 2009 ± Cespe) Se a União, em razão da presente crise financeira, decidir adquirir temporariamente o controle acionário de um banco que se encontre em dificuldades de liquidez, com vistas a saneá-lo e vendê-lo em dois meses, durante este período, os dirigentes deste banco estarão sujeitos à jurisdição do TCU. Comentário: Está sob a jurisdição do TCU qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária (LO/TCU, art. 5º I). Não há delimitação de tempo, mínimo ou máximo, para que se assuma tal responsabilidade. Assim, os dirigentes do banco estarão sim sob a jurisdição do TCU durante o período em que a entidade permanecer sob o controle da União. E ainda terão o dever de prestar contas ordinárias ao TCU para julgamento ± uma vez que estão abrangidos pelo inciso I do art. 5º da LO/TCU ± e só por decisão do Tribunal poderão ser dispensados dessa responsabilidade (LO/TCU, art. 6º), ressalvada eventual apreciação do caso pelo Judiciário. Gabarito: Certo . Controle Externo TCU ʹ TEFC e AUFC (TI e Bibliotec.) 2014 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 05 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 110 6. (TCU ± AUFC 2010 ± Cespe) Na prestação de contas, o administrador público deve incluir somente os recursos orçamentários e os extra orçamentários geridos pela sua unidade. Comentário: Nas prestações de contas, o administrador público deve incluir todos os recursos, orçamentários e extra orçamentários, geridos ou não pela entidade. Isso contempla não apenas os recursos geridos, utilizados, arrecadados ou guardados pela unidade ou entidade, mas também aqueles pelos quais ela responda (LO/TCU, art. 7º, parágrafo único). Assim, por exemplo, a prestação de contas do responsável por unidade repassadora de recursos deve também contemplar a gestão desses recursos descentralizados �³SHORV�TXDLV�HOD� UHVSRQGD´���H�QmR�Vy�RV�JHULGRV�GLUHWDPHQWH�SHOD�XQLGDGH�� daí o erro do quesito. Gabarito: Errado 7. (TCU ± AUFC 2009 ± Cespe) Se determinado órgão público receber ingresso financeiro na forma de depósitos, portanto, sem previsão na lei orçamentária, tais recursos não precisarão ser incluídos nas tomadas ou prestações de contas. Comentário: Nas tomadas e prestações de contas devem ser incluídos todos os recursos, orçamentários e extra orçamentários (LO/TCU, art. 7º, parágrafo único), daí o erro do quesito. Não obstante, cabe salientar que os ingressos financeiros na forma de depósitos podem ser orçamentários, ainda que não constem da lei orçamentária, desde que não haja obrigação de serem restituídos a terceiros. Gabarito: Errado 8. (TCU ± ACE 2004 ± Cespe) Nas prestações de contas que os gestores públicos devem remeter periodicamente ao TCU, não há necessidade de inserção de demonstrativos referentes a recursos extra-orçamentários, pois, nesses casos, inexiste potencial de lesão ao erário. Comentário: Mais uma questão que exigiu do candidato o conhecimento de que nas tomadas e prestações de contas devem ser incluídos todos os recursos, orçamentários e extra orçamentários, geridos ou não pela entidade (LO/TCU, art. 7º, parágrafo único). Sobre o assunto, a IN 63/2010 dispõe: Art. 12. Os relatórios de gestão referidos no caput do art. 3º devem contemplar todos os recursos orçamentários e extra-orçamentários utilizados, arrecadados, guardados ou geridos pelas unidades jurisdicionadas, ou pelos quais elas respondam, incluídos os oriundos de fundos de natureza contábil recebidos de entes da administração pública federal ou descentralizados para execução indireta. Gabarito: Errado . Controle Externo TCU ʹ TEFC e AUFC (TI e Bibliotec.) 2014 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 05 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 110 9. (TCDF ± ACE 2012 ± Cespe) Nas tomadas de contas de uma entidade pública do DF, devem ser incluídos todos os recursos extraorçamentários, mesmo aqueles que não sejam geridos por ela. Comentário: Em quase todas as provas do Cespe aparece uma questão dessas. Como a Lei Orgânica do TCDF, nesse ponto, é idêntica à do TCU, então o quesito está correto. Gabarito: Certo 10. (TCDF ± Procurador 2012 ± Cespe) No julgamento de contas submetidas ao TCU, serão apreciadas, entre outras, as contas públicas relativas a recursos extraorçamentários não geridos pela entidade ou unidade cujas contas estiverem sendo julgadas. Comentário: Mais uma. Como, nesse ponto, a Lei Orgânica do TCU é idêntica à do TCDF, no sentido de que as tomadas e prestações de contas devem incluir todos os recursos, orçamentários e extra-orçamentários, geridos ou não pela unidade, então o quesito está correto. Gabarito: Certo TOMADA DE CONTAS ESPECIAL Tomada de contas especial (TCE) é um processo administrativo devidamente formalizado, com rito próprio, para apurar responsabilidade por ocorrência de dano ao patrimônio da Administração Pública Federal, com a finalidade de apurar os fatos, quantificar o prejuízo, identificar os responsáveis e obter o respectivo ressarcimento5. Possui previsão expressa na parte finaldo inciso II do art. 71 da Constituição Federal, que atribui aos Tribunais de Contas a competência para julgar: "II - (...) as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público". Dessa forma, a TCE tem por objetivo (LO/TCU, art. 8º): 9 Apurar os fatos (o que aconteceu); 9 Identificar os responsáveis (quem participou e como); 9 Quantificar do dano (quanto foi o prejuízo ao erário); 9 Obter o ressarcimento. 5 Conforme IN TCU 71/2012, que dispõe sobre instauração, a organização e o encaminhamento ao Tribunal de Contas da União dos processos de tomada de contas especial. . Controle Externo TCU ʹ TEFC e AUFC (TI e Bibliotec.) 2014 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 05 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 110 Para tanto, o processo de TCE deve conter elementos de prova/convicção suficientes para se definir qual foi a conduta dos agentes públicos e demais responsáveis envolvidos (agentes solidários ou não), qual/quanto foi o dano e, principalmente, o nexo de causalidade entre a conduta dos agentes e o dano, para que se possa exigir o ressarcimento. Consideram-se responsáveis as pessoas físicas ou jurídicas às quais possa ser imputada a obrigação de ressarcir o erário, vale dizer, qualquer pessoa que esteja sob a jurisdição do TCU. Nas TCEs os responsáveis podem ser qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, responsável por causar dano ao erário. Assim, uma diferença entre as tomadas de contas especiais e os processos de contas de gestão (ordinárias e extraordinárias) é que, enquanto o rol de responsáveis dos processos de contas de gestão inclui apenas dirigentes vinculados à administração pública federal, direta e indireta, nas TCEs os responsáveis podem ser qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada responsável por causar dano ao erário. Nesse caso, a Constituição exige apenas um evento específico para ocorrer a necessidade da apresentação das contas, qual seja, a existência de eventual prejuízo ao patrimônio público, não importando quem o tenha causado. Agentes públicos e privados respondem da mesma forma. Ademais, as TCEs não são vinculadas a um exercício financeiro específico. São constituídos tantos processos de TCE quantas forem as situações determinantes verificadas. Situações determinantes Um processo de TCE deve ser instaurado quando forem verificadas as seguintes situações: 9 Omissão no dever de prestar contas; 9 Não comprovação da aplicação dos recursos repassados pela União mediante convênio, contrato de repasse ou instrumento congênere; 9 Ocorrência de desfalque, alcance, desvio ou desaparecimento de dinheiro, bens ou valores públicos; 9 Prática de ato ilegal, ilegítimo ou antieconômico de que resulte dano ao erário. . Controle Externo TCU ʹ TEFC e AUFC (TI e Bibliotec.) 2014 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 05 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 110 O principal pressuposto para a instauração de um processo de TCE é a configuração de um fato que possa trazer prejuízo ao erário. O prejuízo recursos ou mesmo da perda, roubo ou furto de bens. Todavia, o dano também pode ser consequência de presunções legais. Por exemplo: como já sabemos, os beneficiários de repasses de recursos federais têm a obrigação de prestar contas ao órgão ou entidade repassador. Esse dever abrange, por exemplo, as unidades da federação que assinam convênio com a União, o bolsista do CNPq que recebe auxílio financeiro para a execução de um projeto de pesquisa ou a ONG que recebe repasses da União para executar ações de cunho social. Todos devem prestar contas dos recursos federais recebidos, a fim de demonstrar a sua boa e regular aplicação. Se não o fazem, presume-se que o recurso não foi aplicado como deveria. O prejuízo, que nesse caso é presumido, corresponde ao montante de recursos sem aplicação correta comprovada. Assim, cabe a instauração de TCE quando houver omissão no dever de prestar contas ou ausência de comprovação da boa e regular aplicação dos recursos. Quanto à prática de atos ilegais, ilegítimos ou antieconômicos, apenas aqueles que produzam dano ao erário ensejarão a instauração de TCE. A prática de atos dessa natureza de que não resulte dano ao erário será apurada pela autoridade administrativa, pelo controle interno ou pelo próprio TCU em outros tipos de processos que não a tomada de contas especial. Cumpre destacar que tanto em caso de dolo como de culpa a TCE deve ser instaurada. Assim, para a instauração de TCE, não importa se o agente teve a intenção de praticar a conduta que causou prejuízo ao erário, ou se agiu por negligência, imperícia ou imprudência. A TCE deve ser instaurada em quaisquer dessas hipóteses. Exemplo de TCE instaurada por omissão no dever de prestar contas Acórdão TCU 784/2009 ʹ Segunda Câmara Excerto: TCE instaurada pelo FNDE contra ex-Prefeito, em razão da omissão no dever de prestar contas dos recursos referentes ao Convênio nº 94125/1998, para aquisição de equipamentos e construção de uma escola. Contas julgadas irregulares por omissão com débito e multa. Revelia. Exemplo de TCE instaurada por desvio de recursos Acórdão TCU 1910/2008 ʹ Segunda Câmara Sumário: Tomada de contas especial. Recursos para auxílio à pesquisa. Omissão no . Controle Externo TCU ʹ TEFC e AUFC (TI e Bibliotec.) 2014 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 05 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 110 dever de prestar contas. Desvio de recursos. Contas irregulares, débito e multa. 1. A ausência de comprovação da boa e regular aplicação dos recursos públicos disponibilizados ao pesquisador enseja o julgamento pela irregularidade das contas, e ainda a aplicação de multa. 2. A incorporação de equipamentos adquiridos com verbas públicas ao patrimônio de terceiro não autorizado, pessoa jurídica de direito privado, caracteriza desvio de recursos públicos Exemplo de TCE instaurada por desfalque e desvio de recursos Acórdão TCU 5330/2011 ʹ Segunda Câmara Sumário: Tomada de contas especial. Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Apropriação indevida de recursos. Citação do responsável. Irregularidades não afastadas. Débito. Multa. Contas irregulares. - Julgam-se irregulares as contas, com aplicação de multa ao responsável, em face do desfalque ou desvio de dinheiros, bens ou valores públicos. Excerto: Tomada de Contas Especial. Prejuízos à ECT causados por empregado. Irregularidades identificadas no remanejamento de produtos, bem como no recebimento e na sua devolução. (...) Pressupostos É pressuposto para instauração de tomada de contas especial a existência de elementos fáticos e jurídicos suficientes para: Comprovação da ocorrência de dano; e Identificação das pessoas físicas ou jurídicas que deram causa ou concorreram para a ocorrência de dano. Assim, para instaurar a TCE é necessário que se tenha condições de descrever a situação que deu origem ao dano e de evidenciar a relação entre essa situação e a conduta ilegal, ilegítima ou antieconômica da pessoa responsável por ter causado ou concorrido para a ocorrência do prejuízo. E tudo isso deve estar lastreado em documentos, narrativas e outros elementos probatórios que comprovem a ocorrência do dano ao erário e a respectiva responsabilidade. Responsabilidade pela instauração Diante das situações determinantes (ato ou omissão que resultou em prejuízo ao erário), e presentes os pressupostos (existência de elementos comprobatórios), a TCE deve ser instaurada pela autoridade competente . Controle Externo TCU ʹ TEFC e AUFC (TI e Bibliotec.) 2014 Teoria e exercícios comentadosProf. Erick Alves ʹ Aula 05 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 110 do próprio órgão ou entidade jurisdicionada responsável pela gestão dos recursos. A ³autoridade competente´�p�DTXHOD�que delegou a gestão dos recursos ao responsável por dar causa ao prejuízo. Pode ser, por exemplo, o ordenador de despesas do órgão ou entidade no qual ocorreu desfalque ou desvio de recursos ou se praticou ato ilegal, ilegítimo ou antieconômico de que resultou dano ao erário; pode ser, ainda, o responsável pelo órgão repassador dos recursos de convênio (concedente) cujo recebedor (convenente) foi omisso no dever de prestar contas, ou não foi capaz de comprovar a boa e regular aplicação dos recursos. Veja no primeiro exemplo acima: a TCE foi instaurada pelo FNDE, órgão que repassou recursos federais mediante convênio a determinado Município, cujo prefeito foi omisso no dever de prestar contas. Mas a instauração de tomada de contas especial é medida excepcional. Antes da instauração da TCE, o órgão ou entidade deve fazer o que estiver ao seu alcance para obter o ressarcimento do prejuízo. Esgotadas as medidas administrativas internas sem obtenção do ressarcimento pretendido, aí sim a autoridade competente tem a obrigação de providenciar, por iniciativa própria, a imediata instauração de tomada de contas especial, encaminhando o feito ao TCU para julgamento (IN TCU 71/2012, arts. 3º e 4º). Em caso de omissão ou inércia da autoridade competente, o TCU determinará a instauração da tomada de contas especial, fixando prazo para o cumprimento da decisão (LO/TCU, art. 8º, §1º). Importante observar que, nesse caso, não é o TCU quem instaura a TCE. O que o Tribunal faz é determinar ao órgão que a instaure. Por sua vez, os responsáveis pelo controle interno, sempre que tiverem conhecimento da ocorrência das situações determinantes, devem alertar formalmente a autoridade administrativa competente para que instaure a TCE, comunicando ao Tribunal qualquer irregularidade ou ilegalidade de que tomem conhecimento, sob pena de responsabilidade solidária (LO/TCU, art. 50 e 51). A não adoção das providências para apuração dos fatos, identificação dos responsáveis, quantificação do dano e obtenção do ressarcimento é considerada grave infração à norma legal, sujeitando a autoridade administrativa à responsabilização solidária pelo dano ocorrido e às sanções cabíveis. Assim, se uma autoridade, por força do cargo que ocupa, . Controle Externo TCU ʹ TEFC e AUFC (TI e Bibliotec.) 2014 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 05 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 110 é responsável por determinar a instauração de uma TCE e não o faz, passa a responder solidariamente pelo débito. A responsabilidade pela instauração de TCE, em regra, é da autoridade administrativa competente, depois de esgotadas as providências administrativas internas com vistas à recomposição do erário. Diante da configuração de prejuízo, a autoridade administrativa pode instaurar a TCE por iniciativa própria, por recomendação dos órgãos de controle interno ou por determinação do próprio TCU. O TCU pode ainda determinar a conversão de outros processos de controle externo em tomada de contas especial. Nesse caso, a TCE é constituída no âmbito do Tribunal. Conversão de processo em TCE Além da hipótese de instauração pela autoridade administrativa competente, por iniciativa própria ou por provocação do controle interno ou do Tribunal de Contas, a TCE também pode ser oriunda de conversão de outros processos de controle externo constituídos pelo TCU, tais como, denúncia, representação, inspeção, auditoria e processos de registro de atos de pessoal. Se no âmbito desses processos de fiscalização restar configurada a ocorrência de desfalque, desvio de bens ou outra irregularidade de que resulte dano ao erário, o Tribunal ordenará, desde logo, a conversão do processo em tomada de contas especial (LO/TCU, art. 47). Na hipótese de conversão, a TCE não surge de modo externo ao Tribunal, mas sim a partir da atividade fiscalizadora exercida pela Corte de Contas. Isso ocorre porque só em processos de contas ³latu sensu´ ± ordinárias, extraordinárias ou especiais ± o Tribunal pode julgar as contas de responsável e condená-lo, se for o caso, a ressarcir o prejuízo causado (imputação de débito). Assim, por exemplo, se no curso de uma auditoria for constatada ocorrência que resultou em prejuízo aos cofres públicos, a auditoria (processo de fiscalização) deverá ser convertida em processo de tomada de contas especial (processo de contas), para aí sim ocorrer o julgamento das contas dos responsáveis pelo desfalque e a cobrança do débito apurado. Haverá, então, mutação da natureza do processo, de um processo de fiscalização para um processo de contas. Nesse caso, o TCU não fixa prazo para que a autoridade administrativa instaure a TCE: o Tribunal a constitui por si próprio, mediante a conversão do processo de fiscalização, por decisão do Plenário ou das Câmaras. A conversão em TCE dever ser comunicada ao . Controle Externo TCU ʹ TEFC e AUFC (TI e Bibliotec.) 2014 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 05 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 110 Ministro de Estado supervisor da área ou autoridade equivalente (RI/TCU, art. 198, parágrafo único). A conversão em TCE não é necessária nas situações em que o custo da cobrança seja superior ao valor do ressarcimento, vale dizer, quando o prejuízo apurado possui baixa materialidade (LO/TCU, art. 93). Os processos convertidos em TCE não precisam conter todas as peças exigidas para os demais processos de contas (relatório do tomador de contas, relatório de auditoria de gestão, certificado de auditoria e parecer do dirigente do órgão de controle interno) sendo, porém, obrigatória a ciência do Ministro de Estado supervisor da área ou autoridade equivalente. Ressalte-se que as TCE instauradas diretamente pela autoridade competente devem conter todas aquelas peças. Por fim, deve ficar claro que a verificação de dano ao erário em processos de contas de gestão (ordinárias ou extraordinárias) não requer conversão em tomada de contas especial. Nesse caso, a imputação de débito para ressarcimento do prejuízo ocorre no próprio processo de contas de gestão. A conversão é necessária apenas na hipótese de prejuízo constatado em processos de fiscalização (auditorias, inspeções, denúncias, representações, atos sujeitos a registro). Exemplo de conversão em TCE Acórdão 506/2009 ʹ Plenário Excerto: Representação. Inspeção. Audiência. Irregularidades na aplicação de recursos do PETI e de convênios firmados com o governo federal. Sonegação de documento. Conversão do processo em tomada de contas especial. Citação. 1. Constatada a existência de débito, converte-se o processo em Tomada de Contas Especial e determina-se a citação dos responsáveis. [VOTO] [...] Tendo em vista a existência de dano ao erário, caracterizada (i) pela retirada de recursos da conta do PETI para pagamento, em espécie, das bolsas referentes aos meses de março e abril de 2001, sem a comprovação do recebimento das bolsas pelos seus beneficiários, (ii) pelo pagamento à EMATER/RO do equivalente a 48 (quarenta e oito) horas de curso de capacitação em mecanização agrícola sem a devida contraprestação e (iii) pela não comprovação da aplicação de recursos transferidos em 13/8/2002 para o Fundo Municipal de Assistência Social, os presentes autos devem ser convertidos em Tomada de Contas Especial, com a realização das citações propostas pela Unidade Técnica. [...] . Controle Externo TCU ʹ TEFC e AUFC (TI e Bibliotec.) 2014 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 05Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 110 Exemplo de não conversão em TCE por racionalização administrativa Acórdão 3911/2008 ʹ Segunda Câmara Excerto: Representação. Não-comprovação da boa e regular aplicação de parte dos recursos repassados pelo MDS. Débito de baixa materialidade. Não conversão em TCE Determinação ao órgão repassador com vistas ao ressarcimento do débito Arquivamento. [...] Diante dos indícios da existência de débito, o encaminhamento natural seria o da conversão dos autos em Tomada de Contas Especial. Tendo em vista, contudo, que o débito atualizado encontra-se abaixo do limite para encaminhamento de Tomada de Contas Especial (de R$ 23.000,00), fixado no art. 5º, caput c/c o art. 11 da Instrução Normativa 56/2007-TCU, entendo adequada a proposta de arquivamento dos autos. [...] Nesse sentido, [...], encontra-se o recente Acórdão 1024/2008, por meio do qual a Segunda Câmara, em lugar de determinar a conversão dos autos em Tomada de Contas Especial, decidiu, ante a baixa materialidade do débito, determinar ao Ministério da Cultura a adoção de providências para o seu ressarcimento, [...]. Dispensa de instauração de TCE Dispensa-se a instauração de tomada de contas especial na ocorrência de perda, extravio ou outra irregularidade em que fique comprovada a ausência de má fé de quem lhe deu causa, se o dano for imediatamente ressarcido. Perceba que são duas condições a serem necessariamente satisfeitas: ausência de má fé e ressarcimento imediato do prejuízo. Nesse caso, a autoridade administrativa competente deverá, em sua prestação de contas ordinária, comunicar o fato ao Tribunal (RI/TCU, art. 197, §3º). Além disso, salvo determinação em contrário do Tribunal, a instauração de TCE fica dispensada nas seguintes hipóteses (IN/TCU 71/2012, art. 6º): valor do débito atualizado monetariamente inferior a R$ 75.000,00. transcurso de prazo superior a dez anos entre a data provável de ocorrência do dano e a primeira notificação dos responsáveis pela autoridade administrativa competente. Assim, se o débito for inferior a R$ 75.000,00 ou se houver transcorrido mais de dez anos entre a ocorrência do dano e a primeira notificação dos responsáveis, a autoridade administrativa competente não precisa instaurar tomada de contas especial para julgamento pelo TCU. As providências para . Controle Externo TCU ʹ TEFC e AUFC (TI e Bibliotec.) 2014 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 05 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 110 ressarcimento do prejuízo devem ser adotadas apenas no âmbito da própria unidade lesada ou, alternativamente, na via judicial. Vale destacar que, na hipótese de existirem diversos débitos cujo valor seja inferior ao limite mínimo de R$ 75.000,00, referentes ao mesmo responsável e perante o mesmo órgão, a autoridade administrativa competente deve consolidar todos esses débitos e constituir TCE se o seu somatório atingir ou ultrapassar o referido valor (IN TCU 71/2012, art. 15, IV). Também está prevista a dispensa de instauração de tomada de contas especial quando não há participação culposa ou dolosa de agente público no prejuízo ao erário, nos termos da Súmula TCU nº 187: Sem prejuízo da adoção, pelas autoridades ou pelos órgãos competentes, nas instâncias, próprias e distintas, das medidas administrativas, civis e penais cabíveis, dispensa-se, a juízo do Tribunal de Contas, a tomada de contas especial, quando houver dano ou prejuízo financeiro ou patrimonial, causado por pessoa estranha ao serviço público e sem conluio com servidor da Administração Direta ou Indireta e de Fundação instituída ou mantida pelo Poder Público, e, ainda, de qualquer outra entidade que gerencie recursos públicos, independentemente de sua natureza jurídica ou do nível quantitativo de participação no capital social. Até bem pouco tempo, a jurisprudência do TCU era firme quanto à impossibilidade de responsabilização de agente privado nas situações em que não houvesse a participação de servidor público, a despeito de a Súmula 187 dizer que, nesses casos, a dispensa poderia ser desconsiderada, a juízo do Tribunal de Contas. Ocorre que, recentemente, o Acórdão 946/2013-Plenário rompeu esse paradigma, e o TCU passou a admitir a responsabilização exclusiva de particular, vale dizer, segundo o novo entendimento, o agente particular que tenha dado causa a dano ao erário está sujeito à responsabilização por parte do TCU independentemente de ter atuado em solidariedade com agente da administração pública. Mas professor, por que esse entendimento é novo, visto que a Súmula 187 já dizia que a tomada de contas especial poderá ser dispensada, a juízo do Tribunal, ou seja, havia previsão de que a dispensa não seria uma providência taxativa? Respondo: justamente porque, como dito�� R� ³MXt]R� GR� 7ULEXQDO´�� Fonsolidado em várias decisões ao longo dos anos, era firme no sentido de dispensar a instauração de TCE sempre que . Controle Externo TCU ʹ TEFC e AUFC (TI e Bibliotec.) 2014 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 05 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 110 não fosse comprovada a participação de agente público no dano ao erário. O Acórdão 946/2013-Plenário foi o marco que mudou esse status quo, daí sua importância. A possibilidade de responsabilização exclusiva de particular, segundo o voto condutor do Acórdão 946/2013-Plenário, estaria prevista na parte final do inciso II do art. 71 da Constituição Federal, que atribui ao TCU a competência para julgar: "II - (...) as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público". De acordo com o voto do relator, Ministro Benjamin Zymler, pelo dispositivo constitucional acima ³HVWDULD�DOFDQoDGR pela obrigação de prestar contas todo aquele cuja conduta provoque prejuízo ao erário. Não há, pois, nesse dispositivo constitucional a distinção entre agentes públicos ou particulares e tampouco há a exigência de que esses últimos estejam exercendo múnus público ou que tenham agido em solidariedade com qualquer agente público�´ Nesse caso, como vimos, a Constituição exige apenas um evento específico para ocorrer a necessidade da apresentação das contas, qual seja, a existência de eventual prejuízo ao patrimônio público, não importando quem o tenha causado. Agentes públicos e privados respondem da mesma forma. Na situação objeto do processo em que o novo entendimento foi consubstanciado, uma empresa privada remanesceu condenada isoladamente pelo débito apurado. Tal hipótese não seria possível sob a égide da jurisprudência anterior, tendo em vista que a responsabilidade dos agentes públicos foi afastada na apreciação do caso. É fato que o Ministro Relator relativizou essa competência do TCU ao ponderar que ³Sode haver situações em que a natureza da operação que provocou o dano ao erário não justifica ou não recomenda a atuação do 7&8´, no sentido de que as ações do Tribunal devem focar situações mais relevantes, em vista dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Nessa linha, não seria razoável supor que todas as situações em que ocorra débito ao erário devam ser submetidas ao TCU. É o mesmo raciocínio que vimos anteriormente, aplicável às contas ordinárias, quando o Tribunal dispensa certas unidades de constituir o respectivo processo para julgamento. . Controle Externo TCU ʹ TEFC e AUFC (TI e Bibliotec.) 2014 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 05 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 110 Para ilustrar, toma-se como exemplo um dano a veículo oficial causado por uma colisão com outro veículo particular, em que ficou comprovadoque o acidente ocorreu por culpa exclusiva do motorista do veículo particular. Nesse caso, embora tenha havido prejuízo ao erário, não seria razoável exigir a instauração de TCE em desfavor do particular, seja pelo valor do dano, provavelmente de baixa materialidade, seja por se tratar de situação típica da vida privada. Se o Tribunal passasse a atuar em todos os casos do gênero teria de despender esforços significativos para analisa-los, tendo de deixar de lado situações mais relevantes. O próprio relator do Acórdão 946/2013-Plenário trouxe outro exemplo em que não seria razoável a instauração de TCE: a inadimplência de particulares em operações de crédito regularmente realizadas - ou seja, de acordo com os normativos pertinentes - por bancos oficiais. Primeiro, porque a quantidade dessas operações demandaria significativos esforços dos órgãos de controle, alijando-os da atuação em situações mais relevantes. Segundo, porque se trata de operações tipicamente privadas, realizadas de acordo com o regime jurídico próprio das empresas privadas a que estão submetidas as instituições financeiras oficiais. Evidentemente, a dispensa de instauração de TCE comentada nesses exemplos não obsta a adoção, pelo ente governamental prejudicado, nas instâncias próprias e distintas (como o Poder Judiciário), das medidas administrativas, civis e penais cabíveis, conforme preceitua a citada Súmula TCU nº 187. Contudo, a meu ver, tais ponderações não devem ser feitas para fins de prova, a menos que a questão o exija expressamente. Na hora ³+´��o entendimento que deve prevalecer é o adotado pelo Tribunal no Acórdão 946/2013-Plenário: o agente particular que tenha dado causa a dano ao erário está sujeito à jurisdição do TCU, independentemente de ter atuado no exercício de função pública ou em conjunto com agente público, conforme o art. 71, inciso II, parte final, da Constituição Federal. Essa discussão acerca da responsabilização exclusiva de agente particular não se aplica à entidade privada ou à pessoa física não vinculada à Administração que receba contribuições do Governo Federal. Nesse caso, os beneficiados pelos repasses de recursos públicos atuam em nome do Estado e, nessa condição, devem responder perante o Tribunal de Contas pelos prejuízos causados, indepedentemente da participação dolosa ou culposa de servidor. . Controle Externo TCU ʹ TEFC e AUFC (TI e Bibliotec.) 2014 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 05 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 110 Não cabimento de TCE A seguir alguns casos específicos nos quais não cabem a instauração de TCE: em substituição a procedimentos disciplinares para apurar infrações administrativas; para obter ressarcimento de valores pagos indevidamente a servidores; nos casos de prejuízos causados por terceiros por descumprimento de cláusulas contratuais legitimamente acordadas (exceto se for verificado ato ilícito decorrente de ação ou omissão de agente público). Perceba que, nesses casos, não se trata de dispensa, mas de não cabimento de TCE. Já nas hipóteses de dispensa, vistas anteriormente, a instauração de TCE é cabível, mas, a critério do Tribunal, dispensada. Em ambos os casos, as providências para solução das pendências devem ser adotadas no âmbito da própria administração ou do Poder Judiciário. Exemplo de não cabimento de TCE Acórdão TCU 2420/2011 ʹ Primeira Câmara Sumário: Tomada de Contas Especial. Restituição de valores recebidos por servidor indevidamente. Competência da própria administração para descontar em folha de pagamento. Ausência de pressupostos válidos de constituição do processo. Arquivamento. Encaminhamento ao Tribunal de Contas da União Cumprido, no âmbito do órgão ou entidade, o objetivo de apurar os fatos, identificar os responsáveis e quantificar o dano, a TCE será encaminhada ao controle interno, para emissão de parecer e, em seguida, ao Ministro de Estado supervisor da área ± ou autoridade equivalente -, a fim de declarar que tomou conhecimento do que foi apurado. Após isso, a TCE será encaminhada ao TCU para julgamento. O Regimento Interno disciplina que a tomada de contas especial deve ser encaminhada desde logo ao TCU se o dano ao erário for de valor igual ou superior à quantia fixada em cada ano civil até a última sessão ordinária do Plenário, para vigorar no exercício subsequente (art. 199). Atualmente, esse valor é de R$ 75.000,00. Regulamentando essas disposições do Regimento Interno, o art. 11 da IN TCU 71/2012 prescreve que a tomada de contas especial deve ser . Controle Externo TCU ʹ TEFC e AUFC (TI e Bibliotec.) 2014 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 05 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 110 encaminhada ao TCU em até 180 dias a contar do término do exercício financeiro em que foi instaurada. Portanto, R�³GHVGH� ORJR´�PHQFLRQDGR� no parágrafo anterior corresponde ao referido prazo de 180 dias. Excepcionalmente, esse prazo poderá ser prorrogado pelo Plenário do TCU ± não pelas Câmaras ± mediante solicitação fundamentada, formulada, conforme o caso, pelas autoridades de mais alto nível integrantes da estrutura da unidade que instaurou a TCE, quais sejam (IN TCU 71/2012, art. 11, §2º): Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, Presidentes do Supremo Tribunal Federal, dos demais Tribunais Superiores, dos Tribunais Federais nos Estados e no Distrito Federal; Presidente do Tribunal de Contas da União; Ministro de Estado; Outras autoridades de nível hierárquico equivalente. O dirigente máximo do órgão de controle interno também poderá solicitar a prorrogação do prazo nos casos em que os trabalhos a cargo do órgão não possam ser concluídos a tempo. Por outro lado, se o dano for de valor inferior ao limite mínimo de R$ 75.000,00, o Regimento Interno dispõe que a TCE deve ser anexada ao processo da prestação de contas ordinária do administrador ou ordenador de despesa, para julgamento em conjunto (art. 199, §4º). Porém, como vimos, a IN TCU 71/2012 dispensa a instauração de TCE nesses casos, salvo determinação em contrário do Tribunal. Então, na prática, não ocorre esse julgamento conjunto, em virtude da dispensa na maioria dos casos. Não obstante, a IN TCU 71/2012 prescreve que os relatórios de gestão elaborados anualmente pelas unidades jurisdicionadas deverão apresentar informações sobre as tomadas de contas especiais cuja instauração foi dispensada nos termos previstos na norma. Havendo majoração do valor mínimo, as tomadas de contas especiais de exercícios anteriores já presentes no Tribunal, cujo dano ao erário seja inferior ao novo valor fixado, poderão ser arquivadas a título de racionalização administrativa e economia processual, sem cancelamento do débito, desde que ainda não tenha sido efetivada a citação dos responsáveis, que continuarão obrigados ao pagamento do débito (RI/TCU, art. 199, §2º). . Controle Externo TCU ʹ TEFC e AUFC (TI e Bibliotec.) 2014 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 05 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 110 Antes do encaminhamento ao TCU, as tomadas de contas especiais serão arquivadas na unidade de origem nas hipóteses de recolhimento do débito, comprovação da não ocorrência do dano imputado aos responsáveis e subsistência de débito inferior ao limite de R$ 75.000,00. A despeito de toda essa previsão normativa, vamos ver o entendimento do Cespe, organizadora dos concursos para o TCU, sobre o assunto: 11. (TCU ± TFCE 2012 ± Cespe) Quando o dano ao erário provocado por determinada irregularidade na gestão de recursos públicos for inferior à quantia fixada anualmente pelo TCU, a tomada de contas poderá ser dispensada, a critériodo TCU. Comentário: Como vimos, a IN TCU 71/2012 dispensa a instauração de TCE na apuração de dano inferior ao limite mínimo, atualmente de R$ 75.000,00, salvo determinação em contrário do Tribunal. Portanto, em princípio, a assertiva estaria correta. Porém, nas justificativas para a manutenção do gabarito, o Cespe manifestou entendimento diverso. Vejamos: Recurso indeferido. No caso de danos de valor irrelevante, a tomada de contas deve ser obrigatoriamente realizada. A única diferença em relação aos danos de maior valor é que, no caso descrito pelo item, a TCE é anexada ao processo da respectiva tomada ou prestação de contas anual do administrador ou ordenador de despesa, para julgamento em conjunto. Essa é a determinação do art. 8º, § 3º, da Lei Nº 8.443, de 1992. Qualquer norma infralegal que dispuser em sentido contrário estará exorbitando seu objetivo regulamentar. Seguindo essa interpretação, a banca considerou a questão errada. Vale destacar que a então vigente IN TCU 56/2007, antecessora da IN TCU 71/2012, também trazia a mesma previsão de dispensa constante na norma atual. Mas o importante aqui é prestar atenção na conduta do Cespe em simplesmente ignorar, nesse ponto, as disposições da Instrução Normativa do TCU, sob a justificativa de que ³TXDOTXHU� QRUPD� LQIUDOHJDO� TXH� GLVSXVHU� HP� sentido contrário HVWDUi� H[RUELWDQGR� VHX� REMHWLYR� UHJXODPHQWDU´. Como a IN 71/2012 prevê claramente a dispensa de TCE na hipótese de valor do dano inferior ao limite mínimo, então, seguindo a linha da banca, tal previsão estaria contrariando o disposto na LO/TCU e, por isso, não deve ser considerada para fins de prova. Complicado, né?! Gabarito: Errado . Controle Externo TCU ʹ TEFC e AUFC (TI e Bibliotec.) 2014 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 05 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 110 Fases da TCE A doutrina costuma classificar a TCE em duas fases ou etapas: interna e externa, com as seguintes características: Fase Interna Fase Externa Ocorre dentro do órgão ou entidade em que ocorreu o fato ensejador de sua instauração Ocorre no Tribunal de Contas. Procedimento de natureza verificadora e investigatória. Não é processo. Processo para julgamento da conduta dos responsáveis. É processo. Não há obrigatoriedade do contraditório e da ampla defesa. O contraditório e a ampla defesa são obrigatórios. Não há julgamento. Há julgamento. Encerra-se com o encaminhamento ao TC. Encerra-se com o arquivamento do processo. O processo de tomada de contas especial deve ser instruído com o relatório do tomador de contas, contendo informações completas e comprovadas a respeito das providências adotadas internamente com a finalidade de obter o integral ressarcimento ao erário. Dessa forma, a instauração do processo de tomada de contas especial será sempre precedida de ampla apuração dos fatos ou omissões que resultarem em prejuízo ao erário, mediante a realização de auditoria, sindicância, inquérito, processo administrativo, disciplinar, ou outro procedimento que relate detalhadamente a situação ocorrida, suas circunstâncias, a identificação dos responsáveis e a quantificação do prejuízo. Esses procedimentos de apuração ocorrem no âmbito do órgão ou entidade em que ocorreu o fato ensejador de sua instauração (fase interna). A responsabilidade pela apuração interna é de quem cabe instaurar a tomada de contas especial, ou seja, da autoridade administrativa competente. Já a eventual punição dos responsáveis na fase interna depende das possibilidades dos procedimentos que venham a ser adotados para tratar o caso (por exemplo, processos administrativos disciplinares). Se apenas forem realizados procedimentos meramente investigativos (como as sindicâncias) então não há que se falar em punição na fase interna, dispensando o contraditório e a ampla defesa. Cumprido, no âmbito do órgão ou entidade, o objetivo de apurar os fatos, identificar os responsáveis e quantificar o dano, a TCE será . Controle Externo TCU ʹ TEFC e AUFC (TI e Bibliotec.) 2014 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 05 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 110 encaminhada ao controle interno para emissão de parecer e, em seguida, ao Ministro de Estado supervisor da área ± ou autoridade equivalente -, a fim de declarar que tomou conhecimento do que foi apurado. Dessa forma, além do relatório do tomador de contas, o processo de tomada de contas especial deve ser instruído com os mesmos elementos que instruem os processos de contas de gestão: relatório e certificado de auditoria, com o parecer do dirigente do órgão de controle interno, pronunciamento do Ministro de Estado e rol de responsáveis. Após isso, a TCE deve ser encaminhada ao TCU para julgamento, conforme as regras que vimos no tópico anterior, caracterizando o início da fase externa. Protocolada a tomada de contas especial no Tribunal, autua-se um processo específico que passará por todas aquelas etapas que já conhecemos (instrução do copo técnico, parecer do MP/TCU, relatório do Relator) para então ser julgado pelo colegiado (as Câmaras, em regra). No julgamento, o Tribunal poderá determinar o ressarcimento do dano e o recolhimento de multa, com força de título executivo, caso reste comprovada a responsabilidade da(s) pessoa(s) arrolada(s) nos autos após a garantia do contraditório e da ampla defesa. Por fim, vale lembrar que os processos de TCE oriundos de conversão de processo de fiscalização são constituídos no âmbito da própria Corte de Contas, portanto, não há encaminhamento ao TCU. Como o feito já surge no âmbito do Tribunal, sem a adoção de procedimentos investigatórios pelo órgão ou entidade em que ocorreu o fato ensejador, não há a fase interna, somente a externa. . Controle Externo TCU ʹ TEFC e AUFC (TI e Bibliotec.) 2014 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 05 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 110 DECISÕES EM PROCESSOS DE CONTAS A decisão adotada pelo TCU em processo de tomada ou prestação de contas ± ordinárias, extraordinárias e tomadas de contas especial ± pode ser: preliminar, definitiva ou terminativa (RI/TCU, art. 201). DECISÃO PRELIMINAR Preliminar é a decisão pela qual o Relator ou o Tribunal, antes de pronunciar-se quanto ao mérito das contas, resolve (RI/TCU, art. 201, §1º): Sobrestar o julgamento; Ordenar a citação ou a audiência dos responsáveis; Rejeitar as alegações de defesa e fixar novo e improrrogável prazo para recolhimento do débito; ou Determinar outras diligências necessárias ao saneamento do processo. Assim, as decisões preliminares não firmam o mérito das contas, ou seja, não julgam a regularidade da gestão. A finalidade das decisões preliminares é sanear os autos, dando curso ao processo, até que se alcance uma decisão definitiva. As decisões preliminares são as únicas que podem ser adotadas por despacho singular do Relator (deliberação monocrática), sendo publicadas nos órgãos oficiais apenas por opção deste (LO/TCU, art. 13; RI/TCU, art. 203). Exceção é a decisão preliminar que rejeita as alegações de defesa e fixa novo e improrrogável prazo para recolhimento do débito, que é proferida mediante Acórdão, ou seja, é uma decisão colegiada, como veremos ainda nesta aula (RI/TCU, art. 202, §3º). Sobrestar o julgamento Adota-se a decisão preliminar de sobrestar o julgamento quando alguma matéria ou fato tenha o potencial de interferir no mérito do processo de contas. Nesse caso, o julgamento das contas é suspenso até o deslinde da matéria ou fato limitador. Por exemplo: se numa auditoria ainda em curso no Tribunal estiverem sendo constatadas diversas
Compartilhar