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UM BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA: UMA REVISÃO DA LITERATURA RESUMO O artigo busca refletir sobre a história da Educação à Distância (EAD). Tem como objetivo apresentar sinteticamente a história da Educação à Distância, focando nos principais aspectos de cada uma suas gerações. Para tanto, utilizou-se o método hipotético-dedutivo como o seu eixo lógico e o método crítico-dialético como o seu eixo epistemológico, historicizando tal temática; e como eixo técnico foi adotada uma pesquisa observacional não participante, do tipo bibliográfico, com base em pesquisadores renomados do tema como Moore e Kearsley (2007), Maia e Mattar (2007), e Niskier (2000), dentre outros autores. Conclui o advento de tecnologias de comunicação à distância, oriundos das revoluções industriais, tais como o telefone e os correios, aliado ao avanços nos meios de transporte, como o carro, o trem, depois o avião, permitiu o desenvolvimento de recursos didático- pedagógicos mais versáteis e práticos para o processo ensino-aprendizagem, enfim, o avanço gradual e ininterrupto da Educação à Distância; conclui também que a combinação de diferentes desses recursos, como, por exemplo, aulas por materiais impressos, fitas de áudio e vídeo, aulas por telefones, etc., é que propiciaram sistemas globais de aprendizagem tais como o Projeto AIM e as Universidades Abertas (UA). PALAVRAS-CHAVE: Educação à Distância. EAD. História da EAD. A BRIEF HISTORY OF DISTANCE EDUCATION: A REVIEW OF THE LITERATURE ABSTRACT The essay reflects on the history of the Distance Education (EAD). It aims to synthetically present the Distance Education of the story, focusing on the key aspects of each of their generations. For this, we used the hypothetical-deductive method as its logical axis and the critical-dialectical method as its epistemological axis, historicizing this theme; and coach axis has adopted a non-participant observational research, the bibliographic type, based on renowned researchers theme as Moore and Kearsley (2007), Maia and Mattar (2007), and Niskier (2000), among other authors. Concludes the advent of communication technologies in the distance, coming from the industrial revolutions, such as the telephone and the post office, combined with advances in transportation, such as car, train, after the plane has enabled the development of educational and teaching resources most versatile and practical for the teaching-learning process, in short, the gradual and continuous advancement of Distance Education; also concludes that the combination of these different features, such as, for example, classes for printed materials, audio and video tapes, classes for phones, etc., is that provided global learning systems such as AIM Project and Open Universities ( AU). KEYWORDS: Distance Education. EAD. History of EAD. 1 INTRODUÇÃO Este artigo tem como tema a história da Educação à Distância (EAD), modalidade de ensino hoje bastante comum e largamente utilizada já em praticamente todo o mundo, graças à rede mundial de computadores e de outras tecnologias de comunicação à distância, tais como aparelhos celulares, smartphones, notebooks, tablets, redes wifi, Ambientes Virtuais de Aprendizagem, bibliotecas virtuais, chats, redes sociais, etc., que permitem qualidade e flexibilidade ao processo ensino-aprendizagem online (MOORE; KEARSLEY, 2007; MAIA; MATTAR, 2007; NISKIER, 2000). Esse tema se justifica pela necessidade de um estudo propedêutico sobre a história da Educação à Distância, que apresente de forma clara e objetiva os principais aspectos de cada uma das suas gerações, bem como as lacunas encontradas na literatura crítica e que são dignas de pesquisas mais pormenorizadas (BARROS; LEFHELD, 2000; 2007; MOORE; KEARSLEY, 2007). A questão que move essa pesquisa é compreender as etapas da evolução das tecnologias utilizadas na Educação à Distância desde a sua primeira geração, explanando suas características, suas finalidades e suas forma de uso. Parte-se da hipótese que compreendendo os passos dados em cada etapa evolutiva da EAD, possível se torna avançarmos ainda mais, seguindo estes passos, com os recursos de comunicação à distância hoje já disponíveis e outros desenvolvidos pelo homem (NISKIER, 2000; MAIA; MATTAR, 2007; MOORE; KEARSLEY, 2007). Para tanto, foram selecionados três trabalhos acadêmicos específicos sobre a história da Educação à Distância (MOORE; KEARSLEY, 2007; MAIA; MATTAR, 2007; NISKIER, 2000), e seis livros para fundamentos metodológicos (GIL, 1999, 2010; MARION, 2009; MARCONI; LAKATOS, 2007; RODRIGUES, 2007; MARTINS, 2008; OLIVEIRA, 1997; BÊRNI; FERNANDEZ, 2012). Para a escolha das fontes selecionadas foram considerados os seguintes critérios: a) conteúdo específico da história da Educação à Distância; b) viabilidade de acesso e análise dos materiais selecionados. Todas as fontes foram observadas; os dados foram coletados, organizados, sistematizados, analisados, e apresentados de acordo com os procedimentos técnicos de pesquisa para levantamento bibliográfico e documental apresentados por Gil (1999; 2010), Marconi e Lakatos (2007) e Martins (2008). Meu interesse por pesquisar a Educação à Distância se deu pelo fato de eu ter cursado e concluído uma graduação e duas pós-graduações lato sensu na modalidade EAD, perfazendo hoje cerca de cinco anos de estudos e vivências em Ambientes Virtuais de Aprendizagem, fazendo pesquisas em bibliotecas virtuais, participando de eventos científicos virtuais realizados por meio de videoconferências ao vivo, dentre outras atividades online. Minhas vivências permitiram que eu percebesse diferentes metodologias de Educação à Distância, bem como falhas em cada uma delas, que com pesquisas específicas, e com a articulação e ou o desenvolvimento de novas tecnologias de comunicação à distância, podem ser eliminadas, culminando em maior qualidade para essa modalidade de ensino. A Educação à Distância já possui uma longa trajetória, antecedendo ao advento da internet. Resultou, em grande parte, das facilidades de comunicação provocadas pela Primeira e pela Segunda Revoluções Industriais (MAIA; MATTAR, 2007). Diferindo a EAD moderna, resultante das tecnologias de comunicação à distância criadas pelo homem nas revoluções desencadeadas nos últimos séculos, da EAD primitiva, presentes desde o homem da caverna, Maia e Mattar (2007) introduzem o tema da história da EAD do seguinte modo: [...] Retornando vários séculos na história da humanidade, pode-se dizer que a educação à distância tem a idade da escrita. Nas sociedades orais, em que a escrita ainda não está estabelecida, a comunicação é necessariamente presencial. Para que alguma informação seja transmitida, o emissor e o receptor da mensagem devem estar presentes, no mesmo momento e no mesmo local. A partir da invenção da escrita, a comunicação liberta-se no tempo e no espaço. Com a escrita, não é mais necessário que as pessoas estejam presentes, no mesmo momento e local, para que haja comunicação. Em uma sociedade primitiva, ao contrário, não ocorre comunicação sem que a pessoa com quem desejamos nos comunicar esteja presente. As primeiras manifestações escritas são os desenhos, geralmente em pedras, que procuram copiar ou imitar objetos. Ao desenhar em paredes de pedra, o homem das cavernas já estaria exercitando a comunicação à distância. Alguns autores consideram as cartas de Platão e as Epístolas de São Paulo exemplos iniciais e isolados de exercícios de educação à distância.Outros defendem que o ensino à distância tornou-se possível apenas com a invenção da imprensa, no século XV. A escrita, inicialmente, possibilitou que pessoas separadas geograficamente se comunicassem e documentassem informações, obras e registros. A invenção de Gutenberg, por sua vez, facilitou esse processo, permitindo que as ideias fossem compartilhadas e transmitidas para um maior número de pessoas, o que intensificou os debates, a produção e a reprodução do conhecimento. Este artigo foi organizado em quatro capítulos. O primeiro se refere à introdução, na qual são apresentados o tema, a justificativa, o problema, os objetivos, a contribuição, a metodologia, o percurso do aluno, o referencial teórico, e a organização do artigo. O segundo capítulo se refere ao desenvolvimento, o qual foi subdividido em quatro tópicos, o primeiro abordando a análise vertical, o segundo a análise horizontal, o terceiro a análise do tamanho comum, e o quarto a análise por índices ou quocientes. O terceiro capítulo foi dedicado à explanação de todas as metodologias utilizadas para a elaboração do artigo. E, no quarto capítulo, são apresentadas as considerações finais. Daí, por último, mas não menos importante, no intuito de finalizar de forma completa, o artigo apresenta as referências consultadas. 2 HISTÓRIA DA EAD MODERNA A Educação à Distância já possui uma longa trajetória, antecedendo ao advento da internet. Embora nos primórdios das civilizações, o homem já se comunicasse de certo modo à distância por meio de desenhos e esculturas, modernamente a EAD resultou, em grande parte, das facilidades de comunicação provocadas pela Primeira e pela Segunda Revoluções Industriais (MAIA; MATTAR, 2007). A fases da história da EAD moderna pode ser dividida em cinco gerações, conforme apresentadas por Moore e Kearsley (2007), e explanadas neste artigo a seguir. 2.1 Primeira geração: estudo por correspondência Na literatura crítica sobre a história da Educação à Distância (EAD), existe certo discenso sobre a época em que se principiou a primeira geração da EAD dita moderna, isto é, aquela resultante das Tecnologias de Informação e de Comunicação (TICs) criadas pelo homem nas revoluções desencadeadas nos últimos séculos. Por exemplo, para Maia e Mattar (2007), a primeira geração da EAD surgiu com os cursos de taquigrafia à distância, oferecidos por meio de anúncios de jornais, desde a década de 1720. Já para Moore e Kearsley (2007), os primeiros estudos à distância datam da década de 1880 e eram realizados por meio de materiais transportados pelos correios, sendo também denominados estudo por correspondência pelos alunos, ou de estudo em casa pelas escolas com fins lucrativos, ou ainda de estudo independente pelas universidades (MOORE; KEARSLEY, 2007). Sobre esses aspectos, os autores nos emprestam suas ideias tal como segue: (MAIA; MATTAR, 2007, páginas 21 e 22): Rapidamente, várias iniciativas de criação de cursos à distância se espalham, com o surgimento de sociedades, institutos e escolas. Os casos mais bem sucedidos foram os cursos técnicos de extensão universitária. Havia, entretanto, grande resistência com relação a cursos universitários à distância, por isso poucas foram as experiências duradouras, mesmo nos países mais desenvolvidos. (MOORE; KEARSLEY, 2007, páginas 25 e 26): […] Em 1878, o bispo John H. Vincent, co-fundador do Movimento Chautauqua, criou o Círculo Literário e Científico Chautauqua. Essa organização oferecia um curso por correspondência com duração de quatro anos, cobrindo material de leitura para suplementar os cursos de verão oferecidos no Lago Chautauqua. A correspondência pelo correio foi usada pela primeira vez para cursos de educação superior pelo Chautauqua Correspondence College. Fundado em 1881, foi rebatizado de Chautauqua College of Liberal Arts em 1883 e autorizado pelo Estado de Nova York a conhecer diplomas e graus de bacharel por correspondência. Aproximadamente na mesma época e não muito distante de Chautauqua, em Scranton, Pensilvânia, uma escola vocacional privada denominada Colliery Enginneer School of Mines, começou a oferecer um curso por correspondência sobre segurança nas minas. O sucesso desse curso foi tão grande que a escola logo começou a oferecer outros cursos e, em 1891, passou a se chamar International Correspondence Schools (ICS). Agora faz parte do conglomerado editorial Thomson, sendo conhecida como Education Direct (consulte http:/educationdirect.com). [...] Em seguida, Moore e Kearsley (2007, página 26) continuam relatando experiências do ensino à distância por correspondência em outros países, conforme passa a dizer: Deve ser observado que experiências similares de uso do correio para entregar materiais de ensino ocorreram em outros países. Na Grã-Bretanha, Isaac Pitman utilizou o sistema postal nacional nos anos 1840 para ensinar seu sistema de taquigrafia. Na Europa, em meados da década de 1850, o francês Charles Toussaint e o alemão Gustav Langenscheidt iniciaram o intercâmbio do ensino de línguas, levando à criação de uma escola de idiomas por correspondência. Iniciativas similares surgiram ao redor do globo, à medida que os países desenvolveram sucessivamente seus sistemas postais. Os cursos abarcaram usualmente temas vocacionais, ou, como diríamos atualmente, eram cursos “sem crédito”. Na Inglaterra, um grupo de professores na elitista University of Cambridge avançou a ponto de tentar criar um diploma acadêmico por correspondência como uma maneira de permitir o acesso de trabalhadores à educação superior. A ideia foi firmemente rejeitada pela sua administração, com o efeito benéfico – para os Estados Unidos – de que um de seus principais defensores, um pastor metodista chamado Richard Moulton, emigrou para lá. Ele conheceu outro teólogo, Uilliam Rainey Harper, e aproveitou a oportunidade para trabalhar com Harper, a fim de criar exatamente o tipo de cursos universitários que Cambridge havia rejeitado. A EAD passou a ser, paulatinamente, utilizada, nessa época, em várias partes do mundo, da educação básica ao ensino superior, por universidades, por institutos de pesquisa, pelas forças armadas, e por órgãos governamentais (MOORE; KEARSLEY, 2007). 2.2 Segunda geração: estudos por rádio, por televisão, por telefone, ou por fitas de áudio e vídeo A literatura crítica aponta que no início do século XX começou a segunda onda de Educação à Distância (EAD), nesta fase por meio do rádio, da televisão, do telefone ou das antigas fitas cassetes (MAIA; MATTAR, 2007; MOORE; KEARSLEY, 2007). Os Serviços Fixos de Televisão Educativa (ITFS – Instituctional Television Fixed Services), a televisão a cabo e os telecursos, são outros recursos citados por Moore e Kearsley (2007). Apresentando, então, as principais mídias utilizadas na EAD nessa época, Moore e Kearsley (2007, páginas 32-34) explanam: RÁDIO Quando o rádio surgiu como uma nova tecnologia no início do século XX, muitos educadores … anúncios. TELEVISÃO A televisão educativa estava … por satélite. SERVIÇOS FIXOS DE TELEVISÃO EDUCATIVA O Serviço Fixo de Televisão Educativa (ITFS - ) surgiu … em cinco estados. TELEVISÃO A CABO E TELECURSOS A primeira televisão a cabo (CATV) começou a operar em 1952. Em 1972, … O Universo Mecânico. De fato, o rádio, a televisão, os Serviços Fixos de Televisão Educativa (SFTE), a televisão a cabo e os telecursos, foram as principaismídias utilizadas na Educação à Distância dessa geração, que se estendeu desde o início do século XX, chegando ao Brasil em meados da década de 1920 (MOORE; KEARSLEY, 2007; MAIA; MATTAR, 2007; NISKIER, 2000). 2.3 Terceira geração: estudos por meio do Projeto AIM e das Universidades Abertas A terceira onda da EAD começa, consoante aponta a literatura crítica sobre o tema, na transição do final da década de 1960 para o início da década de 1970, num período de mudanças importantes provocadas pela evolução das tecnologias de comunicação à distância (MAIA; MATTAR, 2007; MOORE; KEARSLEY, 2007). O Projeto Mídia de Instrução Articulada (AIM – Articulated Instructional Media Project), financiado pela Carnegie Corporation de 1964 a 1968, dirigido por Charles Wedemeyer, da University of Wisconsin em Madison, era “testar a ideia de agrupar (isto é, articular) várias tecnologias de comunicação, com o propósito de oferecer um ensino de alta qualidade e custo reduzido a alunos não-universitários”, conforme citado em especial por Moore e Kearsley (2007, página 34), que, em seguida, especificam: […] As tecnologias incluíam guias de estudo impressos e orientação por correspondência, transmissão por rádio e televisão, audioteipes gravados, conferências por telefone, kits para experiência em casa e recursos de uma biblioteca local. Também articulado no programa … e especialistas em conteúdo [...] O Projeto AIM articulava diversas mídias, tais como o rádio, a televisão, a correspondência e o telefone. Foi o melhor sistema de educação à distância até então inventado, porque oferecia, concomitantemente, a autoorientação visual, por meio de materiais impressos enviados pelos correios, a autoorientação auditiva, por meio de fitas cassetes, e a interação direta com um (a) professor (a) orientador (a), por meio de telefonemas. Além disso, ele foi o primeiro teste da ideia de educação à distância como um sistema total. Por essas razões, o Projeto AIM passou a representar um marco histórico e um ponto de inflexão na história da educação à distância, com ele principiando a sua terceira onda e dele se originando a ideia da Universidade Aberta (UA) (MOORE; KEARSLEY, 2007). As universidades abertas de ensino à distância foram consequências do Projeto AIM, que articulava todas as principais tecnologias de comunicação até então criadas pelo homem (MAIA; MATTAR, 2007; MOORE; KEARSLEY, 2007). Consistiu em momento importante para a história da educação à distância porque possibilitava a articulação das mídias de ensino à distância com as mídias de ensino presencial, em encontros ocasionais em centros de estudo. Nasce aí a modalidade de ensino semipresencial. Além da flexibilidade da aprendizagem em qualquer lugar onde se pudesse acessar as mídias de ensino à distância, os alunos podiam agora contar também com o apoio presencial dos centros de estudo para a realização de exames, de tutorias, e de plantões para sanar dúvidas (MAIA; MATTAR, 2007). Sobre esses e outros aspectos relevantes das universidades abertas, os autores nos emprestam suas ideias tal como segue: (MOORE; KEARSLEY, 2007, página 36): Em 1967, o governo britânico estabeleceu … de educação à distância. Nos âmbitos interno … isso tudo é educação à distância. (MAIA; MATTAR, 2007, página 22): Um momento importante é a criação … a se interessar por elas. Devido aos grandes avanços no ensino à distância representados pelo advento das universidades abertas, elas passaram a ser amplamente imitadas em outros países. Paulatinamente, elas vieram a ser frequentadas por centenas de milhares de alunos, mais do que a quantidade que frequentava o ensino presencial tradicional. Consequentemente, os centros de estudo das universidades abertas tornaram-se, em várias localidades, tais como China, Índia, Indonésia, Irã, Coréia, Espanha, Tailândia, Canadá, Alemanha, Jordânia, Taiwan, Nova Zelândia, Costa Rica, Venezuela, Portugal, Japão, Turquia e Reino Unido, em megauniversidades, isto é, instituições de ensino à distância tendo mais de 100 mil alunos (MOORE; KEARSLEY, 2007). 2.4 Quarta geração: estudo por videoconferências e por audioconferências Nos anos de 1980, surge nos Estados Unidos, a educação à distância baseada na tecnologia da teleconferência, elaborada normalmente para o uso de grupos de estudantes. Dessemelhantemente dos modelos por correspondência ou de universidade aberta, que eram direcionados a pessoas que aprendem sozinhas, geralmente pelo estudo em casa, as videoconferências e as audioconferências consistiam em uma aproximação mais adequada da visão tradicional da educação como algo que ocorre nas classes, atraindo, por essa razão, um número maior de educadores e formuladores de política educacional (MOORE; KEARSLEY, 2007). Sobre essas mídias de EAD, Moore e Kearsley (2007, páginas 39 e 40) explanam: A primeira tecnologia a ser usada na teleconferência ... 2.5 Quinta geração: 3. METODOLOGIA Neste capítulo, faz-se uma explanação de cada um dos pilares, ou eixos, do presente trabalho, quais sejam: o seu pilar (ou eixo) epistemológico, o seu pilar (ou eixo) lógico e o seu pilar (ou eixo) técnico. 3.1 Pilar epistemológico Devido à necessidade de se historicizar o objeto de pesquisa, levando-se em considerações que ele abarca questões de ordem econômica, política, tecnológica, cultural, cívica, moral, etc., selecionou-se o enfoque crítico-dialético como o eixo epistemológico do presente estudo. O enfoque, ou também corretamente denominado método, crítico-dialético, também conhecido como histórico-estrutural, visa também explorar um fenômeno, mas buscando explicar as suas variações, sejam elas causas ou efeitos, em função das mudanças da sociedade, sejam elas de caráter econômico, tecnológico, cultural, político, religioso, etc.. Por essa razão, esse enfoque considera a ação como a categoria epistemológica fundamental para a sua explicação científica. Sobre em que tipo de situação utilizá-lo, Teixeira (2012, p. 127) ressalta: Se o problema de pesquisa aponta para uma inter-relação do todo com as partes e vice-versa, dos elementos micro com os macro, os elementos históricos (quais elementos históricos, políticos e sociais estão implicados no fracasso escolar? Como vem se dando o fracasso escolar na primeira série?), o pesquisador deverá adotar o enfoque crítico-dialético. Considera a ação como a categoria epistemológica fundamental para a explicação científica. Similarmente aos outros dois eixos epistemológicos, o enfoque crítico-dialético, possui um conjunto de elementos lógicos e pressupostos gnosiológicos e ontológicos que precisam ser levados em consideração mormente quando do seu uso. Sobre esse aspecto, Vergara (2012, p. 132-133) apresenta a seguinte tabela: Nº Nível/Aspecto Características definidoras 1 Nível Técnico Utilização de todas as técnicas do enfoque fenomenológico- hermenêutico e também a pesquisa-ação e a pesquisa participante. 2 Nível Teórico (com relação aos autores) Privilegia estudos sobre experiências, práticas pedagógicas, processos históricos, discussões filosóficas ou análises contextualizadas a partir de um prévio referencial teórico. 3 Nível Teórico ( com relação ao tipo de críticas e de propostas de mudança) Questionam fundamentalmente a visão estática da realidade implícita nas abordagens anteriores. É marcadamente crítica e tem a pretensão de desvendar o conflito dos interesses. Têm um interesse transformador e por práticas participativas de mudanças social e política. 4 Nível Epistemológico(critérios de cientificidade) Fundamentam-se na lógica interna do processo e nos métodos que explicitam a dinâmica e as contradições internas (razão transformadora). 5 Nível Epistemológico (concepção de ciência) A ciência, como produto da ação do homem, é tida como uma categoria histórica e a produção científica uma construção. Retoma as concepções anteriores (explicação e compreensão), de forma crítica, para superá-las. 6 Pressupostos Gnosiológicos (concepção de Processo centralizado na relação dinâmica sujeito-objeto: concreticidade. Esta se constrói na síntese objeto-sujeito. objeto e de sujeito e sua relação) 7 Pressupostos Ontológicos (noção de homem) O homem é tido tanto como ser social e histórico, determinado pelos múltiplos contextos como criador e transformador de múltiplos contextos. Educá-lo é formá-lo socialmente. 8 Pressupostos Ontológicos (noção de história) Preocupação diacrônica: vê a dinâmica do objeto estudado, o movimento (o filme do real). 9 Concepção de realidade e visão de mundo Visão dinâmica, conflitiva, heterogênea. Uma percepção organizada da realidade que se constrói através da prática cotidiana do pesquisador e das condições concretas de sua existência. Tabela única. Elementos lógicos e pressupostos do enfoque crítico-dialético. Elaborada pelo autor. Fonte: TEIXEIRA, 2012, p. 132-133. 3.2 Pilar lógico Adotou-se, para o presente estudo, como seu pilar lógico, a base estrutural de pensamento hipotético-dedutiva porque o ponto de partida do mesmo se deu por meio do levantamento da hipótese de que a compreensão de cada uma das etapas evolutivas da Educação à Distância (EAD) possibilita a reprodutividade dos métodos já conhecidos tanto para novas combinações das TICs já existentes quanto para a criação de outras TICs, e outros sistemas educativos que permitam cada vez mais qualidade e facilidade no processo ensino-aprendizagem à distância. A base estrutural dedutiva consiste no método de estrutura de pensamento mais utilizada, aceita, respeitada e defendida pelos cientistas racionalistas, devido ao nível de certeza por ela produzido. Originalmente desenvolvida pelo renomado filósofo Aristóteles, essa base vem sendo comumente utilizada por meio da estrutura formal do raciocínio silogístico. E, como todos os demais métodos, apresenta vantagens e desvantagens (BÊRNI e FERNANDEZ, 2012). Cientificamente, o método dedutivo sempre foi o mais aceito e, em especial a partir do surgimento da ciência moderna, com o desenvolvimento do método experimental por Newton. Historicamente, esse método originou outros dois bem parecidos no que tange à estrutura de pensamento: o axiomático-dedutivo e o hipotético-dedutivo. Sobre esses aspectos, Bêrni e Fernandez (2012, p. 49) ratificam: No método dedutivo, o caminho é inverso àquele seguido no método indutivo, uma vez que, partindo de alguns enunciados de caráter universal, inferem-se enunciados particulares. Como fruto do desenvolvimento conjunto da lógica e da matemática, a partir do final do século XIX, o método dedutivo pode ser aplicado a dois esquemas, historicamente mais recentes, que são o axiomático-dedutivo e o hipotético-dedutivo. O primeiro caso é útil quando as premissas de partida são axiomas, não demonstráveis, como no caso das ciências formais. No segundo, ilustrado pelas ciências empíricas, os melhores resultados emergem de situações em que as premissas sejam hipóteses que se refiram a algum aspecto da realidade. [...] Tanto no caso do modelo axiomático-dedutivo como no modelo hipotético-dedutivo, não mais se pressupóe que o conhecimento científico se inicie na experiência, tal como Bêrni e Fernandez (2012, p. 50) salientam: [...] Dados todos os problemas lógicos enfrentados pela ideia de que seria possível acessar o universal a partir do particular, passou-se a supor que o conhecimento já começa no nível abstrato e teórico. Ou seja, supõe-se que o ponto de partida da explicação científica seja algum tipo de conhecimento prévio intelectualmente estruturado sobre o assunto, que pode ser científico ou não. Popper, por exemplo, quando tratou dessa questão, referiu-se a esse conhecimento prévio como “nossos mitos e preconceitos”. Sem tal estrutura mentalmente preconcebida sobre como deve se comportar o mundo, nem sequer seria possível reconhecer algo na realidade dos fatos como um “problema” a ser explicado, ou como uma sentença do tipo explanandum. Somando-se a isso, seria necessário também o engenho criativo do cientista, sem o qual uma hipótese interessante e inovadora jamais poderia ser aventada. Com base nos pressupostos apresentados, deduz-se que o método dedutivo é a base mais confiável, razoável, e, portanto, segura de se estruturar o pensamento no processo de produção de conhecimento (BÊRNI e FERNANDEZ, 2012). 3.3 Pilar técnico Como pilar (ou eixo) técnico adotou-se, por sua vez: a abordagem qualitativa, por se tratar de levantamento de dados predominantemente qualitativos e linguagem predominantemente alfabética; a base procedimental observacional não participante, também dita indireta, que é aquela em que o objeto é investigado por meio de consulta à literatura crítica, “à distância” por assim dizer; o levantamento bibliográfico enquanto técnica; a leitura científica, como subté Abordagem qualitativa Sobre a abordagem qualitativa de pesquisa, autoridades do tema emprentam-nos suas ideias, conforme apresentadas a seguir: (TRIVIÑOS, 1987, p. 124): No campo dos que trabalham em enfoques qualitativos estas têm recebido outras denominações, além de serem conhecidas como estudos etnográficos. A pesquisa qualitativa é conhecida também como “estudo de campo”, “estudo qualitativo”, “interacionismo simbólico”, “perspectiva interna”, “intrepretativa”, “etnometodologia”, “ecológica”, “descritiva”, “observação participante”, “entrevista qualitativa”, “abordagem de estudo de caso”, “pesquisa participante”, “pesquisa fenomenológica”, “pesquisa-ação”, “pesquisa naturalista”, “entrevista em profundidade”, “pesquisa qualitativa e fenomenológica”, e outras que apontaremos posteriormente. Naturalmente, não pretendemos ser exaustivos na busca das denominações da pesquisa qualitativa. E tampouco vamos definir aquele tipo de pesquisa que melhor representaria o enfoque qualitativo. Sob esses nomes, em geral, não obstante, devemos estar alertas em relação, pelo menos, a dois aspectos. Alguns desses enfoques rejeitam total ou parcialmente o ponto de vista quantitativo na pesquisa educacional; e outros denunciam, claramente, os suportes teóricos sobre os quais elaboraram seus postulados interpretativos da realidade. (RODRIGUES, 2007, p. 38): Qualitativa é a pesquisa que - predominantemente - pondera, sopesa, analisa e interpreta dados relativos à natureza dos fenômenos, sem que os aspectos quantitativos sejam a sua preocupação precípua, a lógica que conduz o fio do seu raciocínio, a linguagem que expressa as suas razões. Também não denota filiação teórico-metodológica, nem implica o uso de hipótese, de experimentação ou de qualquer outro detalhe. Sintetizando: qualitativa é a denominação dada à pesquisa que se vale da razão discursiva. [...] Concernente aos usos dessa abordagem de pesquisa, Soares (2003, p. 19) cita: a) Descrever a complexidade de determinada hipótese ou problema. b) Analisar a intenção entre variáveis. c) Compreender e classificar processos dinâmicos experimentados por grupos sociais.d) Apresentar contribuições no processo de mudança, criação ou formulação de opiniões de determinado grupo. e) Permitir, em maior grau de profundidade, a interpretação das particularidades dos comportamentos ou atitudes dos indivíduos. f) Interpretar dados, fatos, teorias e hipóteses, etc. Explanando em que situações de pesquisa cabe a abordagem qualitativa, Soares (2003, p. 19) usa os seguintes dizeres: 1. Situações em que se faz necessário substituir uma informação estatística por dados qualitativos. 2. Situações em que as observações qualitativas são usadas como indicadores do funcionamento de estruturas sociais. 3. Situações em que se manifesta a importância de uma abordagem qualitativa para efeito de compreender aspecto psicológico, cujos dados não podem ser coletados de modo completo por outros métodos devido à complexidade que envolve a pesquisa. Base procedimental observacional não participante A base procedimental observacional indica que o meio técnico utilizado para a coleta de dados é a observação e os meios instrumentais a ela inerentes. Por observação entende-se a técnica de coleta de dados em que o pesquisador observa o objeto investigado, quer participe ou não desse processo. Quando o observador-pesquisador participa do processo de investigação, diz-se que se trata de uma pesquisa observacional participante; quando, entretanto, o observador-pesquisador não participa do processo de investigação, diz-se que se trata de uma pesquisa observacional não participante. A observação participante (OP) visa coletar dados primários, enquanto a observação não participante (ONP), dados secundários. Por essa razão, na OP podem ser realizadas a pesquisa-ação, os estudos de caso, as biografias participantes e as etnografias participantes. Já na ONP podem ser realizadas as pesquisas bibliográficas, as pesquisas documentais, as biografias não participantes e as etnografias não participantes. Neste diapasão, Bêrni e Fernandez (2012, p. 176-177) explanam: Os dados primários obedecem ao delineamento de um estudo que gerará a base informacional nos estilos alternativos de condução de experimentos ou de obtenção de informações por meio do questionamento direto dos agentes envolvidos com o fenômeno. Tal é o caso, seguindo o exemplo, das testemunhas de um acidente de trânsito. Entre os dados primários a ser coletados, destacam-sea observação direta ou participante, a entrevista formal ou informal, a entrevista estruturada por meio de questionário, a entrevista livre baseada em roteiro, a discussão em grupo (distinguindo-se a construção de grupos focais), a consulta a documentos pessoais, diários, correspondência ativa e passiva, histórias de vida. [...] Se precisar de mais informação secundária, o pesquisador deverá recorrer a estatísticas previamente disponíveis em livros técnicos, relatórios de pesquisa, artigos em revistas técnicas, anais de congressos, documentos oficiais (censos, inquéritos, resoluções, informes), documentos pessoais, correspondência ativa e passiva, história de vida, diários publicados ou privados, documentos administrativos, contábeis e jurídicos. Com base nos pressupostos apresentados, deduz-se que a base procedimental observacional é parcialmente empírica (OP) e parcialmente não empírica (ONP), dessemelhantemente das demais bases procedimentais, que são todas completamente empíricas. Além disso, deduz-se que ela é a mais utilizada por parte dos pesquisadores em geral, por causa da facilidade da sua compreensão e, especialmente, do seu uso. Por fim, deduz-se também que toda pesquisa teórica, ou básica, baseia-se nos procedimentos observacionais, valendo-se de seus meios técnicos e instrumentais. Técnica observacional de pesquisa Levantamento bibliográfico (técnica) O levantamento bibliográfico, também denominado pesquisa bibliográfica, revisão bibliográfica ou revisão literária, visa a coleta de dados secundários, ou seja, aqueles que já foram submetidos a algum tipo de manipulação, denominados literatura crítica. Ele é utilizado para a revisão da literatura e, portanto, necessário a todas as espécies de pesquisa. Configura-se na técnica de coleta de dados dos livros e dos trabalhos acadêmicos em geral, tais como TCC’s, monografias, dissertações, teses, artigos científicos, resenhas científicas, etc. Os seus instrumentos fundamentais são as bibliografias. O levantamento bibliográfico oferece meios que auxiliam na definição e resolução dos problemas já conhecidos, como também permite explorar novas áreas onde os mesmos ainda não se cristalizaram suficientemente. Permite também que um tema seja analisado sob novo enfoque ou abordagem, produzindo novas conclusões. Além disso, permite a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla, mormente em se tratando de pesquisa cujo problema requeira a coleta de dados muito dispersos no espaço. Sobre essa técnica de pesquisa para coleta de dados, Rodrigues (2007, p. 43) assinala: Bibliográfica é a pesquisa limitada à busca de informações em livros e outros meios de publicação. É o oposto da pesquisa de campo, distinguindo-se também e igualmente por oposição da pesquisa in victro. Geralmente, a pesquisa bibliográfica integra o âmbito da pesquisa ex-post-facto, pelo simples fato de que os livros e artigos de revista ou periódico qualquer tratam, via de regra, de fatos consumados, não sendo habitual a pesquisa bibliográfica baseada em leitura do tipo futurologia. O levantamento bibliográfico pressupõe trabalhos anteriores que servem como fonte ou lente teórica para embasamento de estudos mais abrangentes e ou aprofundados. Sobre esse aspecto, Severino (2007, p. 122) destaca: A pesquisa bibliográfica é aquela que se realiza a partir do registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses, etc. Utiliza- se de dados ou de categorias teóricas já trabalhados por outros pesquisadores e devidamente registrados. Os textos tornam-se fontes dos temas a serem pesquisados. O pesquisador trabalha a partir das contribuições dos autores dos estudos analíticos constantes dos textos. Realmente, toda pesquisa acadêmica requer em algum momento a realização de trabalho que possa ser considerado como levantamento bibliográfico. Prova disso é que nas dissertações e teses da atualidade, em sua maioria, há um capítulo especial dedicado à revisão bibliográfica cuja finalidade principal é fundamentar o trabalho acadêmico teórica e consistentemente, identificando, não raro, o estágio atual do conhecimento referente ao tema. Gil (2010, p. 29) explana sobre tal tipo de pesquisa com os seguintes dizeres: A pesquisa bibliográfica é elaborada com base em material já publicado. Tradicionalmente, esta modalidade de pesquisa inclui material impresso, como livros, revistas, jornais, teses, dissertações e anais de eventos científicos. Todavia, em virtude da disseminação de novos formatos de informação, estas pesquisas passaram a incluir outros tipos de fontes, como discos, fitas magnéticas, CDs, bem como o material disponibilizado pela internet. Ressaltando a relevância de tal tipo de pesquisa, Gil (2010) destaca que ela permite ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente, em especial quando o problema de pesquisa requer dados muito dispersos pelo espaço. Entretanto, não se esquece de salientar que, como fontes secundárias, as bibliografiaspodem apresentar dados coletados ou processados de forma equivocada, tornando possível a reprodução e/ou ampliação desses erros em trabalhos nelas fundamentadas. Por essa razão, Gil (2010, p. 30) fornece sugestões úteis para reduzir tal possibilidade, dizendo: Para reduzir essa possibilidade, convém aos pesquisadores assegurarem-se das condições em que os dados foram obtidos, analisar em profundidade cada informação para descobrir possíveis incoerências ou contradições e utilizar fontes diversas, cotejando-as cuidadosamente. De acordo com Gil (2010), não existem regras fixas para a realização de pesquisas bibliográficas, mas algumas tarefas que a experiência demonstra serem importantes. Dessa forma, seguiu-se o seguinte roteiro de trabalho: a) Exploração das fontes bibliográficas: livros, revistas científicas, teses, relatórios de pesquisa entre outros, que contêm não só informação sobre determinados temas, mas indicações de outras fontes de pesquisa; b) Leitura do material: conduzida de forma seletiva, retendo as partes essenciais para o desenvolvimento do estudo, e analítica, avaliando a qualidade das informações coletadas; c) Elaboração de fichas: foram elaborados fichas de citações, de resumo e bibliográficas, contendo as partes mais relevantes dos materiais consultados; d) Ordenação e análise das fichas: organizadas e ordenadas de acordo com o seu conteúdo, conferindo sua confiabilidade; e) Conclusões: obtidas a partir da análise qualitativa e quantitativa dos dados. Com base nos pressupostos apresentados, deduz-se que o levantamento bibliográfico é a técnica própria e principal (mestra) para o embasamento teórico baseado em fontes secundárias. Subtécnicas observacionais de pesquisa Leitura científica A leitura científica é a principal subtécnica de investigação científica, utilizada em todos os tipos de pesquisa sobretudo quando da revisão da literatura específica do tema. Ela é últil para coletar, organizar, sistematizar e analisar/interpretar o dados. Desse modo, devido ao seu uso multifuncional nesse processo, ela pode ser adequadamente denominada de a subtécnica mestra da investigação científica. Sobre esta subtécnica de pesquisa, Diniz e Da Silva (2008, p. 3) passam a dizer que Apesar do avanço tecnológico referente aos recursos audiovisuais, todos precisam ler, porque o conhecimento é adquirido através da leitura, e para obtê-lo é necessário ler muito e ler bem. A leitura possibilita a ampliação de conhecimentos e a reflexão sobre o mundo. Para que a leitura seja proveitosa e eficaz deve-se estar atento ao que está sendo lido, evitando desconcentração e distração. O leitor deve sentir-se atraído pela leitura e desenvolver uma velocidade adequada na leitura, não devendo ler vagarosamente, para não esquecer o que foi lido no final do parágrafo, ou muito veloz propiciando a incompreensão do que foi lido. Para a correta compreensão e o adequado uso dessa subtécnica, faz sentido conhecer – e sem dúvida é imprescindível – os diversos tipo de leitura, tais como Diniz e Da Silva (2008, p. 5-6) apresentam: a) pré-leitura ou leitura de reconhecimento, fase preliminar da leitura informativa, a qual permite ao leitor o documento ou a obra que poderá ser aproveitada no seu trabalho e também obter uma visão geral do tema abordado. b) leitura seletiva, que consiste na leitura integral de um livro, tentando selecionar as informações imprescindíveis, ou seja, escolher o material que realmente interessa à pesquisa. c) leitura crítica ou reflexiva, que é aquela em que o leitor se concentra nos aspectos mais relevantes do texto, sendo capaz de separar as ideias secundárias da ideia central. d) leitura interpretativa, que é uma leitura mais complexa, visando identificar quais as intenções do autor e o que ele afirma sobre o tema, suas hipóteses, metodologia, resultados, discussões e conclusões, bem como relacionar as afirmações do autor com os problemas para os quais se está procurando equacionar. Entretanto, a leitura científica trata-se de, não meramente uma simples leitura, comum, curriqueira, cotidiana, mas sim uma sistemática e rigorosa sequência de procedimentos capazes de extrair dos dados qualitativos o máximo de informações neles contidas. Por essa mesma razão é que Diniz e Da Silva (2008, p.7) explanam, em seguida, os procedimentos necessários para uma leitura científica adequada, com os seguintes dizeres: Quando o texto for selecionado, faz-se sua leitura completa, para ter uma visão geral do todo. Em seguida deve-se reler o texto e assinalar palavras ou expressões desconhecidas, que devem ser consultadas em dicionário. Esclarecidas as dúvidas, fazer uma nova leitura para a compreensão do todo. Tornar a ler, procurando a ideia central, que pode estar implícita ou explícita no texto. Localizar acontecimentos ou ideias, comparando-as entre si e procurando semelhanças e diferenças existentes. Agrupá-los pelo menos por semelhança importante e organizá-los por ordem hierárquica de importância. Interpretar as ideias do autor e descobrir suas conclusões. (DINIZ e DA SILVA, 2008, p. 7) Conforme apresentada, a leitura científica é uma subtécnica multifuncional utilizada para a coleta (pré-leitura, ou leitura de reconhecimento), a organização (leitura seletiva), a sistematização (leitura crítica ou reflexiva) e análise/interpretação (leitura interpretativa) dos dados. Por essa razão, ela é, por excelência, a subtécnica mestra da pesquisa científica. Análise de Discurso (AD) A análise de conteúdo é uma subtécnica de análise, ou interpretação, de dados específica para a abordagem qualitativa. Ela está atrelada à metodologia das pesquisas observacionais, sendo bastante utilizada no campo das ciências sociais, visando descobrir fatos e causas do comportamento humano bem como compreender as interações humanas. Sobre tal técnica, Martins (2008, p. 55 e 58) elucida: [...] Ao perseguir o desafio de construir interpretações, a Análise do Dicurso (AD) parte do pressuposto de que em todo discurso há um sentido oculto que pode ser captado, o qual, sem uma técnica apropriada, permanece inacessível. [...] A AD permite conhecer o significado tanto do que está explícito na mensagem quanto do que está implícito - não só o que se fala, mas também como se fala. [...] A Análise do Discurso pode demonstrar que o que é lido não é a realidade, mas apenas um relato da realidade propositadamente construído de determinado modo, por determinado sujeito. Ao longo da história da ciência, na medida em que os métodos e as técnicas de pesquisa foram evoluindo, a AD foi dividida em duas grandes linhas, a anglo-saxã e a européia. Sobre esse aspecto, Martins (2008, p. 56-57) pontua: A AD pode ser dividida em duas amplas linhas que, embora apresentem diferenças metodológicas e teóricas, surgem, ambas, da necessidade imposta pela Linguística de definir uma nova unidade de análise que ultrapasse os limites da frase: o texto. Na linha anglo-saxã, ao contrário do que ocorre na corrente europeia, a AD não é afetada pela dicotomia saussuriana língua e fala e constitui, assim, mera extrapolação da gramática. [...] A linha europeia da AD segue a tradição, mais especificamente francesa, de atrelar uma perspectiva histórica ao estudo reflexivo dos textos. [...] A diferença fundamental entre a AD e a AC e que a primeira é utilizada para analisar e interpretar dados qualitativos, ao passo que a segunda, dados quantitativos (MARTINS, 2008). Instrumento observacional de pesquisa Protocoloobservacional O protocolo observacional é o instrumento próprio das pesquisas observacionais. Trata-se de um meio para se registrar as informações produzidas durante a observação. Pode ser um caderno, um bloco de anotações, ou mesmo uma página para rascunho. O objetivo é planificar tudo o que foi observado sobre o objeto de pesquisa, suas características, suas variações, as possíveis causas e os possíveis efeitos das variações, o que foi feito durante a observação, o que não foi feito durante ela e o (s) seu (s) respectivo (s) porquê (s). Comumente, o registro das informações no protocolo observacional é separado em notas descritivas (aquilo que se observa de fato) e notas reflexivas (as interpretações ou reflexões daquilo que se observa). Sobre esses aspectos, Creswell (2010, p. 2015) ratifica: [...] Os pesquisadores com frequência se engajam em observações múltiplas no decorrer de um estudo qualitativo e usam um protocolo observacional para registrar as informações. Ele pode ser de uma única página, com uma linha dividindo-a ao meio no sentido longitudinal para separar as notas descritivas (retratos dos participantes, reconstrução de diálogo, descrição do local físico, relatos de determinados eventos ou atividades) das notas reflexivas (os pensamentos pessoais do observador, tais como “especulação, sentimentos, problemas, ideias, palpites, impressões e preconceitos” [...]). Também podem ser escritas dessa forma as informações demográficas sobre o tempo, o local e a data do local de campo onde ocorreu a observação. [...] Com base nos pressupostos apresentados, deduz-se que o protocolo observacional é instrumento fundamental nas pesquisas observacionais e que, para não dificultar ou mesmo impedir a sua adequada execução, ele só pode ser inutilizado quando substituído por outro instrumento equivalente, tal como o diário de campo. 4 CONCLUSÕES REFERÊNCIAS MAIA; MATTAR, 2007. MOORE; KEARSLEY, 2007. NISKIER, 2000. BÊRNI, Duilio de Avila; FERNANDEZ, Brena Paula Magro. Métodos e técnicas de pesquisa: modelando as ciências empresariais. São Paulo: Saraiva, 2012. 440 p. GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5ª edição. São Paulo: Atlas, 1999. 206 p. _____________. Como elaborar projetos de pesquisa. 5ª edição. São Paulo: Atlas, 2010. 184p. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de Pesquisa. 6ª edição. São Paulo: Atlas, 2007. 289p. MARTINS, Gilberto de Andrade. Estudo de caso: uma estratégia de pesquisa. 2ª edição. São Paulo: Atlas, 2008. 101 p. OLIVEIRA, Silvio Luiz de. Tratado de Metodologia Científica. São Paulo: Pioneira, 1997. RODRIGUES, Rui Martinho. Pesquisa acadêmica: como facilitar o processo de preparação de suas etapas. São Paulo: Atlas, 2007. 177 p.
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