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Puericultura: Programa de Puericultura: acompanhar o crescimento e desenvolvimento, cobertura vacinal, estimular a prática do aleitamento materno, orientar a alimentação complementar e prevenir as desordens que mais afetam as crianças durante os primeiros dezoito meses de vida Ministério da Saúde do Brasil Calendário mínimo de consultas de puericultura, organizado da seguinte forma: uma consulta até os 15 dias de vida uma consulta com um, dois, quatro, seis, doze e dezoito meses Total: sete consultas dentro do primeiro um ano e meio de vida Nutrição: * principal determinante da saúde e bem estar do ser humano, em especial nos primeiros anos de vida Crescimento e desenvolvimento satisfação das necessidades nutricionais 2 picos de intensidade: * 2 primeiros anos de vida * adolescência: distúrbios nutricionais mais frequentes Total dependência da criança Avaliação do estado nutricional: anamnese, exame físico, dados antropométricos Princípios gerais que devem reger a alimentação infantil: Atender às necessidades energéticas ou quantitativas; Ser adequada em relação a intervalos ou horário e número de refeições diárias; Apresentar correlação adequada de nutrientes; Ser constituída por leite materno nos primeiros meses de vida; Corresponder à capacidade digestiva nos vários períodos do desenvolvimento; Introduzir alimentos novos de modo progressivo; Ser tão variada quanto possível; Equilibrar a tendência laxante e obstipante dos alimentos; Ministrar os alimentos com técnica adequada à sua boa aceitação, bem como à boa formação psíquica da criança. Peculiaridades da função digestiva da criança: Reflexo de sucção/deglutição Reflexo lingual – imaturo até os 4m de vida 5m: manifesta desejo/desinteresse/saciedade por alimentos 6m: erupção dos dentes de leite início da função mastigatória Mastigação funções gástricas e intestinais desenvolve estruturas orais linguagem higidez dentária 1º trim – incoordenação do peristaltismo intestinal = cólicas 2º sem – apreciadas variações de paladar e cor 2º ano – percepção do gosto, preferências Aleitamento materno Benefícios para as crianças: Nutrição exclusiva até os 6m de idade Confere proteção imunológica e vínculo com a mãe Protege da diarreia infecciosa, desnutrição e desidratação Proteção contra infecções respiratórias, urinárias, doenças alérgicas, anemia ferropriva, hipocalcemia neonatal, morte súbita Sucção: desenvolvimento da musculatura oral – processo ativo, língua função de ordenha; Proteção a longo prazo contra: obesidade, aterosclerose, HAS e IAM Sensações táteis, olfatórias, térmicas e auditivas Alimentação artificial alergias são mais comuns nas 6 primeiras semanas Aleitamento artificial: proteínas em grande quantidade Dermatites atópicas, pneumopatias alérgicas e alergia intestinal associadas ao leite de vaca Agravado em crianças com potencial alérgico: filhos de pais alérgicos, recomenda-se leite materno exclusivo * Não somente por contaminação da mamadeira ou do alimento, mas pela alta imunidade conferida pelo leite materno. 2. Benefícios para as mães: Modo prático de alimentar a criança Realização feminina/processo da maternidade Proteção contra anemia pós-parto – sangramento uterino prolongado – ocitocina Perde 500kcal/dia: retorno à forma física Efeito contraceptivo (aleitamento materno exclusivo pode chegar a 98% no 1º sem.) Baixo custo (complementar a dieta materna é mais barato q o aleitamento artificial) Alguns aspectos Mama como símbolo sexual e falsa relação entre amamentação e queda das mamas = desmame precoce Amamentação = menores taxas de câncer de mama e ovário Frequente introdução de farináceos na mamadeira = desnutrição Higienização da mamadeira: falta de informação e recursos Fisioterapeuta agente de saúde Imunizações Para que as doenças infecciosas sejam controladas vacinas utilizadas de forma adequada e cobertura vacinal ampla Imunizar = promover maior grau de proteção contra determinada doença, com menor taxa de efeitos adversos e melhor taxa custo/benefício Os agentes infecciosos diferem quanto as formas de invadir o organismo, causar doença e resistir às defesas do organismo resistência do hospedeiro depende das imunidades inata e adquirida BCG (previne as formas graves de tuberculose) Dose única, via intradérmica Logo após o nascimento Uma segunda dose da vacina está recomendada quando, após 6 meses da primeira dose, não se observa cicatriz no local da aplicação Indicada para bebês com mais de 2 kg Disponível nos Centros de Saúde Hanseníase: em comunicantes domiciliares de hanseníase, independente da forma clínica, uma segunda dose pode ser aplicada com intervalo mínimo de seis meses após a primeira dose Hepatite B Desde 2012 no Programa Nacional de Imunizações (PNI), a vacina combinada DTP/Hib/HB (denominada pelo Ministério da Saúde de Penta) foi incorporada aos 2, 4 e 6 meses de vida. Dessa forma, os lactentes que fizerem uso desta vacina recebem quatro doses da vacina Hepatite B Aqueles que forem vacinados em clínicas privadas podem manter o esquema de três doses, primeira ao nascimento e segunda e terceira dose aos 2 e 6 meses de idade (nestas duas doses, pode-se utilizar vacinas combinadas acelulares) 3 doses 1a: ideal nas primeiras 12hdv 2a: após 30-60d 3a: aos 6 meses Disponível nos Centros de Saúde Crianças com peso de nascimento ≤ 2 kg ou idade gestacional < 33s devem receber, além da dose de vacina ao nascer, mais 3 doses da vacina (total de 4 doses, 0, 2, 4 e 6 meses) Crianças maiores de 6 meses e adolescentes não vacinados devem receber 3 doses da vacina no esquema 0, 1 e 6 meses; 0, 2 e 6 meses; ou 0, 2 e 4 meses A vacina combinada A+B (apresentação adulto) pode ser utilizada na primovacinação de crianças de 1 a 15 anos de idade, em 2 doses com intervalo de seis meses DTP / DTPa (tríplice bacteriana) (previne Difteria, Tétano e Pertussis - Coqueluche) dT (dupla adulto) / dTpa (tríplice acelular adulto) DTP: 5 doses 2, 4, 6m + reforço entre 15-18m + reforço entre 4-6 anos Adolescentes e adultos: reforços com dT a cada 10 anos, sendo que preferencialmente o primeiro reforço deve ser realizado com dTpa Esquema primário para tétano incompleto ou desconhecido: 3 doses 1ª dTpa e as demais com dT (duas primeiras com intervalo de 2m e a terceira seis meses após a segunda) Apenas DTP e dT disponíveis em Centros de Saúde Hib (previne a doença invasiva pelo Haemophilus influenzae b) 3 doses: 2, 4 e 6m Disponível nos Centros de Saúde Quando utilizadas as vacinas combinadas com componente Pertussis acelular, disponíveis em clínicas privadas, uma quarta dose da Hib (reforço) deve ser aplicada aos 15 meses de vida Essa quarta dose contribui para diminuir o risco de ressurgimento das doenças invasivas causadas pelo Hib em longo prazo VOP - Sabin (vírus vivo atenuado – oral) VIP - Salk (vírus inativado – injetável) (previne a Poliomielite – Paralisia Infantil) 5 doses: 2, 4 e 6m + 2 reforços As três primeiras obrigatoriamente com a VIP (a partir de 2016) Transição da VOP para a VIP: esquema atual recomendado pelo PNI que oferece três doses iniciais de VIP seguidas de duas doses de VOP (2, 4 e 6m; 15-18 meses; 4-5 anos) As doses de VOP podem ser administradas na rotina ou nos Dias Nacionais de Vacinação SCR (tríplice viral) SCRV (quádrupla viral) (previne contra Sarampo, Caxumba, Rubéola e Varicela) 12 meses de idade: 1ª dose da SCR + isolada da V * situações de risco: crianças imunocompetentes de 6 a 12 meses primeira dose da vacina SCR ou de 9 a 12 meses monovalente contra varicela; nesses casos, a dose aplicada antes os 12 meses de idade não será considerada como válida ** quádrupla viral associada a uma maior frequência de febre nos lactentes que receberam a primeira dose desta vacina, quando comparados com os que recebem as injeções separadas 15 meses de idade: 2ª dose, preferencialmente com a quádrupla viral (SCRV), com intervalo mínimo de 3 meses da última dose tomadaMENINGOCÓCICA tipo C conjugada (previne a infecção pela Neisseria meningitidis) desde 2010 no calendário nacional vacinas polissacarídicas podem ser administradas em casos de surtos esquema de 2 doses (3 e 5 meses) e reforço (12 meses), podendo ser dada em crianças até 4 anos de idade para crianças de 12m a 4a não vacinadas, deve ser feito esquema de dose única. PNEUMOCÓCICA 10 VALENTE (previne a infecção pelo Streptococcus pneumoniae sorotipos 1, 4, 5, 6B, 7F, 9V, 14, 18C, 19F e 23F) incluída em 2010 redução expressiva da morbi-mortalidade pelo pneumococo É recomendada a todas as crianças até 4 anos 11m e 29d de idade 2 doses (2 e 4 meses), e uma dose de reforço preferencialmente aos 12 meses de vida, podendo ser administrada até os 4 anos HPV (previne a infecção pelo Papilomavírus humano, que possui alguns tipos com elevado potencial oncogênico) VLPs (“virus-like particle”) dos tipos 16 e 18 (bivalente) VLPs dos tipos 6, 11, 16 e 18 (quadrivalente) 2016: meninas de 9 a 13 anos 2 doses: dose inicial e 2a dose 6 meses depois as meninas e adolescentes portadoras do HIV ou imunodeficientes, devem tomar as 3 doses antes preconizadas (0, 6 e 60 meses) DOENÇAS EMERGENTES PREVENÍVEIS COM VACINAS Coqueluche Sarampo Dengue Meningite W (vacina Meningocócica ACWY) Novos sorotipos de influenza Acidentes mais frequentes de acordo com as idades 0 a 1 ano: quedas (trocador, cama, colo), asfixia, sufocação, aspiração de corpos estranhos, intoxicações, queimaduras (água quente, cigarro). 2 a 4 anos: quedas, asfixia, sufocação, afogamentos, intoxicações, choques elétricos, traumas. 5 a 9 anos: quedas, atropelamentos, queimaduras, afogamentos, choques elétricos, intoxicações, traumas. 10 a 19 anos: quedas, atropelamentos, afogamentos, choques elétricos, intoxicações, traumas. Higiene Ambiental Lista de checagem da casa segura Princípios gerais Cozinha Banheiro Quarto da criança Sala HIGIENE FÍSICA INDIVIDUAL SONO E REPOUSO ASSEIO CORPORAL e VESTIMENTA VIDA AO AR LIVRE ATIVIDADE FÍSICA HIGIENE MENTAL Campos: intelectual, emocional e social Interação de fatores orgânicos/hereditários e culturais/sociais Influência da dinâmica familiar Necessidades afetivas básicas das crianças: Receber amor: Carência afetiva leva ao ADNPM, apatia, vulnerabilidade a infecções, autoimagem desvalorizada Aceitação pelo grupo Aprovação: Fortalece a autoestima, os traços de personalidade, reforça padrões desejáveis de comportamento Proteção – equilíbrio com independência Aprender limites, compreender a realidade, regras da sociedade, formar os próprios valores éticos e morais Atitudes não desejáveis: Traços da personalidade/interação do casal Rejeição/hostilidade – falta de vínculo amoroso Perfeccionismo – prejuízo na necessidade de aprovação Superproteção/negligência Permissividade excessiva/autoritarismo – perturbam o equilíbrio necessário entre proteção e independência INFECÇÕES CONGÊNITAS E PERINATAIS O feto e o RN podem adquirir as infecções nos períodos: Intrauterino: via hematogênica transplacentária (Infecção Congênita) Durante o parto até 3s de vida: via transfusão materno-fetal, infecção ascendente, aspiração de líquido amniótico contaminado ou contato de pele e mucosas do bebê (Infecção Perinatal) Após o nascimento: via respiratória, TGI e aleitamento materno (Infecção Pós-natal) Podem causar infecção sistêmica aguda; infecção persistente com sequelas tardias ou infecção assintomática Fonte considerável de distúrbios do desenvolvimento PC, DM, déficits sensoriais (auditivos e visuais), malformações Mecanismo da infecção e Prognóstico dependem de: Agente infeccioso Imunidade materna Idade Gestacional e Cronologia da infecção Disponibilidade de tratamento específico INFECÇÕES MAIS COMUNS T toxoplasmose O outras… (hepatites B e C) R rubéola C citomegalovírus H herpes S sífilis A AIDS Epidemiologia geral Frequência variável em diferentes populações Risco depende de vários elementos que interferem na saúde materna práticas sexuais e drogadição: sífilis, hepatite B, HIV, CMV e Herpes simplex. nível socioeconômico e condições de habitação/saneamento: CMV, sífilis, toxoplasmose e infecções bacterianas estado de imunização natural e/ou ativa da população geral e das mulheres de idade fértil: rubéola hábitos higiênico-alimentares: Toxoplasma gondii atividade profissional materna: rubéola, parvovirus B19 (eritema infeccioso ou 5ª moléstia), herpes vírus tipo 6 (exantema súbito), varicela, hepatite A e B, enterovírus, etc. complicações obstétricas perinatais: infecções bacterianas Exames pré-natais MS: toxoplasmose, hepatite B e C, HIV e VDRL rubéola e varicela, se houve exposição CMV não preconizado pelo MS 1o trimestre Tipagem sanguínea e fator Rh Coombs indireto (se for Rh negativo) Teste rápido de triagem para sífilis e/ou VDRL/RPR Teste rápido diagnóstico anti-HIV Anti-HIV Toxoplasmose IgM e IgG Sorologia para hepatite B (HbsAg) 2o trimestre Coombs indireto (se for Rh negativo) 3o trimestre Coombs indireto (se for Rh negativo) VDRL Anti-HIV Sorologia para hepatite B (HbsAg) Repita o exame de toxoplasmose se o IgG não for reagente TOXOPLASMOSE CONGÊNITA Contaminação do feto pelo protozoário Toxoplasma gondii por via transplacentária, levando ao acometimento preferencial do SNC, originando graves quadros de encefalomielite. (DIAMENT & CYPEL, 2005) O taquizoíto destrói a barreira placentária e entra na circulação fetal O risco de transmissão vertical aumenta com a IG (a barreira afina e há mais massa placentária, deixando a placentite mais robusta): - 1o trimestre: 17% - 2o trimestre: 25% - 3o trimestre: 65% A doença é mais grave quando o feto é infectado no 1o trimestre e mais leve ou assintomática quando acometido no 3o trimestre (se entre 2 a 3 semanas de gestação = óbito intrauterino) Brasil: 50 a 80% das mulheres em idade fértil já foram infectadas e 4 a 5% correm o risco de se infectar durante a gestação Taxas de 3 a 20 casos/10.000 nasc. vivos (variação regional) Em adultos: infecção aguda tipicamente assintomática e autolimitada 10 a 20% das pessoas apresentam: linfadenopatia cervical, mal estar e febre baixa Após infecção aguda: formas císticas teciduais latentes A transmissão só ocorre na primoinfecção em imunocompetentes ou em reativação/reinfecção em gestante imunocomprometida Quadro clínico do RN 85% sem sinais muito evidentes ao nascimento pode ocorrer: restrição de crescimento intrauterino, prematuridade, anormalidades no LCE e cicatrizes de retinocoroidite Tríade Clínica Clássica Hidrocefalia + Calcificações cerebrais + Retinocoroidite Sequelas tardias muito frequentes, quando não tratada, podendo aparecer na adolescência e vida adulta 85% cicatrizes de retinocoroidite nas primeiras décadas de vida 50% anormalidades neurológicas em RNs sintomáticos ao nascer: acometimento visual em graus variados, retardo mental, crises convulsivas, anormalidades motoras e surdez Diagnóstico Considerando-se que são usualmente assintomáticos, a investigação laboratorial é imprescindível no diagnóstico. Diagnóstico na gestante Detecção e quantificação de IgG e IgM Antitoxoplasma PCR do líquido amniótico para o protozoário Sorologia de IgM no sangue de cordão após 18 semanas de gestação (feto com sistema imune responsivo) US: sugestivo quando apresenta hidrocefalia, calcificações cerebrais e hepáticas, hepatoesplenomegalia, ascite (hidropsia fetal), cardiomegalia e anormalidades placentárias Considerações acerca da sorologia IgM: indicativo de infecção aguda (~10d de janela imunológica) permanece elevada por 2 a 3m, com relatos de + por até 12 anos IgG: indicativo de infecção “antiga” (memória) detectada 1 a 2 semanas após a infecção aguda, pico em 3 a 6 meses, persistência de títulos baixos ao longo da vida Somente a IgG atravessa a barreira placentária Profilaxia e Tratamento Diagnóstico precoce→ tratamento efetivo. Não ingerir: carne/ovos crus ou mal cozidos, água que não seja filtrada/fervida e verduras cruas Evitar contato com fezes de gato e filhotes Evitar mexer em terra e areia sem luvas Higienizar as mãos antes das refeições “A melhor profilaxia seria a infecção precoce pelo toxoplasma em todas as mulheres, antes da idade da procriação”. Tratamento da gestante durante a gravidez, a fim de se suprimir a ação do toxoplasma sobre o feto; Qualquer RN infectado, ou com reações sorológicas inconclusivas, mesmo se assintomáticos; RN sadio, cuja mãe apresente títulos de anticorpos altos, sendo incerta a época da aquisição da doença. RUBÉOLA CONGÊNITA Infecção do produto conceptual pelo vírus da rubéola, consequente à viremia materna. (VERONESI, 1996) Primeiro exemplo de infecção fetal capaz de determinar malformações. (Norman Gregg, 1941) EPIDEMIOLOGIA Infecção predominantemente autolimitada ao fim do inverno e primavera Distribuição mundial e surtos leves ocorrem continuamente Infecção típica da infância, ocorrendo principalmente entre os 5-14 anos de idade (pico máximo de incidência antes da puberdade) Declínio com a introdução da vacina] Etiologia: Causada pelo Togavírus Período de incubação: 14 a 21 dias Período de transmissão: 5 a 7 dias antes do início do exantema e até 5 a 7 dias após Transmissão: contato com as secreções nasofaríngeas de pessoas infectadas, objetos contaminados, sangue e urina Isolamento: respiratório e contato para casos adquiridos pós-parto até 7 dias após exantema Crianças com infecção congênita: consideradas infectantes até 1 ano ou até negativar pesquisa de vírus na nasofaringe e urina Quadro clínico: As anormalidades podem estar presentes no período neonatal ou surgir semanas, meses e até anos pós-natal. A evolução dos sintomas da Síndrome da Rubéola Congênita é variável As crianças infectadas podem ser assintomáticas ou sintomáticas, necessitando de acompanhamento durante toda a vida. Alterações oculares: catarata, microftalmia, retinopatia, hipoplasia de íris, glaucoma congênito Cardiopatias Alterações hematológicas Alterações auditivas (manifestação + comum): vários graus de alteração da acuidade auditiva – surdez; Alterações viscerais/endócrinas: hepatomegalia, esplenomegalia, icterícia, hipo ou hipertireoidismo, puberdade precoce Baixo peso: retardo do crescimento intrauterino, falha do crescimento pós-natal Microcefalia Malformações esqueléticas RDNPM Distúrbios do tônus Convulsões Calcificações intracranianas (mais raras) Profilaxia Vacinação: forma mais efetiva de prevenção da doença → crianças de ambos os sexos entre um ano de idade e a puberdade → mulheres adultas, com sorologia negativa, sob orientação de não engravidarem pelo período mínimo de seis meses após a vacinação. Não vacinar a gestante! Evitar o contato de crianças reconhecidamente portadoras de rubéola congênita com as mulheres grávidas, durante o primeiro ano de vida da criança. CITOMEGALOVIROSE CONGÊNITA O citomegalovírus (CMV) pertence ao grupo dos herpesvírus → permanece latente após a infecção ativa e pode ser reativado Brasil: elevada soropositividade materna (90 a 95% das ♀ já com infecção primária pelo CMV) 0,5 a 1,0% de infecção congênita 20 a 60% de infecção perinatal IMPORTANTE: O CMV pode ser transmitido para o feto tanto na primoinfecção como em situações de reinfecção (com novas cepas virais) Formas de contaminação Materna: contato humano direto via saliva, urina, líquidos sexuais de indivíduo infectado; contato com crianças infectadas de até 1 ano de vida. Contaminação do bebê: Congênita ou intrauterina Perinatal: intraparto (exposição à secreção cervical no canal do parto) e pós-natal precoce (leite materno ou transfusão de sangue de doadores soropositivos para CMV) Manifestações clínicas Na apresentação clássica sintomática, o RN pode apresentar: Hepatoesplenomegalia (76-100%) Púrpura/petéquias (70-100%) Icterícia (50-70%) Microcefalia (20-50%) Coriorretinite (até 20%) Calcificações periventriculares (20-50%) Podem estar associadas, desde o nascimento: Surdez neurossensorial Deficiência mental Déficit visual Convulsões Restrição de crescimento intrauterino Diagnóstico Cultura do vírus na urina Diagnóstico diferencial: Rubéola congênita: presença frequente de cataratas e cardiopatias congênitas. Calcificações intracranianas são mais raras. Toxoplasmose congênita: calcificações cerebrais de distribuição mais difusa, hidrocefalia mais presente. Prognóstico Crianças sintomáticas: RDNPM severo; hidrocefalia no primeiro ano de vida se associa a óbito precoce Mau prognóstico nas sintomáticas ao nascimento: 90% com sequelas neurológicas 50 a 70% com surdez neurossensorial bilateral Letalidade de 5 a 10% Crianças assintomáticas: entre 5 e 15% podem ter anormalidades tardias. Podem desenvolver sinais como: microcefalia; atrasos inespecíficos do DNPM; déficits sensoriais, principalmente auditivo; deficiência mental; dificuldades escolares. SÍFILIS CONGÊNITA Contaminação do feto pela bactéria Treponema pallidum, através da mãe com a infecção ativa em qualquer estágio (principalmente nos estágios primário e secundário). A prevalência da sífilis congênita é um indicativo sentinela em saúde pré-natal 2004: epidemiologia de parturientes = soropositividade geral para sífilis de 1,6% 2005: 1,9/1.000 nascidos vivos OMS, 2012: 49 mil gestantes e 12 mil RN com sífilis, por ano, taxa de transmissão de 25% Quadro Clínico Materno: sífilis primária: lesão genital indolor sífilis secundária: lesões cutâneo-mucosas e sistêmicas sifílis terciária: estágio latente, evolui para comprometimento neurológico Diagnóstico: Teste não treponêmico: VDRL (rastreamento pela alta sensibilidade) MS: na 1a consulta pré-natal, no início da 28a semana e repetido na admissão para parto Testes treponêmicos: FTA-Abs, ELISA Transmissão vertical: Disseminação através da placenta, cordão, membranas e líquido amniótico, ou contato com lesão genital Transmissão em qualquer período gestacional, especialmente nos trimestres finais Quanto maior a duração da infecção materna, menor o acometimento e gravidade sífilis primária ou secundária e < 4 anos não tratadas: prematuridade, morte perinatal e infecção congênita (70 a 100%) sífilis latente > 4 anos: risco de infecção de 23 a 40% Quadro Clínico e Diagnóstico do RN: maioria assintomática (>60%) ou poucos sinais ao nascer = história materna determina o risco infecção de múltiplos órgãos, pode causar morte fetal ou neonatal, sequelas neurológicas e esqueléticas manifestações clínicas PRECOCES (RN a 2 anos) e TARDIAS (após 2 anos de vida) MANIFESTAÇÕES PRECOCES (RN a 2 anos) hepatoesplenomegalia (icterícia) prematuridade restrição do crescimento intrauterino lesões cutâneo-mucosas (pênfigo palmoplantar, exantema maculopapular e rinite serossanguinolenta) lesões ósseas (causam dor e pseudoparalisia) adenomegalia generalizada lesões pulmonares lesões renais edema, hidropsia meningoencefalite assintomática anemia MANIFESTAÇÕES TARDIAS (> 2 anos) Estigmas lesões ósseas e articulares (tíbia em sabre,periostite, osteíte, osteocondrite) 75 a 100% dos casos lesões dentárias (dentes serrilhados) fissuras cutâneas sequelas neurológicas (avaliar LCE) Hipersensibilidade Tardia lesões oculares (queratite intersticial – córnea) surdez neurossensorial Profilaxia e Tratamento: Atendimento precoce de gestantes no pré-natal (início da gestação, início do 3o trimestre e no parto) Tratar os parceiros da gestante infectada, modificar comportamentos de risco e indicar preservativos Crianças com sífilis confirmada, provável ou suspeita devem ser tratadas prontamente e acompanhadas para confirmação de cura RN assintomáticos, nas seguintes condições: avaliação laboratorial positiva mães inadequadamente tratadas mães tratadas, mas que não realizaram sorologias durantea gravidez sem garantias de um seguimento adequado do RN assintomático pelo período de dois anos A penicilina continua sendo o tratamento mais eficaz! AIDS CONGÊNITA Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) - HIV - caracterizada por déficit primário da imunidade celular e ocorrência de infecções oportunistas, neoplasias malignas e comprometimento do SNC. HIV – efeito citolítico nas células responsáveis pela defesa orgânica – aumento da suscetibilidade à infecções por outros agentes; formação contínua de novos vírus na célula parasitada Transmissão humana Contatos sexuais Exposição parenteral ou de mucosas a sangue/hemoderivados, instrumentos e tecidos contaminados pelos vírus Transmissão vertical AIDS em crianças As vias de transmissão materna são: Intra-uterina: fatores maternos mais predisponentes são o tempo de infecção, o estágio de acometimento fetal, imunidade, suscetibilidade genética Intraparto: após transfusão materno-fetal, deglutição de sangue e secreções durante o parto Pós-parto: secundário ao aleitamento materno Epidemiologia SINAN (2000-2008): 41.777 notificações de infecção em gestantes, sendo 53% na região sudeste. Estima-se que 50% das gestantes infectadas não sejam notificadas. Considerando-se 3 milhões de nascimentos/ano, cerca de 12 mil crianças seriam expostas à infecção materna pelo HIV, com risco de aquisição da infecção. Sem aleitamento materno: 1/3 intra-útero e 2/3 intra-parto Com aleitamento materno: risco adicional de 15 a 20% Sem intervenções profiláticas: transmissão vertical de 12 a 42% Programas de Prevenção (2003 a 2007): taxas de transmissão vertical variando de 1 a 3,5% Teste rápido para HIV na maternidade em parturientes não testadas durante a gestação Profilaxia antirretroviral Cesárea eletiva Suspensão do aleitamento materno HIV e alterações no SNC acomete cerca de 75% das crianças sujeitas à transmissão vertical do vírus encefalopatia estática ou progressiva Encefalopatia progressiva Danos no crescimento cerebral – diminuição da velocidade de crescimento do PC e atrofia cortical Disfunção motora progressiva – perda das funções motoras finas e eventualmente as grossas Comprometimento progressivo do trato córticoespinal Aquisições motoras importantes não são atingidas, e se previamente atingidas, são perdidas Declínio no neurodesenvolvimento – déficits intelectuais Podemos dividir a encefalopatia progressiva em dois cursos diferentes: Platô: ↓ da velocidade ou parada no processo de desenvolvimento Etapas motoras já adquiridas não são perdidas, mas novas não são atingidas Idade mental tende a permanecer estável e declinar ao longo do tempo Progressão subaguda: perda de funcionalidade, deterioração da função e da capacidade intelectual Novas etapas do desenvolvimento não são atingidas, havendo perda das já adquiridas Encefalopatia estática 25% de crianças infectadas pelo HIV Déficits neurológicos e no DNPM fixos e não-progressivos Podem apresentar atraso do desenvolvimento, mas não regressão Podem ocorrer, com menor frequência, paralisia pseudobulbar, rigidez extrapiramidal e crises convulsivas ZYCA VÍRUS malformação congênita, caracterizada por um perímetro cefálico inferior ao esperado para a idade e sexo dependendo de sua etiologia, pode ser associada a malformações estruturais do cérebro ou ser secundária a causas diversas crianças com perímetro cefálico abaixo da média podem ser cognitivamente normais, sobretudo se a microcefalia for de origem familiar a maioria dos casos de microcefalia é acompanhada de alterações motoras e cognitivas variáveis: atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, funções sensitivas (audição e visão) comprometidas, comprometimento cognitivo em cerca de 90% dos casos Microcefalia congênita Microcefalia pós-natal Medição precisa do PC valor de referência para definição de microcefalia para o recém-nascido a termo: PC ≤ 32 cm ao nascimento, conforme as curvas da OMS para meninos e meninas recém-nascido pré-termo, o perímetro cefálico menor que padrões percentil 3, pela curva de Fenton para meninos e meninas
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