Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ASSISTÊNCIA CONCEITO: É uma espécie de intervenção de terceiros voluntária. Pendente uma causa entre duas ou mais pessoas, o terceiro juridicamente interessado em que a sentença seja favorável a uma delas poderá intervir no processo para assisti-la. O assistente, portanto, não é parte da relação processual pelo menos não na modalidade de assistência simples. Não defende o direito próprio, mas de outrem, embora tenha um interesse próprio a proteger indiretamente. Segundo o art. 119, dá-se a assistência quando o terceiro, na pendência de uma causa entre outras pessoas, tendo interesse jurídico em que a sentença seja favorável a uma das partes, intervém no processo para prestar-lhe colaboração. O assistente, portanto, não é parte da relação processual – pelo menos na modalidade de assistência simples – e nisso se distingue do litisconsorte. Sua posição é de terceiro que tenta apenas coadjuvar(prestar auxílio) uma das partes a obter vitória no processo. Não defende direito próprio, mas de outrem, embora tenha um interesse próprio a proteger indiretamente. PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS: A intervenção do terceiro, como assistente, pressupõe interesse. Mas seu interesse não consiste na tutela de seu direito subjetivo, porque não integra ele a lide a solucionar; mas na preservação ou na obtenção de uma situação jurídica de outrem (a parte) que possa influir positivamente na relação jurídica não litigiosa existente entre ele, assistente, e a parte assistida. Por exemplo: Se A, dono de uma coisa, convenciona alugá-la ou emprestá-la a B e a C ajuíza uma ação reinvindicatória sobre a mesma coisa, é intuitivo que B tem interesse jurídico em que A saia vitorioso na causa, pois, caso contrário, não poderá desfrutar da coisa que foi objeto do contrato. Legítima será, assim, sua intervenção no processo para ajudar A a obter sentença que lhe seja favorável. Diante disso, podemos sintetizar os pressupostos da assistência em: a) Existência de uma relação jurídica entre uma das partes (assistido) e o terceiro (assistente); e b) Possibilidade de vir a sentença a influir na referida relação. NO NOVO CPC ENCONTRAMOS DOIS TIPOS DE ASSISTÊNCIA, A ASSISTÊNCIA SIMPLES E LITISCONSORCIAL. ASSISTÊNCIA SIMPLES: O simples deve agir apenas como auxiliar do assistido, não podendo praticar atos que sejam incompatíveis com a vontade deste, ou q ue a contrariem. ASSISTÊNCIA LITISCONSORCIAL: Quando, porém, o terceiro assume a posição de assistente na defesa direta de direito próprio contra umas das parte. A posição do interveniente, então passará a ser a de litisconsorte (parte) e não mais mero assistente. Ou seja, na assistência simples é quando o assistente intervém tão somente para coadjuvar (prestar auxílio) uma das partes a obter sentença favorável, sem defender direito próprio. Os efeitos da decisão do processo, para autorizar a assistência simples são indiretos ou reflexos. Na assistência litisconsorcial é quando o terceiro assume a posição de assistente na defesa direta de direito próprio contra uma das partes. CABIMENTO E OPORTUNIDADE DA INTERVENÇÃO ASSISTENCIAL A assistência será admitida em qualquer procedimento e em todos os graus de jurisdição, recebendo o assistente o processo no Estado em que se encontra (art. 119, parágrafo único). Enquanto não há coisa julgada, é possível a intervenção do assistente, mesmo que já exista a sentença e a causa esteja em grau de recurso. Segundo o art. 119 parágrafo único: A assistência será admitida em qualquer procedimento e em todos os graus de jurisdição, recebendo o assistente o processo no estado em que se encontre, ou seja, no processo de conhecimento, qualquer tipo de procedimento admite a assistência. PROCEDIMENTO: A assistência deve ser requerida, por petição do terceiro interessado, dentro doas autos em curso. Ambas as partes serão ouvidas e qualquer delas poderá impugnar (contestar) o pedido, em quinze dias, contados com da. (art. 120). Se, todavia, houver impugnação, esta só poderá referir-se a falta de interesse jurídico para interferir o bem assistido (art. 120, parágrafo único, - CPC). Caso não tenha contestação, caberá ao juiz, admitir a assistência sem maior apreciação em torno do pedido, salvo se for caso de rejeição liminar, por evidente descabimento da pretensão, segundo se depreende do caput do art. 120. Havendo impugnação (contestação), que segundo o art. 120 parágrafo único, “se qualquer parte alegar que falta ao requerente interesse jurídico para intervir, o juiz decidirá o incidente, sem suspensão do processo. O juiz decidirá o incidente sem suspensão do processo, ou seja, não prejudicará o processo. O incidente será provocado e decidido nos próprios autos da causa, mas, em razão do princípio da ampla defesa, é evidente ser possível a realização de provas quando essenciais para o seu julgamento. PODERES E ÔNUS PROCESSUAIS DO ASSISTENTE SIMPLES E LISTISCONSORCAIS: (slide)O assistente simples atuará como auxiliar da parte principal, exercerá os mesmos poderes e sujeitar-se-á aos mesmos ônus (art. 121 CPC). Pode tal assistente produzir provas, requerer diligencias e pericias, apresentar razões e participar de audiências Não é diferente a situação do litisconsorte qualificado, uma vez que se comporta, legalmente, como litisconsorte. (O professor, advogado e desembargador de São Paulo) Candido Dinamarco, expressa o seguinte: O assistente “tem a liberdade de participar, praticando atos do processo. É legitimado a recorrer de decisões desfavoráveis ao assistido”. O assistente recebe o processo no estado em que se encontre (art. 119, parágrafo único). Enquanto não transitada em julgado a sentença de extinção do processo, é viável a intervenção do assistente. O assistente, mesmo na qualidade de parte, não poderá alterar o objeto da demanda, ou as estratégias de defesa, fixados pelo assistido. Da mesma forma com o assistente litisconsorcial, embora tenha maior autonomia na pratica dos atos processuais, não altera os atos e fases já superados e, principalmente, sobre a definição do objeto do processo. ENCARGOS DO ASSISTENTES E LIMITES DE SUA ATUAÇÃO: Encargos: sujeita-se, igualmente, o assistente aos ônus ou encargos que tocam ao assistido. Por isso, “se o assistido for vencido, o assistente será condenado ao pagamento das custas em proporção a atividade que houver exercido no processo” art. 94 – CPC. Se o assistido (a parte), for revel ou de outro modo omisso, o assistente será considerado seu substituto processual (art. 121, parágrafo único). Os prazos que para o revel, correriam independentemente de intimação passarão a depender, então, da ciência a ser dada ao assistente, como substituto processual do assistido. Limites do assistente simples: segundo o art. 122 – CPC A) o autor desista da ação e provoque a extinção do processo; B) o réu reconheça a procedência do pedido provocando o julgamento de mérito contrário a parte assistida; C) as partes ponham fim ao litigio mediante transação; D) ou as partes renunciem ao direito sobre o que se funda a ação. Limites do assistente litisconsorcial: Não poderá formular pedido novo e diferente daquele deduzido pelo assistido. Só lhe é permitido aderir aos pedidos já formulados pela parte que irá se aliar. RECURSOS: O assistente litisconsorcial também parte do processo, terá sempre a faculdade de interpor recursos, ainda quando o assistido não o faça. A parte principal tiver expressamente manifestado a vontade de não recorrer, renunciandoao recurso ou desistindo daquele já interposto, o assistente não poderá apresentar recurso próprio, pois a sua atuação fica vinculada a manifestação de vontade do assistido. O código atual, amplia a participação do assistente que, por isso, passa a atuar, em nome próprio, mas na defesa de interesse do assistido. Ampliou também, assim, a esfera de atuação do assistente simples. Para o (o advogado, professor, e procurador do Estado de Pernambuco) Leonardo Carneiro da Cunha, há duas espécies de omissão de parte principal no processo: - a omissão Contumacial, que permite que o assistente simples atue livremente no processo, auxiliando o assistido na defesa do direito; - a omissão negocial, que não permite ao assistente contrariar a vontade do assistido. Se tratar de omissão contumacial, e o assistido deixa de recorrer, o recurso do assistente evitará a preclusão (É a perda do direito de manifestar-se no processo, isto é, a perda da capacidade de praticar os atos processuais por não tê-los feito na oportunidade devida ou na forma prevista.) ASSISTENCIA E COISA JULGADA: O assistente litisconsorcial como parte do processo, e como tal, é sujeito a consequência da coisa julgada, perante a sentença que decidir a causa. Já o assistente simples ou coadjuvante, não sendo parte do processo, não pode sofrer no sentido técnico, os efeitos, mesmo porque apenas defende os direitos de terceiro, ou seja, do assistido. No entanto, em razão de sua intervenção voluntária no processo, impõe-lhe o Código uma restrição que consiste em ficar impedido de voltar a discutir, em outros processos, sobre “a justiça da decisão” conforme o art. 123, caput. Porém o código abre duas exceções, para permitir ao assistente simples reabrir uma discussão em torno do que foi decidido contra o assistido, e que ocorrem quando alegar e provar que (art. 123, I, II): I – pelo estado em que recebeu o processo ou pelas declarações e pelos atos do assistido, foi impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença; II – desconhecia a existência de alegações ou de provas das quais o assistido, por dolo ou culpa, não se valeu. É fácil concluir sobre o que o assistente não pode voltar a discutir, quando se referir às questões de fato que influíram na sentença oposta à parte assistida ASSISTÊNCIA PROVOCADA Há hipótese em que nenhuma das figuras interventivas típicas cabe para provocar a inclusão do terceiro no processo, mas esta se faz necessária ou recomendável. Isso pode se dar, no caso de uma ação cautelar preparatória de futuro processo principal no qual viria a ocorrer a denunciação da lide ou chamamento ao processo de um estranho que mantenha vínculo jurídico com uma das partes em litígio. ASSISTÊNCIA ATÍPICA OU NEGOCIAL Em razão, pois, dessas regras, é possível que o juiz admita a intervenção de sujeitos, mesmo sem a comprovação do interesse como necessária para a assistência, se houver concordância das partes, concretizando "a ideia de participação democrática no processo civil". É denominada intervenção atípica ou negocial. Nada impede, do mesmo modo, que as partes disciplinem de forma diversa uma intervenção típica. Isto é, as partes podem prever formas diferenciadas de atuação do assistente simples (assistência atípica), a fim de conformar o processo às especificidades do caso concreto. ASSISTÊNCIA DE LEGITIMADO COLETIVO EM AÇÃO DE NATUREZA INDIVIDUAL Dentro desse espírito de conceber uma assistência atípica, em que se flexibiliza ou até mesmo dispensa a interligação de um interesse jurídico direto na admissão da assistência simples, merece ser lembrado o entendimento esposado pelo STF no caso em que se permitiu que uma entidade sindical prestasse assistência a um associado que discutia, individualmente, a constitucionalidade de uma lei. Embora não apresentasse o sindicato uma relação jurídica conexa com aquela discutida no processo, reconheceu o acórdão o cabimento da assistência simples do legitimado coletivo ao argumento de que a solução do tema a ser enfrentado serviria de fundamento para a solução de um número indefinido de casos. O RECURSO DE TERCEIRO PREJUDICADO Em suma: o recurso de terceiro prejudicado é uma forma de intervenção de terceiro em grau de recurso ou, mais propriamente, uma assistência na fase recursal, porque, no mérito, o recorrente jamais pleiteará decição a seu favor, não podendo ir além do pleito em benefício de uma das partes do processo. O art. 996 do novo CPC assegura não só a parte vencida, mas também ao terceiro prejudicado, o direito de recorrer. O recurso, portanto, constitui uma oportunidade para realizar a intervenção de quem não é parte no curso do processo. REFERÊNCIA JÚNIOR, Humberto Theodoro. Curso de Direito Processual Civil - Vol. I, ed. 57, Editora: Forense, 2016.
Compartilhar