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ASSISTÊNCIA - CPC 2015

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ASSISTÊNCIA 
 
CONCEITO: 
 
É uma espécie de intervenção de terceiros voluntária. Pendente uma causa 
entre duas ou mais pessoas, o terceiro juridicamente interessado em que a 
sentença seja favorável a uma delas poderá intervir no processo para assisti-la. 
O assistente, portanto, não é parte da relação processual pelo menos não na 
modalidade de assistência simples. Não defende o direito próprio, mas de 
outrem, embora tenha um interesse próprio a proteger indiretamente. 
Segundo o art. 119, dá-se a assistência quando o terceiro, na pendência de 
uma causa entre outras pessoas, tendo interesse jurídico em que a sentença 
seja favorável a uma das partes, intervém no processo para prestar-lhe 
colaboração. O assistente, portanto, não é parte da relação processual – pelo 
menos na modalidade de assistência simples – e nisso se distingue do 
litisconsorte. Sua posição é de terceiro que tenta apenas coadjuvar(prestar 
auxílio) uma das partes a obter vitória no processo. Não defende direito próprio, 
mas de outrem, embora tenha um interesse próprio a proteger indiretamente. 
 
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS: 
 
A intervenção do terceiro, como assistente, pressupõe interesse. Mas seu 
interesse não consiste na tutela de seu direito subjetivo, porque não integra ele 
a lide a solucionar; mas na preservação ou na obtenção de uma situação 
jurídica de outrem (a parte) que possa influir positivamente na relação jurídica 
não litigiosa existente entre ele, assistente, e a parte assistida. 
Por exemplo: Se A, dono de uma coisa, convenciona alugá-la ou emprestá-la a 
B e a C ajuíza uma ação reinvindicatória sobre a mesma coisa, é intuitivo que B 
tem interesse jurídico em que A saia vitorioso na causa, pois, caso contrário, 
não poderá desfrutar da coisa que foi objeto do contrato. Legítima será, assim, 
sua intervenção no processo para ajudar A a obter sentença que lhe seja 
favorável. 
Diante disso, podemos sintetizar os pressupostos da assistência em: 
a) Existência de uma relação jurídica entre uma das partes (assistido) e o 
terceiro (assistente); e 
b) Possibilidade de vir a sentença a influir na referida relação. 
 
NO NOVO CPC ENCONTRAMOS DOIS TIPOS DE ASSISTÊNCIA, A 
ASSISTÊNCIA SIMPLES E LITISCONSORCIAL. 
 
ASSISTÊNCIA SIMPLES: O simples deve agir apenas como auxiliar do 
assistido, 
não podendo praticar atos que sejam incompatíveis com a vontade deste, ou q
ue a contrariem. 
ASSISTÊNCIA LITISCONSORCIAL: Quando, porém, o terceiro assume a 
posição de assistente na defesa direta de direito próprio contra umas das parte. 
A posição do interveniente, então passará a ser a de litisconsorte (parte) e não 
mais mero assistente. 
 
Ou seja, na assistência simples é quando o assistente intervém tão somente 
para coadjuvar (prestar auxílio) uma das partes a obter sentença favorável, 
sem defender direito próprio. Os efeitos da decisão do processo, para autorizar 
a assistência simples são indiretos ou reflexos. 
Na assistência litisconsorcial é quando o terceiro assume a posição de 
assistente na defesa direta de direito próprio contra uma das partes. 
 
CABIMENTO E OPORTUNIDADE DA INTERVENÇÃO ASSISTENCIAL 
 
A assistência será admitida em qualquer procedimento e em todos os graus de 
jurisdição, recebendo o assistente o processo no Estado em que se encontra 
(art. 119, parágrafo único). 
Enquanto não há coisa julgada, é possível a intervenção do assistente, mesmo 
que já exista a sentença e a causa esteja em grau de recurso. 
 
Segundo o art. 119 parágrafo único: A assistência será admitida em qualquer 
procedimento e em todos os graus de jurisdição, recebendo o assistente o 
processo no estado em que se encontre, ou seja, no processo de 
conhecimento, qualquer tipo de procedimento admite a assistência. 
 
 
PROCEDIMENTO: 
 
A assistência deve ser requerida, por petição do terceiro interessado, dentro 
doas autos em curso. Ambas as partes serão ouvidas e qualquer delas poderá 
impugnar (contestar) o pedido, em quinze dias, contados com da. (art. 120). 
Se, todavia, houver impugnação, esta só poderá referir-se a falta de interesse 
jurídico para interferir o bem assistido (art. 120, parágrafo único, - CPC). 
 
Caso não tenha contestação, caberá ao juiz, admitir a assistência sem maior 
apreciação em torno do pedido, salvo se for caso de rejeição liminar, por 
evidente descabimento da pretensão, segundo se depreende do caput do art. 
120. 
Havendo impugnação (contestação), que segundo o art. 120 parágrafo único, 
“se qualquer parte alegar que falta ao requerente interesse jurídico para 
intervir, o juiz decidirá o incidente, sem suspensão do processo. O juiz decidirá 
o incidente sem suspensão do processo, ou seja, não prejudicará o processo. 
O incidente será provocado e decidido nos próprios autos da causa, mas, em 
razão do princípio da ampla defesa, é evidente ser possível a realização de 
provas quando essenciais para o seu julgamento. 
 
PODERES E ÔNUS PROCESSUAIS DO ASSISTENTE SIMPLES E 
LISTISCONSORCAIS: 
 
(slide)O assistente simples atuará como auxiliar da parte principal, exercerá os 
mesmos poderes e sujeitar-se-á aos mesmos ônus (art. 121 CPC). Pode tal 
assistente produzir provas, requerer diligencias e pericias, apresentar razões e 
participar de audiências 
Não é diferente a situação do litisconsorte qualificado, uma vez que se 
comporta, legalmente, como litisconsorte. 
 
(O professor, advogado e desembargador de São Paulo) Candido Dinamarco, 
expressa o seguinte: O assistente “tem a liberdade de participar, praticando 
atos do processo. É legitimado a recorrer de decisões desfavoráveis ao 
assistido”. 
O assistente recebe o processo no estado em que se encontre (art. 119, 
parágrafo único). Enquanto não transitada em julgado a sentença de extinção 
do processo, é viável a intervenção do assistente. 
O assistente, mesmo na qualidade de parte, não poderá alterar o objeto da 
demanda, ou as estratégias de defesa, fixados pelo assistido. Da mesma forma 
com o assistente litisconsorcial, embora tenha maior autonomia na pratica dos 
atos processuais, não altera os atos e fases já superados e, principalmente, 
sobre a definição do objeto do processo. 
 
ENCARGOS DO ASSISTENTES E LIMITES DE SUA ATUAÇÃO: 
 
Encargos: sujeita-se, igualmente, o assistente aos ônus ou encargos que 
tocam ao assistido. Por isso, “se o assistido for vencido, o assistente será 
condenado ao pagamento das custas em proporção a atividade que houver 
exercido no processo” art. 94 – CPC. 
 
Se o assistido (a parte), for revel ou de outro modo omisso, o assistente será 
considerado seu substituto processual (art. 121, parágrafo único). Os prazos 
que para o revel, correriam independentemente de intimação passarão a 
depender, então, da ciência a ser dada ao assistente, como substituto 
processual do assistido. 
 
Limites do assistente simples: segundo o art. 122 – CPC 
A) o autor desista da ação e provoque a extinção do processo; 
B) o réu reconheça a procedência do pedido provocando o julgamento de 
mérito contrário a parte assistida; 
C) as partes ponham fim ao litigio mediante transação; 
D) ou as partes renunciem ao direito sobre o que se funda a ação. 
Limites do assistente litisconsorcial: 
Não poderá formular pedido novo e diferente daquele deduzido pelo assistido. 
Só lhe é permitido aderir aos pedidos já formulados pela parte que irá se aliar. 
 
RECURSOS: 
 
O assistente litisconsorcial também parte do processo, terá sempre a faculdade 
de interpor recursos, ainda quando o assistido não o faça. 
A parte principal tiver expressamente manifestado a vontade de não recorrer, 
renunciandoao recurso ou desistindo daquele já interposto, o assistente não 
poderá apresentar recurso próprio, pois a sua atuação fica vinculada a 
manifestação de vontade do assistido. 
 
O código atual, amplia a participação do assistente que, por isso, passa a 
atuar, em nome próprio, mas na defesa de interesse do assistido. Ampliou 
também, assim, a esfera de atuação do assistente simples. 
Para o (o advogado, professor, e procurador do Estado de Pernambuco) 
Leonardo Carneiro da Cunha, há duas espécies de omissão de parte principal 
no processo: 
- a omissão Contumacial, que permite que o assistente simples atue livremente 
no processo, auxiliando o assistido na defesa do direito; 
- a omissão negocial, que não permite ao assistente contrariar a vontade do 
assistido. 
Se tratar de omissão contumacial, e o assistido deixa de recorrer, o recurso do 
assistente evitará a preclusão (É a perda do direito de manifestar-se no 
processo, isto é, a perda da capacidade de praticar os atos processuais por 
não tê-los feito na oportunidade devida ou na forma prevista.) 
 
ASSISTENCIA E COISA JULGADA: 
 
O assistente litisconsorcial como parte do processo, e como tal, é sujeito a 
consequência da coisa julgada, perante a sentença que decidir a causa. 
Já o assistente simples ou coadjuvante, não sendo parte do processo, não 
pode sofrer no sentido técnico, os efeitos, mesmo porque apenas defende os 
direitos de terceiro, ou seja, do assistido. 
 
No entanto, em razão de sua intervenção voluntária no processo, impõe-lhe o 
Código uma restrição que consiste em ficar impedido de voltar a discutir, em 
outros processos, sobre “a justiça da decisão” conforme o art. 123, caput. 
Porém o código abre duas exceções, para permitir ao assistente simples reabrir 
uma discussão em torno do que foi decidido contra o assistido, e que ocorrem 
quando alegar e provar que (art. 123, I, II): 
I – pelo estado em que recebeu o processo ou pelas declarações e pelos atos 
do assistido, foi impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença; 
II – desconhecia a existência de alegações ou de provas das quais o assistido, 
por dolo ou culpa, não se valeu. 
É fácil concluir sobre o que o assistente não pode voltar a discutir, quando se 
referir às questões de fato que influíram na sentença oposta à parte assistida 
 
ASSISTÊNCIA PROVOCADA 
 
Há hipótese em que nenhuma das figuras interventivas típicas cabe para 
provocar a inclusão do terceiro no processo, mas esta se faz necessária ou 
recomendável. 
 
Isso pode se dar, no caso de uma ação cautelar preparatória de futuro 
processo principal no qual viria a ocorrer a denunciação da lide ou 
chamamento ao processo de um estranho que mantenha vínculo jurídico com 
uma das partes em litígio. 
 
ASSISTÊNCIA ATÍPICA OU NEGOCIAL 
 
Em razão, pois, dessas regras, é possível que o juiz admita a intervenção de 
sujeitos, mesmo sem a comprovação do interesse como necessária para a 
assistência, se houver concordância das partes, concretizando "a ideia de 
participação democrática no processo civil". É denominada intervenção atípica 
ou negocial. 
Nada impede, do mesmo modo, que as partes disciplinem de forma diversa 
uma intervenção típica. Isto é, as partes podem prever formas diferenciadas de 
atuação do assistente simples (assistência atípica), a fim de conformar o 
processo às especificidades do caso concreto. 
 
ASSISTÊNCIA DE LEGITIMADO COLETIVO EM AÇÃO DE NATUREZA 
INDIVIDUAL 
 
Dentro desse espírito de conceber uma assistência atípica, em que se 
flexibiliza ou até mesmo dispensa a interligação de um interesse jurídico direto 
na admissão da assistência simples, merece ser lembrado o entendimento 
esposado pelo STF no caso em que se permitiu que uma entidade sindical 
prestasse assistência a um associado que discutia, individualmente, a 
constitucionalidade de uma lei. 
Embora não apresentasse o sindicato uma relação jurídica conexa com aquela 
discutida no processo, reconheceu o acórdão o cabimento da assistência 
simples do legitimado coletivo ao argumento de que a solução do tema a ser 
enfrentado serviria de fundamento para a solução de um número indefinido de 
casos. 
 
O RECURSO DE TERCEIRO PREJUDICADO 
 
Em suma: o recurso de terceiro prejudicado é uma forma de intervenção de 
terceiro em grau de recurso ou, mais propriamente, uma assistência na fase 
recursal, porque, no mérito, o recorrente jamais pleiteará decição a seu favor, 
não podendo ir além do pleito em benefício de uma das partes do processo. 
O art. 996 do novo CPC assegura não só a parte vencida, mas também ao 
terceiro prejudicado, o direito de recorrer. O recurso, portanto, constitui uma 
oportunidade para realizar a intervenção de quem não é parte no curso do 
processo. 
 
REFERÊNCIA 
 
 
JÚNIOR, Humberto Theodoro. Curso de Direito Processual Civil - Vol. I, ed. 
57, Editora: Forense, 2016.

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