Buscar

FAZENDO “ARTE” NA TERCEIRA IDADE A CONTRIBUIÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA CONSTRUÇÃO DOS IDOSOS COMO VERDADEIROS ARTISTAS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Continue navegando


Prévia do material em texto

FAZENDO “ARTE” NA TERCEIRA IDADE: A CONTRIBUIÇão DA educação física na construção dos idosos como verdadeiros artistas
Baixo, Isabela Lorena de Souza� 
souza, Tiago Antônio de� 
SILVA, Bruno Emmanuel Santana da�
"Todas as artes contribuem para a maior de todas as artes, a arte de viver." (Bertold Brecht)
RESUMO
O presente artigo aborda a problemática se: É possível articular a Arte e a Educação Física no trato de valores sociais e culturais na terceira idade, construindo estratégias pedagógicas diferenciadas? A problemática se dá devido à necessidade de buscar práticas diferenciadas que possibilitem não somente a prática corporal em si, mas também o processo de re-significar momentos marcantes ao longo da vida que foram sendo esquecidos pela ausência de estímulos e falta de interesses. A pesquisa, de abordagem qualitativa na perspectiva descritiva, foi desenvolvida através de planos de ação que tornaram-se bases para a orientação do trabalho pedagógico e relatórios que detalharam as situações ocorridas nas intervenções. Teve como objetivos específicos os seguintes questionamentos: De que maneira é possível resgatar e expandir potencialidades criadoras e possibilitar a construção de saberes e práticas corporais através da arte entre os idosos?; Quais estratégias podem ser utilizadas para incentivar a criatividade que leve aos idosos, novos interesses e novas perspectivas de vida, buscando e/ou resgatando valores culturais e sociais?; Como podemos analisar a capacidade que o idoso possui de articular pensamentos, sentimentos e ações frente a novas situações? e ainda; De que maneira pode-se desenvolver e aprimorar nos idosos, o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento de confiança em suas capacidades, para agir com perseverança na busca da valorização pessoal?.O campo de pesquisa foi o Centro de Múltiplo Uso – CMU Fazenda pertencente ao Município de Itajaí/SC, tendo como sujeito: idosos que realizam atividades de lazer a fim de integrar-se com os demais. Um grande desafio e uma linda história que merece ser contada.
Palavras chave: Educação Física – Cultura Corporal – Terceira Idade
Abrem-se as cortinas do espetáculo: introdução, justificativa e relevância do problema.
O envelhecimento é uma etapa natural da vida do indivíduo, em que esta fase tem características próprias, na qual ainda há possibilidades de mudanças positivas e realizações pessoais. Essa busca do novo se torna algo possível por maior disponibilidade de tempo e liberdade, podendo ser um período interessante de descobertas e renovação. 
É imprescindível acreditarmos como profissionais da área da Educação Física que toda pessoa tem um potencial para aprender, uma curiosidade, uma inquietude vital. E com a terceira idade não é diferente, só porque a idade avança não nos dá o direito de acharmos que os idosos adquiriram envelhecimentos de atitudes e comportamentos. Isto, quase sempre, ocorre devido a pouca solicitação de desempenho deles e por parte da comunidade de modo geral sem esquecer do desestimulo da própria família.
Embora os idosos estejam sujeitos à influência de fatores característicos da idade, essas alterações modulam o desempenho dos indivíduos, mas não os incapacitam. Segundo GUERREIRO, (1999, p. 63) “nossa estrutura de percepção, assim como estratégias, vão se modificando em sintonia com o nosso viver, porque mesmo na velhice o cérebro possui uma plasticidade suficiente que permite a contínua incorporação de novos conteúdos”.
Baseados nesta concepção, o tema desta pesquisa surgiu através da proposta curricular do Curso de Educação Física, onde as exigências para sua conclusão, são intervenções voltadas à interdisciplinaridade em ambiente não formal de ensino. Para a construção desta pesquisa tivemos como motivação inicial o interesse de unirmos a Arte com a Educação Física em prol da terceira idade.
Com isto tivemos que realizar algumas indagações para tentarmos traçar nossos objetivos. Utilizando assim a seguinte pergunta de partida para a construção desta pesquisa: É possível através da Arte e Educação Física resgatar os valores culturais, pessoais e sociais na 3ª idade, perdidos ao longo do tempo?
Após algumas reflexões, elegemos como problema de pesquisa o seguinte questionamento a ser refletido e/ou respondido: É possível articular a Arte e a Educação Física no trato de valores sociais e culturais na terceira idade, construindo estratégias pedagógicas diferenciadas? Tendo ainda como objetivo de pesquisa, a construção de estratégias pedagógicas que articulem a Arte e Educação Física na perspectiva de tratar os valores sociais e culturais perdidos na terceira idade.
Não podemos deixar de destacar, nossos objetivos específicos a qual servirão de base para a construção e contextualização do problema de pesquisa tratado neste artigo, onde fizemos questão de transformá-las em perguntas, procurando respondê-las ao término desta pesquisa. Citando:
De que maneira é possível resgatar e expandir potencialidades criadoras e possibilitar a construção de saberes e práticas corporais através da Arte entre os idosos?; 
Quais estratégias podem ser utilizadas para incentivar a criatividade que leve aos idosos novos interesses e novas perspectivas de vida, buscando e/ou resgatando valores culturais e sociais?;
Como podemos analisar a capacidade que o idoso possui de articular pensamentos, sentimentos e ações frente a novas situações?
De que maneira pode-se desenvolver e aprimorar nos idosos, o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento de confiança em suas capacidades, para agir com perseverança na busca da valorização pessoal?
Tivemos como campo de pesquisa a Instituição Centro de Múltiplo Uso Fazenda, utilizado para integração dos idosos, realizando atividades de Artes Aplicadas; bingos, jogos (carteado, dominó) e aulas de violão.
Com os objetivos já traçados e o público alvo escolhido passamos a refletir sobre o conceito de interdisciplinaridade, já que este é o desafio principal das intervenções; fazer valer os objetivos desta abordagem. Utilizando como referência, LUCK (1994:64) que aborda:
[...] o processo que envolve a integração e engajamento de educadores, num trabalho conjunto, de integração das disciplinas do currículo escolar entre si e com a realidade, de modo a superar a fragmentação do ensino, objetivando a formação integral dos alunos, a fim de que possam exercer criticamente a cidadania, mediante uma visão global de mundo e serem capazes de enfrentar os problemas complexos, amplos e globais da realidade atual. (Luck, 1994:64)
	Também temos como base a concepção trazida pelo PCN (BRASIL, 2002, p. 88-89) que diz: 
A interdisciplinaridade supõe um eixo integrador, que pode ser o objeto de conhecimento, um projeto de investigação, um plano de intervenção. Nesse sentido, ela deve partir da necessidade sentida pelas escolas, professores e alunos de explicar, compreender, intervir, mudar, prever, algo que desafia uma disciplina isolada e atrai a atenção de mais de um olhar, talvez vários.
Vale ressaltar que de acordo Carlos (2007), a interdisciplinaridade apresenta os seus variantes citando:
Interdisciplinaridade heterogênea que vem a ser uma espécie de enciclopedismo, baseada na “soma” de informações procedentes de diversas disciplinas.
Pseudo-interdisciplinaridade que é a união estabelecida em torno de uma espécie de “metadisciplina”, ou seja, normalmente um modelo teórico ou um marco conceitual, aplicado para trabalhar em disciplinas muito diferentes entre si.
Interdisciplinaridade auxiliar, que consiste, essencialmente, no fato de uma disciplina tomar de empréstimo a uma outra seu método ou seus procedimentos. 
Interdisciplinaridade compósita que trata de resolver os grandes e complexos problemas colocados pela sociedade atual: guerra, fome, delinqüência, poluição dentre outros.
Interdisciplinaridade unificadora que procede de uma coerência bastante estreita dos domínios de estudo das disciplinas, havendo certa integraçãode seus níveis de integração teórica e dos métodos correspondentes. 
Com isto, Carlos (2007: 9) ainda fala que:
[...] muitas são as possibilidades quando se trata de interdisciplinaridade, não há receitas a seguir. Os caminhos na busca da interdisciplinaridade devem ser trilhados pela equipe docente de cada unidade escolar. O ponto de partida é determinado pelos problemas escolares compartilhados pelos professores e por sua experiência pedagógica. O destino é determinado pelos objetivos educacionais, ou melhor, pelo projeto político pedagógico da escola. (CARLOS, 2007: 9)
Para efeito do escrito acima, vale ressaltar que serviu como complemento da pesquisa, porém, não estaremos utilizando estas variantes como referência, e sim, a interdisciplinaridade conforme abordam os autores LUCK (1994) e PCN (2002).
Então, para que ocorra este processo, percebemos que é necessário tornar as disciplinas comunicativas entre si, concebê-las como processo histórico e cultural, e torná-las necessárias para a atualização referente às práticas dos processos de ensino-aprendizagem.
Partindo da idéia de união das disciplinas, optamos por trabalharmos com a Arte, pois de acordo com PCN (1998), “[...] a Arte é entendida como área de conhecimento e trabalha com as várias linguagens e visa à formação artística e estética do indivíduo”. Ela faz com que na prática, ocorra a superação de bloqueios emocionais sem que a pessoa perceba isso diretamente.
Cabe mencionar que existem outros conceitos de Arte e é extremamente subjetivo e varia de acordo com a cultura a ser analisada, período histórico ou até mesmo indivíduo em questão. Não se trata de um conceito simples e vários artistas e pensadores já se debruçaram sobre ele. 
     O Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, segunda edição), em duas de suas definições da palavra arte assim se expressa: 
[..] atividade que supõe a criação de sensações ou de estados de espírito, de caráter estético, carregados de vivência pessoal e profunda, podendo suscitar em outrem o desejo de prolongamento ou renovação [...]; [...] a capacidade criadora do artista de expressar ou transmitir tais sensações ou sentimentos [...]
    Independente da dificuldade de definição do que seja a arte, o fato é que ela está sempre presente na história humana, sendo inclusive um dos fatores que a diferenciam dos demais seres vivos.
Nesta perspectiva abordaremos os conteúdos da cultura corporal existentes como a dança; dublagem; mímicas; expressões corporais; declamações entre outros, tentando com isto, fazer valer o propósito inicial que será unir a Educação Física com esta disciplina. Ressaltamos aqui, que a palavra ARTE, nesta pesquisa se configura em duplo sentido; primeiro como uma área de conhecimento que se caracteriza pela união de conceitos teóricos e práxis pedagógica, bem como Arte como conotação de brincadeiras e travessuras voltadas para todas as idades. É isso que a Arte tem em comum com a travessura: ela também requer imaginação, envolve ousadia, dá prazer, desperta os mais variados sentimentos.
De acordo com PCN de Arte (1998: 19), o idoso “[...] desenvolve sua cultura de arte fazendo, conhecendo e apreciando produções artísticas, que são ações que integram o perceber, o pensar, o aprender, o recordar, o imaginar, o sentir, o expressar, o comunicar.” 
Neste contexto, a Educação Física, funcionou como elemento vitalizador para o indivíduo idoso, que em muitas situações, apresenta grande defasagem entre as lembranças de um tempo que já passou e suas experiências reais, agravada pela marginalização social. A pessoa idosa experimenta um processo de mudança muitas vezes acelerado tanto no campo social, como no biológico e psicológico, mudanças estas, difíceis de serem aceitas e que causam medo e receios. É difícil manter a auto-estima, em uma sociedade em que existem preconceitos culturais, onde apenas o jovem pode ser útil, importante, produtivo e ágil. 
O mais profundo desvelar dessa vivência foi o fato de a junção da Educação Física com a Arte significar um caminho para novas descobertas e redescobertas para os idosos.
	
ENQUANTO ISSO, NOS BASTIDORES: estratégias teórico metodológicas
Partindo dessa premissa, nós acadêmicos, sentimos a necessidade de romper paradigmas e estratégias já desenvolvidas de forma à re-significá-las. Utilizamos como ferramenta, a abordagem pedagógica crítico – superadora que defende uma perspectiva dialética, ou seja, uma visão de transformação qualitativa, de mudanças, aquela que considera o constante movimento que presenciamos na realidade, uma visão de totalidade para a construção do conhecimento, auxiliando assim na formação dos indivíduos inseridos na sociedade. Os conteúdos devem estar ligados diretamente com a realidade do indivíduo, para que este possa aprender realmente, assimilando os conteúdos com os dados da realidade e não apenas decorando e praticando naquele momento, mas entendendo o significado para a sua vida. 
 Sendo assim o Coletivos de autores (1992) também diz que nesta concepção, não se trata somente de aprender o jogo pelo jogo, o esporte pelo esporte, ou a dança pela dança, mas esses conteúdos devem receber um outro tratamento metodológico, a fim de que possam ser historicizados criticamente e aprendidos na sua totalidade enquanto conhecimentos construídos culturalmente, e ainda serem instrumentalizados para uma interpretação crítica da realidade que envolve os sujeitos.
Para o desenvolvimento das pesquisas, fizemos o uso da abordagem qualitativa, que se caracteriza por ter o ambiente natural como fonte direta de dados, fazendo com que o investigador seja o principal instrumento, além de ser descritiva. Os investigadores qualitativos se caracterizam por ter seus interesses nos “processos” e não simplesmente nos resultados, tendendo a analisar seus dados de forma indutiva. Sendo assim Bogdan e Biklen, (2004), abordam que na pesquisa qualitativa “[...] não recolhem-se dados ou provas com o objetivo de confirmar ou infirmar hipóteses construídas previamente, ao invés disso, as abstrações são construídas à medida que os dados particulares que foram recolhidos vão se agrupando” 
Assim o que mais importa na abordagem qualitativa é o seu significado. A coleta e análise de dados se deram qualitativamente, iniciaram-se pela observação das aulas, diário de campo, relatórios de aula, desenvolvidos durante a pesquisa, e diálogos informais individuais e coletivos. Os pesquisadores e os participantes estiveram envolvidos de modo cooperativo e participativo conforme requer a abordagem crítico-superadora. 
As atividades foram planejadas com intervenções através de oficinas, que trabalharam o físico através da expressão corporal com atividades de dança, ritmos, dublagens, contação de histórias e declamações de contos e versos, estimulando os idosos através das atividades artísticas e o constante contato com esta.
Importante ressaltarmos que O Coletivo de Autores (1992) dita alguns princípios curriculares para auxiliar na seleção dos conteúdos de ensino como: a relevância social do conteúdo, o da contemporaneidade do conteúdo, não esquecendo do que é considerado clássico, a adequação às possibilidades sócio-cognitivas do aluno, a simultaneidade dos conteúdos enquanto dados da realidade e a provisoriedade do conhecimento.
Os conteúdos formam a base objetiva para passar e trocar conhecimento. Libâneo (1994) entende que os conteúdos são o conjunto de conhecimentos, habilidades, hábitos, modos valorativos e atitudinais de atuação social, organizados pedagógica e didaticamente, tendo em vista a assimilação ativa e aplicação pelos sujeitos na sua prática de vida.
Dentre as oito intervenções realizadas destacamos abaixo as cinco aulas práticas que tiveram participação efetiva dos idosos. 
	DATA
	OBJETIVOS
	CONTEÚDOS
	AVALIAÇÕES
	27/09/2010
Aula diagnóstica.
	Apresentar o projeto. Verificar o interesse após a apresentação do tema.
	Arte e Educação Físicae suas relações com a cultura corporal. Apresentação do tema de estágio aos idosos.
	Identificamos o interesse e a disposição individual de cada idoso em relação ao tema e a importância da nossa presença na instituição.
	04/10/2010
	Ampliar as formas de sociabilidade e interação entre os idosos através de danças em grupo e em duplas.
	Dança. 
	Verificamos a participação e socialização do idoso referente às atividades propostas servindo como primeiro contato de integração entre os sujeitos envolvidos.
	18/10/2010
	Estabelecer relação de respeito, compromisso, reciprocidade, apreciação com o próprio trabalho e com o trabalho dos outros.
	Declamação, contos.
	Através da apreciação e a participação do idoso, foi possível perceber a relação de respeito, compromisso e reciprocidade com o outro
	25/10/2010
	Estimular a terapia do bom humor, proporcionando momentos de alegria e descontração com o outro a fim de desprender-se das adversidades do cotidiano.
	Cantos e musicalização.
	Percebemos o desprendimento do idoso através dos momentos alegres propostos nas práticas.
	08/11/2010
	Reconhecimento e utilização das capacidades de expressar e criar significados no plano sensório-corporal na atividade proposta.
	Dublagem e mímica.
	Através da expressão corporal, os idosos relembraram suas capacidades sensório-corporais com base na atividade proposta.
- O quadro acima serve como estratégia metodológica de forma sintetizada, que aponta o processo de desenvolvimento das aulas desde o início ao fim das intervenções, servindo como base para a análise dos dados e construção da pesquisa.
Ressaltamos que houve a necessidade de reformulação nos planejamentos em quatro intervenções por haver no CMU- Centro de Múltiplo Uso Fazenda, eventos internos como bingos e passeios, fazendo com que esta reformulação nos oferecesse a possibilidade de participar destes eventos possibilitando uma maior integração com os idosos e conseqüentemente um auxilio nas atividades do evento.
Após planejarmos dentro da universidade o que seria trabalhado com os idosos, fomos ao campo de estágio realizar nossa primeira intervenção, onde apresentamos a proposta de estágio.
AGORA EM CENA, OS PERSONAGENS PRINCIPAIS...
Nesta primeira abordagem tratamos inicialmente de ressaltar o tema: idoso, cujas falas e ações que permeiam tais indivíduos estão evoluindo ao longo do tempo tendo como grande precursora, a Educação Física. 
Abordamos ainda que o idoso tem sido valorizado em alguns projetos sociais e governamentais. A sociedade por mais que os julguem “velhos”, está procurando habituar-se ao novo termo, chamando-os assim de terceira idade. Falamos aqui, de uma sociedade preconceituosa, de uma sociedade descartável que deixa muitos indivíduos com a sensação de que foi apenas um instrumento no mercado de trabalho.
Com esta visão pautada, as intervenções tornaram-se mais fáceis, onde os idosos se permitiram resgatar potencialidades da sua cultura corporal e dos valores sociais de forma individual e coletiva.
No início, percebemos que o desgosto pelo corpo, o condicionamento “inválido” imposto pelos próprios idosos era visível. Pois na primeira intervenção, ao apresentarmos nosso projeto inicial, tivemos a certeza que todos os idosos pertencentes a esta instituição, estavam com uma visão distorcida da Educação Física. Com isto, conforme afirmamos no diário de campo do dia 27 de setembro de 2010, [...] cabe ao profissional da Educação Física buscar novas estratégias de romper com estes pré-conceitos, e nesta instituição, não percebemos qualquer ação diferenciada decorrente a esta relevância. Por este motivo, a visão do idoso para a Educação Física perpassa por alongamentos e movimentos sistematizados já que não recebe qualquer estímulo ou aula diferenciada [...]. Grifo nosso. 
Assim, acabamos sentindo a liberdade de interpretarmos este singular nome “terceira idade” como: o indivíduo que esta passando por mais uma etapa de sua vida, uma fase de novas descobertas e não necessariamente por um processo de invalidez e limitações e ressaltamos esta importância aos idosos com muita verdade e carinho. 
	E com esta idéia de valorização da terceira idade, aceitamos o desafio de levarmos sentimentos de alegria, carinho e respeito aos idosos do CMU da Fazenda, onde, articulando a Arte com a Educação Física aos poucos os tratos de valores sociais e culturais foram surgindo com estratégias pedagogicamente simples, porém para eles diferenciadas, percebendo assim, a admiração que todos passaram a ter pelo nosso trabalho.
Em uma segunda intervenção, porém a primeira oportunidade de realizarmos a aula prática o tema abordado foi a dança, onde podemos verificar de acordo com os diários de campo do dia 04 de outubro de 2010 que [...] os sorrisos, palmas, e as expressões de alegria foram vistas a cada ritmo apresentado. Fora isto, o comprometimento de realizar a atividade proposta com êxito, fez com que cada idoso se desprendesse de qualquer preconceito ou timidez, se empenhando ao máximo em movimentar-se de acordo com cada música e cada gesto referente aos ritmos apresentados, mesmo estes, não fazendo parte do seu cotidiano.
Ao terminarmos a intervenção deste dia, recebemos abraços fraternos de gratidão pelo momento oferecido, tendo a surpresa da participação de quase todos os idosos presentes na instituição, fazendo valer a tentativa de unir a Educação Física com a Arte, possibilitando aos idosos se envolverem como se fosse uma abertura de si próprio que por muitas vezes fora feita de modo deficiente, levando a transformações no modo de ser consigo, com o outro e com o mundo. Grifo nosso.
 Ao voltarmos para a universidade após esta primeira prática, felizes com o resultado identificamos que a cada nova intervenção, estes idosos estavam esperando por mais novidades e aulas diferenciadas, exigindo ainda mais da nossa criatividade. Mas, não podíamos esquecer que a cada novo plano de ação, a interdisciplinaridade se caracterizou como o nosso maior desafio.
Engajados nesta idéia, não poderíamos deixar de falar da cultura corporal, pois ela é peça fundamental para todos os processos pedagógicos ligados à Educação Física, onde seus objetivos se orientaram não diretamente para o corpo, mas indiretamente, por meio da ação sobre a personalidade (os motivos, as atitudes, o comportamento, intelecto, vontade e emoção). Relembrando que a abordagem crítico-superadora cuja finalidade é a transformação social, utiliza como temática principal a cultura corporal em uma visão de totalidade, sendo esta um objeto de estudo da Educação Física.
O Coletivo de Autores (1992) trata a cultura corporal como algo que tem características singulares, ou seja: 
Busca desenvolver uma reflexão pedagógica sobre o acervo de formas de representação do mundo que o homem tem produzido no decorrer da história, exteriorizadas pela expressão corporal: jogos, danças, lutas, exercícios ginásticos, esporte, malabarismo, contorcionismo, mímica e outros, que podem ser identificados como formas de representação simbólica de realidades vividas pelo homem, historicamente criadas e culturalmente desenvolvidas.
E foi o que podemos verificar já na segunda intervenção que utilizava como tema as declamações de contos e versos. Aos poucos os idosos foram relembrando os versinhos conhecidos da infância e conforme o diário de campo do dia 18 de outubro de 2010, [...] a timidez foi se perdendo [...], passaram a interagir com declamações, ou contando pequenas histórias, cantigas de roda. Até mesmo um versinho em alemão surgiu na roda de contos cuja tradução foi feita com timidez e alegria, já que se tratava de brincadeiras “maliciosas” da época de infância. [...] muitos, não conseguiram perder a timidez que estava estampada em seus rostos e acabaram apenas prestigiando com palmas e risos os demais idosos que se apresentavam. Nós estagiários, também contribuímos com poemas e versos, e com alegria os idosos aplaudiram e puderam perceber que esteresgate histórico, pode ser vivido em outros momentos da vida e de maneiras diversas, desde que a idade não seja um empecilho para esta prática. 
Ao término da intervenção, muitos idosos vieram nos parabenizar pela aula, outros timidamente declamaram apenas para nós, versos e poemas guardados a sete chaves no coração. No momento da aula prática, a exposição da figura “idoso” estava acentuada pelo simples fato de que ao participarem da atividade, eles deveriam ir ao centro do círculo se apresentar e para estes tímidos idosos, era mais importante a apreciação do que a exposição. (Grifo nosso).
Através das falas dos idosos pode-se perceber que as vivências por parte do nosso projeto possibilitaram-lhes a experimentar diversas situações e a vivência de novas experiências há muito tempo deixadas de lado, além de demonstrar que a Educação Física aliada à Arte, pode ser vista de forma diferenciada.
 A partir dessa análise nos motivou a identificar que visão diferenciada é esta? Aquela que não apenas é tratada como área do conhecimento e que vislumbra suas particularidades em uma instituição de ensino, nem tão pouco, aquela que se apresenta sistematizada através de métodos ultrapassados e profissionais tradicionalistas, mas sim, aquela como área do conhecimento que unida à outra área, faz do processo interdisciplinar uma estratégia válida e extremamente positiva, pois podem promover de forma grandiosa a resolução de problemas e êxito nos objetivos traçados.
FECHANDO AS CORTINAS: CONSIDERAÇÕES PROVISÓRIAS
O resgate dos momentos felizes da vida guardados na memória foram alavancas importantes de aproximação, de expressão corporal, de perda da timidez e de participação coletiva. Outro ponto relevante foi a confiança conquistada entre idoso e professor, baseada no respeito, na aceitação das limitações e na troca de experiências, deixando-os se sentirem importantes, pois como sujeitos principais de nossa pesquisa, devem ser tratados como tal.
Abordamos neste artigo duas fontes importantes referente à interdisciplinaridade e vale lembrarmos aqui, o que cada uma representa para nossa própria conclusão e resposta quanto à pergunta apontada no início desta pesquisa: foi possível articular a Arte e a Educação Física em uma proposta interdisciplinar?
Para Luck, sua visão é mais pautada no engajamento de educadores e na integração das disciplinas do currículo escolar, pois independente de estarmos estagiando em um ambiente não formal de ensino, estamos concluindo a graduação em um curso de licenciatura plena.
Já o PCN, nos fala que para a interdisciplinaridade ocorrer, é necessário que haja um problema em comum a ser resolvido pelos demais profissionais ligados às suas respectivas áreas relacionadas à educação.
Se pensarmos neste artigo como uma alavanca de resposta, o problema em comum é a desvalorização do idoso e o resgate dos valores sociais e culturais.
Temos então aqui, uma faca de dois gumes, que por mais que estivessem inseridos no mesmo meio, com as mesmas indagações apontadas neste estudo, os profissionais eram de diferentes áreas, e não estavam de fato contribuindo para tal construção de conhecimento. Pois estes, não são graduados e não possuem a visão pedagogicamente construída. Tais profissionais possuem seu espaço no ambiente de trabalho devido a suas experiências no ramo da arte aplicada, onde foram anos de práticas tornando-os capacitados para a função. Executando seu trabalho de forma extraordinária.
Porém estes profissionais da Arte acabaram utilizando as aulas direcionadas para os idosos como benefícios a si próprios, aproveitando este momento para o lazer, além de absorverem novas concepções referentes à Arte, pois viram que esta, é ampla e pode ser abordada de diversas maneiras e por diferentes profissionais.
Por fim, pensando na união e integração de profissionais na busca de uma solução para os problemas apontados aqui, não foi possível promover a abordagem interdisciplinar em sua íntegra se levarmos em consideração as concepções apresentadas acima.
Mas, a Arte esteve inserida mesmo de forma tímida, pois foi tratada apenas por profissionais de Educação Física, sendo estes, meros pesquisadores e apreciadores da Arte em sua plenitude.
Nosso aprendizado neste processo de conclusão de curso servirá como base para nossa vida profissional e para novos trabalhos referentes à área. Sendo que, através deste, esperamos que novas pesquisas sejam realizadas com o propósito de valorização do idoso e que a Educação Física possa ser a precursora disto.
Através das intervenções realizadas foi possível observar que houve a aceitação do idoso com o profissional de Educação Física, melhorando sua visão referente a união da Arte com a Educação Física e principalmente a percepção de que ainda existem grandes oportunidades na busca do novo. Para nossas experiências como acadêmico(a)s e na atuação futura da nossa profissão, este tema remete à importância da Educação Física em ambientes não formais de ensino, uma vez que através dela o indivíduo pode ampliar suas potencialidades motoras, cognitivas e principalmente sócio-afetivas, necessárias para o processo de desprendimento de si próprio e para resgatar os valores culturais, pessoais e sociais, perdidos ao longo do tempo.
Independente de não termos alcançado a proposta desejada desde o início desta pesquisa, ou seja, proposta interdisciplinar, sabemos da sua importância nesta etapa do ensino e o quanto foi válido os momentos vividos e a grandiosidade do aprendizado construído. 
E para os idosos, não foi diferente, conquistamos verdadeiros laços de carinho e respeito destes sujeitos de pesquisa que se entregaram sem medo a este desafio. Pois, conforme a epígrafe de Bertold Brecht, sabemos que toda arte acaba contribuindo para uma maior valorização do eu, da sua própria cultura, da recordação feliz da sua história e da vida, principalmente se acompanhada da Educação Física.
Apagando os holofotes e fechando as cortinas, ficamos com a certeza que de os artistas principais foram valorizados e que o espetáculo foi grandiosamente conduzido pelos seus diretores: a Educação Física.
E você deve estar se perguntando, e os aplausos? Não poderia ser diferente, com grande expectativa recebemos no fechar das cortinas, aplausos calorosos, até porque, é assim que se reconhece um grande elenco. 
REFERÊNCIAS
BOGDAN, R.; S. BLIKEN. Investigação Qualitativa em Educação. Uma Introdução à Teoria e aos Métodos. Porto: Porto Editora. 2000.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília: Ministério da Educação, 1999.
CARLOS, Jairo Gonçalves. Interdisciplinaridade no Ensino Médio: Desafios e Potencialidades. Curso: Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências – UNB/2007.
COLETIVO DE AUTORES (1992). Metodologia do ensino de educação física. São Paulo, Cortez.
Fonte: Dicionário Aurélio - Século XXI.
GUERREIRO, Tânia; CALDAS, Celia Pereira. Memória e demência: conhecimento e cuidado. Rio de Janeiro: UnATI/UERJ, 1999.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994 – Coleção magistério. 2º Grau. Série formação do professor
LUCK, Heloísa. Pedagogia Interdisciplinar – Fundamentos Teóricos – Metodológicos. 6ed. São Paulo. 
� Acadêmica do 7º período do Curso de Educação Física – Universidade do Vale do Itajaí/UNIVALI –isabelalorena@univali.br
� Acadêmico do 7º período do Curso de Educação Física – Universidade do Vale do Itajaí/UNIVALI – Tiago_souza@univali.br
� Professor Orientador - Mestre em Educação Física CDS/UFSC – Professor do Curso de Educação Física - UNIVALI – bruno.univali@univali.br.