Buscar

Resumo aula de arbitragem

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Resumo Aula 6 – Dia 07-04-2016
Conceito
O instituto da arbitragem ganha real importância em face às morosas e complexas causas levadas ao Judiciário, até como forma alternativa de resolução dos conflitos, colocada ao lado da jurisdição tradicional. 
Na doutrina encontra-se um gama de conceitos de arbitragem, senão vejamos:
Uma das maiores autoridades no assunto, Carlos Alberto Carmona diz ser a arbitragem um “meio alternativo de solução de controvérsias através da intervenção de uma ou mais pessoas que recebem seus poderes de uma convenção privada, decidindo com base nela, sem intervenção estatal, sendo a decisão destinada a assumir a mesma eficácia da sentença judicial”.
Arbitragem – dados históricos -
citada por historiadores desde 4.000 anos a.C.
Código de Hamurabi – Babilonia Roma Antiga
 Idade Média – após o poderio romano
 Prática da Arbitragem a principalmente
 pelas corporações maritimas.
 1291 – Surgimento da Confederação Suiça – através da
 de oito (8) estados independentes que celebraram
 uma aliança para arbitragem e assistência
 Jurídica. Nasceu a Suiça. Até hoje.
 
 1789 – Revolução Francesa. Com o lema –
 LIBERDADE. IGUALDADE E FRATERNIDADE
 A liberdade se referia ao exercício de profissão e
 comérico com a derrubada das corporações.
 A princípio estimulou a arbitragem
 Depois estabeleceu o estado forte com justiça própia.
 Declínio da arbitragem.
 George Washinton – há mais de 200 anos deixou
 escrito que as controvérsias em sua herança fosse
 resolvidas por arbitragem.
 Século XVIII - Fortalecimento do Estado Moderno .
 
 Ambições econômicas de políticss
 e ditadores.
 
 Ressurgimento da arbitragem:
 1906 – New York – USA – fundação de AMERICAN
 ARBITRATION ASSOCIATION
 1923 – Paris – França – Fundação da Corte de
 Arbitragem da Câmara de Comércio
 Internacional de Paris.
 É a mais prestigiada do mundo -
 Tem mais de 5.000 árbitros credenciados.
1923 – Suiça - Convenção sobre as cláusulas arbitrais
 Brasil assinou o protocolo e o ratificou em 1932
com ressalva de exclusividade para os contratos
comerciais.
1925 – Reforma da Lei Francesa favorece o uso da arbitragem.
SEGUNDA GUERRA MUNDIAl – 1939 – 1945.
Despertar do mercado Interrnacional.
Dificuldade de resolução de conflitos comerciais em
face da legislação específica de cada pais.
Impulso na Arbitragem em todo mundo.
1958 – NEW IORK – USA - Convenção sobre o
reconhecimento dos laudos arbitrais
estrangeiros pelos demais paise.
Brasil ratrificou em 05.09.2002.
ARBITRAGEM NO BRASIL.Legislação
Ordenações Filipinas
1822 - Independência – Legislação Portuguesa até a data.
1850 – Código Comercial – D.Pedro II (ainda menor)
 obrigatoriedade para questões comerciais.
1866 – Lei n. 1350
 Revogou a obrigatoriedade
1916 – Código Civil – derrogando as Ordenações Filipinas
 Artigos 1032 – 1048 – não inovou sobre a arbitragem.
 Laudo arbitral – sujeito à homologação judicial.
1927 – Código Judiciário de Santa Catarina.
 Regulou o Juizo Arbitral
 Laudo sujeito à homologação judicial.
1939 – Código de Processo Civil.
 Para todo o Brasil, substituindo as leis estaduais sobre
 o processo. Tratoi da arbitragem – art. 1021 – 1046
1942 – CLT – instituindo a conciliação nas ações trabalhistas.
1949 – Lei xxxx, preliminar de conciliação nas ações de desquite
 litigioso e de alimentos.
1973 - Novo Código de Processo Civil.
 Juízo arbitral – art. 1072 – 1102.
 Continuou a exigência do laudo arbitral homologado.
 Prejuízo dos dos brasileiro no comércio internacional por
 falta de regulação moderna da arbitragem.
1975 - Publicação de obra “arbitragem Comercial”, de autoria de
 José Carlos Magalhães e Luiz Olavo Baptista.
 Seu conteúdo na época foi de grande expectativa, mas hoje
 é muito modesta. Mas valei.
1996 – Brasil ratifica o protocolo da Convenção Interamericana
 sobre Arbitragem Internacional – 30.01.1975.
1996 – Lei n. 9.307, de 23.09. Lei Brasileira de Arbitragem.
 Em tom moderno. Insttuida a sentença arbitral sem
 necessidade de homologação judicial.
 Eliminado o laudo.
Pessoas capazes.
Direitos patrimoniais disponíveis.
 Escolha do árbitro ou dos árbitros (Tribunal Arbitral)
 com função de juiz de fato e de direito.
 2015 – Lei n. 13.129, de 26.05 -
 Reforma da Lei de Arbitragem.
 Vigência a partir de 26.07.2015.
 2015 – Lei n. 13.140, de 26.06. Lei Brasileira de Mediação.
Natureza jurídica da arbitragem
A doutrina não é pacífica quanto à natureza jurídica da arbitragem, o que gerou o surgimento de três correntes: privatista, também chamada de contratualista; a publicista ou procedimentalista e, por último, a intermediária. Vejamos.
A primeira delas é a contratualista ou privatista, que estabelece ao instituto a natureza jurídica de obrigação criada por contrato. Dessa corrente extraímos que: a arbitragem não existe sem uma convenção expressa das partes; há necessariamente o consenso das partes para que a arbitragem se instale; o árbitro não tem vinculação com o Poder Judiciário; o juízo arbitral não confere obrigatoriedade de cumprimento ao laudo arbitral, que deve ser obedecido de maneira voluntária pela parte. Tal corrente foi consagrada na França, na decisão do caso Roses, em 27 de julho de 1937, defendida por Ballidori Palieri e Klein. 
A segunda delas se intitula como jurisdicional, já que afirma que a arbitragem se equivale à função desempenhada pelo Poder Judiciário. O árbitro seria dotado de jurisdição, a partir do momento que as partes o elegem até a prolação do laudo. A função do árbitro equiparar-se-ia a do poder estatal de julgar, já que na arbitragem estão presentes os mesmos elementos da jurisdição, como o uso de força para cumprimento da decisão. Assim, não nega a natureza contratualista para instalação da arbitragem, mas a partir do momento em que for instalada nasce a jurisdição arbitral, regidas por normas processuais. Essa corrente foi defendida por Lainé, no início do século XX.[17]
A terceira, modernamente adotada, diz que a arbitragem é um instituto misto, sui generis, pois coexistem aspectos contratuais e jurisdicionais.
Introdução da Arbitragem
Desde os primeiros tempos de nossa independência política, tem o juízo arbitral encontrado previsão e autorização no direito positivo brasileiro. De início, impunha-se como obrigatória a arbitragem em questões relativas a seguro e locação de serviços. Mais tarde, o Código Comercial obrigou à adoção do juízo arbitral para as controvérsias oriundas de locação mercantil, de relações entre os sócios das sociedades comerciais, e de várias outras fontes. No mesmo ano de 1850, em que se editou o Código Comercial, surgiu o Decreto nº 737, destinado a disciplinar o processo relativo às causas comerciais, e nele também se previa a submissão dos conflitos entre comerciantes à decisão arbitral.
Lei de Arbitragem
A arbitragem consiste em meio heterocompositivo de resolução de conflitos, no qual um terceiro – árbitro – será responsável por solucionar a controvérsia patrimonial disponível.
Essa forma de solução de conflito encontra-se regulamentada na Lei nº 9.307/1996, conhecida comoLei de Arbitragem, que teve questionada a constitucionalidade, incidentalmente, de vários de seus dispositivos, por meio do Agravo Regimental em Sentença Estrangeira nº 5.206-7. Em razão disso, teve sua vigência postergada até 2001, quando, enfim, o STF julgou o agravo regimental, declarando a constitucionalidade da lei e seus dispositivos questionados.
A Lei nº 9.307/1996 dispõe sobre o âmbito de aplicação da arbitragem, a escolha de árbitros, o procedimento arbitral, bem como a convenção de arbitragem e seus efeitos. Não obstante o grande avanço que a lei representou, a possibilidade de utilização desse instituto privado ficou restrita às pessoas capazes de contratar e aos litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis (art. 1º). 
Essa lei foi objeto de duas modificações, ocorridas em 2015, por meio do NCPC e da Lei nº 13.129, de 26.05.2015.
A alteração promovida pelo NCPC apenas atualiza a redação do § 3º do art. 33 da Lei de Arbitragem. A modificação efetivada pela Lei nº 13.129 foi mais significativa e trouxe como inovações: (i) autorização expressa à adoção da arbitragem pela Administração Pública;6 (ii) disciplina da carta arbitral e (iii) regulamentação das tutelas cautelares e de urgência no processo de arbitragem.
Com as atualizações legislativas, a matéria sobre o Juízo arbitral encontra-se disciplinada em nove capítulos, assim distribuídos na Lei nº 9.307/1996:
I – Disposições gerais
II – Da convenção de arbitragem e seus efeitos
III – Dos árbitros
IV – Do procedimento arbitral
IV-A – Das tutelas cautelares e de urgência
IV-B – Da Carta Arbitral
V – Da sentença arbitral
VI – Do reconhecimento e execução de sentenças arbitrais estrangeiras
VII – Disposições finais
Espécies de arbitragem
Apesar da polêmica acerca do tema, consignamos duas possíveis classificações quanto às espécies de arbitragem e os seus efeitos.
A classificação por José Cretella Neto[22], sintetiza que o emprego da arbitragem, ao longo da história, pode ser agrupado segundo cinco espécies básicas de litígios, de acordo com a natureza das partes envolvidas:
a)           entre Estados: regras são as de Direito Internacional Público.
b)           entre Estado e particular nacional: o particular é sujeito à jurisdição estatal, mas o contrato prevê o emprego da arbitragem, aplica-se, via de regra, a lei material do Estado.
c)           entre Estado e particular estrangeiro: temos a arbitragem mista, pois o contrato internacional celebrado prevê a arbitragem, aplicando-se a lei material estabelecida pelas partes.
d)           entre particulares sujeitos a ordenamentos jurídicos diversos: terá seus conflitos levados à arbitragem, e submetidas a regras materiais e procedimentais previamente escolhidas pelas partes. É a arbitragem de Direito Internacional Privado, chamada de arbitragem impropriamente internacional, já que geralmente se submete às leis de um único país.
e)           entre particulares sujeitos ao mesmo ordenamento jurídico: as partes sujeitas à arbitragem se submetem a um único sistema jurídico, o nacional.
Distinção entre arbitragem internacional e arbitragem interna
O artigo 34, da Lei 9307/96 dispõe que a sentença arbitral estrangeira será reconhecida ou executada no Brasil de conformidade com os tratados internacionais com eficácia no ordenamento interno e, na sua ausência, estritamente de acordo com os termos desta Lei.
Portanto, aos laudos arbitrais estrangeiros se impõe o mesmo tratamento no Brasil, ou seja, para surtirem efeitos devem ser homologados pelo Superior Tribunal de Justiça, com a necessidade de uma única homologação, já que tem natureza jurídica de sentença, senão vejamos: 
Art. 23. A sentença arbitral será proferida no prazo estipulado pelas partes. Nada tendo sido convencionado, o prazo para a apresentação da sentença é de seis meses, contado da instituição da arbitragem ou da substituição do árbitro. 
Convenção de arbitragem - cláusula arbitral ou compromissória e compromisso arbitral
Para que a arbitragem exista se faz necessária a manifestação de vontade das partes. Está se dá por intermédio da convenção de arbitragem, na qual as partes, livres e voluntariamente, podem resolver suas controvérsias, relativas a direito patrimonial disponível, submetendo-se ao juízo arbitral.
Para tanto, as partes deverão incluir uma cláusula de solução de conflitos pela arbitragem no contrato, ou ainda, caso não exista essa previsão contratual, celebrar, por liberalidade, um compromisso arbitral, judicial ou extrajudicialmente.
Desta feita, a expressão convenção de arbitragem designa que a partes interessadas submetem a solução de seus litígios ao juízo arbitral, seja por meio de cláusula compromissória, seja por meio de compromisso arbitral, conforme previsão expressa do artigo 3º da Lei 9307/96. Vejamos:
 Artigo 3º. As partes interessadas podem submeter a solução de seus litígios ao juízo arbitral mediante convenção de arbitragem, assim entendida a cláusula compromissória e o compromisso arbitral.
A possibilidade de celebração da convenção de arbitragem encontra-se confirmada no artigo 1º da lei de arbitragem (Lei 9307/96):  
Art. 1º.  As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis.
A convenção de arbitragem pode ser representada por: a) uma cláusula compromissória, existente em um contrato (artigos 4º e 5º da Lei de Arbitragem); ou b) um compromisso arbitral, celebrado por partes interessadas em submeter certo conflito a um juízo arbitral (artigos 6º, 10 e 11 da Lei de Arbitragem).
Em síntese, tanto a cláusula compromissória como o compromisso arbitral são, pois, espécies de convenção de arbitragem, que é o pacto através do qual se sujeita alguma questão (presente ou futura) ao juízo arbitral.
Prevê a Lei nº 9.307 instrumentos de execução compulsória do pacto contido na cláusula compromissória, por meio dos quais se supre judicialmente a não cooperação da parte inadimplente quanto à efetiva consumação do definitivo “compromisso arbitral”, sem o qual não se forma a relação processual que fará as vezes do processo judicial. 
O NCPC também possui dispositivo que obriga a parte contrária a respeitar a convenção de arbitragem. Assim é que, em preliminar de contestação, o réu poderá alegar a convenção, para o fim de excepcionar a competência da Justiça comum (art. 337, X), provocando a extinção, sem resolução do mérito (art. 485, VII). A renúncia à justiça arbitral convencionada, destarte, somente ocorrerá se ambas as partes concordarem, o que se dará com o ajuizamento de ação na justiça comum e a ausência de impugnação pelo réu em preliminar de contestação (NCPC, art. 337, § 6º).
Cláusula arbitral ou compromissória  
Nos termos do artigo 4º da Lei 9307/96 “a cláusula compromissória é a convenção através da qual as partes em um contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que possam vir a surgir, relativamente a tal contrato”. 
Caso haja estipulação da cláusula, deve ser feita por escrito pelas partes, seja no próprio contrato, seja em um adendo. 
Nesse sentido, ensina Alexandre Freitas Câmara que a cláusula compromissória é "um contrato preliminar, ou seja, uma promessa de celebrar o contrato definitivo, que é o compromisso arbitral". Esclarece, ainda, que essa promessa gera a obrigação de celebrar o compromisso arbitral.
A cláusula compromissória, portanto, é firmada antes da ocorrência de qualquer controvérsia, ao passo que o compromisso arbitral vai ocorrer diante de um litígio concreto, em razão do acordo firmado pelas partes de se submeterem à arbitragem.
Instituiu-se, outrossim, um mecanismo judicial para compelir a parte omissa a sofrer a execução específica da cláusula compromissória, que, como as demais obrigações de fazer, passou a contar também com via de acesso a um adequado procedimento de execução forçada. Deu-se à cláusula compromissória, dessa maneira, o mesmo tratamentoque, de longa data, se dispensava ao compromisso de compra e venda irretratável e outras promessas similares (NCPC, art. 501).
Os requisitos legais para a sua validade são: a) partes capazes (art. 2º) – aspecto subjetivo; b) direitos patrimoniais disponíveis (art. 2º) – aspecto objetivo; c) cláusula por escrito no próprio contrato ou em documento apartado (art. 4º, §1º) – requisito formal.
Relações de Consumo
Quanto às relações de consumo, o art. 51, VII, do Código de Defesa do Consumidor, considerava nula, de pleno direito, qualquer cláusula que determinasse a utilização compulsória de arbitragem. A Lei nº 9.307 teria revogado essa cominação que protegia o consumidor, ao não incluí-la no novo e completo regime jurídico do juízo arbitral. 
Embora não mais se vedasse a inserção de cláusula compromissória nos contratos alcançados pelo Código de Defesa do Consumidor, ter-se-ia instituído um regime formal específico para melhor acautelar os interesses da parte fraca nas relações de consumo.
Assim, restou previsto no art. 4º, § 2º, da Lei nº 9.307, que, nos contratos de adesão, que são os mais frequentes nas relações de consumo, a cláusula compromissória somente teria eficácia se: (a) o aderente tomasse a iniciativa de instituir a arbitragem ou concordasse, expressamente com a sua instituição; (b) a cláusula fosse redigida em negrito ou em documento anexo, com a assinatura ou o visto do aderente especialmente lançados para tal cláusula. 
Havia, porém, ponderáveis opiniões no sentido de que a Lei nº 9.307 não teria revogado o art. 51, VII, do Código de Defesa do Consumidor, visto que o dispositivo do art. 4º, § 2º, do diploma regulador da arbitragem, não teria feito alusão direta às normas protetivas do consumidor, que impedem em seu âmbito a cláusula arbitral. A disciplina da arbitragem reporta-se apenas aos contratos de adesão, o que, porém, não é sinônimo de contrato de consumo, até mesmo porque no campo de tutela do consumidor muitos contratos não se ajustam como de adesão.
Para fazer prevalecer a tese de aplicabilidade da convenção arbitral aos contratos de consumo, o Projeto que se converteu na Lei 13.129/2015 incluiu no texto do art. 4º da Lei de Arbitragem os 385, parágrafos 3º e 4º, os quais, todavia, foram objeto de veto pela Presidência da República, mantidos pelo Poder Legislativo em 24.09.2015. Com isso, saiu vitoriosa a tese de prevalência da regra do Código do Consumidor que veda cabimento à cláusula de arbitragem nos contratos de consumo.
Execução da cláusula compromissória
Sendo obrigatório o cumprimento da cláusula compromissória, qualquer um dos contratantes pode compelir o outro a instaurar o procedimento arbitral quando o cumprimento do contrato incorrer em litígio.
A lei prevê duas situações distintas, a propósito da implantação do juízo por árbitros, ou seja: (i) aquela em que o compromisso tenha disciplinado a matéria; e (ii) aquela em que foi omisso a respeito.
I – Implantação do juízo disciplinada na cláusula compromissória
Na primeira situação, o compromisso poderá se vincular às regras de algum órgão arbitral institucional ou entidade especializada. Nesse caso, a arbitragem será instituída e processada de acordo com tais regras (Lei nº 9.307, art. 5º), e não haverá necessidade de ser realizado o compromisso de que trata o art. 9º. A cláusula compromissória, completada pelas regras permanentes do órgão institucional, fará as vezes do compromisso arbitral.
Outra opção é a de o próprio contrato disciplinar a forma de instituição da arbitragem, caso em que a convenção será a lei procedimental a prevalecer entre as partes (art. 5º, in fine).
II – Omissão na cláusula compromissória sobre o juízo arbitral
Se o ajuste não cuidou de disciplinar a forma de instituir a arbitragem, o procedimento a ser seguido, de acordo com o art. 7º da Lei nº 9.307, será o seguinte:
(a) a parte interessada, por meio de correspondência, por via postal ou por qualquer outro meio de comunicação, mediante comprovação de recebimento, manifestará à outra parte sua intenção de dar início à arbitragem, convocando-a para, em dia, hora e local certos, firmar o compromisso arbitral (i.e., para escolher os árbitros e fixar o objeto do julgamento arbitral); (b) se a parte convocada não comparecer ou recusar-se a firmar o compromisso arbitral, terá a parte que procedeu à convocação a faculdade de ingressar em juízo para obter a execução específica da cláusula compromissória (art. 6º).
III – Execução forçada da cláusula arbitral
A petição inicial, relativa à execução forçada, deverá indicar, com precisão, o objeto da arbitragem e será instruída com o documento que contiver a cláusula compromissória (art. 7º, § 1º).
Deferida a petição, seguir-se-á a citação da parte inadimplente para comparecer a uma audiência destinada especialmente à lavratura do compromisso (art. 7º).
Na audiência, o juiz tentará, antes de tudo, obter a conciliação acerca do litígio. Não obtendo sucesso, tentará conduzir as partes à celebração, de comum acordo, do compromisso arbitral (art. 7º, § 2º). Não chegando as partes ao acordo, o juiz, depois de ter ouvido o réu, decidirá, na própria audiência ou em dez dias, determinando os termos da arbitragem, de acordo com a cláusula compromissória e suprindo a falta de acordo acerca de todos os dados previstos nos arts. 10 e 21, § 2º, da Lei específica (art. 7º, § 3º).
A escolha dos árbitros respeitará o que estiver previsto na cláusula compromissória e, no seu silêncio, deliberará o juiz, a quem será lícito, em tal hipótese, nomear árbitro único (§ 4º do art. 7º da Lei nº 9.307/1996). 
Quando o autor não comparecer à audiência, sem motivo justo, o processo judicial será extinto sem julgamento de mérito (art. 7º, § 5º). Se a ausência for do réu, o juiz, depois de ouvido o autor, proferirá sentença disciplinando a matéria correspondente ao compromisso arbitral e nomeará árbitro único (art. 7º, § 6º). 
A sentença equivale, in casu, à de cumprimento de obrigação de contratar ou de declarar vontade (NCPC, art. 501). Valerá como o compromisso arbitral a que ambas as partes se obrigaram na cláusula compromissória (Lei nº 9.307, art. 7º, § 7º).
Cláusula “cheia” e cláusula “vazia”
Antes de recorrer ao procedimento judicial para suprir a falta do compromisso, é necessário, segundo certa corrente doutrinária, verificar se a cláusula compromissória pode ser qualificada como “cheia” ou “vazia”. 
Reputa-se cheia ou completa, segundo precisa definição de Carmona, “a cláusula compromissória em que as partes, valendo-se da faculdade prevista no art. 5º da Lei de Arbitragem, reportam-se às regras de um órgão arbitral ou entidade especializada, caso em que a arbitragem será instituída e processada de acordo com tais regras; reputa-se vazia a cláusula que não se reporta às citadas regras, nem contenha as indicações para a nomeação de árbitros, de forma a possibilitar a constituição do juízo arbitral”. 
Assim é que, não havendo acordo sobre o compromisso, haverá o julgador de decidir, respeitando as disposições da cláusula compromissória. De modo que, estando diante de cláusula cheia, a sentença proferida, na constituição do compromisso, deverá observar a forma de instituição da arbitragem e as regras ali previstas pelas partes, consoante disposto no art. 7º, § 3º, da Lei de Arbitragem. 
É que nesta hipótese – cláusula cheia ou completa – entende-se, segundo a melhor doutrina, que o compromisso é dispensado à vista de “valer a cláusula como compromisso”. 
Dessa maneira, não se está fugindo da exigência legal do compromisso, mas sim o enxergando dentro da própria cláusula cheia ou completa, visto que diante dela nada restaria ao Poder Judiciário para completar o negócio jurídico consumado entre as partes. 
Na sistemática adotada pela Lei nº 9.307, as partes são livres para ajustarem que a arbitragem seja instituída e processada por algum órgão institucional ou entidade especializada, e a vontade consignada pelas partes haverá de ser respeitada,ainda quando o compromisso resultar de sentença judicial. 
É o que resulta, outrossim, do comando do art. 21 da Lei de Arbitragem: “Art. 21. A arbitragem obedecerá ao procedimento estabelecido pelas partes na convenção de arbitragem, que poderá reportar-se às regras de um órgão arbitral institucional ou entidade especializada, facultando-se, ainda, às partes delegar ao próprio árbitro, ou tribunal, regular o procedimento”.
Compromisso arbitral
Nos termos do artigo 9º da Lei de Arbitragem (9307//96) “é a convenção através da qual as partes submetem um litígio à arbitragem de uma ou mais pessoas, podendo ser judicial ou extrajudicial”.
A principal característica do compromisso arbitral é que surge a posteriori à existência de um conflito. 
Assim, independentemente da existência de um contrato, as partes por se encontrarem em um impasse ou um conflito, resolvem, de comum acordo, que a resolução será por meio de arbitragem, e para tanto elegem um árbitro ou um conselho arbitral, que dará uma solução ao litígio específico e determinado. A formalização se dá pela celebração do compromisso.
Portanto, firmam o compromisso, indicam in concreto qual o litígio objeto da demanda, determinam quem será o julgador, estabelecem qual o procedimento a ser adotado, bem como fixam os prazos que devem ser observados.
Os requisitos obrigatórios para a validade do laudo são: a) celebração por termo nos autos do processo - judicial (artigos 6º, 7º e 9º, inciso I), extrajudicialmente por instrumento particular subscrito por 2 testemunhas ou por instrumento público (artigo 9º, inciso II); b) nome completo e qualificação das partes (artigo 10, inciso I); c) nome completo e qualificação dos árbitros (artigo 10, inciso II);d) matéria objeto da arbitragem (art. 10, III); e) local em que será desenvolvida e proferida a sentença arbitral (art. 10, IV e art. 11, I).
Existem, ainda, os requisitos facultativos ao ato, como: a) autorização para julgamento por equidade; b) prazo para apresentação da sentença arbitral; c) indicação da lei ou regras coorporativas para a realização da arbitragem; d) declaração de responsabilidade pelo pagamento das custas; e) fixação dos honorários dos árbitros (art. 11, incisos II a VI). 
Por fim, cumpre consignar que o compromisso arbitral extrajudicial deve ser apresentado em juízo, caso haja processo, nos termos do artigo 7º da Lei 9307/96, para que o Juiz possa extingui-lo sem resolução de mérito, conforme expressa disposição do artigo 267, VII do Código de Processo Civil.
1.7.         Sentença arbitral – natureza jurídica
Denomina-se sentença arbitral o ato do árbitro ou do tribunal arbitral que decide a controvérsia, submetida à arbitragem. É ato em tudo assimilado à sentença judicial, com a única ressalva de que não pode conter, entre seus efeitos, qualquer expressão de imperium, por não se tratar de ato estatal.[32]
Para que o laudo arbitral produza efeitos de decisão terminativa e de título executivo judicial, é necessário que os requisitos básicos dos artigos 23 a 32[33] da Lei de Arbitragem estejam presentes.
Os efeitos que decorrem da sentença arbitral, nos termos do artigo 31 da citada lei, são os mesmos da sentença judicial, podendo ser declaratório, constitutivo ou condenatório.
Por essa razão, independentemente do fato de estar viciada ou não, a sentença produzirá os efeitos que lhe são próprios até que lhe seja decretada a nulidade, em função dos casos descritos no artigo 32 ou ainda outros previstos na lei (arts. 23 a 27).
Nos mesmos moldes das decisões judiciais, até que seja decretada sua nulidade os vícios que esta possui serão sanados caso não seja impugnada no prazo legal, ou seja, noventa dias - art. 33, §1º.  Em outras palavras, as hipóteses relativas às nulidades da sentença judicial são aplicáveis in totum à sentença arbitral.
Entretanto, quando se estiver diante de uma sentença arbitral inexistente, isto é, aquela que não preenche os requisitos mínimos para consolidar sua identidade, não há capacidade para produção de quaisquer efeitos, afinal, se se a sentença inexistente é uma não sentença e não produz efeitos, ela não se convalida, nem pela inércia da parte interessada, nem pelo decurso do tempo.
A produção dos efeitos pode se dar em relação a terceiros alheios a arbitragem. Todavia, como ocorre no processo judicial, tal decisão poderá ser discutida e não produz efeitos de imutabilidade para a pessoa que não fez parte da demanda.

Outros materiais