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Direito Financeiro Giuliani

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S398c SCHWANTZ, Giuliani 
Caderno de Direito Financeiro Dom Alberto / Giuliani Schwantz. – 
Santa Cruz do Sul: Faculdade Dom Alberto, 2010. 
Inclui bibliografia. 
 
1. Direito – Teoria 2. Direito Financeiro – Teoria I. SCHWANTZ, Giuliani. 
Faculdade Dom Alberto III. Coordenação de Direito IV. Título 
CDU 340.12(072) 
 
 
 
 
 Catalogação na publicação: Roberto Carlos Cardoso – Bibliotecário CRB10 010/10 
 
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APRESENTAÇÃO 
 
O Curso de Direito da Faculdade Dom Alberto teve sua semente 
lançada no ano de 2002. Iniciamos nossa caminhada acadêmica em 2006, 
após a construção de um projeto sustentado nos valores da qualidade, 
seriedade e acessibilidade. E são estes valores, que prezam pelo acesso livre 
a todos os cidadãos, tratam com seriedade todos processos, atividades e 
ações que envolvem o serviço educacional e viabilizam a qualidade acadêmica 
e pedagógica que geram efetivo aprendizado que permitem consolidar um 
projeto de curso de Direito. 
Cinco anos se passaram e um ciclo se encerra. A fase de 
crescimento, de amadurecimento e de consolidação alcança seu ápice com a 
formatura de nossa primeira turma, com a conclusão do primeiro movimento 
completo do projeto pedagógico. 
Entendemos ser este o momento de não apenas celebrar, mas de 
devolver, sob a forma de publicação, o produto do trabalho intelectual, 
pedagógico e instrutivo desenvolvido por nossos professores durante este 
período. Este material servirá de guia e de apoio para o estudo atento e sério, 
para a organização da pesquisa e para o contato inicial de qualidade com as 
disciplinas que estruturam o curso de Direito. 
Felicitamos a todos os nossos professores que com competência 
nos brindam com os Cadernos Dom Alberto, veículo de publicação oficial da 
produção didático-pedagógica do corpo docente da Faculdade Dom Alberto. 
 
Lucas Aurélio Jost Assis 
Diretor Geral 
 
Página 3 / 73
PREFÁCIO 
 
Toda ação humana está condicionada a uma estrutura própria, a 
uma natureza específica que a descreve, a explica e ao mesmo tempo a 
constitui. Mais ainda, toda ação humana é aquela praticada por um indivíduo, 
no limite de sua identidade e, preponderantemente, no exercício de sua 
consciência. Outra característica da ação humana é sua estrutura formal 
permanente. Existe um agente titular da ação (aquele que inicia, que executa a 
ação), um caminho (a ação propriamente dita), um resultado (a finalidade da 
ação praticada) e um destinatário (aquele que recebe os efeitos da ação 
praticada). Existem ações humanas que, ao serem executadas, geram um 
resultado e este resultado é observado exclusivamente na esfera do próprio 
indivíduo que agiu. Ou seja, nas ações internas, titular e destinatário da ação 
são a mesma pessoa. O conhecimento, por excelência, é uma ação interna. 
Como bem descreve Olavo de Carvalho, somente a consciência individual do 
agente dá testemunho dos atos sem testemunha, e não há ato mais desprovido 
de testemunha externa que o ato de conhecer. Por outro lado, existem ações 
humanas que, uma vez executadas, atingem potencialmente a esfera de 
outrem, isto é, os resultados serão observados em pessoas distintas daquele 
que agiu. Titular e destinatário da ação são distintos. 
Qualquer ação, desde o ato de estudar, de conhecer, de sentir medo 
ou alegria, temor ou abandono, satisfação ou decepção, até os atos de 
trabalhar, comprar, vender, rezar ou votar são sempre ações humanas e com 
tal estão sujeitas à estrutura acima identificada. Não é acidental que a 
linguagem humana, e toda a sua gramática, destinem aos verbos a função de 
indicar a ação. Sempre que existir uma ação, teremos como identificar seu 
titular, sua natureza, seus fins e seus destinatários. 
Consciente disto, o médico e psicólogo Viktor E. Frankl, que no 
curso de uma carreira brilhante (trocava correspondências com o Dr. Freud 
desde os seus dezessete anos e deste recebia elogios em diversas 
publicações) desenvolvia técnicas de compreensão da ação humana e, 
consequentemente, mecanismos e instrumentos de diagnóstico e cura para os 
eventuais problemas detectados, destacou-se como um dos principais 
estudiosos da sanidade humana, do equilíbrio físico-mental e da medicina 
como ciência do homem em sua dimensão integral, não apenas físico-corporal. 
Com o advento da Segunda Grande Guerra, Viktor Frankl e toda a sua família 
foram capturados e aprisionados em campos de concentração do regime 
nacional-socialista de Hitler. Durante anos sofreu todos os flagelos que eram 
ininterruptamente aplicados em campos de concentração espalhados por todo 
território ocupado. Foi neste ambiente, sob estas circunstâncias, em que a vida 
sente sua fragilidade extrema e enxerga seus limites com uma claridade única, 
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que Frankl consegue, ao olhar seu semelhante, identificar aquilo que nos faz 
diferentes, que nos faz livres. 
Durante todo o período de confinamento em campos de 
concentração (inclusive Auschwitz) Frankl observou que os indivíduos 
confinados respondiam aos castigos, às privações, de forma distinta. Alguns, 
perante a menor restrição, desmoronavam interiormente, perdiam o controle, 
sucumbiam frente à dura realidade e não conseguiam suportar a dificuldade da 
vida. Outros, porém, experimentando a mesma realidade externa dos castigos 
e das privações, reagiam de forma absolutamente contrária. Mantinham-se 
íntegros em sua estrutura interna, entregavam-se como que em sacrifício, 
esperavam e precisavam viver, resistiam e mantinham a vida. 
Observando isto, Frankl percebe que a diferença entre o primeiro 
tipo de indivíduo, aquele que não suporta a dureza de seu ambiente, e o 
segundo tipo, que se mantém interiormente forte, que supera a dureza do 
ambiente, está no fato de que os primeiros já não têm razão para viver, nada 
os toca, desistiram. Ou segundos, por sua vez, trazem consigo uma vontade de 
viver que os mantêm acima do sofrimento, trazem consigo um sentido para sua 
vida. Ao atribuir um sentido para sua vida, o indivíduo supera-se a si mesmo, 
transcende sua própria existência, conquista sua autonomia, torna-se livre. 
Ao sair do campo de concentração, com o fim do regime nacional-
socialista, Frankl, imediatamente e sob a forma de reconstrução narrativa de 
sua experiência, publica um livreto com o título Em busca de sentido: um 
psicólogo no campo de concentração, descrevendo sua vida e a de seus 
companheiros, identificando uma constante que permitiu que não apenas ele, 
mas muitos outros, suportassem o terror dos campos de concentração sem 
sucumbir ou desistir, todos eles tinham um sentido para a vida. 
Neste mesmo momento, Frankl apresenta os fundamentos daquilo 
que viria a se tornar a terceira escola de Viena, a Análise Existencial, a 
psicologia clínica de maior êxito até hoje aplicada. Nenhum método ou teoria foi 
capaz de conseguir o número de resultados positivos atingidos pela psicologia 
de Frankl, pela análise que apresenta ao indivíduo a estrutura própria de sua 
ação e que consegue com isto explicitar a necessidade constitutiva do sentido 
(da finalidade) para toda e qualquer ação humana. 
Sentido de vida é aquilo que somente o indivíduo pode fazer e 
ninguém mais. Aquilo que se não for feito pelo indivíduo não será feito sob 
hipótese alguma. Aquilo que somente a consciência de cada indivíduo 
conhece. Aquilo que a realidade de cada um apresenta e exige uma tomada de 
decisão. 
 
Página 5 / 73
Não existe nenhuma educação se não for para ensinar a superar-se 
a si mesmo, a transcender-se, a descobrir o sentido da vida. Tudo o mais é 
morno, é sem luz, é, literalmente, desumano. 
Educar é, pois, descobrir o sentido, vivê-lo, aceitá-lo, executá-lo. 
Educar não é treinar habilidades, não é condicionar comportamentos, não é 
alcançar técnicas, não é impor uma profissão. Educar é ensinara viver, a não 
desistir, a descobrir o sentido e, descobrindo-o, realizá-lo. Numa palavra, 
educar é ensinar a ser livre. 
O Direito é um dos caminhos que o ser humano desenvolve para 
garantir esta liberdade. Que os Cadernos Dom Alberto sejam veículos de 
expressão desta prática diária do corpo docente, que fazem da vida um 
exemplo e do exemplo sua maior lição. 
Felicitações são devidas a Faculdade Dom Alberto, pelo apoio na 
publicação e pela adoção desta metodologia séria e de qualidade. 
Cumprimentos festivos aos professores, autores deste belo trabalho. 
Homenagens aos leitores, estudantes desta arte da Justiça, o Direito. 
. 
 
Luiz Vergilio Dalla-Rosa 
Coordenador Titular do Curso de Direito 
 
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Sumário 
 
Apresentação............................................................................................................. 
Prefácio.................................................................................................................... 
Plano de Ensino....................................................................................................... 
Aula 1 
Atividade Financeira do Estado (Harada)................................................................ 
Aula 2 
Despesas Públicas.................................................................................................. 
Aula 3 
Receitas Públicas.................................................................................................... 
Aula 4 
Repartição da Receita Tributária............................................................................. 
Aula 5 
Conceito de Orçamento........................................................................................... 
Aula 6 
Leis Orçamentárias: PPA, LDO e LOA, tramitação das leis 
orçamentárias.......................................................................................................... 
 
 
 
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49
58
Missão: "Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, 
comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento regional”. 
Centro de Ensino Superior Dom Alberto 
 
Plano de Ensino 
 
Identificação 
Curso: Direito Disciplina: Direito Financeiro 
Carga Horária (horas): 60 Créditos: 4 Semestre: 7º 
 
Ementa 
O Direito Financeiro. Atividade Financeira do Estado. Receitas Públicas. Repartição da Receita Tributária. 
Dívida Ativa. O Crédito Público. Despesas Públicas. Fundos. Direito Orçamentário. Leis Orçamentárias. 
Fiscalização e Controle da Execução Orçamentária e Financeira. Responsabilidade Fiscal. 
 
Objetivos 
Gerais: 
Compreender a estrutura e organização da atividade financeira do Estado à luz das teorias do gasto público 
e da receita pública. Articular os temas gasto público, responsabilidade fiscal e justiça tributária, com ênfase 
nos direitos fundamentais ligados ao direito financeiro. 
 
Específicos: 
Conhecer os fundamentos básicos das Finanças Públicas. Expor as operacionalidades do Sistema 
Financeiro nacional. Conhecer as leis orçamentárias e a sua execução. Conhecer a Lei de 
Responsabilidade Fiscal, sua aplicação na prática e implicações jurídicas. 
 
Inter-relação da Disciplina 
Horizontal: Direito Constitucional I e II, Economia Aplicada ao Direito, Direito Econômico. 
 
Vertical: Direito Constitucional I e II, Economia Aplicada ao Direito, Direito Econômico. 
 
Competências Gerais 
- leitura, compreensão e elaboração de textos, atos e documentos jurídicos ou normativos, com a devida 
utilização das normas técnico-jurídicas; 
- interpretação e aplicação do Direito; 
- pesquisa e utilização da legislação, da jurisprudência, da doutrina e de outras fontes do Direito; 
- adequada atuação técnico-jurídica, em diferentes instâncias, administrativas ou judiciais, com a devida 
utilização de processos, atos e procedimentos; 
- correta utilização da terminologia jurídica ou da Ciência do Direito; 
- utilização de raciocínio jurídico, de argumentação, de persuasão e de reflexão crítica; 
- julgamento e tomada de decisões; 
- domínio de tecnologias e métodos para permanente compreensão e aplicação do Direito. 
 
Competências Específicas 
- capacidade de identificar a origem e encontrar as respostas às questões do cotidiano profissional, ligadas 
ao direito financeiro, com sustentação e aprofundamento. 
 
 
Habilidades Gerais 
- desenvolver a capacidade de leitura, compreensão e elaboração de textos, atos e documentos jurídicos ou 
normativos, com a devida utilização das normas técnico-jurídicas; 
- desenvolver a capacidade de interpretação e aplicação do Direito; 
- incentivar a pesquisa e utilização da legislação, da jurisprudência, da doutrina e de outras fontes do 
Direito; 
- desenvolver a capacidade de atuação técnico-jurídica adequada, em diferentes instâncias, administrativas 
ou judiciais, com a devida utilização de processos, atos e procedimentos; 
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Missão: "Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, 
comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento regional”. 
- utilizar adequada terminologia jurídica ou da Ciência do Direito; 
- desenvolver a capacidade de raciocínio jurídico, de argumentação, de persuasão e de reflexão crítica; 
- desenvolver a capacidade de julgamento e tomada de decisões; 
- dominar tecnologias e métodos para permanente compreensão e aplicação do Direito. 
 
Habilidades Específicas 
Demonstrar habilidade na aplicabilidade do direito financeiro de acordo com as disciplinas diretamente 
interessadas, como direito constitucional e administrativo, contando com o domínio de todos os meios 
disponíveis e competentes ao exercício profissional. 
 
Conteúdo Programático 
Apresentação do Plano de Ensino, com respectivos comentários. Elaboração de diagnóstico e perfil dos alunos. 
Fenômeno financeiro, necessidades públicas, ciência das finanças e planejamento das políticas públicas e fiscais. 
Direito Financeiro: conceito, objeto, conteúdo e autonomia. Atividade financeira do Estado. 
Receitas públicas: conceito, entradas de caixa, ingressos, classificação, conceito e classificação de receita pública da lei nº 4.320/64, 
receitas públicas e a lei complementar 101/2000, receitas públicas derivadas. 
Repartição da Receita Tributária, redistribuição de rendas, possibilidade de não transferir, participações diretas e indiretas, 
possibilidade de intervenção em Estados e Municípios. 
 
Dívida ativa: dispositivos legais, competência para inscrição, contas públicas e transparência. 
Crédito público: conceito, natureza jurídica dos empréstimos públicos, classificação, formas de extinção da dívida pública, empréstimos 
compulsórios. 
Despesas públicas: conceito, elementos, classificação da lei 4.320/64, tópicos da lei Complementar 101/2000, execução da despesa 
pública. 
Fundos: conceito, características e controle. 
Direito orçamentário: conceito de orçamento, aspectos das leis orçamentárias, caráter político do orçamento, caudas orçamentárias, 
créditos adicionais, proposta orçamentária, exercício financeiro, restos a pagar, princípios orçamentários. 
Leis orçamentárias: lei de diretrizes orçamentárias, lei do orçamento anual, tramitação das leis orçamentárias. 
Fiscalização e Controle da Execução Orçamentária e Financeira: legalidade, legitimidade, economicidade, subvenções, renúncia de 
receitas, controle interno e controle externo. 
Responsabilidade fiscal: lei complementar nº 101/2000, objeto da lei, LRF e lei nº 4.320/64, transparência na gestão fiscal, definições e 
limites para a despesa. 
Apresentação do Plano de Ensino, com respectivos comentários. Elaboração de diagnóstico e perfil dos alunos. 
 
Estratégiasde Ensino e Aprendizagem (metodologias de sala de aula) 
Aulas expositivas dialógico-dialéticas. Trabalhos individuais e em grupo e preparação de seminários. 
 
Avaliação do Processo de Ensino e Aprendizagem 
A avaliação do processo de ensino e aprendizagem deve ser realizada de forma contínua, cumulativa e 
sistemática com o objetivo de diagnosticar a situação da aprendizagem de cada aluno, em relação à 
programação curricular. Funções básicas: informar sobre o domínio da aprendizagem, indicar os efeitos da 
metodologia utilizada, revelar conseqüências da atuação docente, informar sobre a adequabilidade de 
currículos e programas, realizar feedback dos objetivos e planejamentos elaborados, etc. 
 
Para cada avaliação o professor determinará a(s) formas de avaliação podendo ser de duas formas: 
 
1ª – uma prova com peso 10,0 (dez) ou uma prova de peso 8,0 e um trabalho de peso 2,0 
 2ª – uma prova com peso 10,0 (dez) ou uma prova de peso 8,0 e um trabalho de peso 2,0 
 
Avaliação Somativa 
A aferição do rendimento escolar de cada disciplina é feita através de notas inteiras de zero a dez, 
permitindo-se a fração de 5 décimos. 
O aproveitamento escolar é avaliado pelo acompanhamento contínuo do aluno e dos resultados por ele 
obtidos nas provas, trabalhos, exercícios escolares e outros, e caso necessário, nas provas substitutivas. 
Dentre os trabalhos escolares de aplicação, há pelo menos uma avaliação escrita em cada disciplina no 
bimestre. 
O professor pode submeter os alunos a diversas formas de avaliações, tais como: projetos, seminários, 
pesquisas bibliográficas e de campo, relatórios, cujos resultados podem culminar com atribuição de uma 
nota representativa de cada avaliação bimestral. 
Em qualquer disciplina, os alunos que obtiverem média semestral de aprovação igual ou superior a sete 
(7,0) e freqüência igual ou superior a setenta e cinco por cento (75%) são considerados aprovados. 
Após cada semestre, e nos termos do calendário escolar, o aluno poderá requerer junto à Secretaria-Geral, 
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Missão: "Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, 
comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento regional”. 
no prazo fixado e a título de recuperação, a realização de uma prova substitutiva, por disciplina, a fim de 
substituir uma das médias mensais anteriores, ou a que não tenha sido avaliado, e no qual obtiverem como 
média final de aprovação igual ou superior a cinco (5,0). 
 
Sistema de Acompanhamento para a Recuperação da Aprendizagem 
Serão utilizados como Sistema de Acompanhamento e Nivelamento da turma os Plantões Tira-Dúvidas que 
são realizados sempre antes de iniciar a disciplina, das 18h00min às 18h50min, na sala de aula. 
 
Recursos Necessários 
Humanos 
Professor. 
Físicos 
Laboratórios, visitas técnicas, etc. 
Materiais 
 Recursos Multimídia. 
 
Bibliografia 
Básica 
 
BALLEIRO, Aliomar. Uma Introdução à Ciência das Finanças. Rio de Janeiro: Forense. 
HARADA, Kyiochi. Direito Financeiro e Tributário. São Paulo: Atlas. 
OLIVEIRA, Régis Fernandes de. Curso de Direito Financeiro. São Paulo: RT. 
GIACOMONI, James. Orçamento Público. São Paulo: Atlas. 
TORRES, Ricardo Lemos. Curso de Direito Financeiro e Tributário. Rio de Janeiro: Renovar. 
 
 
Complementar 
 
BALEEIRO, Aliomar. Direito Tributário Brasileiro. Rio de Janeiro: Forense. 
TORRES, Ricardo Lemos. Tratado de Direito Constitucional, Financeiro e Tributário. Rio de Janeiro: 
Renovar, 2009. 
JARDIM, Eduardo Marcial Ferreira. Manual de Direito Financeiro e Tributário.Sao Paulo: Saraiva. 
BECKER, Alfredo Augusto. Teoria geral do direito tributário. São Paulo: Noeses, 2007. 
GALVES, Carlos. Economia Política Atual. São Paulo: Atlas. 
 
Legislação: 
Lei de Responsabilidade Fiscal 
Fiscal. HARADA, Kyiochi. Responsabilidade Fiscal. Lei Complementar 101/2000 Comentada. São Paulo: 
Juarez de Oliveira. 
Periódicos 
Revista Jurídica Notadez 
Sites para Consulta 
www.tcu.gov.br 
www.tce.rs.gov.br 
www.tjrs.jus.br 
www.trf4.gov.br 
www.senado.gov.br 
www.stf.gov.br 
www.stj.gov.br 
www.ihj.org.br 
www.oab-rs.org.br 
Outras Informações 
Endereço eletrônico de acesso à página do PHL para consulta ao acervo da biblioteca: 
http://192.168.1.201/cgi-bin/wxis.exe?IsisScript=phl.xis&cipar=phl8.cip&lang=por 
 
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Missão: "Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, 
comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento regional”. 
 
Cronograma de Atividades 
Aula Consolidação Avaliação Conteúdo Procedimentos Recursos 
1ª 
Apresentação do Plano de Ensino, com respectivos 
comentários. Elaboração de diagnóstico e perfil dos 
alunos. 
 
2ª 
Fenômeno financeiro, necessidades públicas, ciência 
das finanças e planejamento das políticas públicas e 
fiscais. 
 
3ª Direito Financeiro: conceito, objeto, conteúdo e 
autonomia. Atividade financeira do Estado. 
 
4ª 
Receitas públicas: conceito, entradas de caixa, 
ingressos, classificação, conceito e classificação de 
receita pública da lei nº 4.320/64, receitas públicas e 
a lei complementar 101/2000, receitas públicas 
derivadas. 
 
5ª 
Repartição da Receita Tributária, redistribuição de 
rendas, possibilidade de não transferir, participações 
diretas e indiretas, possibilidade de intervenção em 
Estados e Municípios. 
 
6ª 
7ª Dívida ativa: dispositivos legais, competência para inscrição, contas públicas e transparência. 
 
 1 
Crédito público: conceito, natureza jurídica dos 
empréstimos públicos, classificação, formas de 
extinção da dívida pública, empréstimos compulsórios. 
 
 1 
Despesas públicas: conceito, elementos, classificação 
da lei 4.320/64, tópicos da lei Complementar 
101/2000, execução da despesa pública. 
 
8ª Fundos: conceito, características e controle. 
9ª 
Direito orçamentário: conceito de orçamento, aspectos 
das leis orçamentárias, caráter político do orçamento, 
caudas orçamentárias, créditos adicionais, proposta 
orçamentária, exercício financeiro, restos a pagar, 
princípios orçamentários. 
 
10ª 
Leis orçamentárias: lei de diretrizes orçamentárias, lei 
do orçamento anual, tramitação das leis 
orçamentárias. 
 
11ª 
Fiscalização e Controle da Execução Orçamentária e 
Financeira: legalidade, legitimidade, economicidade, 
subvenções, renúncia de receitas, controle interno e 
controle externo. 
 
12ª 
Responsabilidade fiscal: lei complementar nº 
101/2000, objeto da lei, LRF e lei nº 4.320/64, 
transparência na gestão fiscal, definições e limites 
para a despesa. 
 
13ª 
 2 
 2 
 3 
Apresentação do Plano de Ensino, com respectivos 
comentários. Elaboração de diagnóstico e perfil dos 
alunos. 
 
 
Legenda 
Procedimentos Recursos Procedimentos Recursos Procedimentos Recursos 
Código Descrição Código Descrição Código Descrição 
AE Aula expositiva AE Aula expositiva AE Aula expositiva 
TG Trabalho em 
grupo 
TG Trabalho em grupo TG Trabalho em grupo 
TI Trabalho 
individual 
TI Trabalho individual TI Trabalho individual 
SE Seminário SE Seminário SE Seminário 
 
Página 11 / 73
 
 
 
DIREITO FINANCEIRO 
 
 
1ª AULA: Apresentação da disciplina. Fenômeno 
Financeiro, necessidades públicas, ciência das finanças e 
planejamento das políticas públicas e fiscais. Direito 
Financeiro: conceito, objeto, conteúdo e autonomia. 
Atividade financeira do Estado. 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
1.1. Atividade Financeira do Estado (Harada) 
 
A finalidade do Estado é a realização do bem comum, entendido como um ideal 
que promove o bem-estar e conduz a um modelo de sociedade que permite o plenodesenvolvimento das potencialidades humanas. 
 
Para alcançar essa finalidade, incumbe ao Estado o desenvolvimento de várias 
atividades, cada qual visando tutelar uma determinada necessidade pública. Algumas 
dessas necessidades são de natureza essencial, isto é, cabe ao Estado realizá-las de forma 
direta e exclusiva, sendo indelegáveis em função da indisponibilidade do interesse público 
(interesses primários do Estado); outras, contudo, diante do seu caráter complementar, 
podem ser desenvolvidas tanto pelo Estado quanto por concessionárias de serviços públicos 
(interesses secundários do Estado). 
 
Tendo em vista o desenvolvimento dessas atividades, antigamente o Estado 
valia-se da requisição de bens e serviços de seus súditos, de colaboração gratuita e 
honorífica destes no desempenho de funções públicas e do apossamento de bens de 
inimigos derrotados na guerra. O Estado moderno substituiu esse sistema através do regime 
da despesa pública, que consiste no pagamento em dinheiro dos bens e serviços 
necessários à realização do bem comum. 
 
A atividade financeira do Estado representa, assim, a atuação voltada para 
obter, gerir e aplicar os recursos financeiros necessários à consecução das finalidades do 
Estado que, em última análise, se resumem na realização do bem comum. 
 
1.2. Fins da Atividade Financeira 
 
Os fins da atividade financeira coincidem com as próprias finalidades da atuação 
estatal, destinando-se, portanto, à satisfação das necessidades coletivas, as quais crescem 
gradativamente e se dividem em várias espécies (ex.: construções de edifícios públicos, 
abertura de ruas, manutenção dos serviços de transporte, defesa, prestação jurisdicional 
etc). 
 
Os indivíduos possuem interesses e demandas variadas, as quais, em seu 
conjunto, formam o que se denomina de necessidades gerais ou sociais. Nesse sentido, as 
demandas coletivas seriam a resultante abstrata do somatório das necessidades individuais. 
 
O Estado, entretanto, considerando, por um lado, a limitação dos recursos 
disponíveis (naturais, humanos, tecnológicos, financeiros etc.), e, por outro, as demandas 
individuais e sociais infinitas, elege, por meio do processo político, que varia de forma e 
conteúdo no tempo e no espaço, aquelas para as quais alocará esforços visando ao seu 
atendimento: são as chamadas necessidades públicas. 
 
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Assim, uma vez fixado normativamente o dever do Estado em realizar apenas 
algumas demandas coletivas politicamente determinadas – as políticas públicas, o que 
ocorre na modernamente por meio dos orçamentos, as mesmas se convolam e transmudam 
em necessidades públicas, a serem satisfeitas por meio dos serviços públicos, os quais se 
qualificam como o conjunto de bens e pessoas sob a responsabilidade do Estado. 
 
Os serviços públicos, que são instrumentos do Estado para o alcance dos fins a 
que se propõe, se realizam, atualmente, quase que exclusivamente, por meio da utilização 
da atividade financeira do Estado. 
 
Cabe ao poder público, portanto, definir e escolher as necessidades coletivas, 
tornando-as necessidades públicas quando inseridas no ordenamento jurídico (princípio da 
legalidade). Assim: 
 
- necessidade coletiva = alcança uma determinada coletividade, porém não 
chega a ser de interesse geral. Por isso, é regida pelo regime de direito privado e informado 
pelo princípio da autonomia da vontade; 
- necessidade pública = de interesse geral, satisfeita sob regime de direito 
público, presidido pelo princípio da estrita legalidade; 
 
Quanto maior a gama de necessidades públicas reconhecidas, maior será a 
intensidade da atividade financeira do Estado (variação conforme o modelo estatal adotado 
– ver artigo “Estado Constitucional de Direito: breves considerações sobre o Estado de 
Direito”). 
 
Atualmente, pode-se dizer que a atividade financeira do Estado está vinculada à 
satisfação de três necessidades públicas básicas, inseridas na ordem jurídico-constitucional: 
a prestação de serviços públicos, o exercício regular do poder de polícia e a intervenção no 
domínio econômico. 
 
1.2.1. SERVIÇOS PÚBLICOS 
 
Serviço público não se confunde com o serviço ao público. Do ponto de vista 
jurídico, nem tudo que o Estado faz ou deva fazer configura serviço público, mas só aquele 
prestado sob o regime de direito público, o regime administrativo, informado pelos princípios 
da supremacia e da indisponibilidade do interesse público. 
 
Significa, assim, toda “prestação de utilidade ou comodidade material fruível 
diretamente pelos administrados, prestado pelo Estado ou por quem faça suas vezes, sob 
regime de direito público” (Celso Antônio Bandeira de Mello). 
 
1.2.2. PODER DE POLÍCIA 
 
Nada mais representa senão o poder de regulamentação de que está investido o 
Estado; discricionário, porém limitado à lei. É a atividade inerente do poder público que 
objetiva, no interesse geral, intervir na propriedade e na liberdade dos indivíduos, impondo-
lhes comportamentos comissivos ou omissivos. 
 
Conceito legal (artigo 78 do CTN): “considera-se poder de polícia atividade da 
administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a 
prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à 
segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao 
exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder 
Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou 
coletivos”. O parágrafo único esclarece que “considera-se regular o exercício do poder de 
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polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com 
observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como 
discricionária, sem abuso ou desvio de poder”. 
 
O poder de polícia não se confunde com o poder da polícia: é espécie do poder 
de Administração Pública, fundado no princípio da prevalência do interesse público sobre o 
interesse privado. Por isso, corresponde à modalidade denominada polícia administrativa, 
que objetiva a manutenção da ordem pública em geral, atuando preventivamente, de forma 
a evitar possíveis infrações legais (difere da polícia judiciária, que tem por objetivo a 
investigação de crimes e contravenções penais, agindo repressivamente). 
 
1.2.3. INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO 
 
A Constituição Federal consagra em seu artigo 1º, IV a livre iniciativa como 
princípio fundamental, pressupondo a prevalência da propriedade privada na qual se 
assentam a liberdade de empresa, a liberdade de contratação e a liberdade de lucro 
(marcos que fundamentam o regime econômico privado, de produção capitalista – artigo 170 
CF). 
 
Considerando, contudo, a existência de outros valores igualmente expressos na 
Constituição, o princípio da livre iniciativa não é absoluto, tanto que sofre interferências do 
Estado por meio de três instrumentos básicos: 
 
- poder normativo: mediante a elaboração de leis de combate ao abuso do poder 
econômico, de proteção ao consumidor etc; 
 
- poder de polícia: mediante o fomento da atividade econômica, promovendo 
financiamentos públicos (BNDES, BB, CEF etc); 
 
- assunção direta da atividade econômica: mediante a exploração direta da 
atividade, em caráter excepcional (imperativos da segurança nacional ou relevante interesse 
público – artigo 173 CF). Em razão disso, as empresas públicas ou sociedades de economia 
mista que explorem atividade econômica sujeitam-se ao regime jurídico próprio das 
empresas privadas, inclusive quanto às obrigações trabalhistas e tributárias, não podendo 
gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado (§§ 1º e 2º). 
 
1.3. Ciênciadas Finanças e o estudo da atividade financeira sob o enfoque 
econômico 
 
Inicialmente, a Ciência das Finanças tinha como objetivo o estudo da atividade 
fiscal, qual seja, a arrecadação e aplicação dos recursos para atingimento das finalidades do 
Estado. Com o passar do tempo, foi se alargando para abranger os efeitos extrafiscais da 
atividade financeira. 
 
Atualmente, tem por objeto o estudo teórico da atividade financeira do Estado, 
que se desdobra em receita, despesa, orçamento e crédito público, visando municiar os 
agentes públicos de elementos necessários à formulação da política financeira do Estado. 
 
 
2. DIREITO FINANCEIRO 
 
2.1. Conceito e objetos 
 
O Direito Financeiro é o ramo do Direito Público que estuda a atividade 
financeira do Estado sob o ponto de vista jurídico. 
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Possui o mesmo objetivo material da Ciência das Finanças: receita, despesa, 
orçamento e crédito público; porém, enquanto esta estuda esses desdobramentos sob o 
ponto de vista especulativo (ciência teórica), o Direito Financeiro disciplina normativamente 
toda a atividade financeira do Estado (ciência prática). 
 
Em razão disso, a Ciência das Finanças é ministrada nas Faculdades de 
Economia e Administração, enquanto que o Direito Financeiro integra o currículo das 
Faculdades de Direito. 
 
2.2. Autonomia 
 
Apesar de alguns autores ainda considerarem o Direito Financeiro como mera 
divisão do Direito Administrativo, a maioria reconhece-o como um ramo autônomo, porém de 
certa forma conectado a ele. 
 
Trata-se de um ramo autônomo porque possui princípios jurídicos específicos e 
sistematizados, não aplicáveis a outros ramos do Direito, que lhe dão uma identidade 
própria. 
 
Além disso, a própria Constituição Federal consagrou a autonomia do Direito 
Financeiro em seu artigo 24, I: “compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar 
concorrentemente sobre direito tributário, financeiro, penitenciário (...)”. 
 
OBS.: segundo Harada, a não menção do município no texto constitucional não 
retira o poder de a entidade política local dispor sobre normas de Direito Financeiro, afinal o 
inciso II do artigo 30 CF comete aos municípios o poder de “suplementar a legislação federal 
e estadual no que couber”. 
 
Em matéria de legislação concorrente, a competência da União limita-se a 
estabelecer normas gerais (artigo 24, §1º), fato que não exclui a competência suplementar 
dos Estados (artigo 24, §2º), vale dizer, os Estados, também, podem editar normas gerais 
suplementarmente à União. Contudo, inexistindo normas gerais editadas pela União, “os 
Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender as suas peculiaridades 
(artigo 24, §3º), ficando suspensa a eficácia da lei estadual na hipótese de superveniência 
de lei federal dispondo em sentido contrário (artigo 24, §4º). 
 
2.3. Relacionamento com os demais ramos do Direito 
 
A autonomia do Direito Financeiro, obviamente, não implica na sua separação 
dos demais ramos do Direito, que é uno e indivisível (a proclamada autonomia diz respeito 
ao ramo da Ciência Jurídica, nunca à ciência em si). 
 
Dessa forma, é natural que o Direito Financeiro se relacione com outros ramos 
do Direito, como o Constitucional (de onde advém), Administrativo (do qual se destacou), 
Tributário (que dele se separou para o estudo específico de uma parte da receita). 
 
2.4. Normas gerais sobre Finanças Públicas 
 
As normas gerais sobre finanças públicas se encartam no Capítulo II do Título VI 
(Da Tributação e do Orçamento) da Constituição Federal e constituem o núcleo da 
Constituição Financeira. Além dela, o tema é tratado na Lei de Responsabilidade Fiscal 
(LRF) e na lei das normas gerais sobre finanças públicas (Lei Complementar nº 101/2000 e 
Lei Federal nº 4.320/64, respectivamente). 
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1 
 
 
DIREITO FINANCEIRO 
 
 
2ª AULA: Despesas públicas: conceito, elementos, 
classificação da Lei Federal nº 4.320/64, tópicos da Lei 
Complementar Federal nº 101/00, execução da despesa 
pública. 
 
 
1. CONCEITO 
 
A partir de um determinado momento histórico, o Estado deixou de requisitar 
bens e serviços e/ou a colaboração gratuita dos súditos para o desempenho de funções 
públicas. Com as conquistas democráticas, os indivíduos e seus bens tornaram-se 
intocáveis pelo Estado, a não ser nos limites balizados pela Constituição. 
 
Daí a necessidade de implementação de um sistema de despesa pública para o 
regular funcionamento dos serviços públicos (a exceção fica por conta de alguns serviços 
públicos esporádicos sem despesa pública, caso, por exemplo, dos presidentes, mesários e 
apuradores nas eleições, bem como dos membros do tribunal do júri). 
 
Assim, por despesa pública entende-se todo dispêndio em dinheiro 
relacionado a uma finalidade de interesse público, com um duplo significado (Harada): 
 
- conjunto dos dispêndios do Estado (ou de outra pessoa de direito público) para 
o funcionamento dos serviços públicos. A despesa pública, aqui, é parte do orçamento, 
representando, portanto, a distribuição e emprego das receitas para cumprimento das 
diversas atribuições da Administração; 
 
- a aplicação de certa quantia, em dinheiro, por parte da autoridade ou agente 
público competente, dentro de uma autorização legislativa, para execução de uma finalidade 
pública. Representa, aqui, a utilização, pelo agente público competente, de recursos 
financeiros previstos na dotação orçamentária para atendimento de determinada obrigação 
a cargo da Administração, mediante a observância da técnica da Ciência da Administração, 
o que envolve o prévio empenho da verba respectiva. 
 
Característica importante da despesa pública, portanto, é que há de ser sempre 
antecedida de previsão orçamentária, que fará a fixação da despesa. A CF, aliás, procura 
dirigir a realização da despesa para essa ou aquela finalidade: o artigo 169, por exemplo, 
dispõe que a despesa com pessoal ativo e inativo da União, Estados, DF e Municípios não 
poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar, qual seja, da LC nº 101/2000. 
 
 
2. NECESSIDADES DAS DESPESAS PÚBLICAS 
 
O volume das despesas públicas resulta sempre de uma decisão política, porque 
a formulação do elenco de necessidades de uma sociedade, a serem satisfeitas pelo serviço 
público, é matéria que se insere no âmbito de atuação do poder político, a quem incumbe 
definir a Política Governamental. 
 
Ao contrário do que ocorre no setor privado, onde os objetivos são adequados 
aos recursos econômico-financeiros existentes, no setor público, primeiramente, elegem-se 
as prioridades da ação governamental para, depois, estudar os meios de obtenção de 
recursos financeiros necessários ao alcance das metas politicamente estabelecidas. As 
despesas públicas, vinculadas a essas metas estabelecidas, são aprovadas pelo 
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Parlamento, passando a integrar o orçamento anual, cuja execução se dá com observância 
de normas constitucionais e legais pertinentes. Por isso, o exame das despesas 
consignadas (dotações orçamentárias) permitirá identificar o programa de governo. 
 
 
3. CLASSIFICAÇÃO DAS DESPESAS PÚBLICAS 
 
Nenhuma das diversas classificações das despesas públicas existentes tem 
cunho científico, sendo todas “flutuantes e arbitrárias” (Einaudi). 
 
Dentre elas, uma sempre lembrada diz respeito à periodicidade das despesas: 
 
- despesas ordinárias: são as que constituem, normalmente, a rotina dos 
serviços públicos, sendo, por isso, renovadas a cada ano (a cada orçamento). São as 
despesas ditas permanentes, sempre presentes e especificadas na lei orçamentária; 
 
- despesas extraordinárias: as destinadas a atender a serviços de caráter 
esporádico, oriundosde conjunturas excepcionais e que, por isso, não se renovam todos os 
anos e por isso não estão não previstas na lei de orçamento (geradas por situações 
urgentes e imprevisíveis, tais como estado de calamidade pública). 
 
Alguns autores classificam as despesas, ainda, em produtivas (que criam 
utilidades por meio da atuação estatal – atividade policial, jurisdicional etc), reprodutivas 
(representam aumento de capacidade produtora do país – construção de escolas, estradas 
etc) e improdutivas (despesas inúteis). 
 
Já a classificação de acordo com a competência constitucional de cada ente 
federado pressupõe a existência de despesas federais (realização dos fins e dos serviços 
públicos de competência da União – artigo 21 CF), estaduais (conforme atribuições do 
Estado – artigo 25, §1º CF) e municipais (do Município – artigo 30 CF). Segundo Harada, 
contudo, tal critério é falho na medida em que não só existem matérias de competência 
comum a todos os entes (artigo 23 CF) como também concorrente (artigo 24 CF). 
 
Há também a chamada classificação econômica: despesa-compra (realizada 
para a aquisição de produtos e serviços – aquisição de bens de consumo, folha de 
pagamento etc, quando exerce seu poder de compra) e despesa-transferência (que não 
corresponde à aplicação governamental direta, limitando-se a criar rendimentos para os 
indivíduos sem qualquer contraprestação destes – transfere o poder de compra, caso, por 
exemplo, das pensões, subvenções etc). 
 
Finalmente, o critério legal de classificação, estabelecido pela Lei Federal n° 
4.320/64: 
 
Art. 12. A despesa será classificada nas seguintes categorias econômicas: 
 
DESPESAS CORRENTES 
Despesas de Custeio 
Transferências Correntes 
 
DESPESAS DE CAPITAL 
 
Investimentos 
Inversões Financeiras 
Transferências de Capital 
 
Sendo: 
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3 
 
 
 
§ 1º Classificam-se como Despesas de Custeio as dotações para manutenção 
de serviços anteriormente criados, inclusive as destinadas a atender a obras de 
conservação e adaptação de bens imóveis. 
 
§ 2º Classificam-se como Transferências Correntes as dotações para despesas 
as quais não corresponda contraprestação direta em bens ou serviços, inclusive para 
contribuições e subvenções destinadas a atender à manifestação de outras entidades de 
direito público ou privado. 
§ 3º Consideram-se subvenções, para os efeitos desta lei, as transferências 
destinadas a cobrir despesas de custeio das entidades beneficiadas, distinguindo-se 
como: 
I - subvenções sociais, as que se destinem a instituições públicas ou privadas de 
caráter assistencial ou cultural, sem finalidade lucrativa; 
II - subvenções econômicas, as que se destinem a emprêsas públicas ou privadas 
de caráter industrial, comercial, agrícola ou pastoril. 
 
§ 4º Classificam-se como investimentos as dotações para o planejamento e a 
execução de obras, inclusive as destinadas à aquisição de imóveis considerados 
necessários à realização destas últimas, bem como para os programas especiais de 
trabalho, aquisição de instalações, equipamentos e material permanente e constituição 
ou aumento do capital de empresas que não sejam de caráter comercial ou financeiro. 
 
§ 5º Classificam-se como Inversões Financeiras as dotações destinadas a: 
I - aquisição de imóveis, ou de bens de capital já em utilização; 
II - aquisição de títulos representativos do capital de empresas ou entidades de 
qualquer espécie, já constituídas, quando a operação não importe aumento do capital; 
III - constituição ou aumento do capital de entidades ou empresas que visem a 
objetivos comerciais ou financeiros, inclusive operações bancárias ou de seguros. 
 
§ 6º São Transferências de Capital as dotações para investimentos ou inversões 
financeiras que outras pessoas de direito público ou privado devam realizar, 
independentemente de contraprestação direta em bens ou serviços, constituindo essas 
transferências auxílios ou contribuições, segundo derivem diretamente da Lei de 
Orçamento ou de lei especialmente anterior, bem como as dotações para amortização 
da dívida pública. 
 
O artigo 13 discrimina os elementos da despesa em cada uma dessas 
categorias: 
 
DESPESAS CORRENTES 
 
Despesas de Custeio 
Pessoa Civil 
Pessoal Militar 
Material de Consumo 
Serviços de Terceiros 
Encargos Diversos 
 
Transferências Correntes 
Subvenções Sociais 
Subvenções Econômicas 
Inativos 
Pensionistas 
Salário Família e Abono Familiar 
Juros da Dívida Pública 
Contribuições de Previdência Social 
Diversas Transferências Correntes. 
 
DESPESAS DE CAPITAL 
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Investimentos 
Obras Públicas 
Serviços em Regime de Programação Especial 
Equipamentos e Instalações 
Material Permanente 
Participação em Constituição ou Aumento de Capital de Emprêsas ou Entidades 
Industriais ou Agrícolas 
 
Inversões Financeiras 
Aquisição de Imóveis 
Participação em Constituição ou Aumento de Capital de Emprêsas ou Entidades 
Comerciais ou Financeiras 
Aquisição de Títulos Representativos de Capital de Emprêsa em Funcionamento 
Constituição de Fundos Rotativos 
Concessão de Empréstimos 
Diversas Inversões Financeiras 
 
Transferências de Capital 
Amortização da Dívida Pública 
Auxílios para Obras Públicas 
Auxílios para Equipamentos e Instalações 
Auxílios para Inversões Financeiras 
Outras Contribuições. 
 
Assim, as despesas correntes referem-se àquelas despesas orçamentárias 
destinadas ao funcionamento e manutenção dos serviços públicos, prestados direta ou 
indiretamente pela Administração, e que não geram qualquer aumento do patrimônio público 
posto estarem vinculadas às despesas de custeio da máquina administrativa (despesas 
com pessoal, material etc) e transferências correntes (subvenções – transferências 
destinadas a cobrir despesas de custeio de outras entidades – sociais e econômicas, 
despesas com inativos, pensões, transferências intergovernamentais e os juros da dívida 
contratada. 
 
Já as despesas de capital se conectam ao conceito de investimento do setor 
público, uma vez que constituem gastos para aquisição ou constituição de bens de capital, 
que contribuirão para a produção de novos bens e serviços, gerando apenas uma mutação 
patrimonial, pois essa despesa não reduz a situação líquida do patrimônio. São divididas em 
investimentos (realização de obras públicas, serviços em regime de programação especial, 
equipamentos e instalações, material permanente e participação em constituição ou 
aumento de capital de empresas que não seja de caráter comercial ou financeiro), 
inversões financeiras (despesas de capital capazes de produzir renda para o Estado) e 
transferências de capital (investimentos ou inversões financeiras feitas por outras pessoas 
de direito público ou privado). 
 
 
4. EXECUÇÃO DAS DESPESAS PÚBLICAS 
 
A execução ou realização da despesa depende de previsão orçamentária: o 
inciso II do artigo 167 CF veda expressamente a “realização de despesas ou a assunção de 
obrigações diretas que excedam os créditos orçamentários ou adicionais”. O mesmo 
dispositivo estabelece: 
 
(...) 
V - a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autorização 
legislativa e sem indicação dos recursos correspondentes; 
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5 
 
 
VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma 
categoria de programação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização 
legislativa; 
(...) 
 
Dessa forma, a realização de despesas deve ser presidida pelo princípio da 
legalidade, sob pena de o agente público incorrer no crime de responsabilidade (Lei Federal 
nº 1.079/50 e Decreto-lei nº 201/67) e ato de improbidade (artigo 10, IX da Lei Federal nº 
8.429/92). 
 
Além disso, há um procedimento que necessitaser respeitado, com diversas 
etapas a serem cumpridas para que a despesa se processe regularmente (execução ou 
processamento da despesa pública)1: 
 
1ª) prévio empenho: “é o ato emanado da autoridade competente que cria para 
o ente público obrigação de pagamento pendente de implementação de condição” (artigo 58 
da Lei Federal nº 4.320/64). 
 
O empenho visa garantir os diferentes credores do ente público, na medida em 
que representa reserva de recursos na respectiva dotação inicial ou no saldo existente. Ou 
seja, ao realizar o empenho já é abatido o montante da despesa da dotação orçamentária 
própria (prevista no orçamento), tornando-o indisponível à nova utilização. Observações 
importantes: 
 
- é proibida a realização de despesa sem prévio empenho (artigo 60): trata-se de 
ato financeiro sem cuja prática não se ultimará validamente a despesa; 
- o empenho, por si só, não cria obrigação de pagar, podendo ser cancelado ou 
anulado unilateralmente. Uma vez anulado ou cancelado o valor, total ou parcialmente, o 
montante respectivo é revertido à dotação disponível; 
- limita-se a diminuir do determinado item orçamentário a quantia necessária ao 
pagamento do débito (forma de controle das dotações, proporcionando ao ente público 
visualizar as parcelas comprometidas pelas despesas já efetuadas ou em fase de liquidação 
e pagmento); 
- materializa-se pela emissão da “nota de empenho”, cujos elementos 
encontram-se descritos no artigo 61 (nome do credor, a representação e a importância da 
despesa bem como a dedução desta do saldo da dotação própria). A legislação, em casos 
especiais, pode dispensar a emissão da nota de empenho (mas não o empenho em si), 
como no caso das despesas de caráter continuado, o que ocorre com as despesas de 
pessoal, encargos sociais e, ainda, de sentenças judiciais, juros e encargos da dívida, etc 
(artigo 60, §1º). 
 
2ª) a segunda etapa na realização de uma despesa é a sua liquidação, que 
consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e 
documentos comprobatórios do respectivo crédito (artigo 63). 
 
Essa fase visa a apurar (§1º): 
 
I - a origem e o objeto do que se deve pagar; 
 
 
 
1
 Para situações excepcionais, a Lei Federal nº 4.320/64 criou o sistema de adiantamento, previsto no 
artigo 68: “o regime de adiantamento é aplicável aos casos de despesas expressamente definidos em 
lei e consiste na entrega de numerário a servidor, sempre precedida de empenho na dotação própria 
para o fim de realizar despesas, que não possam subordinar-se ao processo normal de aplicação”. 
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II - a importância exata a pagar; 
III - a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação. 
 
Cabe mencionar, entretanto, que o cumprimento dos requisitos de natureza 
formal não é suficiente à comprovação do direito do credor, vez que os princípios da 
economicidade e da legitimidade, estampados no artigo 70 CF, exigem mais do que a 
simples verificação do atendimento formal por parte do contratado. De fato, impõe-se que a 
autoridade responsável pela liquidação ateste que o objeto do contrato foi realizado nos 
termos da especifi cação acordada, podendo fazer, se necessário, a verificação in loco de 
obra, de prestação de serviço ou mesmo fornecimento de bens, ou seja, é dever daquele 
que realiza e afere a liquidação identificar se houve, ou não, o implemento das condições 
previamente fixadas, o que determina se o credor realmente faz jus ao pagamento. 
 
Apesar de alguns entendimentos em contrário (Alberto Deodato afirma que a 
liquidação constitui a obrigação), para a maioria dos doutrinadores, assim como o empenho, 
a liquidação nada cria, limitando-se a tornar líquida e certa a obrigação preexistente. 
Segundo José Afonso da Silva, por exemplo, nessa fase verifica-se, apenas, “se a obrigação 
nasceu efetivamente com o cumprimento das cláusulas contratuais, que são a fonte da 
obrigação e do direito que se verifica foi adquirido”. 
 
3ª) ordem de pagamento: representa o despacho da autoridade competente 
determinando o pagamento da despesa (artigo 64). 
 
4ª) pagamento, momento em que, uma vez efetivado em decorrência de regular 
liquidação da despesa e por ordem da autoridade competente, extingue-se a obrigação de 
pagar (artigo 62). Consiste na entrega de numerário ao credor por meio de cheque 
nominativo, ordens de pagamentos ou crédito em conta. 
 
O pagamento possui uma faceta jurídica, não se resumindo em uma mera 
operação material (transferência de dinheiro): “o pagamento da despesa só será efetuado 
quando ordenado após sua regular liquidação”. Há, portanto, por parte de quem paga, a 
necessidade de uma implícita manifestação jurídica expressa no juízo que formula acerca 
da regular liquidação; não ocorrendo esta, deve-se sobrestar o pagamento até que a 
questão se resolva definitivamente (Celso Ribeiro Bastos). 
 
Quando se trata de débitos oriundos de condenação judicial, além desses 
procedimentos, deve-se observar os requisitos previstos no artigo 100 CF: 
 
- esses débitos são requisitados pelo Presidente do Tribunal que proferiu a 
decisão exeqüenda, por meio de precatório que é inserido pela entidade política devedora 
na ordem cronológica de apresentação; 
- o precatório entregue até o dia 1° de julho deve ter o respectivo valor 
consignado no orçamento do ano seguinte para pagamento atualizado até o final desse 
exercício, conforme ordem cronológica (§1º); 
- as dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados 
diretamente ao Poder Judiciário, cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a decisão 
exeqüenda determinar o pagamento segundo as possibilidades do depósito, e autorizar, a 
requerimento do credor, e exclusivamente para o caso de preterimento de seu direito de 
precedência, o seqüestro da quantia necessária à satisfação do débito (§2º); 
- esgotados os recursos orçamentários, não está o Executivo obrigado a solicitar 
abertura de crédito adicional suplementar para atendimento dos precatórios (nesses casos, 
cabe ao ente público demonstrar perante o órgão judicial competente a impossibilidade de 
cumprir a decisão judicial. 
 
OBS.: restos a pagar 
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O pagamento aos credores pode ser efetivado durante a execução orçamentária 
na qual a despesa foi prevista195 e realizada, mas também pode ocorrer o encerramento 
do exercício financeiro com despesas já empenhadas, porém ainda não pagas. 
 
As despesas empenhadas e não pagas no exercício, intituladas de Restos a 
Pagar, podem ser segmentadas em dois grupos, consoante o disposto no artigo 36 da Lei 
Federal n° 4.320/64: 
 
- aquelas não liquidadas, assim denominadas de “não-processadas”, as quais 
darão ensejo aos denominados “Restos a Pagar não-processados”, caracterizados pelo não 
adimplemento da obrigação assumida pelo credor e/ou o não reconhecimento pelo poder 
público do cumprimento das condições acordadas (a prestação do serviço, a entrega da 
coisa, etc.); e 
- as despesas empenhadas e liquidadas, qualificadas como “processadas”, ou 
seja, aquelas em que se verifica o cumprimento da obrigação por parte do credor, as quais 
serão inscritas ao final do exercício como “Restos a Pagar processados”. 
 
A relevância desta subdivisão está relacionada à necessidade de a 
Administração realizar a previsão dos recursos a serem destinados ao pagamento durante o 
exercício, a já mencionada programação financeira de desembolso. De fato, considerando 
que os Restos a Pagar processados passaram por todo o rito da liquidação devem ter 
prioridade quando da realização da programação de desembolso, posto já estar configurado 
o direito do credor. Cabe salientar, ainda, que existe a possibilidade de determinada 
despesa deum exercício somente ser reconhecida posteriormente, quando já encerrado o 
ano, não tendo havido o empenho na época própria. Neste caso, ao contrário dos Restos a 
Pagar, processados ou não processados, não há empenho no exercício financeiro 
pertinente, razão pela qual será, no futuro, denominada de “despesa de exercícios 
anteriores”. 
 
Importante salientar que ordenar ou autorizar a inscrição de despesas não 
empenhadas em Restos a Pagar consubstancia crime, tipificado no artigo 359-B do Código 
Penal, submetendo o infrator à pena de detenção de seis meses a dois anos. 
 
 
5. EXECUÇÃO DE DESPESAS EXTRAORDINÁRIAS 
 
As despesas extraordinárias são aquelas imprevisíveis e urgentes a serem 
atendidas mediante abertura de créditos extraordinários tendo como fontes a arrecadação 
de tributos de natureza temporária: empréstimo compulsório (artigo 148, I CF) e impostos 
extraordinários (artigo 154, II CF). 
 
Os créditos extraordinários destinam-se a atender despesas imprevisíveis e 
urgentes, como em caso de guerra, comoção interna ou calamidade pública, nos termos do 
artigo 41, III da Lei Federal nº 4.320/64. 
 
Não se pode confundir relevância e urgência, requisitos para edição de medida 
provisória, com os requisitos constitucionais para abertura de crédito extraordinário, que 
além da urgência e relevância, pressupõe a imprevisibilidade do evento causador dessa 
despesa. 
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DIREITO FINANCEIRO 
 
 
3ª AULA: Receitas Públicas: conceito, entradas de caixa, 
ingressos, classificação, conceito e classificação de 
receita pública da Lei Federal nº 4.320/64, receitas públicas 
derivadas. 
 
 
1. CONCEITO 
 
Como despesa pública pressupõe receita, pode-se dizer que receita pública é o 
ingresso de dinheiro nos cofres do Estado para atendimento de suas finalidades. 
 
O crescimento das despesas públicas, resultante do acesso das massas ao 
poder político, tornou imprescindível ao Estado lançar mão de outras fontes de obtenção de 
recursos financeiros capazes de manter um fluxo regular e permanente de ingressos, afinal 
já se foi o tempo em que o mesmo supria suas necessidades por meio de guerras de 
conquistas, de doações voluntárias e de vendas de bens de seu patrimônio. 
 
Assim, mantendo-se, de um lado, o processo de obtenção de lucros pela venda 
de seus bens e serviços, de outro o Estado acentuou a sua força coercitiva para retirar dos 
particulares uma parcela de suas riquezas, expressa em dinheiro, sem qualquer 
contraprestação. O dinheiro obtido por este processo denomina-se tributo. 
 
A receita pública é, portanto, o capital arrecadado, coercitivamente, do povo, 
tomado por empréstimo ou produzido pela renda dos seus bens ou pela sua atividade, de 
que o Estado dispõe para fazer frente às despesas públicas (Alberto Deodato). 
 
Importa uma diferenciação: o conceito de receita pública não se confunde com o 
de entrada. Todos os ingressos de dinheiro nos cofres públicos configuram uma entrada, 
porém nem todos correspondem a uma receita pública. Isso porque alguns desses 
ingressos são meras “entradas de caixa” (cauções, depósitos recolhidos ao Tesouro, 
empréstimos contraídos pelo poder público etc) que deverão ser, oportunamente, 
devolvidas. 
 
Assim é que receita pública deve ser entendida como a entrada que, integrando-
se ao patrimônio público sem quaisquer reservas, condições ou correspondências no 
passivo, vem acrescer o seu vulto, como elemento novo e positivo (Alimar Balleiro). 
 
 
2. AS ENTRADAS, OS INGRESSOS E A RECEITA PÚBLICA 
 
A doutrina diverge quanto aos conceitos de entrada, ingresso e receita 
pública, conforme aponta Regis Fernandes de Oliveira: 
 
Todo e qualquer dinheiro que ingressa nos cofres públicos, seja a que título for, 
denomina-se entrada. Alguns autores falam de ingresso (entrada provisória), 
distinguindo-o da entrada. Utilizaremos as expressões como sinônimas. Nem todo 
ingresso, todavia, constitui receita. Há entradas que ingressam provisoriamente nos 
cofres públicos podendo permanecer ou não. Destinam-se a ser devolvidas. Daí as 
entradas provisórias. 
 
A relevância do tema é centrada na possibilidade de enquadramento dos 
denominados ingressos de caráter devolutivo como receitas públicas, isto é, se aquelas 
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entradas não definitivas de recursos nos cofres do Tesouro (para serem posteriormente 
restituídas, também chamadas de movimentos de fundos ou de caixa) devem ser — ou não 
— qualificadas como receitas. Neste rol de entradas provisórias são incluídos, por 
exemplo, os depósitos, as cauções, os empréstimos compulsórios e os empréstimos 
voluntários contraídos pelo Estado em geral. 
 
O professor Ricardo Lobo Torres, na esteira de Aliomar Baleeiro, propõe a 
diferenciação entre o ingresso e a receita pública: 
 
Assim sendo, o conceito de receita, embora fundamentalmente baseado no de 
ingresso, dela se extrema, pois o ingresso corresponde também à entrada de dinheiro 
que ulteriormente será restituído, como ocorre no empréstimo e nos depósitos. (grifo 
nosso) 
 
Os eminentes autores, portanto, não qualificam as entradas ou ingressos 
provisórios como receitas públicas. Ocorre, entretanto, que a Lei n° 4.320/64 não incorporou 
a conceituação dessa doutrina, ao estabelecer em seus artigos 3º, 11, §2°, e 57 a inclusão 
de diversas receitas que não ingressam nos cofres públicos em caráter definitivo: 
 
Art. 3º A Lei de Orçamentos compreenderá todas as receitas, inclusive as de 
operações de crédito autorizadas em lei. 
 
Art.11(...) 
§2° São Receitas de Capital as provenientes da realização de recursos 
financeiros oriundos da constituição de dívidas; 
 
Art. 57. Ressalvado o disposto no parágrafo único do artigo 3° desta lei serão 
classificadas como receita orçamentária, sob as rubricas próprias, todas as receitas 
arrecadadas, inclusive as provenientes de operações de crédito, ainda que não 
previstas no Orçamento. 
 
Na mesma linha, define o 12, §2°, da Lei Complementar n° 101/2000, a Lei de 
Responsabilidade Fiscal, dispositivo inserido no Capítulo III — Da Receita Pública, que “o 
montante previsto para as receitas de operações de crédito não poderá ser superior ao das 
despesas de capital constantes do projeto de lei orçamentária”. Infere-se desses dispositivos 
que as normas federais incluem no conceito de receita pública, também os ingressos de 
recursos financeiros decorrentes das operações de crédito, dentre as quais se destacam 
os empréstimos públicos voluntários. Ou seja, a lei federal que disciplina as normas 
gerais de Direito Financeiro em âmbito nacional não adotou a conceituação da doutrina 
financista supramencionada, na medida em que não fixou como requisito necessário à 
configuração da receita pública a entrada de dinheiro sem que houvesse a respectiva 
contrapartida no passivo ou o acréscimo patrimonial do ente beneficiado. De fato, conforme 
assevera o professor Kioshi Harada, apesar de não ter definido expressamente o conceito 
de receita pública, o exame do artigo 11 e os seus parágrafos da Lei n° 4.320/64, “permite 
identificá-la como tal todo ingresso de recursos financeiros ao tesouro público, com ou sem 
contrapartida no passivo e independentemente de aumento patrimonial” (grifo nosso). 
Na mesma linha estabelece o Manual de Receita Nacional da Secretaria do Tesouro 
Nacional que: 
 
A Lei nº 9.703, de 17 de novembro de 1998 estabelece que os depósitos judiciais 
e extrajudiciais, em dinheiro, de valores referentes a tributos e contribuições federais, 
inclusive seus acessórios serão efetuados na Caixa Econômica Federal e repassados 
para a Conta Única do Tesouro Nacional, independentemente de qualquer formalidade, 
no mesmo prazo fixado para recolhimento dos tributos e das contribuições federais. 
Após o encerramento da lide ou do processolitigioso, o valor do depósito será devolvido 
ao depositante ou transformado em pagamento definitivo do tributo ou contribuição. De 
forma análoga, a Lei nº 10.819, de 16 de dezembro de 2003, estabelece, no âmbito dos 
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municípios, que os depósitos judiciais, em dinheiro, referentes a tributos e seus 
acessórios, de competência dos Municípios, inclusive os inscritos em dívida ativa, serão 
efetuados, a partir da data da publicação dessa Lei, em instituição financeira oficial da 
União ou do Estado a que pertença o Município, mediante a utilização de instrumento 
que identifique sua natureza tributária. A citada lei também dispõe que os municípios 
poderão instituir fundo de reserva, destinado a garantir a restituição da parcela dos 
depósitos que lhes seja repassada. Ao município que instituir o fundo de reserva será 
repassada pela instituição financeira a parcela correspondente a setenta por cento do 
valor dos depósitos de natureza tributária nela realizados a partir da vigência da lei. Em 
virtude da legislação acima citada, a parte dos depósitos judiciais transferidos ao 
Tesouro do ente serão registrados como receita orçamentária, já que podem ser 
utilizados para suportar despesas orçamentárias. (grifo nosso) 
 
Nesse cenário, a disciplina normativa da matéria é no sentido de incluir como 
receita pública parte dos depósitos judiciais (aqueles já transferidos), além das operações 
de crédito, conforme preceitua a Lei n° 4.320/64, apesar de não corresponderem a 
hipóteses de entrada que, “integrando-se no patrimônio público sem quaisquer reservas, 
condições ou correspondência no passivo, vem acrescer o seu vulto como elemento novo e 
positivo”, conforme condiciona Aliomar Baleeiro. 
 
A compreensão dessa questão bem como dos diversos conceitos de receita 
pública pressupõe o entendimento prévio dos três enfoques distintos já mencionados, pelos 
quais as entradas de recursos nos cofres do Tesouro podem ser examinadas e 
operacionalizadas: (1) o enfoque financeiro, acima aludido por Kioshi Harada; (2) a 
perspectiva patrimonial e (3) a visão orçamentária. 
 
Sob o ponto de vista financeiro, o simples ingresso, consoante já explicitado, 
ainda que corresponda à receita apenas transitória, seria o suficiente para a sua 
configuração e o registro da receita. Já pela perspectiva patrimonial, a receita vincula-se à 
entrada de recursos que implicam variação positiva da situação patrimonial líquida, em 
decorrência de aumento de ativos ou de diminuição do passivo da entidade. Por fim, a visão 
orçamentária da receita, segundo a sistemática adotada pela Lei n° 4.320/64, engloba 
todas as receitas disponíveis para fazer face às despesas públicas, sendo as mesmas (as 
receitas) segmentadas em orçamentárias e não orçamentárias. 
 
Assim, além das denominadas entradas provisórias, qualificadas ou não como 
receita, dependendo do enfoque (financeiro, patrimonial ou orçamentário), bem como da 
doutrina e da disciplina jurídica aplicável, existem, também, os ingressos definitivos. As 
entradas definitivas, sempre enquadradas como receita pública, podem ter diversas origens 
e classificadas por variados critérios. 
 
 
3. CLASSIFICAÇÃO DAS RECEITAS PÚBLICAS 
 
3.1. As receitas segundo a sua regularidade, freqüência ou periodicidade 
 
Sob a perspectiva da regularidade ou habitualidade, as receitas classificam-se 
como extraordinária ou ordinária. 
 
A receita ordinária decorre de fontes de riqueza previsíveis e contínuas, 
caracterizando-se por constar de forma permanente no orçamento do Estado, como é o 
caso de diversas auferidas pela exploração do patrimônio do Estado assim como pela 
arrecadação de diversas espécies tributárias, tais como: (1) os impostos (art. 145, I CF); (2) 
taxas (art. 145, II CF); (3) contribuições de melhoria (art. 145, III CF); (4) contribuições 
especiais (149 e 195 CF) e (5) contribuição de iluminação pública (art.149-A). 
 
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A receita extraordinária, por sua vez, como o próprio nome revela, decorre de 
circunstâncias esporádicas, excepcionais ou de caráter transitório, como ocorre, por 
exemplo, com os empréstimos compulsórios decorrentes de calamidades (art. 148, I CF), o 
imposto extraordinário de guerra (art. 154, II CF), as doações, os legados e as heranças 
jacentes recebidas pelo Estado. 
 
Cumpre salientar que, ao contrário da perspectiva eminentemente financeira, 
sob o ponto de vista patrimonial, compõem as receitas públicas as doações, os legados e as 
heranças jacentes transmitidas ao Estado, em dinheiro ou em bens. Nesse sentido aponta 
Regis Fernandes que “a doação é receita originária de bens ou valores que ingressam no 
patrimônio público”. Essa questão é exemplificada no Manual de Receitas Públicas nos 
seguintes termos: 
 
Receita independente da execução orçamentária — são fatos que resultam em 
aumento do patrimônio líquido, que ocorrem independentemente da execução 
orçamentária. Exemplos: inscrição em dívida ativa, incorporação de bens (doação), 
etc. 
 
Importante destacar, ainda, que não se deve confundir essas receitas públicas, 
assim enquadradas sob o enfoque patrimonial, decorrente da incorporação de bens por 
força de doações, legados e heranças jacentes, com as receitas provenientes da 
exploração dos bens dominiais já pertencentes ao próprio Estado, matéria a ser examinada 
no tópico subseqüente, intitulado As Receitas segundo a sua origem patrimonial, as quais 
podem ser originárias ou derivadas. 
 
3.2. As receitas segundo a sua origem patrimonial 
 
Aliomar Baleeiro designa como “alemã” a classificação por meio da qual a 
receita é categorizada de acordo com a origem do patrimônio do qual deriva, que pode ser 
público ou privado. 
 
Aquela decorrente da exploração do patrimônio (bens e serviços) do próprio 
Estado é denominada receita originária, haja vista que a perspectiva sob a qual se analisa 
a receita pública é a do ente beneficiário dos ingressos. Essa receita é também designada 
como receita de economia privada, tendo em vista que o Estado, nos mesmos termos do 
particular, explora os seus bens e as suas empresas para auferir receita, sem se valer de 
seu poder soberano ou qualquer meio coercitivo para exigir o pagamento pela utilização dos 
seus serviços ou do seu patrimônio. Nesse sentido, é receita (A) voluntária ou não coativa, 
pois decorre primariamente da manifestação de vontade do particular; (B) pactuada de 
forma bilateral, pois o particular aceita e anui com os termos em que se efetiva a relação e 
o pagamento pela utilização dos bens e serviços estatais, daí ser também denominada de 
(C) patrimonial. Embora até hoje importante, essa modalidade de receita perdeu relevância 
após o advento do denominado Estado Fiscal, época em que passaram a preponderar as 
receitas tributárias, de natureza cogente. 
 
As receitas originárias ou patrimoniais, caracterizadas por expressar uma 
relação de direito privado, compreendem, de acordo com a doutrina de Ricardo Lobo Torres: 
 
a. os ingressos comerciais, os quais decorrem da exploração da economia pelo 
Estado, por meio de suas em¬presas, em regime de monopólio ou não (ex: as sociedades 
de economia mista em geral, os correios e telégrafos, as casas lotéricas, etc.); 
b. os preços públicos, também denominados de tarifa, que são ingressos não-
tributários devidos como contraprestação pelo benefício recebido, e 
c. as compensações financeiras, as quais compreendem os royalties e as 
participações especiais (artigo 20, § 1º CF). 
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A receita derivada, por outro lado, representada pelos tributos e pelas multas 
aplicadas e exigidas do particular — em função do descumprimento de norma de natureza 
tributária ou não: ex: multas de trânsito, multas administrativas em geral e também aquelas 
aplicadas em função do descumprimentode obrigação tributária etc,-, tem como 
características centrais: (A) decorrem do patrimônio privado e (B) são coercitivamente 
obtidas. Regis Fernandes aponta que se incluem no conjunto das receitas derivadas “a 
cobrança de sanções e também o perdimento decorrente de contrabando, apreensão de 
armas de criminosos etc”. 
 
Pelo exposto acerca das receitas derivadas, obtidas de forma coercitiva, conclui-
se que os particulares têm que dispor de parcela do seu patrimônio para fazer face à 
atividade financeira do Estado, o que decorre do poder e da soberania em que o próprio 
Estado se autolimita. 
 
3.2.1. RECEITAS ORIGINÁRIAS (Harada) 
 
Receitas originárias são aquelas que resultam da atuação estatal sob o regime 
de direito privado, na exploração de atividade econômica (domínio privado do Estado): o 
Estado possui, ao lado dos bens públicos (artigo 99 CC), os chamados bens dominicais, 
constituídos por terras, prédios, empresas, direitos etc que são passíveis de alienação, bem 
como de administração pelo regime de direito privado, tal qual faria um particular (como uma 
empresa privada na busca do lucro). 
 
Assim, as receitas originárias do Estado advêm da exploração de seu patrimônio 
mobiliário, imobiliário e das receitas industriais e comerciais. 
 
Salienta-se, todavia, que a submissão ao regime de direito privado não quer 
dizer total afastamento das normas de direito público, porque o Estado jamais poderia 
afastar-se do respeito a uma normatividade específica, destinada à preservação do 
indisponível interesse público (assim, quando o Estado aliena um imóvel de seu domínio 
privado, ainda que com intuito puramente lucrativo, deverá observar normas jurídico-
administrativas ou jurídico-financeiras). 
 
São modalidades de receitas originárias (segundo as fontes): 
 
- Receitas patrimoniais: são as geradas pela exploração do patrimônio do 
Estado. O patrimônio estatal compõem-se de patrimônio mobiliário (títulos 
representativos de crédito e de “ações” que representam parte do capital de 
empresas, os quais rendem juros ou dividendos) e de patrimônio imobiliário 
(foros de terreno de marinha, laudêmios, taxas de ocupação dos terrenos de 
marinha – derivadas das antigas enfiteuses, e também os bens dominicais – 
vias públicas); 
 
- Receitas industriais, comerciais e de serviço: são geradas pelo Estado no 
exercício da atividade empresarial, seja da forma concorrencial (com a 
iniciativa privada), seja via monopólio. Por isso, são também conhecidas 
como receitas do patrimônio empresarial. 
 
 
 
3.2.2. RECEITAS DERIVADAS (Harada) 
 
O Estado, em virtude de seu poder de autoridade, pode retirar de seus súditos 
parcelas de suas riquezas para a consecução de seus fins, visando ao bem-estar geral. É o 
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jus imperii do Estado que lhe faculta impor sobre as relações econômicas praticadas pelos 
particulares, assim como sobre seus bens, o tributo que, na atualidade, se constitui em 
principal fonte de receita pública. 
 
Esse poder de imposição tributária do Estado acha-se normatizado em nível 
constitucional, mediante a outorga de competência tributária que, ao lado de inúmeros 
outros princípios tributários, constitui as chamadas limitações constitucionais ao poder de 
tributar, as quais funcionam como escudos de proteção dos contribuintes. 
 
O artigo 3º do Código Tributário Nacional conceitua o tributo como sendo toda 
prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, 
que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade 
administrativa plenamente vinculada (trata-se da mais importante receita do Estado). 
 
Integram, também, o quadro de receitas derivadas, as multas e penalidades 
pecuniárias aplicadas por autoridades administrativas ou pelo juiz. 
 
São espécies de tributos (divisão clássica do artigo 145 CF): 
 
- IMPOSTOS: são cobranças desvinculadas de qualquer atuação estatal, 
decretadas exclusivamente em função do jus imperii do Estado. Seu fato 
gerador é sempre uma situação independente de qualquer atividade estatal 
específica, relativa ao contribuinte. O imposto sempre representa uma 
retirada da parcela de riqueza do particular, respeitada a capacidade 
contributiva deste; 
 
- TAXAS: taxas de polícia e de serviços são tributos vinculados à atuação 
estatal: exercício do poder de polícia ou prestação de serviço público 
específico e divisível. Basta que o serviço público esteja à disposição do 
contribuinte para o surgimento da obrigação tributária, por ser compulsória 
sua utilização. 
 
- CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA: espécie tributária cuja cobrança é 
legitimada sempre que da execução de obra pública decorrer valorização 
imobiliária, fundada no princípio da equidade, afinal não é justo que toda a 
comunidade arque com o custo de uma obra pública que traz benefício direto 
e específico a certas pessoas. 
 
OBS.: 
 
- princípios constitucionais tributários: o legislador constituinte, ao esculpir o 
Sistema Tributário de forma completa, ao mesmo tempo em que procedeu a 
partilha de competência tributária, prescreveu inúmeros princípios tributários 
visando, dentre outras coisas (preservação do regime político, da saúde da 
economia etc), à proteção dos contribuintes, atuando como freios que limitam 
o poder de tributação do Estado (limitações constitucionais ao poder de 
tributar): 
 
• princípio da legalidade tributária: previsto no artigo 150, I CF, estabelece 
que “é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios 
exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça”; 
 
• princípio da anterioridade e princípio da nonagesimidade: o artigo 150, III 
CF proíbe aos entes federados cobrarem tributos “a) em relação a fatos 
geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver 
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instituído ou aumentado; b) no mesmo exercício financeiro em que haja 
sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; c) antes de decorrido 
noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou 
aumentou, observado o disposto na letra b”. O disposto na alínea a 
retrata o princípio da irretroatividade tributária, ou da prévia definição 
legal do fato gerador da obrigação tributária. Na alínea b encontra-se o 
princípio da anterioridade propriamente dito, de acordo com o qual a 
cobrança de tributo está vinculada a cada exercício financeiro, que é 
anual e coincide com o ano-calendário (01/01 a 31/12). Por fim, a 
previsão da alínea c não chega a ser um princípio tributário, mas um 
prazo de carência para o pagamento do tributo; 
 
• princípio da isonomia tributária: o princípio específico da igualdade de 
todos perante o fisco é uma decorrência do princípio genérico da 
igualdade de todos perante a lei, previsto no artigo 5º CF. A igualdade 
perante o fisco está prevista no artigo 150, II CF, e veda o tratamento 
jurídico diferenciado de pessoas sob os mesmos pressupostos de fato 
(impede discriminações tributárias, privilegiando ou favorecendo 
determinadas pessoas físicas ou jurídicas); 
 
• princípio da capacidade contributiva: tem por escopo o atingimento da 
justiça fiscal, repartindo os encargos do Estado na proporção das 
possibilidades de cada contribuinte (artigo 145, §1º CF); 
 
• princípio da vedação de efeitos confiscatórios: o artigo 150, IV CF veda a 
utilização de tributo “com efeito de confisco”, o que, todavia, não se 
confunde com aquele confisco relacionado com a infração e que é o 
único admitido pela doutrina e jurisprudência (apropriação de bens que 
constituam produto de crime). Exemplo de tributo confiscatório é aquele 
que absorve todo o valor da propriedade, caso do imposto sobre a 
produção e circulação cuja alíquota real é maior que a margem de lucro 
do contribuinte; 
 
• princípio

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