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Reconhecimento e investigação de paternidade

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RECONHECIMENTO E INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE
1. - Reconhecimento e Investigação de Paternidade.
1.1. Maternidade 
A questão do reconhecimento da maternidade nunca foi um problema muito sério para o
direito de família posto que a maternidade é certa, ou seja: quase sempre sabe-se quem é mãe.
Até a Constituição Federal/88 a mulher casada não poderia reconhecer o filho adulterino ou
incestuoso, surgindo daí raríssimos casos de investigação de maternidade.
Alguns pouquíssimos, para não dizer íntimos, casos de investigação de maternidade
advém de:
* Duas ou mais mulheres se dizerem mãe de uma criança;
* A criança ser registrada como filho de outra, por dolo
ou má-fé do declarante.
1.2. - Paternidade presumida 
Se a mãe é certa, o pai é presumido. Tanto é que diz o: 
Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constância do
casamento os filhos:
I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de
estabelecida a convivência conjugal;
II - nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução
da sociedade conjugal, por morte, separação judicial,
nulidade e anulação do casamento;
III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo
que falecido o marido;
IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de
embriões excedentários, decorrentes de concepção
artificial homóloga;
V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde
que tenha prévia autorização do marido.
De forma que o:
- pai pode declarar a paternidade e maternidade de uma
criança;
- mas a mãe não poderá atribuir a paternidade a um
homem, salvo se casada com ele e desde que nas condições
do artigo 1.597 supra.
Percebe-se que o filho concebido casamento fora do casamento só poderá ser declarado
pelo pai.
Mas e se o pai não declarar que é o pai da criança?
Neste caso, poderá ser compelido judicialmente através da Ação de investigação de
paternidade.
1.3. - Reconhecimento voluntário 
Aquele que não for casado com a mãe da criança e desejar, voluntariamente reconhecer a
paternidade, poderá fazê-lo de diversas formas.
Formas de reconhecimento voluntário: 
a) no assento de nascimento
Lei 8.560/92 - art. 1° o reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é
irrevogável e será feito:
I - no registro de nascimento. 
Aquele que desejar reconhecer como seu um filho, poderá faze-lo diretamente, no assento
de nascimento. Comparecerá pessoalmente e declarará que o filho é seu.
b) por escrito - público e particular 
Lei 8.560/92 - art. 1° o reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é
irrevogável e será feito: 
por escritura pública ou escrito particular, a ser
arquivado em Cartório. 
Se o declarante (pai) não estava presente por ocasião da lavratura do assento de
nascimento, poderá reconhecer a paternidade através de escritura pública ou de escrito particular
que ficará arquivado no cartório do registro civil de pessoas naturais.
c) por testamento 
Lei 8.560/92 - art. 1°. O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é
irrevogável e será feito: 
III - por testamento, ainda que incidentalmente
manifestado.
É outra forma de reconhecimento da paternidade. Se alguém, no testamento, reconhece
um filho, este reconhecimento é válido.
d) judicialmente 
Lei 8.560/92 - art. 1°. O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é
irrevogável e será feito:
IV - por manifestação expressa e direta perante o juiz,
ainda que o reconhecimento não haja sido o objeto único
e principal do ato que o contém.
Por fim a lei abre um espaço para que o reconhecimento possa ser feito judicialmente, em
qualquer tipo de processo ainda que o objeto do processo não seja o reconhecimento de
paternidade.
Exemplo: Na ação de alimentos onde o filho (ou algum deles) não tenha sido
reconhecido. Numa ação de investigação de paternidade de outro filho.
1.4. - Reconhecimento - ata de casamento
Lei 8.560/92 - art. 3°. É vedado legitimar e reconhecer
filho na ata do casamento. 
Parágrafo único. É ressalvado o direito de averbar
alteração do patronímico materno, em decorrência do
casamento, no termo de nascimento do filho. 
A lei 8.560/92, no entanto, proíbe o reconhecimento dos filhos na ata de casamento.
1.5. - Reconhecimento - filho maior 
Lei 8.560/92 - art. 4°. O filho maior não pode ser reconhecido sem o seu consentimento.
O filho maior - diga-se: plenamente capaz (maior ou não de 18 anos) - não poderá ser
reconhecido sem seu consentimento. É preciso que ele, filho, compareça e manifeste sua
anuência no reconhecimento, sob pena de invalidade do reconhecimento.
1.6. - Reconhecimento - filho menor 
Para reconhecer filho menor - incapaz absoluta ou relativamente - não há necessidade do
consentimento do filho.
Todavia ele pode impugnar o reconhecimento, como diz o:
Art. 1.614 CC. O filho maior não pode ser reconhecido
sem o seu consentimento, e o menor pode impugnar o
reconhecimento, nos quatro anos que se seguirem à
maioridade, ou à emancipação.
1.7. - Natureza da filiação 
Art. 227 CF,§ 6°. Os filhos, havidos ou não da relação do
casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e
qualificações, proibidas quaisquer designações
discriminatórias relativas à filiação.
Como se sabe antes da Constituição Federal de 88 o filho era classificado segundo a
natureza de sua filiação. 
Filhos:
1 - Legítimos: concebidos durante o casamento;
2 - Ilegítimos: Naturais;
Espúrios: adulterinos
Incestuosos
3 - Adotivos
A Constituição proibiu qualquer designação, sendo que, daquela data em diante todos são filhos
independente de sua origem. Assim, dispõe a Lei 8.560/92:
Art. 5°. No registro de nascimento não se fará qualquer
referência à natureza da filiação, à sua ordem em relação
a outros irmãos do mesmo prenome, exceto gêmeos, ao
lugar e cartório do casamento dos pais e ao estado civil
destes. 
Art. 6°. Das certidões de nascimento não constarão
indícios de a concepção haver sido decorrente de relação
extraconjugal. 
§ 1°. Não deverá constar, em qualquer caso, o estado civil
dos pais e a natureza da filiação, bem como o lugar e
cartório do casamento, proibida referência à presente Lei.
Não importa, pois, a sua origem. Seja qual for a natureza da filiação, serão tidos como
filhos.
 
1.8. - Declaratória de Paternidade 
A lei 8.560/92 criou um Procedimento Administrativo que se convencionou chamar-se
Declaratória De Paternidade. É uma forma de abreviar (acelerar) o Reconhecimento Da
Paternidade.
O procedimento é simples, não havendo custas processuais ou honorários advocatícios.
É necessário esclarecer, porém, que é um procedimento de natureza voluntária não
havendo espaço para o contencioso de modo que se o suposto pai não reconhecer
voluntariamente, não há como se produzir provas e proferir sentença. Nesse sentido a Lei
8.560/92 estabelece que:
Art. 2°. Em registro de nascimento de menor apenas com
a maternidade estabelecida, o oficial remeterá ao juiz
certidão integral do registro e o nome e prenome,
profissão, identidade e residência do suposto pai, a fim de
ser averiguada oficiosamente a procedência da alegação. 
Declaração firmada pela mãe de que não deseja declara o nome do pai da criança.
O processo será arquivado. A qualquer tempo poderá haver a investigação de
paternidade. 
O Juiz pode adotar um dos dois procedimentos:
1º - mandará, em qualquer caso, notificar o suposto pai, independente de seu estado civil, para
que se manifeste sobre a paternidade que lhe é atribuída. 
Art. 2º § 4°. Se o suposto pai não atendeuno prazo de
trinta dias, a notificação judicial, ou negar a alegada
paternidade, o juiz remeterá autos ao representante do
Ministério Público para que intente, havendo elementos
suficientes, a ação d investigação de paternidade.
2º - marcar uma audiência para ouvir a mãe (declarante) e o suposto pai. Manda notificar o
suposto pai. Se ele não comparecer, não há condução coercitiva e nem revelia.
Art. 2° - § 3°. No caso do suposto p confirmar
expressamente paternidade, será lavrado o termo de
reconhecimento e remetida certidão ao oficial do registro,
para a devida averbação. 
Expede-se o mandado de averbação, encaminhando-o ao Cartório do Registro Civil de
Pessoas Naturais. Arquiva-se o procedimento administrativo.
1.9. - Reconhecimento Judicial 
1.9.1. - Introdução 
Situações em que é possível:
Como já sabemos, o filho concebido na constância do casamento, presume-se do marido.
A presunção deixa de existir se não houver casamento. Neste caso, se o pai não reconhece
voluntariamente o filho, só resta a ação judicial de investigação de paternidade para compeli-lo a
reconhecer o filho.
Na verdade pode-se resumir as três situações em uma só, desde que se prove:
- que tenha havido relacionamento sexual entre a mãe e
o suposto pai; 
- que tal relacionamento coincida com a concepção; 
- que as relações sejam exclusivas.
E, pouco importa se houve ou não concubinato, rapto consensual, estupro, etc.
1.10. - O autor da ação
a) filho 
Tem se entendido que o autor será o filho que tem o direito personalíssimo de investigar a
sua paternidade.
Enquanto incapaz - menor de 16 anos, será representado e se maior de 16 anos será
assistido por sua mãe.
Se a mãe for menor, será representada ou assistida por seus pais (avós da criança).
b) pai 
Também é possível, embora mais raro que o próprio pai promova a investigação de
paternidade em relação ao seu filho, quando desejar declarar a paternidade.
Suponha-se que uma mulher casada, tenha um relacionamento extraconjugal, resultando a
gravidez. Nascendo a criança a mulher registra-a como sendo filho de marido, o que não é
verdade. O verdadeiro pai, descobrindo o fato poderá propor a Ação de Investigação de
Paternidade em face a criança, da mãe e do marido dela. 
1.11. - O(s) requerido(s): 
a) o pai 
Via de regra a ação de investigação de paternidade é proposta contra aquele que é
apontado como pai da criança. Sendo ele menor de 21 anos, deverá ser citado na pessoa do pai
(avô da criança).
b) contra os herdeiros 
Se o apontado pai for falecido a ação será proposta contra os herdeiros do apontado pai, e
não contra o espólio.
A jurisprudência não discrepa. Senão vejamos:
Réu na ação de investigação de paternidade post mortem
não é o espólio e sim os herdeiros. (TJDF - Agi 111327 -
(reg. 42) - 3a t cível- rel. Des. Ribeiro de Sousa - DJU
10.02.1999) - Investigação de paternidade - cumulada com
alimentos - legitimidade passiva ad causam - espólio -
inadmissibilidade - ação que deve voltar-se contra os
herdeiros do de cujus, únicos legitimados passivamente
para respondê-la. (TJSP- AC 122.045-4 - Jundiaí - 1a
cdpriv. - rel. Des. Guimarães e Souza - j. 16. 11. 1999 - v.
U.)
Falecido o indigitado pai, a ação de investigação de
paternidade deve ser ajuizada contra os herdeiros. E não
contra o espólio do de cujus. Nulidade reconhecida nos
ternos do artigo 363, do CC - precedentes do STF e STJ. "
- recurso conhecido e provido (STJ - Resp 120622 - RS -
3a t - rel. Min. Waldemar Zveiter- DJU 25.02.1998 - p 71)
1.12. - Cumulação de pedidos 
Via de regra, quando necessário, a Ação de Investigação de Paternidade deverá vir
acompanhada de outros pedidos, tais como:
- pedido de alimentos; ou
- petição de herança.
1.13. - Ação de alimentos 
É o mais comum: propõe-se a investigação de paternidade e pede-se, também, que
reconhecida a paternidade seja o requerido condenado a prestar alimentos ao requerente.
Algumas particularidades devem ser observadas:
a) Cabe fixar alimentos provisórios? 
O requisito para fixação de alimentos provisórios é a prova da paternidade, sem o que não
se pode fixar os alimentos provisórios.
Mas a pergunta é: em ação de investigação de paternidade c/c alimentos é possível fixá-
los provisoriamente, isto é: antes da sentença?
A questão é controvertida.
Vejamos os que dizem que não se pode fixar alimentos provisórios:
Investigação de paternidade - fixação dos alimentos
provisórios - não cabimento - existência de meras
referências quanto ao nome do suposto pai do
investigante. Inocorrência, "in casu", de certeza prévia
sobre a paternidade investigada, não aconselhando o
aludido pagamento - recurso de agravo de instrumento
provido para o fim de liberar o recorrente de arcar com
os alimentos provisórios pleiteados. (TJSP - AI 118.607-4
- Araraquara - 9° CDPRIV. - Rel. Des. Thyrso silva - j
21.09.1999 - v.u.).
INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE - C/C
ALIMENTOS - FIXAÇÃO DE PROVISÓRIOS -
impossibilidade - alimentos que só devem ser fixados a
partir da sentença de procedência da ação de investigação
de paternidade - (tribunal de justiça de São Paulo - ai n.
110.747-4 - São Paulo - 3° câmara de direito privado -
relatar. Flávio pinheiro - 15.06.99 - v.u)
AÇÃO CAUTELAR ALIMENTOS PROVISÓRIOS.
MEDIDA ANTECIPA TÓRIA DE AÇÃO DE
INVESTIGAÇÃO DE PA TERNIDADE CUMULADA
COM ALIMENTOS. LLMINAR. DESCABIMENTO.
NECESSIDADE DA PROVA PRÉ-CONSTLTUIDA DO
PARENTESCO. É descabida a liminar de alimentos
provisórios em ação cautelar preparatória de ação
ordinária de investigação de paternidade cumulada com
ação de alimentos. Imprescindível, para tanto, a prova
pré-constituída do parentesco. Inteligência do art. 5º da
lei n. 883, de 21.10.49. Cuja redação e mantida pelo art.
7., da lei n. 8.560, de 29.12.92. (tribunal de justiça do
Paraná - acórdão 10841, l' câmara cível, publicado em
13/02/95).
Vejamos, agora, os que dizem que pode haver a fixação:
ALIMENTOS PROVISÓRIOS. ALIMENTOS
REQUERIDOS NO CURSO DA AÇÃO DE
INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE. PRESENÇA DE
FORTES INDÍCIOS DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL.-
1. O despacho que defere alimentos provisórios. Diante da
presença de fortes indícios da paternidade, no curso de
ação principal de investigação de paternidade. Não
desafia o art. 2. Da lei n. 5.478/68. (STJ - 3' turma - R
Esp. 105194/PR DJU 15/12/97, pág 66.381).
ALIMENTOS PROVISÓRIOS -INVESTIGAÇÃO DE
PATERNIDADE - ausência de prova inequívoca ou de
verossimilhança das alegações produzidas nos autos
quanto ao vínculo genético - hipótese em que não se
adiantam alimentos provisórios, nem mesmo por tutela
antecipada - recurso provido. (tribunal de justiça de são
Paulo - agravo de instrumento n. 96.042-4 - Guarulhos -
5ª Câmara de direito privado - relator: Silveira Netto¬11.
02.99 - v u)
AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE
INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE C/C
ALIMENTOS PROVISÓRIOS - EXCEPCIONALIDADE
PODE SER CONCEDIDOS. - excepcionalmente, podem
ser concedidos alimentos provisórios, no curso de
investigação de paternidade cumulada com ação de
alimentos, se, além de achar-se o autor em situação
aflitiva, houver fortes indícios no sentido da efetiva
paternidade (Tribunal de justiça de Rondônia, Câmara
Cível - ai 97.00.1603-4, 11/11/97) tribunal de justiça de
São Paulo.
Ação de investigação de paternidade cumulada com
alimentos provisionais - ausência de prova da
paternidade. Descabimento de fixação liminar dos
alimentos. Ausente prova de paternidade, descabida a
fixação de alimentos provisóriosem sede de ação
investigatória cumulada com alimentos. Agravo provido.
(TJRS - ai 70000003590 ¬(00334360) - 2° Câmara Cível. -
Rel. Des. Cartas Eduardo Zietlow Duro - j 27. 10. 1999).
No curso Como funciona o processo da Ação de Investigação de Paternidade
examinaremos a partir de quanto serão devidos os alimentos.
Cumulada com petição de herança:
É outro pedido que poderá ser cumulado. Ocorrerá quando o autor da herança, suposto
pai do investigante, faleceu sem reconhecer a filiação. É preciso, nestes casos, preservar a
herança do investigante.
O juiz recebendo o pedido e verificando a possibilidade de sucesso da ação, deferirá a
reserva de bens do monte partilha em favor do investigante.
O foro competente 
1.14. - Ação de investigação 
A ação de investigação de paternidade é de natureza pessoal, portanto, deverá ser
proposta no domicílio do apontado pai (réu), na forma do artigo 94 do CPC:
Art. 94. A ação fundada em direito pessoal serão
propostas, em regra, no foro do domicílio do réu.
1.15. - Investigação c/c alimentos 
Quando se trata, porém, de ação de investigação de paternidade c/c alimentos, decidiu-se
que prevalecerá a regra especial. De fato, diz o artigo 94 do Código de Processo Civil:
Art. 94. A ação fundada em direito pessoal serão
propostas, em regra, no foro do domicílio do réu.
Mas, também, diz o artigo 100 do Código de Processo Civil:
Art. 100. É competente o foro: 
II - do domicílio ou da residência do alimentando, para a
ação em que se pedem alimentos;
Aí fica a perplexidade: onde propor a ação? Como foi dito, prevalecerá a regra especial,
ou seja: o domicílio do alimentado (do filho). Nesse sentido Súmula 1 do STJ:
Súmula nº. 1 do STJ - o foro do domicílio ou da residência
do alimentando é o competente para a ação de
investigação de paternidade, quando cumulada com a de
alimentos. 
Havendo varas especializadas, ou seja varas de família, serão, elas, competentes. Não as
havendo, será da vara cível.
1.16. - Passo a passo da Ação de Investigação de Paternidade
- Começará, naturalmente, com a petição inicial na qual o autor mencionará o
relacionamento sexual de sua mãe com o requerido, a filiação, o pedido de reconhecimento.
Se houver pedido cumulativo, também deverá dizer qual é o pedido.
- Citação 
A citação se fará pessoalmente, por mandado ou correio. Não sendo encontrado será
citado por edital.
- Não responde - revelia 
Se o requerido, devidamente citado, não responde à ação, é reputado como revel, na
forma da lei. Mas a pergunta que se faz é: haverá os efeitos da revelia?
A maioria da jurisprudência entende que não ocorrem os efeitos da revelia:
O direito à paternidade é extrapatrimonial e indisponível
e, por isso, recai na exceção prevista no art. 320, lI, do
CPC, não se produzindo, pois, os efeitos da revelia.
Necessário, neste caso, a designação de audiência de
instrução e julgamento para comprovação dos fatos
alegados. Apelação provida para anular a sentença.
Unânime. (TJDF -APC 19980910025832- 5ª Turma Cível -
Rel. Des. Romeu Gonzaga Neiva - DJU 14.06.2000 - p. 45).
Quando a causa versar sobre investigação de paternidade,
direito indisponíveis, não se admite o julgamento
antecipado da lide em razão da revelia. (TJAP - I.U.JA.C.
0100/93 - TP - Rel. Des. Carmo Antônio - j 29.03.2000).
Na fase atual da evolução do direito de família, é injustificável o fetichismo de normas
ultrapassadas em detrimento da verdade real, sobretudo quando em prejuízo de legítimos
interesses de menor.
Diante do cada vez maior sentido publicista que se tem atribuído ao processo
contemporâneo, o juiz deixou de ser mero espectador inerte da batalha judicial, passando a
assumir uma posição ativa que lhe permite, dentre outras prerrogativas, determinar a produção de
provas. Desde que o faça, é certo, com imparcialidade e resguardando o princípio de
contraditório.
Tem o julgador iniciativa probatória, quando presentes
razões de ordem pública e igualitária, como, por exemplo,
quando se esteja diante de causa que tenha por objeto
direito indisponível (ações do estado), ou quando o
julgador, em face das provas produzidas, se encontre em
estado de perplexidade ou, ainda, quando haja
significativa desproporção econômica ou sócio-cultural
entre as partes. (STJ - 4ª turma - rei. Min. Sálvio de
Figueiredo, 48 turma, recurso especial nº 43. 467-MG.
Transcrito no DJU de 18.03.1996).
- Se o réu responde 
Se admitir a paternidade, estamos diante da confissão e ai e preciso verificar se o
advogado tem poderes para confessar (ou se contestação está assinada pelo requerido). Ainda
assim é conveniente designar audiência, mesmo porque poderá haver divergências com relação à
pensão alimentícia.
Se o requerido desejar contestar a ação, poderá lançar mão dos argumentos que dispuser,
ou:
* negando o relacionamento sexual com a mãe do
investigante;
* negando a coincidência das relações sexuais com a
concepção do requerente;
* dizendo que o relacionamento não era exclusivo. Isto é o
que a doutrina conhece por exceptio plurium
concubentium (pluralidade de relações sexuais).
Também poderá alegar a incapacidade de gerar - incapacidade generandi, seja por
deficiência congênita, por cirurgia, etc.
- Se o réu é citado por edital 
Como se sabe, neste caso, necessário será a nomeação de curador processual ao
requerido. O curador, não tendo poderes para confessar, deverá se for o caso, contestar por
negação geral.
- Audiência de instrução e julgamento 
Na audiência, o juiz deverá tentar conciliar as partes. Não conseguindo, seguir-se-á a
produção de provas. São admitidos todos os meios de prova: documental, testemunhal, pericial,
etc.
a) o ônus da prova 
Como se sabe, nos termos do artigo 333 do Código de Processo Civil:
Art. 333. O ônus da prova incumbe: 
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; 
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo,
modificativo ou extintivo do direito do autor.
De modo que cabe ao autor a prova de seu direito. No caso da investigação de
paternidade caberá ao autor provar:
* o relacionamento sexual de sua mãe com o requerido;
* a coincidência deste relacionamento, com a data de
concepção do requerente;
* a exclusividade do relacionamento sexual.
b) inversão do ônus da prova
Se o requerente admitir o relacionamento sexual com a mãe do investigante, inverte-se o
ônus da prova, cabendo a ele provar que: 
* o relacionamento sexual não coincidiu com a concepção;
* que o relacionamento sexual não era exclusivo.
Este último item exclusividade do relacionamento sexual tem sido abrandado pela
doutrina e jurisprudência, com o surgimento de exames periciais com grande percentual de
precisão, de modo que, mesmo provada a pluralidade de relacionamento sexual da mãe do
investigante, é possível o exame de paternidade. 
- Exames médico-periciais:
 a) perícia morfológica 
Também conhecida como perícia antropológica consiste em comparar os traços
fisionômicos do requerente e do requerido.
Tal prova não é admitida no direito brasileiro. Tem pouca aplicação na legislação
estrangeira.
b) exame hematológico 
A perícia hematológica consiste no exame de sangue, no pressuposto de que o tipo
sangüíneo se transmite pela herança.
É largamente utilizado quando as partes não tem condições de pagar exames mais
sofisticados.
É, porém, inseguro, pois só se presta a excluir a paternidade, de modo que quando o
exame resultarem que "Zoroastro" não pode ser pai de "Yasmim", terá valor absoluto para
excluir a paternidade. Mas se o resultado for de que "Zoroastro" poderá ser o pai de "Yasmim",
quer dizer que tanto "Zoroastro" como qualquer outro do mesmo grupo sangüíneo poderá ser o
pai.
c) DNA (ácido desoxirribonucléico) 
O exame da paternidade pelo método DNA é o mais moderno e eficaz. Dependendo do
laboratório e do método utilizado, ele contém uma exclusão de 1 em cada grupo de 1.000.000 de
pessoas, pois oferece uma confiabilidade de 99,9999%.
Tal exame, por si só, não é conclusivo da procedência da ação de investigação de
paternidade posto que, ainda que o exame seja confiável, as pessoas que o manipulam são falhas,
podendo ocorrer manipulação do resultado.
- Sentença 
A sentença proferida julgando procedente a investigação de paternidade é meramente
declaratória, limitando-se a declarar que o autor é filho do réu.
a) Cumulada com alimentos 
No caso de haver pedido cumulativo - alimentos -, ainda assim, haverá uma sentença na
qual:
- será declarada a paternidade; e
- haverá condenação de pagar alimentos.
Trata-se de uma sentença de natureza mista: declaratória e condenatória.
b) efeito do recebimento da apelação 
A sentença declaratória da paternidade será recebida no efeito devolutivo e suspensivo.
Se houver condenação em prestar alimentos, desta parte da sentença só caberá o efeito
devolutivo, de modo que a questão dos alimentos pode ser executada imediatamente.
Vejamos apenas a título de ilustração:
ALIMENTOS -INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE-
APELAÇÃO - EFEITOS - na ação de investigação de
paternidade cumulada com pedido de alimentos, a
apelação interposta, quanto à condenação à prestação
alimentícia, será recebida tão-somente no efeito
devolutivo (art. 520, inc. II, do CPC). Precedentes.
Recurso especial conhecido e provido. (STJ - Resp 214835
- PR - 4ª t. - rel. Min. Barros monteiro - DJU 21.02.2000 -
p. 132).
Assim, a apelação será recebida:
- em ambos os efeitos quanto a investigação de
paternidade
- apenas no efeito devolutivo no que se refere aos
alimentos.
Quanto aos alimentos, inclusive, há dispositivo expresso na Lei 5.478/68 e no Código de
Processo Civil:
Art. 14. Da sentença caberá apelação no efeito devolutivo.
CPC - art. 520 - a apelação será recebida em seu efeito
devolutivo e suspensivo. Será, no entanto, recebida só no
efeito devolutivo, quando interpostas de sentença que: 
I - condenar à prestação de alimentos.
c) A partir de quanto são devidos os alimentos? 
Há, na jurisprudência e na doutrina, uma controvérsia para se estabelecer a partir de
quando serão devidos os alimentos.
A primeira corrente sustenta que será a partir da citação porque foi a partir daí que o
requerido foi chamado a juízo para defender-se e se quis contestar, é direito seu, mas deverá
responder se sucumbir.
Lei 5.478/68 - art. 13 - § 2°. Em qualquer caso, os
alimentos fixados retroagem à data da citação.
INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE - ALIMENTOS -
DATA INICIAL- Os alimentos concedidos na sentença de
procedência de ação de investigação de paternidade são
devidos a partir da citação inicial. Orientação adotada
pela 28 seção no julgamento do r. Esp no 152.895/PR.
Ressalva do relator. (STJ, AC. 199900718429 - Resp
226686 - DF - 4ªT - rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar- DJU
10.04.2000" p. 00095).
AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE
CUMULADA COM ALIMENTOS - PROCEDFNCIA -
DATA EM QUE OS ALIMENTOS SÃO DEVIDOS -
RETROAGE A CITAÇÃO - com a sentença declaratória
do estado parental, os alimentos serão devidos desde a
citação do investigado. Em razão dos efeitos ex tunc do
decisório, essa realidade há de retroagir ao momento em
que foi convocado para responder pela paternidade. A lei
n° 5478/68, dispõe que: "em qualquer caso os alimentos
fixados retroagem à data da citação". (TJMS - AC
68.602-4 - classe b - XV - Deodápolis - 2ª t.cív. - rel. Des.
José augusto de Souza - j. 09.11.1999).
Há, porém, os que pensam de maneira diversa, ou seja: serão devidos alimentos a partir
da sentença. Vejamos:
Seguindo o entendimento fixado pela egrégia segunda
seção desta corte, os alimentos, quando postulados em
ação de investigação de paternidade, são devidos a partir
da citação. Ressalva do entendimento pessoal do relator
que os entende devidos a partir da sentença. (STJ, Resp
229303 - PR - 4ª t - rei. Min. César Asfor Rocha - DJU
10.04.2000, p. 95).
INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE - cumulada com
alimentos. Termo inicial destes. L. 883/49, art. 5° (atual lei
8.560/92, art. 7º). Os alimentos só são devidos quando
postulados em cumulação com investigação da
paternidade, a partir da sentença de 1° grau. (STJ - Resp
96443 - PR 4ª t - rel. p/o Ac. Min. César a - rocha - DJU
27.04.1998).
Alimentos. Termo inicial. Os alimentos, quando
pleiteados cumulativamente com a investigação de
paternidade, são devidos a partir da sentença, data a
partir da qual nasce o dever de prestá-los. Precedentes da
quarta turma do STJ - apelo parcialmente provido.
Segredo de justiça (TJRS, AC 598586618 - rel. Des. Jorge
Luís Dall'agnol - J. 20.04.1999).
INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE - cumulação com
alimentos.ação julga da procedente - irresignação do
demandado quanto ao valor dos alimentos e a fixação a
partir da citação - valor compatível com a condição do
alimentante - alimentos, porém, que são devidos a partir
da sentença ¬recurso parcialmente provido. (TJSP - AC
136.862-4 - leme - 8ª CDPRIV Rel. Des. César Lacerda -
J. 28.02.2000 - m. V.).
1.17. - Participação do Ministério Público 
O Ministério Público participará obrigatoriamente dos processos de investigação de
paternidade e de alimentos.
1.18. - Coisa julgada em investigação de paternidade 
A questão que vem atormentando os juristas nos dias atuais é definir:
A decisão que julga improcedente a investigação de paternidade faz coisa julgada
material ou formal?
Em excelente monografia a respeito do tema, desenvolvido por Belmiro Pedro Walter,
Promotor de Justiça no Rio Grande do Sul (Editora Síntese, 1ª edição/2000), conclui que:
Primeira conclusão - somente haverá coisa julgada
material, nas ações de investigação e contestação de
paternidade, quando tiverem sido produzidas, inclusive
de ofício e sempre que possível ,todas as provas,
documental, testemunhal, pericial, especialmente exame
genético DNA, e depoimento pessoal.
Segunda conclusão - não faz coisa julgada o
reconhecimento voluntário da paternidade, quer seja
extrajudicial ou judicial.
Terceira conclusão - não faz coisa julgada material a
sentença de improcedência da ação de investigação ou de
negação de paternidade por insuficiência de provas da
paternidade biológica.
A jurisprudência tem vacilado em admitir a coisa julgada material. Vejamos o
pensamento do STJ:
Seria terrificante para o exercício da jurisdição que fosse
abandonada a regra absoluta da coisa julgada que
confere ao processo judicial força para garantir a
convivência social, dirimindo os conflitos existentes. Se,
fora dos casos nos quais a própria lei retira a força da
coisa julgada, pudesse o magistrado abrir as comportas
dos feitos já julgados para rever as decisões não haveria
como vencer o caos social que se instalaria. A regra do
art. 468 do CPC é libertadora. Ba assegura que o
exercício da jurisdição completa-se como o último
julgado, pelas amplas possibilidades recursais e, até
mesmo, pela abertura da via rescisória naqueles casos
precisos que estão elencandos no art. 485. Assim, a
existência de um exame de DNAposterior ao feito já
julgado, com decisão transitada em julgado,
reconhecendo a paternidade, não tem o condão de reabrir
a questão com uma declaratória para negar a
paternidade, sendo certo que o julgado está coberto pela
certeza jurídica conferida pela coisa julgada. (STJ - Resp.
107. 248 - GO -3ª t - rei. Min. C.A. - Menezes Direito -
DJU 29.06.1998).

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