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Política de Apartheid: abordagens e práticas para sala de aula. 1 Daiane Pereira Vieira Lima, João Manoel Tâmara do Espírito Santo, Joseana Roberta das Neves, Maísa Araújo Camelo, Tianey Weiss. Resumo: A política de Apartheid é um tema importante e que deve ser compreendido por nossos alunos. A figura de Nelson Mandela e a luta de todo um povo pelo ideal da libertação desse regime segregacionista é sem dúvida fundamental e deve ser, portanto bem trabalhada em sala de aula. A abordagem dos conceitos descriminação racial e social, segregação racial e descriminação cultural serão muito importantes aos alunos. Ainda que o apartheid seja uma política de Estado, é importante que o aluno entenda que políticas segregacionistas não devem ser otimizadas. E de forma geral as abordagens e as práticas metodológicas para ensinar todo o contexto que esta temática envolve são importantes e merecem sempre uma atenção especial, sem esquecer que todas as turmas possuem particularidades que devem ser levadas em conta quando propomos atividades. E sem nunca esquecer que o conteúdo abordado na temática apartheid ensina elementos que vão além dos conteúdos curriculares. Geralmente quando pensamos no continente Africano ainda lembramo-nos de figuras que fizeram/fazem parte da História daquele continente. A figura dos grandes personagens, tão comuns à História tradicional ou positivista ainda hoje são temas de seminários e discussões, sendo sua importância merecidamente reconhecida. Partindo dessa perspectiva, abordaremos neste trabalho uma figura que denota coragem e que é sem duvida um grande líder ao povo africano e um grande exemplo às nações que ainda hoje tentam se libertar de questões que já deveriam ter sido resolvidas no mínimo á décadas. Falamos da Política de Apartheid e da luta de Nelson Mandela para sua queda. Não tomaremos ao pé da letra o processo, mas propomo-nos aqui descrever de forma clara e objetiva uma sugestão de trabalho desse conteúdo em sala de aula, que envolve uma temática tão pertinente para atualidade (principalmente brasileira que infelizmente 1 Acadêmicos do curso de Licenciatura em História da Universidade de Caxias do Sul ainda necessita de políticas de cotas para negros e, no entanto se diz país sem racismo). Faremos isto, no entanto, de forma que envolva conceitos e didáticas de teorias mais atuais e que, ainda que trabalhem com a importância da figura de Mandela, esclareça aos alunos a luta de um povo pelo mesmo ideal. Uma luta por um direito comum, mas que até pouco tempo, historicamente falando, ainda fazia parte do cotidiano desse país nosso vizinho além-oceano atlântico, a África do Sul, e que ainda hoje encontra semelhanças na própria estrutura organizacional brasileira, mesmo não sendo aqui regida constitucionalmente. A proposta inicial para que o conteúdo possa ser trabalhado em sala de aula parte da exibição de um longa-metragem bem atual, que alias, condiz com os conceitos que nossa sociedade ainda está, infelizmente, acostumada. Como proposta para tal exibição está o fato de que mesmo após o “fim” 2 da política de apartheid ainda convivemos com fatores evidentes de praticas racistas e de desigualdade numa sociedade contemporânea. Portanto, partindo de uma breve analise do contexto atual - pós-apartheid - feita com os alunos, questionando brevemente se eles já presenciaram alguma cena de racismo e/ou descriminação social. O filme exibido será "Zulu", do francês Jérôme Salle, estrelado por Forest Whitaker e Orlando Bloom. Obra adaptada do romance de Caryl Férey, "Zulu" e uma história que se passa na Cidade do Cabo, em uma África do Sul onde ainda rege o apartheid e onde a miséria dos guetos negros contrasta com habitações luxuosas de beira- mar. Na trama, dois policiais, um branco e um negro, se unem para perseguir o selvagem assassino de uma adolescente. É importante ressaltar que enquanto o filme vai passando, podemos, para uma melhor compreensão do conteúdo por nossos alunos, apontar elementos que chamem a atenção aos pontos que de fato nos serão importantes num momento de analise da obra, no caso, a questão da desigualdade social evidenciada e da união de pessoas que por lei foram determinadas distintas trabalhando pela mesma causa, tendo cuidado para não confundir os alunos, visto que eles ainda não sabem, ou você professor ainda não sabe qual o conhecimento prévio de seus alunos para com o conteúdo, principalmente sobre o conceito de lei de Apartheid. A abordagem dos conceitos descriminação racial e social, segregação racial e descriminação cultural serão temas muito importantes aos alunos. Portanto os conceitos 2 Palavra utilizada entre aspas pelo fato de que o objetivo de trabalho com os alunos é também questionar se política de apartheid teve de fato seu fim quando analisado na prática. citados e que aparecem também elencados na trama devem ser trabalhados na aula. Para que os alunos consigam assimilar tais conteúdos, acreditamos ser fundamental entregar a cada um deles uma cópia dos referidos conceitos. Abaixo de cada conceito é ideal haver algumas linhas em branco, onde o aluno deverá fazer apontamentos sobre como tal conceito aparece no filme. A atividade que se propõe visa que o aluno consiga compreender os conceitos fundamentais para entendimento do conteúdo Apartheid e proporciona ao educando estender o conhecimento adquirido procurando exemplos que apareceram na obra fílmica. O apartheid que também aparece evidenciado em vários momentos do filme é foco central da proposta deste artigo, portanto é de fundamental importância trabalha-lo minuciosamente com a turma. Seu conceito deve ser abordado detalhadamente e para que o objetivo seja de fato conseguido reserva-se um bom tempo para falar dos principais movimentos de resistência a política de apartheid. É quando também chamamos atenção para a importância de Nelson Mandela em todo esse processo. Sempre que pensamos numa política vigente que permita atos de preconceito com outras classes sentimo-nos desconfortáveis com a ideia. O processo que ocorre na África do Sul deve ser, portanto apontado ao aluno como um ato desnecessário, e a justificativa de uma lei que tolere e incentive preconceitos não é aceitável, ainda que seja ela de fato uma política de Estado, como foi o apartheid. Para que possamos entender melhor cito FERNANDES, que em sua obra intitulada “Significado do Protesto Negro” traz um discurso muito pertinente a esse pensamento: “(...) a questão de ser o racismo institucional ou camuflado possui menor importância do que ele representa na reprodução da desigualdade racial, da concentração racial da riqueza, da cultura e do poder, da submissão do negro, como “raça”, à exploração econômica, à exclusão dos melhores empregos e dos melhores salários, das escolas (...) é à redução da maioria da massa negra ao “trabalho sujo” e a condições de vida que confirmam um estereótipos de que “o negro não serve mesmo para outra coisa”. Analisando a citação acima referida, notamos então expresso em outras palavras o ideal que já citamos. Não importa ser ou não lei, a opressão não deve ser otimizada. E alias tal discurso geraria também um debate sobre temas de ética e moral, pois, por exemplo, desrespeitar uma lei seria antiético, mesmo que o cumprimento dessa lei descumprisse com princípios da moral, no entanto, não cabe fazer agora tal desdobramento, mas quando em sala de aula, dependendo da reação do aluno é importante ressaltar tal questão, afinal, temos de deixar clara a ideia deque não estamos contra o que é lei, mas sim daquilo que prejudica um grupo e beneficia somente outro. Ao falarmos na figura de Mandela, acreditamos ser oportuno trabalhar a “Carta da Liberdade”, as contribuições que a mesma traz serve de ótimo subsidio para encaminhar o aluno à temática da participação do povo no processo para a queda da política apartheid. Para que o objetivo da proposta seja alcançado, sugerimos que se trabalhe a Carta da liberdade, afim de que o aluno possa construir sua carta da liberdade, essa, portanto baseada nos princípios que ele acredita estarem equivocados na sociedade atual. De forma individual ou até mesmo em grupos, a atividade contribui para que o aluno consiga refletir criticamente os valores dessa sociedade contemporânea, e por seguinte, expressar também os seus anseios. Por seguinte afirmamos também ser fundamental elencar o processo de formação da África do Sul, o contexto histórico/social ajuda o aluno a desenvolver capacidades de comparação e quando bem trabalhado, também de critica. A localização temporal e geográfica continua sendo fundamental, principalmente se tratando de um período muito recente, o que também é objeto de trabalho ao professor, pois aproveitar esse curto espaço temporal entre o fato ocorrido e a atualidade serve de gancho para analisar se as mudanças que aconteceram são de fato efetivas. Como atividade prática final dos trabalhos, e para que se possa também aproveitar os recursos eletrônicos que temos disponíveis atualmente, propomos um trabalho em grupos. Realizado com a ferramenta de pesquisa virtual o objetivo é fazer com que os conteúdos até aqui comentados sejam de fato compreendidos pelos alunos: *Qual era o contexto histórico/social da África do Sul no período em que a política de apartheid foi instituída? *Quais as principais características da política racial (apartheid)? *Quais as reações da população local em relação a essa política segregacionista racial? *Quais os principais fatores que influenciaram para o fim do apartheid? Para finalizar, é interessante uma apresentação de cada grupo. Um breve resumo das colocações poderá ser solicitado a cada grupo. Acreditamos ser importante o cuidado do profissional docente em todo o processo de aprendizado do aluno. Os conteúdos e práticas que aqui foram elencadas podem se mostrar produtivas para determinadas turmas e não funcionar tão bem com outras. O perfil do aluno que se tem deve, portanto condicionar os conteúdos empregados e sua ordem, tendo em vista que cada turma possui seu ritmo e seus pré- conhecimentos, elementos que sempre devem ser lembrados quando propomos atividades. Ao final, concluímos que os estudos acerca da política de apartheid não são poucos, devem, portanto ser trabalhados da forma mais clara possível. O trabalho deste tema com o aluno é importante pelo referencial que ele poderá levar à sua vida. Além de um processo histórico, os estudos dessa temática envolvem discussões fundamentais para que possamos despertar valores fundamentais nos nossos alunos. Referências: BITTENCOURT, Circe. O saber histórico na sala de aula. 10.ed. São Paulo: Contexto, 2005. 175 p. (Coleção Repensando o Ensino) FERNANDES, Florestan. Significado do protesto negro. São Paulo: Cortez, 1989. LOPES, Marta Maria. Apartheid: a ideologia do apartheid, as perspectivas da África do Sul, as lideranças negras/. 5.ed. São Paulo: Atual, 1998.
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