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Direito Penal II – Teoria do Crime A conceituação do crime abrange três aspectos: 1) Formal 2) Material 3) Analítico Conceitos (art. 155 e 157): Formal: Esta definição alcança apenas um dos aspectos do fenômeno criminal, ou seja, a contradição do fato frente a um anormal criminal, a ilegalidade do fato contrário à Lei criminal. Material: É toda ação ou omissão que contraria os valores ou interesses de corpo social exigindo-se a sua proibição com ameaça de pena. (art. 217, sedução) – Princípio da bagatela. Analítico: Crime é um fato típico, antijurídico e culpável. Art 155. Fato Típico: É o fato material que se ajusta perfeitamente aos elementos constantes no modelo previsto em lei. O fato típico está na norma incriminadora. OBS: nem todo fato típico é crime, ex: legítima defesa. Os elementos do fato típico são: TIPICIDADE EXPRESSA, CONDUTA, RESULTADO, NEXO CAUSAL. Nexo causal – é a relação entre a conduta e o resultado Dolo – é a vontade de causar – livre, consciente, em realizar os elementos constantes no tipo penal. (Querer = Dolo) (Não querer = Culpa) Os elementos Subjetivos (ou psicológicos) do crime são o DOLO e a CULPA. DOLO EVENTUAL – Assume o risco, porém não se importa com o resultado. CRIME PRETERDOLOSO – O crime preterdoloso caracteriza-se quando o agente pratica uma conduta dolosa, menos grave, porém obtém um resultado danoso mais grave do que o pretendido, na forma culposa. Ou seja, o sujeito pretendia praticar um assalto, porém, por erro ao manusear a arma, acaba atirando e matando a vítima. Crime Culposo (art. 18, p. II do CP): Quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, imperícia ou negligência. Culpa: é a inobservância do dever objetivo de cuidado manifestada numa conduta produtora de um resultado não querido, objetivamente previsível. Obs.: as modalidades da culpa são a imprudência, a negligência e a imperícia. Imprudência – é uma atitude em que o agente atua com precipitação, com afoiteza, sem cautela, não se valendo dos seus poderes inibidores. Negligência – é a indiferença do agente que podendo adotar cautelas exigíveis não o faz por displicência ou preguiça mental. Imperícia – é a falta de aptidão técnica – profissional. O crime doloso é a regra. O crime culposo é a exceção. Já o crime preterdoloso se dirige a um fim típico (ou seja, existe dolo na conduta e culpa no resultado). Exemplo de crime preterdoloso: Lesão corporal seguida de morte (art. 129, P. 3) Crime consumado – está consumado o crime quando o tipo penal esta inteiramente realizado; preenchidos os elementos do tipo objetivo ocorre a consumação. Crime exaurido – após a consumação, outros resultados lesivos ocorrem contra a vítima. Ex: extorsão mediante sequestro (art. 159); corrupção passiva (art. 317). Lesão corporal – art. 129 – ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem. TENTATIVA DE HOMICÍDIO Espécie de tentativa de homicídio: a) Perfeito: quando o agente pratica todos os atos necessários à produção do resultado; b) Imperfeito: ocorre quando o agente não consegue praticar todos os atos necessários à consumação do delito por interferência externa; c) Tentativa branca: ocorre quando o agente pratica todos os atos necessários, porém não atinge a vítima. Causas que inadmitem a tentativa: a) Desistência voluntária: o agente que inicia a realização de uma conduta típica pode voluntariamente interromper a sua execução. O agente embora tenha iniciado a execução não deve levar aidante o seu intento voluntariamente. b) Arrependimento eficaz: após ter o agente esgotado os meios que dispunha para a prática do crime, arrepende-se e evita que o resultado ocorra. ** Diferença entre desistência voluntária e arrependimento eficaz: na desistência voluntária o agente desiste no curso dos atos executórios. Já no arrependimento eficaz, o agente desiste depois de ter praticado os atos executórios. c) Arrependimento posterior: art. 16, CP – nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparando o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente a pena será reduzida de um até dois terços. ART. 16 - Arrependimento posterior -> recebimento da denuncia. O recebimento só pode ser feito pelo juiz. A denúncia é um ato processual que representa peça vestibular do processo penal. Queixa-> é a peça vestibular processual inicial no direito privado, esta queixa-crime tem os mesmos pressupostos da denúncia. Para protocolar a queixa-crime, o advogado deve redigir a queixa anexando a esta prova documental ou rol de testemunhas. Crime impossível, art. 17, CP -> Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. Ineficácia absoluta do meio: ex.: alguém tentando matar com arsênio, usa açúcar; alguém tentando matar outrem com uma arma de fogo, dispara e descobre que está descarregada. Absoluta impropriedade do objeto: ocorre quando inexiste o objeto material sobre o qual deverá recair a conduta. Ex.> mulher supondo estar grávida pratica manobras abortivas; alguém tentando matar outrem que já encontra morto (inexiste o objeto material a ser atingido, que é a vida). Classificação doutrinária dos crimes: Crime instantâneo: é aquele que uma vez consumado está encerrado. A consumação não se prolonga – isto é, o momento consumativo ocorre em determinado instante e não mais prossegue. Ex.: furto, homicídio (art. 121, CP). Crime permanente: é aquele cuja consumação prolonga-se no tempo, dependendo da ação do sujeito ativo. Ex.: sequestro e cárcere privado (art. 148, CP), extorsão mediante sequestro (art. 159, CP) Crime comissivo: são os crimes que exigem, segundo o tipo penal objetivo, uma atividade positiva do agente, um fazer. Necessita de um movimento corpóreo, um algo positivo. Ex.: furto. Crime omissivo: é aquele praticado por meio de uma omissão. Ou seja, por uma abstenção de comportamento. Ex.: omissão de socorro (art. 135, CP); omissão de notificação de doença (art. 269, CP). Crime complexo: é aquele que resulta da fusão de dois ou mais tipos penais. Ex.: roubo (art. 157, CP) – roubo é subtrair coisa móvel alheia com violência, a violência no ato da subtração traz o caráter de complexidade; extorsão mediante sequestro (art. 159, CP). Crime próprio: é aquele cujo tipo penal exige uma qualidade ou condição especial dos sujeitos ativos ou passivos. Ex.: art. 269 (omissão de notificação de doença – é crime próprio porque define o médico como agente); art. 123, CP (infanticídio – é crime próprio porque a norma define o agente a praticá-lo, a mãe); art. 312, CP (Peculato – crime próprio porque exige o agente especifico: funcionário público). Concurso de pessoas: Art. 29 – quem de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua capacidade. A conduta do partícipe é acessório, secundária. A sua participação é auferida através da instigação, indução ou auxílio. Vide art. 122, CP (induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou presta-lhe auxílio para que o faça). No art. 122, CP não existe partícipe. O autor é aquele que induziu o crime – o autor é quem induziu porque a sua conduta está descrita na norma. REQUISITO DO CONCURSO DE PESSOAS EVENTUAL a) Pluralidade de participantes e de condutas: para que haja de pessoas exige-se, no mínimo, duas condutas, quais sejam: duas principais realizadas pelos autores ou uma principale outra acessória praticadas respectivamente por autor e partícipe. b) Relevância causal de cada conduta: nem toda conduta configura participação, pois é necessário eficácia causal, provocando, facilitando ou, ao menos, estimulando a conduta principal. c) Vínculo subjetivo entre os participantes: deve existir entre os participantes liame psicológico (elo psicológico). Ou seja, deve existir consciência de que participam de uma obra comum. Ausência deste elemento (o liame) psicológico desnatura o concurso de pessoas. Somente a adesão voluntária objetiva ou subjetiva à atividade de outrem, visando a realização do objetivo comum cria o vínculo de concurso de pessoas e sujeita à responsabilidade penal. d) Identidade de infração penal: é uma divisão de trabalho com atividades dispares, mas convergentes a um só fim típico. Respondem todos por um único tipo penal. ESPÉCIES DE PARTICIPAÇÃO A participação pode apresentar-se de varias formas: instigando, induzindo ou auxiliando. Instigação: a) ocorre quando o partícipe atua sobre a vontade do autor (instigado); *instigar: animar, estimular, reforçar uma ideia criminosa do autor. b) Induzimento: significa suscitar a ideia, tornar a iniciativa intelectual, fazer surgir no pensamento do autor uma ideia até então inexistente; c) Cumplicidade ou auxílio: é a participação material em que o partícipe exterioriza a sua contribuição através de um comportamento de um auxílio. Pode efetivar-se, por exemplo, através do empréstimo da arma do crime, de um veículo para deslocamento, etc. d) Autoria mediata: é quem consegue diretamente a execução por meio de pessoa que atua sem culpabilidade. A pessoa está insciente da prática do crime. Obs.: neste caso não há concurso de pessoas porque o executor do crime não estava consciente de que estava praticando um crime. e) Cooperação dolosamente distinta: aqui ocorre o chamado desvio subjetivo de condutas. Isso acontece quando a conduta executada difere daquela idealizada pelo partícipe. Ou seja, do crime praticado pelo autor. Ex.: Pedro contrata João para dar uma surra em José. João por sadismo mata José; Vide § 2, art 29, cp. f) Autoria Colateral: ocorre quando duas ou mais pessoas informando uma a contribuição da outra realizam condutas convergentes objetivando a execução da mesma infração penal. EX: quando dois indivíduos sem saber um do outro colocam-se de tocaia e quando a vítima passa desferem tiros ao mesmo tempo matando- a OBS: não existe concurso de pessoas porque não há liame psicológico entre as pessoas na tocaia. g) Antijuridicidade: é ação de relação de contrariedade entre o fato típico e a norma jurídica. Ela é a contradição entre a conduta e o ordenamento jurídico. Vide art 23, cp (exclusão de ilicitude); Legítima Defesa – art. 25, cp – entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente a direito seu ou de outrem; OBS: agressão é toda conduta humana que ataca ou coloca em perigo um bem jurídico. OBS²: a legítima defesa deve ser atual. Ou seja, deve acontecer no presente, se a agressão aconteceu no passado, o revidador deixa de ser legítima defesa para tornar-se vingança; OBS³: defesa de agressão injusta -> usando dos meios necessários -> agressão atual ou iminente -> moderação. OBS: enquanto a vítima estiver sendo atacada, ele/ela está agindo com moderação. Cessado o ataque, qualquer tentativa excessiva de defesa passa para a falta de moderação (excesso); OBS: excludente de ilicitude, mas não de culpabilidade. Legítima defesa putativa: não é excludente d ilicitude. É uma excludente de culpabilidade (art 20. § 1º) _ Quando alguém se julga erroneamente diante de uma agressão injusta ou atual iminente, encontrando-se, portanto legalmente autorizado a repeli-la; existe a legítima defesa putativa quando há um antecedente que justifique o erro de entendimento da situação na qual o agente se encontra (o agente comete o crime, mas não é apenado). Estado de Necessidade: considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual que não provocou por sua vontade nem podia de outro modo evitar _ Direito próprio ou alheio, cujo sacrifício nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. EX: furto famélico (subtração para matar a fome própria ou de outrem). Destruição de mercadorias de uma embarcação ou aeronave para salvar a tripulação; tábua do naufrago (tábua de salvação) – a tábua só comporta um peso, porém há três náufragos; um se salva e os outros são sacrificados. Pedro Henrique A. Guerreiro. 11/04/2016
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