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Técnicas Radiológicas Prof. Luís Henrique Barcellos Página 1 MM EE DD II CC II NN AA NN UU CC LL EE AA RR DEFINIÇÃO E INTRODUÇÃO A medicina nuclear envolve o uso de materiais radioativos denominados radiofármacos no estudo e no tratamento de várias condições clínicas e doenças. Radiofármacos específicos denominados traçadores são introduzidos no corpo por injeção, inalação e/ou oralmente para avaliar órgãos e funções metabólicas específicos. Estes traçadores se concentram em órgãos específicos, que permitem que eles emitam radiação gama que é medida por uma câmera gama ou de cintilação. Com base na intensidade do sinal, a função de um órgão em particular pode ser determinada. A tomografia computadorizada por emissão de fóton único (SPECT), introduzida em 1979, fornece vistas tridimensionais da anatomia. A SPECT utiliza um a três detectores de câmera gama que rodam 3600 ao redor do paciente para coletar sinais que estão sendo emitidos pelo corpo. Esses dados são então reconstruídos por um computador em várias perspectivas seccionais para produzir imagens de corte (varreduras) da anatomia. APLICAÇÕES CLÍNICAS As aplicações da medicina nuclear estão crescendo através de avanços na obtenção de imagens digitais e de radiofármacos mais eficientes. Pelo fato de que radionuclídeos selecionados se concentrarão em órgãos ou tecidos específicos, diferentes tipos de traçadores de radionuclídeos podem ser utilizados para avaliar esses órgãos, sistemas orgânicos e várias funções fisiológicas. Um dos radionuclídeos mais comumente utilizados é o tecnécio 99m (99mTc). Diferentes formas de tecnécio são utilizadas para estudos do encéfalo, coração, rim, fígado e sistema esquelético. Técnicas Radiológicas Prof. Luís Henrique Barcellos Página 2 CINTILOGRAFIA ÓSSEA A cintilografia óssea é um estudo do sistema esquelético que utiliza uma forma de T c99m injetada por via intravenosa. O tecnécio é absorvido pelo osso e fornece um estudo do sistema musculoesquelético para condições anormais, tais como metástase, fraturas por estresse ou outras lesões ósseas. Os radiologistas podem precisar realizar radiografias estreitamente colimadas de "pontos quentes" esqueléticos, conforme determinado pelas cintilografias ósseas. ESTUDOS GENITURINÁRIOS Os estudos nucleares geniturinários fornecem uma avaliação tanto anatômica quanto funcional dos rins. Essa modalidade é excelente para a avaliação de um transplante renal. CINTILOGRAFIA DO ENCÉFALO Os estudos de SPECT-perfusão cerebral avaliarão o encéfalo quanto a várias condições neurológicas, incluindo AVC, doença de Alzheimer e doença de Parkinson (veja Fig. 24.2 para amostras de cintilografias do encéfalo). ESTUDOS GASTR0 INTESTINAIS Os estudos gastrintestinais que utilizam radiofármacos são numerosos. Através da administração oral ou de injeções intravenosas, procedimentos tais como esvaziamento gástrico, varreduras hepatobiliares, estudos de refluxo gastresofágico e varreduras do fígado e do baço podem ser realizados. Em muitos casos, tanto a aparência anatômica quanto à função do órgão podem ser avaliadas. Um exame gastrintestinal comum realizado com o uso da medicina nuclear é a avaliação do divertículo de Meckel. O divertículo de Meckel é um defeito ou bolsa congênito na parede do neo. Embora a maioria dos divertículos de Meckel seja assintomática, eles podem sangrar ou infectar. A medicina nuclear é considerado o padrão ouro na localização precisa dessa alteração. ESTUDOS DO CORAÇÃO (CARDÍACOS) Um dos procedimentos de SPECT mais comuns é o estudo de perfusão miocárdica com tálio, no qual tálio ou cardiolito radioativo é injetado por via intravenosa e perfundido através do coração. O paciente é então levado a se exercitar em uma esteira ou lhe é administrado um vasodilatador, que é um agente que causa dilatação dos vasos sanguíneos, resultando em fluxo sanguíneo aumentado. A ação do exercício, ou do vasodilatador, irá demonstrar o grau de perfusão do tálio ou do cardiolito através de todo o músculo cardíaco. Esse procedimento, combinado com uma segunda varredura de repouso, pode mostrar defeitos da perfusão miocárdica na parede ventricular, ou sinais de um infarto do miocárdio, um "ataque cardíaco" resultante de fluxo sanguíneo subitamente diminuído, causando morte de músculo cardíaco (miocárdio). EXAMES PULMONARES O exame de ventilação perfusão pulmonar é um procedimento de medicina nuclear comum utilizado para afastar embolia pulmonar, DPOC e câncer de pulmão. Durante a fase de ventilação da varredura pulmonar, o paciente inala Técnicas Radiológicas Prof. Luís Henrique Barcellos Página 3 gás xenônio-133 durante o início do procedimento. Imagens são obtidas rapidamente para determinar se existem alterações no pulmão (Fig. 24.3). Um exame de perfusão pulmonar é então realizado. O exame de ventilação pulmonar tem que preceder o exame de perfusão pulmonar. Albumina radioativa é injetada por via IV durante essa fase da varredura pulmonar. A fase de perfusão do estudo revela a presença de possíveis êmbolos pulmonares.Para auxiliar na detecção precoce de câncer de pulmão, a FDA (Food and Drug Administration) aprovou um peptídeo radiomarcado denominado"Neo Tect" para ajudar a determinar se uma lesão pulmonar é benigna ou maligna. Lesões com menos de 1 cm podem ser detectadas com esse procedimento . EXAME DE CAPTAÇÃO DA TIREÓIDE Exames de captação da tireóide são obtidos para avaliar as funções da glândula tireóide (Fig. 24.4). O radiofármaco iodeto de sódio (1311) é administrado oralmente, com uma leitura de seguimento da tireóide realizada a intervalos predeterminados, tais como 6 horas e 24 horas. O hipertireoidismo (tireóide imperativa) resultará em uma leitura de absorção mais alta, que pode indicar doença de Graves (bócio tóxico nodular múltiplo, também conhecido como doença de Plummer). Uma leitura da tireóide mais baixa indica hipotireoidismo (atividade reduzida). Essa condição é muito mais comum em mulheres do que em homens . EQUIPE DE MEDICINA NUCLEAR Os procedimentos de medicina nuclear são realizados por uma equipe de profissionais, incluindo os seguintes: 1. Técnico em medicina nuclear: Esse técnico tem uma boa formação em física da radiação, anatomia e fisiologia, segurança de radiação, computadores e procedimentos de obtenção de imagens. Suas responsabilidades incluem o manuseio, a avaliação e a administração de radionuclídeos. A segurança do paciente é fundamental em medicina nuclear, e é essencial que a quantidade correta de radio nuclídeo seja administrada ao paciente. Níveis excessivos de radionuclídeos administrados ao paciente podem lesionar o órgão alvo. Uma vez que as imagens tenham sido produzidas, o técnico em medicina nuclear tem que realizar análise estatística dos dados e processar digitalmente as imagens. Técnicas Radiológicas Prof. Luís Henrique Barcellos Página 4 No caso de extravasamento de radionuclídeos, o técnico precisará determinar a localização dos vazamentos, desconta minar a área e descartar apropriadamente materiais contaminados. 2. Médico especialista em medicina nuclear: Esse radiologista recebeu treinamento adicional na realização e na interpretação de procedimentos de medicina nuclear. O radiologista em medicina nuclear está licenciado para adquirir e utilizar materiais radioativos. 3. Físico em medicina nuclear: Esse indivíduo recebeu treinamento avançado em física nuclear, computadores e segurança de radiação. As responsabilidades do físico nuclear incluem o manuseio e o preparo de materiais radioativos e a calibração e a manutenção do equipamento de obtenção de imagens. O físico freqüentemente funciona como o funcionáriode segurança do departamento de radiação. R Á D I O - O N C O L O G I A ( T E R A P I A ) DEFINIÇÃO E INTRODUÇÃO A rádio-oncologia, comumente denominada terapia através de radiação ou radioterapia, envolve o uso de radiação ionizante para o tratamento do câncer e de algumas doenças benignas. O câncer é a segunda causa de morte nos Estados Unidos e Canadá, depois das doenças cardíacas. A cirurgia, a quimioterapia e a radioterapia são os métodos de tratamento do câncer. A radiação é freqüentemente combinada com a quimioterapia se um tumor é muito complexo ou se encontra entrincheirado em outro tecido e não pode ser removido cirurgicamente. A cirurgia, quando é possível, é comumente seguida ou por quimioterapia ou pela radioterapia, ou por uma combinação de ambas. Infelizmente, em certos casos, o câncer está muito avançado ou é muito complexo para responder a qualquer método de tratamento. Nesses casos, a radioterapia pode ser usada como tratamento paliativo para reduzir os tumores e aliviar a pressão e a dor, resultando em melhor qualidade de vida. Técnicas Radiológicas Prof. Luís Henrique Barcellos Página 5 BRAQUITERAPIA E TELETERAPIA Existem dois tipos de tratamento pela radiação: o tipo com radiação interna, denominado braquiterapia, e os tipos com feixe externo, denominados teleterapia. A radiação interna inclui a inserção de nuclídeos radioativos de baixa intensidade dentro do corpo, colocados em estreita proximidade com o tumor ou tecido canceroso. O câncer de próstata é um candidato comum a esse tipo de tratamento. A teleterapia é a aplicação de radiação de feixe externo, que historicamente é de três tipos: unidades do tipo de raios X, raio gama de cobalto 60 e acelerador linear. Unidades de cobalto 60 emitindo raios gama de alta energia de cerca de 1,25 meV foram o padrão por muitos anos para tratamento tissular mais profundo. Os tipos de raios X e de cobalto ainda podem ser utilizados em algumas localizações, mas foram substituídos amplamente por aceleradores lineares, que têm tanto sistemas de capacidade mais baixa quanto mais alta, de 4 milhões de volts até 30 milhões de volts (4 a 30 MeV). ACELERADORES LINEARES O acelerador linear que emite raios X ou feixe de elétrons é capaz de produzir raios X de alta energia quando um alvo (anodo) é colocado no caminho da corrente de alta energia em aceleração emitidos do filamento (catodo). A faixa de energia dos raios X emitidos é controlada por alta voltagem aplicada ao feixe de elétrons em aceleração que atinge o alvo ou anodo, de forma semelhante à de um tubo de raios X do tipo de diagnóstico geral. Esse mesmo equipamento, removendo-se o anodo ou alvo para fora do feixe de elétrons, também é capaz de projetar um feixe de elétrons de energias seleciona das diretamente no sítio do tecido que se encontra em tratamento. A energia desse feixe de elétrons emitido é controlada pela voltagem aplicada. A projeção desses elétrons diretamente no tecido canceroso é mais eficaz no tratamento de tecido raso ou superficial do que raios X de energia mais alta ou raios gama. A energia do tipo de feixe de elétrons penetrará no tecido apenas na profundidade do câncer superficial e, assim, não afetará ou danificará o tecido sadio subjacente mais profundo. Cânceres profundamente situados, entretanto, são mais bem tratados através de raios X de alta energia conforme produzidos pelo acelerador linear, ou de raios gama de alta energia emitidos por unidades de cobalto. Essa radiação de alta energia é distribuída diretamente ao tecido canceroso situado profundamente dentro das partes do corpo com o menor dano possível ao tecido normal circunjacente. SIMULAÇÃO A simulação é um primeiro passo importante na determinação da área e do volume de tecido a ser tratado. Isso é obtido utilizando-se imagens radiográficas obtidas com um tipo de máquina de fluoroscopia através de raios X diagnóstica e/ou imagens de TC ou RM das regiões afetadas a serem tratadas. Essa informação é carregada em um programa de computador sofisticado, para ajudar a determinar os vários ângulos e a profundidade do tratamento. Tatuagens permanentes e distintas estão em grande parte substituindo as múltiplas e óbvias marcações na pele que eram necessárias para tratamentos de radioterapia. Se a área de tratamento é a região da cabeça ou do pescoço exposta, as marcações são feitas em uma máscara especialmente projetada e estreitamente ajustada. EQUIPE DE RÁDIO-ONCOLOGIA A equipe de trabalhadores em rádio-oncologia e suas responsabilidades gerais são as seguintes: 1. Radioterapeuta: Esse técnico é responsável pela programação e administração de tratamento radioterápico e pela manutenção de registros. O radioterapeuta é responsável pela obtenção de radiografias preliminares das regiões afetadas. Eles Técnicas Radiológicas Prof. Luís Henrique Barcellos Página 6 podem ser solicitados a utilizar fluoroscopia para determinar as dimensões do campo de tratamento, após o que suas marcações são feitas na pele do paciente. O terapeuta deve possuir boa capacidade de comunicação e ter empatia e entendimento especiais pelos pacientes para interagir efetivamente com eles e com outros membros da equipe de assistência médica, sabendo que os pacientes que eles vêem regularmente têm uma doença potencialmente terminal. 2. Rádio-oncologista: Esse médico especialista prescreve o tratamento necessário e a área a ser tratada. 3. Dosimetrista médico: Essa pessoa educada em dosimetria delineia o plano para obtenção da dosagem desejada para o tecido canceroso como determinado pelo oncologista. 4. Físico de radiação médica: Esse físico de saúde clínica aconselha o oncologista e o dosimetrista sobre técnicas de tratamento e cálculos de dosagem. Essa pessoa é responsável também pela manutenção e calibração do equipamento.
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