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DIREITO CIVIL - OAB

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DIREITO CIVIL 
Prof. Angelo Rigon Filho
FMB
Observação: Negócio jurídico sempre caí na prova da OAB dada a sua aplicação em quase todos os demais ramos do Direito. 
Princípios que regem o novo CC/02
Princípio da eticidade – A aplicação do princípio da eticidade, no Direito Civil, significa a superação do formalismo jurídico, primando pela objetividade. Temos assim um modelo jurídico hermenêutico que privilegia efetivamente a boa-fé. 
Princípio da operabilidade – Consiste na apresentação de soluções interpretativas para aplicação da norma. Exemplo disso é a distinção de prescrição e decadência descrita no Código Civil. 
Princípio da socialidade - Advém do princípio social de justiça. A verdadeira igualdade está no tratamento desigual dos desiguais, levando em consideração a proporção e a medida de suas desigualdades. Desse modo, por exemplo, um consumidor deve ter mais direitos que um fornecedor para garantir a igualdade nessa relação, assim como o trabalhador perante o empregador.
DAS PESSOAS
Conceito - É o sujeito de direitos e deveres, um ente capaz de adquirir direitos e contrair obrigações, podendo ser um ente físico ou jurídico. 
Pessoa física (Início da personalidade da pessoa física) – Algumas teorias sobre o início da personalidade afirmar que ela ocorre com o nascimento, outras que o início ocorre com a concepção, outras ainda com o nascimento com vida. O CC/02 deixou claro que o nascimento com vida é fundamento do início da personalidade. 
Capacidade de direito – A Personalidade civil, ou seja, a aptidão genérica para ser sujeito de direitos e deveres, a efetiva proteção da pessoa se dá com o nascimento com vida, quando se adquirem direitos e se contraem deveres, conforme determina o art. 2º do CC/02. O nascimento com vida é constatado com a presença de ar nos pulmões, mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. Nascituro é o ser já concebido, mas que se encontra no ventre materno. O nascituro será, por exemplo:
 titular de direitos personalíssimos, como o direito a vida, por exemplo 
donatário, pois pode receber doação, desde que haja aceitação de seu representante legal, conforme determina o art. 542 do CC/02;
Legatário ou herdeiro, conforme determina o art. 1798 do CC/02;
Titular de direito a alimentos. 
Início da personalidade jurídica – É, pois, a partir do nascimento com vida que o ser humano se torna uma pessoa para o Direito, adquirindo personalidade jurídica independente de cor, raça, sexo, estado de saúde ou nacionalidade. Como está intimamente ligada a concepção da duração da vida, tanto é que a ela se vincula o surgimento da personalidade, o fim da personalidade natural termina com o fim da vida, ou seja, com a morte, até mesmo porque com a morte o fim da existência da pessoa termina. 
Capacidade civil – Todo ser humano é dotado de personalidade jurídica. A personalidade está intimamente ligada à capacidade das pessoas. São elementos que se completam. Portanto, a capacidade de gozo ou de direito se confunde com a personalidade jurídica e é inerente a qualquer ser humano não lhe podendo ser negada. 
Lembre-se: Pessoa é o ente a que a ordem jurídica confere poderes. A capacidade é a aptidão de adquirir direitos ou exercê-los por si ou por outrem. O conjunto destes poderes é a personalidade jurídica, sendo a capacidade elemento da personalidade.
Regra - A regra, portanto, é a capacidade. 
Exceção - A exceção é a incapacidade. 
A capacidade exprime poderes ou faculdades, sendo a personalidade resultante destes poderes. A incapacidade civil é a restrição ao poder de agir e por esta característica vem expressamente prevista em lei, podendo ser Absoluta ou Relativa:
Absoluta – Quando houver total proibição do exercício do direito, acarretando a nulidade do ato, quando ele for praticado pelo incapaz sem a devida representação.
São absolutamente incapazes, nos termos do art. 3º do CC/02:
 Os menores de 16 anos;
 Os que por enfermidade ou deficiência mental não tiverem o necessário discernimento para a prática destes atos;
 Os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir a sua vontade.
Relativa – Será relativa, quando a pessoa afetada puder praticar certos atos da vida civil, sendo anulável o ato praticado pelo relativamente incapaz sem a devida assistência. Estão inseridos nesta situação, nos termos do art. 4º do CC/02:
Os maiores de 16 anos e menores de 18 anos;
 Os ébrios habituais, os viciados em tóxicos e os que por deficiência mental tenham o discernimento reduzido.
Os excepcionais sem o desenvolvimento mental completo;
Os pródigos.
Pródigo – É aquele que dilapida seu patrimônio. Nosso Direito anterior já restringia a capacidade daquele que desordenadamente dilapidava os seus bens ou patrimônio, fazendo gastos excessivos ou anormais. O estado destas pessoas era apregoado para que ninguém celebrasse negócios com elas. A explicação é de Maria Helena Diniz.
Capacidade dos índios – A capacidade dos índios é regulada por lei especial, segundo o art. 4º, paragrafo único do Código Civil, que remete ao art. 9º da Lei 6.001/73 (Estatuto do Índio). 
Cessação da Incapacidade – Em regra, cessa a incapacidade quando cessa a sua causa. O art. 5º do CC/02 dispõe sobre a cessação da incapacidade da seguinte forma:
A menoridade cessão aos 18 anos completos, quando a pessoa fica habilitada a prática de todos os atos da vida civil. 
Parágrafo único – Cessará para os menores a incapacidade:
Pela concessão dos pais ou por um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver 16 anos completos;
Pelo casamento;
Pelo exercício de emprego público efetivo;
Pela colação de grau em curso de ensino superior;
Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que em função deles, o menor com 16 anos completos, tenha economia própria. 
São formas de cessação da incapacidade:
Natural – Quando cessa o motivo da incapacidade.
Exemplo: Menor com 17 anos completa 18 anos e se torna capaz.
Voluntária – Os pais emancipam o menor entre 16 anos a 18 anos. 
Judicial – Cessa judicialmente a incapacidade do tutelado a pedido do tutor. 
Legal – Casamento, emprego público, colação de grau em ensino superior e estabelecimento comercial que deem a possibilidade de economia própria. 
Extinção da Personalidade Natural – Somente com a morte real termina a existência da pessoa natural, que pode ser também simultânea (comoriência). 
Doutrinariamente, pode-se falar em:
Morte real – É a prevista no art. 6º do CC/02. A sua prova faz-se pelo atestado de óbito ou pela justificação em caso de catástrofe e não encontro do corpo. Acarreta a extinção do poder familiar, a dissolução do vínculo conjugal, a abertura da sucessão, a extinção dos contratos personalíssimos, a extinção da obrigação de pagar alimentos que se transfere aos herdeiros do devedor. 
Morte simultânea ou comoriência – É a prevista no art. 8º do CC/02. Dispõe este que, se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião (não precisa ser no mesmo lugar), não se podendo averiguar qual deles faleceu primeiro, “presumir-se-ão simultaneamente mortos”. Alguns países adotaram critérios diferentes, como o de considerar falecida antes a pessoa mais idosa ou a do sexo feminino.
Importa saber quem morreu primeiro em acidente – Se uma for herdeira da outra ou beneficiária da outra. Do contrário, inexiste interesse jurídico nesta pesquisa. 
Não há transferência de bens entre comorientes – Se morre casal em um acidente, sem descendentes e ascendentes, sem se saber qual deles morreu primeiro, um não herda do outro. Assim, os colaterais da mulher ficarão com a meação dela, enquanto os colaterais do marido ficarão com a meação dele. Diversa seria a solução se um tivesse falecido antes que o outro. O que viveu antes herdaria a meação do outro e, por sua morte, a transmitiria aos seus colaterais. 
Jurisprudênciaimportante sobre comorientes (segurado e beneficiário) – Falecendo no mesmo acidente o segurado e o beneficiário e inexistindo prova de que a morte não foi simultânea, não haverá transmissão de direitos entre os dois, sendo inadmissível, portanto, o pagamento do valor do seguro aos sucessores do beneficiário. É preciso que o beneficiário exista ao tempo do sinistro. 
Presunção legal da comoriência – Não sendo possível estabelecer o exato momento das mortes, o que só pode ser feito por médico legista, constatando portanto que a paralisação da atividade cerebral, circulatória e respiratória, presumir-se-á a morte simultânea. Se não houver dúvida quanto a quem morreu primeiro, não há porque utilizar-se da presunção legal.
Morte civil – Existente no direito romano e na Idade Média, aplicava-se aos escravos que perdiam o seu “status libertatis”, assim como aqueles que eram condenados a penas perpétuas e para os que abraçavam a vida religiosa, permanecendo recolhidos. Há resquício da morte civil no art. 1816 do CC/02, que trata o herdeiro, afastado da herança por indignidade, como se morto fosse antes da abertura da sucessão. Mas somente para afastá-lo da herança. Conserva a sua personalidade para os demais efeitos. Também pode, na legislação militar, a família do indigno do oficialato, que perde o seu posto e a respectiva patente, perceber pensões, como se ele houvesse falecido. 
Morte presumida – A morte presumida pode ser com ou sem declaração de ausência. 
Ausentes - Presume-se a morte quantos aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura da sucessão definitiva. A declaração de ausência produz efeitos patrimoniais, permitindo a abertura da sucessão provisória e depois a definitiva. Na ultima hipótese, constitui causa de dissolução da sociedade conjugal, nos termos do art. 1571, §1º do CC/02. 
Art. 1571, §1º do CC/02 – O casamento válido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio, aplicando-se a presunção estabelecida neste Código quanto ao ausente.
Exemplo: Se o ausente estiver vivo e aparecer, depois de presumida a sua morte e aberta a sucessão definitiva, com a dissolução da sociedade conjugal, e seu cônjuge houver contraído novo casamento, prevalece o último. 
Lei de Anistia permitiu que aos familiares daqueles que perderem seus direitos políticos por terem participado da Revolução de 1964 e desapareceram, não sendo encontrados os seus corpos, por conta do mesmo motivo – Propusessem ação de declaração de ausência para todos os efeitos, inclusive pessoais, sendo a sentença irrecorrível. 
Sem ausência – O art. 7º do CC/02 permite a declaração de morte presumida, para todos os efeitos, sem decretação de ausência:
I – Se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
II – Se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos do término da guerra. 
Paragrafo único – A declaração de morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável para o falecimento. 
 
Pergunta: O que se pretende com a ação que visa a declaração da morte presumida de alguém, sem decretação de ausência?
R: O que se visa é a declaração da morte que se supõe ter ocorrido, sem a decretação de ausência. É diferente da hipótese em que os parentes pretendem a declaração de ausência, pois, neste caso, os parentes não pretendem que se declare a morte do ausente, tão somente que ele se encontra desaparecido e não deixou representante para cuidar de seus negócios. 
AUSÊNCIA
Conceito – O ausente é a pessoa que desaparece de seu domicilio sem dar noticia de seu paradeiro e sem deixar representante ou procurador para administrar-lhes os seus bens (art. 22 do CC/02). Neste caso, o juiz, a requerimento de qualquer interessado e o MP, declarará a ausência e nomeará o curador. Também será nomeado curador quando o ausente nomear mandatário que não queira ou não possa continuar a exercer o mandato, ou se seus poderes forem insuficientes. (art. 23).
Fases – A situação do ausente passa por três fases:
Fase da curadoria dos bens do ausente (art. 22 a 25);
Fase da sucessão provisória (arts. 26 a 36);
Fase da sucessão definitiva (arts. 37 a 39).
Ausência foi deslocada do Direito de Família para a Parte Geral do CC/02 – No Código Civil de 1916 estava previsto no Direito de Família, ao passo que no atual está previsto na Parte Geral.
1ª fase – Curadoria dos Bens do Ausente - O ordenamento jurídico procura preservar os bens que o ausente deixou, para a hipótese de seu eventual retorno.
- Curadoria fica restrita aos bens - Não produz efeitos de ordem pessoal, não se trata de uma declaração de morte, mas sim de ausência. Assim, a esposa do ausente não será considerada viúva. Para se casar, terá de promover o divórcio, salvo se tratar de pessoa envolvida em atividade política e tiver sido promovida a justificação prevista na Lei n. 6.683/79 que concedeu anistia aos políticos envolvidos na Revolução de 1964. 
- Comunicada a ausência ao juiz, este determinará a arrecadação dos bens do ausente e entregará a administração do curador – Esta curadoria prolonga-se por um ano, durante o qual serão publicados editais, de dois em dois meses, convocando o ausente a comparecer. 
Prazo da Curadoria dos bens do ausente - 1 ano, sendo que devem ser publicados editais de 2 em 2 meses convocando o ausente a desaparecer. 
- Decorrido o prazo, sem que o ausente reapareça, ou se tenha notícia de sua morte, ou se ele deixou representante ou procurador – Passado o prazo supra, sem que o ausente reapareça, ou haja notícia de sua morte, ou se ele deixou representante ou procurador, e passando, três anos, poderão os interessados requerer a abertura da sucessão provisória (CC, art. 26).
- Quem poderá ser curador do ausente?
Observe que a nomeação não é discricionária pelo juiz, estabelecendo a lei uma ordem legal e sucessiva:
1º lugar – Será considerado legitimo curador do ausente o seu cônjuge desde que não esteja separado judicialmente, ou separado de fato por mais de dois anos antes da declaração de ausência.
2º lugar – Na falta da cônjuge, a escolha recairá sobre os pais (a referencia é aos genitores e não aos ascendentes em geral) e os descendentes, nesta ordem.
3º lugar – Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos.
4º lugar – Na falta destas pessoas, o juiz nomeará curador dativo.
Cessa a curadoria:
Pelo comparecimento do ausente, do procurador ou de quem o represente;
Pela certeza da morte do ausente;
Pela sucessão provisória
2ª fase – Fase da sucessão provisória – Prolongando-se a ausência, o legislador se preocupa com os interesses de seus sucessores, permitindo a abertura da sucessão provisória. A idéia da provisoriedade da sucessão, portanto é uma cautela que se exige, pois, ainda que se anteveja o provável falecimento do ausente, não há plena certeza de tal fato.
Prazo - Decorrido um ano após a arrecadação dos bens, sem que o ausente reapareça, ou se deixou representante ou procurador e passando-se três anos, poderão os interessados requerer a abertura da sucessão provisória.
Interessados são:
-a) Cônjuge não separado judicialmente;
b) Herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários;
c) Os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte;
d) Os credores de obrigações vencidas e não pagas;
Há garantia de restituição dos bens, em cuja posse os herdeiros se imitiram provisoriamente, mediante a apresentação de penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos, valendo mostrar que aquele que tiver direito a sucessão provisória, mas não puder exigir a garantia prevista no artigo, será excluído, mantendo-se os bens que lhe deviam caber sob a administração do curador ou de outro herdeiro designado pelo juiz, e que preste esta garantia. 
Exceção a esta cautela de exigência da garantia - os ascendentes, descendentes e o cônjuge, uma vez provada a sua condição de herdeiros, poderãoindependentemente de garantia entrar na posse dos bens do ausente – Tal exceção a regra Geral de cautela se justifica pela particularidade de seu direito, em relação aos outros sujeitos legitimados para requerer a abertura da sucessão provisória.
Sentença que determinar a abertura da sucessão provisória - Só produz efeito a partir de 180 dias depois de publicada na imprensa, mas logo que passa em julgado, procede-se a abertura do testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido. 
Cessa a sucessão provisória -
Pelo comparecimento do ausente.
Converte-se a sucessão provisória em definitiva:
Quando houver certeza da morte do ausente;
Dez anos depois de passar em julgado a sentença de abertura da sucessão provisória;
Quando o ausente contar com oitenta anos e houverem decorridos 5 anos das suas ultimas notícias.
3ª Fase - Fase da sucessão definitiva - Depois de um longo período de ausência, é autorizada a sucessão definitiva.
- Poderão os interessados, dez anos após passar em julgado a sentença que concedeu a abertura da sucessão provisória, requerer a definitiva e o levantamento das cauções prestadas. Também pode ser requerida a sucessão definitiva provando-se que o ausente conta com oitenta anos de idade e decorreram 5 anos das últimas noticias suas.
- Os sucessores deixam de ser provisórios, adquirindo o domínio dos bens, mas de resolúvel, porque se o ausente regressar nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva ou algum de seus descendentes ou ascendentes, aqueles ou estes só haverão os bens existentes no estado em que se acharem, os subrogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos bens alienados depois daquele tempo. 
- Se todavia, o ausente não regressar nos dez anos posteriores a abertura da sucessão definitiva , e nenhum interessado promover a sucessão definitiva, os bens arrecadados irão para o domínio do Município ou Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da Uniao quando situados em território federal.
Retorno do ausente –
	1ª fase – Curadoria dos bens do ausente - Não há qualquer prejuízo ao seu patrimônio, continuando ele a gozar plenamente de seus bens
	2ª fase – Sucessão Provisória - Se o ausente aparecer já estando aberta a sucessão provisória, a prova de que sua ausência foi voluntária e injustificada faz com que o ausente perca, em favor do sucessor provisório, sua parte nos frutos e rendimento (art. 33, parágrafo único do CC/02). Todavia, em razão da provisoriedade de sua sucessão, o seu reaparecimento faz cessar imediatamente todas as vantagens dos sucessores imitidos na posse, que ficam obrigados a tomar medidas assecuratórias até a entrega dos bens (art. 36 do CC/02). 
	3ª fase – Sucessão Definitiva – Se já estiver sido aberta a sucessão definitiva, terá o ausente o direito a seus bens, se ainda incólumes, não respondendo os sucessores pela sua integralidade, conforme se verifica no art. 39 do CC/02.
Individualização da pessoa natural - São três as formas de individualização da pessoa natural: Nome, Estado e Domicilio. 
Nome – O nome é um dos mais importantes atributos da pessoa natural, pois individualiza o ser humano. É constituído por dois elementos necessários: 
Prenome – É o nome próprio do indivíduo. Pode ser simples ou composto.
Simples – Pedro
Composto – Pedro Paulo
Sobrenome – É o apelido da família. Indica a procedência da pessoa e sua filiação. Pode decorrer de sobrenome materno, paterno ou da conjunção de ambos. 
 
 - Facultativamente, o nome poderá ser composto por agnome ou pela inserção de alcunha.
Agnome – Consiste na terminação distintiva do sobrenome.
Ex: Filho, Neto, Sobrinho.
Alcunha – É a designação dada a alguém levando em conta determinadas situações particulares.
Ex: Gugu, Xuxa, Pelé, Zico.
Natureza jurídica do nome – Uns entendem que o nome tem natureza de um direito de propriedade. Mas esta corrente é inaceitável, pois o nome não é alienável e tem características que não se compatibilizam com o nome: A propriedade é prescritível e de caráter patrimonial. O nome, ao contrário, é inalienável, pois ninguém pode dele dispor, e de natureza extrapatrimonial. Somente poderia prosperar esta tese em relação ao nome comercial, que tem valor pecuniário e é suscetível de alienação com o fundo de comércio. A teoria atualmente aceita e que melhor define a natureza jurídica do nome é a que considera um direito da personalidade, ao lado de outros como a vida, honra e liberdade. Desse modo, é tratado pelo Código Civil de 2002, que inovou, dedicando um capitulo próprio aos direitos da personalidade, nele disciplinando o direito e a proteção ao nome e ao pseudônimo. 
Aquisição do nome – Ocorre através do registro civil, logo após o nascimento da criança. Em principio, o nome não pode ser alterado. Mas sua modificação é admitida em algumas situações previstas no Código Civil e na Lei de Registros Públicos. São as seguintes hipóteses:
Exposição ao ridículo;
Erro gráfico evidente;
Uso prolongado e constante de nome diverso daquele que figura no registro;
Inclusão de alcunha;
Homonímia;
Adoção;
Tradução;
Mudança de estado familiar individualizador, como divórcio, separação, casamento e união estável.
Proteção à testemunha. 
Estado - É o modo particular de existir. Divide-se em estado politico, familiar e individual. 
Estado politico – Refere-se à nacionalidade, podendo o individuo ser nato ou naturalizado ou estrangeiro. 
Estado familiar – É o vinculo conjugal como parentesco por afinidade ou consanguinidade, por exemplo, casado, separado, divorciado, convivente.
Estado individual – Diz respeito a características da pessoa, como idade, sexo, saúde, apelido e aparência. 
Caracteres do Estado
Indivisibilidade – Não é possível ter mais de um estado. Por isso, ele é uno e indivisível. Ninguém pode ser simultaneamente casado e solteiro, maior e menor, brasileiro e estrangeiro. A obtenção de dupla nacionalidade constitui exceção a esta regra.
Indisponibilidade – O estado civil é reflexo de nossa personalidade e, por esta razão, constitui relação fora do comércio. É inalienável e irrenunciável. Isto não impede a mutação, diante de determinados fatos e preenchidos os requisitos legais: solteiro passa a ser casado, este pode tornar-se viúvo. 
Imprescritibilidade – Não se perde nem se adquire o estado pela prescrição. O estado é elemento integrante da personalidade e, assim, nasce com a pessoa e com ela desaparece. Por isso, as ações de estado são imprescritíveis. Se, por um lado, não se perde o estado pela prescrição, não se pode obtê-lo pela usucapião. 
PESSOAS JURÍDICAS (Conceito) – São as entidades que a lei confere personalidade capacitando-as para ser sujeito de direitos e obrigações. Atuam na vida jurídica com personalidade diversa dos indivíduos que a compõem.
Natureza Jurídica – Perguntar a natureza jurídica de determinada figura, significa apontar em que categoria tal figura se enquadra, ressaltando as teorias explicativas de sua existência
Assim, fica a questão: Em que categoria do direito se enquadra a pessoa jurídica? Quais são as suas teorias explicativas?
- É importante salientar que várias teorias procuram estudar este fenômeno. Podem ser reunidas em dois grupos:
TEORIAS DA FICÇÃO – Podem ser da “ficção legal” ou da “ficção doutrinária”. Para a primeira, desenvolvida por Savigny, a pessoa jurídica é uma criação artificial da lei. Para a segunda, é criação dos juristas, da doutrina. Ambas não são aceitas. A crítica que se lhes faz é a de que o Estado é uma pessoa jurídica. Dizer- se que o Estado é uma ficção é o mesmo que dizer que o direito, que dele emana, também o é.
TEORIAS DA REALIDADE – Opõem ao primeiro grupo e se dividem em:
Teoria da realidade objetiva – Sustentam que a pessoa jurídica é uma realidade sociológica, ser com vida própria, que nasce por imposição das forças sociais. A crítica que se faz é queos grupos sociais não tem vida própria, personalidade, que é característica do ser humano.
Teoria da realidade jurídica – Assemelha-se a teoria da realidade objetiva. Considera as pessoas jurídicas como organizações sociais destinadas a um serviço ou oficio, e por isso personificadas. Merece a mesma critica feita aquela. Nada esclarece sobre as sociedades que se organizam sem a finalidade de prestar um serviço ou de preencher um oficio.
Teoria da realidade técnica – Entendem seus adeptos, especialmente Ihering, que a personificação dos grupos sociais é expediente de ordem técnica, a forma encontrada pelo direito para reconhecer a existência de grupos de indivíduos, que se unem na busca de fins determinados.
Direito Brasileiro adotou a Teoria da Realidade Técnica - Para Gagliano e Stolze, o Direito Brasileiro adotou a Teoria da Realidade Técnica, conforme se pode depreender do art. 18 do CC/16 e também do art. 45 do CC/02.
ART. 45 DO CC/02 – Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
- Percebe-se, a partir deste dispositivo, que a personificação da pessoa jurídica é, de fato, construção da técnica jurídica, podendo, inclusive, operar-se a suspensão legal de seus efeitos, por meio da desconsideração, em situações excepcionais admitidas pela lei.
- FINALIDADE DA ATRIBUIÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA A ENTIDADES DE EXISTÊNCIA IDEAL - O que é importante destacar é que a outorga de personalidade jurídica a entidades de existência ideal tem for finalidade, o livre estabelecimento de relações jurídicas lícitas, facilitando o comércio e as atividades negociais.
REQUISITOS PARA A CONSTITUIÇÃO DA PESSOA JURIDICA – São três:
1) Vontade Humana criadora (Intenção de criar uma entidade distinta de seus membros
 - Ato constitutivo - Estatuto para as Associações (Sem fins lucrativos) 
- Contrato Social: Sociedade simples ou empresárias
- Escritura Pública ou Testamento para Fundações 	
		
Observância das Condições Legais 
- O ato constitutivo deve ser levado a registro para que comece então, a existência legal da pessoa jurídica de direito privado (CC, art.45). Antes do registro, não passará de mera sociedade de fato ou sociedade não personificada, equiparada por alguns ao nascituro, que já foi concebido, mas só adquirirá personalidade se nascer com vida. 
- Registro público - Sociedade Empresária: Junta Comercial
- Sociedade Simples de advogados: OAB 
- Demais pessoas jurídicas de direito privado: Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas (LRP, arts. 114 e seguintes)
- Aprovação do Governo - Algumas pessoas jurídicas precisam de autorização do Executivo (art. 45 do CC/02). Exemplos: Seguradoras, Instituições financeiras, as administradoras de consórcios.
Sociedades sem personalidade jurídica – o art. 12, VII, do CPC determina que as sociedades sem personalidade jurídica, serão representadas ativa ou passivamente, pela pessoa a quem couber a administração de seus bens.
3) Liceidade de seus objetivos (CC, ART. 69) – Objetivos ilícitos ou nocivos constituem causa de extinção da pessoa jurídica.
 
CLASSIFICAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA
Quanto à nacionalidade - Ela pode ser Nacional ou Estrangeira
Quanto à estrutura interna (Corporação ou Fundação) – 
Corporação – (Universitas personarum): É o conjunto ou reunião de pessoas. Dividem em associações e sociedades, que podem ser simples ou empresárias (antigamente denominadas civis e comerciais). Atualmente, pelo novo sistema do Código Civil, todas são civis (art. 982 do CC/02).
O QUE DISTINGUE AS CORPORAÇÕES DAS FUNDAÇÕES?
- As corporações visam à realização de fins internos, estabelecidos pelos sócios. As fundações, ao contrário, têm objetivos externos estabelecidos pelo seu instituidor. O patrimônio nas corporações é secundário (um meio para a realização de um fim), já nas fundações o patrimônio é essencial. 
CORPORAÇÕES (ASSOCIAÇÕES E SOCIEDADES)
- Associações não tem fins lucrativos, mas sim fins religiosos, morais, culturais, desportivos ou recreativos.
Exclusão do associado - Só é admissível quando há justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto. (art. 57 do CC/02).
Sociedades - (Sociedades Simples e Empresárias)
- Sociedades Simples - Tem fim econômico e visam lucro a ser distribuído entre seus sócios. São constituídas por profissionais da mesma área (advogados, médicos, engenheiros) ou por prestadores de serviços técnicos. 
Sociedades empresárias – Visam lucro. Distinguem-se das sociedades simples, pois as empresárias têm por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro, conforme estatui o art. 967 do CC/02.
Fundação – (Universitas Bonorum) – É o conjunto ou reunião de bens. É, portanto, um acervo de bens, que recebe personalidade para a realização de fins determinados. Compõem-se de dois elementos: o patrimônio e o fim (estabelecido pelo instituidor e não lucrativo).
Quanto à função (á orbita de sua atuação) – De Direito Público e de Direito Privado
 As pessoas jurídicas de direito Público se dividem em:
1.1) Direito Público Externo (CC, art. 42)- Os Estados Estrangeiros, inclusive a Santa Sé e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público, inclusive organismos internacionais, como a ONU, OEA, UNESCO, FAO).
1.2) Direito Público Interno – (CC, art. 41)- 
Administração Direta – União, Estados, Territórios, DF e Municípios;
Administração Indireta - Autarquias, inclusive associações públicas, fundações públicas e as demais entidades de caráter público criadas pela lei.
Pessoas Jurídicas de Direito Privado – São as corporações (associações, sociedades simples e empresárias, organizações religiosas, partidos políticos, sindicatos) e as fundações. As empresas públicas e as sociedades de economia mista sujeitam-se ao regime próprio das empresas privadas. 
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA - A teoria da desconsideração da personalidade jurídica permite que o juiz, em casos de fraude e má-fé, desconsidere o princípio de que as pessoas jurídicas tem existência distinta da de seus membros e autorize a penhora dos bens particulares dos sócios (CC, art. 50; CDC, art. 28).
Antes do surgimento de lei que permitisse a aplicação da teoria, os tribunais aplicavam analogicamente a regra do art. 135 do CTN – Tal artigo responsabiliza pessoalmente os diretores, gerentes, ou representantes das pessoas jurídicas de direito privado por créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes, infração a lei, contrato social ou estatutos.
Art. 28 do CDC - 
Art. 50 do CC/02 - “Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do MP, quando couber intervir no processo, que os efeitos de certas de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.
- Observe que a desconsideração da personalidade jurídica se dá pela desvio dos fins estabelecidos no contrato social ou nos atos constitutivos e também pela confusão entre o patrimônio social e o dos sócios e administradores.
Há a chamada desconsideração inversa - 
RESPONSABILIDADE CIVIL DAS PESSOAS JURÍDICAS
Responsabilidade contratual: As pessoas jurídicas, desde que se tornem inadimplentes, respondem por perdas e danos (art. 389 do CC/02). Tem responsabilidade objetiva por fato e vício do produto e do serviço. 
Responsabilidade extracontratual: As pessoas jurídicas de direito privado (corporações e fundações) respondemcivilmente pelos atos de seus prepostos, tenham ou não fins lucrativos (art. 186 e 932, III).
Responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público por atos de seus agentes – 
Fases:
Irresponsabilidade estatal – Tal irresponsabilidade era representada pela frase universalmente conhecida: THE KING CAN DO NOT WRONG;
Fase Civilista – Representada pelo art. 15 do CC/16, que responsabilizava as pessoas jurídicas de direito público pelos atos de seus representantes, que nessa qualidade causarem danos a terceiros; nessa fase, a vítima tinha o ônus de provar culpa ou dolo do funcionário; assegurou-se ação regressiva do Estado contra este último.
Fase Publicista - A partir da CF/46, quando a questão passou a ser tratada em nível de direito público, regulamentada pela Constituição Federal. A responsabilidade passou a ser objetiva na modalidade do risco administrativo (não a do risco integral, em que o Estado responde em qualquer circunstância). Assim, a vítima não tem mais o ônus de provar a culpa ou dolo do funcionário. Mas admite-se a inversão do ônus da prova. O Estado se exonera da obrigação de indenizar se provar culpa exclusiva da vitima, força maior e fato exclusivo de terceiro. Em caso de culpa concorrente da vitima, a indenização será reduzida pela metade.
Ponto Importante – Alguns autores como Washington de Barros Monteiro e Maria Helena Diniz entendem que as nossas Constituições adotaram a teoria do risco integral. Mas trata-se de um erro de ordem semântica, pois admitem que o Estado pode provar a culpa exclusiva da vitima ou forma maior, para não indenizar.
- O assunto está regulamentado no art. 37, §6º da CF/88 – 
Art. 37, §6º da CF/88 - Duas inovações em relação ás Constituições anteriores: Substitui a expressão funcionário por agente, mais ampla, e estendeu esta responsabilidade objetiva às pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos (concessionárias e permissionárias).
Pergunta importante: A Ação indenizatória só pode ser ajuizada contra a pessoa jurídica e não contra o funcionário?
R: Embora muitos autores sustentem que a ação deve ser ajuizada contra a pessoa jurídica e não contra o funcionário público, o STF já decidiu que as ações fundadas na responsabilidade objetiva só podem ser ajuizadas contra a pessoa jurídica. Mas, se o autor se dispõe a provar a culpa ou o dolo do servidor (responsabilidade subjetiva), abrindo mão de uma vantagem, poderá movê-la diretamente contra o causador do dano, principalmente porque a execução contra o particular é menos demorada, não sujeita a expedição de precatório.
Outra pergunta: A Denunciação da Lide é possível?
R: O STJ tem proclamado, por expressão disposição legal e constitucional, a denunciação da lide ao funcionário, mesmo que o Estado, na contestação, alegue culpa exclusiva da vítima, sendo defeso ao juiz condicioná-la a confissão de culpa do denunciante. 
Mais uma pergunta: Cabe a ação mesmo que não se identifique o funcionário?
R: Sim, cabe a ação mesmo que não se identifique o funcionário causador do dano, especialmente nos casos de omissão da Administração. Esses casos são chamados de “culpa anônima da Administração”.
Ex: Enchentes em São Paulo que não foram solucionadas pelas diversas administrações que a cidade teve.
Para terminar, a última pergunta: A Responsabilidade em caso de omissão da Administração é objetiva ou subjetiva?
R: Malgrado a opinião de Bandeira de Mello, o qual afirma ser a responsabilidade da Administração, em caso de omissão da mesma, subjetiva, não se admite este entendimento. Portanto, a Administração responde objetivamente tanto nos casos de ação e de omissão e não somente nos casos de ação como Bandeira de Mello sustenta.
EXTINÇÃO DA PESSOA JURÍDICA – Termina a existência da pessoa jurídica pelas seguintes causas:
Convencional – Por deliberação de seus membros conforme quorum previsto nos estatutos ou na lei 
Legal – Em razão de motivo determinante na lei
Administrativa – Quando as pessoas jurídicas dependem de aprovação ou autorização do Poder Público e praticam atos nocivos ou contrários aos seus fins. Pode haver provocação por qualquer um do povo ou do MP.
Natural – Resulta da morte de algum de seus membros, se não ficou estabelecido que prosseguirá com seus herdeiros.
Judicial - Quando se configura algum dos casos de dissolução previstos em lei ou no estatuto e a sociedade continua a existir, obrigando um dos sócios a entrar em juízo.
DOMICÍLIO DA PESSOA JURÍDICA – O art. 75 do CC/02 declara que o domicilio da União é o Distrito Federal; dos Estados e Territórios, as respectivas capitais; e do Município, o lugar onde funciona a administração municipal. O das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivo.
- Pessoa Jurídica com diversos estabelecimentos em lugares diferentes – Se a pessoa jurídica tiver diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicilio para os atos nele praticados. (art. 75, §1º do CC/02).
Relembrando:
Domicílio – Conceito – É a sede jurídica da pessoa, onde ele se presume presente para efeitos de direito. É onde pratica seus atos e negócios jurídicos. É o local onde ela responde pelas suas obrigações. Tal conceito é jurídico (CC, art. 327 e 1785; CPC, art. 94).
Art. 327 do CC/02 – Lugar do Pagamento, em regra, é no domicilio do devedor, salvo se as partes convencionarem diversamente, ou se o contrario resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstancias.
Art. 94 do CPC – As ações fundadas em direito pessoal e em direitos reais sobre bens moveis serão propostas, em regram, no domicilio do réu.
Art. 70 do CC/02 – O Domicilio da Pessoa Natural é o lugar onde a pessoa estabelece a sua residência com o ânimo definitivo. A residência é, portanto, um elemento do conceito de domicílio, o seu elemento objetivo. O elemento subjetivo é o ânimo definitivo.
Dois elementos do conceito de Domicilio
Elemento Objetivo - Residência	
Elemento Subjetivo – Ânimo Definitivo.
Espécies - a) Necessário ou legal – É o determinado pela lei
Voluntário, que pode ser geral (fixado livremente) ou especial (fixado com base em um contrato: foro contratual ou de eleição)
Portanto:
Voluntário:
Pode ser geral - (fixado livremente) - O geral pode ser escolhido livremente, pode ser mudado conforme prescreve o art. 74 do CC/02.
Pode ser especial (fixado com base num contrato) - O especial pode ser fixado em um contrato, sendo este o previsto no art. 78 do CC/02. E o especial pode ser o foro de eleição que é o do art. 111 do CPC.
Observação importante: A parte beneficiada por este poderá abrir mão desta prerrogativa e ajuizar a ação no foro do domicílio do réu. Não se tem admitido o foro de eleição nos contratos de adesão, salvo se demonstrar a inexistência de prejuízo para o aderente.
Necessário ou Legal – É o determinado pela lei, em razão da situação de certas pessoas.
São eles: (CC, ART. 76 e parágrafo único).
- Incapaz - O domicilio dele é o do seu representante ou assistente;
- Servidor Público – O domicilio dele é onde ele exerce permanentemente suas funções;
- Militar - Sendo ativo, tem domicílio onde serve, e, sendo da Marinha e Aeronáutica, na sede do comando aonde se encontra subordinado;
- Marítimo - Onde o navio está matriculado;
Preso – O Local onde cumpre a sentença.
- O agente diplomático que, citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem designar onde tem, no país, o seu domicilio, poderá ser demandado no Distrito federal ou no último ponto do território nacional onde o teve. (art. 77 do CC/02).
 Domicílio (art. 70 do CC/02) – É o lugar onde a pessoa estabelece a sua residência com o ânimo definitivo.
Deve-se observar o art. 72 do CC/02 – É também domicilio da pessoa natural, quanto às relações concernentes a profissão, o lugar onde esta é exercida. 
Dois elementos do conceito de Domicilio – O elemento objetivo/físico(residência) e o elemento subjetivo (ânimo definitivo). 
Importância do conceito de domicílio – Tem significado relevante para todos os ramos do Direito, especialmente o direito processual civil. O foro comum, conforme prescreve o art. 94 do CPC é o do domicílio do réu. Todavia, há foros especiais, como o foro da residência da mulher, nas ações de separação judicial, conversão desta em divórcio e para a anulação do casamento. O foro do domicilio do autor da herança é o competente para o inventário e partilha, mesmo que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro. O foro do domicílio do ausente é o competente para as ações em que ele for réu, como o inventário de seus bens. O foro do domicilio ou da residência do alimentando para a ação em que se pedem alimentos.
 
Domicilio não se confunde com residência - Residência é elemento do conceito de domicílio. Residência é simples estado de fato, indica a radicação do individuo em determinado local, sendo o domicilio uma situação jurídica.
Domicilio não se confunde com habitação ou morada – Morada ou habitação é o local que a pessoa ocupa esporadicamente, como uma casa de campo ou de praia. É mera relação de fato, de menor expressão que residência. 
Possibilidades:
 - Uma pessoa pode ter um só domicilio e mais de uma residência;
- Uma pessoa pode ter mais de um domicílio, pois o CC/02 admite a pluralidade domiciliar – Para tanto, basta ter diversas residências, onde alternadamente viva (art. 71 do CC/02);
Domicilio profissional – É também domicílio da pessoa natural, quanto ás relações concernentes a profissão, aonde esta é exercida. Se a pessoa exercitar a profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem. 
Exemplo: Se a pessoa mora com sua família em São Paulo, tendo escritórios em cidades contíguas, como Santo André e Diadema, onde comparece em dias alternados, em qualquer desses três lugares, poderá ser acionada. 
Domicílio ocasional – É possível, segundo o art. 73, alguém ter domicílio sem ter residência fixa. É o caso de ciganos e andarilhos ou de caixeiros viajantes. Considera-se domicílio o lugar onde forem encontrados.
Mudança de domicilio – As pessoas podem mudar de domicilio. Aduz o artigo 74 que se muda do domicilio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar. Não basta que as pessoas troquem de endereço, é necessário que haja intenção manifesta de o mudar. Essa intenção é aferida pela conduta e resultará do que declarar ás municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou se tais declarações não fizer, da própria mudança, com as circunstancias que a acompanharem. 
Exemplos de circunstancias: A matrícula dos filhos em escola de nova localidade, a transferência de linha telefônica, a abertura de contas bancárias, posse em cargo público. 
Espécies de domicílio - O domicílio pode ser:
Voluntário – É o fixado de maneira livre. O voluntário pode ser:
a.1) Geral (escolhido livremente)
a.2) Especial (Pode ser o foro do contrato (art. 78 do CC/02) e o foro de eleição (art. 111 do CPC). 
Contrato – O primeiro é o local especificado no contrato para o cumprimento das obrigações dele resultantes.
Foro de eleição - É o escolhido pelas partes para a propositura de ações relativas às referidas obrigações e direitos recíprocos. 
Pergunta: É admissível o foro de eleição nos contratos de adesão?
R: O STJ tem considerado ineficaz a clausula de eleição de foro em contratos de adesão, quando:
Quando constitui obstáculo à parte aderente, dificultando-lhe o comparecimento em juízo;
Se é abusiva, resultando especial dificuldade para a outra parte;
Se o outro contratante presumivelmente não pode discutir cláusula microscopicamente impressa de eleição de foro. 
Necessário ou legal – É a casa dos pais, dos tutores ou curadores dos interditos. 
QUADRO ESQUEMÁTICO DO ENQUADRAMENTO DO NEGÓCIO JURÍDICO NO MUNDO DO DIREITO
 
 Natural 	
Fato jurídico “strictu sensu” (Fato jurídico da natureza) 
Fato 
 Jurídico 
 Ato jurídico 
(Fato jurídico humano) 
Ato jurídico simples “strictu sensu” (vontade simples).
Expressão básica “EU QUERO” 
Negócio Jurídico (vontade qualificada).
 
Diferença central dos fatos naturais e fatos jurídicos – São as consequências que eles trazem. 
Fato natural – Não traz consequências para o mundo do Direito, portanto não é relevante para o mundo do Direito. 
Exemplo: Está chovendo hoje. 
Fato jurídico – É o acontecimento da vida que traz consequências para o mundo do Direito. 
 Exemplo: Se a mesma chuva é tão intensa que chega a derrubar árvores e destelhar casas, causando estragos, este fato deixa de ser natural para ser fato jurídico, pois passa a ter relevância para o mundo do Direito. 
Para o estudo, estudaremos apenas os fatos jurídicos: Como vimos acima, eles se dividem em: 
Fato jurídico strictu sensu – Não depende da vontade humana para ocorrer.
Ato jurídico – Depende da vontade humana para ocorrer.
Nascimento (Nascer) – É um fato biológico, portanto, não depende de manifestação de vontade. Assim, o nascimento é um fato jurídico. 
Morte – É um fato biológico, portanto, não depende da manifestação de vontade. Assim, a morte é um fato jurídico. 
Tanto o nascimento como a morte – São fatos jurídicos strictu sensu e não atos jurídicos. 
Ato jurídico strictu sensu – Pode se resumir na expressão “EU QUERO”. Esta vontade é simples (não qualificada). 
Exemplo: Estender um braço e pegar uma laranja ou fisgar um peixe.
Negócio Jurídico (Conceito) – É todo ato humano que cria, extingue, transfere ou modifica direitos ou obrigações e que para se constituir exige vontade é complexa (qualificada).
Exemplo: Contrato de compra e venda. 
O negócio jurídico deverá sempre ser analisado sobre três planos: O Plano da Existência, o Plano da Validade e o Plano da Eficácia. 
Plano da Existência - O Plano da Existência preocupa-se com a existência material, fática do negócio. O seu foco está nos substantivos, não nos adjetivos. Para que um negócio exista, ele deve atender a três requisitos:
 a) Deve ter partes; 
 b) Deve ter objeto; 
 c) Deve ter manifestação de vontade das partes.
Negócio jurídico celebrado por absolutamente incapaz considera-se existente - Será considerado existente negócio jurídico realizado por absolutamente incapaz, apesar de inválido, uma vez que nulo.
Exemplo: Se há doação a menor impúbere (cinco anos), o negócio jurídico é existente, mas inválido. 
Partes – Todas as pessoas podem ser parte de um negócio jurídico, além dos entes despersonalizados. 
Entes despersonalizados – São figuras jurídicas não dotadas de personalidade jurídica a quem a lei atribui a possibilidade de ser parte em negócios jurídicos e de ter legitimidade processual, como, por exemplo, a massa falida, o condomínio e o espólio. 
Ausência de um dos requisitos de existência do negócio jurídico – O negócio jurídico é inexistente.
Plano da Validade (art. 104 do CC/02) – O Direito não pode impedir que as partes realizem qualquer negócio que desejem. No entanto, ele pode estabelecer limites para a aceitabilidade dos negócios. Se o negocio ultrapassar os limites impostos pelo Direito, dizemos que ele tem problema de validade. O plano da validade preocupa com os adjetivos mais do que com os substantivos. Para que um negócio seja válido, ele deve atender a três elementos de validade previstos no art. 104 do Código Civil e também denominados elementos essenciais do negócio:
Partes capazes – É a aptidão para intervir em negócios jurídicos como declarante ou declaratário. A incapacidade de exercício é suprida, porém, por meios legais: A representação e a assistência. Os absolutamente incapazes não participam do ato, sendo representados por seuspais, tutores ou curadores. Os relativamente incapazes já participam do ato, junto com os referidos representantes, que os assistem. 
Objeto lícito, possível, determinado ou determinável – 
Objeto deve ser lícito - O objeto lícito é aquele que não atenta contra a lei, a moral e os bons costumes. Quando o objeto do contrato é imoral, os tribunais se valem do princípio de direito de que ninguém pode valer-se da própria torpeza (nemo auditur propriam turpitudinem allegans). Tal princípio é aplicado pelo legislador quando reprime no art. 150 do CC/02, o dolo ou a torpeza bilateral.
Objeto também deve ser possível - O objeto deve ser, também, possível. Quando impossível, o negócio jurídico é nulo. A impossibilidade pode ser física ou jurídica. 
Impossibilidade física - A impossibilidade física é aquela que emana das leis físicas ou naturais. Deve ser absoluta, isto é, atingir a todos, indistintamente. A relativa, que atinge o devedor, mas não outras pessoas, não constitui obstáculo ao negócio jurídico (art. 106 do CC/02). 
Impossibilidade jurídica - A Impossibilidade jurídica do objeto ocorre quando o ordenamento jurídico proíbe, expressamente, negócios a respeito de determinado bem, como à herança de pessoa viva (CC. art. 426) e alguns bens fora do comércio. 
Diferença entre objeto ilícito e impossibilidade jurídica – A ilicitude do objeto é mais ampla, pois abrange a moral e aos bons costumes. 
Objeto deve também ser determinado ou determinável – O objeto deve ser determinado ou determinável, ou seja, indeterminado relativamente ou suscetível de determinação no momento da execução. 
Exemplo: Venda de coisa incerta, indicada ao menos pelo gênero e quantidade, que será determinada pela escolha (art. 243 do CC/02). Venda alternativa, cuja indeterminação cessa com a concentração (art. 252 do CC/02). 
Forma prescrita ou não defesa em lei – Em regra, a forma é livre. 
Ausência de um dos elementos (requisitos) de validade do negócio jurídico – Na ausência de um dos elementos de validade do negócio jurídico, ele será considerado inválido. O negócio jurídico inválido se divide em nulo ou anulável. O negócio jurídico nulo, por afetar interesse público, pode ser arguido a qualquer tempo e grau de jurisdição. 
QUADRO ESQUEMÁTICO DAS DIFERENÇAS ENTRE NEGÓCIO NULO E ANULÁVEL
	NEGÓCIO JURÍDICO NULO 
	NEGÓCIO JURIDICO ANULÁVEL
	Não admite convalidação 
	Admite convalidação 
	Viola interesse público 
	Viola interesse privado
	Efeitos Ex Tunc (Retroage á data de celebração do negócio jurídico). 
	Efeitos Ex Nunc (Gera efeitos da sentença em diante). 
	Sentença que declara a nulidade tem natureza Declaratória e gera efeitos retroativos até a data de constituição do negócio também denominados efeitos ex tunc. 
	Sentença que decreta a anulação tem natureza constitutiva e gere efeitos somente dali em diante também denominados efeitos ex nunc. 
	Pode ser arguido a qualquer tempo e grau de jurisdição 
	Deve ser arguido no prazo da lei, sob pena de convalidação tácita. 
	Juiz pode e deve declarar de ofício a invalidade do negócio jurídico (ex officio). 
	Não pode ser decretado de oficio, depende de arguição da parte. 
Plano da Eficácia - O plano da eficácia se preocupa com os efeitos do negócio, ou seja, suas consequências para o mundo real. Para que um negócio gere efeitos, a sua validade e existência não são pré-requisitos. 
É possível que negócio jurídico inválido gere efeitos – O casamento putativo é um exemplo.
É possível que negócio jurídico inexistente gere efeitos - Abertura de conta corrente em banco por alguém que foi furtado é o exemplo de negócio jurídico inexistente, mas que gera efeitos.
Negócio jurídico, em regra, começa a gerar efeitos no momento em que é constituído, todavia, é possível que as partes interfiram no momento do início ou do término dos efeitos do negócio - Em regra, um negócio começa a gerar efeitos no momento em que é constituído, no entanto se as partes desejarem poderão interferir no momento do início ou do término dos efeitos do negócio. Para isto, eles deverão subordinar os efeitos do negócio a um evento. Ao fazer isso as partes inserem no negócio um elemento não essencial também chamado elemento acidental. 
Diferenças entre termo e condição - Se o evento esperado for futuro e certo, o elemento acidental é denominado termo. Todavia, se o evento for futuro e incerto, o elemento acidental é denominado condição.
Exemplo de condição – Darei R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a João se o Papa morrer este ano. Neste caso, o negócio jurídico está subordinado a um evento (morte do Papa neste ano) futuro e incerto, tratando-se de condição. A morte é certa, mas o momento em que ele ocorrerá é incerto. Outro exemplo de condição é a doação a João se chover no próximo sábado. 
Requisitos da condição – Futuridade e incerteza.
Pergunta: E se o evento for passado ou presente?
R: Considera-se condição o fato futuro, mas não o presente ou o passado. Assim, se alguém promete certa quantia a outrem se estiver premiado o seu bilhete de loteria corrido no dia anterior. Neste caso, ou o seu bilhete não foi premiado, e, então, a declaração é ineficaz, ou o foi e a obrigação é pura e simples e não condicional. 
Classificação da Condição:
Quando ao modo de atuação:
Condição suspensiva – A condição suspensiva suspende os efeitos do negócio enquanto se aguarda que o evento ocorra. 
Condição resolutiva – Põe fim aos efeitos o negócio caso o evento esperado ocorra. 
Observação: No contrato de alienação fiduciária, o devedor aliena ao credor (banco) a propriedade de um bem para garantia do cumprimento da obrigação. Caso o devedor cumpra por completo a obrigação extingue-se a propriedade do credor (banco) que deverá entregá-la ao devedor. Trata-se, portanto, de propriedade sob condição resolutiva ou propriedade resolúvel. 
Nos termos do Código Civil, a alienação fiduciária só pode recair sobre bens infungíveis. A legislação que trata do sistema financeiro da habitação permite a alienação fiduciária de bens imóveis. 
Quanto á fonte de que promanam
Condição natural - É aquela que não depende da vontade das partes para ocorrer. Dependem do acaso, fortuito, de fato alheio à vontade das partes. 
Exemplo: Dar-te-ei tal quantia se choveres amanhã. 
Condição potestativa – É aquela que para ocorrer depende da vontade de alguma das partes. A condição potestativa pode ser:
Exemplo: Darei a você R$ 5.000,00 (cinco mil reais) se você subir aquela montanha. 
A condição pode ser simplesmente potestativa – Quando depende da vontade, mas também de outros elementos. 
Exemplo: Dar-te-ei tal bem se fores a Roma.
 
A condição pode ser puramente potestativa – Quando depende só e exclusivamente da vontade. Tal condição é proibida, por força do art. 122 do CC/02. 
Exemplo: Dar-te-ei tal bem se eu quiser. 
Exemplo de termo – Darei R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a João se o Papa morrer. Como todos morrerão, este negócio jurídico está subordinado a um evento (morte do Papa) certo e futuro, tratando-se de termo. 
Requisitos do termo – Futuridade e certeza.
Classificação do Termo:
Inicial – Termo inicial marca o início dos efeitos do negócio; 
Final – Termo final marca o final dos efeitos do negócio. 
Encargo - É um elemento acidental que estabelece uma obrigação para o beneficiário de uma liberalidade (doação e testamento). Em regra, o encargo está ligado à destinação que deve ser dada a coisa objeto da liberalidade. 
Exemplo: Nomeio Tamyres minha herdeira com a obrigação dela cuidar de Bidu (cachorro de estimação). 
QUADRO ESQUEMÁTICO DOS ELEMENTOS ACIDENTAIS DO NEGÓCIO JURÍDICO
	CONDIÇÃO 
	TERMO
	ENCARGO
	Quando suspensiva impede a aquisição do direito enquanto o evento esperado não ocorre. 
Não há direito adquirido em negócio jurídico sob condição suspensiva - Negócio pendente de condição suspensiva não caracteriza direito adquirido. 
	Não impede a aquisição, mas apenas o exercício do direito. 
	Não impede aaquisição nem o exercício do direito. 
OBRIGAÇÃO 
Conceito – É o vínculo jurídico transitório entre credor e devedor pelo qual o devedor se compromete a uma certa prestação de caráter econômico cujo cumprimento é garantido pelo patrimônio do devedor. 
Obrigação e responsabilidade – Não se confundem. A obrigação nasce de diversas fontes. Cumprida, extingue-se. Se o devedor não a cumprir espontaneamente, surge a responsabilidade pelo inadimplemento. Esta, pois, é a consequência patrimonial do descumprimento da relação obrigacional. 
Obrigação sem responsabilidade – O exemplo claro são as dívidas prescritas e as obrigações naturais. 
Responsabilidade sem obrigação – É o caso do fiador, que é responsável pelo pagamento do débito somente na hipótese de inadimplemento da obrigação por parte do afiançado, este sim originariamente obrigado ao pagamento dos alugueis. 
A garantia do cumprimento da obrigação é o patrimônio do devedor - O devedor só pode responder por suas obrigações com seu patrimônio nunca com seu corpo. Em razão disso, o Direito Brasileiro não admite a prisão civil por dívida, salvo o inadimplemento voluntário de prestação alimentícia. No entanto, mesmo neste caso, a prisão não põe fim à obrigação, ou seja, não serve para pagar a dívida. 
Prisão civil por dívida alimentar não põe fim a obrigação – Não se extingue a obrigação com a prisão, pois a prisão tem natureza coercitiva. 
É o patrimônio do devedor que responde pela obrigação, nunca o patrimônio de terceiros - Somente o patrimônio do próprio devedor responde pela obrigação, nunca o patrimônio de terceiros. É em razão disso que os herdeiros do morto só se obrigam pelas dívidas do morto até o limite das forças da herança. 
Elementos constitutivos das obrigações:
Subjetivo – Os sujeitos da obrigação podem ser a pessoa natural ou jurídica, bem como a sociedade de fato. Hão de ser determinados ou determináveis.
Objetivo – O objeto imediato da obrigação é sempre uma prestação de dar, fazer ou não fazer. O objeto mediato é o que se descobre indagando: Dar ou Fazer o quê? Há de ser lícito, possível, determinado ou determinável (art. 104, II).
Vínculo jurídico – Sujeita o devedor a determinada prestação em favor do credor. 
Fontes das obrigações – A obrigação resulta:
Da Vontade do Estado, por intermédio da lei;
Da Vontade Humana, manifestada no contrato, na declaração unilateral ou na prática de um ato ilícito.
Lei é fonte imediata da obrigação – A lei é vista como fonte imediata da obrigação, ao passo que nos outros casos, a vontade humana é vista como fonte mediata da obrigação. Por estar sempre presente, mediata ou imediatamente, alguns a consideram a única fonte das obrigações. 
Toda obrigação tem conteúdo econômico – É importante afirmar que toda obrigação tem conteúdo econômico. 
Objetivo da Obrigação – A obrigação nasce para ser cumprida. 
Sujeitos da obrigação – Credor e devedor. O credor é o sujeito ativo, ao passo que o devedor é o sujeito passivo da obrigação. 
Objeto da Obrigação – É a prestação. 
Prestação – A prestação deve conter a exata descrição da conduta a ser realizada para que se considere cumprida a obrigação. É a partir da prestação que podemos classificar a obrigação em obrigação de dar, obrigação de fazer e obrigação de não fazer. 
 Obrigação de dar
PRESTAÇÃO Obrigação de fazer
 Obrigação de não fazer
Classificação das obrigações:
 
1ª Classificação (Quanto ao objeto)
 
 Obrigação de dar (positiva) - Obrigação de dar coisa certa
 - Obrigação de dar coisa incerta 
 
 	 Obrigação de fazer (positiva) - Infungível, personalíssima
 - Fungível, impessoal
 - Obrigação consistente em declaração de vontade
 
- Obrigação de não fazer (negativa)
2ª Classificação (Quanto aos elementos)
Obrigações simples – São as que apresentam um único sujeito ativo, um único sujeito passivo e um único objeto.
Obrigações complexas ou composta – São as que apresentam um ou todos os elementos no plural. Elas se subdividem em duas: 
Pela multiplicidade de objetos – Elas se subdividem em cumulativas, alternativas e facultativas. 
Obrigações cumulativas (conjuntivas) – Os objetos apresentam-se ligados pela conjunção “e”.
Exemplo: João obrigou-se a entregar a José um veículo e um animal.
Obrigações disjuntivas (alternativas) – Os objetos apresentam-se ligados pela disjuntiva “ou”.
Exemplo: João obrigou-se a entregar a José um veículo ou um animal.
Obrigações facultativas – Trata-se de obrigação simples em que é devida apenas uma única prestação, facultando ao devedor, e só a ele, exonerar-se mediante o cumprimento de prestação diversa e predeterminada.
Pela multiplicidade de sujeitos – Elas se subdividem em divisíveis, indivisíveis e solidárias. 
Obrigações divisíveis – São aquelas cujo objeto pode ser dividido entre os sujeitos.
Obrigações indivisíveis – São aquelas cujo objeto não pode ser dividido entre os sujeitos. 
As obrigações divisíveis e indivisíveis podem ser:
Ativas – Quando há multiplicidade de credores;
Passivas – Quando há multiplicidade de devedores
Só há interesse em saber se a obrigação é divisível ou in divisível se houver multiplicidade de credores ou de devedores – Se existe apenas um credor ou apenas um devedor, não interessa saber se a prestação é divisível ou indivisível, porque o devedor deverá cumpri-lo por inteiro. 
Exemplo: João obrigou-se a entregar a José duas sacas de café. O devedor só se exonerará mediante a entrega de todas as sacas. O mesmo acontece se o objeto for indivisível (um cavalo, por exemplo). 
Havendo dois credores ou dois devedores, a situação é diversa:
Obrigações divisíveis – Cada credor só tem direito à sua parte, podendo reclamá-la independente do outro. E cada devedor só responde pela sua parte. 
Exemplo: Se o objeto for entregar duas sacas de café, o credor só pode exigir dos devedores uma delas. Se quiser as duas, deve exigi-las dos dois devedores (CC, art. 257).
Obrigações indivisíveis - Cada devedor só deve, também, a sua quota-parte. Mas, em razão da indivisibilidade física do objeto (um cavalo, por exemplo), a prestação deve ser cumprida por inteiro. Se dois são os credores, um só pode exigir a entrega do animal, mas somente por ser indivisível, devendo prestar contas ao outro credor (CC, art. 259 e 261).
Obrigação solidária - A obrigação solidária resulta de lei ou da vontade das partes. Pode ser também passiva ou ativa. 
Se existirem devedores solidários passivos – Cada um deles deverá responder pela dívida inteira. Portanto, o credor pode exigir pela dívida inteira de apenas um deles. O devedor que cumpriu sozinho a prestação pode cobrar, regressivamente, a quota-parte de cada um dos devedores (CC, art. 283).
3ª classificação (Quanto ao conteúdo)
Obrigações de meio – O devedor promete empregar todos os meios ao seu alcance para a obtenção de determinado resultado, sem no entanto responsabilizar-se por ele.
Exemplo: Os advogados, quando patrocinam uma causa, não se obrigam a vencer a causa, mas a bem defender os interesses de seus clientes; bem como o dos médicos, que não se obrigam a curar, mas a tratar bem os enfermos. 
Obrigações de resultado – O devedor dela se exonera somente quando o fim prometido é alcançado. Não o sendo, é considerado inadimplemente, devendo responder pelos prejuízosdecorrentes do insucesso. 
Exemplo: Transportador, que promete tacitamente, ao vender o bilhete, levar o seu passageiro são e salvo ao destino. O cirurgião plástico quando realiza trabalho de natureza estética, assume risco do resultado. 
4ª classificação (Quanto à exigibilidade)
Obrigações civis – São as que encontram respaldo no direito positivo, podendo seu cumprimento ser exigido pelo credor, por meio de ação.
Obrigação natural – São aquelas que não podem ser exigidas judicialmente. O credor não tem o direito de exigir a prestação e o devedor não está obrigado a pagar. Em compensação, se este, voluntariamente efetua o pagamento, não tem direito a repeti-lo. Portanto, não cabe o pedido de restituição da importância paga, em razão da soluti retentio existente em favor do credor. 
A obrigação natural está presente em dois dispositivos do Código Civil – O art. 882 que não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita, ou cumprir obrigação judicialmente inexigível; e o art. 564, III, segundo o qual não se revogam por ingratidão as doações que se fizerem em cumprimento de obrigação natural. 
São dois os casos de obrigação natural – Dívidas prescritas (art. 882) e Dívidas de jogo (art. 814).
5ª classificação (Quanto aos elementos acidentais)
Obrigações Puras e simples – Não estão sujeitas a condição, termo ou encargo.
Obrigações Condicionais – São aquelas cujo eficácia está subordinada a um evento futuro e incerto (CC, arts. 121 a 130).
Obrigações a termo – São aquelas cujo eficácia está subordinada a um evento futuro e certo, a determinada data. O termo pode ser inicial (dies a quo) ou final (dies ad quem).
 
Obrigações modais, onerosas ou com encargo - São aquelas oneradas com algum gravame.
6ª classificação (Quanto ao momento em que devam ser cumpridas)
Obrigações de execução instantânea – São as que se consumam num único ato imediatamente após sua constituição. 
Exemplo: Compra e Venda á vista.
 
Obrigações de execução diferida – São aquelas que se consumam em um único ato, mas em momento futuro.
Exemplo: Entrega do objeto alienado em determinada data. 
Obrigações de execução continuada ou de trato sucessivo – São aquelas que se cumprem por meio de atos reiterados.
Exemplo: Prestação de serviços, Compra e Venda à Prazo, Prestações Periódicas. 
7ª classificação (Quanto à liquidez)
Obrigação liquida – É a obrigação certa quanto a sua existência e determinada em relação ao seu objeto. 
Obrigação ilíquida – É a que depende da apuração de seu valor para ser exigida. Portanto, ela depende de prévia apuração, pois, o seu valor, o montante da prestação, apresenta-se incerto.
8ª classificação (Reciprocamente consideradas)
Obrigações Principais – São as que subsistem por si, sem depender de qualquer outra.
Obrigações Acessórias – São as que têm sua existência dependente de outra relação jurídica, ou seja, dependem da obrigação principal. É o caso da fiança, da cláusula penal, dos juros. 
Nulidade da obrigação principal implica as acessórias – Como o princípio de que o acessório segue o principal foi acolhida em nossa legislação, obviamente a nulidade da obrigação principal implica a das acessórias, mas a recíproca não é verdadeira, pois a destas não induz a principal (CC, art. 184, segunda parte). 
9ª classificação (Obrigações com cláusula penal) – São aquelas em que há cominação de uma multa ou pena para o caso de inadimplemento ou de retardamento do cumprimento da avença. 
Cláusula penal tem caráter acessório – A principal função é a de servir como meio de coerção. 
A Cláusula penal pode ser:
Compensatória – É aquela prevista para o caso de total inadimplemento da obrigação. 
Moratória – É aquela destinada a garantir o cumprimento de alguma cláusula especial ou simplesmente a evitar a mora.
10ª classificação (Obrigações “propter rem”) 
 
OBRIGAÇÃO DE DAR
Obrigação de dar – Na obrigação de dar, o núcleo da prestação é a entrega de alguma coisa a alguém. Esta coisa poderá ser coisa certa ou incerta.
 Obrigação de Dar Coisa Certa (Conceito) – São aquelas que têm por objeto mediato uma coisa já especificada e individualizada, ou seja, as partes determinam exatamente qual a unidade da coisa que servirá para o cumprimento da obrigação.
Exemplo: Tenho a obrigação de dar a você um veículo marca Corsa, montadora GM, cor o vermelha, ano 2010, placas DLI 5460. Neste caso, obrigação é de dar coisa certa. 
Por isso, o Credor de coisa certa não pode ser obrigado a receber outra, ainda que mais valiosa – O devedor, assim, não pode modificar unilateralmente o objeto da prestação (art. 313 do CC/02). 
A Obrigação de Dar Coisa Certa confere ao credor simples direito pessoal e não real – Por isso, não podia o adquirente reivindicar a coisa, por não ter-lhe o domínio. Teria de contentar-se com a ação de perdas e danos e com a resolução da avença. Todavia, com o advento do art. 461-A do CPC, é permitido ao credor perseguir a coisa devida, expedindo-se em seu favor “mandado de busca e apreensão ou de imissão na posse, conforme se tratar de coisa móvel ou imóvel. 
A Extensão da Obrigação de Dar Coisa Certa decorre da regra geral de que o acessório segue o principal - A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso (CC, art. 233).
No silencio do contrato, quanto a este aspecto, a venda de um terreno com arvores frutíferas inclui os frutos pendentes – Como a alienação de um imóvel inclui, como acessório, o ônus dos impostos. Mas se o contrário pode resultar não só da convenção, mas das circunstâncias do caso. Por exemplo: Embora o alienante responda pelos vícios redibitórios, certas circunstâncias podem excluir tal responsabilidade, como o conhecimento de vício por parte do adquirente.
Obrigação de dar coisa certa é cumprida por meio da entrega e da restituição – Cumpre-se a obrigação de dar coisa certa mediante a entrega (como na compra e venda) ou restituição (comodato). Estes dois atos podem ser resumidos em um único ato: Tradição. 
Melhoramentos e acrescidos - Enquanto não ocorrer a tradição, a coisa pertencerá ao devedor, “com seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação (CC, art. 237).
Exemplo: Se o objeto da obrigação for a entrega de um animal, e este der cria, o devedor não poderá ser constrangido a entregá-la. Pelo acréscimo, tem o direito de exigir um aumento no preço, se o animal não foi adquirido juntamente com a futura cria. 
Frutos - Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes (art. 237, parágrafo único).
Frutos percebidos – Os que já foram colhidos.
Frutos pendentes – Os que não foram colhidos. 
Consequências da Perda ou Deterioração – Primeiramente, antes de estudarmos as consequências decorrentes da perda ou deterioração, devemos conceituar o que é perecimento e deterioração. Perecimento é perda total, já a Deterioração significa perda parcial. 
 Perecimento da coisa antes da tradição - Em caso de perecimento (perda total) da coisa antes da tradição, é preciso primeiramente saber se houve ou não culpa do devedor.
Não tendo havido culpa do devedor ou pendente condição suspensiva na obrigação de entregar – Fica resolvida a obrigação para ambas as partes, que voltam ao status quo ante, ou seja a proprietário da coisa suporta o prejuízo. 
Exemplo: Assim, o vendedor de uma casa (devedor) que já recebeu o preço dela, a qual veio a perecer sem culpa sua (em razão de caso fortuito ou força maior), deve devolvê-lo ao adquirente (credor), não estando obrigado a pagar perdas e danos.
O prejuízo é suportado, na obrigação de entregar, pelo devedor – Quem sofre o prejuízo nesta obrigação é o alienante (devedor), pois ele continua sendo proprietário até a tradição. Aplica-se o brocardo romano “RES PERIT DOMINO SUO”.
Já, na obrigação de restituir, o prejuízo é suportado pelo credor, pois ele é o dono – Tambémse aplica o brocardo supramencionado “RES PERIT DOMINO SUO”. Assim, se um animal que é objeto de comodato, não puder ser restituído, por ter perecido devido a um raio, resolve-se a obrigação do comodatário, que não responderá por perdas e danos, exceto se estiver em mora, suportando o comodante a perda, ressalvados os seus direitos até o dia da perda. 
Havendo culpa do devedor – Havendo perecimento do objeto, o devedor deverá pagar o equivalente em dinheiro mais as perdas e danos comprovadas tanto na obrigação de entregar quanto na de restituir. 
Deterioração da coisa antes da tradição - Em caso de deterioração (perda parcial), devemos perguntar se houve ou não culpa do devedor.
Não tendo havido culpa do devedor, na obrigação de entregar – Pode o credor resolver a obrigação, por não lhe interessar receber o bem danificado, voltando às partes, neste caso ao estado anterior; ou aceitá-lo no estado em que se encontra, com abatimento de preço, proporcional à perda (CC, art. 235). 
Não tendo havido culpa do devedor, na obrigação de restituir – O credor deverá receber o bem no estado em que se encontra, sem direito a qualquer indenização (CC, art. 240).
Havendo culpa pela deterioração, na obrigação de entregar – Pode o credor resolver a obrigação, voltando ás partes ao estado anterior; aceitar a coisa com abatimento, mas ele tem direito em qualquer dos casos à indenização por perdas e danos (art. 236). 
Havendo culpa pela deterioração, na obrigação de restituir – O credor pode exigir o equivalente em dinheiro, mais perdas e danos.
QUADRO ESQUEMÁTICO DAS DIFERENÇAS ENTRE A PERDA E A DETERIORAÇÃO NAS OBRIGAÇÕES DE DAR COISA CERTA (ENTREGAR E RESTITUIR)
	
	PERDA 
	DETERIORAÇÃO 
	
	Obrigação de entregar 
- A Coisa perece ou se deteriora antes da tradição para o devedor (alienante)
Ex: Compra e Venda
	Sem culpa do devedor – Fica resolvida a obrigação (Partes voltam ao status quo ante). Portanto o devedor deverá pagar o equivalente. 
Com Culpa do Devedor - O devedor deverá pagar o equivalente mais perdas e danos 
	Sem Culpa do Devedor – Pode o credor resolver a obrigação (voltando as partes ao status quo ante); ou o credor pode pedir abatimento proporcional á perda no preço.
Com Culpa do Devedor – O credor pode resolver a obrigação, exigindo o equivalente em dinheiro + perdas e danos; ou pedir abatimento proporcional à perda no preço + perdas e danos. 
	
	
	
	 
	
	Obrigação de restituir
- A Coisa perece ou se deteriora antes da tradição para o credor, pois ele é o dono.
Ex: Comodato 
	Sem culpa do devedor – Fica resolvida a obrigação. O credor deverá suportar o prejuízo
Com Culpa do Devedor – O devedor deverá pagar o equivalente mais perdas e danos. 
	Sem Culpa do Devedor – O credor deve recebê-la no estado em que ela se encontrar, sem direito a qualquer indenização. 
Com Culpa do Devedor - O devedor deverá pagar o equi
valente em dinheiro mais perdas e danos
	
Obrigação de dar Coisa incerta – É aquela cujo objeto é indicado pelo gênero e pela quantidade, faltando apenas a qualidade. A coisa incerta é a coisa especificada, mas não individualizada. As partes estabelecem um conjunto restrito de possibilidades e dentro deste conjunto qualquer dos elementos servirá para atender a obrigação.
Faltando o gênero ou a qualidade, não há obrigação de dar coisa incerta – Não há obrigação, pois a prestação é indeterminável. Assim, não pode ser objeto da prestação, por exemplo, entregar sacas de café, por faltar a quantidade, bem como a de entregar dez sacas, por faltar o gênero. Mas constitui obrigação de dar coisa incerta a de entregar dez sacas de café 
Cumprimento da obrigação de dar coisa incerta deve ser convertida em coisa certa - Para que seja cumprida a obrigação de dar coisa incerta deve necessariamente se converter em coisa certa. Esta conversão ocorre no momento da escolha ou concentração. 
Deve o credor ser cientificado da escolha – Para que a obrigação se concentre em determinada coisa, não basta apenas a escolha. É necessário também que o credor seja cientificado dela.
A escolha cabe, em regra, ao devedor, o qual deve escolher pela “média” - A escolha, em regra, cabe ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação. Portanto, só competirá ao credor se o contrato assim dispuser. Sendo omisso, pertencerá ao devedor. Ademais, o devedor não poderá escolher o pior elemento do conjunto, mas não está obrigado a escolher o melhor. 
Exemplo: Tenho a obrigação de dar a você um veículo marca Corsa, montadora GM, cor vermelha, ano 2010. Neste caso, a obrigação de dar é incerta.
 Se houver perecimento ou deterioração antes da escolha ainda que por caso fortuito ou força maior – O devedor não poderá se exonerar da obrigação, pois o gênero não perece. 
Exemplo: Se alguém se obriga a entregar dez sacas de café, não se eximirá da obrigação, ainda que perca todas as sacas que possui, porque, pode obter no mercado o café prometido. 
Todavia, se a obrigação for de dar coisa certa ou se tratar de gênero limitado, ou seja, circunscrito a coisas de determinado lugar (animais de uma determinada fazenda, cereais de determinado depósito) – O perecimento acarretará na extinção da obrigação. 
Obrigação de fazer – O núcleo da prestação é a realização de uma prática de uma conduta, desde que não seja entregar algo a alguém, pois a obrigação, nesse caso, será de dar. Outra diferença é que nas obrigações de fazer, o credor pode, conforme as circunstâncias, não aceitar a prestação por terceiro, enquanto nas obrigações de dar admite-se o cumprimento por outrem, estranho aos interessados.
Obrigação de fazer pode ser:
Genérica ou fungível - A obrigação de fazer pode ser genérica ou fungível quando pode ser realizada por qualquer pessoa não exigindo características pessoais especificas.
Infungível – A obrigação de fazer também pode ser infungível, também chamada de personalíssima, quando seu cumprimento exige características específicas inerentes ao devedor fazendo com que aquela conduta só possa ser realizada por ele. Nas obrigações personalíssimas, a única consequência possível para o descumprimento será a resolução em perdas e danos. 
Exemplo: Contrato Roberto Carlos para fazer um show. Se ele não comparecer, só cabe pleitear perdas e danos. 
Obrigação de emitir declaração de vontade – A obrigação de fazer pode derivar de um contrato preliminar (pacto de contrahendo), e consistir em emitir declaração de vontade, como, por exemplo, outorgar escritura pública em cumprimento de compromisso de compra e venda, endossar o certificado de propriedade de veículo. 
Inadimplemento das obrigações de fazer – O inadimplemento pode ocorrer devido á impossibilidade da prestação ou devido á recusa do devedor em prestá-la.
Se o inadimplemento ocorrer devido à impossibilidade da prestação:
Sem Culpa do Devedor – Resolve-se a obrigação, desde que a impossibilidade seja absoluta (art. 248, primeira parte do CC/02);
Com Culpa do Devedor – Responderá por perdas e danos. 
Exemplo: Se um ator ficou impedido de se apresentar em determinado espetáculo em razão de acidente a que não deu causa no trajeto para o teatro, sendo hospitalizado, não responde por perdas e danos. Mas a resolução do contrato o obriga a restituir eventual adiantamento da remuneração. Haverá a responsabilidade por perdas e danos, se ele criou a impossibilidade, ou seja, se ele viajou para local distante ás vésperas da apresentação contratada.
Se o inadimplemento ocorrer devido á recusa do devedor:
Nas obrigações infungíveis - Se a obrigação é infungível, o obrigado indenizará por perdas e danos, pois não se pode constranger fisicamente o devedor a executá-la. Atualmente, tem se admitido a execução especifica das obrigações de fazer, que contemplam meios de, indiretamente, obrigador o devedor a cumpri-la, mediante cominação de multa diária (astreinte). Assim, a teor do disposto no §1º do art. 461 do CPC, a obrigação somente se converterá em perdas e danos se o autor o requerer ou se

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