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Questões sobre Direito Coletivo do Trabalho - Corrigido

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Professor Eduardo Fornazari
Direito Coletivo do Trabalho – 1º BI/2016 - 1º SEMINÁRIO EM SALA
R E S P O S T A S
1. No âmbito do direito internacional, qual é a norma mais importante que disciplina a atividade sindical atualmente e o que ela garante em termos de liberdade sindical? O Brasil ratificou referida norma? Por quê?
Convenção 87 da OIT. Essa convenção internacional que trata de liberdade sindical garante, entre outras coisas: liberdade de criação/fundação sem prévio autorização do Estado; liberdade de gestão/administração, permitindo aos sindicatos total liberdade interna corporis; liberdade de atuação sem intervenção estatal administrativa (judicial sim); liberdade de filiação, seja no sentido de criar e se filiar a novas entidades, seja no sentido de ser livre a opção do trabalhador/empregador quanto à sua filiação ou não a uma entidade sindical. Essa Convenção não foi ratificada pelo Brasil. A nossa Constituição impede a ratificação por conter disposições que colidem com referida norma internacional, tais como: a contribuição sindical obrigatória e a unicidade sindical.
2. Categoria e profissão são a mesma coisa?
Não. Profissão é o meio lícito que uma pessoa escolhe e do qual provém o seu sustento. Já Categoria refere-se ao grupo de trabalhadores que está ligado a um determinado ramo da atividade econômica e na qual o trabalhador exerce a sua profissão.
3. O que se entende por categoria diferenciada? Basta que o empregado pertença a uma categoria diferenciada para fazer jus ao acordo coletivo aplicável à referida categoria diferenciada? Explique.
Categoria diferenciada está expressamente prevista no artigo 511, § 3º, da CLT. Envolve normalmente pessoas que exercem uma mesma profissão ou atividades assemelhadas que podem, por conta disso, criar o seu próprio Sindicato. 
Para que o empregado de uma categoria diferenciada já existente faça jus ao acordo coletivo da sua categoria é imprescindível que o empregador tenha partiticipado e seja signatário do referido acordo coletivo. Sem essa condição, não fará jus ao dispositivos desse acordo coletivo, mas sim ao da categoria predominante da empresa onde trabalha. É o que dispõe a Súmula 374 do C. TST.
4. Diferencie unicidade, unidade e pluralidade sindicais? Qual é o sistema adotado pelo Brasil?
A unicidade sindical decorre sempre de lei (norma legal) e se caracteriza por permitir apenas um único sindicato de uma mesma categoria numa determinada base territorial (que, no Brasil, não pode ser inferior à área de um município, conforme arts. 8º, II, da CF e 516 da CLT).
A pluralidade sindical é o sistema universal. Ele prega que não pode haver restrições ao número de sindicatos por categoria, de modo que, por esse sistema seria possível uma variedade de sindicatos de uma mesma categoria numa determinada base territorial.
Já, a unidade sindical se assemelha, de um lado, à unicidade sindical à medida que também prega a existência de um sindicato por categoria numa determinada base territorial, mas, por outro lado, se diferencia da unicidade pelo fato de ser – a unidade sindical – uma opção dos próprios trabalhadores e não uma imposição legal, como ocorre com a unicidade sindical.
5. Como está estruturado o chamado “sistema confederativo” no Brasil?
O sistema confederativo está estruturado da seguinte maneira: sindicatos no âmbito mínimo de um município; as federações (composta por pelo menos 5 sindicatos) no âmbito mínimo de um Estado; e as confederações (composta por no mínimo 3 federações) no âmbito nacional. Essas entidades são organizadas por categoria.
As centrais sindicais, a rigor, não fazem parte do sistema confederativo (arts. 517, 533 e ss, da CLT), embora sejam hoje reconhecidas por lei (11.648/08) como entidades suprassindicais. Não são organizadas por categoria. Pelo contrário, pressupõem uma pluralidade de entidades sindicais (de várias categorias) a elas filiadas. 
6. Partindo-se do teor das notícias abaixo, pede-se que o grupo se posicione: (a) primeiro, em relação à questão da regulamentação das Centrais Sindicais; (b) segundo, no que toca à legalidade do repasse de parte da contribuição sindical em benefício das Centrais Sindicais; (c) terceiro, no que concerne à diretriz traçada universalmente para que contribuição sindical seja facultativa. Tudo isso à luz do que se aprendeu em termos do que seria importante para que o Brasil se aproximasse daquilo que prega a Organização Internacional do Trabalho.
NOTÍCIA 1 (FIM DE 2008 – CONFIRMADA COM A APROVAÇÃO DA LEI 11.648/08 QUE RECONHECEU AS CENTRAIS SINDICAIS): A Câmara aprovou hoje o projeto que regulamenta as centrais sindicais e garante o repasse de recursos do imposto sindical para as entidades. Pela proposta, as centrais ficarão com 10% do bolo formado pelo chamado imposto sindical - equivalente a um dia de trabalho por ano, cobrado de forma obrigatória de todo trabalhador. A estimativa de arrecadação da contribuição sindical para 2008 é de R$ 1,250 bilhão, ou seja, as centrais ganharão em torno de R$ 125 milhões, segundo dados de deputados.
Atualmente, os recursos da contribuição sindical são distribuídos da seguinte forma: 60% para os sindicatos, 15% para as federações, 5% para as confederações e 20% para a "Conta Especial Emprego e Salário", administrada pelo governo. Pela proposta, a conta especial perderá recursos com o governo dividindo a sua parte com as centrais. Deputados contrários à proposta ressaltaram que o impacto será nos recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), que recebe dinheiro da conta especial.
O FAT custeia programas como o do seguro-desemprego, do abono salarial, do financiamento de programas de desenvolvimento econômico e das ações de geração de trabalho, emprego e renda. O deputado Vicentinho, ex-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), afirmou que a proposta incorpora as centrais na estrutura sindical, permitindo que elas possam fazer acordos nacionais, que representem todos os trabalhadores.(FONTE:AGÊNCIA ESTADO)
NOTÍCIA 2 (SETEMBRO DE 2008) O procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, encaminhou um parecer ao Supremo Tribunal Federal (STF) opinando que deve ser derrubada parte da lei que garantiu às centrais sindicais 10% dos recursos arrecadados com a contribuição sindical obrigatória. "A contribuição sindical compulsória é destinada ao custeio do sistema confederativo de representação sindical, no qual não se incluem as centrais sindicais", afirmou o procurador.
"Não há respaldo constitucional para que certa associação seja contemplada com contribuições de caráter compulsório, uma vez que tal situação caracteriza, em última análise, filiação compulsória, vedada pelo princípio da liberdade de associação", disse.
A opinião de Souza está em um parecer sobre uma ação movida pelo DEM contra o repasse do dinheiro para as centrais sindicais. O partido quer que o STF declare inconstitucional a lei que previu a destinação desses recursos para as centrais sindicais, que não têm relação direta com a categoria profissional do contribuinte. O presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), sustenta que os recursos da contribuição têm finalidade específica e não podem ser usados para custear atividades que extrapolem os limites da respectiva categoria profissional. 
O procurador-geral também baseou-se em aspectos técnicos para redigir o parecer. "A organização sindical, como estruturada na Lei Fundamental (Constituição), recusa que alteração dessa amplitude seja intermediada por legislação ordinária, pois, ao fim e ao cabo, representa a subversão de um modelo marcado pela unicidade, de um lado, tanto quanto pela liberdade de associação, de outro", disse. (FONTE:AGÊNCIA ESTADO)
NOTÍCIA 3 (JANEIRO DE 2011) PEC assegura repasse de contribuição sindical a centrais. Em análise na Câmara, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 531/10 assegura o recebimento, pelas centrais sindicais, de parte da arrecadação gerada pelas contribuições sindicais. Os autores da proposta, deputadosFlávio Dino (MA) e Daniel Almeida (BA), ambos do PCdoB, informam que o objetivo é evitar que dispositivos importantes para o custeio da atividade desenvolvida pelas centrais sindicais sejam declarados inconstitucionais. Votação no STF da Adin contra as centrais sindicais está empatada. Centrais criticam ação no STF contra imposto syndical. Eles estão preocupados com a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIn) 4067, ajuizada em 2008. A ADI questiona dispositivos da Lei 11.648/08, que não só reconheceu formalmente as centrais sindicais como também as tornou credoras de 10% do produto arrecadado pela contribuição sindical dos empregados. O argumento utilizado na ADIn: o artigo 149 da Constituição restringe a contribuição sindical ao âmbito de interesse das categorias profissionais, este entendido de forma restrita e, portanto, excluindo a atuação das centrais sindicais.
(FONTE: REDE BRASIL ATUAL)
A) Quanto à regulamentação das Centrais Sindicais, não dúvida de que hoje as Centrais Sindicais, enquanto Associação Civil de Sindicatos possuem respaldo legal e são expressamente reconhecidas pela Lei 11.648/08, lei esta que, com relação, especificamente ao reconhecimento das Centrais Sindicais não padece de nenhum tipo de inconstitucionalidade, mormente porque a própria Constituição garante a liberdade de associação (arts. 5º, XVII, e 8º, caput, da CF/88).
B) Concernente ao recebimento de parte (10%) da Contribuição Sindical, cumpre observar que a Constituição não trata das centrais sindicais como entidades do sistema confederativo, que hoje está estruturado/organizado por categoria (em qualquer um dos três níveis existentes). E se as Centrais não fazem parte do sistema confederativo, não podem se beneficiar pela contribuição sindical obrigatória (inteligência dos arts. 8º e 149, da CF/88). Não por outra razão, há a ADIN 4067 ajuizada perante o STF, a qual deve ser julgada procedente no nosso entender.
C) No que diz respeito à diretriz traçada internacionalmente, a contribuição não pode continuar obrigatória. Deve, pois, o Brasil alterar a Constituição e ratificar a Convenção 87 da OIT que prega a faculdade da contribuição sindical, vedando sua compulsoriedade. 
7. Numa determinada empresa em que há empregados pertencentes a vários tipos de categoria, como deve a empresa proceder em relação ao enquadramento sindical desses trabalhadores para que cumpra corretamente o que determina a lei?
Nesse caso, prevalece o entendimento dos artigos 570 e ss. da CLT, que determina o enquadramento pela atividade preponderante da empresa (art. 581, §§ 1º e 2º, da CLT).
8. O que se entende por poder normativo (da Justiça do Trabalho e dos/das Grupos/Categorias) em matéria de direito coletivo do trabalho?
Tanto as categorias (grupos), com a Justiça do Trabalho, no âmbito do Direito Coletivo têm o poder de criar normas que serão aplicadas às categorias envolvidas. A isso denomina-se poder normativo. O Direito do Trabalho não deriva de uma única fonte formal. Há uma pluralidade de fontes, dentre elas aquelas advindas do poder normativo. Esse poder normativo é garantido à Justiça do Trabalho pelo artigo 114, §2º, da CF/88 e aos grupos (categorias/sindicatos) pelo artigo 7º, XXVI, da CF/88, além do artigo 611 da CLT.

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