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DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO- APOSTILA COMPLETA,PDF.multivix

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DISCIPLINA: 
DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 
 
 
Autoria: ANA LUCIA LOUZADA FERNANDES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vitória, 2016 
 
1 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
Diretor Executivo: Tadeu Antonio de Oliveira Penina 
Diretora Acadêmica: Eliene Maria Gava Ferrão 
Diretor Administrativo Financeiro: Fernando Bom Costalonga 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NEAD – Núcleo de Educação à Distância 
 
GESTÃO ACADÊMICA - Coord. Didático Pedagógico 
 
GESTÃO ACADÊMICA - Coord. Didático Semipresencial 
 
GESTÃO DE MATERIAIS PEDAGÓGICOS E METODOLOGIA 
 
Coord. Geral de EAD 
 
 BIBLIOTECA MULTIVIX 
(Dados de publicação na fonte) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
F363d 
 
Fernandes, Ana Lucia Louzada. 
 
 
Direito internacional privado / Ana Lucia Louzda Fernandes. – Vitória : 
Multivix, 2016. 
 
 
100 f. ; 30 cm 
 Inclui referências. 
 
 
 
1. Direito internacional 2. Direito internacional privado I. Faculdade 
Multivix. II. Título. 
CDD: 342.3 
 
 
2 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
Disciplina: Direito Internacional Privado 
Autoria: Ana Lucia Louzada Fernandes 
 
Primeira Edição: 2016 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
SUMÁRIO 
 
1º BIMESTRE............................................................................................................ 8 
1 UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AO DIREITO INTERNACIONAL 
PRIVADO.................................................................................................... 9 
1.1 DESENVOLVIMENTO................................................................................... 9 
1.2 NOÇÃO FUNDAMENTAL DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO........ 9 
 
2 UNIDADE 2 – DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E 
DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO.............................................. 11 
2.1 DESENVOLVIMENTO................................................................................... 11 
 
3 UNIDADE 3 – O DOMÍNIO DO DIREITO INTERNACIONAL 
PRIVADO (DIPR)..................................................................................... 13 
3.1 DESENVOLVIMENTO................................................................................... 13 
3.2 O OBJETO..................................................................................................... 14 
3.3 DENOMINAÇÃO............................................................................................ 14 
3.4 O RELACIONAMENTO DO DIPR COM AS OUTRAS DISCIPLINAS 
JURÍDICAS..................................................................................................... 15 
 
4 UNIDADE 4 – DIREITO INTERTEMPORAL E DIREITO 
INTERNCIONAL PRIVADO.................................................................... 16 
4.1 DESENVOLVIMENTO................................................................................... 16 
 
5 UNIDADE 5 – DIREITO UNIFORME E DIREITO COMPARADO 19 
5.1 DESENVOLVIMENTO................................................................................... 19 
5.2 DIREITO COMPARADO................................................................................ 20 
5.3 DIREITO UNIFORMIZADO............................................................................ 20 
5.4 A UNIFORMIZAÇÃO DI DIREITO ECONÔMICO.......................................... 21 
5.5 DIREITO UNIFORME E DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO.................. 22 
5.6 MÉTODOS DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO................................ 22 
4 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
 
6 UNIDADE 6 – NORMAS DO DIREITO INTERNACIONAL 
PRIVADO.................................................................................................... 24 
6.1 DESENVOLVIMENTO................................................................................... 24 
6.2 AS NORMAS.................................................................................................. 25 
6.2.1 NORMAS INDICATIVAS OU INDIRETAS.................................................................. 25 
6.2.2 NORMAS DIRETAS............................................................................................. 25 
6.2.3 NORMAS QUALIFICADORAS............................................................................... 26 
6.3 ESTRUTURA DA NORMA............................................................................. 26 
6.3.1 UNILATERAIS OU INCOMPLETAS......................................................................... 26 
6.3.2 BILATERAIS OU COMPLETAS.............................................................................. 27 
 
7 UNIDADE 7 – FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL 
PRIVADO.................................................................................................... 28 
7.1 DESENVOLVIMENTO................................................................................... 28 
7.2 FONTES MATERIAIS E FONTES FORMAIS................................................ 28 
7.3 CLASSIFICAÇÃO DAS FONTES................................................................... 29 
7.3.1 LEI................................................................................................................... 29 
7.3.2 TRATADOS....................................................................................................... 30 
7.3.2.1 CARACTERÍSTICAS............................................................................................ 30 
7.3.2.2 NOMENCLATURA............................................................................................... 31 
7.3.2.3 CLASSIFICAÇÕES DOS TRATADOS....................................................................... 32 
7.3.2.4 VIGOR DO TRATADO.......................................................................................... 33 
7.3.2.5 REGISTRO DOS TRATADOS................................................................................ 33 
7.3.2.6 PROCESSUALÍSTICA.......................................................................................... 33 
7.3.3 JURISPRUDÊNCIA.............................................................................................. 35 
7.3.4 DOUTRINA........................................................................................................ 37 
7.3.5 O COSTUME..................................................................................................... 38 
 
8 UNIDADE 8 – HISTÓRIA DO DIREITO INTERNACIONAL 
PRIVADO.................................................................................................... 40 
8.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO INTERNACIONAL 40 
5 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
PRIVADO....................................................................................................... 
8.2 IDADE MÉDIA................................................................................................ 42 
8.3 ESCOLAS ESTATUTÁRIAS.......................................................................... 43 
8.4 O PERÍODO MODERNO............................................................................... 45 
8.5 O PERÍODO ATUAL....................................................................................... 45 
 
9 UNIDADE 9 – NACIONALIDADE......................................................... 47 
9.1 DESENVOLVIMENTO................................................................................... 47 
9.2 NACIONALIDADE ADQUIRIDA..................................................................... 47 
 
2º BIMESTRE............................................................................................................49 
10 UNIDADE 10 – CONDIÇÃO JURÍDICA DO 
ESTRANGEIRO......................................................................................... 50 
10.1 DESENVOLVIMENTO................................................................................... 50 
10.2 APLICAÇÃO PROVA E INTERVENÇÃO DO DIREITO 
ESTRANGEIRO............................................................................................. 50 
10.3 FORMAS DE INGRESSO.............................................................................. 51 
10.4 FORMAS DE EXCLUSÃO.............................................................................. 52 
10.5 DEPORTAÇÃO.............................................................................................. 52 
10.6 EXPULSÃO.................................................................................................... 52 
10.7 EXTRADIÇÃO................................................................................................ 53 
10.8 ASILO POLÍTICO........................................................................................... 54 
 
11 UNIDADE 11 – REGRAS DE CONEXÃO........................................... 55 
11.1 DESENVOLVIMENTO................................................................................... 55 
11.2 OBJETO E ELEMENTOS DE CONEXÃO...................................................... 55 
11.3 ELEMENTOS DE CONEXÃO........................................................................ 55 
 
12 UNIDADE 12 – ORDEM PÚBLICA...................................................... 59 
12.1 DESENVOLVIMENTO................................................................................... 59 
12.2 O PRINCÍPIO DA ORDEM PÚBLICA............................................................. 59 
12.3 RESERVAS DA ORDEM PÚBLICA............................................................... 60 
6 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
12.4 FRAUDE À LEI............................................................................................... 61 
12.4.1 FUNDAMENTOS DA FRAUDE À LEI NO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO.............. 61 
 
13 UNIDADE 13 – DIREITO DE FAMÍLIA................................................ 64 
13.1 DESENVOLVIMENTO.................................................................................... 64 
13.2 CASAMENTO................................................................................................. 64 
13.2.1 TIPOS DE CASAMENTO...................................................................................... 65 
13.2.2 AUTORIDADE COMPETENTE............................................................................... 65 
13.2.3 CASAMENTO REALIZADO POR AUTORIDADE INCOMPETENTE................................ 66 
13.2.4 PROCLAMAS..................................................................................................... 66 
13.2.5 PROVA DO CASAMENTO CONSULAR................................................................... 66 
13.2.6 INVALIDADE DO CASAMENTO............................................................................. 67 
13.2.7 CASAMENTO POR PROCURAÇÃO........................................................................ 67 
13.2.8 DISSOLUÇÃO DO VÍNCULO................................................................................. 67 
 
14 UNIDADE 14 – HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA 
ESTRANGEIRA......................................................................................... 69 
14.1 DESENVOLVIMENTO................................................................................... 69 
14.2 APLICAÇÃO DO DIREITO ESTRANGEIRO.................................................. 70 
14.3 A HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA.................................. 72 
14.4 A CARTA ROGATÓRIA................................................................................. 80 
14.5 COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA BRASILEIRA CONCORRENTE E 
EXCLUSIVA................................................................................................... 82 
 
15 UNIDADE 15 – REGIME DE BENS DE CASAL; LEI REI 
SITAE........................................................................................................... 84 
15.1 O DIREITO APLICÁVEL NA DETERMINAÇÃO DO REGIME DE BENS...... 84 
15.1.1 CRITÉRIO PARA DETERMINAÇÃO DO REGIME DE BENS DO CASAL........................ 84 
15.2 A EVOLUÇÃO DA MATÉRIA NO BRASIL..................................................... 86 
 
16 UNIDADE 16 – CONTRATOS INTERNACIONAIS.......................... 89 
16.1 DESENVOLVIMENTO.................................................................................... 89 
7 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
16.2 DEFINIÇAÕ DE CONTRATO INTERNACIONAIS......................................... 89 
16.3 OS CONTRATOS NO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO..................... 90 
16.4 OS RELACIONAMENTOS JURÍDICOS......................................................... 90 
16.5 CONFLITO EM TORNO DOS EFEITOS DAS OBRIGAÇÕES 
CONTRATUAIS.............................................................................................. 92 
16.6 PRINCÍPIOS DO DIREITO INTERNACIONAL............................................... 93 
 
17 UNIDADE 17 – TEORIA DOS DIREITOS ADQUIRIDOS............... 96 
17.1 DESENVOLVIMENTO.................................................................................... 96 
 
18 REFERÊNCIAS......................................................................................... 98 
 
8 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1º Bimestre 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
1 UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AO DIREITO INTERNACIONAL 
PRIVADO 
 
1.1 DESENVOLVIMENTO 
 
Direito internacional é o conjunto de princípios e normas, sejam positivados ou 
costumeiros, que representam direito e deveres aplicáveis no âmbito internacional, 
ou seja, direito internacional público consiste no sistema normativo que rege as 
relações exteriores entre os atores internacionais. Segundo MAZZUOLI “o 
arcabouço jurídico que norteia as relações exteriores entre os sujeitos que integram 
a sociedade é o que se pode denominar de direito internacional público. O direito 
internacional não é dotado da mesma coerção existente no prisma interno dos 
Estados, mas estes princípios e normas abrigam quase que universalmente, advindo 
sobre: 
 
 Entre Estados diferentes; 
 Entre Estados e nacionais de outros Estados; 
 Entre nacionais de Estados diferentes. 
 
Nesse sentido, distinguem-se, normalmente, direito interno e direito internacional, 
onde um se destinaria a reger as relações jurídicas no interior do sistema jurídico 
nacional e o outro, as relações entre os diferentes sistemas nacionais, seja 
destacando os estados, organizações internacionais e demais atores internacionais 
(direito internacional público ou simplesmente direito internacional) ou as relações 
entre particulares, revestidas de dados de estraneidade, ou seja, situação jurídica de 
estrangeiro no país em que está domiciliado (direito internacional privado). 
 
1.2 NOÇÃO FUNDAMENTAL DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 
 
É o estudo dos princípios e normas jurídicas que têm por objeto a nacionalidade das 
pessoas, os estrangeiros e a determinação da competente jurisdição ou a lhe 
aplicável, quando queira que surjam conflitos de direito entre pessoas de diferente 
nacionalidade ou se estabeleçam relacionamentos que estejam dentro da orbita de 
10 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
diferentes Estados. 
 
Direito Internacional Privado é constituído por normas que definemqual o direito a 
ser aplicado a uma relação jurídica com conexão internacional, indicando o direito 
aplicável. Como fundamentos podem ser destacados: conflito de leis; intercâmbio 
universal ou comércio internacional; extraterritorialidade das leis. É importante 
ressaltar que sob ótica das ordens jurídicas elas podem ser de dois modos: uma só 
ordem (quando para solução de um problema independe de outro ordenamento 
jurídico senão o próprio do país); duas ou mais ordens jurídicas (quando para 
solução de um problema é preciso se levar em conta o ordenamento jurídico de 
outro país). 
 
Na hipótese das relações humanas atravessarem as fronteiras de um país, cabe ao 
Direito, portanto, adequar-se a essa realidade. Diferentemente não poderia ocorrer 
com as relações jurídicas, dado que o Direito é fruto da sociedade humana. A 
internacionalização da vida e das atividades humanas motiva acontecimentos 
jurídicos que devem ser resolvidos pelo Estado. 
 
“Há várias concepções sobre o objeto do Direito Internacional Privado. A mais ampla 
é a francesa que entende abranger a disciplina quatro matérias distintas: a 
nacionalidade; a condição jurídica do estrangeiro; o conflito das leis e o conflito de 
jurisdições...”. (DOLINGER, 2003, p. 01) 
 
O Direito Internacional Privado, como disciplina que estuda a preferência da norma a 
ser aplicada a uma relação jurídica com conexão internacional, tem, como objeto de 
seu estudo, pela doutrina mais abrangente, a nacionalidade, a condição jurídica do 
estrangeiro, o conflito das leis no espaço e o conflito de jurisdições. 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
2 UNIDADE 2 – DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E DIREITO 
INTERNANCIONAL PRIVADO 
 
2.1 DESENVOLVIMENTO 
 
A relação entre Direito Internacional Privado (DIPr) e Direito Internacional Público 
(DIP) nos remete a um contexto de muita reflexão, onde não se deve negar que o 
direito público repercute e reflete de maneira aparente no DIPr, quanto a influência 
em sua aplicabilidade. 
 
Para Hans KELSEN há uma semelhança bem estreita entre ambos os direitos, posto 
que, em sua opinião, os grandes princípios do DIPr provêm do DIP. É no direito 
internacional público que se encontra todo embasamento argumentativo do direito 
internacional privado. 
 
Percebe-se uma recíproca interação entre as disciplinas na atualidade, para ambas 
tem se elaborado tratados e convenções por organismos internacionais e regionais, 
e os princípios gerais de direito reconhecidos pelas nações orientam e restringem o 
legislador e o aplicador da lei em questões que dizem respeito tanto ao público 
quanto ao privado. 
 
Tabela 1 – Comparativo entre DIP e DIPr 
 
 Direito Internacional Público 
(DIP) 
Direito Internacional Privado 
(DIPr) 
Relação 
jurídica 
Trata das relações exteriores 
entre os atores internacionais 
(sociedade internacional), 
compondo conflitos. 
Trata das relações jurídicas entre 
os sujeitos privados com conexão 
internacional, regulando conflitos 
de leis no espaço. 
Fonte Principal são os tratados e fontes 
internacionais. 
Legislação interna dos Estados. 
12 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
 
 
Regras 
1) vinculam as relações 
internacionais ou internas de 
incidência internacional; 
2) são estabelecidas pelas fontes 
internacionais; 
3) são normas de aplicação 
direta, vinculando diretamente os 
sujeitos. 
Normas indicativas de qual Direito 
aplicável nas relações entre os 
sujeitos. 
 
 
Leia mais – Este texto somente deve ser usado como roteiro de estudo 
para a disciplina Direito Internacional Privado, ministrada pela Ana Lucia 
Louzada no 1º semestre de 2016, pois são notas de aula, dependendo da 
complementação dada pela professora em sala de aula. Este texto não dispensa as 
leituras indicadas na bibliografia básica da disciplina. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
3 UNIDADE 3 – O DOMÍNIO DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 
(DIPR) 
 
3.1 DESENVOLVIMENTO 
 
O novo Direito Internacional Privado (DIPr) deve ser analisado como conjunto 
sistemático de princípios legais e jurisprudências, cuja função essencial é a de 
indicar a lei adequada à apreciação de relações em contato com mais de uma ordem 
jurídica ao mesmo tempo, chamadas de fatos mistos ou multinacionais, geradoras 
dos “Conflitos de Leis nos Espaços”. 
 
As pessoas físicas e jurídicas não restringem as suas relações às fronteiras de um 
único país, Estado, onde cada Estado possui, dentro do seu ordenamento jurídico, 
um conjunto de regras que buscam solucionar problemas advindos de relações 
privadas internacionalmente. 
 
O elemento caracterizador, essencial, do DIPr é a existência da situação jurídica de 
estrangeiro no país em que está domiciliado, seja subjetiva – entre os sujeitos - ou 
objetivamente, o objeto do contrato. E é diante desse conjunto plural de sistemas 
jurídicos que nasce o objeto dessa disciplina, que seja o conflito de leis no qual a 
situação jurídica poderá ser regulada por mais de um ordenamento. 
 
Cada Estado possui a faculdade de aplicar o direito interno a todas as questões 
jurídicas com conexão nacional e internacional. Não obstante, na realidade não é 
isso que sucede, pois todos os ordenamentos jurídicos nacionais estabelecem 
regras peculiares, concernentes às relações jurídicas de direito privado com alguma 
conexão internacional. 
 
Regras essas que dizem respeito ao direito aplicável, o nacional ou o estrangeiro. 
Importante se frisar que essas regras não resolvem a questão jurídica propriamente 
dita, indicam tão-somente, dentre as possíveis ordens jurídicas conectadas com a 
lide, qual direito deverá ser aplicado pelo juiz em caso concreto conforme sua 
legislação. Conforme a doutrina, essas normas indicam, resolvem os conflitos de leis 
14 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
no espaço1. 
 
3.2 O OBJETO 
 
Basicamente, o DIPr resolve conflitos de leis no espaço referentes ao direito privado, 
ele determina qual o direito aplicável numa relação jurídica de direito privado 
conectada à órbita internacional. 
 
Há algumas concepções sobre o objeto de DIPr, por ex., a francesa, apreciada como 
uma das mais amplas, designa quatro matérias distintas como objeto: a 
nacionalidade, a condição jurídica do estrangeiro, o conflito das leis e o conflito de 
jurisdições. 
 
Entende-se que o estudo das relações jurídicas do homem na sua dimensão 
internacional abrange a análise de sua nacionalidade, o estudo de seus direitos 
como estrangeiro, as jurisdições possíveis de serem impugnadas, o reconhecimento 
de sentenças proferidas no estrangeiro, assim como as leis que lhe serão aplicadas. 
 
3.3 DENOMINAÇÃO 
 
A principal fonte de DIPr é a legislação interna de cada sistema, razão esta para se 
questionar a denominação “direito internacional”. Desta forma pode-se destacar uma 
das primeiras diferenças entre o DIP e o DIPr, pois enquanto o DIP é regido 
especificamente por Tratados e Convenções, multi e bilaterais, controlado por uma 
ordem axiológica de hierarquia supranacional; o DIPr é preponderantemente 
composto de normas elaboradas pelo legislador interno. 
 
Outro ponto relevante à sua denominação “internacional” relaciona-se ao fato deste 
termo, normalmente, referir-se a relação jurídica entre Estados, quando no DIPr 
praticamente só trata de interesses de pessoas privadas, sejam físicas ou jurídicas. 
O Estado quando se manifesta, por alguma razão, nesta relaçãojamais se mostra 
como ente soberano. Posto isto, verifica-se ter esta ciência como objeto principal o 
 
1 Dependendo da ordem jurídica do país em que se decide a lide, o direito aplicável à causa com conexão internacional poderá 
variar. 
15 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
conflito de leis, portanto um direito eminentemente nacional. 
 
3.4 O RELACIONAMENTO DO DIPr COM AS OUTRAS DISCIPLINAS JURÍDICAS 
 
Numa situação jurídica desdobrado em território nacional, entre nacionais 
domiciliados neste território, ausente qualquer elemento ou fator externo, 
caracterizada e regulamentada está pelo direito material nacional. O DIPr só surge 
quando ocorre algum fator extraterritorial, seja no plano subjetivo da relação, seja 
em algum aspecto objetivo desta. Quando isto ocorre, a situação está ligada a dois 
sistemas jurídicos e há de ser feita a escolha sobre a lei aplicável, solucionando-se 
pelas regras do DIPr. 
 
a) quando nubentes têm nacionalidades ou domicílios diferentes no momento de 
contrair matrimônio, tem-se de determinar qual a lei aplicável às formalidades 
preliminares e à forma do ato em si, por exemplo. Esta é a dimensão internacional 
do direito de família. 
b) E quando um contrato de compra e venda é firmado em outro pais, cujo objeto é 
um imóvel localizado no Brasil. É a dimensão internacional do direito das 
obrigações. 
c) Um cidadão português, domiciliado em Curitiba, que ali falece, deixando bens e 
herdeiros no Brasil e em sua terra natal, apresenta-se aqui questão sucessória em 
sua dimensão internacional. 
d) Situações de advogados formado em seu país de origem ou outro país, qual 
possibilidade de atuação em outro país. 
 
São situações hipotéticas das dimensões que o DIPr pode assumir nos casos 
concretos. O DIPr é a projeção de uma dimensão internacional ou universalista do 
direito interno. 
 
A relação ente DIPr e DIP tem sido elemento de muita reflexão. Será que são ramos 
de um mesmo direito ou são ciências jurídicas autônomas? Há hierarquia entre as 
suas normas? Não se pode negar que o direito público repercute e reflete de modo 
visível no DIPr, influenciando sua aplicação. 
 
16 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
4 UNIDADE 4 – DIREITO INTERTEMPORAL E DIREITO 
INTERNANCIONAL PRIVADO 
 
4.1 DESENVOLVIMENTO 
 
Direito Intertemporal é o ramo da ciência jurídica que tenta responder às questões 
mais freqüentes que envolvem a entrada em vigor de uma nova lei e o regramento 
das relações jurídicas pretéritas. 
 
O conflito de leis, decorrente da coexistência de duas normas distintas regulando 
uma mesma relação jurídica, surge a partir do momento em que são violados os 
limites temporais ou espaciais de aplicação de determinados preceitos jurídicos. Tais 
limites são dados, por um lado, pelo território, e de outro, pelo tempo. Assim é que 
normas procedentes de um determinado Estado soberano não podem disciplinar 
relações formadas no território de outro, enquanto que as relações jurídicas 
constituídas sob o manto de norma cuja vigência se expirou não poderão, em regra, 
sofrer os efeitos da lei sucessora. 
 
Surgem, assim, os conflitos de leis, na dupla figura de colisões entre as leis ao 
tempo vigentes em territórios diversos ou de colisões entre leis que emanam da 
mesma soberania, mas vigorando em tempos diversos, para resolução dos quais há 
regras particulares, ditadas expressamente pelo legislador, concebidas pela ciência 
ou deduzidas da natureza das relações a que se referem “. 
 
Da primeira ordem de conflitos se ocupa o Direito Internacional Privado, enquanto 
que o segundo tipo de conflito de leis constitui o móvel do Direito Intertemporal. Nele 
vamos encontrar os parâmetros definidores dos limites de vigência de duas normas 
que se sucedem cronologicamente. Ou , como ensina Campos Batalha, onde 
haveremos de buscar as “soluções adequadas a atenuar os rigores da incidência do 
tempo jurídico com o seu poder cortante e desmembrado de uma realidade que insta 
e perdura”2. 
 
 
2 CAMPOS BATALHA, Wilson de Souza. Direito Intertemporal. Rio de Janeiro: Forense, 1980, p. 17. 
17 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
Além dos princípios e regras gerais que compõem o Direito Intertemporal, 
destinados a equipar o intérprete de elementos para solucionar os conflitos da lei no 
tempo, pode suceder que o próprio legislador queira também dar uma determinada 
solução ou mesmo evitar o possível conflito de leis, regulando casuisticamente os 
problemas que provavelmente decorrerão do advento da nova lei e revogação da 
anterior. A doutrina ainda explica que “por dois modos podem esses conflitos ser 
solucionados ou regulados: a) por meio de uma lei de conflito; b) por meio de uma lei 
de transição. No primeiro caso, a lei tem por objeto direto solucionar os conflitos num 
ou noutro sentido, decidindo se se aplicará a lei antiga ou a nova, ou em qual 
proporção se aplicará cada uma delas. No segundo caso – lei de transição – 
estabelece-se um regime intermediário entre as duas leis, para dar lugar aos 
interesses particulares se conciliáveis com a nova legislação.”. 
 
O novo Código Civil, inovando em relação ao seu antecessor revogado, 
estabelecendo, no próprio texto normativo, um conjunto de regras destinadas a 
conciliar, por meio de critérios fundados na equidade e nos princípios gerais de 
direito, a lei posterior com as relações já definidas pela anterior, indicando ao Juiz 
qual o sistema jurídico sobre o qual devem estar lastreadas as decisões judiciais. 
Trata-se de verdadeira “lei de conflito”, onde o legislador procurou solucionar os 
eventuais conflitos, determinando quando se aplicará o CC/16 ou o CC/2002, ou em 
qual proporção se aplicará cada uma deles. 
 
Essas regras, dispostas entre os artigos 2.028 e 2.046, compõem o chamado “Livro 
Complementar - Das Disposições Finais e Transitórias", e destinam-se, exatamente, 
à prevenção e solução do conflito de leis no tempo, que poderia resultar da 
aplicação da lei posterior a situações constituídas sob a regência da lei anterior. 
São normas de caráter temporário e excepcional, cuja vigência e eficácia se 
vinculam à subsistência das próprias situações por elas definidas. 
 
Na elaboração dessas disposições, ateve-se o legislador aos preceitos gerais do 
Direito Intertemporal, aplicáveis às diferentes ordens jurídicas e que têm servido 
para determinar os limites do domínio de antigos e novos preceitos desde os tempos 
18 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
mais remotos,3 sempre lembrando que, no Brasil, o Direito Intertemporal encontra-
se rigidamente vinculado a dois comandos normativos: o art. 5º , inciso XXXVI da 
Carta Magna 4 e o art. 6º da Lei de Introdução ao Código Civil. 
 
Sustenta-se que o novo Código, em determinadas situações, poderá regular os 
efeitos futuros de fatos ou situações jurídicas que já existiam antes do início de sua 
vigência, bem como modificar determinados efeitos produzidos no passado ou 
mesmo permitir que se criem novas situações com base em fatos acontecidos 
anteriormente. 
 
Ao conflito temporal existente entre CC/1916 e CC/2002, não poderá dar a ciência, 
jamais, uma solução única, podendo, apenas, “ditar alguns princípios de diretrizes; 
nem o próprio legislador, a quem soberanamente incumbe decidir sobre os limites de 
eficácia das próprias normas, dar com uma disposição universal que tivesse a 
pretensão de disciplinar todas as espécies de conflitos, fosse qual fosse o campo de 
aplicação da norma, a natureza do instituto ou a configuraçãoespecial da relação”. 
 
REFLEXÂO: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 Os artigos 2028 a 2046 são regras de direito positivo de natureza transitória, uma vez que a 
sua vigência e eficácia estão vinculadas à subsistência das situações jurídicas por eles 
definidos. Não são transitórios as regras e princípios que compõem o direito intertemporal, 
os quais têm servido para determinar os limites do domínio de antigos e novos preceitos 
desde a antiguidade clássica. 
4 “Art. 5.º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se 
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes (...)XXXVI – a lei 
não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;” 
19 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
5 UNIDADE 5 – DIREITO UNIFORME E DIREITO COMPARADO 
 
5.1 DESENVOLVIMENTO 
 
O Direito Internacional Privado trata essencialmente das relações humanas 
vinculadas a sistemas jurídicos autônomos e divergentes, as hipóteses em que os 
direitos autônomos não divergem, mas, pelo contrário, coincidem em suas regras. 
Dá-se aí o fenômeno do Direito Uniforme. 
 
O Direito Uniforme espontâneo, que ocorre quando coincidem os direitos primários 
de dois ou mais ordenamentos, seja natural e casual, seja porque têm a mesma 
origem, ou porque sofreram influências idênticas, ou, ainda, quando países adotam 
sistemas jurídicos clássicos total ou parcialmente, como o Japão que seguiu a 
Legislação civil alemã, a Turquia que adotou o Código Civil e o Código de 
Obrigações suíços e o Brasil, que observou influências das legislações portuguesa, 
francesa, alemã e italiana na elaboração do seu Código Civil. A adoção integral de 
códigos europeus ocorreu em alguns dos Estados que adquiriram sua 
independência nos tempos modernos. 
 
Em termos universais prevalece a diversidade dos sistemas jurídicos, diversidade 
esta que decorre da disparidade de condições climáticas, étnicas, físicas, 
geográficas, econômicas, sociais, religiosas e políticas, como explanado por 
Montesquieu. Lembra os autores o dito de Aristóteles de que "o direito não é como o 
fogo, que arde do mesmo modo na Pérsia e na Grécia". 
 
A diversidade, segundo FIORES é um fato natural e necessário. Natural porque a 
legislação de cada Estado deve constituir o reflexo exato das necessidades 
especiais de cada povo, de acordo com o estado atual de sua cultura e o nível de 
sua civilização. E necessário porque a vida do direito positivo depende de seu 
progresso, de sua evolução, e esta permanente variação contribui para a 
heterogeneidade das diferentes legislações. Isto significa que sistemas jurídicos com 
a mesma origem, criados pela mesma fonte, vão se diversificando à medida que 
evoluem de acordo com as necessidades e influências de seu meio ambiente. 
20 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
 
5.2 DIREITO COMPARADO 
 
É a ciência (ou o método) que estuda por meio de contraste, dois ou mais sistemas 
jurídicos, analisando suas normas positivas, suas fontes, sua história e os variados 
fatores sociais e políticos que os influenciam. 
 
Também recorre ao direito comparado para reformar a legislação, seguindo 
exemplos de outros sistemas na solução por eles encontrada para determinados 
problemas jurídicos, reformas estas que resultam no direito uniforme espontâneo. 
Ferramenta importante para o direito uniforme, direito internacional uniformizado, 
direito internacional privado e direito internacional privado uniformizado. 
 
O Direito é dotado de caráter científico, posto que seu discurso é formulado de 
proposições lógicas, as quais regem seu desenvolvimento e se expõe a novos 
paradigmas. O Direito Comparado assume a postura científica por ser dotado de um 
objeto, de método próprio, além de autonomia literária e didática. 
 
5.3 DIREITO UNIFORMIZADO 
 
Enquanto o Direito uniforme espontâneo é resultante da natural coincidência de 
legislações influenciadas pelos mesmos fatores ou da iniciativa unilateral de um 
Estado de seguir as normas do direito positivo de outro, já o Direito uniforme dirigido 
resulta de esforço comum de dois ou mais Estados no sentido de uniformizar certas 
instituições jurídicas, geralmente por causa de sua natureza internacional. Seria 
tecnicamente mais apropriado denominar esta categoria Direito Uniformizada, para 
distingui-la do Direito Uniforme de caráter espontâneo. Mas a Doutrina mantém o 
mesmo termo para ambos os fenômenos. 
 
O Direito Uniforme (distinção que fazemos, vem a ser o Direito Uniformizado), 
estabelece regras materiais, substanciais, diretas, que se aplicarão uniformemente 
aos litígios, às situações jurídicas que venham a ocorrer em duas ou mais 
jurisdições, enquanto que o Direito Internacional Privado é composto de regras 
indiretas, que apenas indicam qual direito substancial dentre sistemas jurídicos 
21 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
contendo normas divergentes - haverá de ser aplicado. Aquele é direito, este direito 
sobre direito. 
 
Narra Clóvis Beviláqua que, tendo se fundado em Roma, em 1928, um Instituto 
Internacional para trabalhar no sentido da unificação do direito privado, foi o governo 
brasileiro convidado a manifestarem-se a respeito, incumbindo a ele, Clóvis, de 
redigir parecer, tendo opinado pela "possibilidade dessa unificação, atendendo aos 
diferentes modos empregados pelos povos para alcançar esse fim, muito embora a 
realização de tal objetivo ainda se conservasse muito distanciado no nosso tempo". 
O Instituto foi denominado UNIDROIT (Unification Droit) e continua trabalhando até 
os dias atuais para a unificação (uniformização) do direito privado, tendo elaborado 
várias importantes Convenções que, aprovadas, vigoram em vários países. 
 
Pacificou-se a doutrina, que reconhece hoje a impraticabilidade de direcionar em 
sentido uniforme as instituições de Direito Civil, dependentes em cada país de 
antecedentes, tradições, influências e necessidades diversas. Este fenômeno, ou se 
dá espontaneamente, ou não se verifica. Mesmo que possível fosse uniformizar o 
Direito Civil, os tribunais nacionais de cada país chegariam a interpretações 
diversas, como, aliás, ocorre com frequência, no plano interno, onde vemos 
Tribunais de um país interpretar a mesma lei de forma diversa, o que levou Renê 
Rodiére a falar na necessidade de se criar uma Corte Internacional de Justiça Civil, 
para uniformizar as jurisprudências nacionais. 
 
5.4 A UNIFORMIZAÇÃO DO DIREITO ECONÔMICO 
 
O mesmo não ocorre com o Direito Comercial e disciplinas afins (Industrial, 
Intelectual, Marítimo, Aeronáutico) em que os interesses coincidem, tornando 
possível, e quiçá até necessária, a uniformização de certas instituições jurídicas. 
Temos aí o Direito Uniforme dirigido, ou, mais corretamente, Direito Uniformizado 
(ou Direito Internacional Uniformizado), fruto de entendimentos entre Estados e que 
se concentram nas atividades econômicas de natureza internacional. Aliás, este é 
outro aspecto que distingue o Direito Uniformizado do Direito Uniforme espontâneo, 
que só ocorre com instituições tipicamente internas. Assim, quando dois Estados, 
por terem sofrido influências idênticas, ou quando um segue o exemplo do outro, 
22 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
abrigam normas idênticas sobre alguma instituição de direito interno, teremos o 
Direito Uniforme espontâneo. Neste campo não se deve insistir na criação de Direito 
Uniforme dirigido, Le., uniformizado, pois não há real interesse emuniformizar 
instituições internas por meio de convenções. A estas cabe recorrer para 
uniformização de instituições jurídicas que atuam, total ou parcialmente, no plano 
internacional, como a compra e venda, os títulos de crédito, os transportes, as 
comunicações, a propriedade industrial é intelectual e todas as atividades humanas 
naturalmente extraterritoriais. 
 
Daí a série de convenções internacionais regendo a uniformização de regras sobre 
compra e venda internacional, transportes, correspondência postal, telegráfica, 
radiotelegráfica, propriedade industrial, propriedade intelectual, direito marítimo, 
direito aéreo, circulação rodoviária, direito cambiário, direito de trabalho, e novas 
disciplinas que vão compondo o Direito Econômico Internacional. 
 
5.5 DIREITO UNIFORME E DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 
 
O direito uniforme, substantivo ou material é o que procura alcançar a unidade do 
direito dentro do seu campo de atuação, é delineado por preceitos jurídicos 
concordantes e indicativos do direito aplicável, que estejam em vigor em dois ou 
mais estados, portanto, o tratado internacional é um instrumento jurídico de 
utilização neste caso e, dentro de seu âmbito, perante aos Estados, é que estão 
em vigor as normas jurídicas uniformizadas. Assim, o direito uniforme do direito 
internacional privado são distintos, mas se interligam pois os tratados 
internacionais apenas promovem a uniformização de algumas normas. 
 
5.6 MÉTODOS DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 
 
Modernamente o Direito Internacional Privado segue a orientação de Jitta, 
utilizando-se de dois métodos para resolver as relações jurídicas internacionais: o 
método uniformizador que uniformiza e soluciona e o método conflitual, que 
coordena e harmoniza, utilizando-se deste quando aquele se torna impossível. De 
um lado uniformiza as normas disciplinadoras do comércio internacional (Direito 
Uniformizado), por meio de tratados e convenções, até onde isto seja aceitável 
23 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
para os países interessados. Por outro lado elaboram fórmulas para solução dos 
conflitos, fórmulas que determinem as leis internas a serem aplicadas. É o 
método conflitual, de solução dos conflitos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
6 UNIDADE 6 – NORMAS DO DIREITO INTERNANCIONAL PRIVADO 
 
6.1 DESENVOLVIMENTO 
 
Diferença entre direito internacional público e privado, como já visto anteriormente é 
que o público cuida das relações entre os sujeitos internacionais (Estados e 
Organizações internacionais), e o privado cuida das relações privadas em países 
diferentes, ou que pelo menos nessa relação tenha um elemento estrangeiro. 
 
O objeto do Direito Internacional Privado é o conflito de leis no espaço, ou seja, não 
se ocupa de resolver a lide propriamente dita, mas de indicar que lei, de 
determinado país, poderá fazê-lo. Ao surgir um conflito jurídico conectado com 
legislações de países distintos, cabe ao Direito Internacional Privado determinar qual 
a jurisdição competente, isto é, qual o sistema jurídico que deve ser aplicado, 
cabendo a este decidir, sobre a lei aplicável. 
 
Esse “conflito de leis” não significa, necessariamente, colisão entre normas legais, 
mas de que há normas diferentes sobre o mesmo instituto jurídico, cabendo ao Juiz 
decidir pela aplicação da lei de um ou de outro sistema. Por essa razão, as normas 
de Direito Internacional Privado são denominadas indicativas ou indiretas. A 
complexidade da matéria remete-nos a uma variedade de fontes de regras, 
situações tanto no plano interno, como no internacional, preponderando as 
primeiras: a lei, a doutrina e a jurisprudência. 
 
No Brasil, a principal fonte legislativa é a Lei de Introdução ao Código Civil, que trata 
da matéria do artigo 7º ao 17; 
 
“o direito internacional privado não soluciona nenhuma questão 
jurídica, ele apenas indica a lei a ser aplicável, ou seja, se vai ser a lei 
interna ou a lei estrangeira, por isso que se diz que as normas de 
direito internacional privado são normas indicativas ou indiretas 
(indicam um direito a ser aplicado, mas não resolvem a questão 
jurídica). O que existe no dir. internacional privado são conflitos de lei 
no espaço, por isso se utiliza as normas indicativas ou indiretas”. 
 
25 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
6.2 AS NORMAS 
 
Podemos classificar as normas de Direito Internacional Privado segundo a fonte, a 
natureza e a estrutura. 
 
Como já foi dito, a fonte da norma pode ser legislativa, doutrinária ou jurisprudencial 
e, ainda, interna ou internacional. 
 
Quanto à natureza, a norma de Direito Internacional Privado é, geralmente, indireta, 
pois apenas indica o direito aplicável, não solucionando a questão jurídica 
propriamente dita. Também existem as normas conceituais ou qualificadoras, que se 
restringem a definir determinados institutos para efeito do Direito Internacional 
Privado (DIPr). 
 
Quanto à estrutura, as normas podem ser unilaterais e bilaterais. 
 
6.2.1 NORMAS INDICATIVAS OU INDIRETAS 
 
A norma de DIPr., indica qual direito deve ser aplicado, quando a questão jurídica 
está conectada com dois ou mais sistemas jurídicos. Essa escolha é feita por pontos 
de contato, ou regras de conexão. Assim, no Direito Civil, questões relativas a direito 
de família, contratos sucessões e outros, a lei a ser aplicada será determinada pelo 
domicílio, pela nacionalidade, local do cumprimento da obrigação etc. 
 
Como já dito, as regras de conexão escolhem, dentre os sistemas jurídicos 
conectados à hipótese, qual deve ser aplicado. Daí porque são normas 
instrumentais, que uma vez indicando o direito aplicável, procurará as normas 
jurídicas que regulam o caso sub judice. É o método harmonizador dos conflitos de 
leis, pois aplicando um dos sistemas jurídicos em questão, o conflito é pacificado. 
 
6.2.2 NORMAS DIRETAS 
 
Segundo DOLINGER (2005), podem ser conceituadas como normas diretas ou 
substanciais, estas sendo as que solucionam diretamente o caso concreto, ou seja, 
26 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
que se referem ao direito material. Estas normas dão solução imediata ao caso 
conflitante e, na maioria, são aquelas normas que dizem respeito à nacionalidade e 
à condição jurídica dos estrangeiros 
 
As normas diretas são aquelas normas que podem ser aplicadas diretamente, que 
resolvem a questão jurídica independente da aplicação de outras normas. 
 
6.2.3 NORMAS QUALIFICADORAS 
 
Existem normas que não são conflituais, nem substanciais, mas conceituais ou 
qualificadoras, como as regras que definem o domicílio. 
 
Por exemplo, a regra do § 7º, do art. 7º da Lei de Introdução ao Código Civil, que 
determina a extensão do domicílio do chefe de família ao outro cônjuge e aos filhos 
não emancipados, bem assim o do tutor ou curador aos incapazes sob sua guarda. 
Como se vê, não é uma regra de conflito, nem substancial, mas uma regra 
definidora (qualificadora), que colabora com a norma conflitual. 
 
6.3 ESTRUTURA DA NORMA 
 
Quanto à estrutura, as normas podem ser unilaterais, bilaterais: 
 
6.3.1 UNILATERAIS OU INCOMPLETAS 
 
Quando imperfeitas, egoístas, invariavelmente são as regras sobre nacionalidade, 
condição jurídica dos estrangeiros e as normas processuais, eis que cada Estado só 
tem competência para determinar as condições de aquisição de sua nacionalidade, 
para fixar os direitos e as limitações dos estrangeiros que se encontram emseu 
território e delinear a competência jurisdicional de seus próprios tribunais. Nenhum 
Estado se aventurará a reger a nacionalidade de outros Estados, a determinar 
regras sobre o direito de estrangeiros em território de outro país ou fixar a 
competência de tribunais de outros Estados. Os defensores do unilateralismo 
sustentam que o legislador só tem competência sobre a aplicação de suas próprias 
leis, não lhe cabendo atribuir competência sobre a lei de outro legislador, pois só 
27 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
este dirá do alcance de sua lei. Segundo esta escola, o legislador apenas 
determinará quando se aplicará sua própria lei. 
 
6.3.2 BILATERAIS OU COMPLETAS 
 
Quando não objetivam aplicação exclusiva de sua própria lei. A escola que defende 
o bilateralismo repudia o argumento da competência exclusiva do legislador 
estrangeiro de limitar a aplicação de sua lei, argumentando que aplicar a lei de 
determinado Estado não implica em atribuir-lhe competência, eis que a existência 
das duas regras é um fato no mundo jurídico. Outrossim, se a aplicabilidade de uma 
lei estivesse ligada à competência do Estado da qual emana, deveria ser vedado 
aos Estados fixar a aplicabilidade de sua lei no exterior, pois também isto reduziria 
em se comportar como legislador supranacional 
 
O Direito Internacional Privado brasileiro tende a formular normas bilaterais. Não só 
o artigo 8.º da antiga Introdução e o artigo 7.º da atual Lei de Introdução como a 
maioria das regras deste diploma legal estão estruturadas em forma bilateral. O 
artigo 10, por exemplo, estabelece que “a sucessão por morte ou por ausência 
obedece a lei do país em que era domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer 
que seja a natureza e a situação dos bens”, e o artigo 11, que corresponde à regra 
da lei francesa de 1966, sobre sociedades, estabelece que “as organizações 
destinadas a fins de interesse coletivo, como as sociedades e as fundações, 
obedecem à Lei do Estado em que se constituírem”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
7 UNIDADE 7 – FONTES DO DIREITO INTERNANCIONAL PRIVADO 
 
7.1 DESENVOLVIMENTO 
 
Por fontes do direito internacional entendam-se os documentos ou pronunciamentos 
de que emanam direitos e deveres das pessoas internacionais configurando os 
modos formais de constatação do direito internacional. 
 
As fontes do Direito Internacional Privado situam-se no plano interno de cada Estado 
bem como no plano internacional. Enquanto no Direito Internacional Público 
prevalece às normas produzidas por fontes supranacionais, no Direito Internacional 
Privado preponderam fontes internas como a lei, a doutrina e a jurisprudência. 
Todavia, não podemos descartar a importância dos tratados e convenções e da 
jurisprudência internacional como fontes internacionais desta disciplina. 
 
7.2 FONTES MATERIAIS E FONTES FORMAIS 
 
Distinguir as fontes materiais do direito não é uma atividade fácil. Encontrar todos 
aqueles elementos que foram formando a estrutura do Direito, não é simples para o 
jurista. 
 
Assim, as fontes materiais exprimiriam uma tendência para o jurídico, porém, 
integrando o ordenamento jurídico somente no instante em que assumissem uma 
forma determinada através de um ato ou de uma série de atos que constituíssem 
precisamente as fontes formais. Essas são as mais conhecidas, são as que se 
vinculam a um Direito conhecido palpável. 
 
 Fontes Materiais: inspiração do direito; 
 Fontes Formais: vigência do Direito. 
 
Dessa maneira conclui-se que cada Sociedade, Nação ou Estado têm o seu Direito 
Positivo que é, segundo Goldschimidt, a prevalência de uma vontade que tem 
atuação dentro das estruturas jurídicas de um povo. Esta prevalência caracteriza-se 
29 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
por determinados fatos que se chamam fontes. Isto posto, tem-se que as fontes do 
Direito são aqueles fatos que se manifestam por meio da vontade prevalecente de 
um determinado povo, e se constituem em preceitos válidos, obrigatórios e vigentes 
para aquele mesmo povo. 
 
7.3 CLASSIFICAÇÃO DAS FONTES 
 
A complexidade dos problemas existentes no Direito Internacional Privado reflete 
uma variedade de fontes que estabelecem regras, as quais têm como objetivo 
solucionar tais problemas. 
 
Enquanto o Direito Internacional Público baseia-se em regras produzidas por fontes 
supranacionais, no Direito Internacional Privado preponderam as regras das fontes 
internas, quais sejam, pela ordem de importância: 
 
1. Lei; 2. Tratados; 3. Jurisprudência; 4. Doutrina; 5. Costumes. 
 
7.3.1 LEI 
 
No estado atual da Ciência Jurídica, o Direito Internacional Privado é Direito Privado, 
é Direito Nacional de cada pais. Suas normas, seus princípios estão formulados na 
legislação positiva de cada Estado. Portanto, a lei interna é a grande fonte do 
Direito Internacional Privado. 
 
Portanto, as normas de Direito Internacional Privado são normas locais, são regras 
de Direito Interno, e constituem por assim dizer, verdadeiros sistemas nacionais de 
Direito Internacional Privado. 
 
A codificação das regras do Direito Internacional Privado teve início no século XIX, 
destacando-se o Código de Napoleão (1804), o qual estabeleceu regras sobre a 
aplicação das leis no espaço. 
 
Seguindo o Código de Napoleão, surgiram vários outros como o Código Civil do 
Chile, o Código Civil da Itália, o Código Civil do Canadá, o Código Civil da Espanha, 
30 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
entre outros. Dentre eles, o que mais se destacou foi o italiano, por sua forma mais 
sistemática dos dispositivos de Direito Internacional Privado. 
 
Nos seus arts. 6º ao 12 das "Disposições Gerais", relativas à publicação, 
interpretação e aplicação das leis, encontramos normas interessantes sobre leis 
pessoais; situação dos bens móveis e imóveis; contratos, competência e formas do 
processo; execução de sentença estrangeira e as limitações de ordem pública e 
bons costumes. 
 
No Brasil, o cenário jurídico não é diverso. Antes do Código Civil tínhamos regras 
dispersas. Em 1916, foi promulgado o Código Civil, em cuja "Introdução", nos arts. 
8º a 21, foram determinadas regras de direito interno sobre o Direito Internacional 
Privado. E, finalmente, na última "Lei de Introdução", de 04 de setembro de 1942, 
consagrou-se o nosso sistema local, pelo qual devemos resolver os conflitos de leis 
entre a lei brasileira e a lei estrangeira. 
 
Todos esses fatos, portanto, são demonstradores de que no estado atual da Ciência 
Jurídica, a grande fonte de nossa disciplina é a lei interna de cada país. Os Estados 
prescrevem suas regras de solução de conflitos de leis da maneira que lhes parece 
melhor, independentemente das regras adotadas por outros povos. Partindo deste 
princípio, conclui-se que a lei interna é a grande fonte de Direito, pela qual suas 
regras se manifestam no corpo da ciência jurídica. 
 
7.3.2 TRATADOS 
 
 Atenção: Ver: convenção de Viena; convenção de Montego Bay (direitos 
do Mar); resolução nº 9 – carta rogatória e homologação de sentença 
estrangeira; tratados do MERCOSUL e convenção de Nova York. 
 
O tratado é a fonte mais importante para a identificação de regras do DIP. 
 
7.3.2.1 CARACTERÍSTICAS 
 
31 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
Conceito: A convenção de Viena de 1969 fala da conceituação dos tratados. Do 
conceito: art. 2º, §1º, “a” 
 
A. É acordo formal internacional: é acordo escrito devendo que ter animus 
contraendi e sanção em caso de descumprimento.B. Celebrado por escrito: para ser válido, deve ser feito por escrito, sendo vedada 
a forma oral. 
C. É celebrado entre Estados ou Organizações Internacionais: que são pessoas 
de direito internacional. A Convenção de Viena de 86 acresceu as Organizações 
internacionais como sujeitos de Direito Internacional. Excepcionalmente, por razões 
políticas, um ente que não estatal pode celebrar tratado: ex. OMC, Taiwan e Hong 
Kong (são tigres asiáticos que, por meio do Acordo de Mahakesch, permitiu que os 
territórios aduaneiros autônomos, para dizer que podem participar os Não-estados, 
mas que tenham autonomia comercial, como no caso de Taiwan e Hong Kong). 
D. Deve ser regido pelo Direito Internacional: se um compromisso for regido pelo 
direito interno de uma das partes, não será um Tratado Internacional, mas sim um 
Contrato Internacional. 
E. Quer conste de um instrumento único, quer de mais ou dois instrumentos 
conexos: permite os acordos por troca de notas diplomáticas (acordos em forma 
simplificada/acordos executivos). 
F. Deve produzir efeitos jurídicos: não se considera documentos meramente 
políticos. Tratados devem produzir direitos e obrigações, de modo que a 
inadimplência gere responsabilidade internacional. 
 G. Qualquer que seja a sua nomenclatura particular: os Tratados Internacionais 
não tem denominação específica, podem ser denominados de Tratado, Convenção, 
Protocolo, Acordo. Exceção: Tratados celebrados pelo Vaticano com outros Estados 
denominam-se Concordata, desde que versem sobre privilégios direcionados aos 
católicos. 
 
7.3.2.2 NOMENCLATURA 
 
Desde que preencha os requisitos básicos, será tratado internacional. A 
nomenclatura não tem o condão de distinguir (convenção, tratado, acordo [DI 
Econômico], concordata [Vaticano], carta [utilizado para organizações], protocolo [há 
32 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
um tratado original e para evitar emendas, faz-se um tratado adicional e para se 
fazer este protocolo, tem que fazer parte do tratado original). Igualmente, se os 
subscritores adotaram a denominação de compromisso, que para alguns autores é o 
ato internacional utilizado para a solução de controvérsias perante um tribunal 
arbitral, deve-se verificar o caso concreto para saber qual o teor do compromisso. 
RESEK ensina que “a adjetivação serve justamente para especificar a natureza do 
texto convencional, quebrando a neutralidade do substantivo base. Assim, as 
expressões acordo e compromisso são alternativas – ou, para quem prefira dizê-lo, 
são juridicamente sinônimas – da expressão tratado, e se prestam, como esta 
última, à livre designação de qualquer avença formal, concluída entre sujeitos de 
direito das gentes e destinada a produzir efeitos jurídicos”. O art. 84, VIII da CF/88 
estabelece que o PR tem a competência constitucional para celebrar tratados e 
convenções, sujeitas a referendo do Congresso Nacional. No entanto, poderá 
delegar aos “plenipotenciários”, através da chamada “Carta de Plenos Poderes”, a 
competência para as negociações contratuais (exemplo de plenipotenciário do 
Brasil: Ministro das Relações Exteriores). Independentemente da nomenclatura, é da 
competência do Congresso referendar os tratados celebrados pelo PR. 
 
7.3.2.3 CLASSIFICAÇÕES DOS TRATADOS 
 
A. Tratados bilaterais: Matérias típicas: fronteira, bitributação, extradição, 
cooperação judiciária. 
 
B. Tratados multilaterais: podem ter aplicação universal, para todos. Ex. direitos 
humanos. Nos tratados multilaterais, as matérias atinentes às reservas aparecem 
ao fim do tratado. Se um Estado soberano não concorda com os termos do novo 
tratado, é perfeitamente possível que haja o engajamento parcial ou condicional a 
determinados tratados. A limitação ao consentimento acerca de parte do tratado 
recebe o nome de reserva ou declaração interpretativa. 
 
Como os tratados são passíveis de emendas, é perfeitamente possível a 
coexistência de versões diferentes de tratados. No art. 40 da Convenção de Viena 
sobre Direito dos Tratados de 1.969 enfatiza a possibilidade de dualidade ou 
duplicidade de regimes jurídicos entre os tratados original e emendado. Isto significa 
33 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
que há “a possibilidade de um tratado original estar vigendo ao mesmo tempo entre 
as partes que não concordaram com a emenda, e entre estas grupo que com elas 
concordou, sem prejuízo de o tratado emendado estar vigendo na sua integralidade 
para este último grupo”. 
 
Como em 1997 houve a adesão do texto pelo Brasil, quando em vigor a segunda 
versão do Tratado (“Compromisso AB97”), presume-se que o aderente se vinculará 
aos termos do tratado emendado. 
 
7.3.2.4 VIGOR DO TRATADO 
 
Com relação aos Tratados de forma simplificada, entram em vigor com a mera 
assinatura. Entretanto, os Tratados de forma solene dependem da assinatura e da 
ratificação para entrar em vigor. Essa ratificação serve de instrumento de controle 
sobre os atos do plenipotenciário. Quanto aos tratados bilaterais, estes entram em 
vigor quando os Estados pactuantes ratificarem o mesmo. 
 
7.3.2.5 REGISTRO DOS TRATADOS 
 
Os Tratados, para que tenham validade, não necessitam estar registrados na ONU. 
Esse registro só será necessário para que a ONU dirima conflitos deles advindos. 
Explica Marcelo Varella que “o registro é ato indispensável para considerar o Estado 
como parte. Se não houve o registro, o Estado não está vinculado ao texto nem 
pode exigi-lo dos demais, ainda que o tenha ratificado, de acordo com seus 
procedimentos internos”. 
 
7.3.2.6 PROCESSUALÍSTICA 
 
Aparece na doutrina como processo de conclusão dos tratados: uma série de 
eventos para concluir os tratados, com eventos na esfera internacional e interna dos 
Estados. Por tratar de 2 planos – o contratual e o normativo interno – gera um certo 
embaraço. 
 
Fases: 
34 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
 
a. Assinatura: plano internacional; 
b. Aprovação: interna ou referendo: plano interno; 
c. Ratificação ou adesão: plano internacional; 
d. Promulgação interna: plano interno. 
 
Tabela 2 – Resumo dos Tratados Internacionais 
 
Conceito: art. 2º, §1º, “a” da Convenção de Viena de 1969 – “Tratado dos 
Tratados”. 
a) Acordo Internacional: tem que ter 
animus contraendi, e sanção em caso 
de descumprimento. 
b) Celebrado por escrito: é vedada a 
forma de celebração oral. 
c) Entre Estados: e/ou Organizações 
Internacionais (acrescido pela 
Convenção de Viena de 86). Somente 
Estados soberanos (que tem o 
reconhecimento da Sociedade 
Internacional) podem celebrar 
Tratados. 
d) Regido pelo Direito Internacional: 
se um compromisso for regido pelo 
direito interno de uma das partes, não 
é um Tratado Internacional, é um 
Contrato Internacional 
e) Quer conste de um instrumento 
único, quer de mais ou dois 
instrumentos conexos: permite os 
acordos por troca de notas 
diplomáticas (acordos em forma 
simplificada/acordos executivos) 
f) Qualquer que seja a sua 
denominação particular: os Tratados 
Internacionais não tem denominação 
específica, podem ser denominados 
de Tratado, Convenção, Protocolo, 
Acordo. 
Exceção: Tratados celebrados pelo Vaticano com outros Estados denominam-
se Concordata, desde que versem sobre privilégios direcionados aos católicos. 
 
Tabela 3 – Processo de Celebração e Formação dos Tratados (4 fases) 
 
Fase 
internacional 
Fase 
interna 
Fase 
internacional 
Fase 
interna 
35 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
Negociações + 
Assinatura art. 
84, VIII, CF 
ReferendoCongressual 
Art. 49, I, CF 
Ratificação pelo 
Presidente 
Promulgação no 
D.O.U 
 
 
Tabela 4 – Resumo das fases 
 
1ª Fase: o art. 84, VIII, CF, atribui privativamente ao Presidente da República 
a celebração de tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a 
referendo do Congresso Nacional. Essa competência pode ser atribuída a um 
representante, e o art. 7º da Convenção de Viena dispõe que isso se dará por 
meio da Carta de Plenos Poderes (Instrumento através do qual o Chefe de 
Estado delega competência privativa para celebrar Tratado). 
2ª Fase: O Referendo do Congresso é o ato do Parlamento que aprova o 
Tratado anteriormente assinado e autoriza a ratificação do Tratado pelo 
Presidente da República. 
3ª Fase: A Ratificação é o ato discricionário do Presidente da República que 
confirma definitivamente as obrigações assumidas no Tratado quando da 
assinatura. 
4ª Fase: A promulgação no DOU efetiva a vigência do Tratado no plano 
interno. 
 
 
 Atenção: Para o STF, os Tratados valem apenas após a sua promulgação. 
Tratados comuns equiparam-se às leis ordinárias. Tratados de Direitos Humanos 
são normas supralegais. Se aprovados nos termos do art. 5º, § 3º, CF, tem status de 
Emenda Constitucional. Para a Doutrina, a Ratificação já vincula o Estado Brasileiro 
interna e internacionalmente. 
 
7.3.3 JURISPRUDÊNCIA 
 
A jurisprudência é empregada com dupla significação. JURISPRUDÊNCIA EST 
DIVINARUM ATQUE HUMANARUM RERUM NOTITIA, IUSTI ATQUE INIUSTI 
SCIENTIA, já dizia Ulpianus; e neste sentido é a própria ciência jurídica: é o 
36 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
conhecimento das coisas divinas e humanas, a ciência do justo e do injusto. A outro 
propósito, Calhistratus fazia referência à RERUM PERPETUO ET SIMILITER 
IUDICATORUM AUCTORITAS, e com este sentido é que a palavra jurisprudência é 
empregada: autoridade das coisas semelhantes, julgadas constantemente do 
mesmo modo. 
 
Dado o caráter permanentemente aproximativo da lei ao disciplinar o fato social, 
jamais a alcançaria nesse seu disciplinamento um perfeito envolvimento do fato 
social. Teria a regulamentação do fato exclusivamente pelas normas dos códigos 
que se tornariam demasiadamente volumosos. O fato social é disciplinado de 
maneira genérica pelo Direito Positivo. Lacunas e espaços vazios formam-se dentro 
desse envolvimento jurídico. É justamente nessas lacunas e hiatos que penetra a 
jurisprudência para conseguir o que a norma escrita não o pode fazer. 
 
A jurisprudência, salienta Amilcar de Castro, enquanto entre nós não tenha força 
obrigatória, valendo apenas como doutrina, é importantíssima fonte de Direito 
Internacional Privado, cujas normas legisladas, em geral, são poucas. E note-se 
que, como a lei, é resultante de atos oficiais de um poder público, presumidamente 
imparcial, pelo que, se não tem força de obrigar os juizes a segui-la, não deixa de ter 
o prestígio dos atos oficiais. 
 
Haroldo Valladão enuncia o seu ponto de vista mostrando que a jurisprudência dos 
tribunais torna-se cada vez mais uma verdadeira tábua de logaritmos do jurista, 
fornecendo cada dia soluções não previstas ou mal e incompletamente previstas 
pelo legislador. Ela é particularmente necessária ao Direito Internacional Privado - 
acentua o grande internacionalista brasileiro - um Direito cuja legislação é 
fortemente reduzida. 
 
E continua: “Ao lado da lei forma-se um direito jurisprudencial, mais plástico, 
possível de ser modificado pelos próprios tribunais, mais vivo, particularizado: o 
direito positivo corrente. O direito jurisprudencial une o direito positivo corrente. O 
direito jurisprudencial une o direito atual ao direito futuro: ele é a fonte entre o JUS 
CONSTITUTO e o JUS CONSTITUENDO”. 
 
37 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
A autoridade e o valor positivo da jurisprudência variam em cada Estado. Os países 
do Common Law, como a Grã-Bretanha e os Estados Unidos lhe dão maior 
categoria de fonte que os direitos escrito e codificado. 
 
7.3.4 DOUTRINA 
 
Nos primórdios do direito internacional, na sua fase de formação, a opinião dos 
juristas mais categorizados, como Hugo GRÓCIO, Cornelis van BYNKERSHOEK, 
Alberico GENTILI e Emer de VATTEL, dentre outros, supriu as lacunas existentes, 
recorrendo às mais variadas fontes, como o direito romano. 
 
A doutrina é outra fonte reconhecida de Direito Internacional Privado, tendo muito 
influenciado a evolução da nossa disciplina em todas as partes do mundo. Veja-se 
que os princípios fundamentais do Direito Internacional Privado moderno repousam 
nas teorias doutrinárias desenvolvidas desde o século XIX. 
 
É o campo do direito em que a doutrina tem mais desenvoltura, maior aplicabilidade. 
Ela interpreta as decisões judiciais a respeito do Direito Internacional Privado e com 
base nas mesmas desenvolve os princípios da matéria. Entretanto, a doutrina 
também serve de orientação para os tribunais, os quais muitas vezes recorrem a ela 
para decidir questões deste Direito. 
 
O grande mérito da doutrina é o de ter elaborado um sistema de regras jurídicas 
constitutivas da parte geral do Direito Internacional Privado. Estas regras, raras 
vezes, incorporam-se diretamente à legislação dos Estados. Em sua grande maioria 
são compostas por regras não escritas, e sua aplicação, pelos tribunais, baseia-se 
de imediato, nas fontes doutrinárias. 
 
Uma característica própria da doutrina é a sua visão global. Embora o Direito 
Internacional Privado seja basicamente Direito Interno, eventualmente uniformizado, 
em algumas das suas partes, o objeto da disciplina que trata de relações jurídicas de 
Direito Privado com conexão internacional é estritamente internacional. Por esse 
motivo, a doutrina que leva em consideração tal aspecto é indispensável para o juiz, 
já que, para este, não é possível um estudo mais abrangente, pela falta de tempo. 
38 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
 
Nesse campo, a fonte doutrinária de grande repercussão é representada pelos 
trabalhos dos institutos especializados na pesquisa do Direito Internacional Privado 
e pelas convenções elaboradas nas conferências internacionais, mesmo quando não 
vigentes pela falta do número necessário de ratificações. Como essas convenções 
foram preparadas por especialistas de alto nível, o valor doutrinário dos documentos 
é elevado, devendo ser aproveitado pelos tribunais na aplicação do Direito 
Internacional Privado. 
 
O papel da doutrina pode ter diminuído, e hoje se verifica que a sua inclusão no 
Estatuto da CIJ tem sido contestada. A própria Corte, em seus julgamentos, tem 
evitado mencionar as opiniões dos juristas; mas, em compensação, nas exposições 
dos governos e nos votos em separado, o recurso à doutrina é frequente, o que dá 
ideia de seu valor. 
 
7.3.5 O COSTUME 
 
Enquanto fonte do direito internacional, não pode ser esquecido (consuetudo est 
servanda), nem deixar de ser aplicado como a expressão da juridicidade, no plano 
internacional, conforme a lição de CAPOTORTI (1994), ou, como afirmou a CIJ, no 
julgamento do caso da Delimitação da fronteira marítima na região do Golfo do 
Maine (1984). 
 
O modo de aferição do costume, na formação do direito internacional, teria se 
colocado diversamente, desde a segunda guerra mundial, em virtude do surgimento 
de novos problemas e do aumento no número de membros da comunidade 
internacional, desejosos de deixar a sua marca, no ordenamento mundial, mediante 
tratados negociados nos organismos intergovernamentais. Em outras palavras, o 
costume pôde, as vezes, ser considerado critério insatisfatórioe lento para 
acompanhar a evolução do direito internacional, mas tem seu papel resguardado em 
razão da estrutura difusa e do funcionamento da sociedade internacional, como 
significativamente ilustraria a expressa menção, no último parágrafo do preâmbulo 
da Convenção de Viena sobre direito dos tratados, de 1969, as “regras do direito 
internacional consuetudinário continuarão a reger as questões não reguladas pelas 
39 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
disposições da presente Convenção”. A principal codificação do direito internacional, 
em matéria de tratados, ressalva expressamente o papel e o alcance do costume, 
como fonte do direito, no contexto internacional. 
 
O costume é o fruto de usos tradicionais, aceitos durante longo período, tanto assim 
que o fator tempo era tido como elemento crucial de sua formação. Para Paul 
REUTER, a regra consuetudinária é o resultado de atos seguidos que constituem 
precedentes, com ênfase no elemento material “constituído pela repetição durante 
período bastante prolongado de certos atos”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
8 UNIDADE 8 – HISTÓRIA DO DIREITO INTERNANCIONAL PRIVADO 
 
8.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 
 
O Direito Romano não cuidava especificamente de Direito Internacional Privado. O 
direito se divide em duas ordens de Direito: jus civile e jus peregrinum. Aplicava-se o 
primeiro ao cidadão romano, e o segundo ao estrangeiro, gerando, eventualmente e 
como síntese, o jus gentium, aplicado ao romano na relação com o estrangeiro. O 
Império Romano não usava o Direito Estrangeiro aos não romanos. Essa é uma das 
razões para não existir Direito Internacional Privado em Roma. Mas não era um 
conflito de leis no espaço, era sempre o Direito Romano. Não era uma questão de 
aplicar o Direito Romano ou o Não Romano. Era simplesmente aplicar o Direito 
Romano numa relação com estrangeiro. Não havia conflito, portanto. A regra era: se 
envolve romano e não romano, aplica-se uma seção específica do Direito Romano. 
Não havia a possibilidade de se aplicar o Direito que não fosse Romano em Roma. 
 
Era algo parecido com o Estatuto do Estrangeiro brasileiro, a Lei 6815/1980. A 
capacidade de um estrangeiro aqui no Brasil para contratar dependerá de seu 
domicílio de origem. Então vamos para outra fase de Direito Internacional Privado, 
que começa na Itália dos séculos XI e XII. Naquele momento acontece na Itália o 
renascimento das cidades e do comércio. Surgimento dos títulos de crédito, letra de 
câmbio e outros instrumentos. Aqui efetivamente começa a surgir o Direito 
Internacional Privado. Temos a Itália dividida numa série de províncias, ou cidades-
Estados. Cada uma tinha suas próprias leis, e o comércio estava acontecendo; 
contratos estavam sendo firmados. Roma, Milão, Veneza, cada uma com seu 
sistema jurídico. E havia problemas: a parte não pagava, ou fornecia produto 
defeituoso, fora da quantidade. E o juiz decidia quem tinha o Direito. Ele perguntava 
o seguinte: “do lugar de onde você veio, qual é o Direito?” Foi nessa construção de 
se perguntar qual era o direito que vinha as primeiras sistematizações. É aqui que se 
localiza a origem da matéria. 
 
Daqui vêm diversas feições. Com os séculos XV e XVI, temos várias escolas, como 
a francesa, a italiana e a holandesa. A alemã veio só depois, no século XVIII. 
41 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
 
A escola holandesa nega o Direito Internacional Privado; ela diz: “na Holanda se 
aplica o Direito holandês, e não o de outro Estado.” Foi a forma como se 
desenvolveu o Direito Internacional Privado ali. 
 
Tudo girava em torno da ideia de que o Direito Internacional Privado, quando 
aplicado, era uma questão de cortesia ou reciprocidade. “Se o outro Estado permite 
que se aplique meu Direito, então eu aceito aplicar o dele”. Era o que imperava. 
 
Na fase moderna, houve grande influência dos Estados Unidos e da Escola Alemã. 
Alemanha é o país de Savigny. Nesses dois, a ideia muda. A escola norte-
americana ensina que “não há nada de cortesia.” Podem riscar essa palavra. Existe 
Direito Internacional Privado porque em algumas situações aplica-se o Direito do 
estrangeiro por uma questão de justiça. Não é por concessão. 
 
A Escola Alemã diz que não; mas sim porque temos a possibilidade de aproximar o 
Direito com o local com o qual ele guarda a maior relação. Tem a ver com o centro 
de gravidade da relação jurídica. Para entender, vejamos o exemplo, uma empresa 
brasileira celebra com outra, norte-americana, a exportação de seu produto, 
enquanto esta paga um preço. Suponhamos que o contrato foi celebrado no Japão. 
De acordo com a regra que falamos, o que rege materialmente o Direito aplicado é o 
Direito Japonês. Savigny diria que isso não faz sentido nenhum. Qual é a relação 
desse contrato com o Japão? A única coisa é que esse contrato foi assinado no 
Japão. Nem passa por lá, e não é nem a sede da relação. O contrato entre as 
partes, brasileira e americana, não tem relação com o Japão. A única relação com o 
país oriental é o fato de lá ter sido assinado o contrato. Poderia ter sido um mero 
casuísmo. A regra brasileira usa o local de assinatura do contrato. E as empresas 
sabem disso, então evitam fazê-lo. 
 
E depende da perspectiva: pode-se considerar que o centro da relação está no 
consumidor. Essa análise é feita caso a caso. A corte terá que, com os fatos do 
caso, e com todo o contexto, eleger o Direito que tem mais sentido, e o para qual 
Estado aquele caso tem relação maior. Não parte do pressuposto de que o 
consumidor é sempre o centro de gravidade. Poderia, no caso das duas empresas, 
42 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
considerar-se que o Brasil é o centro de gravidade, porque aqui os bens são 
produzidos, aqui se empregam pessoas, daqui parte e lá só se recebe, pagando-se 
a quantia estipulada. Não há regra para determinar para qual Estado é mais 
relevante essa relação jurídica privada. 
 
Aparentemente a humanidade ainda carrega grandes traumas relacionados à falta 
de uma liderança firme e consistente, capaz de defender os interesses desses 
agrupamentos, mesmo que muito primitivos. Há, até os dias atuais, um grande temor 
de que a ausência de lideranças verdadeiras traga um estado em que as múltiplas 
vontades individuais se conduzirão umas em oposição às outras; verdadeiras 
guerras de pequenos contra pequenos, onde a violência se revelaria de formas 
inimagináveis e a insegurança reinaria, trazendo consigo medo, desespero, 
infelicidade e desesperança. Essa espécie de caos entre homens, a vivência de uma 
disrupção social após períodos de caminhada em que houvera ordem, razão e 
justiça, amedronta e aprisiona as sociedades atuais, que, a cada exemplo singelo 
dessa espécie de patologia, doença social, ou melhor, sente plenamente justificados 
os mecanismos de defesa contra a barbárie. 
 
Pois é no estudo histórico das relações entre povos que se percebe a complexidade 
das interações interculturais que veio sendo desenvolvida desde a completa 
hostilidade até a consideração do Direito Internacional Privado como o conjunto de 
regras destinadas a resolver a lei aplicável, num caso concreto, dentre várias leis 
que são concorrentes. 
 
8.2 IDADE MÉDIA 
 
Com a queda do império romano (séc. V), sua invasão por sequências de hordas 
de bárbaros, fragmentou-se a tênue unidade cultural, deixando toda a Europa a 
mercê de grupos étnicos que se impunham em pequenas regiões pela força. Neste 
tempo em que já não havia

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