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HABEAS CORPUS

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UNIVERSIDADE PAULISTA UNIP
Direitos Fundamentais e as Constituições Brasileiras
São Paulo
2015
Beatriz Eufrásio de Paula, C4655A-7, TURMA: DR1A20
Juliana Karoline Firmino Brandão dos Santos, C59669-8, TURMA: DR1A20
Letícia Andréia Azevedo Bueno, C39CAG-0, TURMA: DR2B20
Natasha Deolinda Pirone, C54FDC-0, TURMA: DR1A20
Yasmin Jaber Chagas, C61723-7, TURMA: DR2B20
Professor Orientador: Mara Buffulin
São Paulo
2015
Sumário
Introdução
No dia 16 de julho de 1934, foi promulgada a nova Constituição, que foi conduzida pelo seu primeiro presidente eleito José Manuel de Azevedo Marques. Ao encaminharem um parecer ao Conselho Federal, sobre a competência constitucional dos Estados para legislar sobre a organização da assistência judiciária, destacaram-se Plinio Barreto, Fernando Gomes e o próprio Azevedo Marques. 
A constituição de 1934 teve vida curta. Ao mesmo tempo em que tentou estabelecer uma ordem tolerante e moderna, buscou também fortalecer o Estado e seu papel diretor no setor econômico-social. A Constituição determinou ainda que a primeira eleição presidencial após sua publicação seria feita pelo voto dos membros da Assembleia Nacional Constituinte. 
Na Constituição Federal de 1988, o artigo 5º foi incluído para garantir Direitos Fundamentais, já que o Brasil estava saindo de uma ditadura militar, na constituição de 1834 foi outorgada por Getúlio Vargas, ela tinha Direitos Fundamentais, mas estes Direitos não eram cláusulas pétreas, logo foram alterados e os indivíduos perderam os direitos, quando a ditadura tomou conta, a Constituição de 1946 altera os atos e depois foram as alterações da CF de 1964 para 1967 são colocados através dos atos constitucionais 1,2,3,4,5.
Dentro do artigo 5º, CF, nos incisos LXVIII, LXIX tratam-se do Habeas Corpus que é o remédio judicial que tem por finalidade evitar ou fazer cessar a violência ou coação à liberdade de locomoção, decorrente de ilegalidade ou abuso de poder. O intuito deste artigo é demonstrar as espécies, formas e natureza do habeas corpus, sua história e sua evolução constitucional e jurisprudencial. 
Art 5º, CF, 
 "LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder público;" 
No código processual penal no Art. 647 diz que:
 CPP - Decreto Lei nº 3.689 de 03 de Outubro de 1941
Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar.
1.ORIGEM 
O instituto do habeas corpus tem sua origem remota no Direito Romano, pelo qual todo cidadão podia reclamar a exibição do homem livre detido /ilegalmente. 
A origem mais apontada por diversos autores é a Magna Carta, que por opressão dos barões, foi outorgada pelo Rei João Sem Terra em 19 de junho de 1215, nos campos de Runnymed, na Inglaterra. 
Como aponta Pinto Ferreira: [1] 
“O habeas corpus nasceu historicamente como uma necessidade de contenção do poder e do arbítrio. Os países civilizados adotam-no como regra, pois a ordem do habeas corpus significa, em essência uma limitação às diversas formas de autoritarismo.” 
2.INTRODUÇÃO NO BRASIL 
No Brasil, foi introduzido após a partida de D. João VI para Portugal, quando expedido o Decreto de 23 de maio de 1821, referendado pelo Conde dos Arcos. 
Estabelecia aquele Decreto que, a partir de então, nenhuma pessoa livre no Brasil poderia ser presa sem escrita do Juiz do território a não ser em caso de flagrante delito, quando qualquer do povo poderia prender o delinquente; e que nenhum Juiz poderia expedir ordem de prisão sem que houvesse culpa formada, por inquirição de três testemunhas e sem que o fato fosse declarado em lei como delito. 
O decreto foi implícito na constituição de 1824, a qual proibia as prisões arbitrarias e mais tarde, foi regulamentado pelo Código de Processo Criminal de 24 de novembro de 1832, nos artigos 340 a 355 e estabelecia que qualquer Juiz poderia passar uma ordem de habeas corpus de ofício, sempre que no curso do processo chegasse ao seu conhecimento que alguém estivesse detido ou preso. 
Com o advento da Republica, o Decreto de 11 de outubro de 1890 determinava que todo cidadão nacional ou estrangeiro poderia solicitar ordem de habeas corpus, sempre que ocorresse ou estivesse em vias de se consumar um constrangimento ilegal. Era o aparecimento, entre nós, do habeas corpus preventivo. 
3.Conceito e legitimidade
A expressão "habeas corpus" significa apresente o corpo. Ele é uma garantia constitucional que tutela a liberdade de locomoção do homem. Assim, o "habeas corpus" é um remédio constitucional cabível sempre que alguém tiver sofrendo constrangimento ilegal no seu direito de ir e vir, ou quando estiver na iminência de sofrer tal constrangimento. Preceitua o art. 5º, inciso LXVIII, da Constituição Federal que, "conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder".
Importante dizer que, o "habeas corpus" não é um recurso, embora o Código de Processo Penal o enquadre como tal. Isso porque a utilização de recursos pressupõe uma decisão não transitada em julgado, e o remédio constitucional em questão pode ser impetrado a qualquer momento, ainda que esgotadas todas as instâncias. Além disso ele pode ser impetrado tanto contra uma decisão judicial, quanto contra um ato administrativo, bastando que haja a ameaça ou a violência ao direito de ir e vir de determinada pessoa.
Portanto, dizemos que o "habeas corpus" é uma ação, ou melhor, uma ação penal popular, já que pode ser impetrado por qualquer pessoa do povo. Para tanto, são necessários a presença de todos os requisitos da ação penal, quais sejam, a possibilidade jurídica do pedido, o interesse de agir, a legitimidade "ad causam" e a justa causa.
O "habeas corpus", como mencionado anteriormente, pode ser impetrado por qualquer pessoa, quer tenha ou não capacidade postulatória. Não há necessidade do beneficiário outorgar procuração a quem redigir o remédio. Até mesmo o Ministério Público ou qualquer pessoa jurídica podem impetrá-lo. Porém, cabe mencionar que o juiz não poderá impetrar "habeas corpus" em decorrência de sua função, a não ser que seja o paciente da ação. Nesse sentido, prevê o art. 654, § 2º do Código de Processo Penal que "os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de 'habeas corpus', quando no curso de processo verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal".
No entanto, importante ressaltar que, quando o juiz verificar a ilegalidade de prisão em flagrante, deverá imediatamente relaxá-la, mas tal providência não implicará em concessão de "habeas corpus". Se o juiz conceder a ordem de ofício deverá submeter sua decisão ao exame da instância superior, conforme estipula o art. 574, inciso I, do CPP.
4.NATUREZA JURÍDICA 
O habeas corpus é uma ação constitucional de caráter penal e de procedimento especial, isenta de custas e que visa evitar ou cessar violência ou ameaça na liberdade de locomoção por ilegalidade ou abuso de poder. Não se trata, portanto de uma espécie de recurso, apesar de regulamentado no capítulo a eles destinado no Código de Processo Penal. 
Convém lembrar que, não obstante o esforço teórico desprendido por esses autores e o fato de o habeas corpus servir às vezes, como sucedâneo de recurso, para atacar pronunciamento judicial, está hoje fora de qualquerdúvida a sua natureza jurídica de ação, ou seja, “atuação do interessado, ou alguém por ele, consistente no pedido de determinada providência, a órgão jurisdicional, contra ou em face de quem viola ou ameaça violar a sua liberdade de locomoção”. 
 
5. HIPÓTESES E ESPÉCIES 
   
5.1 Habeas corpus preventivo (salvo-conduto) 
Quando alguém se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção por ilegalidade ou abuso de poder. Assim, bastará, pois a ameaça de coação à liberdade de locomoção, para a obtenção de um salvo conduto ao paciente, concedendo-lhe livre trânsito, de forma a impedir sua prisão ou detenção pelo mesmo motivo que ensejou o habeas corpus. 
 
5.2. Habeas corpus liberatório ou repressivo 
Quando alguém estiver sofrendo violência ou coação em sua liberdade de locomoção por ilegalidade ou abuso de poder. Pretende fazer cessar o desrespeito à liberdade de locomoção. 
 
5.3. Liminar em habeas corpus 
Em ambas as espécies haverá possibilidade de concessão de medida de liminar, para se evitar possível constrangimento à liberdade de locomoção irreparável. 
Júlio Fabbrini Mirabete lembra que: 
“Embora desconhecida na legislação referente ao habeas corpus, foi introduzida nesse remédio jurídico, pela Jurisprudência, a figura da ‘liminar’, que visa atender casos em que a cassação da coação ilegal exige pronta intervenção do judiciário” 
Concluindo que: 
“Como medida cautelar excepcional, a liminar em habeas corpus, exige requisitos: o periculum in mora ou perigo na demora, quando há probabilidade de dano irreparável e o fumus boni iuris ou fumaça do bom direito, quando os elementos da impetração, indiquem a existência de ilegalidade” 
 
6. CABIMENTO DE HABEAS CORPUS 
Dado o intuito pragmático do presente artigo, serão elencadas as ocorrências que autorizam a concessão da ordem: 
Ameaça, sem justa causa, à liberdade de locomoção; 
Prisão por tempo superior estabelecido em lei ou sentença; 
Cárcere privado; 
Prisão em flagrante sem a apresentação da nota de culpa; 
Prisão sem ordem escrita de autoridade competente; 
Prisão preventiva sem suporte legal; 
Coação determinada por autoridade incompetente; 
Negativa de fiança em crime afiançável; 
Cessação do motivo determinante da coação; 
Nulidade absoluta do processo; 
Falta de comunicação da prisão em flagrante do Juiz competente para relaxá-la. 
 
 7.PESSOAS DO PROCESSO 
Do processo de habeas corpus participam as seguintes pessoas: 
O Impetrante – é aquele que requer ou impetra a ordem de habeas corpus a favor do paciente; 
O Paciente – é o individuo que sofre a coação, a ameaça, ou a violência consumada; 
O Coator – é quem pratica ou ordena a prática do ato coativo ou da violência; 
O Detentor – é quem mantém o paciente sobre o seu poder, ou o aprisiona. 
 
 7.1. Impetrante 
Primeiramente, é de se considerar a figura do impetrante, que é a pessoa legitimada a impetrar a ordem, uma vez que apropria natureza do habeas corpus indica que qualquer pessoa seja nacional ou estrangeiro, não importando sua profissão ou situação social, pode impetrá-lo a seu favor ou de outrem. 
 
7.2. Coator 
O coator, como já foi dito, é a pessoa que de qualquer modo, causa ou ameaça causar ao paciente um constrangimento ilegal. 
Apesar de existir ainda certa divergência, é prevalente em doutrina e jurisprudência o entendimento de que a coação pode provir de ato de autoridade pública ou de particular. Normalmente é a autoridade, policial ou judiciária, a responsável pela coação, mas isto não exclui a possibilidade de o particular também exercê-la, cabendo habeas corpus para remediá-la. [7] 
 
7.3. Paciente 
Chama-se paciente a pessoa que está sofrendo a coação ilegal, ou está iminência de sofrê-la. Pode ela mesma impetrar a ordem, ou pode outra pessoa impetrá-la em seu favor. No primeiro caso o paciente e o impetrante se confundem na mesma pessoa. 
Para uma fácil compreensão, enumeramos algumas situações especiais, na qual se pode encontrar o paciente. 
 
7.3.1. Paciente incapaz 
Se o paciente for incapaz, ser-lhe-á nomeado curador que poderá ser inclusive, o próprio impetrante. 
 
7.3.2. Vários pacientes 
Se houver mais de um paciente, as condições para concessão da medida, deverão ser atendidas por todos, sendo que pode um paciente impetrar habeas corpus pelos demais. 
 
7.3.3. Paciente de nome desconhecido 
Mesmo que o nome do paciente seja desconhecido, no todo ou em parte, poderá o interessado impetrar o habeas corpus, indicando na petição, dados suficientes para individualizá-lo. 
 
7.3.4. Paciente em local desconhecido 
Não é necessário que se saiba onde se encontra o paciente que sofre o constrangimento ilegal, bastando que se indique qual é a autoridade coatora. 
 
7.3.5. Paciente foragido 
A circunstância de se encontrar o paciente foragido, não impede o conhecimento e julgamento de habeas corpus. 
 
8. COMPETÊNCIA 
Em regra, competirá conhecer o pedido de habeas corpus a autoridade judiciária imediatamente superior à que pratica ou está em vias de praticar o ato ilegal. 
 
8.1. Juiz de Direito 
Compete aos Juízes de Direito estaduais sempre que a coação for exercida por particulares ou pelas autoridades policiais estaduais. 
 
8.2. Tribunais de Justiça ou de Alçada 
Já os Tribunais de Justiça ou de Alçada serão competentes originariamente, sempre que a autoridade coatora for Juiz de Direito estadual ou secretário de estado (Código de Processo penal, art. 650, II). 
 
8.3. Juiz Federal 
Compete ao Juiz Federal, quando o crime atribuído ao paciente tiver sido praticado pela Polícia Federal. Caso seja o próprio Juiz Federal a autoridade coatora, competirá ao Tribunal Regional Federal a que estiver ele subordinado. 
 
8.4. Superior Tribunal de Justiça 
Competirá ao Superior Tribunal de Justiça, quando o coator ou o paciente for Governador de estado ou do Distrito federal; órgão monocrático dos Tribunais Estaduais ou dos Tribunais Regionais Federais, membros dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Distrito Federal; dos Tribunais Regionais Eleitorais, dos Tribunais Regionais dos Trabalho; dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e do Ministério Público da União que oficiem perante Tribunais ou quando o Coator for Ministro de Estado. 
 
8.5. Supremo Tribunal Federal 
Será competente se o paciente for o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, os seus próprios Ministros, o Procurador-Geral da República, os Ministros de Estado, os Membros dos Tribunais Superiores, os dos Tribunais de Contas da União e os Chefes de Missão Diplomáticas. 
 
9. CONCESSÃO DE OFÍCIO 
Segundo preceitua o artigo 654, parágrafo 2º do Código de Processo Penal, “os Juízes e os Tribunais tem competência para expedir de oficio ordem de habeas corpus, quando no curso do processo verificarem que alguém sofre ou esta na iminência de sofrer coação ilegal”. 
Na lição de Espínola Filho 
“Para a concessão da ordem, na hipótese, não há necessidade de processo especial, a autoridade judiciária serve-se dos próprios elementos do processo, que corre sob sua jurisdição, eis que a prova nele colhida, a convença da efetividade, ou da ameaça real e iminente, de constrangimento ilegal de que seja paciente, o réu, o ofendido, o querelante, testemunha, advogado”. 
 
10. EXECUÇÃO DA SENTENÇA 
Provada a ilegalidade do constrangimento e concedida a ordem de habeas corpus, expedir-se-á alvará de soltura, lavrado pelo escrivão da Vara e assinado pelo juiz, a fim de que o paciente seja posto em liberdade. 
Não poderá a autoridade coatora, deixar de acatar, imediatamente, a ordem concedida a não ser que a mesma emane de Juiz Incompetente para a sua concessão. O não cumprimento implica em desobediência, podendo o Juiz determinar a prisão do detentor, ou requisitar a força necessária para que a mesma seja cumprida. 
11."Habeas corpus" preventivo e liberatório
 O "habeas corpus" preventivo é aquele impetrado quando existe uma ameaça ao direito de ir evir de uma pessoa. Por outro lado, o "habeas corpus" liberatório é utilizado quando a pessoa já sofreu violação ao seu direito de locomoção. Quando o "habeas corpus" preventivo for concedido será expedido salvo-conduto, que visa impedir a prisão ou detenção pelos motivos que ensejaram a impetração do remédio.
Assim, tal remédio extraordinário é cabível quando houver constrangimento ilegal ao direito de locomoção das pessoas, por violência ou coação, ou ainda quando houver iminência desse constrangimento.
De acordo com o art. 648, do Código de Processo Penal, a coação considerar-se-á ilegal:
I - quando não houver justa causa: em sentido estrito, não haverá justa causa quando o fato imputado ao agente não estiver previsto em lei, ou quando houver alguma excludente de ilicitude ou excludente de culpabilidade e escusa absolutória. Assim, não haverá justa causa quando a lei não prever sanção para o ato ou quando o fato não preencher os requisitos determinados pela lei;
II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei: tal dispositivo refere-se aos casos de prisão provisória (prisão em flagrante, preventiva e temporária). Ultrapassado o prazo para a realização dos atos processuais, por se tratar de prisão cautelar, considera-se que há coação ilegal em decorrência do excesso de lapso temporal, cabendo assim a concessão do writ .
Prazos: para inquérito policial: 10 dias para réu preso e 30 dias para réu solto (prorrogável). A Lei de Tráfico de Entorpecentes determina que o prazo para o término do inquérito será de 30 dias, estando o indiciado preso, ou de 90 dias, caso esteja solto, podendo esse prazo ser duplicado pelo juiz, ouvido o Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade de polícia judiciária. A prisão temporária poderá durar no máximo 05 dias, prorrogáveis por mais 05; e quando se tratar de crimes hediondos o prazo estende para 30 dias, que também poderão ser prorrogados por igual período;
III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo: tal inciso refere-se somente às hipóteses de prisão temporária e preventiva decretadas durante o inquérito policial, já que se decretadas durante o processo por juiz incompetente haverá nulidade "ab initio" do processo, e o "habeas corpus" será impetrado com fundamento no inciso VI deste artigo. Importante dizer que, em relação à prisão em flagrante não há o que se falar em incompetência, já que é decretada pela autoridade policial, que não é dotada de competência;
IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação: quando desaparecer o motivo que ensejou a prisão, a sua manutenção torna-se ilegal;
V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza: os crimes afiançáveis são aqueles cuja pena mínima não ultrapassa dois anos. Caberá "habeas corpus" também quando a fiança for arbitrada com valor excessivamente elevado;
VI - quando o processo for manifestamente nulo: quando houver irregularidades no processo penal haverá constrangimento ao réu, já que, segundo a Carta Magna, "ninguém será privado de sua liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal" (art. 5º, LIV). As hipóteses de nulidades encontram-se no rol do art. 564, do CPP ;
VII - quando extinta a punibilidade: quando o Estado perde o seu direito de punir, a imposição de sanção penal torna-se ilegal. As causas extintivas da punibilidade estão previstas no art. 107, do Código Penal (rol não taxativo).
 
CONCLUSÃO 
 
Os direitos que hoje são considerados fundamentais e essenciais à manutenção da dignidade humana estão dispostos no ordenamento jurídico brasileiro de forma “especial”. Tais direitos surgiram com a função de limitar e controlar os abusos do poder do Estado, com o objetivo de assegurar aos cidadãos uma vida mais digna. 
Eles se originaram de diversas fontes como a religião ou e a filosofia. A partir da transição religiosa para a filosófica, nasceu o pensamento jusnaturalista, o qual pregava que o simples fato do ser humano existir, fazia dele um sujeito de direitos naturais. A influência das doutrinas jusnaturalistas foi extremamente importante para o reconhecimento dos direitos fundamentais nos processos revolucionários do século XVIII. 
A elaboração da Constituição de 1988 foi consequência de uma série de debates que resultaram na redemocratização do país, depois do período militar. A Constituição Federal de 1988 foi fundamentalmente inovadora ao elencar inúmeros direitos fundamentais, e considerá-los cláusulas pétreas. 
Alguns dos direitos fundamentais consagrados pela CF/88, infelizmente não são aplicáveis, na maioria das vezes pela própria inércia do Estado em outras por falta de normatização. No entanto, ainda há muito que se fazer com o intuito de contornar essa situação e encontrar soluções que possibilitem ao menos neutralizar os problemas ligados aos direitos fundamentais. 
Não é desejável apenas direitos consagrados pela CF e sim direitos que possam ser usufruídos e dependerá do comprometimento da sociedade, que deverá enfrentar esse desafio e fazer sua parte com o objetivo de fazer os direitos fundamentais virarem costumes sociais. 
Logo, as principais formas de assegurar a efetivação do dos direitos fundamentais será a conscientização, a informação, a educação e a participação pública. Não é uma tarefa fácil, mas impossível também não é.
Referências bibliográficas
TOURINHO, Fernando da Costa Filho. Manual de Processo Penal. 8ª ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2006.
MACHADO, Angela Cangiano e outros. Prática Penal - Coleção Prática Forense. 5ª ed., v. I, São Paulo: Editora Premier, 2009.
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 15. ed. São Paulo, Atlas: 2004. 
PACHECO, José Ernani de Carvalho. Habeas corpus. 7. ed. Curitiba: Juruá, 1998. 
FERREIRA, Pinto. Teoria e Prática de habeas corpus, São Paulo, Saraiva, 1982, 2ª ed – P. 13 
STF – 1ª T. – HC nº 69.419-5 MS – Rel. Min. Sepúlveda Pertence – v.u. Diário da Justiça, seção I, 28/8/92. 
Conforme entendeu o STF “a jurisprudência desta corte tem admitido que se conceda habeas corpus de ofício, ainda quando o pedido originário não possa ser conhecido” (RT 650/331) 
C.F. art. 5º, LXXVII – “são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania”. 
TUCCI, Rogério Lauria. Habeas corpus e mandado de segurança: diversificações conceptuais. In Ciência Penal 31/03 
MIRABETE, Júlio Fabbrini. Código de Processo Penal interpretado. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 1996, P. 765.

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