Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Lei de Coulomb e Campo Elétrico Sérgio Antenor de Carvalho c©2011 2 Conteúdo 2 Lei de Coulomb e Campo Elétrico 5 2.1 Introdução 01 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 2.1.1 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 2.2 Lei de Coulomb . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 2.2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 2.2.2 Lei de Coulomb Experimental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 2.2.3 Lei de Coulomb na Forma Vetorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 2.2.4 Propriedades da Lei de Coulomb . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 2.3 Definição do conceito de Campo Elétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 2.3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 2.3.2 Conceito de Campo Elétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 2.3.3 Campo Elétrico de uma Carga Pontual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 2.3.4 Propriedades do Campo Elétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 2.3.5 Campo Elétrico de Distribuições Pontuais de Carga . . . . . . . . . . . . . . . 12 2.4 Sumário 01 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 2.5 Introdução 02 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 2.5.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 2.6 Densidade de Carga Elétrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 2.6.1 Densidade Linear de Carga ρl . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 2.6.2 Densidade Superficial de Carga ρs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 2.6.3 Densidade Volumétrica de Carga ρv . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 2.7 Campo Elétrico de Distribuições de Carga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 2.7.1 Campo Elétrico de uma Distribuição Volumétrica de Cargas . . . . . . . . . . 21 2.7.2 Campo Elétrico das distribuições ρs e ρl . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 2.7.3 Campo Elétrico de uma Linha Infinita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 2.7.4 Campo Elétrico de um Plano Infinito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 2.8 Introdução 03 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 2.9 Linhas de Campo Elétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 2.9.1 Conceito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 2.9.2 Equação da Linha de Campo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 2.9.3 Exemplos de Linhas de Campo Elétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 2.10 Exemplos de Aplicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 2.10.1 Tubo de raios catódicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 2.10.2 Separador de Elementos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 2.10.3 Copiadoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 2.10.4 Pintura Eletrostática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 3 4 CONTEÚDO Capítulo 2 Lei de Coulomb e Campo Elétrico 2.1 Introdução 01 2.1.1 Objetivos • estudo da força elétrica entre cargas • definição do conceito de campo elétrico • método para analisar (visualizar) campos – esboço de linhas de campo elétrico – método numérico para plotar linhas de campo elétrico • exemplos de aplicações e sua modelagem 2.2 Lei de Coulomb 2.2.1 Introdução • documentos de cerca de 600 a.C mostram evidências do conhecimento de eletricidade estática • os gregos esfregavam pequenos pedaços de âmbar e observavam como ele atrai pedaços de penugem • Dr. Gilbert, físico de Sua Majestade a Rainha da Inglaterra foi o primeiro a realizar um trabalho experimental com o fenômeno – em 1600 estabeleceu que vidro, enxofre, âmbar e outros materiais atraíam – palha, todos os metais, madeira, folhas, pedras, terra, água e óleo 2.2.2 Lei de Coulomb Experimental • o coronel Charles Coulomb da área de engenharia do exército frances • realiza uma série de experimentos para determinar quantitativamente a força exercida entre dois objetos carregados eletricamente • usa uma balança de torção inventada por ele 5 6 CAPÍTULO 2. LEI DE COULOMB E CAMPO ELÉTRICO • Coulomb estabeleceu experimentalmente que F = k q1 q2 R2 • onde q1 e q2 são quantidades positivas ou negativas de cargas • R é a distância entre os objetos • k é a constante de proporcionalidade • para ajuste dimensional da equação • a esquerda da equação temos força e a direita temos carga elétrica e distância • no Sistema Internacional de Unidades ( SI) temos – a carga q é medida em Coulombs ( C) – a distância R é dada em metros ( m) – a força F deve estar em newtons ( N) F = k q1 q2 R2 • para isto a constante k é escrita como k = 1 4pi ε0 • o fator 4pi aparece no denominador da Lei de Coulomb para não aparecer em outras equações • a nova constante ε0 é denominada permissividade do espaço livre • sua unidade é farads por metro, sua magnitude é ε0 = 8, 854× 10−12 = 1 36pi 10−9 (F/m) 2.2. LEI DE COULOMB 7 • a constante ε0 não é adimensional a Lei de Coulomb mostra que ε0 = q1 q2 4pi F R2 em unidades temos farads/m = Coulomb Coulomb Newtonmetrometro farads = Coulomb2/Newtonmetro F = C2/N m • foi adotado pela XI Conferência Geral de Pesos e Medidas em Paris em 1960 • é o sistema adotado no Brasil • suas unidade fundamentais, que definem as outras, são – metro (m) - unidade fundamental de comprimento – Kelvin (K) - unidade fundamental de temperatura – quilograma (Kg) - unidade fundamental de massa – segundo (s) - unidade fundamental de tempo – candela - unidade fundamental de intensidade luminosa – ampère (A) - unidade fundamental de corrente 2.2.3 Lei de Coulomb na Forma Vetorial • forma vetorial da Lei de Coulomb ~F2 = q1 q2 4pi ε0R212 ~aR12 • repulsiva para cargas de mesmo sinal • atrativa para cargas de sinais contrários • a força atua ao longo da linha que une as duas cargas No espaço livre temos duas cargas, uma de 3× 10−4C no ponto P (1; 2; 3) e a outra de −10−4C no ponto Q (2; 0; 5). Determine a força exercida na carga do ponto P . Solução: ~F2 = q1 q2 4pi ε0R212 ~aR12 q1 = 3× 10−4C, q2 = −10−4C ~R12 = (1− 2)~ax + (2− 0)~ay + (3− 5)~az ~aR12 = −~ax + 2~ay − 2~az 3 ~Fp = 3× 10−4 (−10−4) 4pi (1/36pi) 10−9 9 (−~ax + 2~ay − 2~az 3 ) = −10 (−~ax + 2~ay − 2~az)N 8 CAPÍTULO 2. LEI DE COULOMB E CAMPO ELÉTRICO 2.2.4 Propriedades da Lei de Coulomb • a força dada pela lei de Coulomb é uma força mútua ~F2 = q1 q2 4pi ε0R212 ~aR12 ~F1 = q2 q1 4pi ε0R221 ~aR21 ~F1 = − ~F2 • a lei de Coulomb é linear ~F2 = q1 q2 4pi ε0R212 ~aR12 – q1 → ~F2 em q2, n q1 → n ~F2 em q2 – q1 → ~F12 em q2 e q3 → ~F32 em q2 então (q1 + q3)→ ~F2 = ~F12 + ~F13 em q2 • esta última propriedade da origem ao Princípio da Superposição • permite considerar os efeitos das fontes separadamente • facilita a análise dos problemas 2.3. DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE CAMPO ELÉTRICO 9 2.3 Definição do conceito de Campo Elétrico 2.3.1 Introdução • a lei de Coulomb: força elétrica entre cargas elétricas – é uma ação à distância – o cálculo é feito para cada carga • é necessário avaliar a influência de uma carga em uma região 2.3.2 Conceito de Campo Elétrico • atuação de uma carga elétrica em uma região • carga elétrica é a fonte que gera um campo elétrico • aplicamos a Leide Coulomb em uma carga de teste qt ~Ft = q1 qt 4pi ε0R21t ~aR1t • escrevemos essa força como ~Ft qt = q1 4pi ε0R21t ~aR1t força por unidade de carga • a direita da equação temos uma função só da carga q1 – está dirigida ao longo do segmento q1 qt – descreve o campo vetorial denominado 10 CAPÍTULO 2. LEI DE COULOMB E CAMPO ELÉTRICO • campo elétrico ~E , ~Ft qt = q1 4pi ε0R21t ~aR1t • vetor força por unidade de carga positiva • a carga de teste qt não altera a carga fonte q1 – posição – estrutura e valor • é medida em newtows por coulomb (N/C) • antecipamos uma nova quantidade dimensional, o volt (V ), que tem dimensões joule por coulomb (J/C) ou newton metro por coulomb (N m/C) • a intensidade de campo elétrico é medida em unidades de volt por metro (V/m) • campo elétrico ~E = q1 4pi ε0R21t ~aR1t • dispensando os índices na equação temos ~E = q 4pi ε0R2 ~aR (V/m) • quais informações estão expressas por esta equação – é proporcional a quantidade de carga q – é função do inverso do quadrado da distância R2 – está na direção radial ~aR – o meio é o espaço livre (vácuo) ε0 2.3.3 Campo Elétrico de uma Carga Pontual • a equação ~E = q 4pi ε0R2 ~aR (V/m) • representa o campo de uma carga pontual • coloquemos esta carga pontual na origem do sistema ~E = q 4pi ε0 r2 ~ar (V/m) 2.3. DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE CAMPO ELÉTRICO 11 • analisemos a equação ~E = q 4pi ε0 r2 ~ar (V/m) • o campo só possui a componente radial ~ar • o campo decresce com o quadrado da distância r2 • quais são as simetrias existentes? – simetria em φ – simetria em θ • como percebemos estas simetrias? • consideremos a carga pontual fora da origem • o campo elétrico no ponto P (x, y, z) é dado por ~E = q 4pi ε0R2 ~aR (V/m) • ~R = ~r − ~r′, ~aR = ~R/|~R| ~E = q 4pi ε0 |~r − ~r′|2 (~r − ~r′) |~r − ~r′| ~E = q (~r − ~r′) 4pi ε0 |~r − ~r′|3 = q [(x− a)~ax + (y − b)~ay + (z − c)~az] 4pi ε0 [(x− a)2 + (y − b)2 + (z − c)2]3/2 (V/m) • a expressão ~E = q [(x− a)~ax + (y − b)~ay + (z − c)~az] 4pi ε0 [(x− a)2 + (y − b)2 + (z − c)2]3/2 • é o caso geral, quando a carga está na origem temos ~E = q [x~ax + y~ay + z ~az] 4pi ε0 [x2 + y2 + z2]3/2 • que é igual a ~E = q 4pi ε0 r2 ~ar (V/m) • no sistema de coordenadas esféricas 12 CAPÍTULO 2. LEI DE COULOMB E CAMPO ELÉTRICO 2.3.4 Propriedades do Campo Elétrico • como a Lei de Coulomb é linear e a definição do Campo Elétrico também é uma operação linear podemos aplicar o Princípio da Superposição • o campo elétrico gerado por n cargas pontuais é ~E = q1 4piε0|~r − ~r1|2 ~a1 + q2 4piε0|~r − ~r2|2 ~a2 + · · · + qn 4piε0|~r − ~rn|2 ~an • usando o símbolo de somatório Σ temos ~E = n∑ m=1 qm 4pi ε0 |~r − ~rm|2 ~am 2.3.5 Campo Elétrico de Distribuições Pontuais de Carga • o campo elétrico de uma distribuição pontual de carga é dado por ~E = n∑ m=1 qm 4pi ε0 |~r − ~rm|2 ~am • Consideremos duas cargas pontuais de 1mC e −2mC localizadas em (3, 2,−1) e (−1,−1, 4), respectivamente. Calcule o campo elétrico no ponto (0, 3, 1). • aplicando a equação acima encontramos ~E = n=2∑ m=1 qm 4piε0|~r − ~rm|2 ~am = q1 4piε0|~r − ~r1|2 ~a1 + q2 4piε0|~r − ~r2|2 ~a2 • Consideremos duas cargas pontuais de 1mC e −2mC localizadas em (3, 2,−1) e (−1,−1, 4), respectivamente. Calcule o campo elétrico no ponto (0, 3, 1). ~E = q1 4piε0|~r − ~r1|2 ~a1 + q2 4piε0|~r − ~r2|2 ~a2 = q1(~r − ~r1) 4piε0|~r − ~r1|3 + q2(~r − ~r2) 4piε0|~r − ~r2|3 2.3. DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE CAMPO ELÉTRICO 13 • Consideremos duas cargas pontuais de 1mC e −2mC localizadas em (3, 2,−1) e (−1,−1, 4), respectivamente. Calcule o campo elétrico no ponto (0, 3, 1). ~E = q1(~r − ~r1) 4piε0|~r − ~r1|3 + q2(~r − ~r2) 4piε0|~r − ~r2|3 • ~r − ~r1 = [(0, 3, 1)− (3, 2,−1)] • ~r − ~r2 = [(0, 3, 1)− (−1,−1, 4)] • Consideremos duas cargas pontuais de 1mC e −2mC localizadas em (3, 2,−1) e (−1,−1, 4), respectivamente. Calcule o campo elétrico no ponto (0, 3, 1). • ~r − ~r1 = −3~ax + ~ay + 2~az • ~r − ~r2 = ~ax + 4~ay − 3~az ~E = 1 4piε0 { 10−3[−3~ax + ~ay + 2~az] (9 + 1 + 4)3/2 − 2× 10 −3[~ax + 4~ay − 3~az] (1 + 16 + 9)3/2 } = −650, 7~ax − 381, 7~ay + 750, 6~az k V/m • Calcule a força que uma carga de 15nC sofre no ponto (0, 3, 1). • no ponto (0, 3, 1) temos ~E = −650, 7~ax − 381, 7~ay +750, 6~az k V/m • assim ~F = 15nC × ~E = −9, 761~ax − 5, 726~ay +11, 259~az mN 14 CAPÍTULO 2. LEI DE COULOMB E CAMPO ELÉTRICO • Calcule o campo elétrico no ponto P (0, 4, 0) devido a três cargas de 3mC distribuídas conforme mostra a figura. ~E = q1 4piε0|~r − ~r1|2 ~a1 + q2 4piε0|~r − ~r2|2 ~a2 + q3 4piε0|~r − ~r3|2 ~a3 • da figura temos ~r = 4~ay, ~r1 = −3~az, ~r2 = ~0 e ~r3 = −3~az • Calcule o campo elétrico no ponto P (0, 4, 0) devido a três cargas de 3mC distribuídas conforme mostra a figura. • da figura obtemos os unitários ~ai ~a1 = 4~ay + 3~az 5 ~a2 = ~ay ~a3 = 4~ay − 3~az 5 • Calcule o campo elétrico no ponto P (0, 4, 0) devido a três cargas de 3mC distribuídas conforme mostra a figura. • substituindo os elementos obtidos na equação encontramos ~E = 3× 10−3 4piε0 { 4~ay + 3~az 9× 5 + ~ay 16× 5 + 4~ay − 3~az 9× 5 } = ( 3× 10−3 4piε0 ) 73~ay 720 = 2, 7375× 106~ay V/m 2.4 Sumário 01 • fornece a lei de interação entre as cargas elétricas • lei escrita na forma de uma equação vetorial ~F2 = q1 q2 4pi ε0R212 ~aR12 2.4. SUMÁRIO 01 15 • é uma lei que atende as condições de linearidade • Princípio da Superposição • tem a característica de uma ação a distância • representa a influência de uma carga elétrica • carga elétrica é a fonte geradora de campo elétrico ~E , ~Ft qt = q1 pi ε0R 2 ~aR • a intensidade de campo elétrico é medida em unidades de volt por metro (V/m) • podemos usar Princípio da Superposição • tem a característica de uma ação a distância • campo elétrico de uma carga pontual apresenta simetrias, colocando-a na origem do sistema de coordenadas esféricas, enxergamos estas simetrias como – simetria em φ – simetria em θ ~E = q1 4pi ε0R2 ~aR 16 CAPÍTULO 2. LEI DE COULOMB E CAMPO ELÉTRICO 2.5 Introdução 02 2.5.1 Introdução • carga elétrica é uma propriedade fundamental da matéria, é medida em Coulombs (C) • no átomo temos partículas carregadas, os prótons e os elétrons – elétrons - são as partículas com menor carga elétrica e massa, a sua carga elétrica e massa são qe = −1, 602177× 10−19 (C) me = 9, 10956× 10−31 (kg) – o sinal negativo é simplesmente uma convenção adotada por Flanklin, que pensava que era a carga positiva que se deslocava, hoje sabemos que é ao contrário • prótons - são as partículas com carga elétrica contrária da do elétron, a sua carga elétrica e massa são qp = +1, 602177× 10−19 (C) mp = 1, 67261× 10−27 (kg) • observe que a massa do próton é cerca de 1836 vezes maior que a do elétron • os prótons se localizam no núcleo do átomo e os elétrons circulam em torno do núcleo • carga elétrica são múltiplos inteiros de uma valor discreto de 1, 602177× 10−19 (C) – carga negativa - n elétrons −1, 602177× 10−19 (C) – carga positiva - n protons +1, 602177× 10−19 (C) • assim qualquer quantidade de carga é formada por um número inteiro de cargas discretas – exemplo −1C é formado por cerca de 6, 24× 1018 elétrons • é prático usar a expressão do campo elétrico de distribuições pontuais de carga ~E = n∑ m=1 qm 4pi ε0 |~r − ~rm|2 ~am • para calcular o campo elétrico total num ponto? 2.6. DENSIDADE DE CARGA ELÉTRICA 17 2.6 Densidade de Carga Elétrica • a praticidade de usar ~E = n∑ m=1 qm 4pi ε0 |~r − ~rm|2 ~am •está associada na capacidade de avaliar o somatório • cargas estão associadas a matéria, assim ocupam um volume finito • podemos olhar um conjunto de cargas de duas formas • nível microscópico – dimensões são da ordem da dimensão atômica – magnitudes de carga da ordem das cargas atômicas • nível macroscópico – dimensões grandes se comparadas a dimensão atômica – magnitudes de carga grandes se comparadas as cargas atômicas • considerando cargas e dimensões macroscópicas podemos interpretar (considerar) um volume carregado como constituído de volumes carregados menores o quanto se queira, que não atin- giremos a escala microscópica, temos assim, um modelo contínuo 18 CAPÍTULO 2. LEI DE COULOMB E CAMPO ELÉTRICO • cargas elétricas podem estar distribuídas na seguintes formas – em um ponto - distribuição pontual – sobre uma linha - distribuição linear – sobre uma superfície - distribuição superficial – em um volume - distribuição volumétrica – de forma genérica - distribuição genérica combinação das anteriores 2.6.1 Densidade Linear de Carga ρl • a densidade linear de carga ρl é definida como ρl , lim ∆`→0 [ ∆Q ∆` ] C/m • carga total na linha Q = ∫ ` ρl d ` C • um laço de cargas possui uma densidade linear de carga ρl = 1 C/m, calcule a carga total no laço 2.6. DENSIDADE DE CARGA ELÉTRICA 19 • a carga total na linha é dada por Q = ∫ ` ρl d ` = ∫ 2pi 0 1 ρ dφ = ∫ 2pi 0 1 (0, 1) dφ = 0, 2piC • considere agora ρl = sen φ C/m, assim, a carga total na linha é dada por Q = ∫ ` ρl d ` = ∫ 2pi 0 sen φ ρ dφ = ∫ 2pi 0 sen φ (0, 1) dφ = [−0, 1 cos φ]2pi0 = 0 C 2.6.2 Densidade Superficial de Carga ρs • a densidade superficial de carga ρs é definida como ρs , lim ∆S→0 [ ∆Q ∆S ] C/m2 • carga total na superfície Q = ∫ s ρs dS C • calcule a carga total na área marcada sabendo que a densidade superficial de carga é ρs = 15 C/m2 20 CAPÍTULO 2. LEI DE COULOMB E CAMPO ELÉTRICO • a carga total na superfície marcada é dada por Q = ∫ s ρs dS = ∫ s 15 r sen θ dφ r dθ = ∫ θ=90o θ=0o ∫ φ=90o φ=60o 15 (0, 1)2 dφ sen θ dθ = 15(0, 1)2 [φ]90 o 60o [−cos θ]90 o 0o = pi/40 C 2.6.3 Densidade Volumétrica de Carga ρv • a densidade volumétrica de carga ρv é definida como ρv , lim ∆V→0 [ ∆Q ∆V ] C/m3 • carga total no volume Q = ∫ v ρv dV C • calcule a carga total num feixe de elétrons mostrado na figura, cuja densidade volumétrica de carga é • ρv = −5× 106 e−105 ρ z C/m3 • a carga total no volume é dada por Q = ∫ v ρv dV = ∫ v ρv ρ dρ dφ dz = ∫ z=0,04 z=0,02 ∫ φ=2pi φ=0 ∫ 0,01 0 −5× 106e−105ρ z ρdρdφdz 2.7. CAMPO ELÉTRICO DE DISTRIBUIÇÕES DE CARGA 21 Q = ∫ z=0,04 z=0,02 ∫ φ=2pi φ=0 ∫ 0,01 0 −5× 106 e−105 ρ z ρ dρ dφ dz • integramos primeiro em relação a φ já que é uma integração direta Q = ∫ z=0,04 z=0,02 ∫ 0,01 0 (φ)2pi0 (−5)× 106 e−10 5 ρ z ρ dρ dz = ∫ z=0,04 z=0,02 ∫ 0,01 0 −105 pi e−105 ρ z ρ dρ dz Q = ∫ z=0,04 z=0,02 ∫ 0,01 0 −105 pi e−105 ρ z ρ dρ dz • integramos agora em relação a z porque simplificará a última integração em relação a ρ Q = ∫ 0,01 0 (−105 pi −105 ρ e −105 ρ z )0.04 0,02 ρ dρ = ∫ 0,01 0 −105 pi (e−2000 ρ − e−4000 ρ) dρ Q = ∫ 0,01 0 −105 pi (e−2000 ρ − e−4000 ρ) dρ • integrando agora em relação a ρ obtemos Q = −10−10 pi ( e−2000 ρ −2000 − e−2000 ρ −4000 )0,01 0 ≈ −0, 0785× 10−12 = −0, 0785 pC 2.7 Campo Elétrico de Distribuições de Carga 2.7.1 Campo Elétrico de uma Distribuição Volumétrica de Cargas • consideremos um região com uma densidade de carga volumétrica ρv • a contribuição de um volume diferencial de carga é ~E∆q = ∆q 4pi ε0 |~r − ~rq|2 ~aq 22 CAPÍTULO 2. LEI DE COULOMB E CAMPO ELÉTRICO • somando-se todas as contribuições temos ~E = n∑ m=1 ∆qm 4pi ε0 |~r − ~rm|2 ~am • consideremos o volume ∆V tender a zero, assim – o número de elementos ∆q torna-se infinito – o somatório torna-se um integral ~E = n=∞∑ m=1 ∆qm 4pi ε0 |~r − ~rm|2 ~am ~E = ∫ v ρv(~r ′) dv′ 4pi ε0 |~r − ~r′|2 ~r − ~r′ |~r − ~r′| ~E = ∫ v ρv dv ′ 4pi ε0R2 ~aR 2.7.2 Campo Elétrico das distribuições ρs e ρl • distribuição volumétrica de carga ~E = ∫ v ρv dv ′ 4pi ε0R2 ~aR • distribuição superficial de carga ~E = ∫ s ρs ds ′ 4pi ε0R2 ~aR • distribuição linear de carga ~E = ∫ l ρl dl ′ 4pi ε0R2 ~aR 2.7. CAMPO ELÉTRICO DE DISTRIBUIÇÕES DE CARGA 23 2.7.3 Campo Elétrico de uma Linha Infinita • linha infinita com densidade uniforme ρl • como posicionaremos a linha no sistema de coordenadas? • linha infinita com densidade uniforme ρl • colocamos no eixo z, por quê? • que sistema de coordenadas adotaremos • critério para escolha do sistema de coordenadas 24 CAPÍTULO 2. LEI DE COULOMB E CAMPO ELÉTRICO – facilidades para calcular o campo elétrico • escolhemos o sistema de coordenadas cilíndricas – a coordenada ρ fornece a distância de qualquer ponto a linha infinita ~E = ∫ l ρl dl ′ 4pi ε0R2 ~aR d ~E = ρl dl 4pi ε0R2 ~aR • com quais coordenadas o campo não varia? φ e z • que componentes de campo existem? Eρ – componente Eφ não existe – a simetria cancela a componente Ez d ~E = ρl dl 4pi ε0R2 ~aR dEρ = d ~E · ~aρ = ρl dl 4pi ε0R2 ~aR · ~aρ = ρl dz ′ sen θ 4pi ε0R2 dEρ = ρl dz ′ sen θ 4pi ε0R2 2.7. CAMPO ELÉTRICO DE DISTRIBUIÇÕES DE CARGA 25 • da figura obtemos – sen θ = ρ/R – R2 = z′2 + ρ2 • substituindo e integrando obtemos Eρ = ∫ +∞ −∞ ρl ρ dz ′ 4pi ε0 (z′2 + ρ2)3/2 • para resolver a integral Eρ = ∫ +∞ −∞ ρl ρ dz ′ 4pi ε0 (z′2 + ρ2)3/2 • fazemos a mudança de variável z′ = ρ tan θ, assim – dz′ = ρ d θ/cos2 θ – cos θ = ρ/ √ z′2 + ρ2 • substituindo na integral obtemos Eρ = ρl 4pi ε0 ∫ +pi/2 −pi/2 cos θ d θ ρ = ρl 4pi ε0 ρ [sen θ] +pi/2 −pi/2 = ρl 2pi ε0 ρ V/m • campo gerado por uma linha infinita uniformemente carregada ~E = ρl 2pi ε0 ρ ~aρ V/m 26 CAPÍTULO 2. LEI DE COULOMB E CAMPO ELÉTRICO • é coerente o resultado? – o campo de uma carga pontual decresce com r2 – o campo de uma linha infinita decresce com ρ 2.7.4 Campo Elétrico de um Plano Infinito • plano infinito com densidade uniforme ρs • posicionamos o plano infinito no plano x = 0 • com quais coordenadas o campo não varia? y e z • que componentes de campo existem? Ex – a simetria cancela as componentes Ey e Ez ~E = Ex~ax • que caso já estudado ajuda na análise deste problema? linha infinita • como usamos o resultado de campo elétrico de uma linha infinita para o caso de um plano infinito? • podemos considerar o plano infinito formado por linhas infinitas de carga • plano infinito formado por linhas infinitas de carga • a densidade de linha de cada linha infinita é ρl = ρs dy′ • contribuição de cada faixa diferencial para o campo Ex 2.7. CAMPO ELÉTRICO DE DISTRIBUIÇÕES DE CARGA 27 dEx = linha infinita︷ ︸︸ ︷ ρl 2pi ε0 ρ cos θ = ρs dy ′ 2pi ε0 ρ cos θ • da figura temos que ρ =√x2 + y′2 e cos θ = x/√x2 + y′2 • contribuição de cada faixa diferencial para o campo Ex dEx = ρs x dy ′ 2pi ε0 (x2 + y′2) • para o campo total temos Ex = ρs 2pi ε0 ∫ +∞ −∞ x dy′ x2 + y′2 = ρs 2pi ε0 [ tan−1 y′ x ]+∞ −∞ = ρs 2 ε0 V/m • num ponto x > 0 o campo Ex é ~E = ρs 2 ε0 ~ax 28 CAPÍTULO 2. LEI DE COULOMB E CAMPO ELÉTRICO • num ponto x < 0 o campo Ex é ~E = − ρs 2 ε0 ~ax • como o campo está sempre dirigido para fora da carga positiva podemos escreve-lo como ~E = ρs 2 ε0 ~anV/m• onde ~an é um vetor unitário normal ao plano e direcionado para fora do mesmo ~E = ρs 2 ε0 ~anV/m ~E = ρs 2 ε0 ~anV/m • campo de uma carga pontual ~E = q 4pi ε0 r2 ~ar (V/m) 2.7. CAMPO ELÉTRICO DE DISTRIBUIÇÕES DE CARGA 29 • campo de uma linha infinita ~E = ρl 2pi ε0 ρ ~aρ (V/m) • campo de um plano infinito ~E = ρs 2 ε0 ~an (V/m) • consideremos dois planos infinitos com densidades de cargas opostas • os campos gerados pelos planos são ~E+ = ρs 2 ε0 ~an e ~E− = ρs 2 ε0 ~an • para cada região o campo total é a superposição dos campos gerados pelos planos infinitos • região x > a ~E = ~E+ + ~E− = ρs 2 ε0 ~ax + −ρs 2 ε0 ~ax = 0 • região x < 0 30 CAPÍTULO 2. LEI DE COULOMB E CAMPO ELÉTRICO ~E = ~E+ + ~E− = −ρs 2 ε0 ~ax + ρs 2 ε0 ~ax = 0 • região entre os planos 0 < x < a ~E = ~E+ + ~E− = ρs 2 ε0 ~ax + ρs 2 ε0 ~ax = ρs ε0 ~ax • o campo entre planos infinitos com distribuições opostas ~E = ρs ε0 ~a± • onde ~a± é o vetor unitário direcionado da placa positiva para negativa • é o campo entre as placas paralelas de um capacitor – dimensões lineares da placa bem maiores que a separação entre elas – pontos distantes das bordas – isolamento a ar 2.8 Introdução 03 • expressão matemática x gráfico • campo elétrico de uma carga pontual ~E = q 4pi ε0 r2 ~ar (V/m) direção do campo • expressão matemática x gráfico 2.8. INTRODUÇÃO 03 31 • campo elétrico de uma carga pontual ~E = q 4pi ε0 r2 ~ar (V/m) direção e intensidade do campo • expressão matemática x gráfico • campo elétrico de um dipolo elétrico ~E = q 4pi ε0 r2+ ~ar+ − q 4pi ε0 r2− ~ar− (V/m) • expressão matemática x gráfico 32 CAPÍTULO 2. LEI DE COULOMB E CAMPO ELÉTRICO • campo elétrico de um dipolo elétrico ~E = q 4pi ε0 r2+ ~ar+ − q 4pi ε0 r2− ~ar− (V/m) • expressão matemática x gráfico • campo elétrico de um conjunto de cargas pontuais • o gráfico fornece um entendimento da distribuição do campo elétrico • em que regiões temos concentrações de cargas? • em que regiões temos concentrações de cargas? 2.9 Linhas de Campo Elétrico 2.9.1 Conceito • linhas em que o campo elétrico é tangente • são usadas para mostrar a direção do campo elétrico 2.9. LINHAS DE CAMPO ELÉTRICO 33 • carga pontual positiva • linhas em que o campo elétrico é tangente • são usadas para mostrar a direção do campo elétrico • maior concentração de linhas indica campo elétrico mais intenso 34 CAPÍTULO 2. LEI DE COULOMB E CAMPO ELÉTRICO 2.9.2 Equação da Linha de Campo • na figura temos linhas de campo elétrico • da geometria temos a seguinte relação Ey Ex = dy dx • conhecendo as componentes Ey e Ex temos a equação diferencial que resolvida fornecerá as equações das linhas de campo • linhas de campo de uma carga pontual no plano z = 0 • campo de uma carga pontual na origem ~E = q 4pi ε0 r2 ~ar = q 4pi ε0 (x2 + y2 + z2) x~ax + y~ay + z ~az√ x2 + y2 + z2 • no plano z = 0 o campo reduz-se a ~E = q 4pi ε0 (x2 + y2) x~ax + y~ay√ x2 + y2 2.9. LINHAS DE CAMPO ELÉTRICO 35 • a partir da equação ~E = q 4pi ε0 (x2 + y2) x~ax + y~ay√ x2 + y2 • temos as componentes Ex e Ey, assim obtemos Ey Ex = dy dx = y x dy y = dx x • assim ln y = ln x+ lnC, a equação da linha é dada por y = C x • que é uma equação da reta que passa pela origem • as linhas de campo são retas passando pela origem y = C x • linha de campo que passa pelo ponto (−1,−2) C = y x = 2→ y = 2x 2.9.3 Exemplos de Linhas de Campo Elétrico 36 CAPÍTULO 2. LEI DE COULOMB E CAMPO ELÉTRICO 2.10 Exemplos de Aplicações 2.10.1 Tubo de raios catódicos 2.10. EXEMPLOS DE APLICAÇÕES 37 2.10.2 Separador de Elementos 2.10.3 Copiadoras • fotocopiadoras usam o princípio de atração e repulsão de cargas elétricas • cilindro foto-sensível polarizado positivamente é carregado com a imagem refletida do original através de espelhos • região iluminada (espaços vazios da imagem) perde a carga elestrostática • o toner(tinta em pó) carregado negativamente é atraído pelo cilindro, que gira contra o papel imprimindo a imagem, o papel é aquecido para fixar tinta 38 CAPÍTULO 2. LEI DE COULOMB E CAMPO ELÉTRICO 2.10.4 Pintura Eletrostática • princípio de atração e repulsão de cargas elétricas • a tinta é carregada positivamente • a peça está carregada negativamente
Compartilhar