Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

FESO
Medicina Veterinária
Patologia Clínica
Por: Giselle Keller El Kareh de Souza
(2004)
Índice
Introdução / hemograma								pág. 03
Uso de anticoagulantes								pág. 04
Hematócrito										pág. 05
Hemoglobinometria								pág. 06
Hematopoiese (células tronco, granulocitopoiese, eritropoiese)		pág. 07
Eritrócitos										pág. 12
Hemoglobina									pág. 13
Plaquetometria e reticulocitometria						pág. 14
Hemostase										pág. 15
Plaquetas										pág. 18
Trombocitose e trombocitopenia						pág. 19
Hemostase – desordens da coagulação						pág. 20
Anemias										pág. 23
Policetemias										pág. 27
Urina											pág. 29
Carboidratos										pág. 32
Leucocitogênese									pág. 38
Lipídeos										pág. 42
Leucocitoses										pág. 44
Proteínas e disproteinemias							pág. 48
Leucopenias ou leucocitopenias							pág. 52
Questionário									pág. 56
Distúrbios linfomieloproliferativos						pág. 60
Minerais										pág. 62
Substâncias nitrogenadas								pág. 65
Imuno hematologia								pág. 68
Bilirrubinas										pág. 71
Estudo dos balanços								pág. 76
Enzimas										pág. 81
Pâncreas exócrino									pág. 83
Fígado										pág. 86
Adrenais										pág. 89
Tireóide										pág. 94
Aulas práticas
Esfregaço		p. 100	Leucometria específica	p. 109	Calcemia		p. 116
Micro hematócrito	p. 101	EAS			p. 109	Magnesemia	p. 117
Hemoglobinometria	p. 102	Glicemia			p. 111	PPT e F		p. 118
Contagem de hemácias	p. 104	Colesterolemia		p. 112	Bilirrubinas	p. 119
Contagem de leucócitos	p. 106	Trigliceridemia		p. 113	Enzimas		p. 120
Plaquetometria		p. 107	Albuminemia		p. 114	Colinesterase	p. 121
Reticulocitometria	p. 108	Proteína total		p. 115
Patologia Clínica
Introdução
	A patologia se divide em:
Hematologia;
Bioquímica;
Urinálise.
Hemograma
O hemograma é a parte da hematologia que estuda a contagem de células do sangue (série vermelha e/ou série branca), sendo a série branca também chamada de hemograma de Shilling.
O hemograma se divide em série vermelha e série branca. Quando o hemograma contém as duas séries, é o Hemograma Completo.
A série vermelha compreende:
Hc – contagem de hemácias (milhões/µl);
VG – volume globular ou hematócrito (%);
Hb – hemoglobina (concentração – g/dL);
Índices hematimétricos (VGM, HGM, CHGM), que são calculados com os dados coletados acima (Hc, VG e Hb).
OBS: VGM – volume globular médio: VG x 10/Hc; unidade=fL (fento litros);
	HGM – hemoglobina globular média: Hb x 10/Hc; unidade=pg (pico grama);
	CHGM – concentração de hemoglobina globular média: Hb x 100/VG; unidade=%. 
A série vermelha também faz contagem de PPT (proteína plasmática total); F (fibrinogênio), Pl (plaquetas) e reticulócitos.
A série branca é contada em milhares por µl e compreende:
LG – leucometria global (contagem total dos leucócitos): Penia – diminuição (alteração na medula óssea – depressão da hematopoiese); Ose ou Filia – aumento (infecção ou inflamação);
LE – leucometria específica: pode ser expressada de forma relativa (através de porcentagem) ou absoluta (céls/µl), sendo que a forma absoluta é a que dá o resultado mais correto.
OBS:	Tríade da diabetes – Poliúria (muita água na urina – urina muito e com grande volume); Polidipsia (ingestão de muita água); Polifagia (muito apetite).
Uso de Anticoagulantes
Fluoreto de Sódio;
Oxalatos (K ou NH3);
Citrato (trissódico) ou ACD;
EDTA (2Na ou 2K);
Heparina.
Para proceder o hemograma completo devemos usar sangue total, ou seja, sem coagular. Para isso faz-se o uso de anticoagulantes.
OBS: Soro é o plasma sem fibrinogênio. Quando o sangue coagula consome os fatores coagulantes. Para pesquisar esses fatores (coagulograma) usa-se o plasma.
O sangue (mia) se divide em:
Plasma – parte líquida, sangue que não coagulou;
Elementos figurados – eritrócitos, leucócitos, plaquetas.
Os leucócitos, por sua vez, se dividem em:
Agranulócitos – linfócitos e monócitos;
Granulócitos – neutrófilos, eosinófilos e basófilos.
Os granulócitos possuem núcleos segmentados, com no máximo 3 segmentos. Mais que isso é chamado de hipersegmentado, podendo ser causado pela presença de corticóides (proveniente de medicamentos ou por anomalia na adrenal).
Os neutrófilos possuem grânulos com enzimas líticas. Os grânulos dos eosinófilos possuem histaminase.
O anticoagulante usado deve ser escolhido de acordo com o exame solicitado. Para o de glicemia, por exemplo, deve-se usar fluoreto de sódio. Já o de glicemia + hemograma usa-se EDTA fluoretado.
Nunca fazer transfusão de sangue com oxalato, pois é altamente tóxico.
O oxalato de potássio provoca crenação das hemácias, portanto pode causar alteração no diagnóstico. Já o oxalato de amônia provoca aumento de volume das hemácias, também alterando o diagnóstico. Por esses motivos, não devem ser usados.
Na rotina, usa-se o citrato (ACD – ácido cítrico citrato dextrose), mas causa uma alteração de 10% no volume (erro diluicional). Outra boa opção é o ACDF (ACD fosfato). São os mais indicados para transfusão.
O EDTA é o mais indicado para hematologia, pois não causa alteração nas células. Pode conservar por 24h sem alterar a morfologia da célula.
A heparina (produzida principalmente por hepatócitos) causa alteração de granulação dos neutrófilos.
Hematócrito
Hemo – sangue;
Crito – separar.
Hematócrito é a determinação do volume globular.
OBS: Macro hematócrito – quase não é usado. Usa-se para medir a sedimentação de hemácias – VSH.
O hematócrito se obtém, na prática, através do método de micro hematócrito:
Em um tubo capilar coloca-se sangue total (EDTA) – em 2/3 do tubo;
Selar uma das extremidades do tubo;
Centrifugar (10.000 RPM) por 5 minutos – sendo 15 minutos para bovinos, ovinos e caprinos;
Fazer leitura em carta própria;
Resultado em %.
Em bovinos, ovinos e caprinos, as hemácias possuem menos volume (menor tamanho), portanto é necessário um maior tempo de centrifugação para que haja uma sedimentação correta.
O ideal é que cada laboratório possua seus valores referenciais para o tempo de centrifugação, de acordo com a aparelhagem e a técnica usada.
No hemograma, o hematócrito é extremamente confiável para determinar a anemia. Um hematócrito baixo é indicativo de anemia. Através deste exame, também pode-se observar a coloração do plasma que, à exceção dos eqüídeos (onde é naturalmente amarelado), deve ser incolor. Se apresentar-se amarelado pode-se desconfiar de síndrome ictérica (icterícia). Neste caso, o plasma está rico em bilirrubina (hiperbilirrubinemia), que pode ser por um processo pré-hepático, hepático ou pós-hepático (ou seja, o problema está ocorrendo antes de chegar ao fígado, no órgão propriamente dito, ou após o fígado). Nos eqüídeos, pela ausência de vesícula biliar, há naturalmente uma maior concentração de bilirrubina no plasma, provocando a coloração amarelada do mesmo.
OBS: A icterícia se caracteriza por pele e mucosas amareladas, mas pode se confundir com pele amarelada por outro motivo, como, por exemplo, por muita ingestão de betacaroteno. Para ter certeza, observe a esclerótica e, se o animal estiver morto (numa inspeção veterinária), observe a íntima das artérias de grosso calibre, pois a bilirrubina se deposita nelas (na íntima e na esclerótica). A icterícia é a síndrome. Primeiro ocorre a hiperbilirrubinemia, depois o tecido fica amarelado.
Se o plasma estiver avermelhado é hemólise, que está ocorrendo intravascular. A hemólise pode ocorrer no SFM (sistema fagocítico mononuclear), mas neste caso não há liberação de hemoglobina (como na intravascular) e sim de bilirrubina, ficando amarelado.
Através do micro hematócrito também podemos determinar PPT e F, através de uma técnica especial, e pelo tamanho do anel de leucócitos podemos determinar se há uma leucocitose.
HemoglobinometriaA hemoglobinometria é uma técnica simples e bastante confiável. Consiste na medição da quantidade de hemoglobina da amostra de sangue, através do espectrofotômetro.
Número de hemácias ou a concentração de hemoglobina baixos (um ou outro, ou ambos) significa anemia, mesmo que o outro resultado esteja normal.
Método:
Em um tubo de ensaio colocar 5ml de reagente de DRABKIN (cianametahemoglobina);
Adicionar 20µl de sangue total (EDTA);
Esperar 5 minutos;
Ler a absorbância em espectrofotômetro (540);
O reagente é o branco (que é usado para zerar o aparelho);
Fazer curva de calibração;
Resultado em g/dL.
Hematoscopia
É o que você vê (observa) ao microscópio óptico. Essa observação será confirmada ou não pelo diagnóstico do hemograma (contagem). Se as hemácias estiverem com anisocitose (alterações de tamanho – células com tamanhos diferentes), anisocromia (algumas células pouco coradas e outras com coloração normal) ou com alo de coloração pequeno (o centro fica normalmente descorado, mas neste caso o centro descorado fica maior que o normal, sobrando um pequeno alo corado), significa anemia. Pode-se detectar esses detalhes na hematoscopia, mas na hemoglobinometria (pela margem de erro) o resultado pode ser normal. Neste caso, dá-se o resultado matemático da hemoglobinometria normal, seguido do de anemia verificado na hematoscopia.
OBS: Hipocrômica – baixa coloração; Hipercrômica – alta coloração.
	Na leucemia, observa-se o leucócito anormal (neoplásico) no sangue e pode-se vê-los no esfregaço.
	Doenças hematológicas primárias são raras. Normalmente as alterações são respostas do organismo a um outro problema. São alterações secundárias.
Hematopoiese
É a formação (produção) das células do sangue.
Homeostase – equilíbrio entre as células que são produzidas e as que são destruídas.
Após o nascimento, apenas a medula óssea produz células do sangue. Do 34° ao 66° dias, todos os ossos são hematopoiéticos. A partir de então, apenas a medula óssea dos ossos chatos e da epífise dos ossos longos possui essa capacidade. Antes do nascimento, o fígado e o baço também produzem células do sangue. Com o nascimento param a produção, mas mantém a memória para em caso de necessidade voltarem a produzir.
Órgãos, tecidos e hematopoiese
Medula óssea: produz a maior parte das células (eritrócitos, leucócitos, plaquetas, etc.). A célula sai da medula óssea para semear os outros órgãos (células funcionais, maduras). Armazena ferro para síntese de hemoglobina.
Timo: órgão linfóide primário. Produz linfócitos, plasmócitos (anticorpos), portanto participam na defesa humoral.
Baço: maior reserva de plaquetas e hemácias, além de também produzir linfócitos e plasmócitos, estando engajado na produção de anticorpos. Possui SFM e produz bilirrubina. Tem a função de “Pitting” (limpeza), que é a de destruir hemácias velhas.
Fígado: uma das maiores reservas de vitamina B12, ferro, além de outras vitaminas importantes no processo de hematopoiese e de formação de bilirrubina (conjuga a mesma) no SFM.
OBS: o SFM (ou SMF) recebe os linfócitos e os conjuga. É rico em macrófagos, que por sua vez reservam ferro.
Estômago e intestino: o estômago produz HCl, que é importantíssimo para degradar os complexos alimentares para que possam ser absorvidos pelo intestino. Também produz o fator intrínseco (uma secreção de muco proteína produzida pela mesma célula parietal que secreta HCl), indispensável para a absorção da vitamina B12.
Rim: produz eritropoietina, fator fundamental para eritrogênese (produção de eritrócitos) – estimula a medula óssea para produzir eritrócitos (hemácias).
	Alguns animais produzem a eritropoietina no fígado. Neste caso, possuem a eritrogenina no rim, que é uma ativadora da eritropoietina do fígado.
Células tronco hematopoiéticas
Existe um equilíbrio entre a produção e a destruição das células do sangue. Todas derivam de uma mesma célula primitiva: CTHPP – célula tronco hematopoiética pluri potencial. Dependendo do estímulo recebido, ela pode produzir outra igual (se multiplicar nela mesma) ou originar dois tipos células do tipo CTHOP – célula tronco hematopoiética oligopotencial: CTHOPM (mielóide) ou CTHOPL (linfóide). A mielóide origina hemácias, plaquetas, etc. A linfóide origina os linfócitos. De acordo com o estímulo, a CTHPP pode originar uma ou ambas das do tipo oligopotencial. A partir das CTHOP se originam todas as outras.
Células tronco comprometidas
São células direcionadas. A partir de um estímulo (hormônio ou citocina), a célula oligopotencial se diferencia em outra célula, que passa a estar comprometida na formação de uma outra célula, específica.
Por exemplo: num quadro de anemia, a eritropoietina (EPO) estimula a CTHPP, segue estimulando a CTHOP e a CTHOPM que produz a UFB-Er (unidade formadora de brotamento eritróide) que segue se diferenciando até formar o eritrócito. A partir da formação da UFB-Er, a célula já está comprometida na formação do eritrócito.
Fatores reguladores da hematopoiese
	
	Estimuladores
	Inibidores
	Diferenciadores de células tronco
	MIH, IL-3
Fatores hormonais
	
	Eritropoiese
	APB (IL-3), eritropoietina, IL-9, PGE1, PGE2, andrógenos corticóides, STH, tiroxina, cobalto, FEC-GM
	Estrógeno
Linfócito T supressor
VLFe
	Granulopoiese (produção de granulócitos)
	FEC-GM, FEC-G, anticalona, IL-3, lítio, PGI2, corticosteróides,
eosinofilopoietina,
basofilopoietina
	FIC
Calona
Lactoferrina
PGE1 e PGE2
	Monocitopoiese
	FEC-M, FEC-GM
IL-3, IL-11
monocitopoietina
	FIC
PGE1 e PGE2
Corticosteróides
	Megacariocitopoiese e trombopoiese
	FEC-Meg, ferro, lítio
Trombopoietina
IL-3, IL-11
	
	Linfopoiese ou linfocitopoiese
	Micromeio específico, hormônios tímicos, antígenos, IF-α
IL-1 a 7, 11 e 12
Fator α de necrose tumoral, fator β de crescimento de célula T
	Corticosteróides
OBS: APB – Atividade Promotora de Brotamento.
Granulocitopoiese
Estímulo próprio para produção de granulócitos (neutrófilos, eosinófilos, basófilos).
FEC-G e FEC-GM são os estimuladores de produção de neutrófilos. Os neutrófilos são os primeiros a chegar para o combate a infecção.
Eosinofilopoietina – estimula a produção de eosinófilos.
Basofilopoietina – estimula a produção de basófilos.
OBS: O neutrófilo começa a se formar na medula óssea. Sua primeira forma é chamada de mielócito, que evolui para metamielócito, para bastão e chega a neutrófilo segmentado, que é a forma madura. Quando encontramos as formas jovens do neutrófilo no sangue significa que há algum problema. A presença de qualquer destas formas jovens no sangue caracteriza DNNE (desvio nuclear de neutrófilo para esquerda – ou seja, há uma alteração no lançamento dos neutrófilos pela medula óssea, que está liberando neutrófilos jovens na corrente sangüínea, caracterizando um desvio para esquerda, já que a formação se dá da esquerda para a direita).
Eritropoiese
	
Formação de eritrócitos. A formação se dá na seguinte ordem:
CTHPP – CTHOPM – UFB-Er – UFC-Er – Rubroblasto – Pró-rubrócito – Rubrócito basófilo – Rubrócito policromatofílico – Metarrubrócito – Reticulócito – Eritrócito.
A partir de rubroblasto, a célula já é reconhecida ao microscópio óptico. A denominação “blasto” significa que há cromatina no nucléolo.
A partir de CTHOP são necessárias altas concentrações de eritropoietina para dar seqüência ao processo de transformação e mitose das células, até a formação final em eritrócito.
A UFB-Er é a primeira célula da série que é reconhecida morfofuncionalmente na microscopia eletrônica.
O pró-rubrócito não tem mais o nucléolo (ou possui apenas um anel nucleolar, sem miolo). Nesta fase se inicia a síntese de hemoglobina, o que diminui a basofilia e aumenta a eosinofilia. Para a formação do rubrócito é importantíssima a presença de vitamina B12. Sem ela não ocorre mitose, impedindo a seqüência de formação de eritrócitos, aumentando o tamanho da célula,originando a anemia macrocítica.
O rubrócito basófilo não possui nem mesmo anel nucleolar e a cromatina fica mais condensada (antes era lisa), com aspecto grosseiro. É a primeira célula que pode ser vista na microscopia óptica.
O rubrócito policromatofílico possui a cromatina muito compactada, o núcleo se dirige para a periferia da célula e não há mais mitose, só em casos de extrema necessidade.
O metarrubrócito tem o núcleo totalmente periférico, pronto para ser excretado (pela membrana). Este núcleo será fagocitado por macrófagos.
O reticulócito é policromatofílico (colorações eosinofílicas no citoplasma e basofílicas provenientes de restos nucleares – fragmentos do núcleo, que são encontrados em forma de rede dispersos no citoplasma).
OBS: quando encontramos reticulócitos em grande quantidade no sangue (reticulocitose), significa que o animal está com anemia responsiva, ou seja, está respondendo a anemia. Em cães, gatos e suínos é normal encontrarmos esta célula no sangue, na quantidade de 1%. Esse aumento de reticulócitos no sangue deve estar acima de 5% para ser eficiente. Caso contrário não resolverá o problema. Para ser identificada, é necessário uma técnica de coloração específica com corantes supra vitais, como o novo azul de metileno (NAM). Os eqüídeos nunca lançam reticulócitos no sangue periférico, apenas eritrócitos. O aumento do número destas células, nestes animais, se dá na medula óssea e se detecta através do mielograma. Um aumento de 1% de reticulócitos na medula óssea já é considerado anemia responsiva.
No eritrócito não há mais mitocôndria (que forma a Heme) portanto não há mais síntese de hemoglobina. O eritrócito retira energia da glicolise anaeróbica, para que possa se deformar para passar pelos capilares. A glicolise anaeróbica ocorre através do caminho de EMBDEN-MEYEHOFF, que é um caminho bioquímico.
OBS: aves, anfíbios, répteis e peixes possuem eritrócitos nucleados.
Na deficiência de ferro, ocorre a anemia microcítica, pois as células passam a sofrer mais mitoses que o normal (mitoses adicionais), ficando menores, já que a síntese de hemoglobina está anormal. Ou seja, tentam compensar a falta de hemoglobina produzindo mais células.
Eritrogênese e sua regulação
Ilhotas eritropoiéticas e célula-mãe: encontradas no tecido eritropoiético, na medula óssea. São uma roseta de macrófagos com uma célula-mãe no centro. O ferro fica armazenado no macrófago, sendo liberado quando há um estímulo próprio.
Ferretina e hemossiderina: a ferretina origina a hemossiderina ao sofrer um estímulo (ela se “quebra”). A hemossiderina é um pigmento. Em excesso de ferro, ocorre hemossiderose (acúmulo de hemossiderina nos tecidos). Resolvendo o problema do excesso de ferro, a hemossiderose desaparece, pois não é degenerativa. Diferente de hemocromatose, que é degenerativa e pode levar a morte. No pâncreas leva a diabetes.
Eritropoiese efetiva e inefetiva: deve haver um equilíbrio entre elas. Um excesso de eritropoietina efetiva origina policetemia, e um excesso de eritropoietina inefetiva origina anemia.
Achados morfológicos de células eritróides em desenvolvimento: restos de núcleo, de retículo endoplasmático e outras organelas no citoplasma ou outras anormalidades encontradas nas células, indicando que houve alteração no processo de formação da célula.
Eritropoietina: hormônio que estimula a eritropoiese. É um dos agentes estimuladores da eritropoiese, sendo fundamental na formação da UFB-Er.
OBS: Nutrientes essenciais para eritropoiese: ferro, cobre, vitaminas (complexo B, C, B12), cobalto, proteínas, carboidratos, lipídios (formação de fosfolipídios da membrana) – sendo o colesterol, que faz parte da membrana, importantíssimo, já que seu aumento traz graves conseqüências.
Eritrócitos
Função primária – transporte de O2.
Membrana – dupla camada lipídica, uma camada protéica e colesterol.
Metabolismo – é muito acelerado até a fase de metarubrócito. A partir daí o metabolismo diminui até chegar a eritrócito, que não possui mais mitocôndria.
2,3 DPG (difosfoglicerato) – é responsável por diversos processos metabólicos, sendo o mais importante a dissociação do oxigênio. Quanto maior sua produção (pela hemácia) maior a dissociação do oxigênio – sua liberação para os tecidos.
Sobrevida e destruição: varia entre as espécies.
	Aves
	Acima de 50 dias
	Gato
	68 dias
	Bovino: bezerro (3 meses)
	De 48 a 63 dias
	 Adulto
	160 dias
	Cão
	110 dias
	Cobaio
	83 dias
	Caprino
	125 dias
	Eqüino
	140 a 150 dias
	Suíno
	63 dias
	Coelho
	68 dias
	Ovino: cordeiro (3 meses)
	46 dias
	 Adulto
	De 70 a 153 dias
	Quanto menor a sobrevida, maior a propensão para entrar em anemia.
	Anormalidades na forma (alterações morfológicas):
Macrócito / megalócito – VGM maior que o normal. Ocorre por carência de B12 ou por anemia responsiva.
Gigantócito – de um e meio a dois a mais que o tamanho normal. Também ocorre por carência de B12 ou anemia responsiva.
Micrócito – menor que o tamanho normal. Pode ocorrer por deficiência de ferro.
Esferócito – micrócito hipercorado. Pode ser anemia hemolítica autoimune.
Acantócito – alteração da membrana por alteração dos lipídios (a célula fica com ondulações na membrana).
Equinócito – ou crenação. A membrana se apresenta como se tivesse espinhos. A presença de algumas células com essa forma é normal. Anormal é se todas, ou a maioria, se apresentarem assim. Pode indicar doença renal.
Ovalócito / eliptócito – forma oval. Na família Camelidae – dromedários – é a forma normal.
Drepanócito – forma de foice. Anemia falciforme. É a forma normal das hemácias dos cervídeos.
Leptócito – forma de alvo (().
Estomatócito – forma de boca (o centro da hemácia fica com um formato que lembra uma boca). Pode ser causado por doença hepática.
Siderócito – impregnação de ferro. Pode ser causado por hemólise ou por hemossiderose.
Poiquilócito – alterações de forma (várias células com formas alteradas).
Hemoglobina
Síntese – o ribossomo sintetiza a proteína globina e a mitocôndria sintetiza o grupamento protéico Heme.
OBS: o tipo A1C é uma hemoglobina de adulto usada para marcar tratamento do indivíduo diabético.
Degradação e metabolismo da bilirrubina
	A hemácia é destruída (fisiologicamente) liberando a hemoglobina. O SFM metaboliza essa hemoglobina. A globina é reaproveitada. O Heme origina o ferro (que também é reaproveitado) e a biliverdina, que origina a bilirrubina no SFM. Ela se liga a albumina e se dirige ao fígado, onde a bilirrubina sofre conjugação e origina a bilirrubina direta, que é hidrossolúvel e pode ser excretada.
Plaquetometria
	Material:
Sangue total (EDTA);
Pipeta de Thoma para glóbulos vermelhos;
Líquido diluidor (REES-ECKER ou Oxalato de amônio);
Câmara de Neubauer;
Microscópio;
Técnica.
OBS: deficiência de plaquetas causa hemorragias do tipo petequial.
Plaquetopenia ou trombocitopenia = diminuição do número de plaquetas.
	Para coletar o sangue (punção) para contagem de plaquetas, devemos ter o maior cuidado, procurando atingir o vaso quase imediatamente ao penetrar a pele, sem traumatizar o mesmo. Isso porque, se ficarmos “cutucando” o vaso, aceleraremos o processo de coagulação e provocaremos a agregação plaquetária, coletando uma amostra ruim, dificultando a posterior contagem.
	Técnica:
Coletar a amostra de sangue com pipeta de Thoma, colocando sangue homogeneizado até a marca 0,5. Em seguida, acrescentar o líquido diluidor até a marca 101. Homogeneizar por alguns minutos, rolando a pipeta entre os dedos, na horizontal. Desprezar as primeiras gotas e encher a câmara. Aguardar por 10 minutos e encher a câmara de Neubauer. Proceder a contagem em dois retículos, preferencialmente nos retículos para leucócitos, contando todos os 16 retículos menores.
Colhido o resultado, ajusta-o multiplicando por 2000Pl/µl (a diluição é de 1:200, a área do retículo é de 9mm³ e a alturaé de 1mm³; 200 x 10 = 2000).
Reticulocitometria
	
Material:
Sangue total (EDTA);
Tubos de ensaio;
Corante (NAM ou Azul Cresil brilhante);
Lâminas e lamíluas;
Microscópio;
Técnica.
OBS: a porcentagem a mais de reticulócitos no sangue, para que seja eficiente em uma anemia responsiva, vai depender do hematócrito. As vezes 5% é pouco, 10% é pouco, etc.
	O sangue deve estar bem homogeneizado. Colocar algumas gotas do sangue (5 a 10, dependendo do número de lâminas) num tubo de ensaio e acrescentar o mesmo número de gotas do corante (do tipo supra vital) – corantes do tipo Romanovsky, grupo de corantes que são mistura de eosina com azul de metileno, não coram reticulócitos.
	Os reticulócitos possuem restos nucleares em seu citoplasma. Os gatos possuem dois tipos de reticulócitos: reticulócitos pontilhados (em forma de pontinhos) ou reticulados (em forma de “cobrinhas”). Estes restos nucleares são basofílicos, se coram de azul.
	Após misturar o corante com sangue, colocar uma gota na lâmina e por cima uma lamínula. Observar no microscópio em imersão, contar 500 células, entre hemácias e reticulócitos, verificando a proporção entre elas.
	Eqüídeos, bovinos, ovinos e caprinos apresentam zero de reticulócitos no sangue normal. Mas os bovinos, ovinos e caprinos apresentam resposta no sangue periférico, em caso de anemia, já os eqüinos não, só apresentam resposta a anemia na medula óssea. Para detectar anemia responsiva nestes animais, faz-se o mielograma, através de punção da medula óssea.
	Anemia normocítica normocrômica sugere depressão da medula.
Hemostase
Hemóstase ou hemostasia – parada de perda de sangue (que deve estar em homeostase). É o início de coagulação. Ocorre na microcirculação, pois na grande circulação não há como ocorrer agregação de plaquetas, já que o fluxo sangüíneo é muito mais forte.
Possui três etapas fundamentais que precisam estar em equilíbrio:
Fase 1 – Hemóstase primária. Estruturas que participam: parede vascular e plaquetas.
Fase 2 – Hemóstase secundária. Cascata de coagulação. Fatores intrínseco e extrínseco. Ativação – sistema complemento.
Fase 3 – Hemóstase terciária. Fibrinólise. Ativação – estreptoquinase e muitas outras.
Qualquer desequilíbrio em uma destas fases impede a hemóstase.
OBS: alguns medicamentos, como aspirina, AAS, inibem a enzima que induz a cascata do ácido aracdônico, inibindo a formação do tromboxano, impedindo a agregação plaquetária.
	A hemóstase envolve fenômenos físicos e químicos com a finalidade de diminuir sangramentos (fenômeno em cadeia).
Fase 1 – Hemostase primária:
As estruturas que participam desta fase são: plaquetas e endotélio (parede vascular).
Quando ocorre a lesão no endotélio, ele libera substâncias que atraem as plaquetas e as tornam ativas (pois sofrem modificações internas) liberando FP3, que estimula a cascata de coagulação, liberam tromboxano (além de outras substâncias) que promove agregação das plaquetas.
exposição do endotélio (lesão);
adesão plaquetária;
agregação plaquetária.
Em seguida ocorre a liberação de substâncias que auxiliam a cascata de coagulação (fase 2).
Fase 2 – Hemostase Secundária:
Entram em ação os fatores de coagulação, produzidos pelo fígado.
Fator XII – é um pró-coagulante. As substâncias liberadas pelas plaquetas ativam o fator XII, que se transforma em fator XIIa (ativado);
Fator XI – é ativado pelo fator XIIa, se modificando em fator XIa;
Fator IX – é ativado pelo fator XIa, se transformando em fator IXa;
Fator VIII – é ativado pelo fator IXa, passando a fator VIIIa.
Esta cascata de reações é chamada de SIC (Sistema Intrínseco de Coagulação), pois ocorre intravascular, dentro do vaso sangüíneo.
Fora do vaso há os fatores III e VII, que são ativados por substâncias do tecido vascular, se transformando em fatores IIIa e VIIa. São extrínsecos, formando o SEC (Sistema Extrínseco de Coagulação).
Todos os fatores, antes de serem ativados, são pró-coagulantes. Sofrem proteólise ao serem ativados.
O fator VIIIa em associação a FP3 (liberado pelas plaquetas) e ao Ca⁺⁺, ativa os fatores V e X, transformando-os em Va e Xa. O SEC (fatores IIIa e VIIIa) também ativam V e X. Tanto o SIC quanto o SEC são independentes, podendo ativar os fatores V e X.
Os fatores Va e Xá ativam o fator II, que é a pró-trombina. O fator IIa é a trombina, que ativa o fator I (fibrinogênio). O fator Ia formado é a fibrina.
O fator XIII é ativado pelo tecido e se transforma em fator XIIIa ou FEF (fator estabilizante de fibrina). A fibrina, sob ação do fator XIIIa associado ao Ca⁺⁺, forma polímeros (antes a fibrina estava na forma de monômeros) e origina um emaranhado de fibrina.
Quando chega a esta fase, o tampão produzido pelas plaquetas não sai mais (antes poderia se soltar por causa do fluxo sangüíneo).
As plaquetas também produzem a trombostenina (uma proteína contrátil) que aproxima as bordas da lesão do vaso. Também produzem substâncias promotoras de crescimento que estimulam o desenvolvimento da musculatura lisa e do endotélio vascular.
Após a reconstrução da parede, ocorre a fibrinólise, para desfazer o tampão.
Fase 3 – Hemostase terciária:
Ocorre a fibrinólise, pela ação do plasminogênio (forma inativa) que se transforma em plasmina (forma ativa). É uma enzima que provoca lise da fibrina (degradação), liberando os PDFs (produtos de degradação da fibrina e/ou fibrinogênio). É necessário que se dissolva o tampão, pois ele altera o fluxo sangüíneo, podendo originar trombos.
Pró-estimuladores, estimuladores, pró-inibidores e inibidores da coagulação devem funcionar em homeostase, pois um desequilíbrio pode provocar hemorragias contínuas ou coagulação, causando tromboembolias.
OBS: Prostaciclina – inibidora da coagulação.
	Tromboxano – estimulador da coagulação.
	Após a fibrinólise, ocorre o sistema de limpeza por macrófagos (SFM), pois o excesso de PDFs inibe as substâncias ativadoras da cascata e ela não corre.
Patogêneses dos defeitos da hemostase (causas)
Defeitos vasculares:
 Estruturais;
 Imunomediados;
 Inflamação.
Anormalidades quantitativas das plaquetas:
 Falha de produção – causas: vírus, bactérias, degeneração da medula óssea;
 Redução da sobrevida – causas: várias doenças;
 Aumento da sequestração – pelo baço (esplenomegalia).
Anormalidades qualitativas:
 Falha para aderir ou liberar ADP – doenças autossômicas recessivas (genética);
 Falha para agregar – doenças autossômicas recessivas;
 Falha para disponibilizar fosfolipídios (são necessários para produzir o ácido aracdônico e são disponibilizados pelas plaquetas).
Defeito de fatores da coagulação:
 Falha absoluta de síntese – falta alguma substância para completar a síntese do fator, como, por exemplo, vitamina K;
 Produção de moléculas anormais – seqüência de aminoácidos anormal;
 Excessiva destruição – desequilíbrio;
 Inibidores na circulação – presença de alguns tipos de medicamentos.
OBS: Os fatores II, VII, IX e X são vitamina K dependentes, sem ela não são ativados.
Megacariócitos, plaquetas, trombócitos:
 Achados morfológicos;
 Características bioquímicas;
 Metabolismo do ácido aracdônico;
 Ultra estrutura – microfilamentos, ribossomas, lisossoma, microtúbulos, partícula α, capa externa (glicocálice);
 Funções – adesão, agregação, proteção do endotélio, indução de hiperplasia do endotélio, transporte em sua periferia de fatores de coagulação, fagocitose de bactérias e vírus. Podem provocar trombose, transportar células neoplásicas, originando metástases.
 Adesão, agregação e reação de liberação.
Plaquetas
Teoria monofilética ou unicista – todas as células se originam de uma mesma célula: CTHPP.
		A formação de plaquetas, em mamíferos, dura de 2 a 5 dias.
CTHPP – CTHOP – UFB-Meg – UFC-Meg – Megacarioblasto – Pró-megacariócito – Megacariócito I (produtivo) – Megacariócito II – Plaquetas.
		A CTHPP é influenciada pelo MIH (micromeioindutor hematopoiético) e pelo I3, se diferencia em CTHOP, que além da mesma influência também recebe estímulo de FEC-G, FEC-GM e trombopoietina, originando a UFB-Meg (megacariocítica), que origina a UFC-Meg (unidade formadora de colônia), originando o megacarioblasto, que é a primeira célula reconhecida pela microscopia óptica, com cromatina lisa, nucléolo e com até quatro núcleos. A partir dela surge o pró-megacariócito, que tem acima de quatro núcleos e granulações azurofílicas. O megacariócito I já produz plaquetas, portanto recebe a denominação de produtivo. O megacariócito II então emite pseudopodos que extravasam a parede vascular e liberam as plaquetas na circulação, na medula óssea ou na micro-circulação pulmonar.
		Nas aves, o megacarioblasto é o tromboblasto, que origina o trombócito que então origina as plaquetas.
		Na circulação, sua sobrevida é de 5 a 60 dias e são fagocitadas por macrófagos.
Trombocitose
		É o aumento do número de plaquetas. Este aumento pode ser por causas:
Fisiológica: quando o organismo necessita deste aumento, por exemplo, numa hemorragia de microcirculação. É uma resposta normal.
Secundária ou reativa: após um estímulo primário, que pode ou não ser fisiológico. É uma resposta a um estímulo. Ex: hipocalcemia.
Primária ou autônoma: quando o problema ocorre na formação das plaquetas, no centro produtor, ou seja, na medula óssea. É uma trombocitemia (distúrbio mieloproliferativo). Neste caso não se usa o termo trombocitose, que é usado apenas para as de causa fisiológica ou secundária, e sim trombocitemia.
		A terapia usada é o uso de citostáticos (são quimioterápicos), que atacam as plaquetas neoplásicas. Como atinge parte da medula óssea, provavelmente ocorrerá depressão da medula, causando neutropenia (diminuição do número de neutrófilos) e trombocitopenia (causando hemorragias). Deve-se usar antibióticos para evitar uma infecção.
Trombocitopenia
		Diminuição do número de plaquetas. Pode ocorrer por várias causas:
Mecanismos fisiopatológicos:
	Podem ocorrer todos ao mesmo tempo.
Diminuição da produção: no centro hematopoiético. Pode ser causada por vários motivos, entre eles a falta de estímulo para produzir.
Acelerada destruição: as plaquetas são destruídas antes do tempo ou sua utilização é muito rápida, sem que haja tempo para uma reposição adequada.
Anormal distribuição: muitas plaquetas ficam seqüestradas no baço (maior armazenagem). Normalmente é causada por esplenomegalia. O baço normalmente armazena em torno de 40% das plaquetas. Em casos de esplenomegalia, chega a seqüestrar até 70%, causando deficiência de plaquetas no sangue.
Imunomediadas:
	Auto imune: quando um antígeno que estava interno (escondido) nas plaquetas (produzido ou não por elas) se expõe e o sistema imune reconhece como não-próprio (estranho ao organismo), produzindo anticorpos contra ele, atacando as plaquetas, destruindo-as no SFM ou no próprio sangue (complexo antígeno-anticorpo-complemento). Ou então o sistema imune pára de reconhecer alguma proteína da célula como própria do organismo e a combate.
Púrpura trombocitopênica idiopática:
	É uma hemorragia causada por falta de plaquetas, mas que não se sabe a causa (idiopática).
Isoimune ou neonatal:
	Incompatibilidade sangüínea entre mãe e feto. Pertencem a grupos sangüíneos diferentes. A mãe desenvolve anticorpos contra o tipo sangüíneo do filhote e passa a ele através do colostro, causando destruição de hemácias e plaquetas.
	Para evitar que isso aconteça, pode-se fazer a prova cruzada, que é uma prova de compatibilidade sangüínea, que se faz com amostras do sangue do pai e da mãe, antes que o filhote nasça. Centrifuga-se as amostras, separa-se o plasma dos glóbulos vermelhos e mistura-se o plasma do pai com os glóbulos vermelhos da mãe e vice-versa. Se as misturas aglutinarem, significa que são incompatíveis. Neste caso, não se pode deixar que o filhote mame o colostro, ao nascer.
Pancitopenia tropical canina:
	Diminuição numérica das células do sangue (hemácias, leucócitos e plaquetas) causada pela Ehrlichia.
	O diagnóstico depende da fase de evolução do parasito, pois ele pode não estar mais no sangue circulante. Portanto o ideal é que se faça a prova da imunofluorescência, buscando os anticorpos.
	Ela parasita linfócitos e monócitos (glóbulos brancos). Ao habitar a medula óssea e se reproduzir, agride a mesma. Além disso, libera substâncias que provocam depressão da medula, e o próprio organismo ao se defender também causa depressão da medula, originando a pancitopenia.
Avaliação – normal de 200 a 500 mil, em média. Abaixo de 50.000 começa a causar hemorragias petequiais.
Hemostase – Desordens de coagulação (ocorrem na fase de hemostase secundária). Podem ser causadas por:
Coagulopatias hereditárias – a maioria é autossômica recessiva (combinação de genes recessivos de pai e mãe).
Padrão de herança;
Hemofilia A – ligada ao sexo (cromossomo X – a fêmea normalmente é portadora, quem determina é o macho, portanto não é autossômica);
Hemofilia B – também herança ligada ao sexo;
Outros fatores;
Afibrinogenemia e desfibrinogenemia.
	A hemofilia A é mais grave. Envolve a deficiência do fator VIII. A hemofilia B envolve a deficiência do fator IX.
	Afibrinogenemia ocorre quando não se consegue formar o fibrinogênio (deficiência hepática). É hereditário. A disfibrinogenemia é quando o fibrinogênio está com forma alterada.
Coagulopatias adquiridas:
Deficiência e antagonismo da vitamina K – algumas drogas, como raticidas (Varfarina);
Doença hepática grave;
Desproteinemia – proteínas anormais, não funcionam;
Fibrinolise patológica primária – quando ocorre muito rápida, não deixa formar o fibrinogênio e a fibrina. Ocorre ativação acelerada dos ativadores e pró-ativadores da plasmina. Pode ser causada por tumores e várias outras enfermidades.
Coagulação intravascular disseminada (CID) – começa com uma coagulação disseminada, tendo gasto excessivo dos fatores de coagulação, principalmente os fatores V e XIII. Com isso, acabam causando hemorragias pela falta dos fatores de coagulação. Pode ser causada por tumores, doenças parasitárias, etc.
Sistema Fibrinolítico
Plasminogênio
Pró-ativadores plasmáticos
										Inativadores
			XIIa							
										Urokinase
Ativadores plasmáticos					Streptoquinase
Ativadores tissulares
Plasmina
										Antiplasminas
	Destruição de fatores					Ativação do complemento
				V e VIII					Outras ações proteolíticas
				Fibrinogênio						Fibrina
PDFs
O plasminogênio é a forma inativa da plasmina. Precisa sofre ativação de pró-ativadores e ativadores plasmáticos e tissulares para originar a plasmina. Ocorre a fibrinólise, pela ação da plasmina, que é uma enzima que provoca lise da fibrina e do fibrinogênio, liberando os PDFs (produtos de degradação da fibrina e/ou fibrinogênio). A plasmina também ativa o complemento e promove outra ações proteolíticas.
Em paralelo a estimulação, funcionam os inibidores e pró-inibidores, que fazem o controle da formação de plasmina. Pró-estimuladores, estimuladores, pró-inibidores e inibidores da coagulação devem funcionar em homeostase, pois um desequilíbrio pode provocar hemorragias contínuas ou coagulação, causando tromboembolias.
Hemostase – sinais clínicos em defeitos vasculares, plaquetários ou de coagulação
	Defeitos vasculares ou plaquetários
	Defeitos da Coagulação
	Petéquias, manchas superficiais
	Hematomas profundos
	Sangramentos em pele e membranas mucosas
	Hemartroses (hemorragia em articulações) ou hemorragias retroperitoniais
	Sangramento imediato
	Sangramentos recorrentes e tardios
Métodos de diagnóstico
Da hemostase primária:
Parede vascular – deficiência de vitamina C causa alteração da parede;
Plaquetas – a contagem e a observação morfológica já dizem se há alteração nesta fase.
Da hemostase secundária:Testes de devasa:
TTPA – tempo de tromboplastina parcial ativada. Testa a alteração nos fatores do SIC, sistema intrínseco de coagulação, (XII, XI, IX e VIII);
TP – tempo de pró-trombina. Testa a alteração dos fatores do SCC, sistema comum de coagulação, (V, X, II e I);
TT – tempo de trombina. Testa a alteração dos fatores do SEC, sistema extrínseco de coagulação, (III e VII).
		Quando solicita-se esse tipo de exame, pede-se os três. Se um dos testes der resultado retardado, faz-se o específico de fator para saber qual fator está alterado. Nestes testes usa-se o anticoagulante citrato de sódio, pois é próprio para coagulograma.
Da hemostase terciária:
		Para verificar a fibrinolise e a presença de CID (coagulação intravascular disseminada) mede-se:
Anti-trombina;
PDFs;
Fibrinogênio – prova de Kaneko e Smith;
Lise do coágulo – prova de tempo de lise do coágulo.
Anemias
O termo correto deveria ser hipoglobulia (diminuição) e não anemia (ausência). É a diminuição abaixo do mínimo normal do número de hemácias, e/ou da concentração de hemoglobina, e/ou do volume globular.
O que se vê no hemograma normalmente é um reflexo de algum problema no organismo. Doenças hematológicas são raras.
Sinais clínicos
Mucosas aparentes pálidas, hiporexia (“anorexia” – termo usado erroneamente neste caso, pois não chega a ser uma ausência de apetite, e sim uma diminuição), prostração, desânimo. Se ocorrer destruição de hemácias, causa febre (liberação de pirógenos). Pode ocorrer taquicardias (tentativa de oxigenar mais rápido, pelo número de hemácias diminuído). Na auscultação verifica-se um murmúrio nas valvas, na sístole.
Não existe sinal clínico patognomônico de anemia, pois várias doenças causam esses mesmos sintomas. Só o diagnóstico laboratorial dá o diagnóstico preciso.
Na grande maioria das vezes a anemia é secundária e não primária. É conseqüência de problemas primários.
Um erro de diagnóstico e de terapia pode levar o animal à morte. Portanto deve-se sempre comparar o diagnóstico laboratorial ao clínico.
Classificação
Fisiopatológica: o que leva ao problema – hemorragia (aguda ou crônica), hemólise, distúrbios nutricionais, metabólicos, etc. São várias as causas: hipotiroidismo, diabetes, etc. Pede-se o exame da suspeita clínica ao laboratório (sorologia, hormônios, plasma).
Morfológica: leva-se em consideração dois parâmetros: VGM e CHGM. O VGM (volume globular médio) se relaciona com o tamanho da hemácia e o CHGM (concentração de hemoglobina globular média) com a cor das hemácias.
	VGM
	Tipo de anemia
	Normal
	Normocítica
	>
	Macrocítica
	<
	Microcítica
	CHGM
	Tipo de anemia
	Normal
	Normocrômica
	>
	Hipercrômica (não existe)
	<
	Hipocrômica
Anemia hipercrômica não existe, pois a hemácia não suporta mais que 37% de hemoglobina.
	Baseada no VGM
	Baseada no CHGM
	Suspeita – Causa da anemia
	Normocítica
	Normocrômica
	O problema é na medula (hemácias normais em pouca quantidade)
	Normocítica
	Hipocrômica
	Problema na síntese de hemoglobina – provavelmente deficiência de ferro, cobre ou vitamina B6
	Macrocítica
	Normocrômica
	Deve ser carência de vitamina B12 ou folato. Em gatos pode ser distúrbio mieloproliferativo
	Macrocítica
	Hipocrômica
	Anemia responsiva – liberação de reticulócitos
	Microcítica
	Normocrômica
	Estágio de deficiência de ferro – normal em Akita
	Microcítica
	Hipocrômica
	Típica de deficiência de ferro – já é a deficiência instalada
OBS: A normocítica hipocrômica e a microcítica normocrômica progridem para a microcítica hipocrômica. Envolvem estágios diferentes de deficiência de ferro.
Em doenças crônicas, é normal o SFM reter ferro, podendo causar deficiência de hemoglobina.
A macrocitose com normocromia é normal em poodles, especialmente no micro e no toy.
A vitamina B12, para ser absorvida no intestino, depende do fator intrínseco produzido no estômago. Uma fisiopatologia pode alterar a produção do fator intrínseco, dificultado a absorção da vitamina.
Animais herbívoros que pastam podem ingerir molibidênios na vegetação, que impedem a síntese de B12 por estes animais. Trata-se com cianocobalamina, que participa na síntese de B12.
Para detectar a deficiência de ferro nestes animais, faz-se o teste de ferretina sérica ou fixação do ferro sérico. Hemossiderose – alguma patologia que causa alteração do ferro no organismo.
Na macrocitose a célula pula um estágio de mitose.
Na microcitose a célula faz mitoses adicionais.
Parasitoses crônicas levam a anemias graves e proteinemia (anemias do tipo micro e hipo). Parasitoses ainda em trânsito causam outros tipos de anemia, dependendo do estágio da doença.
Pela resposta da medula óssea: em eqüídeos. Em qualquer um que não seja eqüídeo, vê-se a resposta no sangue periférico.
Avaliação laboratorial
Parâmetros da célula vermelha: um destes abaixo do normal já caracteriza anemia.
 VG
 Concentração de hemoglobina
 Contagem de eritrócitos
Contagem de reticulócitos: saber se há anemia responsiva (se houver, o prognóstico é positivo).
Índices das células vermelhas:
 VGM
 CHGM
Mielograma: exame da medula óssea – em eqüídeos (5% já caracteriza resposta) e em casos de anemia normocítica normocrômica, pois o problema é na medula.
Outros testes: coloração do plasma (avermelhado – hemólise/hemoglobina intravascular; amarelado – hemólise extravascular, bilirrubina); fezes (hipercólicas, com muitos pigmentos, enegrecidas ou marrom escura – hemólise pré-hepática/pré-microssomial; eucólicas – coloração normal – hemólise hepática/microssomial; acólicas (sem pigmento), esteatorréicas, com derrame de gordura – fezes brilhantes com odor nauzeante – não há derrame de bile, não há lise de gordura); urina – presença de bilirrubinemia; determinação de proteína total e albumina – detectar hipoproteinemia.
Um VG abaixo de 10 (principalmente em cães e gatos) é muito grave, indicativo de transfusão.
Um VG em torno de 31 a 36 é onde se encontra a maioria dos casos de anemia. São as anemias brandas, leves.
Para cada valor de VG há um valor mínimo de reticulócitos que deve ser encontrado para que a resposta seja eficiente. Pode ser que haja a resposta, mas que seu volume não seja suficiente para combater a anemia instalada.
Aspectos terapêuticos
Para detectar anemia deve-se primeiro saber o tipo e a causa.
Na macrocítica hipocrômica, que é responsiva, deve-se descobrir o que está causando a anemia para combater a causa primária.
Na normocítica normocrômica o problema é na medula. Não adianta dar hematínicos (que tratam deficiência de minerais e vitaminas), pois a lesão é na medula. Um dos problemas que causa a normocítica normocrômica é a falta de estímulo para produção de células pela medula. Provavelmente é ausência de eritropoietina, que causa depressão da medula. Já existe no mercado a eritropoietina recombinante, que se administra em animais com insuficiência renal (onde é produzida a eritropoietina). É muito comum em cães.
OBS: A falta de vitamina B6 no cão causa anemia microcítica hipocrômica (o mesmo que a deficiência de ferro).
Policetemias
Aumento de células no sangue.
Quadro comparativo com a anemia:
Animal com VG alto, acima de 70%, indica um processo mieloproliferativo (policetemia primária).
Classificação:
 Relativa – o volume de plasma diminui, causando hemoconcentração: por vômito, diarréia, disfagia (perturbação na deglutição – o animal não consegue deglutir) ou por liberação de adrenalina, que provoca esplenocontração (contração do baço), liberando hemácias e plaquetas, causando hemoconcentração (pois as hemácias e plaquetas armazenadas no baço são encaminhadas para a corrente sangüínea, aumentando a concentração de células e diminuindo a do volume plasmático).
 Absoluta primária – alteração no centro hematopoiético. Processo mieloproliferativo clonal. Um clone da CTHPP se multiplica sozinho, sem estímulo, aumentando a formação de váriascélulas. Trata-se com quimioterapia, tendo que levar a medula a zero e fazer um transplante (pois se levar a zero, fica sem produzir nenhuma célula do sangue) associado a transfusão sangüínea. Ex: leucemia eritrocítica.
 Absoluta secundária – o estímulo vêm de fora. Em geral da eritropoietina em excesso, causada por hipóxia (diminuição da tensão de O2). Pode ser de dois tipos:
Hipóxica: doença cardiovascular - doença do sangue azul (só se resolve com cirurgia). Redução do transporte de oxigênio - anemia falciforme.
Autônoma: não neoplásica – leiomioma, adenoma, hepatoma. Neoplásica – vários tumores são produtores de eritropoietina ou estimulam sua produção. Familiar – hereditário.
	O tratamento depende do tipo de policetemia:
Se for pneumonia – antibioticoterapia (se houver tempo, cultura para identificar o agente).
Hemoglobinopatia – difícil de diagnosticar a causa. Se não diagnosticar, o tratamento é apenas sintomático.
Hemoconcentrado com hematócrito baixo – transfusão.
Diagnóstico laboratorial
	Policetemia
	PO2
	EPO
	Absoluta primária
	Normal
	Normal ou baixa
	Absoluta secundária
	Baixa
	Alta
	Relativa
	Normal
	Normal
PO2 – pressão parcial de oxigênio;	EPO – eritropoietina.
		Com a queda de PO2 aumenta a concentração de eritropoietina (é um estímulo a sua produção).
Urina
Função renal
Pode-se coletar a urina por punção da bexiga (cistocentese), micção espontânea, massagem, cateterismo (mas pode ocorrer contaminação pelas bactérias da uretra), dispositivos (saco plástico), jaulas metabólicas.
Conservação: se for fresca e examinada imediatamente, não precisa de conservação. Se for enviada ao aguardar algumas horas para exame, deve-se resfriá-la com gelo. Se for enviar pelo correio, deve-se ter muito cuidado com a embalagem – existem normas internacionais para transporte de amostras biológicas. Existem os meios químicos de conservação: formol, timol, toluol – podem dar falso positivo para proteína ou glicose (no caso do formol – age reduzindo o reagente, dando coloração diferente).
OBS: E.A.S.: Elementos Anormais em Sedimentoscopia. O anormal pode ser apenas em relação a quantidade do elemento e não a sua presença na urina.
Exame físico
Deve-se observar: volume, cor, odor, consistência, densidade, reação, transparência.
O volume é variável com a espécie, com o tamanho do animal, com a atividade física, estação do ano. Tudo isso provoca variação do volume, portanto não é muito confiável. Poliúria – aumento do volume urinário em 24h (quanto elimina de urina em um dia). Oligúria – diminuição do volume de urina em 24h. Anúria – ausência de urina (pode ser falsa anúria – ex: cálculo renal, impede a saída de urina, mas ela é formada; ou anúria verdadeira – o rim não está produzindo urina).
A cor é muito variável. Normalmente vai de amarelo claro a escuro. Se verde – pode ser remédio (azul de metileno – anticépticos urinários) ou biliverdina. Se vermelho – remédio (alguns anticépticos urinários), hemoglobina (hemoglobinúria) e/ou hemácias (hematúria). Se esbranquiçada ou cinzenta – infecção urinária, presença de pus (neutrófilos – piócito; célula de pus; o neutrófilo vira pus ao combater bactérias).
O odor é sui generis (próprio). A urina de cada espécie possui um odor próprio. Diabetes em grau adiantado tem odor cetogênico (adocicado). Um odor pútrido sugere infecção.
A consistência na maioria das vezes é fluida. A dos eqüídeos é xaroposa (possui mucina – carbonato de cálcio e muco; produzida pelas células da pelve renal), mas em outros animais a urina xaroposa não é normal.
A densidade normal é de 1015 a 1025. Acima do máximo é hiperestenúria. Abaixo do mínimo é hipoestenúria. Quando igual a do plasma é isostenúria (a densidade do plasma é de 1008 a 1012), típica do diabetes insipidus (falta de ADH – elimina mais líquido na urina). Os eqüinos possuem a densidade acima de 1025 e é normal.
OBS: o ADH é produzido no núcleo supra ótico do hipotálamo.
	Diabetes significa que há poliúria. Pode ser a mellitus – falta de insulina; ou a insipidus – falta de ADH.
A transparência tem a ver com a densidade (fica mais clara ou mais escura, de acordo com a densidade). O normal é a transparente (exceto nos eqüídeos). Se estiver opaca indica presença de outros elementos em suspensão. Podem ser espermatozóides (em cão é normal) – pode indicar inflamação da próstata. Se estiver turva pode ser normal, se a quantidade de cristais em suspensão for alta, sendo provocada pelo tipo de alimentação do animal – o que vai indicar é o exame de sedimentação.
Reação: A reação é variável, de acordo com a espécie e com medicamentos que alteram o pH da urina (pode-se usar medicamentos para alterar o pH da urina). Carnívoros possuem a urina mais ácida – reação ácida. Herbívoros têm a urina mais alcalina – reação básica. Onívoros possuem urina neutra – reação neutra (pH neutro). Caso a urina dê reação contrária a esperada, de acordo com a espécie, e não estiver sob efeito de medicamentos, pode indicar infecção (algumas bactérias alteram o pH do meio). Pequenas variações podem ser causadas por alimentação.
OBS: Polaciúria (ou polaquiúria) – aumento da freqüência de micção sem aumento de volume diário. Cistite.
Exame químico
Detecta presença de: albumina (proteínas), glicose, corpos cetônicos, bilirrubinemia, urobilinogênio e sangue.
Proteinúria – inflamação em qualquer parte do trato urinário pode causar proteinúria. Normalmente uma pequena parte pode passar pelo glomérulo, mas é totalmente reabsorvida no túbulo. Só se sabe onde é a lesão na sedimentação. Dessa forma se identifica se a lesão é pré-renal, renal ou pós-renal.
Glicosúria – ou o limiar renal (o que em capacidade de reabsorver) foi ultrapassado (ingestão de glicose em excesso) – por isso prefere-se o exame após várias horas sem alimentação; ou o problema é patológico. Pode ser: diabetes mellitus (causa excesso de glicose no sangue, ultrapassando o limiar renal, e/ou causa nefrite ou nefrose), lesão renal (glomerulonefrite, nefrite), glicosúria renal primária (nasce com defeito congênito na reabsorção da glicose pelo rim, eliminando-a na urina, causando hipoglicemia). Nos ruminantes (poligástricos) toda glicose ingerida é transformada em ácidos graxos voláteis no rumem, não saindo na urina.
Cetonúria – a presença de corpos cetônicos na urina pode aumentar em casos anormais. A cetogênese ocorre pela degradação de lipídios (o glicerol é cetogênico). As causas podem ser: hipoglicemia (ocorre gliconeogênese) ou hiperglicemia (diabetes mellitus – tem muita glicose, mas não pode usar, pois não tem insulina, o que origina a gliconeogênese).
Bilirrubinemia – icterícia intra ou extra hepática. A que já foi conjugada é que aparece na urina. Pode ocorrer passagem de hemoglobina associada a albumina em casos de glomerulonefrite.
Urobilinogênio – a glicuronidase age na bilirrubina conjugada, no intestino, formando o urobilinogênio. Sua presença na urina é normal. Seu aumento ou sua ausência é que são anormais. Ocorre em doenças hemolíticas (hemólise – pré-microssomial). A ausência, em exames repetidos, significa obstrução pós-hepática – não está se formando no intestino.
Hematúria – causas: tumor, inflamação e traumas. Um cateterismo vesical pode causar pequenos traumatismos que liberam sangue. Se ocorrer presença de sangue no início da coleta pode ser normal (pelo motivo descrito), mas se toda a urina coletada vier com sangue, é indicativo de hemorragia na bexiga, ureter ou no rim. Se o sangue surgir no meio da coleta a hemorragia é na bexiga. O trauma pode ser causado por urolitíase (cálculo) que pode ser renal, vesical ou no colédoco (coledocolitíase). O sangue pode ser: hemoglobinúria, mioglobinúria ou hematúria (hemácias). A hemoglobina pode ser por hemácias rompidas no sangue ou na própria bexiga. Para saber, faz-se coleta de sangue e observa-se a coloração do plasma: se estiver avermelhado a hemólise é no sangue. Se a presença for de mioglobina, a lesãoé no músculo renal.
Nitrato – algumas bactérias transformam nitrito em nitrato. Se der positivo para nitrato no exame químico, indica infecção bacteriana. Mas se der negativo não indica que não haja infecção, pois a bactéria infectante pode não ser das que promovem essa transformação. Observa-se a bactéria no exame de sedimentação.
Sedimentoscopia
Divide-se em elementos organizados:
Células – renais, transicionais, pavimentosas (escamosas), piócitos, hemácias, parasitos, espermatozóides. As pavimentosas são as maiores e são pleomorfas – não tem forma própria. São originárias do baixo trato urinário (vagina, uretra). As transicionais são da parte alta da uretra e bexiga. Possuem muito citoplasma em relação ao núcleo. As células renais são mais difíceis de se observar, pois só aparecem quando a infecção atinge o parênquima renal. Possuem relação núcleo citoplasma alta (o núcleo toma quase todo o citoplasma). Encontrar um a três piócitos por campo de grande aumento é normal. Mais que isso indica processo inflamatório. Presença de muco indica processo irritativo ou inflamatório. A presença de hemácias indica hematúria. Encontrar espermatozóides, exceto em cães, indica inflamação vesical ou na próstata. Fungos, bactérias, protozoários, vermes – Candida albicans, Corynebacterium renale (causa graves infecções em bovinos), Sarcocistes cruzi (cão e bovino), microfilária, Stephanurus dentatus (comum em suínos – causa paraplegia, queda do trem posterior por degeneração medular – sai da gordura peri-renal), Dioctophime renale (canídeos) – a fêmea elimina os ovos na urina (atingem mais de um metro).
Cilindros – são formados no túbulo renal. Podem ser hialinos, granulosos (os grânulos são elementos degenerados), piocitários, epiteliais (células do túbulo renal), céreos (caracteriza processo crônico – seu interior possui uma massa como uma cera, que já passou por todas as transformações: hialino, granuloso, piocitário – não é totalmente cilíndrico, possui reentrâncias), eritrocitário, leucocitário, misto (hemácias e leucócitos).
Elementos inorgânicos – cristais (de urina ácida e de urina alcalina):
 Cristais de urina ácida – oxalato de cálcio – oxalúria (alguns elementos possuem muito oxalato que se ligam ao cálcio que sempre se encontra na urina) – o oxalato de cálcio é um cristal pontiagudo que causa muitas lesões cortantes. Outros cristais: ácido úrico, uratos amorfos (sais do ácido úrico).
 Cristais de urina alcalina – fosfato triplo (fosfato amoníaco magnesiano) – comum nas cistites (forma de tampa de caixão), fosfato de cálcio, carbonato de cálcio, urato de amônia. Leucina, tirosina e cistina são indicativos de problema no fígado – insuficiência hepática.
Estes exemplos de cristais podem ocorrer em qualquer pH urinário, sendo mais comuns aparecerem como citados acima.
OBS: Lipidúria – processo degenerativo no fígado. Algumas gotas na urina de gato é normal. Verificar se a coleta foi feita por cateterismo com lubrificante.
O rim é a única fonte de depuração da creatinina (por filtração glomerular – não sofre secreção). Sua presença em excesso no sangue sugere insuficiência renal.
Carboidratos
(Bioquímica clínica)
Metodologia:
O que é feito hoje em laboratório para auxiliar no diagnóstico.
A glicose é o parâmetro em carboidratos mais solicitada na prática/rotina.
Há doenças que se caracterizam pela perda excessiva de alguns carboidratos na urina (deficiência na reabsorção destes compostos pelas células tubulares).
OBS: Hoje em dia se faz análise de parâmetros através do uso de enzimas, sendo estas altamente específicas e sensíveis.
Antigamente se usava o cobre (Cu³⁺) como reagente para determinar a presença de substâncias redutoras (essas substâncias agiam no cobre reduzindo para Cu²⁺, alterando a coloração da amostra de azul para verde ou tijolo.
A glicose é redutora, mas existem outras substâncias que também produzem a mesma reação. Na época não se sabia disso e muitos diagnósticos de diabetes foram dados a animais que não possuíam glicose elevada e sim essas outras substâncias elevadas.
OBS: Orto-toluidina (OT) é o corante que reage com a glicose em meio quente.
Para obter o soro não se usa anticoagulante. Coleta-se o sangue e deixa coagular, ou centrifuga-se para acelerar o processo. Dessa forma obtêm-se o soro + coágulo. Para coagulograma usa-se sangue total, pois na coagulação alguns fatores são consumidos.
Se usar anticoagulante obtêm-se o sangue total. Ao centrifugar obtêm-se plasma + glóbulos.
Para bioquímica clínica trabalha-se com soro. No caso específico de glicemia, usa-se o anticoagulante fluoreto de sódio (ou algum que o contenha – como o EDTA fluoretado, que é o ideal para se fazer hemograma + glicemia, pois contêm o fluoreto – que preserva a glicose – e o EDTA, que não causa alterações nas células). O fluoreto inibe os glicídios que consomem a glicose.
Taxas normais (aproximadamente – valores médios):
Ruminantes – 40 a 75mg/dL.
Monogástricos – 70 a 140mg/dL.
No soro, para determinar a glicose:
Soro + OT → glicosilamina → base de Schiff (verde)
			Δ (composto intermediário)
	 100ºC
Em geral, o corante tem uma só cor. Na reação, a tonalidade dessa cor é alterada de acordo com a quantidade da substância que reage com o corante.
A glicose-oxidase (COP/POD ou GOD/PERID) é uma técnica mais específica, usa mais enzimas e é mais cara:
Soro + H2O → ácido glicônico + H2O2 (água oxigenada)
H2O2 + ABTS → H2O + ABTS
OBS: ABTS = ácido benzotiazolino sulfônico – é o comógeno da reação: verde.
Antigamente se faziam as duas reações em separado. Hoje já se usa um composto associando os dois reagentes, funcionando em uma só reação.
Para se manter a homeostase glicêmica deve-se estar com os seguintes mecanismos funcionando em equilíbrio:
Mecanismo de controle homeostático
Hipotálamo/hipófise
Tireóide
Adrenais
Pâncreas
Exócrino
Endócrino (insulina, glucagon, somatostatina)
Outras influências
O hipotálamo é uma glândula que produz hormônios que estimulam outras glândulas. Ele não estimula diretamente o pâncreas. Este é estimulado pela glicemia (hiper ou hipo), produzindo insulina (hipoglicemiante) ou glucagon (hiperglicemiante).
Se ocorre baixa de glicose no sangue, o organismo precisa aumentá-la. O STH, produzido no hipotálamo, age nas células insulino dependentes (hepática, leucócitos, adiposa e muscular), ou seja, dependem da insulina para a glicose entrar na célula. A insulina ativa o mecanismo da adenilciclase (AMPc). O STH impede a ação da insulina na célula (não entra glicose na célula), inibindo a adenilciclase, mantendo a glicose no sangue.
OBS: a célula hepática é insulino dependente facultativa, pois a glicose pode entrar de outras formas.
A primeira reação que ocorre com a glicose é a fosforilação, que é induzida pelo AMPc (ativa as enzimas pró, como a glicoquinase, que fosforilam a glicose). O resultado final da fosforilação pode ser: glicogênio, HMF (hexose mono fosfato), vitamina C (em alguns animais), CO2 + H2O + ATP.
Na degradação do glicogênio, a enzima glicose 6 fosfatase libera glicose livre no sangue e ATP para a célula. As células musculares não possuem glicose 6 fosfatase, portanto não liberam glicose livre no sangue, e sim ácido lático, pela ação de enzimas da glicolise (anaeróbicas).
Através de feedback (dependendo da quantidade de cortisol no sangue), ocorre estimulo à liberação de ACTH pela hipófise. O hipotálamo libera CRF (fator liberador da corticotrofina) que estimula a hipófise a liberar ACTH. O ACTH age na adrenal liberando cortisol (agindo na cortical) e adrenalina (na medular). A adrenalina age no fígado estimulando a glicogenólise hepática (e no músculo, estimulando a glicogenólise muscular), que é muito rápida e em questão de segundos libera glicose no sangue. O cortisol liberado pela cortical estimula a gliconeogênese, que é um mecanismo mais lento de liberação de glicose.Outro mecanismo é o TSH (hormônio estimulante da tireóide – T3 e T4), produzido pela hipófise. O mecanismo da adrenalina (glicogenólise hepática) depende de concentrações normais de T3 e T4. Também agem no intestino, que só absorve bem glicose em concentrações normais de T3 e T4.
OBS: Indivíduos hipotireoideanos sofrem de hipoglicemia por estes motivos.
Feedback – em concentrações baixas de T3 e T4 no sangue, o hipotálamo libera um CRT (fator liberador) que estimula a hipófise a produzir e liberar TSH para, por sua vez, estimular a tireóide a liberar T3 e T4. Também existem mecanismos superiores (que não dependem de feedback) que estimulam o hipotálamo a liberar seus fatores liberadores.
OBS: Hipertiroidismo primário – alteração na glândula tireóide.
	Hipertiroidismo secundário – alteração no hipotálamo ou hipófise.
Pâncreas
O pâncreas possui porção endócrina e porção exócrina. O pâncreas exócrino promove a digestão dos carboidratos através da ação das amilases, que são produzidas por ele. Se essa porção não funcionar direito, influencia na absorção da glicose.
Exemplos de amilases:
Lactose – origina glicose + galactose;
Sacarose – origina glicose + frutose;
Maltose – origina glicose + glicose.
Os suínos possuem alguma amilase salivar, iniciando a digestão de carboidratos na boca. Os demais animais apenas no intestino.
A glicose é absorvida por transporte ativo ou por difusão facilitada, no intestino. A associação de galactose e frutose (originando a glicose) pode ocorrer no próprio intestino, antes de serem absorvidas. As que não se associam são absorvidas assim mesmo e no fígado se convertem em glicose.
Indivíduos com deficiência de β galactosidase possuem excesso de lactose, tendo diarréias. Aves têm deficiência normalmente.
Em poligástricos, os carboidratos ingeridos são fermentados e transformados em AGV (ácidos graxos voláteis). Apenas 20% dos AGV são glicogênicos:
C2 – 65% - são os AGV cetogênicos;
C3 – 20% - são os glicogênicos, que no fígado se transformam em glicose;
C4 – 10% - estimulam a gliconeogênese.
O pâncreas endócrino possui três tipos de células:
Células α (alfa) – produzem glucagon (hiperglicemiante) – glicemia por glicogenólise hepática e gliconeogênese.
Células β (beta) – produzem insulina (hipoglicemiante) – estimula a glicogeneogênese (armazena a glicose nas células), a lipogênese (armazena gorduras) e inibe as enzimas que promovem hiperglicemia.
Células γ (delta) – produzem somatostatina.
Fígado: Armazena glicose em forma de glicogênio e promove a gliconeogênese.
Músculos: Armazenam glicogênio.
Rim: Promovem a reabsorção de glicose.
Hiperglicemias
Diabetes mellitus – é a causa mais freqüente em animais, principalmente em cães;
Hiperatividade hipotálamo/hipófise;
Hiperatividade tireoideana;
Hiperatividade adrenal (medular e cortical);
Feocromocitoma – tumor de células cromatóferas da medular da adrenal, que passa a produzir muita adrenalina;
Glucagonoma – tumor de célula α que passa a produzir muito glucagon;
Fisiológica – excesso de carboidratos na dieta de monogástricos;
Drogas.
Fisiopatologia do diabetes mellitus:
As causas podem ser hereditárias (o indivíduo já nasce insulino-dependente – não produz insulina suficiente para manter a homeostase) ou adquiridas.
O euritrema causa pancreatite e o animal pode adquirir o diabetes.
O desequilíbrio hormonal (dos hormônios que antagonizam a insulina) causa diabetogênese – são diabetogênicos – (deprimem a célula β).
Em geral, os primeiros sinais são poliúria e polidipsia (muita ingestão de água) compensatória.
A poliúria (aumento do volume urinário) é causada pela elevação da quantidade de glicose na urina, que por atração osmótica atrai a água, aumentando o volume urinário.
Com a eliminação de glicose, o animal precisa da gliconeogênese para produzir mais glicose e ATP. Com a degradação de lipídios, há muita liberação de acetil coenzima A, que não consegue ser metabolizada no ciclo de Krebs (por estar em grande quantidade) e acaba por originar o aceto acetato, que é o primeiro corpo cetônico formado. Formam-se aceto acético e β-hidroxi butílico, que são o segundo e terceiro corpos cetônicos, que irão provocar uma alcalinização do pH, causando desequilíbrio osmótico e conseqüente insuficiência renal e hepática.
Trata-se, neste caso, com insulina e soro fisiológico. Dependendo da situação, se faz necessário administrar bicarbonato de sódio e potássio.
Para detectar a diabetes faz-se glicemia de jejum.
OBS: a diabetes pode ser subclínica, não apresentando sintomas e nem sendo detectada no exame.
Hipoglicemias
Insulinoma – tumor de células β;
Hipoatividade hipotálamo/hipófise;
Hipoatividade tireoideana;
Hipoatividade adrenal – hipoadrenocorticismo: produz pouco cortisol. Com isso, os animais costumam acumular gordura na região peitoral.
Hipoglicemia dos leitões – costuma matar animais jovens. Alguns leitões nascem com sistema de gliconeogênese hepática imaturo e consomem toda a glicose, entrando em hipoglicemia. Também ocorre em leitegadas (nascimentos) muito grandes e alguns ficam sem se alimentar;
Toxemia da prenhez das ovelhas – no final da gestação por stress ou aumento da demanda de carboidratos para o feto.
Acetonemia da vaca leiteira – o rumem e a glândula mamária são altos produtores de corpos cetônicos. O desbalanceamento da ração causa aumento de produção destes corpos cetônicos no pico de lactação, pelo aumento da gliconeogênese que ocorre neste período (falta de energia).
OBS: hipoglicemia por qualquer causa e hiperglicemia diabética causam acetose.
Leucocitogênese
A partir da célula CTHPP originam-se CTHOPM e CTHOPL. CTHOPM origina as unidades formadoras de colônia:
UFC-GM: que origina monoblasto e mieloblasto. É a única bipotencial, podendo originar neutrófilos ou monócitos, dependendo do estímulo;
UFC-Eo: que origina mieloblasto, culminando na formação de eosinófilos;
UFC-B: que também origina mieloblasto, culminando na formação de basófilos.
Granulopoiese: ocorre na medula óssea e se inicia em uma célula muito grande (mieloblasto), que segue sofrendo mitoses até chegar à forma de mielócito: Mieloblasto – pró-granulócito – mielócito – metamielócito – bastão – segmentado (neutrófilo, eosinófilo ou basófilo).
Monocitopoiese: ocorre na medula óssea. A célula UFC-GM origina o monoblasto, que se diferencia em pró-monócito, monócito e chega a macrófago.
A célula CTHOPL origina os precursores de células T e B, que originam os linfoblastos.
Linfocitopoiese – tecido linfóide:
Precursor de células T – linfoblasto – pró-linfócito – linfócito T;
Precursor de células B – linfoblasto – pró-linfócito – linfócito B – plasmócito.
Compartimentos funcionais da medula óssea
Compartimento (ou Pool) proliferativo – é o mitogênico, ocorre até a formação de mielócito;
Compartimento (ou Pool) de maturação – onde ocorre a formação de metamielócito e bastão;
Compartimento (ou Pool) de reserva – ocorre bastão e segmentado. É variável com a espécie (alguns têm boas reservas, como os cães, outros têm reservas pequenas, como os bovinos).
Compartimentos do sistema vascular
Pool marginal – são as células que se acumulam (fixam) nas paredes dos vasos por quimioatração;
Pool circulante – são as células que ficam circulantes no sangue.
O tamanho destes pools é variável. No cão, a relação entre eles é de 1 na marginal para 1 na circulante, no gato é de 2,5 para 1. Estas células podem se intercalar, indo de um pool a outro, de acordo com a necessidade e a quimiotaxia.
Neutrófilos
Fatores estimulantes:
Interleucinas – inespecíficas;
FEC – fator estimulante de colônia;
FIL – fator indutor de leucocitose;
Granulocitopoietina – específicos;
Anticalona.
Fator inibidor:
Calona.
Resposta funcional dos neutrófilos
Para exercer sua função, estas células precisam ter uma máquina digestória muito potente. Sua função é promover afagocitose ou a pinocitose (dependendo do tamanho da partícula) de microrganismos. Para isso possuem grânulos com enzimas líticas.
Alguns indivíduos possuem má formação dos neutrófilos, tendo deficiência em promover a fagocitose destes microrganismos.
Anormalidades morfológicas e funcionais
Hiperseguimentado – neutrófilo muito maduro. Fica por tempo acima do normal circulante no sangue. Corticóides produzem hiperseguimentação dos neutrófilos. Por ser antiinflamatório impede a passagem de neutrófilos do sangue para os tecidos, fazendo com que fiquem velhos, hiperseguimentando.
Síndroma de Cushing – hiperadrenocorticismo. Produz excesso de corticóide pela adrenal. Pode ser primário (o problema é na adrenal) ou secundário (o problema é no hipotálamo ou na hipófise, produzindo muito ACTH).
Hipossegmentado – doença autossômica recessiva: as células são funcionais (funcionam normalmente), mas os núcleos não se segmentam.
Função – pode ter alteração da composição dos grânulos, da quimiotaxia, da opsonização e da fagocitose.
Mudanças tóxicas nos neutrófilos (significa toxina circulante no sangue)
Basofilia do citoplasma – basofilia difusa. Normalmente o citoplasma do neutrófilo, como o próprio nome já diz, é neutrofílico.
Espumosidade do citoplasma – parece que o citoplasma está cheio de espuma.
Vacúolo no citoplasma – normalmente não possui vacúolo.
Corpos ou corpúsculo de Döhle – resto de fagocitose de toxina.
Granulação azurofílica – grânulos corados por corantes azurófilos.
Eosinófilos
Morfologia e composição dos grânulos
A composição básica dos grânulos é a histaminase. Seu quimioatraente é a histamina, que é neutralizada pela histaminase.
O grânulo de cada espécie tem sua forma e sua cor próprios, se diferenciando de animal para animal.
Sítios de produção, localização e funções
São produzidos na medula óssea (principalmente), útero, pele e pulmões. São mais encontrados no útero, pele e pulmões.
Tem função bactericida, parasiticida e em reações de hipersensibilidade (já que neutraliza a histamina).
Basófilos e mastócitos
A origem dos basófilos é na medula óssea e dos mastócitos é nos tecidos, pela célula mesenquimal. São muito semelhantes em função e composição de grânulos. Seus grânulos contêm aminas vasoativas (histamina e serotonina) e outras substâncias (heparina). Em sua membrana, possuem receptores para IgE, desempenhando importante papel em reações de hipersensibilidade, pois nas inflamações de fundo alérgico, a imunoglobulina que atua é a IgE, que se liga a esses receptores, liberando o conteúdo dos grânulos destas células.
Relação sangue/tecido
Se há muito basófilo no sangue, haverá pouco no tecido, e vice-versa. Os coelhos possuem muitos basófilos no sangue, e por essa característica são muito usados para pesquisas de basófilos.
Metacromasia
Alteram a cor do corante. Possuem mucopolissacarídeos ácidos sulfatados nos grânulos, que são os responsáveis pela metacromasia.
Papéis fisiopatológicos
Quando estas células são estimuladas (estímulo antigênico), alteram a permeabilidade dos vasos, através das substâncias vasoativas de seus grânulos. Podem, com isso, causar reações indesejáveis, dependendo da intensidade desta permeabilidade. Em casos graves, provoca o choque anafilático, pois com doses altas de IgE há vasodilatação generalizada. O choque anafilático mata, pois há muitos mastócitos na glote. Com o edema generalizado, causado pela liberação maciça de histamina, ocorre o fechamento da glote e o indivíduo morre por asfixia e problemas circulatórios.
Monócitos e Macrófagos
Compõem o SFM (sistema monocítico fagocitário). Sua origem é na medula óssea. Têm produção rápida e ficam algumas horas no pool marginal, tendo relação de 3 no marginal para 1 no circulante. Seus fatores estimulantes são as interleucinas e seu inibidor é o FIM.
Sua função é promover a fagocitose de microrganismos e apresentação de antígenos.
OBS: monocitose – aumento do número de monócitos no sangue. Ocorre nos processos granulomatosos.
Linfócitos
Seus locais de produção são os órgãos primários e secundários linfóides.
Características
Tamanho – de 6 a 9µm – pequeno;
de 10 a 15µm – grande.
Sobrevida – longa ou curta. Os de vida longa são os linfócitos T ou B de memória.
Diferenças funcionais na resposta imune – linfócitos B (resposta imune humoral – antígenos extra-celulares) e linfócitos T (resposta imune celular – antígenos intra-celulares) e suas especificações (citotóxico e auxiliar).
Recirculação
Todos os linfócitos são recirculantes enquanto durar sua sobrevida.
Funções
Depende do tipo de linfócito. Cada qual têm sua função específica – produção de anticorpos, substâncias citotóxicas, citocinas, etc.
Plasmócitos
Características morfológicas – núcleo excêntrico (periférico) com cromatina em forma de roda de carroça. Possui o retículo endoplasmático rugoso muito desenvolvido, causando a atração por corantes de pironina (pironinofilia): coloração vermelha. Também possui Corpos de Russel, que são grânulos de imunoglobulinas que se coram de vermelho. Quando ocorre mieloma de IgA, o citoplasma da célula fica tão repleto destes grânulos que se apresenta todo vermelho (não sendo possível identificar os grânulos) e a célula é chamada de Célula Chama.
Funções – produção de anticorpos (Igs).
Plasmócitos malignos/lesões osteolíticas – permanecem na medula óssea, lesando o tecido ósseo causando osteólise ou osteomielite (induzem a ação dos osteoclastos, desmineralizando o tecido ósseo).
Lipídeos
O lipídeo é uma substância insolúvel em água e solúvel nos solventes orgânicos (éter, clorofórmio).
Classificação
Corpos cetônicos: ácido β-hidroxibutílico; acetona; aceto acetato.
Ácidos graxos voláteis (AGV).
Ácidos graxos de cadeia pequena, média e longa.
Digestão e absorção
Se inicia na boca, pela mastigação e maceração, mas no intestino especificamente se intensifica pela ação da bile, que emulsifica as gorduras (quebrando-a em partículas menores), para que sofram a ação das lípases, que irão degradar as grandes estruturas lipídicas em monoinsaturadas, triglicerídeos, colesterol, etc. As pequenas moléculas (AGV e AG de cadeia pequena e média) caem na corrente sangüínea e através do sistema porta vão direto ao fígado. As partículas maiores caem no sistema linfático e vão ao ducto torácico para, através dele, chegarem a corrente circulatória e depois ao fígado. No fígado, essas partículas são retransformadas em lipídeos (gorduras).
Toda digestão dos lipídeos depende da ação da bile. Sem ela a digestão não ocorre devidamente.
As vitaminas A, D, E e K são lipossolúveis, dependendo dos lipídeos para serem carreadas.
OBS: A vitamina K é anti-hemorrágica, sendo usada em tratamentos para casos de hemorragia, mas não em casos de trombose.
		A vitamina A é usada em casos de problemas de pele e reprodução, pois favorece a reepitelização.
		A vitamina D auxilia a fixação do cálcio.
		A vitamina E é antioxidante, combate os radicais livres.
		Bovinos não produzem as vitaminas A, D e E, mas produzem B12 no rumem.
A enzima LLPr (lipase lipoprotéica) é uma enzima clarificadora do plasma (limpa o plasma de lipídeos). Mastócitos e basófilos a produzem e armazenam em seus grânulos.
A insulina é lipogênica – ativa os hormônios lipogênicos.
Lipidopatias
São alterações nos lipídeos, que podem ou não ter se iniciado por fenômenos fisiológicos.
Na IPE (insuficiência pancreática exócrina) há uma insuficiência na produção de lípases, causando deficiência na absorção de lipídeos, que pode levar a uma série de problemas no organismo. Por exemplo, uma deficiência de colesterol leva a alterações nas membranas das células, podendo levar a doenças hematológicas.
O excesso de gordura no sangue (por excesso de produção de lipídeos) pode levar a acidentes cardiovasculares, pois os lipídeos se precipitam no sangue, se acumulando na parede dos vasos, levando a alterações ou obstruçãodo fluxo. Podem formar ateromas (tumores de gordura) que se acumulam nos vasos.
O diabetes leva a uma lipidopatia hereditária.
OBS: Hipolipemia – falta de lipídeos. Hiperlipemia – excesso de lipídeos.
Lipídeos
LDL – carreia o colesterol e outros. É uma lipoproteína de baixa densidade, podendo formar ateromas;
VLDL – carreia triglicerídeos e outros. É uma lipoproteína de alta densidade, podendo formar ateromas;
HDL – carreia proteínas de alta densidade. É uma lipoproteína que limpa os vasos dos lipídeos.
OBS: O HDL é a chamada boa gordura em humanos, o que não corresponde a realidade em veterinária, já que em cães é o HDL2 quem carreia a má gordura.
Lípases
LLPr – metaboliza gorduras;
Lipase hormônio sensível – precisa de hormônios para metabolizar as gorduras.
Lipidograma
Colesterol total e ésteres – CT = CL + CE (CT – colesterol total; CL – colesterol livre; CE – colesterol esterificado);
Triglicerol;
Glicerol;
AG (ácido graxo);
Fosfolipídeos;
Quilomicra;
LP (lipoproteínas – LDL, VLDL, HDL) – muito pouco estudado em veterinária.
OBS: Lipídeos na urina = lipidúria; diagnóstico laboratorial de um animal com IPE = hipocolesterolemia.
Leucocitoses
�
Leuco – branco
Cito – célula
Aumento dos
glóbulos brancos
�
Ose - aumento
As maiores causas de leucocitoses são por neutrofilia (que é o glóbulo branco mais numeroso). A relação entre o número de neutrófilos com o número de linfócitos é variável entre as espécies. Os dois extremos são o cão e o bovino, onde o cão possui 3 neutrófilos para cada 1 linfócito, e o bovino 1 neutrófilo para cada 2 linfócitos. Nos bovinos, de cada 100 leucócitos, em torno de 60 a 70 são linfócitos.
Em um processo infeccioso, nos bovinos, os neutrófilos seguem para os tecidos, desaparecendo do sangue. Possuem pouca reserva. Na fase aguda da doença identifica-se uma leucopenia, nas primeiras 24/48h. Após essa fase, se torna perigoso continuar em leucopenia, pois o animal não possui reservas, podendo ir a óbito.
OBS: No caso dos bovinos, deve-se examinar o fibrinogênio no sangue (fibrinogenemia) e não os leucócitos, para caracterizar o processo inflamatório. Neste caso o fibrinogênio fica aumentado, pois ele aparece encapsulando e isolando o antígeno.
Os cães reagem muito melhor a uma infecção aguda, pois possuem muita reserva de neutrófilos (que são as primeiras células de defesa, muito necessárias na infecção aguda). Nesta fase apresentam leucocitose, já que os neutrófilos de reserva são requisitados, aumentando seu número circulante no sangue.
O stress, fisiológico ou não, causa aumento da produção e liberação de corticóides. O corticóide estabiliza as membranas, impedindo a passagem de neutrófilos e outros leucócitos para os tecidos. Com isso os neutrófilos envelhecem no sangue, ficando hiperseguimentados.
O uso prolongado de corticóides faz desaparecer os linfócitos, pois deprime o tecido linfóide. Além disso, causa aneosinofilia (ausência de eosinófilos).
Resposta leucocitária
A resposta leucocitária envolve principalmente neutrófilos e linfócitos, mas também todas as células do organismo, sendo a relação N:L (neutrófilo/ linfócito) importantíssima. Variações nas espécies:
Cães – 3:1 – possui boa reserva de neutrófilos, boa capacidade de produção medular, ocorrendo leucocitose nas primeiras 24/48h. Pode ir até 50 mil. As cadelas podem ir até 100 mil na piometra – é uma reação leucemóide, pois assemelha-se a uma leucemia, mas não é).
Gatos – 2,5:1 – semelhante ao cão, mas com menos intensidade. Pode ir a 30 mil.
Eqüinos – 1:1. Dificilmente chega a 30 mil. Normalmente vai a 20 mil.
Suínos – 1:1. Igual aos eqüinos.
Ovinos e caprinos – semelhante aos bovinos.
Bovinos – 1:2. Pouca reserva. Faz leucopenia.
LG (leucometria global) aumentada significa leucocitose. Pode ser fisiológica (causada pela adrenalina ou corticóide), ou patológica.
A fisiológica é causada pelo stress. O stress libera adrenalina. A adrenalina libera os leucócitos do pool marginal e do pool da medula óssea (os que estavam armazenados na reserva). Libera corticóides também, impedindo a passagem destes leucócitos para os tecidos. Não ocorre desvio para esquerda (o que é uma característica de leucocitose fisiológica), ocorre liberação de neutrófilos bastão, aumentando seu número na corrente circulatória. O normal é encontrarmos 1% de bastões circulantes no sangue. Neste caso essa proporção aumenta. Costuma voltar ao normal em poucas horas.
Na patológica, algum agente provoca o aumento do número de leucócitos. É também chamada de reativa, pois é uma reação do organismo a uma agressão. Pode ser por um vírus, bactéria, protozoário, etc. Normalmente ocorre desvio para esquerda (presença de pró-granulócitos, mielócitos, metamielócitos). Significa que a medula está sendo tão solicitada que não está armazenando nada, liberando as células sem aguardar sua total maturação.
A reativa é piramidal, ou seja, segue a ordem decrescente de desvio para esquerda, no aparecimento e proporção das células imaturas. Quando maior o desvio, maior a gravidade da doença. Se não seguir essa seqüência, aparecendo células fora de ordem, com proporções discrepantes, é leucemia. Ocorre um hiato entre a seqüência de aparecimento destas células.
DNNE – desvio nuclear de neutrófilos para esquerda. Em casos extremos, além do hemograma, faz-se o mielograma.
DNND – desvio nuclear de neutrófilos para direita. Aparecimento de neutrófilos hiperseguimentados. Na maioria das vezes (se não for artifício de técnica – erro) é causado por excesso de permanência na corrente circulatória. Por exemplo, por uso excessivo (ou produção excessiva) de corticóides.
DNNE regenerativo – leucocitose (maioria das vezes) com neutropenia e desvio para esquerda. O número de neutrófilos segmentados é maior que o somatório das outras imaturas. Prognóstico bom.
DNNE degenerativo – o somatório das células jovens é maior que o de neutrófilos maduros (segmentados). Prognóstico ruim, pois estas células não são capazes de resolver o problema, já que não estão prontas para fagocitar os antígenos com eficácia.
A resposta leucocitária pode ser relativa ou absoluta. A relativa dá o resultado em % e a absoluta em número de células por µL, dando a resposta objetiva.
Quadro sangüíneo leucemóide
Quando as células são normais (não neoplásicas), mas é uma leucocitose extrema, muito acima do normal. Faz-se diferenciação entre reação leucemóide / leucemia granulocítica. Nesta última, as células são neoplásicas e há linfadenopatia. Pode haver esplenomegalia. Há atipia de linfócitos (por exemplo, muitos nucléolos).
Reação leucoeritroblástica
Lançamento de leucócitos e eritrócitos jovens no sangue. Não é muito comum.
Observações sobre leucocitose
Além de infecções bacterianas, virais, etc., condições não infecciosas também causam leucocitose.
Durante intensa resposta eritropoiética, a célula CTHPP (célula mãe) é hiperestimulada, e é a mesma célula mãe que origina os leucócitos.
As reações antígeno:anticorpo geram estímulos que estimulam a produção de células mielóides, que são as que originam os leucócitos.
Numa infecção ou processo inflamatório crônico, a célula típica é o monócito.
Se a célula típica for um eosinófilo ou um basófilo, provavelmente é uma leucemia eosinofílica ou basofílica, pois são células encontradas em porcentagens muito pequenas na circulação (em torno de 1%).
Exame laboratorial
Achados:
A ocorrência de neutrófilos mais imaturos do que maduros (DDE – desvio degenerativo) – caso particular (típico) de bovinos, ovinos e caprinos.
Neutrófilos tóxicos como um achado proeminente.
Diminuição da leucocitose, com redução no número de neutrófilos e retorno de linfócitos e eosinófilos. Típico de convalescença (está respondendo) em qualquer animal. Efeito de corticóide.
Interpretação do quadro leucocitário
Neutrofilia com ligeiro DE e persistência de eosinófilos – normal, prognóstico bom, início de infecção.Neutrofilia com modesta linfocitopenia e eosinopenia absolutas – típico de ação prolongada do corticóide. Infecção instalada.
Redução absoluta e marcada na contagem de linfócitos, persistindo a despeito da terapia – o tratamento não está sendo adequado, ou não está tendo resposta. Prognóstico reservado. Por isso o antibiograma e a cultura são muito importantes para o tratamento certeiro. Enquanto aguarda-se o resultado, trata-se o animal com o antibiótico de mais amplo espectro possível.
Monocitose – inflamação crônica granulomatosa.
Monocitose acompanhada de hiperfibrinogenemia e DE – caracteriza processo infeccioso em bovinos, ovinos e caprinos.
Presença de macrófago no sangue circulante (raro) – típico de endocardite bacteriana no cão.
Presença de basofilia citoplasmática em linfócitos e de células lembrando imunócitos ou plasmócitos – resposta antigênica.
Persistente linfocitose em bovinos – diagnóstico diferencial com leucose bovina.
Hiperfibrinogenemia em bovinos – inflamação.
Reversão da relação N:L em bovinos – primeiro vai de 1:2 para 2:1 e retorna para 1:2.
	
Proteínas e disproteinemias
Proteinograma
PT – proteína total;
S – sérica (soro);
P – plasmática (plasma);
F – fibrinogênio;
GL – globulina;
A – albumina;
A/GL – relação albumina/globulina.
Se quiser calcular o fibrinogênio, usa-se o plasma.
Médias normais:
PTs – 5,5 a 8,0
PTP – 5,5 a 8,5
A – 2,5 a 4,0
GL – 2,0 a 4,5
F – 0,2 a 0,5
A/GL – 0,7 a 1,0
Metodologia
Proteína total:
Refratométrico – uma gota de soro ou de plasma colocada em um refratório (zera com água destilada).
Biureto – reação química (forma um composto azul, sendo mais azul quanto mais proteína houver).
Albumina:
Verde de bromocresol – fica mais verde quando mais albumina houver.
Eletroforese – técnica usada para separar as porções protéicas (albumina e globulina, que por sua vez tem três frações).
Fibrinogênio:
Kaneko e Smith
Frações da globulina: α, β e γ.
O bovino normal possui – A, GL α, β e γ.
O bovino anormal possui – A, Gl α, α1, α2, β1, β2, γ1 e γ2 e assim por diante, podendo se subdividir em até mais de 3 tipos α, β e γ.
O cão normalmente possui frações 1 e 2.
A gamopatia monoclonal é uma patologia da fração γ, onde uma célula plasmática – clone de um plasmócito – passa a produzir um único tipo de imunoglobulina, geralmente IgM. É comum em casos de plasmocitoma.
OBS: O plasmócito é produzido na medula. Pode causar uma osteólise, que provoca a desmineralização, pela ação dos osteoclastos (que são estimulados pelos plasmócitos).
As globulinas possuem diferentes cargas e pesos. A eletroforese separa os tipos de globulina pelo peso e carga elétrica através de uma solução tampão (veronal, barbital, etc.) de pH 8,6 (negativa mais as moléculas – todas as proteínas possuem carga negativa). A albumina é a proteína mais eletropositiva e a globulina γ a mais eletronegativa.
Aplica-se a amostra no lado com carga negativa, para que as mais negativas se atraiam para o lado positivo. Liga a carga e deixa por 18 minutos. Desliga a carga, retira a fita e cora por 5 minutos. Retira o excesso com ácido acético e desidrata com álcool.
Em geral a albumina se encontra em menor quantidade que a soma das globulinas, nos animais. A albumina é a única fração protéica simples, as outras são compostas.
Geralmente há: 40% de albumina; 12% de GL α, 20% de GL β e 28% de GL γ. As frações de globulina se subdividem em 1, 2 , 3, etc., quando há alguma alteração no organismo. A partir da fração β2 já se encontram Igs (anticorpos). As frações também se subdividem em cargas e pesos diferentes. Quanto menos eletronegativa, menor seu número (a menos eletronegativa das frações γ é a γ1).
A imunoeletroforese é usada para separar os tipos de imunoglobulinas da fração γ.
Para medir o fibrinogênio usa-se a seguinte técnica:
Pega-se uma amostra de sangue total, coloca-se em um tubo de ensaio e centrifuga-se (micro-hematócrito). Mede-se a proteína total e tem-se o valor de PTP, que classificamos como L1. Em um segundo tubo de ensaio, coloca-se outra amostra de sangue do mesmo animal, leva-se em banho Maria por a 56ºC (irá coagular o fibrinogênio) por 4 minutos. Centrifuga-se e obtêm-se o soro e a PTs, que é L2. Diminuindo-se L2 de L1, obtêm-se o total de fibrinogênio.
A albumina é transportadora de substâncias, armazena aminoácidos usados na glicogenólise, tem função de manter a pressão hidrostática e osmótica coloidal (evita o edema).
OBS: A pressão osmótica se divide em eletrocoloidal (por eletrólitos – Na⁺, Ca⁺⁺, etc.) e coloidal (por proteína).
As frações de globulina são formadas por:
α – glicoproteínas (ex: ceruloplasmina) – carreia cobre.
β – lipoproteínas (transferrina).
γ – anticorpos – aumenta em doenças infecciosas, tumores.
Distúrbio gastrintestinal
Limita a digestão e/ou a absorção de proteínas (saindo tudo nas fezes). O fígado fica sem substrato para produzir as frações protéicas.
OBS: o fígado produz quase todas as frações protéicas, menos as Igs, que são produzidas pelo tecido linfóide.
Distúrbios renais
Perdas protéicas (proteinúrias) que se iniciam com a albuminúria. Pode ser causada por:
Nefrite – lesão com presença de agente infeccioso;
Nefrose – lesão sem agente infeccioso.
Perturbações hepáticas
Podem ser causadas por degeneração hepática, amiloidose, hepatite, etc.
Podem causar hipofibrinogenemia, provocando problemas na coagulação, podendo levar a síndroma hemorrágico, significando estágio avançado de doença hepática.
OBS: Afibrinogenemia – doença congênita. O animal não sobrevive.
	Hipogamablobulinemia – doença congênita ou adquirida, causando imunossuficiência.
Hiperalbuminemia não existe. Se ocorrer no resultado bioquímico significa erro de técnica ou hemoconcentração (o animal está desidratado).
Hiper α globulinemia significa fase aguda de processo infeccioso, não tumoral, com neutrofilia com desvio para esquerda.
Hiper β globulinemia significa lipidopatia. Possui as frações VLDL – transporta triglicerídeos; LDL – transporta colesterol; e HDL que em cães também transporta colesterol.
Hiper γ globulinemia significa antígenos agindo no organismo. Pode ocorrer gamopatia policlonal (várias Igs sendo produzidas) ou monoclonal (um único tipo de Ig sendo produzida). Se diferencia pela forma da linha do gráfico:
OBS: O hiperadrenocorticismo (síndroma de Cushing) causa abdome penduloso, mas também pode ser confundido com diabetes, pois apresenta os mesmos sintomas: polifagia, polidipsia e poliúria.
O hipotiroidismo causa alopecia bilateral, por deficiência hormonal.
Leucopenias ou leucocitopenias
Em geral ocorre por neutropenia (primeiro estágio) que é o leucócito mais abundante nos animais, exceto em bovinos, onde sua relação com os linfócitos é de 1:1.
Cães e gatos, em uma fase super aguda de infecção podem ir a óbito por leucocitose, pois os neutrófilos (muito abundantes nestas espécies) migram todos para a região infectada e não há tempo hábil para a medula repor estas células.
Neutrófilos
Primeiro compartimento – medular:
1º - compartimento (ou pool) proliferativo – até mielócito;
2º - compartimento de maturação – até bastão;
3º - compartimento de reserva.
Segundo compartimento – circulatório (ou pool circulatório):
�
Marginal
Circulante
Dependendo da situação, as células circulam entre eles.
�
Causas Gerais
Geralmente estão ligadas a medula óssea e são secundárias. As mais comuns são (quatro Ds):
Degeneração; depressão; depleção; destruição. Todas as quatro causam diminuição dos leucócitos.
Na degeneração, a medula começa a liberar células jovens para a circulação periférica, desvio para esquerda, (mas não resolve o problema). As outras três causam leucopenia e são muito parecidas entre si, sendo difícil distinguir qual é a causa específica. Pode ser por infecção bacteriana, protozoários e outras.
A depleção significaesgotamento. A medula foi tão solicitada que chegou ao esgotamento.
A depressão pode ser causada pelo corticóide, que estimula a medula no início, mas o uso contínuo, ou a dosagem usada, podem deprimir a medula.
Alguns agentes físicos (como a irradiação – raio-X) pode levar a destruição da medula.
Condições que podem resultar em leucopenia
Agentes físicos – irradiações;
Agentes químicos – drogas, substâncias químicas (clorofórmio);
Infecção viral;
Infecção bacteriana superaguda – convoca todos os neutrófilos (causa neutropenia nas primeiras horas, normalmente seguida de leucocitose, se o animal não tiver reservas suficientes);
Estados caquéticos e debilitantes – o animal não possui matéria prima para produzir células (carboidratos, proteínas);
Choque anafilático – o que está no pool circulatório vai para o marginal e não fica nada no pool circulante.
Mecanismos de neutropenias
Eosinopenias
Seu número normalmente é próximo de zero. Se repetidamente chegar a zero nos exames é uma eosinopenia, uma inibição da produção de eosinófilos. Pode ser causada por corticóides. Há também algumas substâncias que promovem a retenção das células na medula óssea (mielocatexia).
A histamina é um quimiotáxico do eosinófilo. Se há aumento de histamina, há aumento de eosinófilos.
Corticosteróides (liberados no stress, com a adrenalina) em um primeiro momento causam eosinofilia, depois eosinopenia.
O ACTH diminui o número de eosinófilos.
Infecções e inflamações agudas aumentam e depois diminuem o número de eosinófilos.
Basófilos
A basofilia é raríssima, normalmente se ocorre é uma leucemia basofílica.
Normalmente o número de basófilos é próximo de zero, ou zero. Em coelhos são numerosos.
Basofilia com eosinofilia é indicativo de dirofilariose.
Há uma relação entre basófilos e mastócitos, pois são muito semelhantes entre si.
Monócitos
Não possuem muitos no sangue circulante (pois funciona apenas como uma passagem para os tecidos, onde se transformam em macrófagos).
Sofrem o mesmo efeito que os eosinófilos e basófilos com a ação do ACTH, corticosteróides, etc.
Monocitopenia – pouco importante.
Monocitose – aumento de monócitos no sangue circulante. Causada por doenças granulomatosas (tuberculose, fungos, protozoários, bruceloses) e anemia hemolítica.
Linfócitos
Bovinos, ovinos e caprinos possuem muitos no sangue.
Balanço de entrada e saída da circulação: depende da produção, de ação hormonal. Nem todo estímulo antigênico leva a linfocitopoiese.
A produção dos linfócitos é estimulada por poietinas específicas (linfopoietinas ou linfocitopoietinas) e inespecíficas, que estimulam as células tronco.
A timectomia (retirada cirúrgica do timo), corticosteróides e irradiação (para combater tumores) destroem o tecido linfóide.
No início de infecção viral ocorrem modificações nas proteínas de superfície dos linfócitos, impedindo-os de enviar citocinas para ativar novos linfócitos e células de defesa podem acabar lisando estas células (pois não identificam estas proteínas). Por esse motivo que o início da infecção viral nem sempre causa leucopenia, mas quase sempre causa linfocitopenia.
Neutropenias
É a redução do pool total de neutrófilos circulantes, com igual ou desigual distribuição entre os pools marginal e circulante. Pode ser causada por:
Diminuída sobrevida – o tempo da célula na circulação diminui e não há reposição a tempo;
Aumentado efluxo – saída do sangue periférico para o tecido e o que vêm da medula óssea não chega a tempo para ser compensatório;
Aumentada granulopoiese ineficaz – normalmente 10% das células morrem no meio do caminho, se aumentar para 15 ou 20% é neutropenia;
Diminuída granulopoiese ou liberação da medula óssea – depressão ou depleção da medula, ou mielocatexia;
Retenção na medula óssea – várias razões ou mielocatexia;
Por defeito congênito na granulopoiese – comum em Collie cinza (hematopoiese cíclica do Collie cinza) – a cada 11 dias tem neutropenia;
Por hiperesplenismo/esplenomegalia – baço aumentado seqüestra leucócitos, hemácias, plaquetas.
OBS: Disgranulopoiese – alteração na formação dos granulócitos, por alteração na medula óssea (que é onde se formam).
(Dis significa alteração).
Questionário
1- Comentar sobre os órgãos e tecidos que participam da hematopoiese.
R: Medula óssea: produz a maior parte das células (eritrócitos, leucócitos, plaquetas, etc.). A célula sai da medula óssea para semear os outros órgãos (células funcionais, maduras). Armazena ferro para síntese de hemoglobina.
Timo: órgão linfóide primário. Produz linfócitos, plasmócitos (anticorpos), portanto participam na defesa humoral.
Baço: maior reserva de plaquetas e hemácias, além de também produzir linfócitos e plasmócitos, estando engajado na produção de anticorpos. Possui SFM e produz bilirrubina. Tem a função de “Pitting” (limpeza), que é a de destruir hemácias velhas.
Fígado: uma das maiores reservas de vitamina B12, ferro, além de outras vitaminas importantes no processo de hematopoiese e de formação de bilirrubina (conjuga a mesma) no SFM (sistema fagocítico mononuclear). OBS: SFM recebe os linfócitos e os conjuga. É rico em macrófagos, que por sua vez reservam ferro.
Estômago e intestino: o estômago produz HCl, que é importantíssimo para degradar os complexos alimentares para que possam ser absorvidos pelo intestino. Também produz o fator intrínseco (uma secreção de muco proteína produzida pela mesma célula parietal que secreta HCl), indispensável para a absorção da vitamina B12.
Rim: produz eritropoietina, fator fundamental para eritrogênese (produção de eritrócitos) – estimula a medula óssea para produzir eritrócitos (hemácias).
Alguns animais produzem a eritropoietina no fígado. Neste caso, possuem a eritrogenina no rim, que é uma ativadora da eritropoietina do fígado.
2- Completar a seqüência maturacional:
CTHPP – CTHOPM - UFB-er - UFC-er - Rubroblasto - 
 Pró-rubrócito - Rubrócito basófilo - Rubrócito Policromatofílico -
Metarubrócito - Reticulócito - Eritrócito.
3- Classificar morfologicamente anemias, baseando-se no VGM e no CHGM.
	Baseada no VGM
	Baseada no CHGM
	Normocítica
	Normocrômica
	Normocítica
	Hipocrômica
	Macrocítica
	Normocrômica
	Macrocítica
	Hipocrômica
	Microcítica
	Normocrômica
	Microcítica
	Hipocrômica
4- Como diferenciar laboratorialmente policetemia absoluta primária da relativa?
R: Através de um mielograma, pois as concentrações de PO2 e eritropoietina são encontradas normais em ambos os casos. Na policetemia relativa o que ocorre é uma hemoconcentração, causada por vômitos, diarréias, disfagia ou esplenocontração.
5- Em se tratando de megacariocitopoiese, o que significa endocitose?
R: É a fagocitose de substâncias pelas plaquetas.
6- Quais são os estágios da hemostasia e quais são os elementos que participam dos mesmos?
R: Fase 1 – Hemostase primária: As estruturas que participam desta fase são: plaquetas e endotélio (parede vascular).
Fase 2 – Hemostase Secundária:
Entram em ação os fatores de coagulação, produzidos pelo fígado.
Fator XII – é um pró-coagulante. As substâncias liberadas pelas plaquetas ativam o fator XII, que se transforma em fator XIIa (ativado);
Fator XI – é ativado pelo fator XIIa, se modificando em fator XIa;
Fator IX – é ativado pelo fator XIa, se transformando em fator IXa;
Fator VIII – é ativado pelo fator IXa, passando a fator VIIIa.
Fora do vaso há os fatores III e VII, que são ativados por substâncias do tecido vascular, se transformando em fatores IIIa e VIIa.
O fator VIIIa em associação a FP3 (liberado pelas plaquetas) e ao Ca⁺⁺, ativa os fatores V e X, transformando-os em Va e Xa. O SEC (fatores IIIa e VIIIa) também ativam V e X.
Os fatores Va e Xa ativam o fator II, que é a pró-trombina. O fator IIa é a trombina,que ativa o fator I (fibrinogênio). O fator Ia formado é a fibrina.
O fator XIII é ativado pelo tecido e se transforma em fator XIIIa ou FEF (fator estabilizante de fibrina). A fibrina, sob ação do fator XIIIa associado ao Ca⁺⁺, forma polímeros (antes a fibrina estava na forma de monômeros) e origina um emaranhado de fibrina.
Fase 3 – Hemostase terciária:
Ocorre a fibrinólise, pela ação do plasminogênio (forma inativa) que se transforma em plasmina (forma ativa). É uma enzima que provoca lise da fibrina (degradação), liberando os PDFs (produtos de degradação da fibrina e/ou fibrinogênio).
7- Comentar sobre fatores estimulantes e inibidores da leucocitogênese, exemplificando.
	
	Estimuladores
	Inibidores
	Diferenciadores de células tronco
	MIH, IL-3
Fatores hormonais
	
	Granulopoiese (produção de granulócitos)
	FEC-GM, FEC-G, anticalona, IL-3, lítio, PGI2, corticosteróides,
eosinofilopoietina,
basofilopoietina
	FIC
Calona
Lactoferrina
PGE1 e PGE2
	Monocitopoiese
	FEC-M, FEC-GM
IL-3, IL-11
monocitopoietina
	FIC
PGE1 e PGE2
Corticosteróides
	Megacariocitopoiese e trombopoiese
	FEC-Meg, ferro, lítio
Trombopoietina
IL-3, IL-11
	
	Linfopoiese ou linfocitopoiese
	Micromeio específico, hormônios tímicos, antígenos, IF-α
IL-1 a 7, 11 e 12
Fator α de necrose tumoral, fator β de crescimento de célula T
	Corticosteróides
OBS: APB – Atividade Promotora de Brotamento.
8- Comentar sobre leucocitose fisiológica.
R: É causada pelo stress. O stress libera adrenalina. A adrenalina libera os leucócitos do pool marginal e do pool da medula óssea (os que estavam armazenados na reserva). Libera corticóides também, impedindo a passagem destes leucócitos para os tecidos. Não ocorre desvio para esquerda (o que é uma característica de leucocitose fisiológica), ocorre liberação de neutrófilos bastão, aumentando seu número na corrente circulatória. O normal é encontrarmos 1% de bastões circulantes no sangue. Neste caso essa proporção aumenta. Costuma voltar ao normal em poucas horas.
9- Comentar sobre a resposta leucocitária, comparando em caninos e bovinos.
R: O cão possui 3 neutrófilos para cada 1 linfócito, e o bovino 1 neutrófilo para cada 2 linfócitos. Nos bovinos, de cada 100 leucócitos, em torno de 60 a 70 são linfócitos. Em um processo infeccioso, nos bovinos, os neutrófilos seguem para os tecidos, desaparecendo do sangue. Possuem pouca reserva. Na fase aguda da doença identifica-se uma leucopenia, nas primeiras 24/48h. Após essa fase, se torna perigoso continuar em leucopenia, pois o animal não possui reservas, podendo ir a óbito. Os cães reagem muito melhor a uma infecção aguda, pois possuem muita reserva de neutrófilos (que são as primeiras células de defesa, muito necessárias na infecção aguda). Nesta fase apresentam leucocitose, já que os neutrófilos de reserva são requisitados, aumentando seu número circulante no sangue.
10- Quais são as causas gerais das leucopenias?
R: Degeneração, depressão, depleção, destruição. Todas as quatro causam diminuição do número de leucócitos.
Distúrbios Linfomieloproliferativos (proliferação anormal)
DMP (distúrbios mieloproliferativos) e DLP (distúrbios linfoproliferativos).
A leucemia mielóide quase sempre é neutrofílica. A eosinofílica é rara e a basofílica mais rara ainda.
Leucemia = sangue branco (etimologicamente).
Na realidade, a leucemia significa que há alguma alteração proliferativa detectada no sangue periférico (que pode ser de qualquer célula, inclusive eritrócitos e plaquetas). O exame irá detectar atipia em alguma (s) célula (s). 
As leucemias típicas se caracterizam por: leucocitoses estremas com mais de 50 mil leucócitos e atipias (muitas células atípicas) no sangue periférico.
As leucemias atípicas se caracterizam por: presença de nucléolo (geralmente não possuem), vacúolos e cromatina densa.
Nem sempre a leucemia é típica. No linfoma as vezes o animal tem leucopenia e não se encontram atipias no sangue periférico. Isso ocorre porque, em certos casos, estas células atípicas não são liberadas para o sangue, ficando presas no tecido. Isso ocorre, provavelmente, porque as células normais possuem substâncias (que ficam em sua membrana) que estimulam seu lançamento para o sangue e as células atípicas não produzem estas substâncias, não sendo liberadas.
Classificação
A classificação mais simples é:
Leucêmica – típica: leucocitose alta de células anormais com atipia no sangue periférico. Facilita o diagnóstico.
Sub-leucêmica – a leucometria global pode ou não estar elevada e possui poucas células atípicas, nem sempre sendo detectadas no exame de sangue periférico, apenas na medula.
Aleucêmica – leucometria global baixa ou leucopenia e não há células atípicas no sangue periférico. Faz-se mielograma ou punção de linfonodo e usam-se os testes mais específicos.
A leucemia pode ser aguda ou crônica, dependendo da velocidade em que ocorre (quadro clínico).
Aguda é quando os sinais e sintomas clínicos (que são inespecíficos – normalmente causam anemia normocítica normocrômica) se apresentam rapidamente. As células atípicas são mais jovens: mieloblastos. Quanto mais aguda mais grave é o processo. O tratamento deve ser muito agressivo (quimioterapia e radioterapia).
A crônica é quando estes sinais e sintomas clínicos demoram a se manifestar (o quadro clínico é longo). As células atípicas que se apresentam são mais maduras: formas bastão e segmentado – no sangue periférico.
As leucemias também podem ser classificadas como:
LMA – leucemia mielógena (ou mielóide) aguda. Células da série mielóide (neutrófilo, eritrócito, etc.).
LMC – leucemia mielóide crônica.
LLA – leucemia linfóide aguda. Células da série linfóide (linfócitos).
LLC – leucemia linfóide (ou linfógena) crônica.
Diagnóstico
Se inicia pela citoquímica: faz-se a pesquisa de algumas enzimas. É a técnica mais usada. Normalmente o diagnóstico cessa neste exame (a grande maioria), identificando qual a série que está afetada. Se não for possível chegar ao diagnóstico nesta técnica, usam-se os outros métodos mais específicos. Os exames de diagnósticos mais específicos são:
Citogenética;
Fenotipagem;
Microscopia eletrônica;
Imunofenotipagem (este principalmente – é o mais moderno).
Em muitos casos, a atipia das células é tão grande que se torna muito difícil de diagnosticar.
Causas
Modificações moleculares na célula, levando a uma proliferação anormal (neoplasia). Algumas destas modificações são causas por vírus (LEB – leucose enzoótica bovina, leucemia felina), agentes químicos, físicos, drogas, etc.
Algumas drogas agem na fase mitótica da célula, gerando mitoses atípicas.
Origem clonal – é o que geralmente ocorre. Sendo causada por vários motivos (vírus, etc.). Em geral, a alteração é na célula pluripotencial. Quando a origem é na CTHPP, os achados são várias células com atipias (e não só apenas um tipo – só neutrófilos, só eosinófilos, só eritrócitos, etc.). Geralmente é do tipo LMC.
Se for do tipo LMA, em geral é oligopotencial mielóide. Grande número de células jovens. Causa atipia em qualquer célula da série mielóide, sendo normalmente em uma única série. Se chegar a fase crônica, pode haver alteração na série, passando para atipia de outra série (por ex: se inicia com atipia de neutrófilos, mudando para atipia de eritrócitos, ou eosinófilos, etc.).
Se for do tipo LLA sempre será CTHOPL.
Tratamento
O tratamento tenta acabar com as células anormais, repovoando com células normais e possibilitando uma sobrevida ao animal. Geralmente não tem cura, mas pode ocorrer, dependendo do tratamento correto e da resposta do organismo do animal.
Independente do tratamento de escolha usa-se antibioticoterapia associada, pois o tratamento irá deprimir o sistema imune.
Dependendo de como o indivíduo se apresenta, inicia-se com cirurgia, removendo o gânglio afetado, e/ouradioterapia. As vezes, dependendo do caso, faz-se quimioterapia junto (ex: Ara-C – citosina aractosídeo). Se o animal entrar em insuficiência renal e hepática, fatalmente irá a óbito.
Vacina autógena – imunoterapia. É feita com o próprio tecido do indivíduo.
O tratamento pode ser feito com radiação (radioterapia) ou irradiação (que também são agentes físicos que podem causar a leucemia). A radiação (radioterapia) é usada em neoplasias de tecido linfóide. As vezes é feita no corpo inteiro, para zerar as células atípicas – muitas vezes é feita associada a imunoterapia.
Transplante de medula óssea – primeiro zera-se a medula do indivíduo e procede-se o transplante. O ideal é que o transplante seja autólogo, usando-se animais de mesma espécie, preferencialmente da mesma família.
Outro tratamento é com fatores de crescimento (FEC, FEB, EPO – eritropoietina) – existem sintéticos que podem ser usados. Outro sintético é o Interferon Gama.
SMD – Síndroma mielodisplásico: é um estágio de pré-leucemia. Tem sido usada a EPO (humana ou canina) em alguns cães com SMD, mas ainda está em estudo. Pode ocorrer de o animal piorar o quadro, desenvolvendo anticorpos contra a EPO. Portanto, se optar por este tratamento, deve-se fazer um acompanhamento constante.
Minerais
Ca (cálcio), Pi (fósforo) e Mg (magnésio) – principalmente.
CaT – 9,0 a 12,0 mg/dl
Ca⁺⁺ - 2,5 a 5,0 mg/dl
Pi – 7,0 a 9,0 mg/dl
Mg – 2,0 a 3,5 mg/dl
CaTC = CaT – A + 2,5	(CaT = Ca⁺⁺ + Ca-A)	(A = 2,0 a 5,0 g/dl)
Cálcio total corrigido – considera o cálcio ligado a albumina. É a forma correta de dar o resultado.
Influências
Paratireóides – PTH (hipercalcemiante)
Tireóide – CT (hipocalcemiante)
Vitamina D
Outros hormônios
Outras influências – alimentação, trato gastrintestinal, fosfatos, pH.
Os minerais são muito importantes, principalmente em criação extensiva, pois o pasto pode estar desmineralizado e o animal ficar com deficiência de minerais. Os minerais são a base do esqueleto.
Quando se fala em minerais pensa-se logo em cálcio e fósforo. O fósforo é o inorgânico. A relação Ca:Pi média em todas as espécies animais (adultos) é de 3:1. O sistema endócrino é muito importante nesta manutenção.
Paratireóide (hipercalcemiante)
As paratireóides participam da endocalcemia. Na maioria dos animais são dois pares (o suíno tem um par): um par anterior, cranial ou superior, e um par posterior, caudal ou inferior a tireóide. Nos cães e gatos um par fica dentro da cápsula da tireóide (o par anterior). Se remover a tireóide (tireoidectomia) destes animais deve-se ter cuidado para deixar ao menos uma, que sofrerá hiperplasia compensatória.
Possui células oxífilas (ou acidofílicas) e células principais. As principais são hormônio produtoras. Quando em produção ficam repletas de grânulos contendo os pró-hormônios. Quando são liberados do grânulo passam por um canalículo até chegar a corrente circulatória. Neste canalículo sofrem proteólise por enzimas, se transformando em PTH (paratormônio).
As oxífilas são células em repouso (com grânulos vazios), podendo, dependendo do estímulo, se ativarem/modificarem em principais, ou morrerem (serem destruídas).
O cálcio pode ser encontrado no organismo em sua forma normal (Ca⁺⁺), que é a forma ionizada, ou ligado a albumina (inativo). A vitamina D sozinha fixa o cálcio. Associada ao PTH promove descalcificação.
O PTH atua:
Osso – ativação dos osteoclastos. O PTH é o 1º mensageiro, o 2º é o AMPc (do osteoclasto). Promove a osteólise osteoclástica. Sem a vitamina D o PTH não consegue promover uma desmineralização efetiva (o PTH se associa a vitamina D).
Rim – duas ações: aumenta a absorção de cálcio; aumenta a excreção de fosfato. O rim é o maior órgão controlador dos valores da fosfatemia.
Intestino – o PTH e a vitamina D estimulam as células mucosais do intestino a produzirem calmodulina e calbindina, que são proteínas transportadoras de cálcio. O cálcio se liga a estas proteínas para passar da luz do intestino para o sangue.
OBS: hipovitaminose D pode causar aumento do PTH, gerando osteopatias.
Calcitonina (CT)
Hormônio hipocalcemiante. É produzido pelas células C (parafoliculares) na tireóide. Se sofrerem hiperplasia (por ex: excesso de cálcio na dieta) podem originar um adenoma ou um adenocarcinoma.
Sua ação é praticamente no osso, inibindo os osteoclastos (impedindo sua ação desmineralizadora – inibe a osteólise osteoclástica – impede a formação do segundo mensageiro).
Em animais de gestação longa (vacas, éguas) não se deve administrar cálcio a mais na alimentação, pois acaba diminuindo (inibindo) a função das paratireóides (podendo levar a atrofia irreversível). No parto (período periparto e pós-parto), a fêmea promove muita gliconeogênese e produz muito leite, o que leva a muita necessidade de cálcio, necessitando das paratireóides para retirar o cálcio do osso. O menor funcionamento das paratireóides faz com que o animal desloque cálcio do sangue para o leite, podendo desenvolver tetania pós-parto.
Vitamina D
Formação:
O calciferol chega pela alimentação, é levado para a pele onde é ativado pelo sol originando o colicalciferol (pró-vitamina D). É transportado para o fígado, onde sofre hidroxilação formando 25-OHCC (hidroxicolicalciferol) pela 25-hidroxilase. Chega ao rim e sofre nova hidrólise, formando 1,25(OH)2CC (dihidroxicolicalciferol), que é a vitamina D ativada.
Outros hormônios
Glicocorticóides (cortisol) – hipocalcemiantes. Atuam no intestino, inibindo a absorção do cálcio, e no rim, inibindo a reabsorção do cálcio.
Estrógeno – auxilia a fixar o cálcio no osso.
Hormônio do crescimento (GH ou STH) – auxilia a fixar o cálcio (ativo positivamente).
Outras influências
Alimentação pobre em cálcio – hipocalcemia.
Trato gastrintestinal – a absorção é importantíssima (todo o funcionamento do processo digestivo). A falta de bile no intestino aumenta a gordura, e o cálcio associado a gordura forma sabão e sai nas fezes, não sendo absorvido.
pH – o meio ácido do estômago auxilia o processo digestivo, além de favorecer a liberação de cálcio iônico. O pH alcalino diminui o cálcio iônico (que é o ativo, que participa na contração muscular, transmissão de impulsos, etc.). Leva a espasmos musculares, podendo chegar a tetania.
Excesso de fosfato na alimentação – altera a relação Ca:Pi e causa hipocalcemia. Forma fosfato de cálcio, que é uma molécula muito grande, não sendo absorvida.
Substâncias Nitrogenadas
NNP (nitrogênio não protéico) – 1%
NP (nitrogênio protéico) – 99%
A família dos NNP é muito grande. A maioria não possui importância veterinária, apenas o grupo abaixo possui:
Nitrogênio uréico – 7 a 28 mg/dl
Uréia – 15 a 40 mg/dl
Creatinina – 0,5 a 2,0 mg/dl
Ácido úrico – 2,5 a 7,0 mg/dl
Amônia – 2,0 a 5,0 mg/dl
Do total de NNP, acima de 50% é nitrogênio uréico.
OBS: na Europa, usa-se apenas o nitrogênio da uréia nos exames. No Brasil usamos a uréia completa. Como o nitrogênio tem peso molecular 14 e a molécula de uréia tem 2N, seu peso total é de 28, contra 60 do peso molecular da molécula inteira, ao seja, quase 50% da uréia.
Uréia
Produto final do catabolismo das proteínas nos mamíferos. Nas aves o produto final é o ácido úrico e nos peixes é a amônia. Os animais são classificados como ureotélicos, acidotélicos e amonotélicos.
Ciclo da uréia: No intestino, a uréia é metabolizada pela urease e transformada em amônia. Cai no sistema porta e vai ao fígado. Sua concentração no organismo deve ser muito baixa (é útil para a manutenção do pH), pois é muito tóxica ao organismo, principalmente ao SNC. No fígado ela é metabolizada novamente, transformada em uréia e excretada pela saliva, suor e principalmente pelo rim (onde parte é reabsorvida).
Em produção animal usa-se (controladamente) melaço de uréia para engordar o animal (é substrato para proteína).
Sua variação no sangue está relacionada com a concentração protéica da alimentação.
Uremias ou hiperazotemias (aumentoda taxa de nitrogenados no sangue)
Quadro clínico – vômitos, inapetência, diarréia, lesões ulcerativas na boca e estômago, odor urêmico pelo suor, febre.
Pré-renais: a taxa se eleva antes de chegar ao rim.
Renais: a taxa se eleva por algum problema no rim.
Pós-renais: a taxa se eleva por algum problema após o rim.
Alguns autores usam o termo uremia para designar aumento da taxa de nitrogenados no sangue com quadro clínico, e hiperazotemia quando há aumento, mas sem quadro clínico. Uremia é um termo consagrado pelo uso.
Qualquer motivo que cause hemoconcentração (vômitos, diarréias, desidratação) eleva a taxa de uréia no sangue.
Causas pré-renais: Qualquer substância (hormônios: ACTH, T3, T4, FSH) que aumente o catabolismo protéico causa uremia pré-renal. Podem levar a uma lesão renal.
Doença de Addison – hipoadrenocorticismo. Diminuindo a produção de aldosterona (que atua no túbulo distal estimulando a reabsorção de sódio), diminui a reabsorção de sódio, que passa a ser excretado, levando junto com ele a água (poliúria). O hipoadrenocorticismo pode ser secundário (hipotálamo – falta de ACTH). Por aumentar a excreção de água, o hipoadrenocorticismo acaba levando a hemoconcentração.
Renina – Angiotensina – Aldosterona – a renina é produzida pelo aparelho justaglomerular. Quando a pressão sangüínea que chega ao glomérulo está baixa, ele produz renina, que atua na α2 globulina (angiotensinogênio) produzindo a angiotensina I, praticamente inativa, que sofre a ação de uma enzima conversora de angiotensina, produzindo a angiotensina II, que atua nas adrenais liberando aldosterona. A aldosterona atua no rim, inibindo a excreção de sódio.
Causas renais: glomerulonefrite (inflamações, Corynebacterium renale), tumores, parasitos (Dioctophyma renale), cistos, etc. Alteram a função renal. Ocorre retenção de uréia, creatinina e outros.
Causas pós-renais: obstrução ou rompimento da bexiga, uretra ou ureteres. Cálculo, tumores. Se houver rompimento, a urina segue para a cavidade peritonial, causando peritonite.
Hipoazotemias
	Não existem causas conhecidas que sejam renais ou pós-renais. As causas pré-renais são:
Hemodiluição – líquido demais via intravenosa. Hidremia fisiológica da prenhez (ocorre ida de líquido dos tecidos para o sangue).
Insuficiência hepática – é a causa mais comum, pois é quem depura a amônia do sangue. Causa hiperamonemia e conseqüente hipoazotemia (típico de doença hepática, mas não é um sinal patognomônico). Apresenta sintomatologia nervosa – encefalopatia hepática.
Creatina
É encontrada no músculo na forma de creatina-PO4 (fosfato) – é produzida no músculo. Quando é hidrolisada, libera ATP e origina a creatinina, que é um anidrido e armazena energia.
A creatinina é excretada pelo rim, exclusivamente por filtração glomerular (TFG – taxa de filtração glomerular). Para que a taxa de creatinina esteja 50 a 70% acima do normal, é necessário que o rim esteja 50 a 70% insuficiente (lesado). Para confirmar, faz-se um EAS, verificando a presença de cilindros, proteinúria.
Hipercreatininemia – lesão renal.
Hipocreatininemia – hipotireoidismo (não é muito estudado em animais, não tendo importância veterinária).
Ácido úrico
Já foi muito usado como teste de função hepática e renal, mas ultimamente não é mais utilizado (pois para função hepática usam-se enzimas hepáticas).
O ácido úrico é o produto final das bases nitrogenadas (adenina, guanina – DNA, RNA). A urease (enzima que degrada o ácido úrico) transforma o ácido úrico em alantoína.
Gota – hiperuricemia com precipitação de sais e acúmulo nas articulações originando as artrites.
Em aves, o aumento do ácido úrico pode ser por gota metabólica hereditária ou adquirida. Ocorre acúmulo de urato (sais do ácido úrico), principalmente nas articulações, causando edema.
Em doenças hematológicas é comum a hiperuricemia, pois ocorre grande produção de células, com conseqüente destruição destas células, causando a liberação das bases nitrogenadas, que são metabolizadas originando ácido úrico e seus uratos.
A hipouricemia não tem importância veterinária.
Amônia
Formada no ciclo da uréia.
A hiperamonemia ocorre quando a amônia que deveria ser depurada pelo fígado (em caso de insuficiência hepática) não é metabolizada levando a seu aumento no sangue. Influencia no equilíbrio ácido-básico pelo aumento da concentração de hidrogênio no sangue.
Imuno hematologia
Estuda as enfermidades relacionadas com reação ag:ac/C (antígeno:anticorpo/complemento).
Ocorre destruição de células na própria circulação.
O grupo sangüíneo é importante em transfusão de sangue e transplante de órgão, pois deve haver compatibilidade.
Não se faz tipificação sangüínea na rotina, em animais. Só experimentalmente. Os tipos sangüíneos em animais não são os mesmos dos humanos, e cada antígeno é tipo-específico.
Na prática usa-se a prova cruzada (plasma de um com hemácias do outro – se aglutinar é incompatível). Se o tipo sangüíneo de pai e mãe forem incompatíveis, o filhote não pode ingerir o colostro, pois nele terá anticorpos contra seu tipo sangüíneo, causando hemólise e levando-o a morte em até 2 ou 3 dias (podendo até durar mais dias ou até não morrer).
Grupos sangüíneos e fenômenos relacionados
	Espécie
	Sistemas
	Iso Ac naturais no soro
	Transferência de Anticorpos
	Causas de AHII
	Bovino
	B, J
	Anti J
	Colostro
	Vacinação
	Ovino
	B, R
	Anti R e O
	Colostro
	-
	Eqüino
	Q
	Anti A e B
	Colostro
	Cruzamento
Vacinação
Transfusão
	Suíno
	A, E
	Anti A e Ea
	Colostro
	Cruzamento Vacinação
Transfusão
	Cão
	A
	Anti B, D e Tr
	Colostro
	Experimental
	Gato
	A
	Anti A e B
	Colostro
	Experimental
AHII – anemia hemolítica isoimune.
O sêmem está cheio de antígenos (como todos os tecidos do organismo), podendo sensibilizar a fêmea, que irá produzir anticorpos, passando pelo colostro ao filhote.
Doença hemolítica do recém nascido – febre (pela liberação de pirógenos na lise de células, não por infecção), hemoglobinemia, hemoglobinúria. Em casos menos graves o animal pode sobreviver. Em casos graves vão a óbito. Na necropsia observa-se esplenomegalia. A gravidade da doença depende da quantidade de anticorpos produzidos, ingeridos e absorvidos.
Púrpura trombocitopênica neonatal em suínos – há lise apenas de plaquetas, levando a hemorragia. Anticorpos da mãe (que chegam pelo colostro) destroem as plaquetas do filhote. O quadro clínico é de hemorragias (trombocitopenia), principalmente atrás das orelhas, interior das coxas, parte baixa do abdome. Normalmente é hemorragia de cavidades, podendo levar a lesão de endotélio vascular. Trata-se com corticosteróide, que inibe o sistema imune e estimula a produção de megacariócitos, aumentando a taxa de plaquetas. O animal responde bem ao tratamento.
Desordens auto imunes (doenças hematológicas auto imunes)
Todas têm um ponto em comum: auto imunidade. Mas cada uma tem especificidade para um tipo celular.
OBS: imunomediada ≠ auto imune. Na imunomediada os anticorpos chegam pela mãe (colostro). Na auto imune os anticorpos são produzidos pelo próprio organismo.
Existem três teorias para as doenças auto imunes: a célula passa a expor um antígeno que estava interno, ou modifica um antígeno, ou o sistema imune passa a não reconhecer mais o antígeno como próprio.
AHAI (anemia hemolítica auto imune) – quadro clínico típico de hemólise intravascular: hemólise, hemoglobinúria, febre, anemia intensa e geralmente medula responsiva (anemia macrocítica hipocrômica).
TAI (trombocitopenia auto imune) – falta de plaquetas (produção menor e destruição maior). Típico de quadro hemorrágico por deficiência de plaquetas. Usa-se drogas citolíticas (quimioterápicos) associadas a corticóides e antibióticos para evitar infecções, já que o sistema imune está sendo deprimido.
NAI (neutropenia auto imune) – o organismo produz anticorpos contra seus próprios neutrófilos, ficando sem células de defesa de 1º escalão. Acélula sofre degranulação e seus grânulos liberados levam a destruição de tecidos. Quadro clínico de febre e doença infecciosa, típico de casos de neutropenia, falta de fagócitos. Pode ser causada por irradiação e/ou drogas que deprimem a medula.
Lupus eritematoso sistêmico (fenômeno da célula LE e anticorpo anti-nuclear) – a célula LE (do lupus eritematoso) é formada na doença. É um neutrófilo normal que fagocita o núcleo (sem cromatina) de um outro neutrófilo anormal. A formação dos neutrófilos anormais é ativada por algum fator (não se sabe bem como), que envolve predisposição genética. É chamada de lupus eritematoso sistêmico porque os antígenos são enviados para todos os tecidos, sensibilizando todo o organismo. Ocorre a formação de células (neutrófilos, eosinófilos, basófilos) anormais, que sofrem lise por anticorpos (que também são contra o núcleo, destruindo-o) liberando uma massa nuclear amorfa, sem cromatina, que é fagocitada por macrófagos. Faz-se pesquisa de antígeno anti-nuclear (AAN) em laboratório, para identificar o lupus.
Transfusão de sangue – se for incompatível, leva o animal à morte. Deve-se fazer uma prova cruzada. Diz-se que a primeira transfusão não trás riscos, pois o animal provavelmente ainda não foi sensibilizado. Mas pode ter sido sim, através de vacinas com fragmentos de tecidos.
Em torno de 8 a 10% de hematócrito em cães e gatos é indicativo de transfusão. As hemácias recebidas possuem sobrevida normal. Deve-se acompanhar o animal pós-transfusão com exames para conferir se está tudo ok.
Transplante de medula óssea – em veterinária quase não se faz na rotina. É indicativo em doenças hereditárias, auto imunes, ausência ou deficiência (hereditárias) de piruvatoquinase (enzima que atua na PEP – fosfoenolpiruvato – liberando ATP e piruvato – o ATP é usado pela hemácia para se deformar e passar pela microcirculação), leucemias, doenças lisossomais e muitas outras. Deve-se buscar um doador compatível ou proceder um auto-transplante, se a medula puder ser reaproveitada, sem retransmitir o problema. Congela-se a medula (a parte coletada), procede-se o tratamento e faz-se o transplante.
Bilirrubinas
BT – < 1,0 (com exceção dos eqüídeos, que é até 2,5)
BD – 55 a 60% da BT (com exceção dos eqüídeos, onde a BI é de 60 a 70% da BT)
BI – BT - BD mg/dl
II – 2 a 5 unidades de II (eqüinos de 15 a 20)
Van den Bergh: Direto: + ou - (30 segundos)
	Indireto: + ou - (30 minutos)
BT = bilirrubina total; BD = bilirrubina direta (conjugada); BI = bilirrubina indireta (ligada a albumina); II = índice ictérico.
O II substitui todos os outros – é qualitativo – existe uma tabela de coloração onde usa-se o plasma, após centrifugação, e encontra-se a coloração em que ele se encaixa, dando o índice ictérico.
O teste de van den Bergh é qualitativo. Usa-se plasma ou soro. Se der positivo muda a cor para rosa ou roxo, dependendo da concentração de bilirrubina. Se no direto der positivo, a bilirrubina que está no sangue não é a ligada a albumina, pois o reagente de van den Bergh não reage com a bilirrubina ligada a albumina. É o teste de van den Bergh direto. Qualquer que seja o resultado faz-se o indireto. O indireto consiste em acrescentar álcool, que desnatura a albumina e libera a bilirrubina, dando o resultado final.
A icterícia é um síndroma, causada por patologias diversas. O síndroma, por não ser específico de uma só doença, muitas vezes tem tratamento apenas sintomático, pois nem sempre se descobre a causa. A icterícia se classifica em pré-microssomal (causada por algum problema antes de sofrer conjugação no fígado), microssomal (algum problema hepático, na conjugação) e pós-microssomal (problema causado após a conjugação no hepatócito).
Metabolismo da bilirrubina
O metabolismo da bilirrubina se inicia com a destruição de hemácias, liberando hemoglobina. O macrófago fagocita a hemácia e a hemoglobina é liberada. A hemoglobina é degrada por enzimas, liberando a globina (componente protéico) e heme (componente prostético – não protéico). O heme é degradado (por enzimas) e libera ferro e biliverdina. A biliverdina origina a bilirrubina (pigmento) que se liga a albumina (também chamada de hemobilirrubina) para ser transportada pelo sangue, chegando ao fígado, onde irá sofrer conjugação no hepatócito, pelo sistema microssomal. Chegando ao hepatócito a albumina se desliga (não se sabe através de que mecanismo) e a bilirrubina penetra no hepatócito. No hepatócito, a bilirrubina se liga a uma proteína de transporte até chegar ao microssoma. Dentro do microssoma, a glucuroniltransferase (enzima) conjuga a bilirrubina ao ácido glicurônico originando o glucuronato (também chamado de glucuronato de bilirrubina ou bilirrubina direta ou bilirrubina conjugada ou colibilirrubina). Esta é depositada na bile para ser excretada no intestino. Chegando ao intestino, sofre ação de bactérias que produzem glicuronidase originando bilinogênio, que se divide em dois grupos: urobilinogênio e estercobilinogênio. O urobilinogênio é bem absorvido pela mucosa intestinal e retorna quase todo ao organismo. De volta ao organismo, parte retorna ao fígado (ciclo entero-hepático), sendo excretado novamente pela bile, e parte é excretado pelo rim. O estercobilinogênio não é bem absorvido pela mucosa intestinal e sua maioria sai nas fezes, auxiliando em sua coloração.
Tipos de icterícia
Icterícia pré-microssomal
A hemácia pode sofrer hemólise intra ou extra vascular. Se for intra vascular, o plasma e a urina ficam avermelhados, pela presença da hemoglobina. Se for extra vascular, é a bilirrubina que é liberada, deixando o plasma amarelado. Podem ocorrer as duas ao mesmo tempo, como na tristeza parasitária bovina (babesiose – hemólise intra vascular; anaplasmose – hemólise extra vascular, no SFM). O aumento da quantidade de bilirrubina no sangue sobrecarrega o fígado, que fica incapacitado de conjugar toda a bilirrubina que chega a ele, levando ao acúmulo no sangue e a icterícia.
Se houver muita quantidade de bilirrubina indireta (ligada a albumina), o rim também pode conjugar essa bilirrubina.
A anaplasmose e outras enfermidades que originam complexos imunes (ag:ac:C) lesam o rim (pela precipitação destes complexos) gerando glomerulite, glomerulonefrite, permitindo a passagem da albumina ligada a bilirrubina (que por ser uma molécula grande, em um rim normal não passaria).
OBS: Infecções genito-urinárias são muito perigosas. Deve-se fazer o tratamento correto: cultura e isolamento da bactéria que está causando a infecção – enquanto espera o resultado trata-se com antibiótico de largo espectro. Deve-se dar na dose e no tempo necessários, sem interrupção do tratamento.
Quadro clássico da icterícia pré-microssomal
Soro ou plasma:
BT = aumentada
BD = normal
BI = aumentada
Van den Bergh direto = negativo
Van den Bergh indireto = positivo
II = aumentado
Urina:
Urobilinogênio = positivo {alto (++++) – hiperurobilinogenúria}
Ácidos e sais biliares = negativo
Pigmentos biliares = negativo
Fezes:
Enegrecidas com aspecto normal.
Icterícia microssomal
Se a bilirrubina chegar ao fígado e por algum problema hepático não sofrer conjugação, irá se acumular no sangue. Em casos muito graves (o que é raro) pode ultrapassar a barreira hematoencefálica (a bilirrubina é lipossolúvel) e causar encefalopatia. Esse tipo de icterícia (microssomal) é mais comum em animais muito jovens e em 99% dos casos tem auto-cura, pois o problema hepático geralmente se resolve e ele passa a conjugar a bilirrubina.
As lesões hepáticas não tomam todo o fígado e sim parte dele. Chegando a partes boas do órgão, a conjugação da bilirrubina ocorre normalmente. Chegando em áreas lesionadas, não ocorre. Portanto, podem ocorrer, ao mesmo tempo, conjugação e excreção normais, a não conjugação e retorno da bilirrubina para o sangue, além de conjugação normal e não excreção (por obstrução do ducto biliar por fibrose).
As causas mais comuns são: tumores primários(hepatoma), secundários, doenças infecto contagiosas, doenças parasitárias, intoxicação por plantas tóxicas, metais pesados.
OBS: a observação da relação diminuída entre colesterol total (produzido no fígado) e colesterol esterificado (é esterificado no fígado) significa que o fígado está entrando em insuficiência.
Quadro clássico de icterícia microssomal
Soro ou plasma:
BT = aumentada (± 50% de cada – BD e BI)
BD = aumentada
BI = aumentada
Van den Bergh direto = positivo
Van den Bergh indireto = positivo
(É chamado de van den Bergh bifásico)
II = aumentado
Urina:
Urobilinogênio = positivo.
Ácidos e sais biliares = positivo
Pigmentos biliares = positivo
Fezes:
Coloração normal (pois algum bilinogênio está sendo formado) com aspecto normal.
Icterícia pós-microssomal
A bilirrubina é conjugada normalmente e secretada na bile. Por alguma obstrução pós-hepática ela não chega ao intestino, retornando ao sangue, levando a icterícia e sendo excretada pelo rim. Não chegando ao intestino, não forma bilinogênio. As causas podem ser: tumor, parasitos, cálculos biliares – colecistolitíase (cálculo na vesícula), colelitíase (cálculo em qualquer parte do trato).
Quadro clássico da icterícia pós-microssomal
BT = aumentada
BD = aumentada
BI = normal
Van den Bergh direto = positivo
Van den Bergh indireto = negativo
II = aumentado
Fezes acólicas (sem cor) ou hipocólicas (se a obstrução não for total), com aspecto esteatorréica (derrame de gordura pela falta de bile), amilorréica (presença de amido) e creatorréica (presença de fibras musculares).
Urobilinogênio – negativo.
Ácidos e sais biliares = positivo
Pigmentos biliares = positivo
Quadro comparativo de achados laboratoriais dos tipos de icterícias
	
	Pré-microssomal
	Microssomal
	Pós-microssomal
	Soro ou plasma
	
	
	
	BT
	Aumentada
	Aumentada
	Aumentada
	BD
	Normal
	Aumentada
	Aumentada
	BI
	Aumentada
	Aumentada
	Normal
	II
	Aumentado
	Aumentado
	Aumentado
	Van den Bergh
	
	
	
	Direto
	-
	+
	+
	Indireto
	+
	+
	-
	Urina
	
	
	
	Urobilinogênio
	++++
	++
	-
	Ácidos e sais biliares
	-
	++
	++++
	Pigmentos biliares
	-
	++
	++++
	Fezes
	
	
	
	Coloração
	Enegrecidas
	Normal
	Acólicas ou hipocólicas
	Aspecto
	Normal
	Normal
	Esteatorréica
Amilorréica
Creatorréica
+ = positivo
- = negativo
OBS: as substâncias presentes na urina são classificada em laboratório com cruzes (+), onde o máximo são quatro cruzes.
Estudo dos balanços
A – hídrico
B – eletrolítico
C – ácido-básico
Referenciais
Na⁺ – 150mEq/l (mili-equivalente)
K⁺ – 5mEq/l
Clˉ – 100mEq/l
HCOˉ3 – 28mEq/l
pH – 7,4
pCO2 – 14mmHg
Ca⁺⁺ – 9 a 12mg/dl
POˉˉˉˉ4 – 7 a 9mg/dl
PPT – 5,5 a 8,5g/dl
P.O. – 300mOsm/kg (pressão osmótica/osmolaridade)
OBS: a diminuição da pressão osmótica causa edema, pois as substâncias passam do sangue para os tecidos, levando plasma junto.
Osmometria – osmômetro – promove a diminuição do ponto de congelamento ou elevação do ponto de vaporização para medir a osmolaridade.
Sangue
Plasma – 55 a 70% do volume sangüíneo (abaixo = policetemia; acima pode ser anemia).
Elementos figurados – eritrócitos, plaquetas, leucócitos. Transporte de substâncias (O2 – hematose).
Água (corporal) – em geral o animal adulto tem 70% de água (aves até 85%): LEC – plasma (5%) + interstício (15%); LIC – 50%. O desequilíbrio pode causar desidratação ou hiperidratação.
Hiperidratação: qualquer indivíduo que receba líquido demais (soro ou excessiva ingestão de água – intoxicação hídrica, comum em bezerros que saem do período lactente). Com o excesso de líquido, o sangue fica diluído, causando desequilíbrio osmótico, pois a pressão dentro da célula fica maior que a do plasma, entrando líquido na célula, que se rompe (hemólise).
Desidratação: em geral, o nível de desidratação é o quanto o animal perdeu de peso. Até 5% a pele fica pastosa. Até 7% ocorre perda da elasticidade e afundamento do globo ocular. De 10 a 12% os sinais são os mesmos, agravados, e o choque hipovolêmico está iminente. De 12 a 15% é gravíssimo. Quadro de choque hipovolêmico. O tratamento consiste em re-hidratar o animal. O mínimo que se administra no animal é o que ele perdeu (um animal de 20kg com 5% de desidratação, administra-se no mínimo 1l de soro).
A desidratação pode ser do tipo:
Hipotônica – perdendo mais eletrólitos que líquido (administra-se líquido hipertônico);
Isotônica – perdendo líquido e eletrólitos na mesma proporção (administra-se líquido isotônico);
Hipertônico – perdendo mais líquido que eletrólitos (administra-se líquido hipotônico).
Se não souber qual o tipo de desidratação, administra-se líquido isotônico – nunca se deve deixar faltar soro isotônico na clínica.
Com o tratamento de re-hidratação, acompanhar com exames de VG, Ur e PPT, pois determinam se a soroterapia está funcionando (se o animal está voltando a normalidade).
Equilíbrio ácido base
Na maioria das espécies há mais potássio dentro que fora da célula (em algumas espécies não). Quando sai um potássio, geralmente entra um sódio e um hidrogênio. Se esta relação entrar em desequilíbrio, altera o pH do meio. A relação Na:K é de 23:1. A hipernatriemia (aumento da concentração de sódio no sangue) com hipopotassemia (diminuição da concentração de potássio no sangue) diminui essa relação. Associada a alcalose metabólica é um quadro típico de hiperadrenocorticismo. A hipocloretemia com normonatriemia e alcalose metabólica é típica de doença abomasal.
	O pH sangüíneo depende da relação entre a concentração do bicarbonato de sódio e a pressão parcial do CO2. É o que mantêm o Tampão sangüíneo. A acidose pode ser causada pela diminuição do bicarbonato de sódio ou pelo aumento da pressão do CO2. O aumento da pCO2 é causado por insuficiência respiratória (pulmonar), já a diminuição do bicarbonato se dá por insuficiência metabólica renal (são os rins que formam bicarbonatos). A alcalose é causada pelo aumento do bicarbonato (metabólica) ou por diminuição da pCO2 (hiperventilação pulmonar).
OBS: Alcalose e acidose são terminações usadas somente em relação ao sangue (ose = doença).
	Problema respiratório altera a pCO2. Problema metabólico altera o HCOˉ3. Todo problema respiratório ou metabólico pode ser compensado, parcialmente compensado ou descompensado. O metabólico tenta compensar o respiratório e vice-versa.
No caso de acidose metabólica, os pulmões é que irão corrigir, compensar, o problema renal (de não produzir bicarbonato) hiperventilando e eliminando mais CO2.
	No caso de acidose respiratória, a respiração não está conseguindo cumprir seu papel. Quem corrige e dá a resposta compensatória são os rins, produzindo mais bicarbonato e retendo mais sódio (pois está havendo retenção de CO2). As acidoses são mais comuns que as alcaloses, pois o organismo produz muito mais ácidos que bases.
	Um animal com diarréia intensa perde muito sódio, água e bicarbonato (que são componentes das secreções intestinais – bile e suco pancreático), o que acarretaria uma acidose metabólica (e uma contração do LEC).
	Com vômitos intensos, há perda de ácido clorídrico (HCl – secreção gástrica), ocasionando perda de cloreto e de ionte hidrogênio, causando uma hipocloremia (o cloreto sangüíneo baixa) que acarreta no aumento do bicarbonato para suprir a falta do cloreto. O animal está perdendo hidrogênio (próton) que é um ácido e está aumentando a concentração de bicarbonato, o que causa uma alcalose metabólica (também chamada, neste caso, de alcalose hipoclorêmica).
OBS: O cloreto e o bicarbonato estão interligados. Quando um aumenta o outro diminui e vice-versa.
	Os iontes hidrogênio e potássio são usados pela célula para trocar com sódio. Se fizer muita troca de hidrogênio por sódio, faz-se menos trocas de potássio por sódio. Hipocalemia (ou hipopotassemia) é a falta de potássio no sangue. Isso significa quedentro da célula há pouco potássio. Então as trocas por sódio ocorrerão com o hidrogênio. A célula passa a secretar menos potássio, produzindo mais bicarbonato de sódio, provocando alcalose hipopotassêmica (que é metabólica).
OBS: CO2 e H2O, na presença da anidrase carbônica (AC), formam o ácido carbônico, que libera hidrogênio para trocar com sódio, formando o HCO3(-) (bicarbonato), que se une ao sódio formando o bicarbonato de sódio, que vai para a corrente sangüínea. Quando há mais potássio, essa troca com o hidrogênio diminui, pois há maior facilidade de troca entre potássio e sódio do que com o hidrogênio. Com isso ocorre a falta de bicarbonato no sangue.
CO2 + H2O (AC) H2CO3 ______ HCOˉ3 + H⁺
Na acidose metabólica, o animal entra em dispnéia hiperpnêica (rápida e profunda), eliminando mais CO2. Sem CO2 não forma ácido carbônico (H2CO3), não liberando H⁺. É um mecanismo do organismo para manter o tampão sangüíneo. O sistema tampão mais importante é o H2CO3 / HCOˉ3.
Em um animal com acidose metabólica, aplica-se um alcalinizante. O bicarbonato de sódio só é utilizado em casos mais graves, pois pode levar a alcalose. Em alcalose metabólica aplica-se um acidificante.
Se o problema é respiratório, descobre-se a causa e trata-se.
Para enviar amostra para laboratório, deve-se resfriá-la imediatamente em banho de gelo, para não perder os gases.
OBS: A fórmula do bicarbonato para uso em soroterapia:
HCOˉ3 (mEq/l) = peso (kg) x 0,3 x [25 - HCOˉ3 (mEq/l)]
Acidose respiratória
pH = diminuído
H2CO3 / HCOˉ3 = diminuída (aumenta H2CO3 e diminui HCOˉ3) – o normal da relação é 20:1.
Ocorre em perturbações respiratórias, com perda da capacidade pulmonar. Aumenta a quantidade de CO2, aumenta a produção de ácido carbônico. O rim tenta compensar retendo mais bicarbonato.
Compensada – o rim compensa retendo bicarbonato;
Parcialmente compensada – o rim retém bicarbonato, mas não é suficiente para equilibrar o pH;
Descompensada – o rim não consegue reter bicarbonato, excretar fosfato ácido nem íon amônio (NH4).
OBS: o rim na acidose: retém bicarbonato, excreta fosfato ácido (com mais hidrogênio) e íon amônio.
Alcalose respiratória
pH = aumentado
H2CO3 / HCOˉ3 = aumentada (diminui H2CO3 e aumenta HCOˉ3)
Encefalopatias podem causar alteração no centro respiratório bulbar, causando dispnéia profunda.
Compensatória – o rim excreta + bicarbonato e retém + ácido (H⁺);
Parcialmente compensatória – a excreção de bicarbonato e a retenção de ácido pelo rim não são suficientes;
Descompensada – o rim não consegue excretar nem reter nada.
Acidose metabólica
Ocorre pela excessiva produção ou retenção de radicais ácidos no organismo. Pode ocorrer na ingestão excessiva de grãos.
Compensatória – o pulmão consegue compensar;
Parcialmente compensatória – o pulmão aumenta a freqüência respiratória, mas não consegue compensar;
Descompensada – o pulmão não consegue aumentar a capacidade respiratória.
Alcalose metabólica
Ganho de bicarbonato no organismo, por produção ou retenção. Comum em bovinos com nefrite.
Compensatória – respiração lenta e superficial;
Parcialmente compensatória – a respiração é lenta e superficial, mas não é o suficiente para compensar o problema metabólico;
Descompensada – não há alteração respiratória.
Problemas mistos
Os problemas mistos são os mais comuns e mais difíceis de tratar. Ocorre uma mistura entre problema metabólico e respiratório. A única opção que não ocorre é acidose respiratória com alcalose respiratória, pois o pulmão não consegue promover os dois problemas ao mesmo tempo.
Alguns exemplos:
Acidose respiratória + acidose metabólica – pneumonia + nefrite. Trata-se com bicarbonato.
Acidose respiratória + alcalose metabólica – pH normal, pCO2 aumentada. Se a acidose respiratória for o primeiro problema (uma pneumonia), a alcalose metabólica pode ser compensatória (ou também primária). Deve-se descobrir qual é o problema primário e o secundário (ou se ambos são primários) – exames laboratoriais detectando nefrite – dosagem de creatinina no sangue, etc.
Alcalose respiratória + acidose metabólica – aumento de ácido lático no sangue. Ocorre quando há muito exercício muscular (o exercício aumenta a freqüência respiratória).
Enzimas
Unidades de atividade (UI)
UI – unidade internacional. É a atividade enzimática que em condições ótimas (de temperatura, pH, concentração da enzima) transforma 1m/mol de substrato em produto por minuto e por litro. Portanto: UI/l. Se a atividade da enzima for muito curta, usa-se mUI/ml.
Otimização das técnicas
Adiciona-se alguma substância a técnica para otimizar a enzima (aumentar a atividade da enzima e mantê-la por mais tempo).
Existem dois tipos de enzimas:
Enzimas específicas do plasma – enzimas que não exercem sua atividade nos tecidos, só no plasma;
Enzimas celulares – enzimas que exercem sua função catalítica dentro das células, nos tecidos. Podem ser citoplasmáticas (ALT – alanina aminotransferase), mitocondriais (ex: AST – aspartato aminotransferase), etc.
As enzimas também podem ser classificadas como:
Organoespecíficas – são as mais usadas como marcadores teciduais. A ALT é hepatoespecífica para cães, gatos e homem (primatas). É um marcador de lesão hepática.
Organoinespecíficas – são encontradas em vários tecidos, não tendo especificidade. A AST é encontrada no rim, fígado, músculo, pâncreas. Mas, por ser uma enzima mitocondrial, se for encontrada elevada no plasma indica que há uma grande lesão (ela marca a extensão da lesão) – escapa da mitocôndria e da célula, indicando lesão da membrana da célula e das organelas, significando que a lesão é muito grande (permeabilidade das membranas).
OBS: ALT e AST são usados para prognóstico, pois marcam a lesão e sua extensão.
Isoenzimas
São enzimas que possuem a mesma função, diferenciando-se bioquimicamente. As isoenzimas são usadas como marcadores teciduais. As mais comuns são a CK e a LD. CK possui três isoenzimas e LD cinco.
CK:
1 – SNC;
2 – coração;
3 – musculatura estriada esquelética.
LD:
1 e 2 – coração, eritrócitos, córtex renal;
3 – todos os tecidos;
4 e 5 – fígado e musculatura estriada esquelética.
O isoenzimograma (mede a concentração das isoenzimas) de CK não é muito usado em medicina veterinária. Faz-se apenas o CK total.
LD 3 não marca nada, já que é encontrada em todos os tecidos.
LD 1 e 2 são muito encontradas em hemólise.
Quando há lesão em algum tecido, há aumento de suas enzimas no plasma. Quando há necrose generalizada no tecido (morte do tecido) a atividade enzimática cessa, pois o tecido não é mais capaz de produzir nada, nem as enzimas. Sendo assim, suas enzimas diminuem no plasma.
Aumento ou diminuição da atividade enzimática
Toda enzima possui ativador e inibidor. Por exemplo, o cálcio é ativador da amilase. A mesma substância pode funcionar como ativadora e inibidora, dependendo de sua concentração.
Causas diversas podem elevar o metabolismo da célula, aumentando a atividade enzimática, como, por exemplo, tumores.
Meia vida enzimática – tempo que leva para que a concentração enzimática no plasma diminua para 50%. Pode ser alterada por aumento ou diminuição do metabolismo ou da excreção da enzima.
Perfil
Hepático – usa-se enzimas que marquem duas atividades importantes:
1 – Permeabilidade de membrana (chamadas de vazadores, pois “vazam” da célula): ALT, AST, LD 4 e 5, ARG (em grandes animais) e outras. São as mais estáveis e com maior meia vida.
2 – Rendimento excretório: FA (fosfatase alcalina) e GGT. Jovens possuem alta atividade da fosfatase alcalina óssea. Já os adultos têm maior atividade da fosfatase alcalina hepática.
Muscular – CK 2 e 3, LD 1, 2, 4 e 5, AST.
Pancreático – amilase (aumenta primeiro, em pancreatites agudas), lipase (permanece alta por 10, 12 dias). Na pancreatite crônica ambas podem até diminuir.
Ósseo – FA.
SNC – CK 1.
Hematológica – LD 1 e 2, PK (piruvatoquinase)
OBS: Animais da raça Basenjii nascem com deficiência da enzima PK (combinação de genes recessivos). Sua deficiência causa falta de ATP, impedindo que as hemácias se deformem (para passar pela microcirculação), levando a doenças hemolíticas.
PEP PK Pic + ATP
Pâncreas exócrino
O pâncreas é uma glândula mista, possuindo porção endócrina e exócrina. A exócrina produz enzimas digestivas que são liberadas no intestino, sendo de extrema importância. O pâncreas é estimulado por hormônios intestinais (secretina, colecistoquinina, pancreozimina). A secretina estimula a liberação enzimática pelo pâncreas, quando há muito radical hidrogênio (sua liberação é estimulada pela presença do hidrogênio). A colecistoquinina estimula a produção e a liberação de bile, pelo fígado e vesícula, para emulsificar as gorduras. A pancreozimina é estimulada pela presença de carboidratos e estimula a produção de eletrólitos (principalmente bicarbonato) e água, e a liberação de enzimas pancreáticas.
O intestino secreta estes hormônios para a circulação sangüínea, chegando ao pâncreas. A concentração destas enzimas secretadas depende de que substâncias estão chegando ao intestino.
O suco pancreático é constituído por lipases, proteases e amilases, juntamente com eletrólitos e água. No pâncreas, estas enzimas se encontram na forma de zimogênios (pró-enzimas). Na pancreatite ocorre ativação destas enzimas no pâncreas, digerindo o próprio órgão, podendo levar a hepatite, pois as enzimas podem chegar ao fígado pelo ducto biliar, já que a bile e o suco pancreático chegam juntos ao intestino e seus orifícios são próximos um do outro.
OBS: As proteases são: tripsina, carboxipeptidases (1 e 2), elastases, ribonucleases, desoxirribonucleases.
Doenças pancreáticas
Inflamatórias – pancreatites aguda e crônica. A aguda pode passar despercebida, dependendo do agente etiológico. Costumam ser recidivantes (reincidentes), causadas por medicamentos, alimentação. Seguem danificando e cicatrizando o órgão, levando a insuficiência pancreática exócrina (IPE).
IPE – pode ser adquirida ou congênita (hipoplasia pancreática congênita – o animal sobrevive, mas precisa tomas medicamentos o resto da vida). Uma das principais causas da adquirida é a alimentação gordurosa (é a mais comum). Os sintomas são: diarréia, vômito e emagrecimento progressivo. Apesar de ser um quadro clínico clássico da IPE, não é um quadro clínico específico, pois estes sintomas ocorrem em outras doenças.
Síndromas digestivos e absortivos: são sinais e sintomas inespecíficos, que ocorrem em várias doenças. Desconfiou-se de pancreatite, faz-se avaliação laboratorial.
Avaliação laboratorial (todos podem dar falsos resultados):
Testes enzimáticos hepáticos – AST e ALT – para diagnosticar se o problema pancreático já afetou o fígado.
Tripsinogênio (TLI) e bentiromida (PABA)
Folato (produzido no intestino delgado) e cobalamina (no final do intestino delgado e início do grosso) – diminuem ou aumentam em infecções bacterianas podendo dar falso positivo ou negativo.
OBS: os testes enzimáticos são altamente específicos. Os demais possuem valor relativo.
A presença de fibra muscular, amido e gordura nas fezes é anormal, pois deveriam ter sido digeridos. Sua presença pode indicar má digestão por problema pancreático ou hepático. Deve-se avaliar se o problema é digestivo ou absortivo.
Verificação laboratorial de inflamação e necrose pancreática
Enzimas séricas
Amilase (aumenta nas primeiras horas) – amiloclástica (desaparecimento do amido) é mais segura.
Pancreatite aguda
A amilase aumenta no cão (hiperamilasemia) e diminui no gato (hipoamilasemia). Não se sabe porquê isso acontece. Faz-se exame de EAS (função renal) para detectar se há problema renal, pois se não estiver sendo excretada, a concentração da amilase aumenta no sangue, mas por problema renal e não pancreático.
Lipase
Os corticosteróides costumam aumentar a atividade de algumas enzimas. Verifica-se a concentração de corticosteróides para verificar se há influência.
Outros achados
A série branca do hemograma é muito importante, pois demonstra leucocitose e neutrofilia com desvio para esquerda.
Aumento de VG e PT – hemoconcentração pelos vômitos e diarréias.
Hiperlipidemia – não há lipase, portanto não ocorre clarificação do plasma.
Hiperazotemia – aumento de nitrogenados (uréia) não protéicos no plasma (hemoconcentração).
Hipocalcemia – deslocamento do cálcio para o tecido lesado, ocorrendo calcificação do tecido e diminuição do cálcio no sangue.
Exame microscópico de fezes
Coloração com Sudan – fezes esteatorréicas (derrame de gordura) por falta de lipase, de bile ou problema absortivo.
Coloração com lugol – fezes amilorréicas (amido nas fezes) por falta de amilase.
Creatorréia – fezes com fibra muscular por falta de tripsina e outras proteases.
Esfregaços controles – lâmina comparativa de fezes do animal em questão com de animal normal. Compara-se os conteúdos.
Gordura fecal total – verifica-se a concentração de gordura nas fezes em 24h. O normal é no máximo 7g em 24h.
Testes de verificação de presença enzimática – usam-se duas técnicas: da de gelatina e a de filme:
Gelatina: coloca-se 1g de fezes em suspensão com 9ml de bicarbonato de sódio. Pega-se 1ml desta suspensão e acrescenta-se 1ml de gelatina. Se dissolver a gelatina, há presença de enzimas, se solidificar não há.
Filme: coloca-se as fezes em suspensão (mesma técnica usada no teste da gelatina) e coloca-se uma fita de filme (½ para fora ½ para dentro). Se a porção de dentro for digerida há enzimas, se não for não há.
Testes de absorção
Verificar se o problema é absortivo ou digestivo.
Teste do óleo de milho – coleta-se sangue do animal em jejum e verifica-se o plasma (se estiver turvo há mobilização da gordura periférica), que deve estar límpido. Administra-se 3ml/kg de óleo de milho ao animal. 1 a 3h após a ingestão do óleo (ou de qualquer alimento gorduroso) o plasma deve ficar turvo. Se não ficar, pode ser por problema absortivo ou por insuficiência hepática ou pancreática. Para identificar: administra-se um comprimido enzimático pancreático e nova alimentação gordurosa. Se o plasma não turvar, o problema é absortivo, se turvar é digestivo.
Destilose – é uma pentose normalmente absorvida pelo intestino. Se não aparecer no sangue, após ingestão, o problema é absortivo.
Fígado
É também uma glândula, pois secreta eritropoietina em alguns animais. Tem múltiplas funções de secreção, depuração, metabolização, armazenamento, etc.
Tem um poder de regeneração muito grande, tendo que ser enormemente lesado para que não consiga se recuperar.
OBS: os gatos possuem um problema sério em conjugação. Se ficar sem se alimentar por mais de 12h pode entrar em lipidose hepática. Deve-se ter muito cuidado com o fígado destes animais, evitando a administração de medicamentos hepatotóxicos.
Testes funcionais
AST e ALT – usadas para medir vazamento hepático.
FA e GGT – medem rendimento excretório hepático.
Pode-se proceder a medição (análise) de:
Substâncias produzidas (proteinograma);
Substâncias dependentes de processamento metabólico e/ou excreção (bile, amônia, bilirrubina);
Impacto na doença: circulação sangüínea (artéria e veia hepática); circulação linfática; hepatócito.
Condições que podem causar vazamento hepatocelular, colestase e/ou redução da massa funcional
Distúrbios metabólicos – diabetes;
Distúrbios circulatórios – hemorragias, congestão passiva crônica (retorno venoso), etc.;
Distúrbios biliares – colecistite, colelitíase, coledocolitíase;
Doenças infecciosas e parasitárias – fasciolose, etc.;
Hepatopatias tóxicas – plantas tóxicas, organofosforados, clorofórmios, benzeno, venenos (toxinas), excesso de cobre (leva a lesão dos hepatócitos);
Doenças neoplásicas – primárias ou secundárias (metástases – são mais comuns).
OBS: o cobre tem participação importantíssima na síntese de hemoglobina, poiso ferro é cobre dependente na fase inicial de síntese de hemoglobina. Mas a hipercobremia leva a hemólise.
Massa funcional – administra-se um corante (BST – bromosulfaleina) que é metabolizado no fígado e deveria sair na bile em determinada quantidade. Se sair menos é porque não foi conjugado corretamente, ficando acumulado no sangue. Acima de 7% significa redução da massa funcional.
Diagnóstico diferencial das icterícias
Metabolismo da bilirrubina – se inicia no SFM. No hepatócito (microssoma) ocorre a metabolização da bilirrubina pelo sistema enzimático glucuronase. No intestino sofre ação de outro sistema enzimático, a glicuronidase.
Podem ser:
Pré-microssomal – ex: babésia. Causa hemólise intravascular.
Microssomal – síndroma ou doença de Cushing. Leva a glicogenólise causando degeneração gordurosa do fígado.
Pós-microssomal – obstrução de ductos biliares ou da vesícula biliar.
	
	Pré-microssomal
	Microssomal
	Pós-microssomal
	Reação de van den Bergh
	
	
	
	Direta
	-
	+
	+
	Indireta
	+
	+
	-
	Bilirrubinúria
	-
	+
	+
	Colúria
	-
	+
	+
	Colemia
	-
	+
	+
	Colecromopoese
	Aumentada
	Aumentada
	Aumentada
	Bilinogênio fecal
	Aumentada
	Normal
	Ausente
	Bilinogênio urinário
	Aumentada
	Normal a aumentada
	Ausente
	Índice ictérico
	Aumentada
	Aumentada
	Aumentada
Colúria – pigmentos biliares na urina;
Colemia – pigmentos biliares no sangue;
Colecromopoese – formação de pigmentos de bile.
OBS: o bilinogênio fecal e urinário na icterícia microssomal aumentam dependendo do nível da lesão hepática.
Hiperbilirrubinemias colestásicas e hemolíticas
	D. Colestásica .
	
	Normal
	D. hemolítica
	Parcial
	Total
	BT
	N
	+++
	+
	+++
	BD
	N
	N
	++
	+++
	BI
	N
	+++
	N
	N
	BV
	+ ou -
	+ ou -
	++
	+++
	Fezes
	N
	ALA
	N
	ACO
BT – bilirrubina total; BD – bilirrubina direta; BI – bilirrubina indireta; BU – bilirrubina urinária.
N – normal; ALA – alaranjada; ACO – acólicas
+ positiva; - negativa.
Redução da massa funcional
Verificação:
Teste de excreção da BSP;
Concentração de amônio sangüíneo;
Concentração de albumina sérica.
Hiperamonemia – o fígado não está depurando a amônia (insuficiência hepática). Leva a encefalopatia hepática.
OBS: adipoxantose – mucosas e pele amareladas por acúmulo de carotenos (verificados em matadouros).
Doença de armazenamento do glicogênio por falta da glicose 6 fosfatase (produzida no fígado) – leva a não formação do glicogênio, ocasionando degeneração turva, gliconeogênese e infiltração gordurosa no fígado.
Adrenais
Se divide em cortical (externa) e medular (interna).
A cortical é composta por três camadas, ou zonas: Zona Glomerulosa (mais externa), Zona Fasciculada (mediana) e Zona Reticulada (mais interna).
A cortical produz hormônios glicocorticóides (cortisol, cortisona, corticosterona), mineralocorticóides (aldosterona – região glomerular) e sexuais (região reticular) – testosterona (masculinizante), estradiol e progesterona (feminilizante) – mas não são muito potentes.
As células da medular são produtoras de catecolaminas (que formam a adrenalina e a noradrenalina). Esses hormônios atuam no SNA (simpático). 
Alta concentração de cortisol no sangue faz o hipotálamo parar de estimular as adrenais (feedback). O hipotálamo estimula a hipófise a liberar ACTH, que age nas regiões reticular e fascicular das adrenais. A região glomerular da cortical não sofre influência do hipotálamo e sim do sistema renina – angiotensina – aldosterona. E a medular é estimulada pelo SNC, pois a liberação de adrenalina e noradrenalina deve ser muito rápida, para produção imediata de glicose. 
OBS: as secreções das paratireóides e do pâncreas são controladas por concentrações de metabólitos. Todas as outras glândulas são controladas pelo eixo hipotálamo/hipófise.
Os glicocorticóides atuam no metabolismo protéico, lipídico e de carboidratos. Outra ação importante é a de inibirem a síntese de DNA, principalmente do sistema imune (se tomar glicocorticóides por muito tempo, fica com a resposta imune baixa). Também inibem a inflamação (são antiinflamatórios).
A principal ação dos mineralocorticóides é inibir a excreção de sódio pelos túbulos renais. O aparelho justaglomerular produz renina, que é liberada e irá agir no angiotensinogênio, originando a angiotensina I que origina a angiotensina II que age na região glomerular da adrenal liberando aldosterona. Esta age no rim estimulando a reabsorção de sódio (junto com ele água – aumentando a volemia) para aumentar a pressão sangüínea.
OBS: Hipofisectomia – remoção da hipófise. Com a remoção da hipófise, a taxa de glicocorticóides baixa drasticamente, enquanto a de mineralocorticóides permanece normal. Isso ocorre porque a hipófise produz o ACTH, que eleva o nível de glicocorticóide. Sem o ACTH, esse estímulo cessa, mas células justaglomerulares dos rins produzem a renina, que no final origina a angiotensina II, que estimula as adrenais a produzirem aldosterona, que é um mineralocorticóide. Por esse motivo, só o nível de glicocorticóide baixa.
OBS: todos os fatores estimulantes do hipotálamo possuem um fator inibidor (mesmo que este ainda não tenha sido descoberto).
A região reticular da adrenal também produz hormônios sexuais. Essa região pode ser hiperestimulada (por exemplo, por um tumor) e produzir estes hormônios ex excesso, levando a uma feminilização do macho ou masculinização da fêmea. É o síndroma adreno-cortical. Uma hiperestimulação do hipotálamo não causa este síndroma, pois irá estimular mais a região fasciculada e não a reticulada.
Fisiologia dos hormônios adreno-corticais
Nomenclatura – baseada na cadeia básica da molécula de acetato. O acetato origina o colesterol, que faz parte de um grupo grande de moléculas com núcleo comum, que é o ciclopentano perhidrofenantreno. É o grupo dos esteróides: cortisol, corticosteróides, aldosterona, etc.
Biossíntese, transporte, metabolismo e excreção – as substâncias são produzidas a partir deste núcleo e são transportadas pela transcortina (preferencialmente, mas também pela albumina e outras proteínas transportadoras). O fígado atua metabolizando estes hormônios, eliminando por via biliar ou renal.
Regulação da secreção – zonas reticulada e fasciculada: feedback hipotálamo/hipófise pela concentração de cortisol (retroalimentação). Zona glomerulosa: sistema renina – angiotensina – aldosterona.
Ação:
Glicocorticóides: gliconeogênese – particularmente importante nos ruminantes, que não armazenam glicose já que toda glicose ingerida é fermentada no rumem e transformada em ácidos graxos, não chegando glicose ao intestino para ser absorvida. Transforma gordura e proteína em glicose pela gliconeogênese para produzir energia, originando corpos cetônicos podendo entrar em cetose e acidose metabólica. Possuem ação antiinflamatória potente, que pode levar a depressão do sistema imune, atrofiando o tecido linfóide e inibindo a produção de linfócitos. É hipocalcemiante e em excesso inibe a insulina levando a hiperglicemia podendo originar diabetes.
Mineralocorticóides: principal função é o equilíbrio hidrossalino (Na:K – 23:1). Atua no túbulo contorcido distal retendo ou excretando sódio e potássio. Controla solutos e o equilíbrio hídrico.
Estrógeno: atua no ciclo estral e na manutenção de cálcio no osso.
Disfunções adreno-corticais
Podem ser primárias ou secundárias. As primárias são perturbações na própria glândula e as secundárias são por problemas externos a ela.
Hipofunção
Síndroma de Addison. As principais causas são:
Insuficiência de ACTH – Pan hipopituitarismo – a hipófise não consegue produzir nenhum dos hormônios tróficos. Leva a nanismo, a glândula não se desenvolve.
Términos repentinos de altas doses de glicocorticóides – uso de altas concentrações de corticóides por muito tempo e retira-se derrepente. O feedback ficaraimpedido durante este período e irá demorar mais um tempo para normalizar, levando a hipoadrenocorticismo.
Lesões gradativas do hipotálamo e hipófise.
Levam a um desequilíbrio hidrossalino (falta de aldosterona, alta eliminação de sódio – poliúria) que pode levar a hipovolemia, desidratação, hemoconcentração e distúrbios cardiovasculares (hiperpotassemia) podendo levar o animal a morte.
Diagnóstico
Sinais clínicos – poliúria, polidipsia compensatória (em grandes volumes).
Laboratorial (de triagem) – hipocolemia, hipopotassemia, hematócrito alto (pela policetemia relativa – hemoconcentração), FAS (fosfatase alcalina sérica) normal – sem alteração, lipidograma normal (sem importância).
Função adreno-cortical basal:
Taxa de produção de cortisol – mede-se em jejum. Taxas baixas.
Taxa de produção medular – medição de catecolaminas plasmáticas.
Esteróides – pode ser determinado em:
Plasmático
Urina
Saliva
Leite
O plasmático e o da urina são os mais usados.
ACTH plasmático – determina se é primário ou secundário. Se estiver baixo é secundário. Mas funciona em relação ao cortisol e não a aldosterona, pois esta depende do sistema renina – angiotensina – aldosterona e não do ACTH.
Testes dinâmicos:
Reserva adreno-cortical – ACTH intra-venoso. É usado para verificar se há liberação de cortisol.
Reserva de ACTH hipofisário – aplica-se metirapona, que é inibidora do cortisol. Inibindo o cortisol, o hipotálamo libera ACTH.
Tratamento e prognóstico
Hormônios sintéticos, dosagem de hormônios ACTH (caso o problema seja secundário), cortisol (eventualmente), DOCA (se o problema for primário – acetato de desoxirribodosterona – mineralocorticóide).
O prognóstico é bom, com a administração do hormônio pelo resto da vida do animal.
Hiperprodução
Síndroma de Cushing – primária. É mais comum em caninos e também em felinos e eqüinos.
Doença de Cushing – secundária.
Em eqüinos o diagnóstico é difícil, sendo o hirsutismo o sinal mais evidente.
É mais comum em idosos e fêmeas. A causa mais freqüente em caninos e eqüinos é por tumores secretórios (adenomas).
Diagnótico
Os sintomas são: poliúria, polidipsia, hirsutismo (comum nos cavalos), falha no desprendimento da pele, perda muscular (hipercatabolismo protéico), aparência de tonel (abdome penduloso – pela perda muscular e acúmulo de gordura por todo o abdome, particularmente no fígado – hipercatabolismo lipídico, leva a hepatomegalia), perda de peso apesar de bom apetite (polifagia), cicatrização deficiente (imunossupressão e catabolismo protéico em excesso), cegueira por compressão, alopecia bilateral e simétrica e dispnéia (causada pelo abdome penduloso que “puxa” o diafragma).
O cortisol em excesso inibe o ADH (hormônio anti-diurético), produzido no núcleo hipotalâmico supra-ótico (o paraventricular produz oxitocina). Leva a desequilíbrio hidrossalino por perda de solutos na urina, levando a poliúria e polidipsia compensatória.
O diagnóstico diferencial com o hipoadrenocorticismo se dá pela presença de abdome penduloso, alopecia bilateral e pela perda de massa muscular, mas estes só ocorrem em estágios mais avançados da doença. Faz-se diagnóstico diferencial também com diabetes e problemas de tireóide.
Diagnóstico laboratorial de triagem:
Hipovolemia;
Na e K baixos;
Hemograma – se houver infecção: leucocitose com neutrofilia e desvio para esquerda, linfocitopenia e eosinopenia. Hemoconcentração (policetemia relativa);
FAS – hiperfosfatasemia – obstrução de canalículos biliares intra-hepáticos (infiltração gorda do fígado);
Glicemia – gliconeogênese alta – hiperglicemia;
Lipidograma – aumentado (aumento de todas as frações lipídicas).
Função adreno-cortical basal
Testa-se:
Taxa de produção de cortisol – elevada.
Esteróides
ACTH plasmático – diferenciar primário e secundário. Valores muito baixos é primário (alta produção de cortisol pela glândula inibe o feedback).
Testes dinâmicos:
Reserva adreno-cortical – adenocarcinoma não obedece a nada, dando as maiores respostas (hiperplasia).
Reserva de ACTH hipofisário
Tratamento e prognóstico
Secundário – hipofisectomia, pois geralmente é um tumor na hipófise. Radioterapia, quimioterapia. É um tratamento muito complicado e a cirurgia geralmente não é feita na prática.
Primário – em caso de hiperplasia das duas: adrenolectomia bilateral (retirada das adrenais), passando a administrar DOCA o resto da vida do animal. Adrenolectomia unilateral se for um adenoma localizado em apenas uma glândula. Quimioterapia, radioterapia e cirurgia.
Prognóstico – depende do estágio da doença. Se for secundário, o prognóstico é reservado. Se for primário, dependendo da causa, pode ser bom.
Tireóide
A tireóide é uma glândula endócrina, produtora dos hormônios T3 e T4, que promovem aumento do metabolismo, e de calcitonina, que é hipocalcemiante. É a mais importante glândula endócrina para regulação metabólica. É responsável pelo controle do metabolismo basal de todas as células do organismo.
Possui numerosos folículos preenchidos com colóide (tireoglobulina) e revestidos por células foliculares que secretam o colóide e fazem a biossíntese de T3 e T4. Entre as células epiteliais secretoras de colóide e em posição periférica, encontram-se as células parafoliculares, ou células C. Produzem um hormônio hipocalcemiante, a calcitonina, que atua antagonicamente ao paratormônio das paratireóides.
O hipotireoidismo é muito comum no cão e o hipertireoidismo no gato.
Em caso de tireoidectomia bilateral em cães e gatos, deve-se proceder um monitoramento quanto à hipocalcemia pós operatória, secundária a uma remoção ou danificação das glândulas paratireóides, que por estarem anatomicamente associadas à tireóide (nestes animais), podem ser removidas em conjunto com a glândula.
Fisiologia dos hormônios tireoideanos
Metabolismo do iodo – captação, peroxidação, formação de MIT, DIT, T3 e T4. A deficiência de qualquer enzima deste processo resulta em má formação dos hormônios. A perturbação na síntese é chamada de disormoniogênio.
Mecanismo de ação hormonal – produção, liberação, transporte até a célula, ligação ao receptor da célula.
Mecanismo de regulação hormonal – feedback, concentração principalmente de T4 no sangue.
O primeiro passo na síntese hormonal de T3 e T4 envolve a captação do iodo do sangue (dos capilares adjacentes ao folículo) pelas células foliculares. Dentro destas células, o iodo é oxidado para iodeto (I2), pela ação da enzima tireoperoxidase. Em seguida, o iodeto liga-se à radicais tirosil (tirosina) da globulina, proteína sintetizada nas células foliculares, ao nível da membrana celular apical ou próximo a ela, e essa proteína iodada é secretada para a luz do folículo, formando o colóide. Cada tirosina possui um anel benzeno e cada anel pode receber até dois átomos de iodo (podendo não receber nenhum, receber um – monoiodotirosina ou MIT, ou receber dois – diiodotirosina ou DIT). A tireoglobulina é recaptada para dentro das células epiteliais do folículo, por endocitose (as microvilosidades se alongam formando pseudópodos), formando uma vesícula dentro da célula. Os lisossomas da célula irão atacar a tireoglobulina, onde suas enzimas (proteases) farão a proteólise da tireoglobulina, liberando MIT, DIT, T4, T3.
A monoiodotirosina e a diiodotirosina são compostos biologicamente inativos, que são desiodados (liberando tirosina e iodo) e reutilizados na síntese de tireoglobulina. T3 e T4 são hormônios ativos, resultados de uniões oxidativas de mono e diiodotirosinas.
Os processos de síntese hormonal e captação são regulados pelo TSH, produzido pela adeno-hipófise. Ambos os processos (síntese e captação) ocorrem simultaneamente nos folículos ativos, fazendo com que a liberação do hormônio seja um processo contínuo.
A concentração de T4 e T3 no sangue segue a proporção de 4:1. Na glândula a proporção é de 20:1. Ao nível das células, T4 sofre desiodinação (pela desiodinase), perde um iodona membrana da célula, se transforma em T3 e age na célula. Para penetrar na célula alvo e produzir atividade biológica, o hormônio precisa estar livre no plasma, em sua forma não ligada à proteína.
OBS: uma das causas de hipotireoidismo é defeito no receptor de T4 ou T3 nas células, não encaixando.
A porcentagem de hormônio livre no sangue é de 0,1%. O restante circula ligado a proteínas carreadoras, pois por serem hormônios lipossolúveis, possuem solubilidade limitada em soluções aquosas:
TBG – globulina transportadora de tiroxina (é a mais importante).
GLT (albumina) – proteína transportadora (na ausência de TBG é a mais importante).
TBPA (ou PALT) – pré-albumina ligadora de tiroxina (específica para T4).
A TBG é quem carreia grande parte dos hormônios tireoideanos (T3 e T4), tendo maior afinidade por T4. A quantidade de T4 é muito maior que a de T3, mas a proporção de T4 e T3 livres são semelhantes, ou seja, a proporção de T4 ligada à proteína é muito maior que a de T3.
A tireóide sofre influência do hipotálamo e da hipófise. A quantidade de T4 e T3 livres cria um mecanismo de feedback com a secreção destes hormônios pela tireóide. O nível de T3 e T4 livres tem influência inibidora no hipotálamo e na hipófise (entre as duas glândulas existe o sistema porta hipotálamo – hipófise, que consiste em uma circulação local).
A hipófise secreta TSH (hormônio tireotrófico) que, por sua vez, influencia a tireóide. O TSH aumenta a biossíntese dos hormônios tireoideanos (aumentando a captação do iodo e a oxidação do iodeto) além de aumentar o número de células tireoideanas, causando uma proliferação de tecido e de folículos, aumentando o volume da glândula. O hipotálamo secreta TRH (hormônio liberador da tireotrofina), que estimula o lobo anterior da hipófise, que produz TSH.
Quando os níveis de T3 e T4 livres estão altos, inibem a produção de TRH e de TSH, diminuindo a produção de T3 e T4. A influência de T3 e T4 livres sobre a hipófise é direta e maior que a que sofre o hipotálamo, onde a ação é indireta.
Uma disfunção hipotalâmica ou hipofisária leva a um quadro de distúrbio no mecanismo de regulação hormonal. Estas disfunções podem ser primárias ou secundárias.
Hipotireoidismo
É mais comum em cães.
Classificação
Primário – lesão na tireóide;
Secundário – lesão na hipófise;
Terciário – lesão no hipotálamo;
Congênito – já nasce com o problema, geralmente é disormoniogênese.
Sinais clínicos
Manifestações:
Metabólicas – alterações no metabolismo da glicose (absorção no intestino, glicolise no fígado), dos lipídios e das proteínas.
Dermatológicas – alopecias bilaterais.
Reprodutivas – cio silencioso, ciclos anovulatórios, dismenorréia (sangramentos), falta de libido (principalmente no macho).
Neuromusculares – a neurotransmissão fica prejudicada por alteração do equilíbrio de sódio, potássio e cálcio na placa muscular.
Oculares – infiltração de substâncias.
Cardiovasculares – alterações nos minerais, com tendência a bradicardia.
Gastrintestinais – tendência a diminuição dos movimentos peristálticos.
Hematológicas – tendência a anemia (normocítica normocrômica). Se o estágio da deficiência for adiantado leva a deficiência de ferro, levando a anemia microcítica hipocrômica.
A biópsia identifica se o problema é auto-imune ou não.
O tratamento é substitutivo, administrando-se hormônio tireoideano.
Hipotireoidismo canino
Testes laboratoriais de triagem – hemograma e bioquímica sérica.
Hematócrito baixo – anemia normocítica normocrômica.
Lipidograma – frações de lipídios aumentadas (diminuição no metabolismo).
Testes de função tireoideana:
T4 total – radioimunoensaio (RIE).
T3 total – RIE.
Estimulação com TSH – verificar se há resposta da glândula.
Estimulação com TRH
T3 reverso total – RIE. Verifica se há alteração na produção dos hormônios (pois há dois tipos de T3: T3 e T3 reversa – aumentando a concentração de T3 reversa significa que há alteração na biossíntese).
T4 livre – diálise.
T3 livre – diálise.
THS – RIE.
PALT – imunoeletroforese (IEF).
GLT – IEF.
OBS: Quadro eutireoideu – o quadro hematológico se mostra normal, pois a glândula está normal. O que ocorre é que há uma maior degradação do hormônio na circulação, diminuindo sua meia-vida.
Hipertireoidismo
É mais comum em gatos. Geralmente é causado por tumores benignos (bócio adenomatoso multinodular, adenomas, adenoma atípico – a população celular não é a típica do adenoma normal) e malignos (carcinoma folicular e papilar).
Etiologia
Possíveis causas nutricionais e do meio (excesso de iodo, substâncias que estimulem a glândula – bociogênicas).
Possíveis estimuladores de captação de iodo circulantes.
Possíveis fatores de crescimento autócrinos e parácrinos (auto-estímulo próximo).
Possível papel de oncogenes – formação de tumores.
Sinais clínicos
Perda de peso (alta queima de calorias), polifagia compensatória, alopecia bilateralmente simétrica, poliúria, polidipsia compensatória, vômitos, nervosismo, hiperatividade e diarréia. Conforme o progresso da doença: hiporexia, tremores, fraqueza (pela hiperatividade), dispnéia (conseqüência da alteração muscular, levando a alteração respiratória e conseqüente alcalose respiratória), diminuição da atividade, letargia, anorexia e ventroflexão da cabeça (pela deficiência de tiamina – vitamina do complexo B).
Diagnóstico
Exame físico – palpação cervical (verificar massa tumoral).
Radiografia.
Eletrocardiograma e ecocardiograma – pode diagnosticar uma extra-sístole, que é grave.
Radionuclídeos – identifica pontos quentes (tumores).
Laboratorial: contagem de células do sangue, pode ocorrer hemoconcentração. Perfil bioquímico sérico: glicose aumentada; lipidograma – tendência a hipocolesterolemia; urinálise – verificar se o problema é renal.
Diferencial – doenças endócrinas não tireoideanas (hepática, renal, adrenal, pancreática); doenças renais; cardíacas (cardiomiopatias); gastrintestinais; hepatopatias (verificar associação com o problema tireoideano para saber se é primária ou secundária); doença pulmonar (raio X).
Tratamento e prognóstico
Usam-se drogas antitireoideanas (mas são hepatotóxicas e não são curativas), cirurgia (em caso de adenoma e adenocarcinoma), iodo radioativo (a tireóide não diferencia iodo normal de radioiodo, levando a destruição) e sintomático.
O prognóstico irá depender do caso.
Aulas Práticas
Práticas em Laboratório
Confecção e Coloração de Esfregaço Sangüíneo
1◦ Passo: Confecção da lâmina.
	Colocamos uma pequena gota de sangue numa lâmina. Com outra lâmina (lâmina extensora), procedemos o esfregaço, deslizando-a sobre a outra em velocidade uniforme. Ao encostarmos a lâmina extensora na gota, formando um ângulo de 30 a 45◦ com a lâmina, a gota se aloja horizontalmente na base da extensora. Desta forma, ao procedermos o esfregaço, a gota de sangue se espalha de maneira uniforme sobre a lâmina, formando uma franja no final.
	Procedendo o esfregaço, aguardamos a secagem e efetuamos a coloração.
2◦ Passo: Coloração da lâmina.
Para fixar, pingamos (com uma pipeta) em torno de 15 gotas de álcool metílico e deixamos por 2 minutos. Removemos o excesso do álcool e pingamos (novamente com uma pipeta) aproximadamente 15 gotas de Giemsa, deixando agir por 5 minutos. Além de Giemsa, podemos usar Panóptico, Wright ou MGG. Uma dica é assoprar, com a pipeta, por cima do corante para espalhá-lo uniformemente. Após aguardarmos os 5 minutos, escorremos o corante e lavamos a lâmina em água neutra ou PBS. Deixamos secar e a lâmina está pronta para observação ao microscópio.
	Nesta prática, usamos amostras de sangue de canino e eqüino.
Micro hematócrito
Em um tubo capilar coloca-se sangue total (EDTA) – em 2/3 do tubo;
Selar uma das extremidades do tubo;
Centrifugar (10.000 RPM) por 5 minutos – sendo15 minutos para bovinos, ovinos e caprinos;
Fazer leitura em carta própria;
Resultado em %.
Para vedar o capilar, após colocar o sangue, leve uma das extremidades do capilar ao fogo (bico de Bunsen) na horizontal e girando, para que derreta e vede. Para verificar se vedou, vire a extremidade aberta para baixo. Se vazar sangue é porque a outra extremidade ainda está aberta.
Para encher o capilar com sangue, introduza-o no tubo de ensaio, com a amostra homogeneizada do sangue que será utilizado, e pressione o capilar nesta mostra algumas vezes, até que ele se encha a 2/3 com o sangue.
Levar os capilares prontos à centrífuga de micro hematócrito, com a parte vedada voltada para a borda, e a parte aberta para o pino central. Dessa forma, o sangue não vaza.
Para proceder a medição, usamos uma carta própria (escala de leitura de hematócrito), onde colocamos o capilar (após a centrifugação), de forma que a linha limite superior do plasma coincida com a primeira linha da carta, e a linha limite inferior da concentração de hemácias coincida com a última linha da carta. A medição se dá na linha que coincide com a linha superior da concentração de hemácias.
O resultado encontrado corresponde à porcentagem do volume globular. Se estiver abaixo nos níveis de normalidade se caracteriza anemia.
	Na figura acima, observa-se o capilar sendo colocado na escala de leitura do hematócrito. Neste caso, o resultado da medição está em torno de 55%, ou seja, o volume globular é de 55%.
	Nesta prática, usamos amostras de sangue de canino e eqüino, onde a taxa de normalidade em caninos é 37 a 55%, a de eqüinos de sangue quente (puro sangue) é de 38 a 60%, e a de eqüinos de sangue frio (mestiços) é de 33 a 55%.
Hemoglobinometria
Método:
Em um tubo de ensaio colocar 5ml de reagente de DRABKIN (cianametahemoglobina);
Adicionar 20µl de sangue total (EDTA);
Esperar por 5 minutos;
Ler a absorbância em espectrofotômetro (540);
O reagente é o branco (que é usado para zerar o aparelho);
Fazer curva de calibração;
Resultado em g/dl.
Pipetamos 5ml de DRABKIN (que é o reagente) e colocamos em um tubo de ensaio. Repetimos o procedimento e preparamos outro tubo de ensaio. Neste procedimento, usamos uma pipeta de esgotamento completo.
Em um dos tubos, acrescentamos 20µl da amostra de sangue (lembrando sempre de homogeneizar a amostra antes de coletá-la). Para isso usamos uma pipeta semiautomática. Em seguida, homogeneizar a amostra no reagente.
Usamos o tubo de ensaio contendo apenas o reagente para zerar o espectrofotômetro, pois a coloração do reagente não deve influir no resultado. O aparelho deve ficar com 0% de absorbância e 100% de transmitância. A medição é feita na absorbância. Após este procedimento, procedemos a medição com o tubo de ensaio contendo a amostra.
Nesta prática, usamos amostra de sangue de eqüino e encontramos o resultado de 0,334. Multiplicamos este valor por 37 (que é o fator de calibração já calculado) e encontramos o resultado final de 12,358g/dl.
Dicas:
	Existem pipetas de esgotamento completo e outras não. Quando são de esgotamento completo, o número limite de sua capacidade não se encontra na marcação da pipeta, e deve-se usar todo o conteúdo da mesma ao esvaziar a amostra coletada por ela. Já nas pipetas que não são de esgotamento completo, o número limite se encontra marcado nelas. Dessa forma, ao esvaziar seu conteúdo, deve-se cessar o esgotamento ao chegar neste número, desprezando o restante da amostra que sobrar na pipeta.
	Nas pipetas de esgotamento completo, ao término do esgotamento da amostra, devemos assoprar pela extremidade superior da pipeta, para que saia todo o seu conteúdo. Só não devemos proceder desta forma em casos de exames de amilase, pois podemos interferir no resultado (já que, ao assoprar, gotículas de saliva podem se unir a amostra). Nestes exames, usamos pipetas automáticas ou semiautomáticas.
	A pipeta deve ser trabalhada na vertical e sua face externa limpa com papel absorvente, após ser introduzida na amostra. Este procedimento é importante, pois o volume de líquido da amostra que ficou aderido na parte externa pode escorrer para a ponta da pipeta e formar uma gota, alterando o volume da amostra e produzindo um erro.
	As pipetas semiautomáticas trabalham em dois estágios (ao pressionar com o dedo): o primeiro estágio é usado para impedir a entrada de ar ao coletar a amostra; o segundo estágio é usado para depositar a amostra. Ao introduzir a pipeta na amostra, usa-se o primeiro estágio. Em seguida, com a pipeta já mergulhada na amostra, despressiona-se o primeiro estágio, e a amostra é coletada. Ao retirar a pipeta da amostra, limpa-se a mesma externamente e a introduz no tubo de ensaio (ou no local onde irá depositar a amostra coletada), esvaziando a amostra usando os dois estágios várias vezes, até que se esgote todo seu conteúdo.
	O volume de cada pipeta semiautomática fica marcado em sua extremidade superior, no local onde se pressiona o dedo.
Contagem de hemácias
(Glóbulos vermelhos)
	Material:
Sangue em EDTA;
Pipeta de Thoma para glóbulos vermelhos;
Diluidor – Gower ou Hayem;
Câmara de Neubauer;
Microscópio.
Técnica:
Em pipeta de Thoma, colocar sangue homogeneizado até a marca 0,5. Em seguida, acrescentar o líquido diluidor até a marca 101. Agitar por alguns minutos, rolando a pipeta entre os dedos, na horizontal. Desprezar as primeiras gotas (3 ou 4, pois são só diluente) e encher a câmara. Aguardar por 1 a 2 minutos e proceder à contagem no retículo (central) para hemácias.
Para encher a câmara, é só encostar a ponta da pipeta entre a lamínula e a câmara, que a gota que sair da pipeta escorrerá para baixo da lamínula (por diferença de capilaridade), enchendo a câmara. Assim que encher, retirar a pipeta.
Dica: Se umedecer um pouquinho as laterais da lamínula, antes de colocá-la sobre os retículos, ela adere melhor e não fica escorregando sobre a câmara.
Ao proceder a contagem, contam-se nos retículos centrais dos dois lados da câmara e divide-se o resultado por 2, diminuindo a margem de erro.
A contagem pode ser feita em contador eletrônico (caso o mesmo seja ajustado para uso veterinário, pois o diâmetro das hemácias de algumas espécies é bem menor do que a dos humanos), o que reduz muito a margem de erro.
A câmara de Neubauer se divide em 9 quadrados. Os quadrados angulares são os de contagem de leucócitos. O quadrado central é o de contagem de hemácias.
O retículo para contagem de hemácias possui 25 quadradinhos menores. Contam-se nos quatro quadradinhos angulares e o quadradinho central (marcados com x na figura acima), totalizando 1/5 do total. Cada quadradinho (ou retículo menor) do retículo de contagem de hemácias é subdividido em 16 retículos menores. Ao contar as hemácias, contar em todas as 16 subdivisões, cuidando para não contar a mesma hemácia duas vezes. Para isso, ao contar cada quadradinho, contar as hemácias que estão totalmente dentro do quadradinho, mais as que estiverem na linha superior e na linha lateral direita, excluindo as que estiverem na linha inferior e na linha lateral esquerda.
O resultado encontrado é multiplicado por 10.000. Como a diluição é de 1:200 e contamos 1/5 do total, devemos multiplicar 200 por 5, encontrando o valor de 1.000. Devemos então multiplicar 1.000 por 10, já que a altura do retículo equivale a 0,1mm e devemos chegar a 10mm². Chegamos então ao valor de 10.000.
A taxa de normalidade (média entre os animais) é de 7.000.000µl, ou 7x10⁶/µl. Nesta prática, encontramos o resultado de 2.770.000/µl ou 2,77 x 10⁶/µl.
Contagem de leucócitos
(Glóbulos brancos)
	Material:
Sangue em EDTA;
Pipeta de Thoma para glóbulos brancos;
Líquido diluidor: TUERK;
Câmara de Neubauer;
Microscópio.
	Técnica:
Colocar sangue até a marca de 0,5 e acrescentar o líquido diluidor até a marca 11. Agitar por alguns minutos, rolando a pipeta entreos dedos, na horizontal. Desprezar as primeiras gotas e encher a câmara. Aguardar por 1 a 2 minutos e proceder a contagem nos retículos para leucócitos (os 4 angulares).
Cada retículo de leucócitos é subdividido em 16 retículos menores (quadradinhos). Contam-se todos os 16, da mesma forma que se procede a contagem de hemácias, ou seja, contar os leucócitos que estão totalmente dentro do quadradinho, mais os que estiverem na linha superior e na linha lateral direita, excluindo os que estiverem na linha inferior e na linha lateral esquerda.
	Cada retículo maior possui o equivalente a 0,1mm³. Como contamos os 4 retículos, a área contada possui 4mm³. A diluição é 1:20 e a altura corresponde a 0,1mm, ou seja, 10mm³. Multiplicamos 20 por 10, encontrando 200, que dividimos por 4 (porque contamos 4 retículos), chegando a 50. Portanto, o resultado encontrado na contagem é multiplicado por 50.
	A taxa de normalidade entre os animais é de 10.000/µl. Nesta prática, encontramos o resultado de 3.350/µl ou 3,35 x 10³/µl. Leucopenia.
Plaquetometria
	Material:
Sangue total (EDTA);
Pipeta de Thoma para glóbulos vermelhos;
Líquido diluidor (REES-ECKER ou Oxalato de amônio);
Câmara de Neubauer;
Microscópio;
Técnica.
OBS: deficiência de plaquetas causa hemorragias do tipo petequial.
Plaquetopenia ou trombocitopenia = diminuição do número de plaquetas.
	Para coletar o sangue (punção) para contagem de plaquetas, devemos ter o maior cuidado, procurando atingir o vaso quase imediatamente ao penetrar a pele, sem traumatizar o mesmo. Isso porque, se ficarmos “cutucando” o vaso, aceleraremos o processo de coagulação e provocaremos a agregação plaquetária, coletando uma amostra ruim, dificultando a posterior contagem.
	Técnica:
Coletar a amostra de sangue com pipeta de Thoma, colocando sangue homogeneizado até a marca 0,5. Em seguida, acrescentar o líquido diluidor até a marca 101. Homogeneizar por alguns minutos, rolando a pipeta entre os dedos, na horizontal. Desprezar as primeiras gotas e encher a câmara. Aguardar por 10 minutos e encher a câmara de Neubauer. Proceder a contagem em dois retículos, preferencialmente nos retículos para leucócitos, contando todos os 16 retículos menores.
Colhido o resultado, ajusta-o multiplicando por 2000Pl/µl (a diluição é de 1:200, a área do retículo é de 9mm³ e a altura é de 1mm³; 200 x 10 = 2000).
Procedemos a técnica com amostra de sangue de eqüino e encontramos o resultado de 100 em um retículo e 104 no outro. Somados chegamos a 204, dividimos por 2 e encontramos 102. O resultado final foi de 204.000Pl/µl.
Reticulocitometria
	Material:
Sangue total (EDTA);
Tubos de ensaio;
Corante (NAM ou Azul Cresil brilhante);
Lâminas e lamíluas;
Microscópio;
Técnica.
OBS: a porcentagem a mais de reticulócitos no sangue, para que seja eficiente em uma anemia responsiva, vai depender do hematócrito. As vezes 5% é pouco, 10% é pouco, etc.
	O sangue deve estar bem homogeneizado. Colocar algumas gotas do sangue (5 a 10, dependendo do número de lâminas) num tubo de ensaio e acrescentar o mesmo número de gotas do corante (do tipo supra vital) – corantes do tipo Romanovsky, grupo de corantes que são mistura de eosina com azul de metileno, não coram reticulócitos.
	Os reticulócitos possuem restos nucleares em seu citoplasma. Os gatos possuem dois tipos de reticulócitos: reticulócitos pontilhados (em forma de pontinhos) ou reticulados (em forma de “cobrinhas”). Estes restos nucleares são basofílicos, se coram de azul.
	Após misturar o corante com sangue, colocar uma gota na lâmina e por cima uma lamínula. Observar no microscópio em imersão, contar 500 células, entre hemácias e reticulócitos, verificando a proporção entre elas.
	Eqüídeos, bovinos, ovinos e caprinos apresentam zero de reticulócitos no sangue normal. Mas os bovinos, ovinos e caprinos apresentam resposta no sangue periférico, em caso de anemia, já os eqüinos não, só apresentam resposta a anemia na medula óssea. Para detectar anemia responsiva nestes animais, faz-se o mielograma, através de punção da medula óssea.
	Anemia normocítica normocrômica sugere depressão da medula.
O resultado que encontramos na aula prática, onde usamos amostra de sangue de canino, foi 2 reticulócitos para cada 500 hemácias, ou seja, 0,4%.
Leucometria específica
Procedemos o esfregaço sangüíneo em sangue total com EDTA e coramos com Giemsa. Secamos a lâmina e observamos ao microscópio, no aumento de 1000x, em imersão. Contamos os leucócitos, dividindo o campo em quatro quadrados, procedendo a contagem um a um, sendo: quadrante superior esquerdo, superior direito, inferior direito e inferior esquerdo.
Pode-se fazer a leucometria específica relativa e absoluta, contando-se neutrófilos segmentados e em bastão, eosinófilos, monócitos, linfócitos, mielócitos, metamielócitos, ou seja, diferentes tipos de leucócitos encontrados, e 100 células. O valor relativo é determinado pela contagem de cada leucócito em 100 células contadas (%).
O valor absoluto é calculado pela seguinte fórmula:
VABS = VR x LG / 100	O valor é fornecido em células/µl.
Onde: VABS = valor absoluto; VR = valor relativo; LG = leucometria global (valor encontrado na contagem de leucócitos na câmara de Neubauer).
EAS
A) Exame físico
Volume – em frasco graduado;
Cor;
Odor;
Aspecto;
Consistência;
Densidade – refratômetro ou urodensímetro ou tira reagente;
Reação / pH – tira reagente, papel universal.
B) Exame químico
Albumina, glicose, corpos cetônicos, pH, nitrito, hemoglobina, urobilinogênio, sangue (tira reagente).
C) Sedimento	Técnica:
Em tubo de ensaio colocar cerca de 10ml de urina homogeneizada;
Centrifugar (3 mil RPM por 10 minutos);
Desprezar o sobrenadante;
Corar ou não o sedimento;
Colocar uma ou mais gotas numa lâmina;
Cobrir com lamínula;
Examinar primeiramente com pequeno aumento e pouca luz; em seguida examinar em grande aumento, anotando os achados.
Prática:
Usamos amostra de canino macho, da raça Fox Terrier. Seguimos os procedimentos acima descritos e encontramos os seguintes resultados:
A) Exame físico:
Aspecto – ligeiramente turvo;
Volume – 20ml (em frasco graduado);
Densidade – 1060 (hiperestenúria) – resultado obtido através do urodensímetro;
Cor – normal (amarelado);
Odor – “sui generis”;
Consistência – fluida (normal);
Reação / pH – 9 (alcalino) – OBS: suspeita de cistite.
B) Exame químico
Densidade – 1000 (hipostenúria) – resultado oposto ao obtido com o urodensímetro. Infelizmente não dispúnhamos mais da amostra para repetir o exame, que deveria ser o processo de rotina neste caso;
pH – 9;
Proteína – 5g/l ou 500mg/dl;
Glicose – negativo;
Corpos cetônicos – negativo;
Urobilinogênio – 17µmol/l ou 1mg/dl;
Nitrito – negativo;
Sangue – negativo.
C) Sedimentação
Dividimos a amostra em dois tubos com 10ml cada e levamos para centrifugar. Após a centrifugação, dispensamos o sobrenadante e deixamos apenas algumas gotas (para suspender os sedimentos para que pudessemos colocá-los na lâmina). Se fossemos usar corante, colocaríamos algumas gotas (neste caso apenas uma gota seria suficiente) no tubo com os sedimentos e deixaríamos por alguns minutos.
Colocamos uma gota desta urina rica em sedimentos (centrifugada) na lâmina e cobrimos com a lamínula. Em seguida observamos ao microscópio óptico. Observamos piócitos, células pavimentosas, cilindros granulosos (OBS: indicação de nefrite), células transicionais.
Após contagem de vinte campos, encontramos uma média de seis células por campo, sendo dois piócitos, um cilindro granuloso, duas células pavimentosas e uma célula de transição.
Glicemia (GOD / POD)
	Técnica:
	Tubos de ensaio:
	A – amostra;
	P – padrão;
	B – branco.
[x] = LA x CP / LP = ? mg/dl
[x] = concentração de glicose;
LA = leitura da amostra;
CP = concentração do padrão;LP = leitura do padrão.
A concentração do padrão é de 100mg/dl.
A amostra usada no exame foi de soro de eqüino macho.
	Coletamos 20µl de soro com pipeta semiautomática e depositamos no tubo A. Procedemos da mesma forma com a solução padrão e colocamos no tubo P. Em seguida adicionamos 2ml de reagente em cada tubo (A, P e B).
	Colocamos os tubos de ensaio em banho Maria por 10 minutos a 39ºC. Em seguida levamos os tubos ao espectrofotômetro. Zeramos o aparelho com o tubo B (reagente puro), depois medimos a absorbância da amostra e do padrão e calculamos a concentração da glicose:
A = 0,225
P = 0,328
0,225 x 100 / 0,328 = 68,59mg/dl
Taxa de normalidade:
Ruminantes = 40 a 75mg/dl
Monogástricos = 70 a 140mg/dl
O resultado do exame é de ligeira hipoglicemia.
Colesterolemia
	Técnica:
	
	A
	P
	B
	Soro (µl)
	20
	-
	-
	Padrão (200mg/dl → µl)
	-
	20
	-
	Reativo de trabalho (ml)
	2,0
	2,0
	2,0
	A, P e B são os tubos de ensaio que usaremos para preparar a amostra (A), o padrão (P) e o branco (B). A concentração do padrão (CP) é de 200mg/dl.
	Primeiro preparamos o reativo de trabalho:
�
R-1 = 0,5ml
H2O = 19,0ml
R-2 = 0,5ml
R-Enzimático = 0,2ml
Reagente suficiente para 10 a 20
Provas
�
	
Pipetamos os volumes de 0,5ml do reagente 1; 19ml de água destilada; 0,5ml do reagente 2; e 0,2ml do reagente enzimático. Depositamos estes volumes em um tubo de ensaio, lembrando sempre de secar a parte externa da pipeta antes de depositar os líquidos no tubo de ensaio. Em seguida, homogeneizamos os reagentes com a água e o reagente de trabalho está pronto.
	No tubo A colocamos 20µl de soro de eqüino, adicionamos 2,0ml do reagente de trabalho e homogeneizamos.
No tubo P colocamos 20µl do padrão, adicionamos 2,0ml do reagente de trabalho e homogeneizamos.
No tubo B colocamos apenas 2,0ml do reagente. É o que usaremos para zerar o espectrofotômetro (para que a coloração do reagente não interfira no resultado).
Levamos os tubos em banho Maria por 10 minutos a 37ºC. Após incubar os tubos, fizemos a leitura no espectrofotômetro. Primeiro colocamos o comprimento de onda em 505, em seguida zeramos o aparelho com o branco (em absorbância e transmitância) e procedemos a leitura do padrão (LP) e da amostra (LA), em absorbância. Encontramos os seguintes resultados: A = 0,130 e P = 0,296. Procedemos o cálculo para encontrar o resultado:
LA x CP / LP = 0,130 x 200 / 0,296
= 87,83mg/dl
Normocolesterolemia.
Trigliceridemia
	Técnica:
	
	A
	P
	B
	Soro (µl)
	10
	-
	-
	Padrão (200mg/dl → µl)
	-
	10
	-
	Monorreagente (ml)
	1,0
	1,0
	1,0
	A, P e B são os tubos de ensaio que usaremos para preparar a amostra (A), o padrão (P) e o branco (B). A concentração do padrão é de 200mg/dl.
	Procedemos da seguinte forma:
No tubo A colocamos 10µl de soro de eqüino, adicionamos 1,0ml do reagente de trabalho e homogeneizamos.
No tubo P colocamos 10µl do padrão, adicionamos 1,0ml do reagente de trabalho e homogeneizamos.
No tubo B colocamos apenas 1,0ml do reagente.
Levamos os tubos em banho Maria por 5 minutos a 37ºC.
Colocamos o comprimento de onda do espectrofotômetro em 500, zeramos o aparelho com o branco (em absorbância e transmitância) e procedemos a leitura do padrão (LP) e da amostra (LA), em absorbância. Encontramos os seguintes resultados: A = 0,078 e P = 0,567.
Procedemos o cálculo para encontrar o resultado:
LA x CP / LP = 0,078 x 200 / 0,567
= 27,51mg/dl
Hipotrigliceridemia.
Albuminemia
	Técnica:
	
	B
	A
	P
	Reagente de cor
	5,0ml
	5,0ml
	5,0ml
	Plasma ou soro
	-
	0,02ml
	-
	Padrão de albumina (4g/dl)
	-
	-
	0,02ml
	A, P e B são os tubos de ensaio que usaremos para preparar a amostra (A), o padrão (P) e o branco (B). A concentração do padrão (CP) é de 4g/dl.
O comprimento de onda é de 630nm.
OBS: 0,02ml = 20µl
Pipetamos o volume de 5,0ml do reagente de cor e depositamos no tubo de ensaio A, repetindo o procedimento para os tubos de ensaio P e B, lembrando sempre de secar a parte externa da pipeta antes de depositar os líquidos no tubo de ensaio.
	No tubo A acrescentamos 20µl de soro de eqüino e homogeneizamos.
No tubo P colocamos 20µl do padrão e homogeneizamos.
No tubo B deixamos apenas 5,0ml do reagente. É o que usaremos para zerar o espectrofotômetro (para que a coloração do reagente não interfira no resultado).
Aguardamos por 10 minutos a temperatura ambiente. Procedemos a leitura no espectrofotômetro: Primeiro colocamos o comprimento de onda em 630nm, em seguida zeramos o aparelho com o branco (em absorbância e transmitância) e procedemos a leitura do padrão (LP) e da amostra (LA), em absorbância. Encontramos os seguintes resultados: A = 0,170 e P = 0,340. Procedemos ao cálculo para encontrar o resultado:
FC = fator de calibração = 4/Ap
Albumina = Aa x FC (g/dl)
Aa = absorbância da amostra
Ap = absorbância do padrão
FC = 4/0,340 = 11,76
Albumina = 0,170 x 11,76 = 1,99g/dl
O valor médio normal é entre 2,5 a 5,5g/dl, então o resultado encontrado é de hipoalbuminemia.
Proteína total
	Técnica:
	
	B
	A
	P
	Reagente de uso
	5,0ml
	5,0ml
	5,0ml
	Amostra (soro ou plasma)
	-
	0,1ml
	-
	Padrão (3,8g/dl)
	-
	-
	0,1ml
	A, P e B são os tubos de ensaio que usaremos para preparar a amostra (A), o padrão (P) e o branco (B). A concentração do padrão é de 3,8mg/dl.
	O comprimento de onda é de 550nm.
Pipetamos o volume de 5,0ml do reagente de cor e depositamos no tubo de ensaio A, repetindo o procedimento para os tubos de ensaio P e B, lembrando sempre de secar a parte externa da pipeta antes de depositar os líquidos no tubo de ensaio.
	No tubo A acrescentamos 0,1ml de soro de eqüino e homogeneizamos.
No tubo P colocamos 0,1ml do padrão e homogeneizamos.
No tubo B deixamos apenas 5,0ml do reagente.
Aguardamos por 15 minutos a temperatura ambiente. Procedemos a leitura no espectrofotômetro: Primeiro colocamos o comprimento de onda em 550nm, em seguida zeramos o aparelho com o branco (em absorbância e transmitância) e procedemos a leitura do padrão e da amostra, em absorbância. Encontramos os seguintes resultados: A = 0,660 e P = 0,303. Procedemos ao cálculo para encontrar o resultado:
FC = fator de calibração = 3,8/Ap
Proteína total = Aa x FC (g/dl)
Aa = absorbância da amostra
Ap = absorbância do padrão
FC = 3,8/0,303 = 12,54
Proteína total = 0,660 x 12,54 = 8,27g/dl
O valor médio normal é entre 5,5 a 8,0g/dl, então o resultado encontrado é de hiperproteinemia.
Calcemia (O.C. – Orto-cresolftaleina)
	Técnica:
	
	A
	P
	B
	Reativo 1 (ml) – reagente
	1
	1
	1
	Reativo 2 (ml) – reagente
	1
	1
	1
	Amostra (µl)
	20
	-
	-
	Reativo 3 - Padrão (µl)
	-
	20
	-
	A, P e B são os tubos de ensaio que usaremos para preparar: a amostra (A), o padrão (P) e o branco (B). A concentração do padrão (CP) é de 10mg/dl.
O comprimento de onda é de 580nm.
Pipetamos o volume de 1,0ml do reagente reativo 1 e depositamos no tubo de ensaio A, repetindo o procedimento para os tubos de ensaio P e B, lembrando sempre de secar a parte externa da pipeta antes de depositar os líquidos no tubo de ensaio. Repetimos o procedimento acima, desta vez pipetando e depositando nos tubos (em cada um) 1,0ml do reativo 2.
	No tubo A acrescentamos 20µl de soro de eqüino e homogeneizamos.
No tubo P colocamos 20µl do padrão (reativo 3) e homogeneizamos.
No tubo B deixamos apenas os 2,0ml dos reagentes (após homogeneizarmos). É o tubo que usaremos para zerar o espectrofotômetro (para que a coloração do reagente não interfira no resultado).
Procedemos a leitura no espectrofotômetro: Primeiro colocamos o comprimento de onda em 580nm, em seguida zeramos o aparelho com o branco (em absorbância e transmitância) e procedemos a leitura dopadrão (LP) e da amostra (LA), em absorbância. Encontramos os seguintes resultados: LA = 0,252 e LP = 0,369. Procedemos ao cálculo para encontrar o resultado:
FC = fator de calibração = 10/LP = 27,1mg/dl.
Cálcio = LA/LP x 10 = 6,8mg/dl
A taxa de normalidade é entre 9 a 12mg/dl, então o resultado encontrado é de hipocalcemia.
Magnesemia (azul de xilidina)
Técnica:
	
	A
	P
	B
	Tampão (R1 ml)
	2,5
	2,5
	2,5
	Reagente de cor (R2 ml)
	2,5
	2,5
	2,5
	Amostra (µl)
	50
	-
	-
	Padrão (R3 µl)
	-
	50
	-
	A, P e B são os tubos de ensaio que usaremos para preparar: a amostra (A), o padrão (P) e o branco (B). A concentração do padrão (CP) é de 2mg/dl.
O comprimento de onda é de 505nm.
Pipetamos o volume de 2,5ml do tampão (R1) e depositamos no tubo de ensaio A, repetindo o procedimento para os tubos de ensaio P e B (lembrando sempre de secar a parte externa da pipeta antes de depositar os líquidos nos tubos de ensaio, para evitar erro no volume final). Repetimos o procedimento acima, desta vez pipetando e depositando nos tubos (em cada um) 2,5ml do reagente de cor (R2).
	No tubo A acrescentamos 50µl de soro de eqüino e homogeneizamos.
No tubo P colocamos 50µl do padrão (R 3) e homogeneizamos.
No tubo B deixamos apenas os 5,0ml dos reagentes (homogeneizados). É o tubo que usaremos para zerar o espectrofotômetro (para que a coloração do reagente não interfira no resultado).
Aguardamos por 5 minutos.
Procedemos a leitura no espectrofotômetro: Primeiro colocamos o comprimento de onda em 505nm, em seguida zeramos o aparelho com o branco (em absorbância – 0%, e transmitância – 100%) e procedemos a leitura do padrão (LP) e da amostra (LA), em absorbância. Encontramos os seguintes resultados: LA = 0,246 e LP = 0,328. Procedemos ao cálculo para encontrar o resultado:
FC = fator de calibração = 2/LP = 6,09mg/dl.
Magnésio = FC x LA = 1,5mg/dl
A taxa de normalidade é entre 2 a 5mg/dl, então o resultado encontrado é de hipomagnesemia.
Proteína Plasmática Total (PPT) e Fibrinogênio (F)
	Técnica de Kaneko e Smith:
Sangue (EDTA) até 2/3 de dois tubos capilares, selando uma extremidade na chama;
Centrifugar por 5 minutos em 10 mil RPM;
Quebrar um dos dois tubos (acima do anel leucocitário) e promover a medição da PPT em refratômetro (L1);
Aquecer o outro tubo a 56ºC por 4 minutos (provendo a coagulação) e centrifugar novamente;
Quebrar o capilar acima do anel leucocitário e promover a medição no refratômetro (L2).
F = L1 - L2 (g/dl)
	Antes de procedermos as leituras no refratômetro, zeramos o aparelho com uma gota de água destilada.
Usamos sangue de eqüino como amostra. Os valores encontrados foram:
Hematócrito = 28%
L1 = 10,2 g/dl
L2 = 9,2 g/dl
F = L1 - L2 = 1 g/dl
	
A taxa de normalidade de PPT é entre 5,5 a 8,5g/dl, então o resultado encontrado é de hiperproteinemia.
A taxa de normalidade de fibrinogênio em eqüinos é de até 0,6 g/dl. O animal em questão está com hiperfibrinogenemia.
Bilirrubinas
Preparo do Diazorreagente:
	Reagente
	Volume
	Sulfanílico (R2 ml)
	1,5
	Nitrito (R3 gotas)
	1,0
OBS: uso no dia do preparo.
Coletamos com uma pipeta de esgotamento total os volumes acima mencionados de sulfanílico e nitrito e depositamos em um tubo de ensaio. Homogeneizamos e o reagente estava pronto para uso. Procedemos com o restante da técnica.
Técnica:
	Reagentes
	Branco
	B.D.
	B.T.
	Água (ml)
	4,5
	4,5
	-
	Acelerador (ml)
	-
	-
	4,5
	Sulfanílico (ml)
	0,5
	-
	-
	Diazo (ml)
	-
	0,5
	0,5
	Plasma/soro (ml)
	0,3
	0,3
	0,3
Preparamos os tubos de ensaio com o branco, o para bilirrubina direta e para bilirrubina total. Coletamos, com pipetas de esgotamento completo, os volumes acima citados e depositamos em seus respectivos tubos, homogeneizamos e procedemos às leituras no espectrofotômetro com comprimento de onda de 530nm. A amostra usada era de plasma de eqüino.
Deve-se proceder a leitura de bilirrubina direta em até 5 minutos após o preparo, e de bilirrubina total em até 30 minutos.
O resultado da leitura de bilirrubina direta (LBD) foi: 0,027.
O resultado da leitura de bilirrubina total (LBT) foi: 0,089.
FC (fator de calibração) = 10/Lp = 21,3.
BD (bilirrubina direta) = LBD x FC.
BT (bilirrubina total) = LBT x FC.
BT - BD = BI (bilirrubina indireta).
BD = LBD x FC = 0,027 x 21,3 = 0,575mg/dl.
BT = LBT x FC = 0,089 x 21,3 = 1,895mg/dl.
BI = BT - BD = 1,895 - 0,575 = 1,32mg/dl.
A taxa de normalidade de bilirrubina total em eqüinos é de até 2,5mg/dl. Em outras espécies é de até 1,0mg/dl.
O resultado encontrado, como a amostra era de eqüino, é de normobilirrubinemia.
Normalmente, o total de bilirrubina indireta é de 60 a 70% da bilirrubina total.
OBS: Bilirrubina direta é a bilirrubina conjugada no fígado, e bilirrubina indireta é a ligada a albumina.
Enzimas
Fosfatases (ácida ou alcalina)
Técnica:
	
	A
	P
	B
	Substrato de uso (ml)
	0,4
	0,4
	0,4
	Tampão (pH 4,8 ou 10,3) gotas
	II
	II
	II
	Banho Maria à 37ºC por 2 minutos
	Amostra (µl)
	50
	-
	-
	Banho Maria à 37ºC por 10 minutos
	NaOH (0,1 M – sol. uso) ml
	5
	5
	5
	Amostra (µl)
	-
	-
	50
Homogeneizar e ler no espectrofotômetro a 410nm. Zerar com o branco.
Nesta técnica usamos amostra de soro de eqüino e o tampão ácido de pH 4,8 (fosfatase ácida).
Preparamos os tubos de ensaio com o branco (B), a amostra (A) e o padrão (P). Coletamos, com pipetas de esgotamento completo, o volume de 0,4ml do substrato de uso e depositamos em seus respectivos tubos. Acrescentamos duas gotas de solução tampão (pH 4,8), homogeneizamos e levamos à banho Maria por dois minutos. Em seguida acrescentamos 50µl (com pipeta semi-automática) de amostra de soro de eqüino ao tubo A e levamos a novo banho Maria, desta vez por dez minutos. Acrescentamos 50µl ao tubo B, homogeneizamos e procedemos às leituras no espectrofotômetro (após zerar o aparelho com o branco) com comprimento de onda de 410nm.
F = CP/LP
CP = 150UI/l
F ác ou alc = F x LA
O resultado da leitura do padrão foi: -0,012.
O resultado da leitura da amostra foi: -0,005.
Ocorreu um erro, pois os resultados não deveriam dar negativo. Deveríamos ter zerado o espectrofotômetro com água destilada.
Colinesterase (Ch E)
Técnica:
	
	A
	P
	B
	Substrato de uso (ml)
	1
	1
	1
	Reagente de cor (ml)
	3
	3
	3
	Banho Maria à 37ºC por 3 minutos
	Amostra (µl)
	20
	-
	-
	Banho Maria à 37ºC por 2 minutos e 30 segundos
	Solução inibidora (ml)
	5
	5
	5
	Amostra (µl)
	-
	-
	20
Homogeneizar e ler no espectrofotômetro a 410nm. Zerar com o branco.
Preparamos os tubos de ensaio com o branco (B), a amostra (A) e o padrão (P). Coletamos, com pipetas de esgotamento completo, os volumes acima citados do substrato de uso e reagente de cor e depositamos em seus respectivos tubos. Homogeneizamos e levamos à banho Maria por três minutos. Em seguida acrescentamos 20µl (com pipeta semi-automática) de amostra de soro de eqüino ao tubo A e levamos a novo banho Maria, desta vez por 2 minutos e 30 segundos. Acrescentamos 20µl ao tubo B, homogeneizamos e procedemos às leituras no espectrofotômetro (após zerar o aparelho com o branco) com comprimento de onda de 410nm.
F = CP/LP
CP = 7UI/ml
ChE = F x LA
O resultado da leitura do padrão foi: -0,005.
O resultado da leitura da amostra foi: 0,604.
Ocorreu um erro, pois o resultado de LP não deveria dar negativo. Deveríamos ter zerado o espectrofotômetro com água destilada.
 Sai
 H2O
 GOD
(Oxidase)
 POD
 Peroxidase
Tira o O2 da H2O2
�PAGE �
�PAGE �52�

Mais conteúdos dessa disciplina