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FESO
Medicina Veterinária
Patologia Geral***
Por: Giselle Keller El Kareh de Souza
2004
Índice
Perturbações circulatórias
	Congestão ou hiperemia; Hemorragia						pág. 02
	Trombose; Embolia								pág. 03
	Infarto; Choque									pág. 04
	Distúrbios da dinâmica e distribuição de líquidos – edema				pág. 05
Inflamações aguda e crônica
	Fases da inflamação								pág. 06
	Componentes celulares do exsudato							pág. 06
	Classificação quanto ao tipo de exsudato						pág. 08
	Inflamação crônica								pág. 08
Lesões celulares reversíveis
	Degenerações hidrópica e gordurosa							pág. 09
	Degenerações hialina, amilóide e glicogênica						pág. 10
	Degeneração mucóide								pág. 11
Lesões celulares irreversíveis
	Dinâmica da morte e necrose celular							pág. 11
	Organelas na agressão celular							pág. 12
	Causas de necrose									pág. 12
	Padrões morfológicos								pág. 13
	Necrose de coagulação								pág. 13
	Necrose de liquefação; Necrose caseosa						pág. 14
	Necrose gordurosa								pág. 15
	Alterações cadavéricas								pág. 15
Pigmento e pigmentação patológicos							pág. 16
	Exógenos (pneumoconioses)							pág. 17
	Endógenos (hemáticos, melânicos e lipídicos)						pág. 17
Transtornos do crescimento e diferenciação celulares					pág. 19
	Regeneração									pág. 19
	Atrofia										pág. 20
	Hipertrofia; Hiperplasia								pág. 21
	Metaplasia									pág. 22
	Displasia										pág. 23
Tecido conjuntivo									pág. 23
	Células do tecido conjuntivo							pág. 24
	Matriz extracelular; Colágeno							pág. 25
	Elastina; Proteoglicanos; Glicoproteínas estruturais					pág. 26
	Integrinas; Membrana basal; Fibrogênese						pág. 27
	Reparo; Regeneração; Células lábeis, estáveis e permanentes				pág. 28
	Cicatrização; Aspectos aplicados							pág. 29
Neoplasias										pág. 30
	Morfologia das neoplasias								pág. 30
	Tumores benignos e malignos; características macro e microscópicas			pág. 31
	Ocorrência; Motilidade e mecanismos de invasão					pág. 32
	Nomenclatura; Classificação e nomenclatura						pág. 33
	Vias de disseminação								pág. 34
	Carcinogênese									pág. 35
Patologia
Perturbações Circulatórias
Congestão ou hiperemia
	A hiperemia é o aumento do volume sangüíneo no sistema vascular. Existem dois tipos de hiperemia: congestão ativa e congestão passiva. Congestão ativa é o aumento do volume de sangue nos capilares, em conseqüência da vasodilatação arterial ou arteriolar. Ex: inflamação aguda com aumento da permeabilidade vascular. Congestão passiva ocorre em decorrência de distúrbios na circulação venosa, que podem ser causados por insuficiência cardíaca congestiva, por causas intrínsecas ao vaso (trombose, varizes), ou por compressão externa das veias. A congestão passiva pode ser aguda ou crônica.
	Órgãos com congestão passiva se apresentam com coloração vermelho azulada, sendo que a intensidade do tom azulado (cianose) dependerá da quantidade de hemoglobina que foi reduzida. Além disso, a congestão passiva quase sempre é acompanhada de aumento do líquido intersticial (edema), conferindo ao órgão afetado um aspecto úmido.
	Em casos de falência cardíaca do ventrículo esquerdo, o pulmão é o órgão mais afetado. Se a falência for no ventrículo direito, o mais afetado é o fígado.
Hemorragia
	É a saída de sangue dos vasos e do coração, causada por fatores externos (traumas), internos (aterosclerose, aneurisma, hipertensão arterial), por deficiência de plaquetas ou de outro fator relacionado à coagulação.
	As hemorragias podem ser:
Petéquias – hemorragias puntiformes;
Víbices – hemorragias lineares;
Púrpuras – hemorragias maiores, com até 1cm, e bordas regulares;
Equimoses – hemorragias maiores e irregulares;
Hematomas – hemorragias com aspecto tumoral.
Quando ocorrem em cavidades corpóreas, recebem nomes especiais:
Hemotórax – em cavidades pleurais;
Hemopericárdio – no saco pericárdio;
Hematoperitônio – na cavidade peritoneal.
Normalmente, a hemorragia é detida pela vasoconstrição, pela ação das plaquetas (agregação) e pela coagulação sangüínea. Essa ação integrada é chamada de hemostasia, e ocorre em vasos de pequeno e médio calibre. Em artérias de grosso calibre, a força da corrente sangüínea é muito grande e impede a formação da “rolha” de plaquetas. Dessa forma, mesmo com a vasoconstrição, a hemorragia não cessa, a menos que haja intervenção cirúrgica.
Trombose
	É quando ocorre coagulação sangüínea no sistema vascular, sem que tenha havido hemorragia. Pode ocorrer por:
Alterações da parede vascular – ocorre por lesão das células endoteliais;
Alterações do fluxo sangüíneo – com a diminuição da velocidade do fluxo ou com a formação de correntes e redemoinhos, que costumam ocorrer em casos de doenças do coração;
Alterações nos constituintes do sangue – aumento do número de plaquetas, que pode ocorrer após o parto ou cirurgias.
Os trombos podem ser classificados de acordo com sua cor:
Trombos brancos – constituídos principalmente por plaquetas e fibrina, dispostas em camadas e entremeadas por hemácias, tendo uma aparência lamelar. Ocorrem em artérias e cavidades cardíacas.
Trombos vermelhos – são úmidos e gelatinosos, semelhantes a um coágulo. Constituem-se principalmente de hemácias. Ocorrem nas veias.
Trombos mistos – são os mais comuns. Caracterizam-se pela associação de camadas fibrinosas (brancos) e de coagulação (vermelhos).
Embolia
	É o transporte de fragmentos de trombo, gordura, gases ou outras substâncias, pelo sangue, para lugares diferentes de seu ponto de origem. A grande maioria das embolias (99%) é causada pelo transporte de fragmentos de trombos, sendo chamadas de tromboembolismo. Pode ocorrer tanto na circulação pulmonar quanto na sistêmica, sendo que a embolia pulmonar é a mais comum e uma das mais graves, podendo ser fatal. Além das tromboembolias, as embolias podem ser:
Embolia gasosa – causada pela presença de ar no sangue, que forma bolhas. Pode ser causada em casos de descompressão rápida em mergulhadores.
Embolia gordurosa – causada pela presença de glóbulos de gordura no sangue. Normalmente é causada por grandes fraturas em ossos longos.
Embolia de medula óssea – causada pela presença de fragmentos de medula óssea (gordura e células hematopoiéticas) no sangue. Ocorre em casos de fraturas ósseas.
Embolia de placas ateromatosas – causada por material originado da ulceração de placas ateromatosas, que caem na circulação e podem se alojar em pequenas artérias dos rins e do cérebro.
Embolia de líquido amniótico – causada quando o líquido amniótico penetra em seios venosos uterinos (rompidos), durante o trabalho de parto.
Infarto
	É uma área localizada de necrose isquêmica, geralmente produzida por trombose ou embolia. Podem ser anêmicos ou hemorrágicos. O anêmico (ou branco) resulta da oclusão de artérias e ocorre em órgãos compactos, como rins, coração e baço. O hemorrágico (ou vermelho) se caracteriza por áreas de necrose associadas à hemorragia maciça. Ocorre pela oclusão venosa e afetam órgãos que possuem dupla circulação, como pulmões e intestinos.
	Os infartos apresentam forma de cunha, com o ápice voltado para o vaso ocluído de onde se originou, e com a base voltada para a superfície do órgão. No infarto branco, a região afetada se apresenta mais pálida, e no hemorrágico mais escura. Microscopicamente, observa-se que a necrose do tecido é de coagulação, com exceção do tecido nervoso, onde a necrose é de liquefação.
Choque
	Um tipo bem mais complexo de perturbação circulatória periférica é o choque, ou colapso circulatório, que consiste em alterações progressivas na difusão entre o sangue e os tecidos, podendo causar uma agressão irreversível na fisiologia celular. As principais causas do choque são:
Diminuição do volume sangüíneo – é o choque hipovolêmico. Pode ocorrer porhemorragia interna ou externa, ou pela perda excessiva de líquidos (queimaduras, diarréias, vômitos).
Vasodilatação periférica – a vasodilatação generalizada de pequenos vasos, causa a diminuição do retorno venoso e diminui o débito cardíaco (insuficiência circulatória periférica). Ocorre em casos de choque endotóxico (choque séptico, choque anafilático e choque neurogênico).
Diminuição acentuada do débito cardíaco – é o choque cardiogênico. Ocorre no infarto agudo do miocárdio, miocardite aguda, ruptura do coração e arritmia.
Obstrução aguda do fluxo sangüíneo – ocorre pela obstrução de artérias (cone da pulmonar e seus principais ramos) por êmbolos, ou pela obstrução da valva mitral por trombos.
O choque pode produzir lesões, causando o comprometimento do órgão afetado:
Coração – as lesões podem ser de dois tipos: necroses e hemorragias subendocárdicas e subpericárdicas ou lesões zonais (ou em faixas) do miocárdio.
Pulmões – são resistentes à isquemia, portanto são pouco lesados no choque hipovolêmico puro, sendo lesados em casos de traumas ou septicemia.
Rins – as lesões se localizam nos túbulos renais.
Supra-renais – apresentam exaustão lipídica e necrose das células corticais.
Tubo digestivo – podem ocorrer necroses e hemorragia focal da mucosa.
Fígado – pode ocorrer necrose centrolobular e esteatose.
Cérebro – as lesões cerebrais variam de acordo com as células atingidas, mas no conjunto constitui a encefalopatia hipóxica.
Distúrbios da dinâmica e distribuição dos líquidos
Edema
	É o aumento da quantidade de líquido intersticial dos tecidos ou das cavidades do organismo. Caracteriza-se pelo aumento do volume dos tecidos, que cedem a pressão local, originando uma depressão que leva algum tempo para desaparecer. Microscopicamente se observa um acúmulo de líquido entre as células.
	O edema pode ser causado por:
Alterações da parede capilar – aumento da permeabilidade da parede, permitindo passagem de água, íons e proteínas para o interstício.
Diminuição da pressão oncótica do plasma – na hipoproteinemia, ocorre baixa da pressão osmótica do plasma, o que leva a saída de água e íons para o interstício (diferença de concentração).
Aumento da pressão hidrostática do sangue – quando isso ocorre, eleva a pressão da filtração, produzindo o edema. Está relacionado com a dificuldade no retorno do sangue venoso.
Retenção de sódio – provoca expansão do líquido intravascular causando o edema.
Diminuição da drenagem linfática – por algumas patologias, ocorre a obstrução dos vasos linfáticos, interrompendo o fluxo em seu interior. Ex: filariose, que pode produzir elefantíase.
O edema pode ser localizado ou generalizado. Quando é generalizado, se caracteriza pelo aumento de líquido intersticial em vários órgãos (ou em todos). O localizado ocorre localmente, podendo ser a manifestação de um generalizado.
Quando o edema é inflamatório, seu líquido é rico em proteínas e macromoléculas, e chamamos de exsudato. Acumula-se no interstício da área inflamada. Quando não é inflamatório, é pobre em proteínas e não possui macromoléculas, e chamamos de transudato. O transudato se acumula em cavidades como a pleura, peritônio e pericárdio.
Inflamações Aguda e Crônica
	A inflamação é uma reação local dos tecidos a uma agressão. É uma resposta inespecífica com a função de limitar os efeitos desta agressão. Quando o processo inflamatório está instalado a pouco tempo, é inflamação aguda. Quando está há muito tempo, é crônica.
Na inflamação aguda, há o predomínio de fenômenos exsudativos, que ocorrem com a alteração da permeabilidade vascular. É quando ocorre o edema, com presença de fibrina, leucócitos (neutrófilos) e hemácias. Na crônica, ocorrem os fenômenos produtivos, que são a proliferação de vasos, fibroblastos, migração de monócitos e linfócitos. Alguns antígenos, como o da tuberculose, não passam pela fase aguda. São resistentes e já entram direto na fase crônica.
	Os sintomas que caracterizam a inflamação são: dor, calor, tumoração (inchaço, edema) e rubor, que são os quatro sinais cardinais da inflamação. Outra característica é a perda da função local, sendo considerada o quinto sinal cardinal da inflamação. O rubor e o calor ocorrem em decorrência do aumento da circulação local (vasodilatação). O tumor é conseqüência do acúmulo de líquido intersticial no local inflamado. O acúmulo de substâncias biológicas, que atuam nas terminações nervosas locais, provoca a dor. O somatório de todos esses fatores (principalmente do edema e da dor) causa a perda da função.
Fases da inflamação
	Possui três fases:
Fase alterativa – são as alterações locais produzidas por uma agressão (lesão, corte, etc.).
Fase exsudativa – são as alterações vasculares, causadas pela vasodilatação. A vasodilatação é causada por aminas vasoativas (histaminas e serotoninas) liberadas principalmente por mastócitos e basófilos.
Fase produtiva – caracteriza-se pela proliferação local de vasos e células (fibroblastos), com a função de reparar os danos causados pela agressão e pela fase exsudativa.
Componentes celulares do exsudato
	Com o aumento da permeabilidade vascular, ocorre o favorecimento da distribuição de leucócitos pela área inflamada, através da diapedase. Esses leucócitos migram para o foco da agressão, atraídos por quimiotaxia.
	As primeiras células a migrarem são os polimorfonucleares (de núcleo segmentado), os neutrófilos. São células fagocitárias que se originam da medula óssea. Fagocitam bactérias e células mortas. São ativados pela quimiotaxia. Possuem grânulos que contém enzimas fagocíticas que também podem ser liberadas no interstício, agindo nos tecidos inflamados.
	A segunda célula a migrar é o monócito, que, nos tecidos, origina os macrófagos. Os macrófagos são células fagocíticas, apresentadoras de antígenos. Podem originar as células epitelióides (macrófagos especializados, que aumentam de tamanho, diminuem sua capacidade fagocitária e liberam substâncias líticas para o interstício) e as células gigantes (fusão de vários macrófagos). As células gigantes podem ser de corpo estranho (fagocitam corpos inertes) ou de Langerhans (fagocitam antígenos). Na de corpo estranho, seus núcleos ficam dispostos por todo o citoplasma. Já na de Langerhans, os núcleos são periféricos. As células epitelióides surgem quando o número de bactérias é muito grande e apenas fagocitando não se consegue resolver o problema. Os macrófagos recebem nomes especiais, dependo do tecido ou órgão em que estão atuando: células de Kupffer (fígado), micróglia (tecido nervoso), osteoclastos (tecido ósseo) e células de Langerhans, na pele.
	A próxima célula a migrar é o eosinófilo, que também é uma célula fagocítica. Fagocita complexos antígeno-anticorpo e são muito encontrados em reações de hipersensibilidade. Possuem substâncias bloqueadoras de histamina, colaborando para a recuperação da área lesada e na moderação das reações alérgicas.
	As próximas a migrarem são os linfócitos seguidos das plaquetas e hemácias (em menor número). Em casos mais graves, quando ocorre uma vasodilatação exagerada, há passagem de muitas hemácias, causando a inflamação hemorrágica. Os linfócitos podem ser do tipo T e do tipo B. Os linfócitos B irão originar os plasmócitos. Estão relacionados à resposta imune, se originam da medula óssea e se maturam nos órgão linfóides. Tem participação nas inflamações relacionadas à resposta imune, sendo ou não originariamente de resposta imunológica.
	Além destas células, também temos os basófilos e os mastócitos. Não são células do exsudato inflamatório, mas desempenham funções importantes na inflamação. Ambos se originam da medula óssea. Dentro destas células encontramos grânulos contendo aminas vasoativas (histamina e serotonina – a segunda apenas em roedores) e outras substâncias (heparina). Em sua membrana, possuem receptores para IgE, desempenhando importante papel em reações de hipersensibilidade, pois nas inflamações de fundoalérgico, a imunoglobulina que atua é a IgE. Ao se ligarem aos mastócitos (a IgE), ocorre a liberação dos grânulos de histamina e serotonina, o que provoca a vasodilatação. Em casos graves, provoca o choque anafilático, pois com doses altas de IgE há vasodilatação generalizada. O choque anafilático mata, pois há muitos mastócitos na glote. Com o edema generalizado, causado pela liberação maciça de histamina, ocorre o fechamento da glote e a pessoa morre por asfixia e problemas circulatórios.
OBS: Os monócitos e os linfócitos produzem citocinas, que são compostas por peptídeos. As citocinas participam da resposta inflamatória atuando como mediadores.
Classificação quanto ao tipo de exsudato
	As inflamações agudas podem ser classificadas de acordo com o tipo de exsudato que apresentam:
Inflamações serosas – quando o exsudato é composto predominantemente de líquido. Ocorrem em cavidades como a pleura, peritônio, pericárdio e cavidades articulares. Diferenciam-se dos transudatos pela presença de macromoléculas como a albumina, hemácias e neutrófilos. As bolhas que se formam na pele (queimaduras) também são inflamações serosas.
Inflamações fibrinosas – quando o exsudato contém muitas proteínas, inclusive o fibrinogênio.
Inflamações pseudomembranosas – quando contém pseudomembranas. Comuns na faringe e no tubo digestivo.
Inflamações hemorrágicas – quando os componentes principais do exsudato são hemácias. Ocorrem quando o comprometimento vascular é grave, com muita destruição da parede dos vasos.
Inflamações supurativas ou purulentas – quando contém muitos neutrófilos. Um bom exemplo são as espinhas. As cavidades cheias de pus são chamadas de abscessos.
As inflamações agudas podem ter quatro tipos evolução: resolução (quando removendo o agressor tudo volta ao normal); cicatrização (quando há destruição do tecido e este é reparado surgindo a cicatriz); formação de abscesso (quando agentes piogênicos – formadores de pus – se instalam profundamente nos tecidos); e progressão para a inflamação crônica (quando o agente inflamatório não é eliminado pelo processo inflamatório agudo).
Inflamação Crônica
	É uma inflamação de longa duração e não apresenta, ou apresenta pouco, os sinais cardinais. É a soma das reações do organismo contra um agente agressor que não foi eliminado pelos mecanismos da inflamação aguda. Pode ser específica ou inespecífica.
A específica é a em que o arranjo microscópico (a morfologia desta lesão) sugere a presença de um agente etiológico. Esse arranjo é chamado de granuloma (nódulo concêntrico). A inespecífica não possui esse arranjo. No centro do granuloma encontra-se o agente causador da inflamação. No caso da tuberculose, ocorre necrose caseosa (de caseificação) no centro do granuloma. Em volta do granuloma, encontramos macrófagos, células epitelióides, células gigantes, linfócitos, mastócitos, fibroblastos, etc. Os fibroblastos produzem fibras colágenas, que formam o envoltório do granuloma. Com a proliferação dos fibroblastos e de vasos (angiogênese) surge o tecido de granulação. Ele origina uma crosta de fibrina, quando a lesão é na pele ou em mucosas, formando a “casca da ferida”, que é a fibrina (sintetizada pelos fibroblastos) ressecada.
As inflamações crônicas se caracterizam, além da longa duração e ausência dos sinais cardinais, pela predominância de células mononucleares (linfócitos, macrófagos, plasmócitos) e pela proliferação de fibroblastos e vasos. Podem ser causadas por agentes inertes, onde o corpo estranho é envolvido pelo tecido de granulação, formando o granuloma de corpo estranho; podem ser causadas por agentes piogênicos, quando um abscesso em órgão sólido se torna crônico; também podem ser causadas por agentes antigênicos, podendo ser específica ou inespecífica (como já foi explicado anteriormente).
Lesões Celulares Reversíveis
	Quando o equilíbrio homeostático das células é rompido por uma agressão, as células podem se adaptar, sofrer uma regressão ou morrer. Ou seja, ao sofrer uma agressão, a célula pode se recuperar (lesão reversível) ou morrer (lesão irreversível). Quando a lesão é reversível, a célula pode evoluir para uma recuperação ou não. Essa degeneração pode ser causada por acúmulos de diversos fatores:
Degeneração hidrópica – acúmulo de água. Ocorre pela ineficácia da mitocôndria, que provoca falta de ATP para o funcionamento da bomba de sódio/potássio, causando entrada de sódio na célula. Junto com o sódio entra a água, causando o inchaço da célula. O núcleo permanece em sua posição normal. O órgão afetado se apresenta pálido, com aumento de volume e peso e perda do brilho. Microscopicamente, a célula apresenta-se com vacúolos pequenos e claros e pequenos grânulos no citoplasma.
Degeneração gordurosa – esteatose. Acúmulo de gordura. Em patos, para fabricação de patê de fígado, os criadores os superalimentam com gorduras. A gordura é metabolizada no fígado, que fica saturado e cria um acúmulo de gordura nos hepatócitos. Neste caso, o núcleo da célula migra para a periferia. O órgão apresenta-se amarelado, com consistência amolecida. Microscopicamente, vê-se gotículas de gordura próximas ao retículo endoplasmático.
OBS: Na coloração por HE, se identifica o tipo de degeneração pela posição do núcleo. Se usar o método Sudan, a gordura fica corada de preto.
Degeneração hialina – acúmulo de proteína. Pode ser extracelular (conjuntivo-vascular) ou intracelular (goticular). A extracelular é encontrada em cicatrizes antigas, decorrentes de inflamações. A hialina é acidófila, cora-se pela eosina, de rosa. As cicatrizes recentes são avermelhadas e tumefeitas (pela quantidade de vasos, água e tecidos). Com o tempo, a cicatriz torna-se branca. Microscopicamente, verifica-se a pouca quantidade de fibroblastos na cicatriz branca, e compactação das fibras colágenas, tendo um aspecto de massa homogênea hialinizada. Nas degenerações hialinas intracelulares, a substância hialina é encontrada dentro da célula, na forma de gotículas no citoplasma. Ocorre muito no rim, podendo ser intratubular – extracelular – (cilindros hialinos – pois ao se acumular nos túbulos, que são cilíndricos, assumem essa forma) ou intracitoplasmática – intracelular – nas células dos túbulos renais. Normalmente causadas por proteinúria.
OBS: Um tipo especial de degeneração hialina intracelular é a degeneração Cérea de Zenker. Ocorre nas células musculares estriadas de músculos como o diafragma, os retroabdominais e gastrocnêmio, em casos de doenças febris graves, como a febre tifóide, difteria, leptospirose, septicemia e choque anafilático. O sarcoplasma deste músculos se coagula, perdem a estriação e apresentam um aspecto róseo, hialino. Macroscopicamente se mostram opacos, pálidos, semelhantes a cera de abelha (daí o nome cérea).
Degeneração amilóide – acúmulo de proteínas que funcionam como amido (por isso o nome amilóide – semelhante ao amido – que é uma fonte de energia, carboidrato). Ocorre muito no baço, onde ficam depositados vários pontinhos brancos na arteríola nodular da polpa branca. Outro local onde ocorre depósito é no fígado, no espaço de Disse, onde ocorre depósito de substância amilóide, comprimindo os hepatócitos e capilares sinusóides, comprometendo a circulação e podendo necrosar as células. O baço com degeneração amilóide é chamado de baço Sagú (do sagú do milho), com nódulos brancos distribuídos pelo parênquima. O fígado é chamado de fígado lardáceo (semelhante a um toucinho), apresentando-se branco e endurecido. Microscopicamente, apresenta substância amilóide em volta dos capilares sinusóides (no fígado), ou depositada nas arteríolas nodulares da polpa branca, no baço. É corada por Vermelho Congo.
Degeneração glicogênica – acúmulo de glicídios, carboidratos. Ocorre por alteração no metabolismo dos glicídios, o que pode levar a sua diminuição intracelular, sendo comum em indivíduos desnutridos, ou por alteração em sua utilização, como ocorre em diabéticos ou obesos. Pode ocorrer, também, por seu armazenamentoanômalo, como ocorre em síndromes genéticas de defeito metabólico na síntese do glicogênio, causando seu acúmulo intracelular. O glicogênio aparece em forma de gotículas no citoplasma. O núcleo permanece em posição normal. Para diferenciar a célula com degeneração hidrópica e com degeneração glicogênica, usa-se o PAS, que é um método histoquímico e não uma coloração. A água é PAS negativo e o glicídio PAS positivo.
Degeneração mucóide – acúmulo de muco. Ocorre em células epiteliais que produzem muco. Apresenta um aspecto (macroscópico) gelatinoso e viscoso. Comum em inflamações catarrais. Há acúmulo excessivo de muco no interior da célula. Deslocando o núcleo, sendo chamada de células em anel de sinete.
Lesões Celulares Irreversíveis – Necroses
A morte celular é a perda irreversível da capacidade da célula em manter suas atividades e sua homeostasia (seu equilíbrio com o meio). Após sua morte, provocada por uma agressão (nutricional, genética, química, física, biológica), a célula passa a desencadear uma série de fenômenos bioquímicos (funcionais e morfológicos), denominados de necrose celular. Essa necrose pode ocorrer por ações de enzimas da própria célula – autólise; ou por enzimas extracelulares, originadas de macrófagos e leucócitos – heterólise.
Dinâmica da morte e necrose celular
	Ao sofrer uma agressão, a célula tenta se recuperar. Se essa agressão cessar, a célula pode conseguir voltar ao normal. Caso não consiga, ela entra em processo de necrose. As principais alterações são a dilatação do retículo endoplasmático, a condensação da cromatina e o surgimento de um edema celular (aumenta a quantidade de água no citoplasma). Em seguida ocorre a condensação das mitocôndrias, a célula incha um pouco mais e a membrana apresenta tumefações bolhosas e irregulares. Após estes eventos, se dá a morte celular, onde não há mais como a célula se recuperar, mesmo que o estímulo agressor seja retirado. É o começo do processo de necrose, onde começa a degradação da célula por autólise e há desnaturação protéica.
	O edema celular é causado pela falta de ATP, que diminui o funcionamento da bomba de sódio/potássio, provocando a entrada de sódio e saída de potássio. Também causa a entrada de cálcio. Com isso, ocorre aumento do gradiente osmótico no interior da célula, provocando entrada de água, que se acumula nas cisternas do retículo endoplasmático, causando dispersão dos polissomos e diminuição da síntese protéica. Os lisossomos se incham e, posteriormente, liberam suas enzimas, que promovem a degradação dos constituintes celulares. A entrada do cálcio ativa fosfolipases endógenas, que degradam fosfolipídios da membrana.
O processo de destruição do núcleo da célula (sendo as células chamadas de “cidade-fantasma”) se divide em: picnose – queda do pH, ocorrendo retração do núcleo (diminui a produção de RNA) – é a fase inicial da lesão celular irreversível; cariorrexe – fragmentação da cromatina por enzimas lisossomais; cariólise – destruição do núcleo.
Organelas na agressão celular
	As mitocôndrias são muito sensíveis a agressão celular. Com a queda de ATP, há perda dos grânulos da matriz, seguida da condensação da mesma, com perda de suas membranas internas. Ocorre entrada de água provocando o inchaço da organela. Há agregação de proteínas desnaturadas, provenientes da matriz e depósito de cálcio e fosfatos, o que transforma a organela em uma massa amorfa.
	O retículo endoplasmático sofre dilatação de suas cisternas, que são preenchidas por água e íons. Há dispersão dos ribossomos e polissomos para o citoplasma, reduzindo a síntese protéica. Os fosfolipídios da membrana sofrem peroxidação, sendo liberados e originando formações laminares chamadas de figuras de mielina, que podem ser observadas em microscópio eletrônico.
	Os lisossomos sofrem alterações tardias, após a morte celular. Surgem vacúolos autofágicos, onde detritos de organelas se encontram dentro de um saco composto por membranas duplas (uma interna e outra externa). A membrana externa pode se fundir com lisossomos primários ou secundários, originando os corpos residuais. Finalmente, as membranas dos lisossomos primários e secundários se rompem, liberando enzimas para o citoplasma e para o meio extracelular. Estas enzimas podem ser medidas no sangue e auxiliar no diagnóstico clínico de várias doenças.
Causas de necrose
	Pode ser causada por:
Problemas de oxigenação:
Hipoxia (baixa de oxigênio – anemia, envenenamento, insuficiência cardio-respiratória), anoxia (ausência de oxigênio – afogamento, pré-parto), isquemia (falta de circulação – trombos, êmbolos, aterosclerose, compressões) ou por radicais livres (derivados do oxigênio, induzem lesões celulares, principalmente em membranas).
Agentes físicos:
Mecânicos (traumatismos), temperatura (frio ou calor extremos), variações repentinas de pressão atmosféricas, radiações ionizantes (produzem radicais livres), correntes elétricas.
Agentes químicos:
Venenos (mercuriais, arsênico, cianeto, fenóis, CCl4 – tetracloreto de carbono, agentes alquilantes, etc.), drogas medicamentosas, drogas não-terapêuticas (álcool, narcóticos), poluição do ar (tabagismo, pneumoconioses), inseticidas, herbicidas, CO (monóxido de carbono), agentes inócuos em proporções inadequadas (manitol, sódio, glicose, oxigênio) – pois perturbam o equilíbrio homeostásico da célula.
Agentes biológicos:
Vírus (citolíticos, citopáticos e oncogênicos), rickettsias, bactérias (endotoxinas e exotoxinas), metazoários e fungos.
Mecanismos imunes:
Imunidade humoral (células B) e imunidade celular (células T). O sistema imune pode causar injúria celular, em alguns casos, como na reação anafilática e em enfermidades auto-imunes (quando o organismo produz anticorpos contra antígenos do próprio corpo).
Distúrbios genéticos:
Hereditários ou adquiridos. Distúrbios genéticos causam lesões celulares, podendo produzir pequenos erros metabólicos e malformações congênitas (pois a célula é mal programada para seguir sua diferenciação normal).
Distúrbios nutricionais:
Avitaminoses (escorbuto, xeroftalmia) e desnutrição protéico-calórica (marasmo e Kwashiorkor). O excesso de alimentos, em especial lipídios, causa lesões celulares, acelerando a aterosclerose.
Envelhecimento:
O envelhecimento natural pode ser uma forma pré-programada de morte celular. Algumas doenças provocam envelhecimento acelerado, como a síndrome de Down.
Padrões morfológicos
	Morfologicamente as necroses podem ser: de coagulação, liquefação, caseosa, gordurosa, gomosa, hemorrágica, fibrinóide e gangrenosa. Alguns autores classificam em apenas quatro tipos, que seriam: de coagulação (incluindo a hemorrágica e a gomosa) sendo a gangrenosa uma evolução desta, de liquefação, caseosa e gordurosa. A fibrinóide seria um somatório de mais de um mecanismo.
Necrose de coagulação
	É a mais comum. Na coagulação ocorre precipitação de proteínas no sangue, entupindo os vasos. A área morta aparece, macroscopicamente, de cor amarela pálida, sem brilho, com limites precisos e forma irregular. Também é conhecida como necrose isquêmica. O termo coagulação se refere ao aspecto físico da célula morta, que passa de estado líquido a gel (sólido), por perda de água e coagulação protéica, que ocorre pela ação de enzimas. O núcleo passa pelas fases de picnose, cariorrexe e cariólise. Histológicamente, se caracteriza pela conversão da célula em um arcabouço acidofílico opaco com perda do núcleo, mas com preservação da forma da célula, o que permite a identificação dos contornos celulares e da arquitetura do tecido. A acidofilia do citoplasma destas células é verificada pela coloração por HE, onde a eosina tem afinidade as proteínas desnaturadas e aos radicais ácidos que se acumulam na célula necrótica.
	Além da isquemia, outra causa de necrose de coagulação é o choque, que induz hipoxia em diferentes órgãos (comumente fígado e rim).
Necrose de liquefação
	Apresenta área necrótica de consistênciamole, liquefeita. Essa necrose resulta da ação de enzimas muito poderosas, que produzem a dissolução rápida e total do tecido morto. A isquemia do tecido nervoso é por liquefação, por maior presença de lipídios que de proteínas no SNC, o que dificulta a coagulação e facilita seu amolecimento (liquefação por autólise). Outro exemplo deste tipo de necrose é a produzida por bactérias piogênicas, onde as enzimas das bactérias e das células de defesa imunes contribuem para a digestão proteolítica do tecido lesado. Há produção de pus, que é um processo supurativo, onde encontramos neutrófilos e bactérias mortas.
OBS: Abscesso é quando ocorre inflamação (processo supurativo) em uma área localizada num órgão. Flegmão é quando o processo inflamatório é difuso, sem limites definidos. Empiema é quando a inflamação ocorre em uma cavidade natural do organismo (torácica, vesícula biliar, etc.).
Necrose caseosa
	Apresenta-se como uma massa amorfa, sem brilho, esbranquiçada, de consistência pastosa, friável e seca. É na verdade uma mistura de necrose de coagulação com a de liquefação. É a marca registrada da infecção por bacilo de Koch, causador da tuberculose.
	Microscopicamente, se constitui por uma massa eosinófila com muitos restos nucleares fragmentados, dando a necrose uma aparência suja, com a perda dos contornos celulares (cria-se um aglomerado de material granular amorfo).
Normalmente, surge um granuloma com área acidófila no centro (com a bactéria) e células inflamatórias ao redor, como as epitelióides, gigantes, macrófagos comuns, linfócitos. Outras infecções também podem apresentar aspecto de necrose caseosa, como a tularemia e a histoplasmose. Para comprovar se é tuberculose, procede-se a coloração por Ziehl-Neelsen, em amostra do material caseoso, e detecta-se se há presença de bacilos álcool-ácido resistentes. Caso haja, está confirmado o diagnóstico de tuberculose.
Necrose gordurosa
	Também conhecida como esteatonecrose, ocorre no tecido adiposo. Geralmente é produzida pela ação lítica de enzimas pancreáticas (necrose gordurosa enzimática). É causada por tumores ou inflamação aguda do pâncreas, ambas provocando destruição dos ácinos pancreáticos, liberando enzimas poderosas que causam a necrose dos tecidos gordurosos, liberando ácidos graxos. Estes podem sofrer saponificação, formando complexos com cálcio, criando os sabões de cálcio, que podem ser vistos macroscopicamente na gordura, na forma de depósitos amorfos, esbranquiçados, de consistência dura e cor basófila, pela HE.
Pode, também, ser causada por agressão mecânica traumática no tecido gorduroso (necrose gordurosa traumática). Normalmente ocorre no subcutâneo de pessoas obesas, na maioria das vezes na mama. Ocorre, também, na gordura subcutânea e peritoneal de gado transportado inadequadamente em trens e caminhões.
	Em ambos os casos, a aparência macroscópica é como pingos de vela ou depósitos de giz branco sobre o tecido adiposo. Histologicamente, apresenta focos necróticos, com contornos imprecisos da célula gordurosa morta, cujo conteúdo lipídico foi lipolisado.
Conseqüências
	Variam de acordo com causa da necrose, da extensão da área lesada e do órgão lesado. Por exemplo, no baço podem ocorrer extensas áreas lesadas, que não provocam maiores danos a saúde do indivíduo. Mas pequenas áreas necrosadas no sistema de condução do coração, levam o indivíduo a morte.
Alterações cadavéricas.
	Com a morte do organismo, uma série de alterações ocorrem no corpo. Essas alterações seguem uma seqüência:
Algor mortis: é o frio da morte, o resfriamento do corpo, que ocorre pela parada dos processos metabólicos e pela perda das fontes de energia, o que faz com que o organismo pare de produzir calor. A temperatura do corpo cai, em média, 1oC por hora, o que permite que se identifique a hora aproximada da morte do indivíduo. Pode sofrer algumas diferenças por influência da idade do indivíduo (idosos e neonatos resfriam mais rápido que adultos), panículo adiposo (a gordura é isolante térmico), temperatura ambiente, circulação de ar e se o cadáver estiver em meio líquido (perdem calor mais devagar).
	Rigor mortis: é a rigidez cadavérica. Ocorre pela contração muscular, deixando os músculos rígidos, o que se dá pela falta de ATP, formando pontes de ligação entre actina e miosina, mantendo o músculo contraído. Surge após 2 a 3 horas da morte, durando até 12h (quando começam a se desfazer as pontes, por degradação). Inicia-se pela cabeça, seguindo pela região cervical, tronco e membros, desaparecendo pela mesma ordem. O rigor mortis sofre influência da idade (desaparece mais rápido em neonatos e aparece precocemente em idosos), de doenças (aparece mais cedo em caquéticos, é mais duradoura em indivíduos fortes), da temperatura (em extremos, como 0oC ou 70oC, determinam rigidez imediata, baixas ou altas abreviam o aparecimento e temperaturas medianas fazem com que siga a ordem normal).
	Livor mortis: são as manchas cadavéricas, que se iniciam rosadas e vão ficando roxas. Ocorrem pela perda do tônus das vênulas e capilares. Nas primeiras duas ou três horas da morte, se trocar o cadáver de posição, as manchas podem mudar de localização, também. Após esse período, não mudam mais.
	Alterações oculares: as pálpebras ficam entreabertas, os globos oculares retraídos, a córnea perde o brilho e as pupilas ficam dilatadas.
	Putrefação: é a auto-digestão de tecidos e órgãos por enzimas do próprio organismo (autólise), juntamente com a invasão e multiplicação de bactérias. Passa por fase de evolução, que são: período de coloração (o cadáver fica esverdeado, progredindo para uma coloração escura, enegrecida), período gasoso (os gases originados da putrefação formam bolhas na pele), período liquefativo (dissolução pútrida do cadáver – as partes moles diminuem de volume em conseqüência da autólise) e período de esqueletização (a desintegração dos tecidos reduz o corpo ao esqueleto ósseo e aos ligamentos articulares).
	O conhecimento destas alterações é importante para o patologista e para o médico legista, possibilitando interpretar os fenômenos e formar um diagnostico correto.
Pigmento e Pigmentação Patológicos
O acúmulo anormal de pigmentos, ou a sua diminuição, podem ser indicativos de que a célula sofreu agressões. São sintomas de anormalidade nos tecidos e células. É importante ressaltar que a patologia das pigmentações centra-se no fato de que estão presentes não somente cores diferentes no local, mas também, e principalmente, substâncias estranhas aos tecidos, provocando as chamadas reações inflamatórias.
A pigmentação patológica pode ser exógena, cujos pigmentos são de origem externa ao organismo, ou endógena, formada a partir de pigmentos naturais do corpo. Os agentes pigmentadores exógenos constituem, antes de tudo, fatores de agressão, ao contrário dos agentes pigmentadores endógenos, naturais no organismo, cuja presença indica que o tecido está sofrendo algum tipo de agressão, não necessariamente provocado pelo pigmento.
Exógenos
Pneumoconioses: as pigmentações exógenas são geralmente causadas pela inalação de compostos presentes em poeiras minerais ou orgânicas, tornando-se visíveis no sistema respiratório e nos linfonodos que drenam esse sistema. Essas pigmentações patológicas do sistema respiratório são chamadas de pneumoconioses, entre elas a antracose e a siderose.
Antracose: pigmentação por sais de carbono (ex: poeira de carvão). A antracose em si não gera grandes problemas, mas sua evolução pode originar disfunções pulmonares graves, principalmente em animais de cidade grande, em contato constante com a poluição. Cor: varia do amarelo-escuro ao negro. 
Siderose: pigmentação por óxido de ferro, comum em trabalhadores de minas. Hoje em dia, mulas e burros não são mais usados em minas, sendo assim, não é comum encontrar esse tipo de pigmentação patológica em animais. Cor: ferrugem. 
Argiria: pigmentação por sais de prata. Geralmente é oriunda de contaminação sistêmicapor medicação, manifestando-se principalmente na pele e na mucosa bucal. Cor: acinzentada a azul-escuro e enegrecida se a prata sofrer redução. 
Bismuto: Atualmente é rara de ser vista, sendo comum na terapia para sífilis. Cor: enegrecida
Tatuagem: feita por sais de enxofre, mercúrio, ferro e outros corantes. A fagocitose, feita por macrófagos, desses pigmentos pode provocar a transferência destes para linfonodos regionais. Cor: varia conforme o tipo de pigmento presente. 
Saturnismo: contaminação por sais de chumbo. Cor: azulada ou negra, dependendo da profundidade do tecido onde se encontra. Na gengiva, a contaminação por sais de chumbo ou bismuto produz uma coloração negra denominada de linha de Burton. 
Endógenas
Podem ser divididas em três grupos: grupo dos pigmentos hemáticos ou hemoglobinógenos, oriundos da lise da hemoglobina, grupo dos pigmentos melânicos, originados da melanina, e grupo dos pigmentos lipídicos.
Pigmentos hemáticos ou hemoglobinógenos
Esses pigmentos se originam da hemoglobina, proteína composta por quatro cadeias polipeptídicas e quatro grupos heme com ferro no estado ferroso (Fe++). Sua porção protéica é chamada de globina, consistindo de duas cadeias alfa e duas beta (as cadeias alfa têm forma helicoidal). A lise dessa estrutura origina os pigmentos denominados de hemossiderina e bilirrubina.
Hemossiderina: resultado da polimerização do grupo heme da hemoglobina, a hemossiderina é uma espécie de armazenagem do íon ferro cristalizado. Este se acumula nas células, principalmente do retículo endotelial. É originada da lise de hemácias, de dieta rica em ferro ou da hemocromatose idiopática (alteração da concentração da hemoglobina nos eritrócitos). Sua cor é amarelo-acastanhado. 
Porfirinas: pigmento originado semelhantemente à hemossiderina, sendo encontrado mais na urina em pequena quantidade. Quando há grande produção deste, pode ocasionar doenças denominadas de "porfirias". 
Bilirrubina: é o produto da lise do anel pirrólico, sem a presença de ferro. Conjugada ao ácido glucurônico pelo hepatócito, a bilirrubina torna-se mais difusível, não se concentrando nas células que fagocitam hemácias, o que provoca um aumento generalizado desse pigmento, denominado de icterícia. Tem sua origem nos casos de lise hemática, de doença hepatocítica ou de obstrução das vias biliares. Acredita-se, hoje, que a bilirrubina seja originada da hematoidina, pigmento que se cristaliza próximo às hemácias rompidas. 
Hematoidina: pigmento de coloração mais amarelada que a hemossiderina, apresentando granulação sob a forma de cristais bem nítidos. Também não possui ferro, semelhantemente à bilirrubina. Forma-se em locais com pouco oxigênio.
Esses pigmentos são naturalmente encontrados no organismo. Heterotopias ou heterometrias envolvidas com a produção deles, entretanto, indicam que há alguma alteração no metabolismo das hemácias ou dos hepatócitos, respectivamente para a hemossiderina e bilirrubina. 
Pigmentos melânicos
Produzida por melanoblastos, a melanina tem cor castanho-enegrecida, sendo responsável pela coloração das mucosas, pele, globo ocular, retina, neurônios etc. O processo de síntese da melanina é controlado por hormônios, principalmente da hipófise e da supra-renal, e pelos hormônios sexuais. Casos de alterações nessas glândulas podem acarretar em aumentos generalizados da melanina. Exposições aos raios ultra-violeta também provocam esses efeitos. 
Os aumentos localizados da melanina podem se manifestar sob as seguintes formas:
Melanose: presença de melanina numa localização anormal, tal como a pleura, meninge e coração. Não é uma lesão comum, sendo encontrada acidentalmente em necropsias e em inspeção de carcaças em matadouros. Os órgãos onde são encontradas essas lesões são condenados por razões estéticas, pois não há lesão funcional do tecido.
Melanomas: manchas escuras ou claras, tumorais. Podem ser benignas ou malignas, mas normalmente são malignas. Há o aumento da quantidade de melanócitos, os quais encontram-se totalmente alterados, originando o tumor maligno. Em geral, os melanomas podem ser destituídos de pigmentação melânica devido à natureza pouco diferenciada do melanócito. Neste caso, são chamados de melanomas amelanóticos.
Como diminuição localizada da pigmentação melânica tem-se:
Vitiligo: Causada pela diminuição da quantidade de melanócitos na epiderme, manifestando-se clinicamente como manchas apigmentadas. 
Albinismo: forma recessiva e autossômica. Os melanócitos encontram-se em número normal, mas não produzem pigmento.
Pigmentos lipídicos
	Derivam da oxidação e da polimerização de lipídios não saturados.
Ceróide: encontrado em macrófagos após lesões teciduais ou hemorragias (ou ambas), onde lipídios são liberados nos tecidos. O pigmento é marrom e granular, sendo originado da fagocitose parcial dos lipídios pelos macrófagos.
Lipofuscina: grânulos de cor marrom-amarelada no citoplasma de células parenquimatosas afetadas. São vacúolos autofágicos com lipídios parcialmente metabolizados. É causado por excesso de trabalho, formação de lipídios anormais ou por incapacidade da célula em metabolizar os lipídios.
Transtornos do Crescimento e da Diferenciação Celulares
	As células se adaptam funcional e morfologicamente a estímulos, alterações ambientais e a agressões. As principais respostas de adaptação são: regeneração, hiperplasia/hipertrofia, atrofia e metaplasia.
OBS: Atrofia – diminuição do volume da célula.
Hipertrofia – aumento do volume da célula (aumento do metabolismo da célula, produzindo mais organelas).
Hiperplasia – aumento do número de células, aumento da divisão mitótica.
Hipoplasia – diminuição do número de células, causando diminuição do volume do órgão.
Regeneração
	É quando as células se multiplicam para repor perdas teciduais. Sua eficácia depende do tipo de célula do tecido a ser reparado (se lábeis – se multiplicam por toda a vida; estáveis – se multiplicam em caso de necessidade; ou permanentes – não se multiplicam).
	O epitélio se regenera com muita facilidade. As células hepáticas, por exemplo, tem grande poder de regeneração.
	O tecido muscular liso possui células estáveis, podendo se regenerar durante o processo de cicatrização. Já o tecido muscular estriado possui células permanentes, não sendo capaz de se regenerar.
	O tecido nervoso também é de células permanentes (os neurônios), não sofrendo regeneração. Quando sofre uma lesão, o tecido lesionado é preenchido por células do tecido nervoso periférico.
	A regeneração do tecido conjuntivo se dá em diferentes níveis, dependendo da localização e do tipo de tecido. Os fibroblastos e as células endoteliais são as que se regeneram mais facilmente (reparação de feridas), sendo de fundamental importância a angiogênese (regeneração vascular). Primeiro as células se espalham sobre a lesão e depois se multiplicam.
	O tecido ósseo também possui alta capacidade de regeneração, pois os osteoblastos e osteoclastos são células que possuem atividade por toda a vida. Primeiro as células (osteoblastos) produzem um osso temporário, imaturo (com trabéculas). Em seguida os osteoclastos removem esse osso temporário, e ele é substituído, pelos osteoblastos, por um osso lamelar.
	Os adipócitos não se multiplicam (são permanentes), mas os adipoblastos e preadipócitos (semelhantes aos fibroblastos) podem produzir novas células gordurosas.
Estímulos para regeneração
	Fatores de crescimento que se difundem no microambiente – são polipeptídeos que atuam em receptores de superfície, agindo como hormônios locais de efeito parácrino ou autócrino – em células vizinhas ou na própria célula. Seus efeitos são: crescimento celular, proliferação ou inibição celular, diferenciação celular, viabilidade celular, ativação celular na inflamação, quimiotaxia e outros efeitos.
	Correntes elétricas – são geradas pela injúria (lesão). Têm sido usadas para estimular a regeneração óssea.
	Comunicaçãocélula-célula – são conectadas por junções comunicantes, por onde passam informações de células de áreas lesadas a outras não lesadas, estimulando o processo de regeneração.
	Estímulo nervoso – auxilia a regeneração de membros em anfíbios.
Atrofia
É o resultado da resposta adaptativa da célula a um estresse persistente. Esse estresse pode ser causado pela lei do uso e desuso (não usando, atrofia). Um exemplo clássico é quando se engessa uma perna ou um braço. Ocorre a atrofia do membro, sendo necessário o uso de fisioterapia. Também pode ser causado por insuficiência de nutrientes, por diminuição de volume sangüíneo (hipovolemia), por interrupção de sinais tróficos (SNC ou hormonal – paralisia, menopausa – que provoca atrofia do útero por ausência do ciclo menstrual, que por sua vez provoca hipertrofia e hiperplasia), por compressão (por acúmulo de líquidos ou outras estruturas), por inflamação crônica ou por envelhecimento.
	Retirado o agente causador do estresse, as células atrofiadas podem se recuperar e voltar ao normal.
OBS: Na aplasia e na agenesia o órgão não existe. Na agenesia não existe nem o primórdio embrionário do órgão, mas na aplasia existe. Na atrofia, o órgão existe, mas tem diminuição de volume, peso e função.
Hipertrofia
	É o aumento do volume das células, aumentando o volume do órgão. Esse aumento é resultado de uma maior síntese protéica, produzindo maior número de organelas.
	A hipertrofia pode ser fisiológica ou patológica.
	Um bom exemplo de hipertrofia fisiológica é o aumento do útero durante a gravidez, ocorrendo hipertrofia do miométrio. Outro exemplo é a hipertrofia da musculatura esquelética de atletas e trabalhadores braçais, pelo aumento da exigência de trabalho.
	As hipertrofias patológicas surgem por estímulos patológicos, como a hipertrofia do ventrículo esquerdo por esforço e aumento de trabalho devido a problemas cardiovasculares, como a estenose da valva aórtica. Macrófagos podem sofrer hipertrofia quando há maior atividade fagocitária.
Hiperplasia
	A hiperplasia é o aumento do número de células em um órgão. Pode ser fisiológica (para repor tecidos lesados) ou patológica. Na gravidez ocorre hipertrofia e hiperplasia fisiológicas. Normalmente estão associadas, pois os estímulos que atuam sobre a célula fazendo com que aumente de volume, também estimulam a síntese de proteínas, levando a aumento da divisão mitótica.
	Para a medicina veterinária, as hiperplasias importantes são a fisiológica, compensatória e patológica.
Um exemplo de hiperplasia fisiológica é a que ocorre na menstruação, onde ocorre hiperplasia das células do endométrio. A falta de estrogênio e progesterona provoca vasoconstrição dos vasos que nutrem o endométrio, causando falta de nutrientes, o que provoca a atrofia deste tecido, que necrosa e é expulso (a menstruação). Ocorrem por estímulos fisiológicos, como a ação hormonal.
A compensatória surge após a remoção (ou atrofia) de um órgão, ou parte dele, onde ocorre o aumento do outro órgão (em casos de órgão duplos, como o rim) ou da parte que permaneceu, para compensar sua ausência. Um exemplo é a que ocorre no fígado, após a hepatectomia parcial. Há um aumento da atividade mitótica dos hepatócitos, restaurando o órgão.
Hiperplasia patológica ocorre por estímulos patológicos, como estimulação hormonal excessiva (desequilíbrio hormonal). Podem provocar hemorragias anormais fora do período menstrual, hiperplasia de glândulas endócrinas controladas pela hipófise (quando esta está em hiperfunção – por neoplasias benignas, por exemplo), etc.
Metaplasia
	Metaplasia é quando ocorre alteração de um epitélio já formado (adulto), para outro tipo de epitélio (como ocorre no epitélio respiratório de fumantes). É um processo patológico, que ocorre em vários tipos de tecidos.
	A metaplasia pode ser epitelial ou mesenquimal.
	A epitelial ocorre após irritação crônica do epitélio e pode ser: escamosa (a mais freqüente, podendo ocorrer em qualquer epitélio de revestimento mucoso), apócrina (em glândulas exócrinas da mama), intestinal (gastrites crônicas, colecistites crônicas), antral (ocorre após gastrectomias parciais ou em inflamações crônicas da mucosa do corpo e do antro gástricos) ou decidual (em células do estroma da cérvix, trompa, ovário e endométrio).
	A metaplasia mesenquimal pode ser cartilaginosa (freqüente em cicatrizes, cápsula sinovial e em tecidos de pseudo-artrose) ou óssea (em qualquer tecido que haja depósito de cálcio ou em cartilagem).
	As metaplasias ocorrem para substituir células mais sensíveis ao estresse por outras mais resistentes. Podem se iniciar por três vias:
	Através de célula germinativa – envolve células germinativas imaturas indiferenciadas presentes nos tecidos, com a finalidade de substituir as células maduras que estão sofrendo agressão. Essas células proliferam e se diferenciam num tecido novo, morfologicamente diferente do original.
	Metaplasia direta – é quando ocorre a transformação de células já maduras e diferenciadas em outro tipo de células maduras e diferenciadas. Estas células passam a produzir substâncias diferentes, com funções diferentes das células originais.
	Metaplasia indireta – quando células maduras e diferenciadas deixam de ser diferenciadas (se transformam em indiferenciadas), proliferam e se diferenciam novamente em um outro tipo de células maduras.
	A metaplasia é reversível. Se o estímulo agressor for removido, o epitélio volta ao normal.
Displasia
	Displasia é uma desorganização celular (desenvolvimento desorganizado de células), onde encontram-se células com vários graus de atipia. É uma má formação de tecido, que pode ser causada por uma tentativa em repor um órgão lesionado. São muito comuns no colo uterino
	Podem ser leves (NIC I), moderadas (NIC II) ou graves (NIC III), também chamadas de carcinoma in situ. As displasias podem evoluir para lesões mais graves, principalmente as NIC III, que podem evoluir para neoplasias. Já as de NIC I tentem a regredir espontaneamente.
OBS: na neoplasia (benigna ou maligna), a célula neoplásica é uma célula alterada que ganha autonomia. Após o estímulo inicial que provocou a alteração, ela ganha a autonomia e, mesmo que cesse a causa (o estímulo), ela não para de proliferar. Na hiperplasia, cessado o estímulo, cessa o efeito, cessa a multiplicação. Os transtornos do crescimento e diferenciação celulares possuem relação de causa e efeito, portanto a neoplasia não é considerada como tal, sendo tratada diferencialmente. Na benigna, a hiperplasia é mais lenta e as células que proliferam são típicas (iguais às originárias do local). Na maligna, a hiperplasia é mais rápida e as células são atípicas.
Tecido Conjuntivo
	O tecido conjuntivo é encontrado por todo o organismo. É composto por diversos tipos celulares, separados por um abundante material intercelular (plasma, SFA e fibras) que é sintetizado pelas próprias células. Nele encontramos os vasos sangüíneos e linfáticos, assim como o líquido intersticial. O líquido intersticial possibilita que as células vivam em meio aquático e, através desse meio, os nutrientes são transportados para os tecidos, assim como os metabólitos destes tecidos são recolhidos para os vasos, para serem excretados.
	Esse sistema vásculo-conectivo é muito importante para o mecanismo da inflamação (já que é através dele que as células inflamatórias chegam ao tecido agredido) e para a promoção dos reparos da região lesionada.
	O tecido conjuntivo é originário do mesênquima embrionário, que também origina o sangue e o sistema vascular. Juntos formam um estroma de sustentação, defesa e nutrição para os diversos órgãos e tecidos que compõem o organismo, promovendo uma conexão entre eles. Além disso, o tecido conjuntivo possui um papel essencialmente dinâmico, multiforme e complexo, já que é composto por uma enorme variedade de moléculas que funcionam como receptores de fatores de crescimento, hormônios, citocinas, etc.,permitindo a adesão, retenção, movimentação, diferenciação fenotípica e alteração funcional de células. Suas células possuem a mesma composição genômica e o mesmo potencial para formar os diferentes componentes da matriz extracelular, além de poderem se diferenciar umas nas outras. Essa matriz retém sódio, mantendo o tecido hidratado, facilitando a circulação do líquido intersticial.
	As células do tecido conjuntivo, além de promoverem a síntese da matriz (fibrogênese), também efetuam sua degradação (fibrólise). Essas ações se mantêm em equilíbrio. Quando ocorre um predomínio da fibrogênese, há um acúmulo de matriz, que é denominado de fibrose. Normalmente, quando isso ocorre, cessa o estímulo a fibrogênese e se inicia uma promoção a fibrólise, para que haja a remoção da fibrose.
	O tecido conjuntivo se divide em vários tipos, sofrendo algumas alterações fisiológicas e estruturais em sua composição (células e matriz extracelular):
Tecido conjuntivo fibroso – é o mais abundante. Possui consistência variada, de acordo com o arranjo de suas fibras colágenas, podendo ser denso ou frouxo.
Tecido elástico – rico em fibras elásticas. É encontrado nas paredes de artérias elásticas, como a aorta.
Tecido cartilaginoso – quase totalmente avascular, composto de matriz extracelular (substância fundamental amorfa) e células (condroblastos e condrócitos).
Tecido ósseo – possui sais de cálcio em sua matriz.
Tecido adiposo – composto por células (adipócitos) especializadas no acúmulo de lipídios.
Células do tecido conjuntivo
Fibroblastos – São as células mais comuns, responsáveis pela formação das fibras e da matriz. Se localizam no centro da matriz extracelular, possuem núcleo fusiforme e rico retículo endoplasmático.
Miofibroblastos – São muito semelhantes aos fibroblastos, não podendo ser diferenciadas destes ao microscópio óptico. São reconhecidas no microscópio eletrônico, pela presença de miofibrilas. Possuem atividade contrátil, importante na retração do ferimento no processo de cicatrização.
Pericitos – Se situam na periferia de capilares sangüíneos, interagindo com o endotélio vascular. Suas funções são pouco conhecidas, mas sabe-se funcionam como precursoras de outras células, como os miofibroblastos.
Lipócitos – São conhecidas como células de Ito, e são mais comumente encontradas no espaço de Disse, sendo armazenadoras de gorduras. Nesta gordura encontramos a vitamina A. Podem se diferenciar em miofibroblastos e fibroblastos, tornando-se essenciais na fibrogênese hepática.
Adipócitos – São células especializadas no armazenamento de gorduras neutras. São abundantes na pele e no tecido subcutâneo. O acúmulo de gordura se dá no citoplasma da célula, deslocando o núcleo para a periferia. São da família dos fibroblastos, podendo se diferenciar em outras células.
Leiomiócitos – Podem ser encontrados isolados, em grupos ou fazendo parte da parede dos vasos sangüíneos. São alongadas, ricas em miofibrilas e contém mais actina que miosina. Acredita-se que secretem elastina.
Outras células – As mais comuns são os macrófagos, células fagocitárias de defesa, que podem ser encontradas mesmo na ausência de patologias. Durante processos patológicos, vários leucócitos se originam do sangue por diapedase (deixando os capilares e passando para os tecidos). Um exemplo é o mastócito, muito importante nos processos inflamatórios, pois possui grânulos que contém histamina, que é um dos mediadores da inflamação. Outro componente de seus grânulos é a heparina, que contribui para a constituição da matriz extracelular.
Matriz Extracelular
	As células do tecido conjuntivo ficam dispostas pela matriz extracelular, que é secretada por elas próprias. Essa matriz é formada por fibras colágenas e elásticas, miofibrilas imersas em material amorfo, um gel hidratado e poroso (proteoglicanos) e glicoproteínas estruturais, como laminina e fibronectina, além de moléculas que funcionam como conectoras celulares transmembranosas (integrinas).
	Os vários tipos de tecido conjuntivo se devem a maior ou menor concentração dos componentes desta matriz, originando o tecido fibroso, elástico, cartilaginoso, ósseo, etc. A matriz também origina a membrana basal, que é uma estrutura encontrada logo abaixo do epitélio.
Colágeno
	É uma proteína fibrosa, sintetizada pelos fibroblastos e outras células. É composta por cadeias alfas em tríplice hélice, formadas por seqüências repetidas de três aminoácidos hidroxilados: glicina, X e Y, onde X e Y normalmente são prolina e lisina. A hidroxilização dos aminoácidos se dá na presença da enzima prolil-hidroxilase, que é estabilizada pela vitamina C. Essa hidroxilização dá mais resistência a fibra, pois permite a formação de pontes estabilizadoras (de lisina) entre as moléculas. A deficiência de vitamina C causa formação de colágeno defeituoso, frágil, que se rompe com facilidade, originando hemorragias, principalmente nas gengivas.
	O colágeno se divide em quatro tipos principais: tipo I, tipo II, tipo III e tipo IV. O tipo I é o mais abundante e predomina em áreas de tecido fibroso. O tipo II só é encontrado no tecido cartilaginoso (dos quatro é o menos importante). O tipo III é encontrado no tecido conjuntivo frouxo. O tipo IV é encontrado na membrana basal.
Elastina
	É uma proteína altamente insolúvel, presente nas fibras elásticas, dando elasticidade ao tecido. Assim como o colágeno, a elastina possui pontes de lisina, mas neste caso elas fornecem elasticidade e não resistência.
	São encontradas por toda a matriz, mas predominam na camada média de artérias elásticas. A elastina fica depositada no interior de uma malha, formada por microfibrilas (que podem existir independentemente da presença da elastina), que funciona dando sustentação.
Proteoglicanos
	Formam um meio gelatinoso e viscoso, onde se depositam os demais componentes da matriz. São macromoléculas de proteína axial, ligadas a cadeias de glicosaminoglicanos (GAG), que são dissacarídeos. Podem variar em tamanho e peso molecular, pois variam em sua composição de proteína axial e glicosaminoglicanos. Essa variação é a responsável pela classificação dos proteoglicanos de acordo com o GAG predominante.
São moléculas sulfatadas, o que lhes permite adquirir forte carga elétrica negativa, atraindo íons, como o sódio, que tem importante papel na hidratação da molécula. Além de serem moléculas hidratadas, são porosas, permitindo boa circulação do líquido intersticial e facilitando a absorção de choques.
O ácido hialurônico é o único GAG que não é sulfatado. É um dos elementos mais primitivos da matriz, aparecendo em abundância durante a formação embrionária e na formação de novos tecidos, durante o reparo de feridas. Além disso, apenas o ácido hialurônico e a heparina são GAGs que podem ser encontrados livres, todos os outros só são encontrados ligados a uma proteína.
Glicoproteínas estruturais
São constituintes da matriz e desempenham importante papel nas conexões entre células, entre células e matriz e entre a matriz e ela mesma, favorecendo a aderência, a movimentação e os estímulos (para proliferação, diferenciação, etc.).
Seus principais representantes são:
Fibronectina – encontrada no plasma, na superfície de células e como fibrilas da matriz. Estimula fibrogênese e está presente na formação do tecido de granulação. Sintetizada por várias células, principalmente macrófagos e fibroblastos.
Laminina – é a mais abundante das proteínas não colágenas da membrana basal. Sintetizada por células epiteliais de revestimento.
Entactina – glicoproteína sulfatada, normalmente encontrada associada com a laminina.
Undulina – importante nas conexões entre as fibrilas colágenas.
Tenascina – presente em tecidos embrionários e em cicatrização. 
Trombospondina – aumenta em situações de proliferação celular, estimulando a multiplicação e inibindo a migração destas células.
Integrinas
São moléculas de adesão que se dispõe em conexões transmembranares,conectando células entre si ou com outros elementos da matriz, auxiliando na migração destas células e em sua interação com a matriz. São formadas por duas cadeias, alfa e beta, que são glicoproteínas. São muito importantes na angiogênese, ancorando células endoteliais em proliferação e orientando sua diferenciação em tubos vasculares.
Membrana basal
	É uma lâmina de condensação da matriz, que faz a ligação entre o tecido conjuntivo e as estruturas epiteliais, musculares, nervosas e vasculares. É importante para a filtração (glomérulo renal), nutrição e sustentação, além de para a proliferação e diferenciação celular.
	É PAS positivo, pela presença de glicoproteínas, e argirófila, pela presença de colágeno com proteoglicanos. Sua composição é basicamente de colágeno tipo IV, laminina, fibronectina, entactina e perlecan. A concentração destes componentes varia de acordo com sua localização no organismo. Os sinusóides do fígado, baço, linfonodos e medula óssea não possuem membrana basal.
Fibrogênese
	As células da matriz, em especial os fibroblastos, sintetizam colágeno sob a forma de pró-colágeno, que é uma forma solúvel. Ao serem secretadas, sofrem clivagem, por uma peptidase, se tornam insolúveis e se agregam, formando as protofibrilas. Um distúrbio genético (síndrome de Ehlers-Danlos) causa a deficiência desta peptidase, o que não permite a clivagem, fazendo com que o pró-colágeno permaneça solúvel, deixando a pele fragilizada e as articulações hiperflexíveis.
	A união de protofibrilas origina as fibrilas, que se agregam em fibras. Inicialmente, estas fibras são dispostas ao acaso, orientadas em várias direções. Esse “padrão frouxo” é substituído por um “padrão denso”, quando são compactadas em feixes paralelos e numa mesma direção. Para que ocorra essa estabilização, surgem ligações intra e intermoleculares entre as cadeias alfa, geralmente por intermédio da lisina. É chamado de processo de reticulação, conduzindo para um amadurecimento do colágeno, dando mais força tênsil e maior resistência a degradação enzimática.
	As citocinas são as responsáveis pela indução à secreção dos componentes da matriz. As citocinas são secretadas principalmente por macrófagos e linfócitos T. Por esse motivo, no processo inflamatório crônico, há a produção de fibrose. Normalmente, com o desaparecimento do estímulo inflamatório crônico, o excesso de matriz é removido.
Reparo
	Todo organismo vivo tem a capacidade de reparar suas perdas, propriedade presente desde o nível celular. Se a agressão é na célula (agressão focal) as organelas lesadas são digeridas e eliminadas, enquanto a célula origina novas, para substituir as partes perdidas, voltando a sua estrutura original. Quando a lesão é maior, causando a perda de muitas células, o reparo é mais complexo. Se as células do parênquima do órgão atingido morrem, mas o estroma permanece íntegro, ocorre a regeneração, onde proliferam células do mesmo tipo das que se perderam e o órgão volta a sua estrutura normal. Se o estroma é destruído, ocorre cicatrização, promovida pelo tecido conjuntivo. Essa cicatrização pode vir associada com a regeneração de parte das células originais, o que se denomina de regeneração atípica.
Regeneração
	Ocorre quando uma superfície é lesionada, mas a camada basal permanece íntegra. As células não lesadas da borda da lesão se proliferam e reparam o defeito. É o mesmo processo que ocorre com células epiteliais do fígado, rim, glândulas endócrinas, etc., enquanto o tecido de sustentação for mantido.
	A facilidade e a rapidez da regeneração depende do tecido onde ocorreu a lesão, pois os tipos celulares variam em sua capacidade de replicação.
Células lábeis, estáveis e permanentes
	As células lábeis são as que se regeneram com facilidade e rapidez. Seus núcleos estão em constante replicação. São as células das superfícies de revestimento, do epitélio seminífero e dos órgãos hematopoiéticos, que estão constantemente se renovando.
	As células estáveis são as que se regeneram de acordo com a necessidade. Seus núcleos só sofrem replicação quando recebem estímulos específicos, permanecendo sem se replicar na maior parte do tempo. São os hepatócitos, células dos túbulos renais, endoteliais, fibroblastos, leiomiócitos, etc.
	As células permanentes são as que não se regeneram. Seus núcleos não possuem a capacidade de se replicar. Os neurônios e as fibras musculares estriadas cardíacas são células deste tipo. Essas células são insubstituíveis. Seu lugar é ocupado pela proliferação de células do estroma, que no caso do SNC são as células da glia.
Cicatrização
	Ocorre quando o processo de reparo se dá com a proliferação do tecido conjuntivo fibroso, substituindo o tecido preexistente por uma cicatriz fibrosa. O processo de cicatrização se divide em quatro fases:
Limpeza – com o surgimento da lesão, se inicia o processo da inflamação, onde as células inflamatórias removem detritos celulares, bactérias e corpos estranhos, favorecendo o crescimento do tecido de reparação.
Retração – se inicia dois ou três dias após a ocorrência da lesão. Está ligada a ação dos miofibroblastos, que se proliferam, se diferenciando nas células dos tecidos vizinhos, estabelecendo junções entre si, formando um tecido contrátil, que aproxima as bordas da ferida. Essa ação é responsável pela redução do tamanho do ferimento em 50 a 70%.
Tecido de granulação – é a fase mais característica do processo de cicatrização. É o crescimento do tecido que irá preencher o defeito. Ocorre a proliferação de fibroblastos e capilares em uma matriz abundante, edemaciada e basófila. O tecido de granulação origina uma cicatriz fibrosa, dura, esbranquiçada e retraída.
Reepitelização – as células epiteliais da borda da ferida sofrem mitoses e substituem a crosta (casca da ferida), reepitelizando o local da lesão.
Aspectos aplicados
Com os avanços da biologia celular e molecular, logo estaremos fazendo uso de fatores de crescimento, aplicação de fibronectina, laminina, da estimulação direta e local de macrófagos e linfócitos, e outros processos que acelerem a cicatrização das feridas. Dessa forma, poderemos usar o conhecimento para auxiliar, sem atrapalhar, a ação natural do organismo no processo de cicatrização. Essa cicatrização pode sofrer interferência de fatores gerais e locais.
Fatores gerais – o estado nutricional do indivíduo é muito importante, pois interfere na eficiência do sistema imune e na produção de novos tecidos, já que as proteínas são essenciais para a síntese de enzimas, do coágenos, de anticorpos, de hormônios, etc.
Fatores locais – a crosta que cobre o ferimento não deve ser removida, pois tem papel protetor; tudo que prolongue o processo inflamatório deve ser removido (corpos estranhos, tecidos desvitalizados); a hemorragia do tecido de granulação, que pode ser causada por algum trauma externo no local da ferida; etc.
Neoplasias
	Em circunstâncias normais, a divisão celular é controlada por fatores reguladores, permitindo a manutenção da homeostase. Quando este controle falha, as células podem passar a se dividir de forma autônoma, que é a principal característica da célula neoplásica. As células neoplásica também são chamadas de oncócitos.
	Neoplasia é uma massa de tecido amorfa, composta por células alteradas, que ganharam autonomia e que proliferam mesmo que cesse o estímulo que provocou sua alteração. É um proliferação anômala, de tecido embrionário ou adulto, a partir de um tecido já existente, procurando imitar morfofuncionalmente o tecido que lhe deu origem. Neo = novo; plasein = formar.
A partir do momento em que se tornam autônomas (são células mutantes), estas células começam a se multiplicar e formam um acúmulo de tecido amorfo, que é chamado de tumor. Esse tumor comprime e deforma o órgão de onde se originou e, dependendo da velocidade de seu crescimento, pode destruir esse órgão. Quando essa alteração das células tumorais é acentuada (maligna), elas podem seinfiltrar pelo interstício do órgão, ganhar a corrente sangüínea ou linfática e ser transportada para outros locais do organismo, na forma de êmbolos tumorais, originando as metástases.
Metástases são tumores secundários, originados de células neoplásicas que se soltaram do tumor primário (maligno), se deslocaram pelas correntes sangüínea ou linfática, e se fixaram em outros órgãos.
OBS: Pode ocorrer implante de células tumorais em cicatrizes cirúrgicas, por falta de cuidado do médico cirurgião. Neste caso, ele é o agente da metástase.
Morfologia das neoplasias
Possuem um parênquima e um estroma. O parênquima é constituído pelas células neoplásicas e o estroma pelos tecidos de sustentação (conjuntivo) e pelos vasos. Conforme o parênquima cresce, o estroma também cresce. Em alguns casos. Pode ocorrer desequilíbrio entre o crescimento das células e do estroma. No tumor medular, por exemplo, as vezes podemos encontrar grande número de células e pouco estroma, o que causa pontos de necrose, devido a falta de nutrição das células. Em outros casos, podemos encontrar grandes quantidades de estroma e poucas células.
Os tumores podem ser diferenciados ou indiferenciados. É diferenciado quando as células que o formam são semelhantes ao tecido de origem. É indiferenciado quando essa semelhança é muito pequena ou inexiste. Estes também são chamados de tumores anaplásicos.
Tumores benignos e tumores malignos
Ambos são nocivos ao organismo, pois são parasitas, retirando nutrientes e oxigênio do hospedeiro para se manter.
Os tumores se diferenciam em benigno e maligno de acordo com os efeitos que têm sobre o organismo do hospedeiro. Os benignos possuem crescimento lento, expansivo e são bem tolerados pelo organismo. Os malignos possuem crescimento rápido, infiltrativo (penetram pelo órgão de origem) e produzem efeitos muito nocivos, podendo levar a morte. Os tumores benignos são diferenciados e os malignos indiferenciados.
Características macroscópicas
	Característica
	Benigna
	Maligna
	Tipo de crescimento
	Expansivo
	Infiltrativo
	Velocidade de crescimento
	Pequena (evolução lenta)
	Grande (evolução rápida)
	Pseudocápsula
	Freqüentemente presente
	Raramente presente
	Número de tumores
	Único e localizado
	Múltiplos
	Recidivas
	Ausentes
	Freqüentes
	Metástases
	Nunca
	Freqüentes
	Caquexia
	Não causa
	Causa
	Solução
	Podem parar ou regredir
	Não regridem
	Consistência
	Sólida e dificilmente ulceram
	Amolecida e com ulceração
Características microscópicas
	Característica
	Benigna
	Maligna
	Crescimento
	Do centro do tumor para a periferia
	Da periferia para o centro (infiltrando)
	Invasão de vasos
	Ausente
	Freqüente
	Mitoses
	Raras e típicas
	Freqüentes e típicas ou atípicas
	Cromatina
	Delicada
	Grosseira
	Volume e forma da célula
	Homogêneos
	Variados
	Diferenciação
	Diferenciada
	Indiferenciada
	Necrose/hemorragia
	Raras
	Freqüentes
A consistência das benignas é sólida, pois possui mais tecido conjuntivo do que vasos, em seu estroma. Já a maligna, possui mais vasos, portanto é mais amolecida. Pelo mesmo motivo, as benignas dificilmente sofrem ulceração, e as malignas sofrem com constância.
Uma neoplasia benigna (dependendo do caso), se não for removida, pode evoluir para maligna.
As neoplasias malignas são conhecidas popularmente por câncer. Essa designação surgiu através de um médico que, ao diagnosticar um tumor de mama em uma paciente, chamou a massa amorfa de câncer, que significa caranguejo, pela semelhança que a forma macroscópica do tumor tinha com o animal em questão. Por muito tempo essa designação foi usada para designar as neoplasias malignas de mama.
Ocorrência
As neoplasias ocorrem nos dois reinos: animal e vegetal. A espécie mais atingida é a humana, e os órgãos são: pulmão, aparelho digestivo, útero, próstata e mamas.
Nos animais domésticos as mais atingidas são as aves (leucoses). Em seguida são os cães os mais atingidos, onde o Fox-terrier tem grande incidência de tumor de pele e os Boston-terrier de mastocitomas. Outros tumores comuns são os venéreos, osteossarcomas, tumores de mama, sertoliomas e adenomas hepáticos (benignos).
A terceira mais atacada é a dos felinos, com carcinoma de glândulas serominosas, de pele, mucosa oral e esôfago. Seguida pelos bovinos, com linfossarcomas, carcinomas oculares, carcinomas de rumem e base de chifres e papilomas penianos. Nos bovinos, a incidência é rara, pois estes animais são abatidos precocemente, não havendo tempo hábil para o desenvolvimento dos tumores.
Em seguida são os eqüinos os mais atacados, desenvolvendo carcinomas penianos, sarcóide da pele e melanomas cutâneos (nos tordilhos). Os suínos sofrem de nefroma embrionário. Os roedores praticamente não sofrem de neoplasias, apenas os camundongos. Coelhos e cobaias raramente, e quando têm normalmente são tumores de mama.
Motilidade e mecanismos de invasão
As caderinas são moléculas adesivas. Quando maior sua concentração na célula, maior sua capacidade de adesão. As lamininas são proteínas constituintes da lâmina basal. Estão relacionadas à aderência. Células com receptores para laminina se fixam a ela, que passa a funcionar como ancoragem. As células normais e as neoplásicas benignas possuem esses receptores apenas em sua superfície de ancoragem, se fixando. Já as malignas os possuem em toda sua superfície, não se fixando.
As malignas possuem fator autócrino de motilidade. São dotadas de movimentos, se deslocando pelo interstício. Este fator se liga a receptores específicos da superfície destas células e estimula sua movimentação. Possuem pouca caderina (perdem a capacidade de sintetiza-la) e muitos receptores para laminina (em toda sua extensão), facilitando sua motilidade e sua proliferação. Com pouca caderina, elas perdem a coesão célula-célula, tendo maior poder invasivo, se destacando do tumor e ganhando a corrente circulatória.
Além disso, as células malignas produzem metaloproteinases, que são capazes de lisar colágenos, o que permite que rompam as barreiras teciduais e sejam capazes de invadir novos tecidos.
Outra característica importante da célula maligna é sua capacidade de estimular a angiogênese, pois precisa de nutrientes para crescer e sobreviver. A freqüência de metástases é proporcional ao volume dos tumores, sendo a quantidade de capilares formados em sua volta uma indicação da probabilidade da existência de metástases.
Nomenclatura
O sufixo “oma” significa tumor, sendo empregado tanto para neoplasias benignas como malignas.
As neoplasias podem ter duas origens: epitelial ou mesenquimal. Quando é epitelial de origem maligna, é denominado de carcinoma. Quando é mesenquimal de origem maligna, é chamado de sarcoma.
O termo blastoma é usado como sinônimo de neoplasia (mais correto se fosse apenas para malignas, pois são constituídas por células blásticas – indiferenciadas). Usado como sufixo, indica que o tumor reproduz estruturas com características embrionárias.
Classificação e nomenclatura
	ORIGEM EPITELIAL
	Tecido de origem
	Benigna
	Maligna
	Epitélio estratificado
	Papiloma ou pólipo
	Carcinoma espinocelular, carcinoma basocelular
	Epitélio glandular
	Adenoma
Cistoadenoma
	Adenocarcinoma
Citoadenocarcinoma
	ORIGEM MESENQUIMAL
	Tecido conjuntivo propriamente dito
	Fibroma
	Fibrossarcoma
	Tecido adiposo
	Lipoma
	Lipossarcoma
	Tecido ósseo
	Osteoma
	Osteossarcoma
	Tecido cartilaginoso
	Condroma
	Condrossarcoma
	Tecido muscular liso
	Leiomioma
	Leiomiossarcoma
	Tecido muscular estriado
	Rabdomioma
	Rabdomiossarcoma
	Endotélio vascular sangüíneo
	Hemangioma
	Angiossarcoma
	Endotélio vascular linfático
	Linfangioma
	Linfangiossarcoma
	Se o tumor for na camada de músculo liso dos vasos, é leiomioma ou leiomiossarcoma, e não hemangioma ou angiossarcoma. Essas últimas denominações são apenas para tumores no endotélio dos

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