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1 GRUPO EDUCACIONAL UNINTER CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO MAPA DE FLUXO DE VALOR DO PROCESSO DE FABRICAÇÃO DAS PALMILHAS DO CALÇADO FEMININO PUGLIA, Salvatore Cesare Augusto¹ Msc ZANETTI, Elizabeth ² RESUMO O Mapeamento do Fluxo de Valor (MFV) aplicado nos ateliers é um dos pré- requisitos para manter e atingir índices de produtividade competitivos. Pode parecer um procedimento complexo que associado ao Lean Manufacturing com suas ferramentas de gestão traz benefícios no tempo de resposta, na flexibilidade, na eliminação das perdas, produzir mais com menos e agrega valor ao produto. O MFV atua sobre os fluxos de material e de informação com o intuito de eliminar não somente o desperdício, mas, principalmente, suas causas básicas servindo de parâmetro para implantação da produção enxuta. O presente estudo esta fundamentado na pesquisa bibliográfica e experiência pessoal na busca de informações teóricas e práticas que comprovam a importância e a necessidade do Mapeamento do Fluxo de Valor (MFV) nos ateliers. Como comprovação da utilidade da ferramenta para os ateliers foi apresentada os indicadores de desempenho obtidos na produtividade 32,25%, redução no Lead time 36,27%, no efetivo 24,44%. Contribuindo para que os ateliers consigam identificar e eliminar os desperdícios em suas operações e implantar um novo sistema de produção que agrega valor a seus produtos, atingindo assim resultado positivo e a satisfação de seus clientes. Palavra Chave: Mapa de fluxo de valor, Produtividade, Produção Enxuta. ¹ Tecnólogo em Logística pelo Centro Universitário UNINTER, Pós graduando em Engenharia de Produção pelo Centro Universitário UNINTER. ² Mestre em Engenharia da Produção UFSC, Especialista em Psicologia de RH-UNICAMP, Bacharel em Administração de Empresas- FESP. Especialista/EAD. Professor Adjunto da UTP. Orientadora e Avaliadora de TCC FAEL, UNINTER e UFTPR. 2 INTRODUÇÃO O trabalho tem por objetivo apresentar o Mapa de Fluxo de Valor (MVF) como ferramenta de gestão para a pequena empresa racionalizar o processo produtivo da palmilha de acabamento e montagem do calçado feminino. A busca deste diferencial é fundamental para melhorar seu desempenho e competitividade frente à globalização da indústria calçadista. Esta etapa do processo é terceirizada, sendo produzido em pequenas fábricas denominado atelier de forma semi-artesanal necessitando de um contingente elevado de funcionários. Este tipo de trabalho se encontra em processo de profissionalização, apresentando como ameaças sua segurança jurídica dúbia em relação a CLT no item vínculo trabalhista, a globalização com o avanço asiático e ao custo Brasil entre outros. Este fato deixa todos os lados confusos no planejamento o que resulta em desperdícios com lead time elevados exigindo estoque de giro, problemas de qualidade (retrabalho) e excesso de pessoas, temas comuns no sistema de produção empurrada que não agregam valor ao produto. No momento o conforto dos pés é uma exigência do mercado sendo fator decisivo na venda. Assim, técnicas como a biomecânica planejam peças com conceitos ergonômicos que podem ser produzidos em escala por intermédio de máquinas, mas sua finalização ainda é artesanal. Desta forma, por influência da globalização, o setor calçadista tornou-se uma atividade nômade que busca mão-de-obra barata a exemplo de países como a China e Índia hoje seus maiores produtores. A oportunidade ou desafio da indústria calçadista brasileira esta em encontrar um sistema produtivo que nos torne competitivo frente a esta ameaça. Entre eles existe o sistema de Produção Enxuta (Lean Manufacturing) que entre as suas ferramentas se encontra o Mapeamento de Fluxo de Valor (MFV) o qual orientou o trabalho que vai detalhar o processo de fabricação da palmilha de montagem e acabamento do calçado feminino. Segundo Taiichi Ohno “Para ganhar, pare de perder”. Sendo assim, no capítulo um (1), apresento o Mapa de Fluxo Valor (MFV). No capítulo dois (2), a empresa e o Problema. No capítulo três (3), o Produto. No 3 capítulo Quatro (4), aplicação da ferramenta MFV. No capítulo 5, Análise dos resultados. No capítulo 6, As considerações finais. 1. O MAPA DE FLUXO DE VALOR (MFV) Pode ser definido como a leitura das atividades necessárias para se obter um produto ou serviço. Envolve todos os estágios de fabricação analisando fornecedores, informações, materiais e processos até a entrega e satisfação do cliente. Desta forma é possível entender quais são as etapas que agregam ou retiram valor do produto ou serviço, sugerir melhorias e aplicação das ferramentas do sistema Lean Manufacturing para a eliminação de perdas e aumento da produtividade. Segundo Lean Enterprise Institute “Se há um produto para um cliente, existe um fluxo de valor. O desafio consiste em vê-lo”. 2. A EMPRESA E O PROBLEMA A implantação foi realizada na unidade de produção denominada atelier que produz 3600 pares de palmilhas de montagem e acabamento por dia para calçados femininos no vale do Paranhana no estado do Rio Grande do Sul. A empresa opera com 43 funcionários diretos e 02 indiretos totalizando 45 pessoas, com Lead time de 138 h (5,75 dias) e retrabalho na ordem de 34%. O objetivo é eliminar e minimizar as atividades que consume recursos e não agrega valor ao produto com base na classificação dos sete (7) grupos de desperdícios, segundo Taiichi Ohno, criador do Sistema Toyota de Produção, são: Redução de custos é o objetivo. Freqüentemente usamos a palavra ”eficiência” ao falar sobre produção, gerência, e negócio. “Eficiência”, na indústria moderna e nas empresas em geral significa redução de custo. Na Toyota como em todas as industriais manufatureiras, o lucro só pode ser obtido com a redução de custos. Quando aplicamos o principio de custos, preço de venda = lucro + o custo real, fazemos o consumidor responsável por todo o custo. Este princípio não tem lugar na atual indústria automotiva competitiva. OHNO, Taiichi. 1997, p.30. 1ª Superprodução ocorre quando a produção gera mais produto que o necessário para o próximo processo ou até mesmo para atingir a demanda. Este desperdício acarreta no fomento dos seis restantes, pois está diretamente ligado a cada um deles. 2º Espera acontece quando os funcionários precisam aguardar por algum tipo de material, o que faz aumentar o Lead Time da produção. 4 3ª Estoques (matéria-prima, produto acabado e em processo) é consequência direta dos dois primeiros. Ocupam espaço, atrapalham o fluxo contínuo de todos os processos e ocultam seus desperdícios reais. 4º Transporte este ocorre quando existe excesso de deslocamento desnecessário de materiais dentro do parque fabril, o que não agrega valor nenhum ao produto final, além de gerar riscos de perdas, danos e atrasos aos processos. 5ª Movimentação de Pessoas é a movimentação desnecessária dos funcionários e colaboradores dos processos, provida de um layout e planejamento falho, o que gera lacunas e até mesmo barreiras dentro da produção, atrasando a mesma. 6º Defeitos Quando você produz peças defeituosas, além de se perder matéria prima e gerar sucata, você acaba gastando também sua mão-de-obra, a qual perdeu tempo para realizar tal operação e deixando de fazer outra. 7º Processamento ocorre quando é necessário se trabalhar em cima de alguma falha ou ineficiência de certo processo, o que se toma tempo e dinheiro, pois para este retrabalho, utiliza-se, muitas vezes, maquinário de tecnologia diferente dá que se usa no processo. 2.1. TIPOS DE DESPERDÍCIOS Um exemplo é quando se produz mais do que o necessário, ou mesmo, mais rápido, ou antes, do que é preciso. Ele também pode ocorrer quando o produto não é enviado ao consumidor, desencadeando uma série deeventos que geram custos financeiros e operacionais. Existem dois tipos de desperdícios: 1. Os que são visíveis; 2. E os que são ocultos. Com relação aos ocultos, é muito importante que eles sejam descobertos e eliminados antes que possam se tornar grandes demais, incorrendo em uma fonte maior de problemas para a empresa. Uma analogia interessante para exemplificar os problemas visíveis e ocultos é quando imaginamos um iceberg. A ponta do iceberg, que fica visível às pessoas representa os desperdícios visíveis: 1. Defeitos; 2. Retrabalhos; 3. Excesso; 5 4. Refugos; 5. Atividades de inspeções. Já o restante do iceberg, que é muito maior do que seu topo é composto pelos desperdícios ocultos. Alguns exemplos destes desperdícios são: 1. Custos de urgência nas entregas; 2. Procedimentos desnecessários; 3. Falhas de equipamentos; 4. Tempo perdido em função de acidentes; 5. Excesso de inventário entre outros. Os desperdícios podem assumir diferentes formas, podendo ser encontrados no processamento de um produto ou em entradas e saídas desnecessárias. Podem ainda ser observados na forma de material, estoque, equipamento, infraestrutura, utilidades, documentos, movimentos e outras atividades que não agregam valor. O desafio do zero defeito. Defeitos geram desperdícios em si mesmos e causam confusão no processo de produção. Quando da implementação do sistema Toyota de Produção, portanto, devemos desafiar a nos mesmos a atingir zero defeito. São 3 os componentes desse esforço. Inspeções. O objetivo das inspeções deve ser desviado da detecção para prevenção de defeitos. Isto requer trocar a inspeção por amostragem pela inspeção de 100%, a forma definitiva de atingir a garantia da qualidade. Controle de qualidade. Os métodos de controle de qualidade devem ser baseados no critério acima, empregando métodos tais como inspeção na fonte, auto- inspeção e verificações sucessivas. Dispositivo Poka-yoke. Desenvolver e instalar esses dispositivos como uma forma pratica de satisfazer as condições acima. SHINGO, Shigeo. 2002, p.255 3. O PRODUTO, AS PALMILHAS DE MONTAGEM E ACABAMENTO São produzidas sob orientação dos princípios da biomecânica e possuem diversas finalidades além do conforto, como os calçado para diabéticos cuja demanda esta em alta no país. Biomecânica. No apoio bipodal ou monopodal, o pé recebe respectivamente metade ou toda carga corporal, transmitida pela Tíbia ao talo. Esta força dividi-se em dois vetores: um que se dirige para o calcâneo e outro que se direciona para as cabeças dos metatarsos.Num pé descalço em apoio bipodal, o calcâneo sofre uma carga 57% e o metatarsiano 43% do peso. SCHMIDT, Mauri Rubem. 2005, p.38. Mesmo com a incorporação de tecnologia de materiais e equipamentos ainda existe grande dependência do trabalho manual para unir os componentes. Ocorre que junto com as exigências de conforto, design e tecnologia vieram alterações no comportamento dos lojistas que passaram a comprar quantidades menores devido aos conceitos da produção puxada, onde os modelos passaram a ter mais 6 variedades e lotes menores exigindo adaptação do fabricante e do atelier num tempo insuficiente, assim nos últimos anos esta havendo uma depuração no setor. Os ateliers estavam habituados a trabalhar com prazos longos e baixa variabilidade de modelos. Desta forma estão com excesso de pessoas e perdas no processo a nas operações apresentando baixos índices de produtividade. Os calçados brasileiros obtiveram uma evolução considerável nos últimos anos para poder enfrentar a globalização, surgiu novas empresas que investem em tecnologia com isto estamos retomando mercados. O sistema Lean Manufacturing tem sido utilizado nestas empresas com excelentes resultados é isto que vamos ver nos capítulo seguinte. Os princípios da Produção Enxuta estão mudando as características da saída da produção da fabrica para a distribuição. À medida que a pratica enxuta tem influenciado as operações de produção, muitas premissas anteriores com relação aos tamanhos dos lotes de produção, qualidade e flexibilidade estão mudando. O paradigma nas operações com lotes grandes de produção devido a altos custos de preparação e à qualidade esta desaparecendo, dando lugar ao desenvolvimento de maior flexibilidade e competência para lotes menores. ZYLSTRA, Kirk. 2008, p.53. 4. APLICAÇÃO DA FERRAMENTA MAPA DE FLUXO DE VALOR (MFV) O MFV foi implantado no atelier SCAP na linha de produção das palmilhas de montagem e acabamento do modelo Tulipa que utiliza uma esteira de fita dupla tracionada mecanicamente controlada por um variador eletrônico de velocidade. Segundo Rother e Shook (1999) a aplicação do Mapa de Fluxo de Valor deve seguir a seguinte orientação: Quadro 01 – etapas do Mapeamento do Fluxo de Valor (MFV) Mapa do estado atual Mapa do estado futuro Plano de Implementação Família de produtos 7 Não se pode esquecer, que o Mapeamento do Fluxo de Valor é somente uma técnica. Assim, a questão básica de tornar-se enxuto não é apenas mapear. O mais importante é implementar o fluxo de valor enxuto. Segundo Rother e Shook (1999), o que torna o fluxo de valor é fabricar os produtos em um fluxo continuo completo, com o Lead Time suficientemente curto para permitir a produção somente dos pedidos confirmados e com o tempo de mudança zero entre os diferentes produtos. Para isto são necessários inúmeros mapas do estado futuro, cada um mais enxuto e mais próximo do ideal. Com o processo fornecedor fazendo somente o que o processo cliente necessita e quando necessita. 4.1. OBJETO DO ESTUDO O produto designado para o trabalho será a palmilha de montagem e acabamento utilizado no calçado feminino da linha Tulipa com 4 encaixes construção média. A Palmilha (par) é composta por 10 peças individuais previamente embaladas para transporte conforme indicado abaixo: 1. Palmilha de montagem injetada; 2. Esqueleto de sustentação; 3. Espuma PU utilizada para o acolchoamento total da palmilha de montagem; 4. Espuma Látex utilizada para o acolchoamento frontal da palmilha de montagem dublada com a espuma PU; 5. Palmilha de acabamento (capa) vem costurada e serigrafada. 8 4.1.1. Seqüência operacional da palmilha de montagem e acabamento Palmilha linha Tulipa com (4) encaixes – média 01- Buscar material 02- Receber material/Conferir 03- Abastecer esteira palmilha de montagem e esqueleto 04- Passar cola do esqueleto (máquina) 05- Passar cola na palmilha de montagem (máquina) 06- Reativar 07- Colar esqueleto na palmilha de montagem 08- Prensar conjunto esqueleto e palmilha de montagem 09- Lixar encaixes da palmilha da montagem 10- Abastecer esteira com palmilha de acabamento + espuma PU 11- Passar cola na palmilha de acabamento 12- Passar cola na espuma PU 13- Reativar 14 Colar espuma PU na Palmilha de acabamento 15- Prensar 16- Abastecer esteira com palmilha de acabamento + montagem e esqueleto + espuma látex 17- Passar cola espuma látex e palmilha manual 18- Colar espuma látex na palmilha 19- Passar cola no conjunto palmilha de montagem/látex 20- Passar cola na palmilha montagem/PU 21- Reativar 22- Colar palmilha de acabamento na de montagem 23- Passar cola da borda do conjunto palmilha para virar manual 24- Reativar 25- Virar manual 26 Prensar 27- Asperação leve bico e nos encaixes 28- Limpeza 29- Revisão 30- Formar lote e Embalar 31- Entregar no cliente Quadro 02: Fluxo de produção da palmilha. 4.2. APLICAÇÂO PRÁTICA DO MAPA DE FLUXO DE VALOR (MFV) As operações foram agrupadas em oito etapas de estudo no MFV. São elas: recebimento e preparação dos lotes, preparar palmilhade montagem e esqueleto, preparar palmilha de acabamento, preparar palmilha e de acabamento e montagem, virar palmilha manual e revisar, embalar e expedir. 9 4.2.1. Termos e Símbolos Os termos e símbolos mencionados no Mapa de Fluxo de Valor (MFV) e nas conclusões se encontram explicados a seguir nos quadros 03 e 04. 4.2.1.1 Termos Mapa de Fluxo de Valor - Termos utilizados na elaboração do mapa. Medição Símbolo Descrição 01 Ciclo de trabalho do operador. OCT Tempo de trabalho. 02 Acréscimo de valor. V/A Tempo envolvido em um processo que agrega valor. 03 Overall equipment Effectiveness. OEE Eficiência global dos equipamentos( disponibilidade x produtividade x qualidade. 04. Lead Time. L/T Tempo de processamento de um pedido, desde a entrada até a entrega. 05. Tempo de Setup. C/O Tempo de valor não agregado necessário para converter uma configuração de uma linha de produto para outra linha Quadro 03: Fonte Citisystems - cristiano@citisystems.com.br 4.2.1.2. Símbolos 01. Fluxo de Informação Manual 06. Operadores (múltiplos). 02. Fonte externa 07. Inventário e WP (Work in progress). 03. Fluxo de Informação Eletrônica. 08. . Fluxo de Entrega. 04. Sistema puxado. 09. Sistema FIFO primeiro que primeiro que sai. 05. Caminhão de Entrega. Quadro 04: Fonte Citisystems - cristiano@citisystems.com.br 10 4.2.2. MPV Antes da implantação Quadro 05: Mapa de Fluxo de Valor antes do estudo (MFV). 4.2.1.1. Indicadores do MFV antes da implantação Indicadores do Mapa de Fluxo de Valor – Antes da implantação Medição Símbolo Descrição Total 1 Ciclo de trabalho do operador. OCT Tempo de trabalho. 25 h 2 Acréscimo de valor. V/A Tempo envolvido em um processo que agrega valor. 25 h 3 Overall equipment Effectiveness. OEE Eficiência global dos equipamentos( disponibilidade x produtividade x qualidade. 0,6333 h 04. Lead Time. L/T Tempo de processamento de um pedido, desde a entrada até a entrega. 138 h 05. Tempo de Setup. C/O Tempo de valor não agregado necessário para converter uma configuração de uma linha de produto para outra linha 14,89 h Quadro 06- Indicadores Recebimento Entrega Recebimento Preparaçâo lote Preparar palmilha e esqueleto Preparar palmilha de acabamento Preparar palm. Acabto e Montagem Virar palmilha manual Revisão embalar Expedição OCT = 8 h OCT = 2 h OCT = 1 h OCT = 2 h OCT = 6 h OCT = 6 h C/O = 5 H C/O = 1,5 H C/O = 0,5 H C/O = 0,89 H C/O = 3,5 H C/O = 3,5 H OEE = 0,45 OEE = 0,45 OEE = 0,8 OEE = 0,8 OEE = 0,5 OEE = 0,8 48 h 12 h 2 h 2 h 3 h 1h 48 h 8 h 2 h 1 h 2 h 6 h 6 h Fabrica entrada Lead Time = 138 h V/A = 25 h Planejamento, Programação e Controle da Produção Fabrica saída PCP interno - OF diária 11 4.2.3. MFV Após a implantação Quadro 07: Mapa de Fluxo de Valor após o estudo (MFV). 4.2.3.1. Indicadores do MFV obtidos após a implantação. Indicadores do Mapa de Fluxo de Valor - Após implantação Medição Símbolo Descrição Total 1 Ciclo de trabalho do operador. OCT Tempo de trabalho. 12 h 2 Acréscimo de valor. V/A Tempo envolvido em um processo que agrega valor. 12 h 3 Overall equipment Effectiveness. OEE Eficiência global dos equipamentos( disponibilidade x produtividade x qualidade. 0,8233 h 04. Lead Time. L/T Tempo de processamento de um pedido, desde a entrada até a entrega. 87,95 h 05. Tempo de Setup. C/O Tempo de valor não agregado necessário para converter uma configuração de uma linha de produto para outra linha 4,93 h Quadro 08: Indicadores Preparaçâo do lote Preparar palmilha e esqueleto Preparar palmilha de acabamento Preparar palm. Acabto e Montagem Virar palmilha manual Revisão embalar Expedição OCT = 4 h OCT = 1 h OCT = 1 h OCT = 2 h OCT = 2 h OCT = 2 h C/O = 1,5 H C/O = 0,26 H C/O = 0,21 H C/O = 0,95 H C/O = 0,91 H C/O = 1,1 H OEE = 0,85 OEE = 0,75 OEE = 0,83 OEE = 0,87 OEE = 0,81 OEE = 0,83 48 h 3 h 0,25 h 0,20 h 0,15 h 0,35 24 h 4 h 1 h 1 h 2 h 2 h 2 h Entrega Planejamento, Programação e Controle da Produção Fabrica saída Fabrica entrada PCP interno - OF diária Lead Time = 87,95 h V/A = 12 h Recebimento 12 5. ANÁLISE DOS RESULTADOS As operações foram agrupadas em seis etapas para estudo no MFV. São elas: recebimento e preparação dos lotes, preparar palmilha de montagem e esqueleto, preparar palmilha de acabamento, preparar palmilha de acabamento e montagem, Virar palmilha manual e revisar, embalar e expedir. 5.1. SUBGRUPO UM, RECEBIMENTO E PREPARAÇÃO DOS LOTES Os componentes são transportados por via terrestre da fábrica até o atelier durante horário comercial. Existe tolerância de 48 h para este fim. Este transporte é por conta do atelier. Alguns prestadores se encontram até 120 km da sede. O lead time de 120 horas é o limite que a empresa mãe aceita do prestador no momento, no entanto a mesma sinaliza que o limite será reduzido para 84 horas dentro de 90 dias. Os componentes ao chegar à empresa são separados e conferidos, em seguida preparados em lotes conforme as ordens de fabricação (OF) que segue a orientação do método FIFO, (primeiro que entra primeiro que sai) planejados pela empresa mãe. No sistema Kanban, as operações internas (Kanban interno), na fábrica ou mesmo as externas (Kanban externo) com os fornecedores, seguem mais ou menos o mesmo mecanismo: na fábrica, quem determina o ritmo e as quantidades que devem ser produzidas por todas as demais seções é a montagem final. È a montagem quem recebe a programação diária de produção a serem executada, fazendo por sua vez, requisições à usinagem, que se abastece na forjaria, que, finalmente, busca as matérias-primas no almoxarifado. MOURA, Reinaldo A. 1994, p.34. No momento o OCT é de 4 h. Houve melhora no OEE que está em 0,85 para o item disponibilidade x desempenho x qualidade. Melhoramos também o V/A que alertou ser possível reduzir uma pessoa com aplicação da metodologia da ferramenta TRF e do SMED. O método SMED (Single Minute Exchange of die) significa realizar a troca de ferramentas em tempo inferior a dez minutos. Criado por Shigeo Shingo, 1985 orienta que a redução nos tempos de setup, obtidos com ajuda do sistema TRF é essencial. Setup é o tempo que se leva para preparar um equipamento entre a última peça boa produzida de um lote e a primeira peça aprovada no ciclo da produção de seguinte, pode ser também entendido como a mínima quantidade de tempo necessário para mudar um tipo de atividade em outra. Estes conceitos foram 13 fundamentais para obtenção dos resultados e deve ser trabalhado a cada novo Mapa de Fluxo de Valor. 5.2. SUBGRUPO DOIS, PREPARAR A PALMILHA DE MONTAGEM No subgrupo de preparação do esqueleto na palmilha de montagem a redução do efetivo foi de 6 para 4 pessoas, em razão da unificação de operações através do nivelamento (fluxo continuo). O OCT teve redução de 2 h para menos de 1 h enquanto o C/O de reduziu de 1,5 h para 0,26 h. Obteve-se ganho de 2,35 metros de percurso na esteira fato que favoreceu a operação de virado e forração manual da palmilha que estava com espaço limitado. 5.3. SUBGRUPO TRÊS, PREPARAR A PALMILHA DE ACABAMENTO O nivelamento (fluxo contínuo) implantado no subgrupo de preparação da palmilha de acabamento que recebe a espuma de PU a redução do efetivo foi de 8 para 7 pessoas. Com a aplicação das ferramentas TRF e TPM no próximo MVF é possível reduzir o efetivo em um funcionário melhorando o OCT. 5.4. SUBGRUPO QUATRO, PREPARAR PALMILHA DE ACABAMENTO E MONTAGEM Neste subgrupo ocorre a colagem da palmilhade acabamento na palmilha de montagem, a redução do efetivo foi de 9 para 7 pessoas. O OCT, o C/O e o OEE tiveram pouca variação. O que havia era conseqüência das operações anteriores que vinha com defeitos, fluxo desbalanceado e desmandos. Influência da motivação humana. A motivação procura explicar por que as pessoas se comportam. A administração cientifica baseava-se na concepção do homo economicus, segundo a qual o comportamento do homem é motivado exclusivamente pela busca do dinheiro e pela recompensas salariais e materiais do trabalho. Toda a abordagem Clássica da Administração se alicerça nessa estreita teoria da motivação. A experiência de Hawrthorne teve o mérito de demonstrar que a recompensa salarial- mesmo quando efetuado em bases justas ou generosas – não é o único fator decisivo na satisfação do trabalhador dentro da situação de trabalho. Elton Mayo e equipe propuseram uma nova teoria da motivação antagônica à do homo economicus: o ser humano é motivado, não por estímulos salariais e econômicos, mas por recompensas sociais e simbólicas. CHIAVENATO, Idalberto. 2004, p.96 14 5.5. SUBGRUPO CINCO, VIRAR PALMILHA MANUAL Neste subgrupo ocorre o virado manual da palmilha de acabamento e forração da capa na palmilha de montagem, a redução do efetivo foi de 8 para 6 pessoas motivado pela aplicação da ferramenta TRF na melhoria do método de trabalho e ajustes na ferramenta utilizada para realizar o virado manual. A redução do OCT foi de 6 h para 2 h eliminando gargalo que limitava o fluxo contínuo. 5.6. SUBGRUPO SEIS, REVISAR, EMBALAR E EXPEDIR Neste subgrupo ocorrem as operações de Revisar, Embalar e Expedição a redução do efetivo foi significativa, baixando de 7 para 4 pessoas; evidenciando as melhorias realizadas no processo e nas operações. O OCT obteve redução de 6 h para 2 h. O retrabalho que estava em 34% se encontra abaixo do índice de 2,5% estabelecido nesta fase. Os problemas de qualidade que geravam conflitos internos praticamente foram suprimidos. O produto pronto é entregue a empresa mãe, por via terrestre durante o horário comercial em 24 h contra o lead time anterior de 48 h. Após a entrega o veículo retorna com nova quantidade de serviço para beneficiamento. O desempenho do atelier é medido por checklist que considera vários itens, aferindo uma nota divulgada a todos os prestadores de serviço com intuito de manter a transparência e competição saudável. O prestador que tiver notas abaixo do limite recebe orientação, não havendo reação o mesmo é desligado. O lead time do atelier apresentou redução considerável de 138 h para 87,95 h, o C/O de 14,89 h para 4,93 h o que se manifestou na diminuição do quadro de funcionários de 45 pessoas para 34 pessoas. A produção per capita de 80,00 pares se elevou para 105,88 pares per capita. Avaliação do ritmo do trabalhador. Na execução da operação, os operadores trabalham em ritmos diferentes, ou seja, possuem características tais como força, velocidade, habilidade de compreensão e de manuseio diferentes uns dos outros. A pergunta a ser respondida é: como estabelecer um tempo para a execução da operação se os operadores médios podem executá-las em tempos que podem variar em até 100%? SELEME, Robson. 2012, p. 92. 15 5.7. CONCLUSÃO DA IMPLANTAÇÃO DO MÉTODO A aplicação do método das sete perdas no atelier e adesão dos colaboradores teve papel fundamental na redução dos desperdícios. O item “Defeito” foi o mais impactante nos resultados. Conceito de defeito: 5.7.1. O que é: a. Processamento na produção de produtos defeituosos; b. Processamento devido ao retrabalho de produtos defeituosos; c. Materiais utilizados na ocorrência de produtos defeituosos e retrabalhos. 5.7.2. Causas: a. Falta de objetividade na especificação do cliente com relação ao produto; b. Processos incapazes; c. Falta de controle de processo; d. Incapacitação de pessoas ou pessoas não qualificadas; e. Setorização ou departamentalização ao invés de qualidade total; f. Fornecedores desqualificados. Qualidade é fazer a coisa certa logo na primeira vez. Trata-se de prevenção e planejamento, não de correção e inspeção. A má qualidade ou defeitos não só resultam na insatisfação do cliente e danos à imagem da empresa, como também em desperdícios devido aos custos e tempo envolvidos em repor um produto defeituoso. Sendo assim, a melhoria contínua e medidas de prevenção são os meios mais eficazes para reduzir os desperdícios causados por defeitos 16 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS De acordo com a pesquisa realizada pode se observar a importância da utilização do Mapeamento de Fluxo de Valor (MFV) para atingir índices de produtividade competitivos. Da mesma forma evidencia-se a necessidade da aplicação dos fundamentos da Produção Enxuta e suas ferramentas de gestão nos ateliers. Os efeitos dos processos derivados da criação de um fluxo de valor podem ser percebidos na redução do tempo da produção, menor desperdício de materiais, na diminuição dos estoques e na qualidade da produção. É importante que todos aqueles que fazem parte da cadeia de fluxo de valor entendam o processo como um todo e possam juntos criar alternativas para aumentar o valor do fluxo. A aplicação desta ferramenta no setor calçadista é de grande valia para os pequenos empresários que empregam centenas de trabalhadores. O setor esta em transição entre o sistema empurrado para o puxado que necessita das linhas rápidas de produção, termo ainda estranho, mas que esta sendo difundido. Neste contexto, a utilização do MFV tornou-se importante e no processo produtivo, uma vez que é uma forma eficiente de gerenciar ao mesmo tempo a redução dos custos e o acompanhamento das movimentações de materiais, assim como a identificação das fontes de desperdício na cadeia produtiva facilitando a tomada de decisão. 6.1. QUADRO DEMONSTRATIVO DOS RESULTADOS OBTIDOS COM A IMPLANTAÇÃO DO MAPEAMENTO DE FLUXO DE VALOR Quadro de Indicadores: Aplicação do MFV na empresa SCAP Discriminação Base Antes Depois Resultado % 1. Efetivo Pessoas 45 34 11 24,44 2. Lead Time Horas 138 87,95 50,05 36,27 3. V/A Horas 25 12 13 52,00 4. C/O Horas 14,89 4,93 9,96 66,89 5. OEE Eficiência 0,6483 0,8233 0,175 26,99 6. Produtividade Per capita 80,00 105,88 25,88 32,35 Quadro 09: Indicadores. 17 7. REFERÊNCIAS SHINGO, Shigeo. Sistema Toyota de Produção, do Ponto de Vista da Engenharia de Produção. 2ª Ed. Porto Alegre Porto Alegre: Bookman Companhia Editora. Reimpressão 2002. SILVEIRA, Cristiano Bertulucci. Mapeamento do Fluxo de Valor. Citisystems Automação Industrial. 2013. Contato: e-mail cristiano@citisystems.com.br ROTHER, Mike e SHOOK, John. Apreendendo a Enxergar. 1ª edição São Paulo: Lean Institute Brasil.1999. SCHMIDT, Mauri Rubem. Modelagem Técnica de Calçados. 3ª ed. Porto Alegre: C.F.P. SENAI de artes gráficas. 2005 MOURA, Reinaldo A. A simplicidade do Controle da produção. 3ª Ed. São Paulo: Instituto IMAM. 1994 SELEME, Robson. Métodos e Tempos. 1ª Ed. Curitiba: Editora Intersaberes. 2012. OHNO, Taiichi, O Sistema Toyota de Produção, Além da Produção em Larga Escala. 1ª Ed. Porto Alegre Porto Alegre: Bookman Companhia Editora. 1997. ZYLSTRA, Kirk. Distribuição Lean, a abordagem Enxuta aplicada à Distribuição, Logística e Cadeia de Suprimentos. 1ª Ed. Porto Alegre Porto Alegre: Bookman Companhia Editora. 2008. CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração, edição compacta. 3ª Ed. São Paulo: Elsevier Editora Ltda. 2004 IBTeC. Revista Tecnicouro. Qualificação de Conforto para as palmilhas internas. Edição 286, ano 36 nº01 Novo Hamburgo. 2015
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