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Os temas a serem tratados no trabalho, dizem respeito às teorias da Ação, seu desenvolvimento histórico e a evolução que possibilitou não só ao direito Penal, mas as demais áreas do ramo a observar e entender as relações do homem, externas e internas, subjetivas e objetivas, e sua relação com a sociedade em geral, visto que o conteúdo muda conforme o sistema. O trabalho realizado por nós, teve como base o livro: manual de Direito penal de Eugênio Pacelli e André Callegari, os quais citam e explicam os expoentes das teorias solicitadas. Além, é claro, da obra derecho Penal, de Claus roxin, citações feitas por Pedro Krebs e a obra Tratado de Direito Penal, de Franz Von Liszt. A teoria causal da ação, explicada por Liszt e Beling, é o que o seu próprio nome já condiz, diz respeito a causalidade, teoria esta que rege as ciências da natureza por meio da relação de causa e efeito, por isso também conhecida como teoria causal-naturalista da ação. A ação, é o movimento, realização de um ato, que proporciona mudança no mundo exterior. Segundo seus criadores, é como uma enervação muscular, um movimento voluntário, e deixa claro que não é o reflexo; a mesma, diz que a finalidade para qual se dirige é irrelevante. O que importa para essa teoria é de fato, uma ação provida de animus para realizá-la, independente de alcançar ou não a finalidade. Dentro dessa teoria, podemos repartir em dois momentos, ou melhor, duas formas de explicar a prática desta, em que ambas se complementam. Liszt definia ação como uma conduta voluntária no mundo exterior, e a conceituava por meio de três elementos: é necessária a vontade, uma modificação no mundo exterior e o nexo de causalidade ( que é o que une a conduta ao resultado). Diz também a respeito da teoria bipartida de crime: a antijuridicidade como elemento objetivo (lado externo, força física) e a culpabilidade como subjetiva (força moral, elemento anímico). Tem-se que entender a manifestação de vontade como o foco, que pode ser uma realização ou omissão ‘voluntária’ que será motivada pela mente do agente, como o próprio autor cita, a vontade objetivada (como aquela trabalhada por Hegel). Complementando Liszt, Beling define a ação como um comportamento ‘corporal’ voluntário, que corresponde a fase externa da ação. Ainda com a mesma idéia de inervação muscular, ele se preocupa em identificar a ação como positiva ( de fazer) , ou um não fazer (que é a omissão), isto é, “a distensão dos músculos”. A teoria sofreu influências das ciências da natureza e ficou reformulada, de certa forma como uma realização de modificação no mundo exterior, reconduzido a um querer humano, como a voluntaria causação ou evitação de uma mudança no mundo exterior. É necessário ressaltar a importância da ação, e da vontade de praticar uma modificação no mundo externo, ou seja, a ação é provocada pela vontade, mas não pode ser por ela conduzida. Não trata de seu conteúdo, de sua direção final (se o agente queria ou não realizar a ação tipificada). O conteúdo da vontade é “deslocado para a culpabilidade” (dolo ou culpa, formas de culpabilidade). Com base nessa teoria de ação, há uma distinção entre o impulso volitivo (elemento que integra o conceito de ação, um objeto da antijuridicidade) e o conteúdo da vontade (este pertence somente à culpabilidade e não se valora ainda na antijuridicidade). Os autores deixam claro que, em princípio, que todo o processo anímico-subjetivo (propósitos, motivos, fins perseguidos pelo autor) pertencem a culpabilidade. Já Todo o processo causal- objetivo que é fruto de um impulso voluntário pertence à antijuridicidade. Para saber se existe uma ação, segundo a teoria causa da ação, basta comprovar a existência de uma “conduta voluntária” (não forçada) e de fato, a causação ou não evitação que modifica danosamente o mundo exterior, no que é perceptível pelos sentidos. “O conteúdo da vontade não constitui elemento integrante da ação ou da antijuridicidade e se valora pela primeira vez no marco da culpabilidade”. Para que uma ação exista basta saber se o autor queria algo, mas, conhecer realmente o que ele queria só interessa exclusivamente ao juízo de culpabilidade. O que reflete o que acontecia na Alemanha, o positivismo científico, que utilizava o método causal-explicativo (no Direito Penal), dando importância ao juízo de realidade e não de valor. A intenção dos expoentes dessa teoria era de que classificassem todos os juízos objetivos â ação típica e antijurídica e todos os juízos subjetivos à culpabilidade, o que é praticamente impossível, não se consegue pensar em uma total separação entre o objetivo e o subjetivo. Sendo esta a principal crítica recebida pela mesma. Para entender todas as teorias, ou pelo menos as três mais “importantes”, é necessário avaliar cada uma juntamente com o seu desenvolvimento histórico e filosófico. A Teoria Finalista da Ação foi idealizada por Welzel e traz uma concepção distinta da concepção anterior. A idéia central desta, é de que a ação humana consiste em um “acontecer final”, não sendo meramente “causal”. Baseia-se filosoficamente em teorias ontológico-fenomenológicas, que tentam salientar leis estruturais do ser humano Pressupõe que os homens, dotados de racionalidade antecipam o resultado, agem finalisticamente para realizar um fim, que pode ser ilícito (interessa juridicamente) e lícito (desde que produza um efeito/ dano, também interessa) Para haver conduta humana a pessoa tem que estar consciente, portanto, é uma ação voluntária e com uma finalidade que causa um efeito/ dano. A tipicidade vai dizer se ela interessa ou não ao Direito Penal, o dolo, por exemplo, tem que estar integrado ao conceito de crime. A descrição está no tipo. Conduta humana como a vontade mais o tipo penal é o que caracteriza o elemento principal desta teoria. Juntamente com a relação do ser e dever ser. O objeto do Direito Penal sendo as condutas humanas, e a identificação da conduta o método. Teoria Social da ação Esta teoria foi formulada por Eberhard Schmidt, e depois, desenvolvida por Wessels e Jescheck. Tem como relevante somente as ações/ condutas que atinjam a terceiros, possuam um cunho social, e que segundo eles, façam parte das inter-relações humanas. Assim como a teoria Causal da Ação, a Teoria Social divide seus conceitos de ação, mas, os mesmos se complementam e confirmam um ao outro. Roxin, em sua obra Direito Penal, menciona que Schmidt reelaborou o tratado de Liszt, a ação é uma conduta voluntária em direção ao mundo externo social, onde o que interessa a essa teoria é analisar a ação como um fenômeno social, não meramente fisiológico, seguindo os pontos de vista das ciências naturais. Posteriormente, Jescheck a definiu de uma forma mais simples, como toda conduta socialmente relevante. E Wessels seguiu o mesmo caminho, complementando o conceito como a conduta socialmente relevante dominada pela vontade humana. O comportamento pode-se determinar no exercício da finalidade, podendo se limitar as conseqüências, contanto que o mesmo seja dirigido exclusivamente à finalidade (culpa). Pode-se também manifestar igualmente na atividade frente a uma a concreta esperança de ação. A teoria social da ação vem para abranger tanto o conceito final quanto o conceito causal de ação. Roxin, diz também que é impossível excluir do conceito de ação as condutas que são juridicamente irrelevantes (como os movimentos reflexos e os que decorrem de uma coação física irresistível). Os autores, seguidos dessa concepção, tomam, pegam características do conceito natural de ação, utilizando critérios de voluntariedade,dominabilidade ou semelhantes, e expõe as concepções formuladas delimitando-as ao elemento situado à “margem do social.” Adota-se a “teoria complexa normativa psicológica da culpabilidade”, ou seja, a culpabilidade consiste na reprovabilidade do fato, levando em consideração à desaprovada atitude interna manifestada pelo indivíduo. Ela é criticada por tratar de questões entre o Direito e a Moral, na medida em que o Direito regula fatos que já foram valorados moralmente, decorrentes da valoração social, assim como em outras, a valoração jurídica é antecedente, determinando a valoração social. O que é um perigo, pois se pensarmos na conduta como socialmente relevante, é esse o caráter que a torna juridicamente confusa, pois ela perderá o sentido de teoria da ação, pois a valoração e a relevância deverão antevir sua tipificação pela norma. E mais, é importante ressaltar que há uma exigência do comportamento humano, ou seja, para aplicação no sentido jurídico-penal só podem ser levadas em consideração as atividades exteriorizadas do homem individual, não em atos das pessoas coletivas. Requer-se um comportamento socialmente relevante, mas que tenha como base a relação do indivíduo com o exterior. O que está presente nesta teoria é o conceito valorado de ação, a qual busca por meio da significação social da conduta um ponto de vista da sociedade. A ação só é relevante se afetar a relação do indivíduo com o meio e constitui no campo social um elemento de juízo de valor.
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