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Roteiro 10 - Teoria Geral do Delito - Da Ação

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Prévia do material em texto

NOME DO ALUNO
	Camila Fragozo Vargas
Radharani Bertazzo da Silva
	DATA
	ESTUDO DIRIGIDO
	DIREITO PENAL 1
	
TEORIA GERAL DO DELITO:
DA AÇÃO
	DIRETRIZES PARA CONFECÇÃO E FORMATAÇÃO DO TRABALHO:
1. Preencha os tópicos abaixo, (a) utilizando ao menos TRÊS autores diferentes; (b) fazendo as devidas citações dos autores utilizados, em notas de rodapé, a cada ponto; (c) escrevendo, por fim, um parágrafo, com suas próprias palavras sobre cada tópico; e, (d) referindo exemplos esclarecedores (se tirados dos autores, deve haver a competente nota de rodapé.
2. Ao final, CRIE UMA questão objetiva, que abranja todo o conteúdo do presente estudo, e UMA questão objetiva sobre cada conteúdo específico, destacando-as com a resposta correta. O critério para avaliação deste item será a ORIGINALIDADE (e o não envolvimento do nome do Professor.).
3. Coloque os nomes da dupla, mantendo o destaque em amarelo, e obedecendo a ordem alfabética. Ambos devem postar o seu trabalho. Não serão aceitos trabalhos em trincas ou grupos. As mesmas regras valem para os trabalhos individuais.
4. Ao final, cole ao menos uma jurisprudência sobre cada o tema tratado, explicando, na sequência os motivos que o levaram a escolher o julgado e sua relação com a matéria em estudo. Atentem à formatação exigida para a colagem da jurisprudência.
5. O trabalho deverá ser entregue em formato PDF, com o corpo do texto em fonte Calibri, tamanho 12, em parágrafos com o alinhamento justificado, 6 pontos “antes” e 0 pontos “depois”, e recuo de 1,25cm na primeira linha. As notas de rodapé em fonte Calibri, tamanho 9, em parágrafos com o alinhamento justificado, 6 pontos “antes” e 0 pontos “depois”, e Hanging de 0,5cm. O documento deverá ter margem direita em 1,5cm e as demais em 2,0cm. O nome do arquivo deverá ser: NOME.SOBRENOME – Roteiro 10.pdf
6. Além disto, o documento deve conter as referências completas dos autores utilizados, nos moldes descritos no item Bibliografia. Atenção: Segue um modelo de como fazer a correta referência bibliográfica. As informações entre colchetes “[]” não devem constar da versão final, por óbvio. DE TAL, Fulano. Nome do livro. [número da edição] 2.ed. Vol. X [se houver] Cidade: Editora, ano. XXp. [número total de páginas]. DE TAL, Fulano. Nome do artigo. In: TRANO, BEL. (Org.) Nome do livro em que está o artigo consultado. 2.ed. [número da edição] Cidade: Editora, ano. XXp. [número total de páginas]. DE TAL, Fulano. Nome do artigo. Nome da Revista. Cidade da Publicação, ano [de vida da revista] XX, n. XX, p. XX-XX [página inicial-página final], mês.-mês., [jan.-fev.,] ano de publicação. DE TAL, Fulano. Nome do artigo. Nome do Sítio Virtual. Disponível em <http://www.copie o endereço url>, acesso em XX-XX-XXX [data o acesso]. Por fim, nas notas de rodapé, por fim, deve haver a indicação da página que consta o texto referido; nas referências bibliográficas, o total de páginas do livro.
7. A única citação direta permitida é a da(s) ementa(s) dos acórdãos, que devem ter a seguinte formatação: a fonte deve ser Calibri, tamanho 10, o parágrafo justificado com recuo à direita de 3,5cm, e 18 pontos “antes” e “depois”. (Coloque na sequência da ementa e entre parênteses, os dados fundamentais, como no modelo que segue: [Nome do Tribunal destacado em negrito] TJRS. [Nome do Recurso] HCnº 123234. [Indicação do Desembargador Relator] Rel. Des. Fulano de Tal. [Indicação do órgão julgador] Primeira Câmara Criminal. [Data do julgamento] Julgado em XX-XX-XXXX. [Indicação da veiculação da publicação do acórdão] DJ de XX-XX-XXXX, p. XXX. Disponível em (endereço simplificado – www. tjrs.gov.br). Acesso em XX-XX-XXXX).
8. Não esqueçam que CADA PONTO DEVE SER SUCEDIDO POR UMA NOTA DE NOTA DE RODAPÉ COM A REFERÊNCIA COMPLETA DA OBRA UTILIZADA E A PÁGINA CORRESPONDENTE À IDEIA TRABALHADA, NAS DEVIDAS NORMAS DA ABNT (sugeridas para a bibliografia nos moldes do item 6).
9. Bom trabalho!!
CONCEITO DE AÇÃO
Conforme as palavras de Celso Delmanto: “Ação penal é o exercício do direito subjetivo de pedir o pronunciamento jurisdicional para a aplicação da lei penal a um caso concreto (CR/88, art. 5 2, XXXIV, a, e XXXV). No caso do Ministério Público há o poder-dever funcional de oferecer denúncia na ação penal pública. Divisão: Há duas espécies de ação penal: pública e de iniciativa privada. A ação penal pública pode ser incondicionada ou condicionada; a ação penal privada pode ser exclusivamente privada ou subsidiária da ação pública. Por via de regra, a ação penal é pública incondicionada, salvo quando a lei declara, expressamente, que só se procede: a. mediante representação do ofendido ou requisição do Ministro da Justiça (então, é pública condicionada); b. mediante queixa (então, a ação penal é de iniciativa privada).”[footnoteRef:1] [1: DELMANTO, Celso. Código Penal Comentado...— 6. ed. atual. e ampl. — Rio de Janeiro: Renovar, 2002. P .185] 
Conforme as palavras de Guilherme de Souza Nucci: “Portanto ação penal pode ser conceituada como o direito de agir exercido perante juízes e tribunais, invocando a prestação jurisdicional, que, na esfera criminal, é a existência da pretensão punitiva do Estado. A natureza jurídica da ação penal é a mesma da ação civil, separando-se apenas da razão da matéria. O direito de ação é um direito individual, expressamente assegurado na Constituição: “Alei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito” ( art.5°,XXXV). O direito de punir, por seu turno, é um direito de coação indireta, pois ninguém pode ser condenado sem uma sentença judicial. Não se deve confundir o direito de ação com o direito punitivo material do Estado, pois a pretensão de punir decorre do crime e o direito de ação precede a este, não deixando de haver, entretanto, conexão entre ambos. O Estado ingressa em juízo para obter o julgamento da pretensão punitiva, e não necessariamente a condenação.”[footnoteRef:2] [2: NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal: Parte Especial. Vol. 2. Rio de Janeiro: Forence. 2017. Total de Páginas 1059.] 
Conforme as palavras de Damásio de Jesus: “As disposições contidas no CP a respeito da ação penal são normas de natureza processual penal, salvo as que tratam da decadência do direito de queixa e representação, renúncia e perdão (arts. 103 a 106). A circunstância de a disposição encontrar-se no CP não significa necessariamente que possua cunho material. Ocorre que, encontrando-se na Parte Especial várias normas a respeito da espécie da ação penal, viu-se obrigado o legislador a inserir na Parte Geral disposições explicativas a respeito da matéria (arts. 100 e s.). Isso, porém, não quer dizer que referidas normas tenham cunho penal, pois a natureza de uma lei não depende do estatuto em que se acha. Tanto que o conteúdo das normas dos arts. 100 e s. do CP é encontrado também no CPP (arts. 24 e s.). Por esse motivo, vamos examinar somente as disposições do CP a respeito da matéria da ação penal, citando incidentemente alguns dispositivos do CPP. Entendemos que um estudo mais aprofundado e pormenorizado pertence a uma obra sobre Processo Penal e não sobre Direito Penal. Ação penal é o direito de invocar o Poder Judiciário no sentido de aplicar o Direito Penal objetivo.”[footnoteRef:3] [3: JESUS, Damásio de. Direito Penal: Parte Geral. 32ª ed. Vol 1. São Paulo: Saraiva, 2011. P 703.] 
Deste modo compreendemos que, o conceito de ação penal consiste no direito de provocar o Estado na sua função jurisdicional para a aplicação do direito penal objetivo em um caso concreto. É também o direito do Estado, único titular do "jus puniendi", de satisfazer a sua pretensão punitiva. A ação penal é um direito autônomo do autor de satisfazer sua pretensão; é também um direito abstrato, já que independe do resultado final do processo; direito subjetivo porque o titular do direito pode exigir do Estado-Juiz a prestação de sua função jurisdicional; e direito público, pois a prestação jurisdicional a ser invocada é de natureza pública.
 Ex: Num homicídio o promotor não vai perguntar à mulherdo morto, cujo amante matou o seu marido, se ela quer que o seu amante seja processado.Na ação penal pública incondicionada, há a prevalência do interesse coletivo sobre o interesse individual. Então, a ação é incondicionada: uma vez tomado ciência do fato, o promotor tem a obrigação (tem o dever jurídico) de promovê-la, da mesma forma o delegado de polícia tem o dever jurídico de instaurar o inquérito. Na ação penal pública incondicionada, o interesse do Estado é total pois aquela infração ofendeu a sociedade como um todo.
Ex2: Crimes de ação penal pública condicionada a requisição ministerial: Nos crimes contra a honra (calúnia, difamação e injúria), se cometidos contra Chefe de Governo estrangeiro e no caso de prática de crime contra brasileiro em território estrangeiro.
Ex3: Crimes de ação penal privada: calúnia, difamação, injúria, dano, estupro, atentado violento ao pudor, posse sexual mediante fraude, atentado ao pudor mediante fraude, sedução, corrupção de menores e outros..
Jurisprudência: Ementa: AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. CADASTRAMENTO DE NOVA CONDENAÇÃO. FATO SUPERVENIENTE. Verifica-se que o agravo interposto pelo Ministério Público, pretendendo reformar a decisão que indeferiu o cadastramento da pena imposta na ação penal 001/2.15.0055858-1, perdeu seu objeto, uma vez que, em decisão superveniente, foi ordenado cadastramento da referida condenação ante o seu trânsito em julgado. Sendo assim, encontra-se prejudicado o agravo em razão de fato superveniente. AGRAVO PREJUDICADO. (Agravo de Execução Penal, Nº 70084206788, Quinta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Lizete Andreis Sebben, Julgado em: 29-05-2020).
Observa-se que o TJ-RS analisou este caso conforme o fato do agravo ter sido prejudicado após ter saído um novo agravo do Ministério Público. 
Questão. Quanto à titularidade da ação, é incorreto afirmar que: 
a) o titular da ação penal pública condicionada à representação é a vítima ou o seu representante legal. (CERTA)
b) o titular da ação penal pública incondicionada é o Ministério Público. 
c) o titular da ação penal privada é a vítima ou o seu representante legal. 
d) uma vez inerte o Ministério Público, a vítima ou o seu representante legal terá legitimidade para ajuizar a ação penal privada subsidiária da pública. 
TEORIAS DA AÇÃO
Conforme as palavras de Carlos Cossio: “Esta es la libertad metafísica que se fenomenaliza en el mundo. Pero la libertad no puede ser caracterizada correctamente como un puro poder ser ya que no hay algo así como una pura explosión hacia la nada sino que la libertad va adelantando su futuro. Por ello – en relación a esse futuro ya adelantando su futuro – la libertad se caracteriza mejor como un deber ser, un deber ser existencial. Este deber ser existencial, fenomenalizado, es, repetimos, la conduta”[footnoteRef:4] [4: COSSIO, Carlos. Apud AFTATION, Enrique R.; VILANOVA, José. Introducción al Derecho: conocimiento y conocimiento cientifico, historia de las ideas jurídicas, teoria general del derecho, teoria general aplicada. 2ª Ed. Buenos Aires: Abeledo- Perrot. P. 344] 
Conforme as palavras de Magalhães E. Noronha: “Donde o Estado dispõe de outro direito, do jus persequendi ou jus persecutionis, direito subjetivo que lhe outorga o poder de promover in abstracto a persecução do autor do crime. Dito direito é o Estado-administração, mas não se efetiva ou se exterioriza senão na persecutio criminis, na qual ele pede ao Estado-juiz que aplique o direito objetivo no caso concreto. “O direito de ação penal”, diz Grispigni, “consiste na faculdade de exigir a intervenção do poder jurisdicional para que investigue a procedência da pretensão punitiva do Estado-administração, nos casos concretos”. Nessa pretensão punitiva conjugam-se, portanto, o direito de punir e o jus persequendi, agora realizados ou transformados em atos. Mas, como lembra Canuto Mendes de Almeida, “o aparelho judiciário é, geralmente, inerte. Seu funcionamento depende de solicitação exterior; a jurisdição só se move mediante esse impulso. Essa solicitação ou impulso, que à lei incumbe determinar, é a ação: uma atividade de pessoas que querem ou que devem garantir pela coação do poder público a efetividade de um direito e que, nos termos legais, constitui condição do procedimento jurisdicional”2. A ação é, pois, o direito de invocar a jurisdição do juiz; é um atributo do autor; é o direito de requerer em juízo aquilo que é devido ao autor — jus persequendi in judicio, quod sibi debetur, como define Celso, reproduzido nas Institutas, de Actionibus3. Todavia advirta-se que a ação penal não é a persecução criminal, senão um momento seu. A persecutio criminis tem início com as investigações policiais, que constituem o inquérito, procedimento preliminar ou preparatório da ação que o seguirá. Para ele, basta existir tão-só a notitia criminis. Concluídas as Investigações e diligências policiais, habilitado fica Estado-administração a comparecer a juízo e pedir ao Estado-juiz que aplique o direito objetivo. Nasce, nesse momento, a ação penal.”[footnoteRef:5] [5: NORONHA, E. Magalhães Direito penal, volume 1: introdução e parte geral — 38. ed. São Paulo: Saraiva,2004. 317-318p.] 
Conforme as palavras de Bernd Schunemann : “Na mesma esteira, Schünemann ressalta que da teoria da ação final derivam diversas consequências, muitas delas que podem ser adjetivadas como “patrimônio comum” de todo o Direito Penal: o tipo não pode mais permanecer confinado à descrição de um processo objetivo (do mundo exterior), devendo apreender também a estrutura final da ação humana, produzindo-se o reconhecimento de um “tipo subjetivo”, que figuraria ao lado do “tipo objetivo”. Os crimes dolosos e culposos se distinguem já no plano da tipicidade, passando o dolo, nos crimes dolosos, a ser o elemento central do tipo subjetivo, completado, em certos casos, pelos elementos subjetivos do injusto. Ao reformular deste modo o tipo – prossegue Schünemann –, produz-se uma “depuração” do conceito normativo de culpabilidade, extirpando-se os elementos psicológicos, fazendo-se possível estabelecer os pressupostos da reprovabilidade de modo muito mais evidente do que antes.”[footnoteRef:6] [6: SCHÜNEMANN, Bernd. Introducción al razonamiento..., cit., p. 295-296). Idem, p. 227.] 
Deste modo compreendemos que, as teorias da ação contribuiu para a evolução do direito processual. Formaram-se diversas correntes e algumas das teorias acabaram por não serem mais aceitas. A doutrina dominante conceitua ação como um direito subjetivo. Ao longo dos tempos, com o estudo das teorias da ação, chegou-se ao conceito de ação finalmente. Quanto à classificação das ações, vimos que a tutela jurisdicional, sob forma de decisões, pressupõe um processo de conhecimento, a de execução reclama atos executórios, que realizam  a sentença proferida em ação de conhecimento ou títulos extrajudiciais e a tutela jurisdicional cautelar visa acautelar interesses das partes em perigo de demora da providência jurisdicional de conhecimento ou de execução. Através deste estudo, tem-se uma noção a respeito do direito processual civil, bem como sua evolução e autonomia frente ao direito material subjetivo.
Jurisprudência: Ementa: APELAÇÃO-CRIME. ROUBO MAJORADO. CONCURSO DE AGENTES. 1. ÉDITO CONDENATÓRIO. MANUTENÇÃO. Prova amplamente incriminatória. Confissão levada a efeito pelo réu corroborada pela narrativa da vítima, que o reconheceu como o indivíduo que adentrou ao lotação e arrebatou numerário, logrando escape na sequência na posse da “res”, em ambas as fases da persecução penal: na fase do inquérito policial, por fotografia, e pessoalmente, em juízo. Imagens captadas pelas câmeras de segurança do veículo de transporte coletivo durante o evento, as quais mostram o réu e a comparsa efetuando o roubo ao lotação, sendo que o próprio réu, em juízo, reconheceu como sendo ele o indivíduo que aparece nas imagens em questão, além de ter sempre admitido a prática do delito. Confissão judicial do incriminado, que possui valor probante sobretudoquando corroborada pelos relatos da vítima. Observância do art. 197 do CPP. Nada obsta que seja feito um cotejo entre a prova judicializada e as informações colhidas durante as investigações policiais, nos precisos termos do art. 155 do CPP, vedando, apenas, que a condenação venha embasada exclusivamente nos informes do inquérito, como ocorreu no caso concreto. Prova segura à condenação, que vai mantida. 2. ATIPICIDADE POR AUSÊNCIA DE DOLO. DEPENDÊNCIA QUÍMICA. INIMPUTABILIDADE PENAL. NÃO RECONHECIMENTO. Dolo de subtração plenamente demonstrado nos autos. A dependência em drogas e álcool não importa em ausência de dolo, tampouco afigura-se excludente de culpabilidade, a não ser que demonstrada ser proveniente de caso furtuito ou força maior e causadora de comprometimento da higidez mental do agente. Teoria da actio libera in causa adotada pelo Código Penal – art. 28, II e §§ do CP. Elementos probatórios coletados na instrução processual que não permitem concluir, de forma cabal, que o incriminado, por ocasião do evento, tinha comprometida a consciência dos seus atos ou não possuía a plena capacidade de entender o caráter ilícito de sua conduta e de determinar-se conforme esse entendimento. Prova dos autos que não sugere comprometimento, seja da capacidade volitiva, seja da higidez mental do réu, ao revés, o fato de ter prestado narrativa linear, confessando a prática criminosa em ambas as fases de ausculta, bem como a conduta adotada por ele na ocasião, dando conta de um planejamento lógico visando à obtenção facilitada de numerário, inclusive simulando portar arma, denota a existência de consciência do caráter criminoso de seu comportamento evidenciando o “animus furandi”. A simples alegação de dependência química ou de que estivesse o réu sob efeito de drogas no momento do delito, não exclui a responsabilidade pelo delito praticado, muito menos torna atípico o fato. Incidente de insanidade mental que, sendo facultativo, nem mesmo foi requerido pela defesa ou sugerido pelo Ministério Público ou ainda determinado, de ofício, pelo magistrado. Tipicidade e imputabilidade afirmadas. Condenação mantida. 3. MAJORANTE. CONCURSO DE AGENTES. AFASTAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. Adjetivadora do concurso de pessoas demonstrada pela prova oral coligida aos autos, evidenciando a ação conjunta do réu e de sua comparsa, em clara divisão de tarefas, igualmente relevantes ao êxito da empreitada criminosa, desimportando que a parceira de empreitada do réu não tenha sido identificada, porque sobreleva é a atuação conjunta, a soma de esforços. Coautoria configurada. Conjugação de vontades destinadas a um fim comum. Prescindibilidade de prova do prévio ajuste entre os agentes. Majorante mantida. 4. DOSIMETRIA. PENA-BASE. Basilar bem fixada em 4 anos e 6 meses de reclusão, negativada a operadora consequências. Injustificável a valoração negativa da moduladora consequências, os prejuízos sofridos pela vítima, em razão da ação criminosa, não se fazendo de monta a ponto de repercutir no apenamento básico, constando dos elementos vindos aos autos que o valor subtraído totaliza R$ 48,50. Moduladora circunstâncias que merece receber nota desfavorável, pois extrapolada a previsão típica, em razão de que praticado o delito em veículo de transporte público coletivo de passageiros, tendo sido pelo menos 2 pessoas submetidas à ação – o motorista do lotação e um passageiro –, embora só 1 vítima patrimonial. Por outro lado, o histórico criminal movimentado do acusado deveria ter refletido no apenamento de partida. Agente que, além de sextuplamente reincidente, registra ainda 3 condenações definitivas por fatos anteriores (2) e posterior (1), todas por roubo, 1 condenação provisória, por fato anterior, igualmente por roubo, e responde a outro processo criminal, também por delito de roubo anterior ao presente, servindo perfeitamente a indicar não só maus antecedentes (delitos anteriores) como personalidade voltada à prática de ilícitos (delito posterior). Indivíduo que não pode receber tratamento penal idêntico àquele que nunca enveredou pelo caminho ilícito. Princípios da proporcionalidade e da isonomia. Inexistência de bis in idem. Ainda que o sentenciante não tenha desvalorado as operadoras antecedentes, personalidade e circunstâncias, nada impede que assim o entenda o Colegiado. Tribunal ad quem, que, em recurso exclusivo da defesa, está vinculado ao quantum de pena aplicado, e não aos critérios de fixação dela eleitos pelo sentenciante. Art. 617, in fine do CPP. Precedentes do E. STJ e do E. STF. Basilar mantida. 5. MULTA. AFASTAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. Inviável o afastamento da pecuniária imposta, por tratar-se de pena cumulativa, prevista expressamente em lei, de aplicação cogente, portanto, sem afrontar o princípio da intranscendência da pena – art. 5º, XLV, da CF. Eventual impossibilidade de pagamento, pelo invocado estado de pobreza, deve ser alegada no juízo da execução, não competindo a análise ao juízo do conhecimento. Inviabilidade da isenção requerida, por ausência de previsão legal. APELO IMPROVIDO.(Apelação Criminal, Nº 70083842518, Oitava Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Fabianne Breton Baisch, Julgado em: 27-05-2020)
Observa-se que o TJ-RS analisou o caso levando em consideração a teoria da ação vigente em nosso país atualmente. 
Questão. Sobre as teorias da ação, é correto afirmar que:
a) a teoria civilista ou imanentista desvincula o direito material do direito de ação, que é autônomo;
b) a teoria concreta considera o direito de ação autônomo e independente do direito material;
c) a teoria abstrata reputa o direito de ação como amplo e genérico, e sua existência é condicionada pelo direito material, do qual independe;
d) a teoria eclética trabalha com a categoria de condições para o regular exercício da ação, estranhas ao mérito da causa; (CERTA)
e) a teoria da asserção busca demonstrar que as questões preliminares se confundem com as de mérito.
Teoria Causal da Ação (Modelo Naturalista)
Conforme as palavras do site Direitonet: “A Teoria Naturalista, ou Teoria Causalista da Ação, parte da premissa de que a conduta do agente delitivo toca-se de vontade, mas não se aventa, para fins de averiguação da tipicidade do ato, da existência ou não de uma motivação abrangente do resultado ilícito que a tutela penal resguarda.”[footnoteRef:7] [7: Disponível em: https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/7720/Teorias-naturalista-finalista-e-social-da-acao, acesso em 01/06/2020. ] 
Conforme as palavras de André Estefam e Victor Eduardo Rios Gonçalves: “Teoria causal ou naturalista: ação é a inervação muscular que, produzida por energias de um impulso cerebral, provoca modificações no mundo exterior (Von Liszt). Em outras palavras, seria a ação mera exteriorização do pensamento, consistente numa modificação causal no mundo exterior. Mezger, citando Beling, dizia: “Para se afirmar que existe uma ação basta a certeza de que o sujeito atuou voluntariamente. O que quis (ou seja, o conteúdo de sua vontade) é por ora irrelevante: o conteúdo do ato de vontade somente tem importância no problema da culpabilidade”. Para a teoria causal, o que importa não é a essência da ação humana para fins de responsabilização penal, mas a possibilidade de atribuir a essa ação um resultado, cujo desvalor se sobrepõe ao da ação.”[footnoteRef:8] [8: ESTEFAM, André; GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito penal esquematizado – parte geral - 9. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020. 445 p.] 
Conforme as palavras de Cezar Roberto Bitencourt: “Teoria causal-naturalista da ação - O conceito causal de ação foi elaborado por Von Liszt no final do século XIX, em decorrência da influência do pensamento científico-natural na Ciência do Direito Penal. Na verdade, o conceito causal foi desenvolvido por Von Liszt e Beling, e fundamentado mais detidamente por Radbruch. Para Von Liszt, a ação consiste numa modificação causal do mundo exterior, perceptível pelos sentidos, e produzida por uma manifestação de vontade, isto é, por uma ação ou omissãovoluntária. Mais precisamente, nas próprias palavras de Von Liszt, “a volição que caracteriza a manifestação de vontade e, por conseguinte, a ação significa, simplesmente, no sentido desta concepção, o impulso da vontade. Pode-se defini-la fisiologicamente como a inervação, e pode-se concebê-la psicologicamente como aquele fenômeno da consciência pelo qual estabelecemos as causas”8. Em termos bem esquemáticos, ação é movimento corporal voluntário que causa modificação no mundo exterior. A manifestação de vontade, o resultado e a relação de causalidade são os três elementos do conceito de ação. Abstrai-se, no entanto, desse conceito o conteúdo da vontade, que é deslocado para a culpabilidade (dolo ou culpa). Com efeito, o conceito causal de ação fracionava a ação, como sustentava Welzel, dividindo-a no processo causal “externo”, objetivo — ação e resultado —, de um lado, e no conteúdo da vontade, processo “interno”, subjetivo, de outro lado, para melhor satisfazer a separação exigida pela dogmática entre antijuridicidade e culpabilidade. Sobre essa construção surgiu, por volta de 1900, o sistema liszt-beling-radbruch, que ficou conhecido como o sistema clássico. No entanto, ainda no início do século XX, com o descobrimento de elementos subjetivos na antijuridicidade e, particularmente, com o reconhecimento de que na tentativa o dolo é um elemento subjetivo do injusto, desintegrou-se o sistema clássico, que se fundamentava nessa distinção básica entre causal-objetivo e anímico-subjetivo. Ora, se o dolo pertence ao injusto da tentativa, não pode ser somente elemento da culpabilidade na consumação, especialmente quando se admite que a distinção entre tentativa e consumação carece de relevância material. Dificuldade igualmente insuperável enfrentou o conceito causal de ação em relação ao crime culposo, especialmente com a compreensão de que o fator decisivo do injusto, nesses crimes, é o desvalor da ação. Segundo Mezger, “a teoria jurídico-penal da ação limita-se a perguntar o que foi causado pelo querer do agente, qual é o efeito produzido por dito querer. Todos os efeitos do querer do sujeito que atua são partes integrantes da ação. Para a teoria jurídico-penal da ação é irrelevante se estes efeitos são também conteúdo da consciência e do querer do agente, e até que ponto o são”. Dizia Mezger, citando Beling, que “para se afirmar que existe uma ação basta a certeza de que o sujeito atuou voluntariamente. O que quis (ou seja, o conteúdo de sua vontade) é por ora irrelevante: o conteúdo do ato de vontade somente tem importância no problema da culpabilidade”12. Constata-se que, ao contrário de Von Liszt, “Mezger acusa a influência da filosofia neokantiana na Ciência do Direito Penal alemão, e considera que o conceito causal de ação não é um conceito puramente neutro, pois leva implícito um elemento valorativo, ao exigir que o fazer ou deixar de fazer sejam voluntários”13. A teoria causal da ação, que teve boa acolhida em muitos países, foi praticamente abandonada pela dogmática alemã, começando com a advertência do próprio Radbruch, que, já no início do século XX, destacou que o conceito causal de ação era inaplicável à omissão, conforme já referimos. Falta nesta uma relação de causalidade entre a não realização de um movimento corporal e o resultado. Nessas circunstâncias, o conceito causal de ação não pode cumprir a função de elemento básico, unitário, do sistema da teoria do delito. Finalmente, em relação aos crimes culposos, a teoria não teve melhor sorte; com a compreensão de que o decisivo do injusto nos crimes culposos é o desvalor da ação, a doutrina causal da ação fica também superada.”[footnoteRef:9] [9: BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal : Parte geral, Vol 1 - São Paulo : Saraiva, 2012. 110p.] 
Deste modo compreendemos que, a teoria causal da ação no modelo naturalista é a conduta é evento natural, sem apreciação sobre a sua ilicitude ou reprovabilidade.
Ex: O agente comete um ação ilícita e é levado a julgamento no século XXI deste modo será julgado conforme a teoria causal da ação no modelo naturalista. 
Jurisprudência: DECISÃO MONOCRÁTICA. APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PÚBLICO NÃO ESPECIFICADO. SAÚDE. TRANSFERÊNCIA HOSPITALAR. UTI. AÇÃO EXTINTA SEM JULGAMENTO DE MÉRITO EM RAZÃO DO FALECIMENTO DO AUTOR. VERBA HONORÁRIA. DESPESAS PROCESSUAIS. 1. Inaplicabilidade do princípio da causalidade, pois se impõe o ônus da sucumbência não exatamente a quem deu causa à ação, mas sim a quem perderia a demanda, se a ação fosse decidida pelo mérito. 2. Sentença de extinção da ação, em razão do falecimento do autor, com condenação do réu ao pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais. 3. Considerando a natureza da causa e o tempo de tramitação da demanda, adequada a redução dos honorários advocatícios para R$400,00 (quatrocentos reais), a teor do art. 85, § 8º, do CPC/2015. 4. A ação foi ajuizada após a data da publicação da Lei Estadual nº 14.634/14 - 15/06/2015 - que instituiu a Taxa Única de Serviços Judiciais, razão pela qual o ente público está isento do pagamento das custas, por força do que dispõe o inciso I do art. 5º da referida lei. 5. Matéria que encontra solução unânime pelos integrantes da Câmara. 6. Sentença de extinção do feito. APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA.(Apelação Cível, Nº 70083820837, Quarta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Antônio Vinícius Amaro da Silveira, Julgado em: 29-05-2020).
Observa-se que o TJ-RS analisou o caso levando em consideração a teoria causal da ação no modelo naturalista que seria o vigente. 
Questão. Acerca das teorias da ação, assinale a alternativa correta:
a)Para a teoria finalista da ação, crime é um fato típico, antijurídico e culpável, consistindo a culpabilidade no elo subjetivo que liga a ação ao resultado. 
b)Para a teoria finalista da ação, a conduta é um comportamento humano dirigido a um fim predeterminado pelas causas anteriores.
c)Para a teoria causalista ou naturalista da ação, a conduta é um comportamento humano voluntário no mundo exterior, consistindo em fazer ou não fazer. (CERTA)
d)Para a teoria finalista da ação, a conduta é um comportamento humano simplesmente causal. 
Teoria Causal da Ação (Modelo Clássico)
Conforme as palavras de Cezar Roberto Bitencourt: “O conceito causal de ação foi elaborado por Von Liszt no final do século XIX, em decorrência da influência do pensamento científico-natural na Ciência do Direito Penal. Na verdade, o conceito causal foi desenvolvido por Von Liszt e Beling, e fundamentado mais detidamente por Radbruch7. Para Von Liszt, a ação consiste numa modificação causal do mundo exterior, perceptível pelos sentidos, e produzida por uma manifestação de vontade, isto é, por uma ação ou omissão voluntária. Mais precisamente, nas próprias palavras de Von Liszt, “a volição que caracteriza a manifestação de vontade e, por conseguinte, a ação significa, simplesmente, no sentido desta concepção, o impulso da vontade. Pode-se defini-la fisiologicamente como a inervação, e pode-se concebê-la psicologicamente como aquele fenômeno da consciência pelo qual estabelecemos as causas”8. Em termos bem esquemáticos, ação é movimento corporal voluntário que causa modificação no mundo exterior. A manifestação de vontade, o resultado e a relação de causalidade são os três elementos do conceito de ação. Abstrai-se, no entanto, desse conceito o conteúdo da vontade, que é deslocado para a culpabilidade (dolo ou culpa). Com efeito, o conceito causal de ação fracionava a ação, como sustentava Welzel, dividindo-a no processo causal “externo”, objetivo — ação e resultado —, de um lado, e no conteúdo da vontade, processo “interno”, subjetivo, de outro lado, para melhor satisfazer a separação exigida pela dogmática entre antijuridicidade e culpabilidade9. Sobre essa construção surgiu, por volta de 1900, o sistema liszt-beling-radbruch, que ficou conhecido como o sistema clássico. No entanto, ainda no início do século XX, com o descobrimento de elementos subjetivos na antijuridicidade e, particularmente, como reconhecimento de que na tentativa o dolo é um elemento subjetivo do injusto, desintegrou-se o sistema clássico, que se fundamentava nessa distinção básica entre causal-objetivo e anímico-subjetivo. Ora, se o dolo pertence ao injusto da tentativa, não pode ser somente elemento da culpabilidade na consumação, especialmente quando se admite que a distinção entre tentativa e consumação carece de relevância material10. Dificuldade igualmente insuperável enfrentou o conceito causal de ação em relação ao crime culposo, especialmente com a compreensão de que o fator decisivo do injusto, nesses crimes, é o desvalor da ação. Segundo Mezger, “a teoria jurídico-penal da ação limita-se a perguntar o que foi causado pelo querer do agente, qual é o efeito produzido por dito querer. Todos os efeitos do querer do sujeito que atua são partes integrantes da ação. Para a teoria jurídico-penal da ação é irrelevante se estes efeitos são também conteúdo da consciência e do querer do agente, e até que ponto o são”. Dizia Mezger, citando Beling, que “para se afirmar que existe uma ação basta a certeza de que o sujeito atuou voluntariamente. O que quis (ou seja, o conteúdo de sua vontade) é por ora irrelevante: o conteúdo do ato de vontade somente tem importância no problema da culpabilidade”12. Constata-se que, ao contrário de Von Liszt, “Mezger acusa a influência da filosofia neokantiana na Ciência do Direito Penal alemão, e considera que o conceito causal de ação não é um conceito puramente neutro, pois leva implícito um elemento valorativo, ao exigir que o fazer ou deixar de fazer sejam voluntários”. A teoria causal da ação, que teve boa acolhida em muitos países, foi praticamente abandonada pela dogmática alemã, começando com a advertência do próprio Radbruch, que, já no início do século XX, destacou que o conceito causal de ação era inaplicável à omissão, conforme já referimos. Falta nesta uma relação de causalidade entre a não realização de um movimento corporal e o resultado. Nessas circunstâncias, o conceito causal de ação não pode cumprir a função de elemento básico, unitário, do sistema da teoria do delito. Finalmente, em relação aos crimes culposos, a teoria não teve melhor sorte; com a compreensão de que o decisivo do injusto nos crimes culposos é o desvalor da ação, a doutrina causal da ação fica também superada.”[footnoteRef:10] [10: BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal Parte Geral. 17ª. Ed.Vol. 1. São Paulo: Saraiva. 2012. P 110. ] 
Conforme as palavras de André Estefam e Victor Eduardo Rios Gonçalves: “Coube a Claus Roxin, precursor da teoria, indicar sua árvore genealógica. Segundo ele, quem primeiro introduziu, no âmbito do Direito, o conceito da imputação de uma conduta a um resultado como problema de cunho jurídico (e não naturalístico) foi o civilista Karl Larenz, em 1927. Esse autor definira o conceito de imputação para o Direito em sua tese de doutorado, intitulada A teoria da imputação de Hegel e o conceito de imputação objetiva (Hegels Zurechnunglehre und der Begriff der objektive Zurechnung). Nessa obra, Larenz demonstra intensa preocupação em estabelecer os pressupostos jurídicos adequados para determinar quais consequências de nossos atos podem nos ser atribuídas como obras nossas e quais são obras do acaso. Richard Honig, em 1930, trouxe para o Direito Penal a mesma preocupação de Larenz, em seu artigo Causalidade e imputação objetiva (Kausalität und objektive Zurechnung). Honig tomou como ponto de partida a polêmica existente entre a teoria da equivalência dos antecedentes e a teoria da causalidade adequada, no que concerne à busca do critério acertado para se atribuir um resultado a uma pessoa. O autor concluiu que a aferição da relação de causalidade material não poderia ser (mais) considerada como um dos aspectos centrais da Teoria do Delito. No lugar de pressupostos causalísticos (ou materiais), deveria o jurista valer-se de requisitos jurídicos para se estabelecer um liame entre ação e resultado. Em 1970, Claus Roxin escreveu suas Reflexões sobre a problemática da imputação no direito penal. Neste ensaio, o autor resgatou o pensamento de Honig quanto à rejeição da importância da causalidade material e elaborou as bases fundamentais da “moderna” teoria da imputação objetiva (calcada no princípio do risco).“(...) a questão jurídica fundamental não consiste em averiguar se determinadas circunstâncias se dão, mas em estabelecer os critérios em relação aos quais queremos imputar a uma pessoa determinados resultados. A alteração da perspectiva que aqui se leva a cabo, da causalidade para a imputação, faz com que o centro de gravidade se desloque, já em sede de teoria da ação, da esfera ontológica para a normativa: segundo esta, a questão de saber se é possível imputar a um homem um resultado como obra sua, depende, desde o início, dos critérios de avaliação a que submetemos os dados empíricos. Por conseguinte, se, como faz Honig, colocarmos no centro de toda a discussão jurídico-penal ‘o juízo de imputação com o seu caráter específico e basicamente distinto do juízo causal’, tal implica a tese, hoje muito discutida, da normatividade do conceito jurídicopenal de ação”. A principal diferença entre a moderna teoria da imputação objetiva (Roxin) e sua concepção original (Larenz e Honig) consiste em que “primeiramente, a formulação moderna trabalha com a ideia de risco, de perigo, ainda não presente de forma explícita nas primeiras construções; em segundo lugar, a formulação moderna desenvolve uma série de critérios de exclusão da imputação, enquanto as teorias primitivas esgotavam-se, fundamentalmente, em excluir os resultados imprevisíveis”, isto é, cuidavam dos chamados “cursos causais extraordinários”.[footnoteRef:11] [11: ESTEFAM, André; GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito penal esquematizado – parte geral - 9. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020. 496 p.] 
Conforme as palavras do site Direitonet: “O modelo clássico de ação estrutura o sistema clássico do crime, baseado na separação do nexo causal exterior, a relação psíquica do autor com o resultado, que concentra a fundamentação dos elementos causais/objetivos da antijuridicidade típica, e dos elementos psíquicos/subjetivos da culpabilidade”[footnoteRef:12] [12: Disponível em : https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/3538/Teorias-da-conduta-no-Direito-Penal, acessado em 05/06/2020 às 14:25. ] 
Deste modo compreendemos que, a teoria causal da ação no modelo clássico por força da teoria tripartite, o crime é possuidor de TIPICIDADE, ANTIJURIDICIDADE E CULPACILIDADE. Ocorre que para essa teoria - Clássica -, o crime possui duas partes (não confundir com a bipartida dissidente), OBJETIVA e SUBJETIVA. 
Ex: O agente comete uma ação ilícita, deste modo é levado a julgamento no século XV assim foi julgado conforme a teoria causal da ação no modelo clássico. 
Jurisprudência: RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DO VALOR PAGO OU SUBSTITUIÇÃO DO PRODUTO C/C INDENIZATÓRIA. APARELHO CELULAR. VÍCIO DO PRODUTO. MAU USO DO EQUIPAMENTO EVIDENCIADO. LAUDO TÉCNICO APONTANDO DIVERSOS DANOS NO DISPLAY DO APARELHO. SITUAÇÃO NÃO COBERTA PELA GARANTIA. PARECER TÉCNICO QUE PREVALECE, À MÍNGUA DE OUTRAS PROVAS QUE INFIRMEM AS CONCLUSÕES DO LAUDO. - Cuidam-se os autos de ação na qual narrou o autor que adquiriu um celular, modelo GALAXY J7, em 24/12/2016, que em 03/03/2018 apresentou defeito na tela. Acionada a garantia, o conserto foi negado, em razão da constatação de que houve uso indevido do aparelho, culminando na perda da garantia. - A par do conjunto probatório, embora se trate de clássica relação de consumo, com inversão do ônus da prova, não é dispensado o dever da parte autora de fazer prova quanto ao fato constitutivo do seu direito, nos termos do inciso I do artigo 373 do CPC, o que não foi observado nos autos. - Partindo-se desse ponto, não se pode fundamentar um juízo de procedência exclusivamente a partir das alegações do demandante, sobretudo quando existe um laudo técnico atestando o uso inadequadodo produto, contendo as correspondentes fotografias que avalizam as conclusões do laudo. Verifica-se do laudo acostado às fls. 28/29 que o aparelho celular se encontra com a tela frontal trincada, sendo plausível concluir, até mesmo pelo tempo de uso, que tenha sido utilizado ou manuseado de forma inadequada, ou ainda, que tenha sofrido uma queda. - Não foi produzida qualquer prova de que o problema reclamado tenha outra origem. Vale dizer que o laudo foi assinado por profissional, devidamente registrado no CREA, que analisou o produto em todas suas especificidades, cuja idoneidade deve ser presumida, à míngua de outros elementos que infirmem o que foi constatado. - Logo, diagnosticado que o problema apresentado no produto decorre de manuseio inadequado, a situação autoriza a exclusão da responsabilidade do fornecedor pela avaria, em razão da ausência de nexo causal, pressuposto básico da responsabilidade civil, descabendo a substituição do produto ou devolução do valor pago, tampouco indenização por dano moral. - Nesse sentido: RECURSO INOMINADO. AÇÃO RESCISÓRIA E INDENIZATÓRIA. CONSUMIDOR. VÍCIO DO PRODUTO. APARELHO CELULAR. CONSTATAÇÃO DE MAU USO. TELA TRINCADA. SITUAÇÃO NÃO COBERTA PELA GARANTIA. LAUDO TÉCNICO. IMPOSSIBILIDADE DE RESTITUIÇÃO DO VALOR PAGO PELO PRODUTO. DANOS MORAIS NÃO CONFIGURADOS. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO. (Recurso Cível Nº 71007243207, Terceira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Cleber Augusto Tonial, Julgado em 23/11/2017) - Sentença mantida, a teor do disposto no art. 46 da Lei 9.099/95. RECURSO DESPROVIDO. UNÂNIME.(Recurso Cível, Nº 71008454985, Segunda Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Elaine Maria Canto da Fonseca, Julgado em: 30-10-2019)
 Observa-se que o TJ-RS analisou o caso levando em consideração a teoria causal da ação no modelo clássico que seria o vigente. 
Questão:	Leia	o texto a seguir e responda: 
O “sistema clássico” foi responsável pela divisão da ação humana em dois segmentos distintos: de um lado, o querer interno do agente; de outro, “o processo causal” visível, isto é, a conduta corporal do agente e o seu “efeito” ou resultado. Situava-se no injusto o encadeamento causal externo e, na culpabilidade, todos os elementos subjetivos, isto é, os elementos internos (anímicos) do agente. 
Considerando a tradição germânica da teoria geral do crime, é correto afirmar, quanto a essa concepção e respectiva orientação metodológica, que o texto anterior se refere ao modelo:
a)socialista e à filosofia neokantiana.
b)funcionalista e à teoria de sistemas.
c)causalista e ao positivismo naturalista. (CERTA)
d)finalista e à filosofia ontofenomenológica.
Teoria Finalista da Ação
Conforme as palavras de André Estefam e Victor Eduardo Rios Gonçalves: “Teoria finalista da ação: ação é a conduta humana consciente e voluntária dirigida a uma finalidade (Welzel). Ação e finalidade são conceitos inseparáveis. Esta é a espinha dorsal daquela. Isso porque o homem, sendo conhecedor dos diversos processos causais que pode desencadear, dirige seus comportamentos buscando atingir algum objetivo.”[footnoteRef:13] [13: ESTEFAM, André; GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito penal esquematizado – parte geral - 9. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020. 445 p.] 
Conforme as palavras de Damásio de Jesus: “A teoria da ação finalista, que tem em Welzel o seu mais extremado criador e precursor, com fundamento nas ideias filosóficas de Honigswald e Nikolai Hartmann, constituiu-se na reação lógica contra os errôneos postulados das doutrinas causais da ação, produzindo efeitos na estrutura do tipo, da ilicitude e da culpabilidade. A doutrina penal, mesmo antes de Welzel, havia percebido que a adoção da teoria causal da ação levava à perplexidade. Diante dela, não havia diferença entre a ação de uma lesão dolosa e a de uma lesão culposa, visto que o resultado nos dois crimes é idêntico (ofensa à integridade corporal ou à saúde da vítima). O desvalor do resultado não constitui elemento diversificador. A diferença está na ação: é o desvalor da ação que faz com que um homicídio doloso seja apenado mais severamente do que um homicídio culposo, embora o resultado morte seja elementar dos dois delitos. Diante disso, viram que os crimes não se diferenciam só pelo desvalor do resultado, mas principalmente pelo desvalor do comportamento típico, ou, como diz Maurach, repetindo a antiga ideia reacionária, pelo “desvalor do fenômeno da ação por si só”.”[footnoteRef:14] [14: JESUS, Damásio de. Direito Penal: Parte Geral. 32ª ed. Vol 1. São Paulo: Saraiva, 2011. P 275.] 
Conforme as palavras de Luiz Flávio Gomes: “O finalismo não foi só, nem fundamentalmente, uma teoria da “ação” (da ação final ou finalista: toda ação é finalista) nem uma particular “sistematização” do delito (que deslocou o “dolo” e a culpa da culpabilidade para o tipo de injusto nos delitos dolosos ou culposos). O finalismo foi uma atitude epistemológica (científica) “objetiva”, que se levantou contra o subjetivismo neokantia- no, contra seu relativismo axiológico, e que construiu toda uma nova teoria do conhecimento, baseada na prioridade do “objeto”, assim como no caráter permanente e essencial dos valores. Para o finalismo é o “objeto” (o conceito de ação, v.g.) que condiciona o “método”, não o contrário (não o método que determina o objeto). Os valores residem nas coisas, na essência delas, não nas categorias do entendimento do sujeito (como dizia o neokantismo). Conhecer não é transformar a realidade, senão apreendê-la como ela é. Por isso mesmo (para ser finalista) não basta admitir o dolo no tipo de injusto nem apelar para o caráter “finalista” da ação ou para a “natureza das coisas”. Os valores, em suma, não estão na cabeça do intérprete da realidade (como faziam os neokantianos), senão na própria realidade.”[footnoteRef:15] [15: GOMES, Luiz Flávio. Direito Penal Parte Geral. 2ª ed. Vol. 1São Paulo: Revista dos tribunais. P 66 - 67 .] 
Deste modo compreendemos que, a teoria finalista da ação foi formulada na Alemanha por Hans Welzel na década de 1930, tem como preceito fundamental o estudo do crime como atividade humana. Para a Teoria Finalista deve-se observar a intenção e a finalidade objetivada pelo autor para que possa a conduta ser imputada ao mesmo. A ação ou omissão combinada com o dolo ou com a culpa (resultado de não observância do dever objetivo de cuidado) são para a Teoria Finalista da Ação os elementos para a composição da conduta.
Ex: alguém que dirige em excesso de velocidade e, em consequência, atropela e mata uma criança, não se analisa apenas se houve o fato típico (matar alguém), e se foi ilícito (a lei declara como crime matar alguém). 
Jurisprudência: AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. AÇÃO MONITÓRIA. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. ANÁLISE DO CASO CONCRETO. PRESSUPOSTOS AUSENTES. DECISÃO MANTIDA. 1. Em se tratando de relação regida pelo Código Civil, aplica-se a Teoria Maior da Desconsideração da Personalidade Jurídica, fazendo-se possível o deferimento da medida tão somente quando demonstrado o abuso da personalidade jurídica, que se caracteriza, na forma do art. 50, pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial. 2. "O encerramento das atividades da sociedade ou sua dissolução, ainda que irregulares, não são causas, por si sós, para a desconsideração da personalidade jurídica a que se refere o art. 50 do CC." (Informativo nº 554 do Superior Tribunal de Justiça). 3. Nos termos da jurisprudência da Corte Superior, a falta de bens capazes de satisfazer o crédito exequendo – ainda que aliada a indícios de encerramento irregular da sociedade – não é motivo suficiente à desconsideração da personalidade jurídica. 4. A Súmula 435 do STJ, que trata do redirecionamento da execução fiscal ao sócio-gerente de empresa irregularmente dissolvida, com base nos preceitos do CTN, é inaplicável às relações regidas pelo Código Civil. Precedentes. 5. O fato de os requeridos serem sócios de outras pessoasjurídicas não implica, por si só, no reconhecimento da confusão patrimonial ou desvio de finalidade – notadamente quando as atividades exploradas sejam diversas, como ocorre no caso. 6. Não foram comprovadas as alegadas transferências inidôneas entre a executada e outras sociedades compostas pelos sócios requeridos. 7. Análise do caso concreto que faz concluir pela ausência dos pressupostos necessários à procedência do incidente. Decisão de origem mantida. RECURSO DESPROVIDO. UNÂNIME.(Agravo de Instrumento, Nº 70083474239, Décima Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Eduardo Kraemer, Julgado em: 27-05-2020)
 Observa-se que o TJ-RS analisou o caso levando em consideração a teoria finalista da ação, pois neste caso a questão que efetuou todo o caso foi o resultado final da ação do individuo. 
Questão. A teoria finalista da ação, adotada pelo Código Penal em sua Parte Geral, concebe o crime como um fato típico e antijurídico. A culpabilidade diz respeito à reprovabilidade da conduta. O dolo, que integrava o juízo de culpabilidade, para esta teoria é elemento estruturante do fato típico. Essa adoção pretende corrigir contradições na teoria:
A) da equivalência dos antecedentes causais.
B) da responsabilidade objetiva.
C) da causalidade normativa. (CERTA)
D) do domínio do fato.
E) da imputabilidade.
Teoria Social da Ação
Conforme as palavras de André Estefam e Victor Eduardo Rios Gonçalves “Teoria social da ação (Jescheck e Wessels): ação é a conduta positiva socialmente relevante, dominada ou dominável pela vontade e dirigida a uma finalidade. Essa teoria foi concebida visando suplantar o conceito finalista e, por essa razão, agregou um elemento até então inexistente ao conceito de ação, qual seja, a relevância social. Tal concepção não angariou muitos adeptos, dentre outros motivos, pelo fato de que a teoria social da ação faz com que condutas socialmente aceitas constituam irrelevantes penais, o que, em última análise, significa a revogação de uma lei penal por um costume social.”[footnoteRef:16] [16: ESTEFAM, André; GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito penal esquematizado – parte geral - 9. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020. 446 p.] 
Conforme as palavras de Guilherme de Souza Nucci: “Buscando tornar-se uma terceira via, entre causalismo e finalista, alguns autores proposeram a teoria social da ação. A finalidade do agente somente teria sentido, para efeito de tipificação, se fosse considerada socialmente relevante. Afastar-se-ia do naturalismo puro do causalismo, mas não se prestigiaria uma finalidade qualquer para fins de tipificação. A teoria social da ação encontrou obstáculo instransponível no ponto referente à valoração do que seria socialmente relevante.”[footnoteRef:17] [17: NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal: Parte Geral. Vol. 1. 3ª. ed. Rio de Janeiro: Forence. 2019. P 366.] 
Conforme as palavras de Damásio de Jesus: “Teoria social da ação Essa teoria compreendeu que um conceito tão importante como o da ação, produtor de relevantes efeitos na estrutura do delito, não podia atender exclusivamente a princípios fundamentados nas leis da natureza. Diante disso, reconheceu a necessidade de situar o problema numa relação valorativa com o mundo social. O conceito de ação, tratando-se de um comportamento praticado no meio social, deve ser valorado por padrões sociais. Assim, ação é a realização de um resultado socialmente relevante, questionado pelos requisitos do Direito e não pelas leis da natureza. Diante disso, ação nada mais é que a causação de um resultado, não importando qual. O conteúdo da vontade, em que se perquire qual o resultado visado pelo agente, não pertence à ação, mas à culpabilidade. É suficiente, na vontade da ação, que o agente tenha querido alguma coisa. O problema referente àquilo que ele quis pertence à culpabilidade. A teoria social da ação é criticável. Em primeiro lugar, ela não deixa de ser causal, merecendo os mesmos reparos que a doutrina faz à teoria mecanicista: não resolve satisfatoriamente o problema da tentativa e do crime omissivo. Por outro lado, se ação é a causação de um resultado socialmente importante, como se define a conduta nos crimes de mera conduta ou mero comportamento? Essa teoria, como a causal propriamente dita, dá muita importância ao desvalor do resultado, quando o que importa é o desvalor da conduta. Se a ação é a causação de um resultado socialmente relevante, então não há diferença entre uma conduta de homicídio doloso e um comportamento de homicídio culposo, já que o resultado é idêntico nos dois casos. A diferença será feita não na ação ou no fato típico, mas no terreno da culpabilidade. Diante disso, não se pode com propriedade falar em conduta dolosa de homicídio. Só a análise do fato diante da culpabilidade é que permitirá o emprego de tal expressão. Por esses motivos, essa teoria foi repudiada pela doutrina penal.”[footnoteRef:18] [18: JESUS, Damásio de. Direito Penal Parte Geral. 32ª ed. Vol 1. São Paulo: Saraiva, 2011. P 273 -274.] 
Deste modo compreendemos que, a teoria social da ação concerne em assumir-se enquanto fenômeno essencial social. Os bens jurídicos penalmente tutelados só recebem a proteção de leis incriminadoras porque ostentam relevância tal a colocar em risco, caso violados, a própria sociedade. Matar alguém é a definição do crime de homicídio, resguardando-se o mais valioso dos bens jurídicos. Além da vida, a norma penal protege a sociedade na exata medida em que a punição rigorosa de condutas como essa afasta do rompante coletivo a indignação e o desejo de retaliação ou vingança. Ambos os aspectos são de mesma importância do ponto de vista da manutenção da paz social.
Ex: O agente toma do livro que se acha sobre a estante e só após dali se afastar percebe tratar-se de outro exemplar, não aquele que lhe pertence. O livro idêntico foi pelo agente confundido como sendo o seu. Pode-se aventar da figura típica de furto nesse caso? Não. O elemento constitutivo do tipo em que incide o erro é o caráter “alheio” da coisa móvel. O agente em momento algum cogitou de que ali estivesse um livro pertencente a outra pessoa, de modo que não poderia ter desejado o resultado lesivo ao patrimônio alheio. Fica evidente que não só o tipo se descaracteriza mas também o dolo do agente. Isso porque estão visceralmente vinculados: conduta típica e dolo.
Jurisprudência:
 Explicação
Questão. Considerando o conceito que concerne em assumir-se enquanto fenômeno essencial social, é correto afirmar: 
a) que, exercendo a tipicidade, conforme a teoria da ratio essendi, função incidiária da ilicitude, pode-se falar em causas justificantes legais, mas não em causas supra- legais, por ferirem estas o princípio da legalidade.
b) que, para a teoria diferenciadora, adotada por nosso Código Penal, o estado de necessidade é justificante, afastando a ilicitude do fato típico praticado pelo agente.
c) que, para a teoria social da ação, a ação é concebida como o exercício de uma atividade final dirigida concretamente a fato juridicamente relevante. (CERTA)
d) que são elementos da culpabilidade normativa pura a imputabilidade, a consciência potencial da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa.
Teoria Negativa da Ação
Conforme as palavras Juarez Cirino dos Santos: “[...] define o conceito de ação dentro da categoria do tipo de injusto, rejeitando definições ontológicas ou pré-jurídicas, como os modelos causal e final de ação. [...] O modelo negativo de ação, do ponto de vista teórico, inverte o sinal da categoria positiva da ação, substituída pela categoria negativa da omissão de ação – a evitável não evitação do resultado; do ponto de vista metodológico, desloca a discussão de questões específicas do conceito pré-jurídico de ação para a categoria jurídica da ação típica concreta.”[footnoteRef:19] [19: DOS SANTOS, Juarez, Cirino, A moderna teoria do fato punível,Rio de janeiro:S/A.1998, P.92.] 
Conforme as palavras Rogério Greco: “Modernamente, prevalece a conceituação da ação como direito público subjetivoexercitável pela parte para exigir	 do Estado a obrigação da tutela jurisdicional, pouco importando seja esta de amparo ou desamparo à pretensão de quem o exerce. É, por isso, abstrato. E, ainda, autônomo, porque pode ser exercitado sem sequer relacionar-se com a existência de um direito subjetivo material, em casos como o da ação declaratória negativa. É, finalmente, instrumental, porque se refere sempre à decisão a uma pretensão ligada ao direito material (positiva ou negativa).”[footnoteRef:20] [20: GRECO, Rogério. “Curso de Direito Penal”: ´parte geral, volume 1, 19.ed- Niterói, Rio de Janeiro: Impetus, 2017. P 849.] 
Conforme as palavras Bourdieu: “A completa negativa da racionalidade nas ações humanas por parte de Bourdieu talvez se deva a ele se ater a uma definição de racionalidade muito estreita: a racionalidade com relação a fins materiais em que se está perfeitamente informado.”[footnoteRef:21] [21: Essa concepção da racionalidade é um dos pontos criticados na teoria de Bourdieu. Ver Lahire (1998:185).] 
Deste modo compreendemos que, a teoria negativa da ação por sua vez, realiza uma valoração negativa da ação, identificando se a conduta é realmente típica ou se há alguma causa de justificação ou excludente de culpabilidade. Já a culpabilidade é concebida como uma relação psicológica entre a ação e o autor, sendo que a intensidade desse vínculo irá determinar a forma de culpabilidade, como dolosa ou culposa.
 Jurisprudência: RESPONSABILIDADE CIVIL. BOATE KISS. PARENTE DO AUTOR MORTO EM ACIDENTE. OMISSÃO DO MUNICÍPIO DEMANDADO. NEXO CAUSAL ENTRE O DANO E A CONDUTA NEGATIVA DO ENTE PÚBLICO. DANOS MORAIS RECONHECIDOS. - O Município responde, de forma objetiva, por danos resultantes de ação dos agentes públicos de sua administração. Inteligência do art. 37, §6º, da CRFB/88. Tratando-se de fato omissivo - falha no dever/poder de fiscalização quanto funcionamento adequado da casa noturna - incide a teoria da responsabilidade subjetiva. - Culpa do ente público reconhecida a partir da omissão no dever de fiscalização das condições do estabelecimento. Incêndio ocorrido dentro de casa noturna. Impropriedade na atuação administrativa. - Dano moral ocorrente ipso facto. Morte de irmão do autor. Ausência de prova de convivência próxima entre o postulante e a vítima. Dano fixado apenas pela relação de parentesco. Valor módico, pois considerada apenas a presunção do prejuízo. DERAM PROVIMENTO À APELAÇÃO. UNÂNIME.(Apelação Cível, Nº 70083899542, Décima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge Alberto Schreiner Pestana, Julgado em: 28-05-2020) 
Observa-se que o TJ-RS analisou o caso levando em consideração a teoria negativa da ação, pois neste caso a questão que efetuou todo o caso foi NEXO CAUSAL ENTRE O DANO E A CONDUTA NEGATIVA DO ENTE PÚBLICO.
Questão. No estudo da teoria geral do crime, a doutrina desenvolveu diversas teorias sobre a conduta penalmente relevante. Com foco nesse tema, marque a alternativa correta: 
A) O modelo da ação significativa define ação como manifestação da personalidade, um conceito capaz de abranger todo acontecimento atribuível ao centro de ação psíquico-espiritual do homem, permitindo-se a exclusão de todos os fenômenos somático-corporais insuscetíveis de controle do ego e, portanto, não dominados ou não domináveis pela vontade humana (força física absoluta, convulsões, movimentos reflexos, etc.). De igual modo, não são abrangidos pelo conceito de ação nesse sistema os pensamentos e emoções encerrados na esfera psíquico-espiritual do ser humano, porquanto não representam manifestação significativamente relevante da personalidade.
B) O modelo da conduta biociberneticamente antecipada foi concebido como a última etapa de evolução do neokantismo. Nesse modelo, o conceito de ação deixa de ser apenas naturalista para ser, também, normativo, redefinido como comportamento humano voluntário. E, por levar em conta o controle da vontade, presente tanto nos crimes dolosos como nos crimes culposos, a teoria da ação cibernética serviu de inspiração para a elaboração do sistema finalista.
C) O modelo negativo de ação define o conceito de ação dentro da categoria do tipo de injusto, rejeitando definições ontológicas ou pré-jurídicas. Para esse modelo, a ação é a evitável não evitação do resultado na posição de garantidor, compreensível como omissão da contradireção mandada pelo ordenamento jurídico, em que o autor realiza o que não deve realizar (ação), ou não realiza o deve realizar (omissão de ação). O ponto de partida do conceito negativo de ação é o exame desta dentro do tipo de injusto, a fim de se concluir se o autor teria a possibilidade de influenciar o curso causal concreto conducente ao resultado, mediante conduta dirigida pela vontade. (CERTA)
D) O modelo pessoal de ação repousa nos princípios do liberalismo político e tem como pilares dois conceitos essenciais: ação e norma, unidos em sua construção pela ideia fundamental de liberdade de ação. De acordo com estes pressupostos, não existe um conceito universal e ontológico de ação. Não há um modelo matemático ou uma fórmula lógica apta a oferecer um conceito de ação humana válido para todas as diferentes espécies de ações que o ser humano pode realizar. Em outras palavras, as ações não existem antes das regras que as definem, havendo, sim, tantos conceitos de ação quantas forem as espécies de condutas relevantes (típicas) para o Direito Penal, segundo as diversas características com as que são descritas normativamente.
Teoria Pessoal da Ação
Conforme as palavras de Joarez Cirino dos Santos: “Teoria pessoal da ação indica o subtrato material do sistema de fato punível de ROXIN, define ação como manifestação da personalidade, um conceito compreensivo de todo acontecimento atribuível ao centro de ação psíquico-spiritual do homem Teoria Funcionalista da Ação”.[footnoteRef:22] [22: DOS SANTOS, Juarez, Cirino, A moderna teoria do fato punível,Rio de janeiro:S/A.1998,p26.] 
Conforme as palavras do site Scielo : “Por outro lado, Habermas indica que a predominância em nosso período histórico de uma concepção de racionalidade instrumental, ou seja, baseada no calculo utilitário de consequências, faz que as relações sociais tenham um caráter monológico, onde o sujeito envolvido na ação, em nome do êxito pessoal, usa de argumentos na relação com seu interlocutor que, sob o estrito sentido da ontologia humana, não são válidos. É assim que, no mundo moderno, vemos pessoas manipulando o sentido da verdade dos fatos, da sinceridade nas manifestações e expressões pessoais de sentimento, das justificações morais de seus atos e da inteligibilidade do que é dito – tudo em nome do êxito pessoal na ação. Esse comportamento, apesar de ser considerado racional sob o ponto de vista da lógica instrumental, não o é sob o critério comunicativo. Denominada por ação estratégica, a manipulação dos sentidos estabelecida em nossa sociedade nas relações monológicas é fruto da orientação para o êxito, onde o critério da intersubjetividade na interação humana é suplantado pelo critério da racionalidade instrumental. Essa manipulação de sentidos é denominada por Habermas (1987) como comunicação sistematicamente distorcida e reflete um dos mais contundentes mecanismos de alienação do período atual.”[footnoteRef:23] [23: Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1678-69712011000100003&script=sci_arttext&tlng=pt , acesso em 05/06/2020 às 17:20. ] 
Deste modo compreendemos que, a teoria pessoal da ação nem as atividades insuscetíveis de controle pela consciência e pela vontade nem os simples pensamentos constituem ação como manifestação da personalidade, porque aquelas não são atribuíveis ao centro de ação psicoespiritual humana e estes, a despeito de sua natureza psicoespiritual, não chegam a se manifestar no mundo exterior. 
Ex. Com dolo eventual, a despeito de o legislador ter equiparado as duas espécies de dolo (direto e eventual).
Jurisprudência. APELAÇÃO CÍVEL. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. AÇÃO REVISIONALDE CONTRATO. I. Em se tratando de ação revisional, sob o fundamento de presença de cláusulas abusivas no contrato de empréstimo pessoal, incide o prazo prescricional decenal previsto no artigo 205, do código civil. O termo inicial para a contagem da prescrição é a data de vencimento do instrumento contratual ou do último pagamento realizado. Prescrição afastada. II. Tendo em vista a Teoria da Causa Madura, possível o enfrentamento do mérito da ação pelo Tribunal por força do disposto no art. 1013 § 4º do Código de Processo Civil. III. Juros remuneratórios. Ante a abusividade verificada, estes devem ser limitados de acordo com a taxa média de mercado divulgada pelo Bacen à época da contratação. IV. Descaracterização da mora. Encargos moratórios afastados, mormente a abusividade constatada. V. Repetição do indébito admitida na forma simples, uma vez que deferida a revisão contratual. VI. Ônus sucumbenciais redimensionados. DERAM PROVIMENTO AO RECURSO. UNÂNIME.(Apelação Cível, Nº 70083592055, Décima Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ergio Roque Menine, Julgado em: 27-05-2020)
Observa-se que o TJ-RS analisou o caso levando em consideração a teoria pessoal da ação.
Questão. Com relação às teorias que versam sobre o delito e a pena, assinale a opção correta:
a) Decorre do pós-finalismo, mais propriamente da teoria social da ação desenvolvida por Hans-Heinrich Jescheck, a afirmação de que a culpabilidade não constitui condição suficiente para a imposição da pena, mas apenas um dos elementos que, juntamente com a necessidade preventiva, passa a integrar a categoria denominada responsabilidade.
b) Entre as teorias contemporâneas do delito, apenas a teoria do defeito da motivação jurídica, ou teoria da motivação, realiza a crítica ao livre arbítrio como expressão de absoluto indeterminismo e como fundamento ontológico da culpabilidade. Essa teoria foi desenvolvida a partir da ideia de censura sobre o autor que defrauda as expectativas da norma penal, porque, apesar de possuir a capacidade de reconhecer e acatar a motivação de comportamento prescrita normativamente, ele atua com defeito volitivo e se revela infiel ao direito.
c) Claus Roxin, na formulação da sua teoria da imputação objetiva, entende que a finalidade do direito penal é a de garantir a segurança das expectativas em relação ao cumprimento dos papéis atribuídos a cada um, e não a de impedir todos os danos possíveis, paralisando a vida social. Por essa razão, não devem ser imputados aos indivíduos os resultados danosos provenientes de condutas socialmente adequadas.
d) Na dogmática penal brasileira contemporânea, a posição adotada por Juarez Tavares, no tocante ao conceito de ação como condição para a existência do delito, distancia-se do finalismo, por não admitir um conceito pré-jurídico de conduta, e aproxima-se do modelo social, pela afirmação de que a conduta humana não é somente um fenômeno individual, mas deve ser estruturada sob a característica de constituir atividade social. Essa abordagem se identifica com o funcionalismo, por vincular o conceito de ação, exclusivamente, a um sistema ou processo de imputação. 
e) Conforme a teoria pessoal da ação, nem as atividades insuscetíveis de controle pela consciência e pela vontade nem os simples pensamentos constituem ação como manifestação da personalidade, porque aquelas não são atribuíveis ao centro de ação psicoespiritual humana e estes, a despeito de sua natureza psicoespiritual, não chegam a se manifestar no mundo exterior. (CERTA)
Teoria Funcionalista da Ação
Conforme as palavras de André Estefam e Victor Eduardo Rios Gonçalves: “Teorias funcionais: no campo do funcionalismo, a ação deixa de ser uma das protagonistas do conceito analítico de crime e passa a exercer um papel coadjuvante. A preocupação com o correto conceito de ação, desta forma, deixa de ser uma pedra angular da teoria do crime. O que realmente importa, para esse pensamento, é definir quais os critérios jurídicos de imputação de um resultado a uma conduta, de tal modo que a atribuição da responsabilidade penal possa ocorrer sempre de modo justo, atendendo à função do Direito Penal. Importante recordar que há duas vertentes funcionalistas: a de Claus Roxin (funcionalismo racional-teleológico) e a de Günther Jakobs (funcionalismo sistêmico). Para o primeiro, a função do Direito Penal seria a de promover a proteção subsidiária de bens jurídicos. Acrescenta que o Estado não cria delitos, apenas os reconhece, de modo que não dispõe de um poder absoluto na tarefa de decidir o que é ou não crime; cabe-lhe, na verdade, verificar aquilo que deve ser tratado como delito segundo os anseios sociais. Caso o legislador não tenha tal sensibilidade e venha a definir como crime uma ação ou omissão socialmente aceitas e que não tragam prejuízo algum ao funcionamento normal das relações sociais, o fato será materialmente atípico. Para Jakobs, a função do Direito Penal é reafirmar a autoridade do Direito. A pena surge como fator que ratifica a importância do respeito à norma violada, enfatizando a necessidade de sua obediência. Ao contrário de Roxin, esse autor não propõe limitações materiais ao alcance da lei penal. Consoante síntese de Luiz Régis Prado, duas teorias da ação foram desenvolvidas à luz do funcionalismo: a teoria personalista da ação (“ação é exteriorização da personalidade humana”) e a teoria da evitabilidade individual (“ação é realização de resultado individualmente evitável”[footnoteRef:24] [24: ESTEFAM, André; GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito penal esquematizado – parte geral - 9. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020. 446 p] 
Conforme as palavras de Luiz Flávio Gomes: “Teorias funcionalistas: disputam a primazia na teoria do delito duas orientações funcionalistas: (a) a moderada de Roxin (o Direito penal deve ser entendido e interpretado em conjugação com a Política criminal, com seus princípios); (b) a radical de Jakobs (o Direito penal existe para proteger a norma).”[footnoteRef:25] [25: GOMES, Luiz Flávio. Direito Penal Parte Geral. 2ª ed. Vol. 1São Paulo: Revista dos tribunais. P 108 .] 
Conforme as palavras do site JusBrasil: “Sistema teleológico (estudo dos fins). Acreditam que a construção do sistema jurídico-penal não deve vincular-se a dados ontológicos (ação, causalidade, estrutura lógico-reais, entre outros), mas sim orientar-se exclusivamente aos fins do direito penal. Na teoria finalista a estrutura da teoria dos delitos ficou com o tipo sendo formulado através do princípio da legalidade e sua função é a prevenção de delitos, motivando assim que o autor seja punido pela sua ação independente da sua situação, os tipos passam a ser analisados através do fim da lei, na tipicidade também serão analisados os requisitos que imputam objetivamente o resultado. A partir dessa teoria o tipo penal passa a ter dimensões subjetivas, objetivas e normativas, portanto a tipicidade penal tornou-se uma “fórmula” mais complexa, precisamos analisar o aspecto formal-objetivo, normativo (conduta e resultado) e subjetivo nos crimes dolosos. Na imputação da conduta é preciso verificar se a conduta criou ou incrementou o risco proibido relevante, pois, quem cria risco permitido não pratica fato típico. De acordo com essa explicação, a imputação objetiva é o novo requisito da tipicidade.”[footnoteRef:26] [26: Disponível em: https://andreolimartins.jusbrasil.com.br/artigos/146506386/causalismo-finalismo-e-funcionalismo-no-direito-penal-brasileiro, acesso em 05/06/2020 às 14:40. ] 
Deste modo compreendemos que, a teoria da funcionalista da ação que o sistema jurídico-criminal não se pode basear na ontologia, só deve guiar-se pelas finalidades do direito penal. Assim, os pressupostos da punibilidade estão submetidos aos fins do direito penal. Esta teoria é um avanço, à medida que unifica a pena, já que na teoria finalista, este tema é extremamente valorativo e opinável. Para esta unificação, são considerados os direitos humanos e os princípios do Estado Social. Porém, é inevitável que o panoramaa ser seguido venha a tender para o liberalismo ou o conservadorismo, dependendo de qual das duas seja a proposta para o Direito Penal.
EX. Com base nesse funcionalismo, fica difícil a tolerância, por exemplo, aos chamados crimes de perigo abstrato, quando não há efetivamente lesão ou perigo de lesão aos bens jurídicos tutelados pela norma penal.
Jurisprudência: 
Explicação.
Questão. A respeito da teoria do delito e da ação, assinale a opção correta. 
a)A teoria finalista de Hans Welzel define que a ação consiste no mero movimento corporal capaz de alterar o mundo exterior, independentemente da intenção do agente.
b)A ação, no neokantismo, é o movimento corporal impregnado de finalidade para se atingir o propósito consciente almejado pelo agente.
c)A teoria causalista do delito propõe que o dolo e a culpa, por estarem situados na conduta, tornam o injusto penal a parte subjetiva do conceito de crime.
d)A teoria funcionalista radical, de Gunther Jackobs, assevera que a missão do direito penal é a proteção da norma e a punição do indivíduo desviante. (CERTA)
e)A ação, na teoria do funcionalismo sistêmico, de Claus Roxin, designa o exercício de uma atividade final, que direciona a conduta humana ao ato consciente e voluntário para o cometimento do crime.
FUNÇÃO DOS CONCEITOS DE AÇÃO
Conforme as palavras de Juarez Cirino dos Santos: “A função teórica de unificação pretende compreender a ação e a omissão de ação (dolosa e imprudente) como espécies de comportamentos humanos. Em geral, o conceito de conduta é empregado como gênero de ação e de omissão de ação, mas esse conceito superior – cuja busca engendrou o conceito social de ação, por exemplo – parece desnecessário: a ação realizada ou omitida é o núcleo positivo ou negativo de todos os tipos de crimes dolosos e imprudentes e, portanto, constitui o objeto material exclusivo da pesquisa jurídico-penal. De fato, a pesquisa no processo penal não tem por objeto verificar a existência do gênero conduta, mas a realização de uma ação proibida ou a omissão de uma ação mandada, dolosa ou imprudente. ”[footnoteRef:27] [27: SANTOS, Juarez Cirino dos. Direito Penal – Parte Geral / Juarez Cirino dos Santos - 5.ed. - Florianópolis: Conceito Editorial, 2012. 727 p.] 
Conforme as palavras de Francisco de Assis Toledo: “Fala-se, igualmente, nos atos inconscientes, automáticos, e no esvaziamento da culpabilidade. Também aqui não vemos obstáculos sérios para a aceitação de um conceito finalista. Não se deve confundir “domínio da vontade” com “finalidade”. Embora aquele seja pressuposto desta, é perfeitamente admissível uma variação de graus, ou de intensidade, em relação ao primeiro. E isso é da tradição do direito penal, como se infere dos arts. 26, parágrafo único, e 59 do Código Penal. Além disso, parece-nos necessário distinguir, de um lado, os atos impulsivos (a “impulsão”) e, de outro, os movimentos automáticos. Em relação aos primeiros, ou se está diante de uma impulsividade descontrolada por insuficiência das funções de inibição e controle (epilepsia, demência, debilidade mental etc.), e então poderá inexistir uma verdadeira ação finalista (o que não nega o finalismo, porque, nesse caso, o agente será inim- putável), ou o fato resulta de paixão ou emoção violenta, o que, segundo revela a experiência, não exclui uma predeterminação fina- lística, como ocorre com os crimes contra a vida — os mais freqüentes nesta área — cometidos sob o domínio de violenta emoção, mas, a despeito disso, com o agente percorrendo todo um complexo iter criminis, como que obcecado pelo “objetivo” de eliminar ou destruir, a vítima. São “impulsos dirigidos”, no dizer de Welzel, com apoio em Lersch.”[footnoteRef:28] [28: TOLEDO, Francisco de Assis. Princípios Básicos de Direito Penal. 5ª. Ed. Vol.1. São Paulo: Saraiva. 1994. Total de páginas 102-103.] 
Conforme as palavras do site Jus.com.br : “Ação, em suma, é um direito subjetivo público, distinto do direito privado invocado, ao qual não pressupõe necessariamente, e, pois, neste sentido, abstrato; genérico, porque não varia, é sempre o mesmo; tem por sujeito passivo o Estado, do qual visa a prestação jurisdicional numa caso concreto. É o direito de pedir ao Estado a prestação de sua atividade jurisdicional num caso concreto. Ou, simplesmente, o direito de invocar o exercício da função jurisdicional."[footnoteRef:29] [29: Disponível em: https://jus.com.br/artigos/780/acoes-classificacao-acao-mandamental-declaratoria-cominatoria-constitutiva, acesso em 05/06/2020 às 23:00. ] 
Função de Unificação
Conforme as palavras de Juarez Cirino dos Santos:[footnoteRef:30] “A função teórica de unificação do conceito de ação refere-se à sua capacidade de compreender a ação e a omissão de ação, sob as formas dolosas e imprudentes, como espécies de comportamentos humanos. Em geral, o conceito de conduta é empregado como gênero de ação e de omissão de ação, dolosa e imprudente, mas esse conceito superior – cuja busca engendrou o conceito social de ação, por exemplo – parece desnecessário: a ação realizada ou omitida, é o núcleo positivo o negativo de todos os tipos de crimes dolosos e imprudentes e, portanto, constitui o objeto material exclusivo da pesquisa jurídico-penal. De fato, não se pesquisa a existência do gênero da conduta, mas a realização de uma ação proibida ou a omissão de uma ação mandada, dolosa ou imprudente.” [30: SANTOS, Juarez Cirino dos. A moderna teoria do fato punível. Rio de Janeiro: Freitas Bastos. 2000. P.28.] 
Conforme o site jus.com.br: [footnoteRef:31]“Função de unificação: capacidade de compreender a ação e a omissão, sob as formas dolosa e culposa, como espécies de comportamentos humanos;” [31: Disponível em https://jus.com.br/artigos/22983/as-modernas-teorias-do-delito-e-suas-receptividades-no-direito-penal-brasileiro/3, acesso em 14/05/2020 às 19:18] 
Conforme as palavras de Alexandre Salim e Marcelo André de Azevedo:[footnoteRef:32] “Considera a conduta sob o aspecto causal e finalístico, mas acrescenta o aspecto social. Concebe-se a conduta como um comportamento humano socialmente relevante. A preocupação é a significação social da conduta humana do ponto de vista da sociedade (conceito valorado de ação) (cf. PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro, 1999, p. 157).” [32: SALIM, Alexandre. e AZEVEDO, Marcelo André de. Direito Penal: Parte Geral. 7ª. Ed. Salvador: Juspodivm. 2017. P. 168.] 
Observa-se que a função da unificação consiste em compreender a ação e a omissão, sob a forma de vontade e de intensão, do comportamento humano. 
Jurisprudência: Decisão: Trata-se de habeas corpus com pedido de medida liminar, impetrado por Marcos Freitas Ferreira e outro, em favor de Luan Souza da Silva, contra decisão monocrática proferida por Ministro Relator do STJ, nos autos do HC 485.468/SP. Colho da decisão impugnada: Trata-se de habeas corpus, sem pedido liminar, impetrado em favor de LUAN SOUZA DA SILVA contra acórdão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, proferido na Revisão Criminal n.º 0056668-59.2018.8.19.0000. Consta dos autos que o Paciente foi condenado às penas de 20 (vinte) anos de reclusão, em regime inicial fechado, e 10 (dez) dias-multa, pela prática do crime de latrocínio (fls. 82-84). O Ministério Público estadual e a Defesa interpuseram recursos de apelação, que foram desprovidos pelo Tribunal de origem (fls. 85-117). Inconformado, o Condenado formulou pedido de revisão criminal, que foi julgada improcedente pelo Colegiado a quo (fls. 41-52). Neste writ, os Impetrantes sustentam, em suma, que "não há provas de que o Paciente tenha participado da conduta delituosa" (fl. 6) pois as testemunhas "não souberam e não reconheceram o Paciente" (fl. 13). Asseveram que "as decisões, tanto de primeira instância como a da instância superior, se basearam única e exclusivamente no depoimento do corréu" (fl. 13). Alegam que "mesmo que ao Paciente, presumidamente, seja imputado o fato delituoso, tal conduta, necessariamente, deverá ser desclassificada para o crime tipificado no art. 157

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