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Agosto_2013_Funcoes_Da_Linguagem

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UNIVERSIDADE DE UBERBA
Professora: Irene de Lima Freitas
ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO E FUNÇÕES DA LINGUAGEM
Em todo ato da comunicação estão envolvidos vários elementos. De uma forma simplificada, temos:
EMISSOR ou REMETENTE: é aquele que envia a mensagem. Ocupa um dos extremos do circuito da comunicação.
RECEPTOR ou DESTINATÁRIO: é aquele que recebe a mensagem. Ocupa, em relação ao emissor, o extremo oposto do circuito da comunicação.
MENSAGEM: é o conteúdo que se pretende transmitir.
CANAL ou VEÍCULO: é o meio pelo qual a mensagem é transmitida do emissor para o receptor. O canal é diferente para cada tipo de mensagem. Podem ser canais: sons, sinais visuais, odores, sabores, mãos, raios luminosos, ondas, etc.
CÓDIGO: é um sistema de signos convencionais que permite dar à informação emitida (pelo emissor) uma interpretação adequada (por parte do receptor). A língua portuguesa, por exemplo, é um código. Mas, para que o processo de comunicação se realize a contento, o emissor e o receptor devem empregar um mesmo código, do contrário não haverá comunicação.
CONTEXTO ou REFERENTE: é a situação circunstancial ou ambiental a que se refere a mensagem. Assim, não há texto sem contexto. A palavra “sereno”, por exemplo, pode ter sentidos diversos em contextos diferentes. Veja:
O céu está sereno. (= tranqüilo)
O sereno cai suavemente. (= orvalho)
Em Portugal, chamar uma moça de “rapariga” é um tratamento respeitoso; já no Brasil, pode ser uma ofensa. 
 
II - FUNÇÕES DA LINGUAGEM
Quanto à intencionalidade dos textos, o lingüista russo Roman Jakobson� partindo dos seis elementos da comunicação (emissor, receptor, canal, código, mensagem e referente) elaborou seus estudos acerca das funções da linguagem, os quais, ainda que controvertidos, são muito úteis para a análise e a produção de textos. Jakobson caracterizou seis funções da linguagem, cada uma delas estreitamente ligada a um dos seus elementos que compõem o ato de comunicação. São elas:
REFERENCIAL – (centrada no referente) informação bruta, objetiva, enxuta, sem comentários nem juízos. Há o predomínio da linguagem denotativa. São texto que, ao menos em princípio, propõem-se informar o leitor, transmitindo-lhe dados e conhecimentos precisos. São, principalmente, textos científicos, didáticos, técnicos, jornalísticos, documentos oficiais etc.
EMOTIVA OU EXPRESSIVA – (mensagem centrada no emissor) presença do destinador, de seus juízos, sentimentos, textos críticos, subjetivos, “impressionistas”. Ocorre, principalmente, em poemas líricos, monólogos interiores, autobiografias, memórias, contos, romances, cartas, textos críticos como resenhas, etc. Portanto, essa função indica que o emissor está presente no texto, conferindo-lhe certo grau de subjetividade.
CONATIVA OU APELATIVA– (centrada do receptor) atua sobre o comportamento do receptor visando à sua persuasão. É marcada pelo uso de certas formas gramaticais, como o imperativo e o vocativo. Ocorre, principalmente, em discursos, sermões, propagandas, com o objetivo de convencer o receptor. Um recurso muito importante na atuação conativa da linguagem é a argumentação, por meio da qual o emissor procura a adesão do receptor ao seu ponto de vista. Apresenta duas vertentes: a exortativa (em textos publicitários) e a autoritária (usada em muitas passagens dos discursos jurídicos).
FÁTICA – (centrada no canal da comunicação) tem por fim estabelecer, testar ou interromper o canal de comunicação entre emissor e receptor. O canal da comunicação ou o contato é o suporte físico por meio do qual a mensagem caminha do emissor ao receptor. No caso dos textos escritos, esse canal é a própria página, pois a comunicação se estabelece com base em sinais gráficos dispostos sobre o papel. A função fática da linguagem se manifesta justamente em todos os elementos do texto que envolvem o estabelecimento e a permanência do contato entre o emissor e o receptor. É muito comum, também, em conversas telefônicas, início ou final de encontros. Ocorre o uso de expressões vazias de conteúdo, como “alô!”, por fórmulas habituais de saudação ou despedida, tais como: “tudo bem?”, “como vai?” etc. Na oralidade, por expressões com o fim de certificar-se de que a comunicação entre emissor e receptor está sendo feita de forma satisfatória, como “né”, “entende”, “então” etc. 
METALINGUÍSTICA – (centrada no código) A metalinguagem é a linguagem que fala da própria linguagem. Em outras palavras: quando usamos o código para explicar ou definir elementos do próprio código, estamos lançando mão da função metalingüística da linguagem. Ocorre em numerosas situações cotidianas como, por exemplo, em solicitações como “O que você quer dizer com isso? ou “Explique melhor o que você acabou de dizer”. Também ocorre com elevada freqüência em textos didáticos, com os quais temos um contato quase diário: é só atentar para a grande quantidade de definições e de explicações de termos e expressões que elas trazem. A função metalinguística predomina também em textos que tratam de outros textos, como é o caso de análise literárias, interpretações e críticas diversas. Outro exemplo comum são os verbetes de dicionários.
POÉTICA – (centrada na mensagem) Essa função da linguagem está presente nos textos que valorizam a informação pela forma da mensagem. A linguagem foge do convencional e se impõe por um arranjo original de formas e de significados. Essa função se manifesta a partir de um trabalho de seleção e arrumação das palavras e de exploração de seus significados que cria efeitos sonoros e rítmicos no texto (jogando com seus fonemas e acentos tônicos) e desenvolve o sentido conotativo das palavras (o chamado sentido “figurado”, passível de diferentes interpretações, oposto ao sentido denotativo, que figura nos dicionários. Em outras palavras: a organização do código nas mensagens poéticas coloca as próprias palavras em primeiro lugar, tornando-as quase um fim em si mesmas. A função poética tem seu lugar privilegiado nos textos literários. No entanto, não é só aí que podemos encontrá-la: slogans publicitários, textos de propaganda, canções populares, provérbios e outras produções verbais podem apresentar manifestações dessa função. 
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
	Nos exemplos abaixo, identifique as funções predominantes em cada texto, justificando sua resposta. Em seguida identifique outras funções que, também, podem estar presentes neles.
JUROS CAEM PARA 29% A PARTIR DE SEGUNDA
O banco Central anunciou ontem uma redução dos juros básicos da economia, que cairão de 32% para 29,5% anuais a partir de segunda-feira. É a quinta queda desde a desvalorização do real, em janeiro.
A redução superou as expectativas do mercado financeiro. Em decorrência da medida, o dólar comercial foi cotado ontem a R$ 1,66, menor patamar desde 20 de janeiro.(Folha de São Paulo, Pág. 2-1).
Uberlândia, 29 de setembro.
Luíza,
	Quando você me achou, pensei que minha solidão tivesse acabado. Mas estava enganado. Desejo desesperadamente sua companhia. Há três dias não falo com ninguém. Tenho me esforçado tanto, tenho me concentrado, meditado, tenho feito tudo menos plantar bananeira, e não consigo nada. Acho que meu próprio trabalho está envelhecendo. Há semanas não produzo nada que valha a pena - e meu estômago dói. Patético, não é (não estou)? Mande-me alguma coisa. Alguma coisa mágica que cure minha alma doente.
	Com amor, Cristiano.
3. As funções da linguagem, isto é, os diversos fins que se atribuem aos enunciados, ao produzi-los, são o fundamento das teses da ESCOLA DE PRAGA. O número das funções reconhecidas tem variado conforme as teorias lingüísticas. De comum acordo, reconhece-se como a mais importante a função referencial. A língua é, assim, considerada como tendo por finalidade permitir aos homens comunicarem informações. É a existência dessa função que permite descrever a língua segundo o esquema dateoria da comunicação. Acrescentam-se à função referencial a função imperativa, ou injuntiva (a língua é utilizada como um meio para levar alguém a adotar certo comportamento), R. Jakobson descreve as funções da língua referindo-se aos elementos necessários a toda comunicação lingüística: existência de um destinatário, de um remetente (ou destinador), de um contexto ao qual a mensagem remete, de um código, de um contato (canal físico e conexão psicológica entre destinatário e o remetente, que permitem estabelecer e manter a comunicação). Pela função referencial, a mensagem é centrada no contexto, pela função emotiva no locutor, pela função conativa no destinatário, pela função fática no contato, pela função metalingüística no código, pela função poética na mensagem em si.
(DUBOIS, J. Dicionário de lingüística. São Paulo: Cultrix, 1993.)
 4. “ – Alô, alô, estúdio. Não vamos gravar desta vez. Interrompa a programação. Vou fazer esta matéria ao vivo. Como?... Não! Prometo que não vou errar... hein?... Claro que não. Você já me viu errar?... já?
(Bandeira, Pedro. O elefante assassino. São Paulo: Atual, 1994.) 
5. OS PENSADORES. Perdeu um cupom? Amanhã, A Folha publicará 1 cupom curinga para você preencher a sua cartela e trocar pelo livro sobre a História da Filosofia. (Folha de São Paulo)
6. “As chaminés das indústrias despejam no ar toneladas de dióxido de enxofre. Quando este se combina com o vapor de água, o resultado é o envenenamento da chuva.”
7. “Pense forte. Pense Ford.”
8. Petição. Dir. Proc. Requerimento por escrito, dirigido pelo interessado à autoridade judiciária, solicitando a execução de qualquer ato de natureza forense.
(PEIXOTO, Paulo Matos. Vocabulário jurídico. São Paulo: Paumape, 1993.)
9. NÃO VOU ME ADAPTAR
Eu não caibo mais nas roupas que eu cabia
Eu não encho mais a casa de alegria
Os anos se passaram enquanto eu dormia
E quem eu queria bem me esquecia
Será que eu falei o que ninguém ouvia
Será que eu escutei o que ninguém dizia
Não vou me adaptar
Me adaptar
Não vou me adaptar
Me adaptar
Eu não tenho mais a cara que eu tinha
No espelho essa cara não é minha
Mas é que quando eu toquei
Achei tão estranho
A minha barba estava desse tamanho
Será que eu falei o que ninguém ouvia
Será que eu escutei o que ninguém dizia
Não vou me adaptar
Me adaptar
Não vou me adaptar
Me adaptar
(Arnaldo Antunes)
� JAKOBSON, Roman. Linguistica e comunicação. São Paulo: Cultrix, 1989.

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