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Os grandes reinos da África Subsaariana

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Os grandes reinos da África Subsaariana: Gana, Mali e Songhai
Reino de Gana
Origem do Império
Fundado por povos berberes, segundo uns, e por outros, por negros mandeus, mandês ou mandingas, do grupo soninkê. O antigo nome desse império era Uagadu, que ocupava uma área tão vasta quanto à da moderna Nigéria e, incluía os territórios que hoje constituem o Mali ocidental e o sudeste da Mauritânia
Gana foi provavelmente fundado durante os anos 300.
O país de Gana alcançou a altura de sua grandeza durante o reinado de Tenkamenin. Através de sua administração cuidadosa do comércio de ouro
Localização
O atual Gana, que antigamente se chamava Costa de Ouro, deve o seu nome moderno ao de um antigo império que dominava a África Ocidental durante a Idade Média. O velho Gana ficava a muitos quilômetros mais para norte do atual, entre o deserto do Saara e os rios Níger e Senegal.
Sociedade e Política
Monarquia – rei recebia o título de gana (o rei era visto como o elo entre os deuses e os homens).
Liderava um poderoso exército e ocupava o topo de uma sociedade hierarquizada. 
Os sacerdotes, nobres e funcionários cuidavam da administração do reino. 
Dinastia dos Magas uma família berbere, apesar de o povo ser constituído por negros das tribos Soninque.
Em 770 os Magas foram derrubados pelos Soninques, e o império expandiu-se grandemente sob o domínio de Kaya Maghan Sisse, que foi rei cerca de790.
Depois de muitos anos de luta, a dinastia dos Almorávidas berberes subiu ao poder, embora não o tenha conservado durante muito tempo.
Os soninkés habitavam a região ao sul do deserto do Saara. Este povo estava organizado em tribos que constituíam um grande império.
Aspectos econômicos
O Gana começou a adquirir uma reputação de ser uma terra de ouro. Atingiu o máximo da sua glória durante os anos 900 e atraiu a atenção dos Árabes.
Os soninkés habitavam a região ao sul do deserto do Saara. Este povo estava organizado em tribos que constituíam um grande império. Este império era comandado por reis conhecidos como caia-maga. Viviam da criação de animais, da agricultura e da pesca. Habitavam uma região com grandes reservas de ouro. Extraíam o ouro para trocar por outros produtos com os povos do deserto.
Aspectos culturais e religiosos
Com a concorrência de outras potências no comércio do ouro, o Antigo Império Gana começou a declinar. Até que, por volta de 1076 D.C., em nome de uma fé islâmica ortodoxa, os berberes da dinastia dos almorávidas, vindos do Magrebe, atacam e conquista Kumbi Saleh, capital do Império de Gana.
Auge e declínio
No século XVI chegou a ser o mais importante entreposto comercial do império, mas os mesmos fatores que causaram a decadência da «cidade irmã» – o comércio marítimo dos portugueses, a ocupação marroquina e, depois, francesa – acabaram por torná-la num insignificante centro agrícola dotado de magníficos exemplares de arquitetura islâmica.
Império de Mali
Origem do Império
Os fundados do Antigo Mali teriam sido caçadores reunidos em confrarias ligadas pelos mesmos ritos e celebrações da religião tradicional.
O Império Mali formou-se logo então na parte superior do Rio Níger e chegou a sua força máxima durante o século XIV.
Localização
Mesma região em que se desenvolveu Gana (Na África, ao sul do deserto do Saara, no oeste do continente, em uma zona chamada Sael).
Sociedade
Vários povos, sendo o malinês (ou mandingas) o grupo principal. Eles falavam a mesma língua mande dos soninquês de Gana e também adotaram o Islã.
Aspecto políticos e econômicos
Os governantes do Mali recebiam o título de mansa. Viajantes árabes relatam histórias de alguns governantes que se transformaram em famosos, como Sundiata, herói fundador que reinou de 1230 a 1255, e Mansa, que governou entre 1312 e 1337.
 Sob o reinado do Império do Mali, as antigas cidades de Djenné e Timbuktu foram importantes centros comerciais e islâmicos. 
O comércio e principalmente as taxas sobre o tráfico de ouro, sal, escravos, noz de cola e outros.
Constituição de Mali
Após a vitória contra Sumaoro Kante na batalha de Kirina, Sundiata reuniu os seus apoiadores para definir as bases do governo do novo império. Na planície de Kurugan Fuga, próxima ao local onde foi estabelecida a capital Niani, ocorreu a Gbara (Grande Assembléia) onde estabeleceram a administração do império com modelo semelhante a do Império de Gana. 
Aspectos culturais e religiosos
O fervor com que praticavam a religião de seus ancestrais veio até bem depois do advento do Islã. Conquistando o que restara do Antigo Gana, em 1240, Sundiata Keita, expandiu seu império, que já era oficialmente muçulmano desde o século anterior. E, o Mali se torna legendário, principalmente sob o mansa (rei) Kanku Mussá, que, em 1324, empreendeu a peregrinação a Meca com a intenção evidente de maravilhar os soberanos árabes. Os seus monumentos, entre os quais se destaca uma Grande Mesquita que remonta ao século XIII, recorrem ao mesmo tipo de material e técnicas construtivas que os de Tombuctu. 
Timbuktu tornou-se o centro intelectual e espiritual islâmico da África ocidental. Grandes mesquitas e universidades, como as de Sankore, além de escolas e bibliotecas, foram erguidas.
É importante mencionar que o império do Mali e também de Gana assimilaram a cultura e a religião islâmica, vinha acompanhada de maneiras de viver e de governar próprias do mundo árabe, chamadas de muçulmanas. 
Auge e declínio
O império atingiu seu auge sob o governo de Mansa Musa (1312-1337), que se converteu ao islamismo.
O Império Mali foi exterminado em meados do século XVI por exércitos marroquinos. 
O reinado declinou posteriormente como resultado de conflitos internos, e foi finalmente substituído pelo Império Songhai. 
Os feitos de mansa Musa
 Mansa Musa (1312-1337), que se converteu ao islamismo, é lembrado pela peregrinação que fez à cidade sagrada de Meca. A comitiva reuniu de 8 mil a 15 mil pessoas e percorreu o deserto carregada de ouro). Foi o décimo mansa, que se traduz como “rei dos reis” ou “imperador”, do Império Mali.
Império Songhai
Origem do império Songhai
O povo Songhai é originário do noroeste da atual Nigéria. O Império Songhai tinha sido há muito tempo um poder na África Ocidental sob o controle do Império de Mali. Até que por volta de 1337, dois irmãos e príncipes songaleses – Ali Kolen (ou Golon) e Suleiman Nar – conseguiram se desvencilhar da dominação mali, e Ali Kolen, como se chama o verdadeiro fundador do império songhai. Conseguiu libertar seu povo do jugo do império Mali e toma para si o título de sonni (= senhor). Fundou a nova dinastia dos Sis (ou Sonnis).
Explicação mitológica:
“Sua estória começa com o mito do feiticeiro Faran Makan Boté. Ele nasceu de um pai sorko (é um ídolo em forma de um grande peixe provido de uma argola na boca.), e uma “mãe-fada ligada aos espíritos das águas”. Ao subir o rio, Makan Boté se aliou aos caçadores gows e pescadores sorkos, e passou a exercer as funções de grande sacerdote (kanta) junto a camponeses na região de Tillabery. Assim teriam nascido às energias mágicas do Songai.” (KI-ZERBO, apud COSTA. Pg. 22)
O apogeu do império Songhai (1464 – 1492)
SunnĪ ‘AlĪ Ber, fundador do Império Songhai, foi considerado por muitos como um cruel ditador, e sua política caracterizou-se pelas conquistas e expansão territorial.
mudou os destinos do reino de Gao. Abandonou a política de pilhagem adotada pelos predecessores, substituindo-a pela conquista territorial. Sonni tinha um exercito muito bem organizado e coordenado pelo hi koy (ministro do rio e da esquadra)
Em 1492, ano de sua morte acidental, ele dirigia um grande império que, centrado no Niger, estendia-se desde a região de Dendi ate a de Macina.
A Dinastia dos Askiya (1492-1592)
Askiya Muhammad I, o Syllanke.
Mohammed, primeiro da dinastia Askya, durante seu governo, Songhai atingiu a máxima extensão territorial. Seu governo ficou marcado pelo enriquecimento cultural, e por suas peregrinações
aos centros islâmicos de culto.
O Askiya Muhammad era de origem soninke, do clã dos Ture ou Sylla, provenientes do Takrūr. Apesar de iletrado, era muçulmano fervoroso, mas também um político sagaz. Apoiou-se sobre as novas forcas para expandir e consolidar o império fundado por SunnĪ ‘AlĪ Ber. 
Teve muitos filhos e permanecer por muito tempo no poder. Velho e cego foi derrubado por uma conspiração dos filhos, liderados pelo primogênito, o fari mondzo (ministro das terras) Mūsā, que foi proclamado askiya em 1528.
Máxima extensão do Império de Songai (século XVI)
Aspectos políticos, sociais e econômicos:
Sociedade songhai era a hierarquização, dividia a população em nobreza, homens livres, membros de castas de ofícios e escravos.
Tinha uma organização político-administrativa que o diferenciava-o de qualquer outro reino que o antecedeu. Na economia, a exploração dos recursos naturais e cobrança de imposto gerava grandes riquezas que concentrava-se nas mãos dos lideres. 
Fundava-se nos valores islâmicos e consuetudinários. De forma, que toda decisão passava pelo soberano. Apesar da existência de figuras como o cadi (juiz soberano e supremo, com cargo vitalício outorgado pelo imperador).
Havia diversas fontes de renda imperial: O zakāt, (dizimo coletado para o sustento dos pobres), os impostos sobre as colheitas, o gado e a pesca, pagos em espécie, as taxas e os direitos alfandegários sobre a atividade comercial, as contribuições extraordinárias arrecadadas dos comerciantes das grandes cidades e, principalmente, o butim de guerra quase anual. O soberano dispunha, portanto, de rendas inesgotáveis, que gastava como queria. 
 Política administrativa:
Os funcionários do governo central formavam o conselho imperial, que debatia todos os problemas do império. 
O hi koy era o “senhor da água”, o chefe da flotilha. Sua função era das mais antigas e importantes, em virtude do papel do Niger na vida dos antigos Songhai. 
O fari mondzo ou mondio era o ministro da Agricultura. E possível que dirigisse as numerosas propriedades imperiais espalhadas pelo país, grandes fontes de renda. Geralmente confiada a príncipes de sangue, senão ao príncipe herdeiro. 
O hari farma, inspetor das águas e lagos.
O saw farma, inspetor das florestas.
O waney farma, encarregado das propriedades, desempenhavam funções semelhantes.
O kalissa farma (ministro das Finanças) tem uma função mal definida nos
Ta’rīkhi; devia estar ligada a tesouraria imperial.
O balama desempenhava funcoes militares, era chefe do exercito. É possível ainda, que houvesse outras formas de “funcionários” não citados.
Aspectos religiosos e culturais
O império converteu-se ao Islã por volta do ano 1000. todavia, a Grande maioria dos povos do império, que viviam no campo, permaneceu ligada as crenças ancestrais.
Gao, antiga capital política, era uma cidade imensa, com cerca de 100 mil habitantes.
Tombuctu alcançou o apogeu no século XVI: teria cerca de 80 mil habitantes no reinado do askiya Dāwūd. Era então a capital econômica do império, cidade sagrada do Sudão, celebre pelos homens santos e pela universidade. 
Ahmed Baba: Seus estudos abrangiam praticamente todo o campo dos estudos islâmicos da época: Língua Árabe, Retórica, Exegese corânica e Jurisprudência. Sua biblioteca tinha cerca de 1.600 obras. Baba teria escrito setecentas obras.
Os sucessores do Askiya Muhammad:
A administração da dinastia Askyias, foi marcante para o Império, todavia, foi nesse período que os fatores que levariam o império a ruir se assinaram.
Ishāk I (1539-1549) É descrito como príncipe autoritário, que impunha obediência. Foi no reinado de Ishāk I que veio a tona a questão de Teghazza: o sultão do Marrocos reivindicou o direito de propriedade sobre as minas de sal, mas fracassou.
Dāwūd (1549-1583), filho do Askiya Muhammad I, teve um reinado longo e prospero, O império alcançou o apogeu durante o reinado do askiya Dāwūd, prosperando econômica e intelectualmente.
O fim do Império Songhai
Com a morte de Muhammad III em 1586, seu irmao Muhammad IV Bano, foi proclamado askiya, fato que terminou por originar uma guerra civil. Muitos príncipes songhai aliaram-se sem dificuldade aos invasores marroquinos, em 1591 o Império Songhai iria, assim, desmoronar, vitima das próprias contradições.
Songhai sobre o domínio do Marrocos (1591 – 1670)
A 30 de outubro de 1590, uma coluna marroquina composta de 3.000 a 4.000 soldados,[...] penetrou no Saara e seguiu até alcançar a capital do império Songhai, Gao. O askiya Ishāķ II esperou até o último momento para mobilizar suas tropas, inteiramente absorvidos por suas querelas internas, não tinham prestado a atenção exigida as ameaças marroquinas.” ( Abitbol, P. 384)
“Uma série de calamidades se abateu sobre a região: secas, carestia, epidemias, fome dizimaram a população e destruíram as colheitas, tornando mais agudas as tensões entre nômades e sedentários. [...], Em 1741, o flagelo se combinou com uma epidemia de peste e tomou amplitude catastrófica, a tal ponto que pessoas comiam cadáveres de animais e de seres humanos.” ( Abitbol, p. 400)
Considerações finais
É importante mencionar o quanto foi gratificante estudar a histórias dos Grandes Reinos Africanos da África Subsaariana, pois proporcionou um melhor aprendizado dos objetivos de estudar a História da África no que se refere a conhecer a diversidade política e cultural do continente africano entre os séculos IV a XIV, caracterizar o modo de vida de comunidades tribais na África, identificar os reinos africanos que se destacaram entre os séculos IV a XIV, comparar as características econômicas, sociais e culturais dos diferentes reinos africanos, conhecendo e valorizando a história dos africanos promovendo uma educação para a igualdade racial.
Referencias Bibliográficas:
- NIANE, Djibril Tamsir. História geral da África, IV: África do século XII ao XVI / editado por– 2.ed. rev. – Brasília : UNESCO, 2010. Pgs. 234 a 257.
 
- OGOT, Bethwell Allan. História geral da África, V: África do século XVI ao XVIII / editado por– Brasília : UNESCO, 2010. Pgs. 381 a 411.
 
- COSTA, Ricardo da. A expansão árabe na África e os Impérios negros de Gana, Mali e Songai (sécs. VII-XVI) – São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009, p. 34-53. 
 
Referencias Eletronicas:
- http://escola.britannica.com.br/article/482541/Imperio-Songai, (sobre o império Songhai), visto em: 22/03/2016.
- http://reinosafricanosnobre.blogspot.com.br/2012/09/imperio-de-songhai.html, (sobre o império Songhai), visto em: 21/03/2016.
- http://reinosafricanosnobre.blogspot.com.br/2012/09/o-imperio-mali.html, (sobre o império do Mali), visto em: 24/03/2016.
- http://historiadomundo.uol.com.br/idade-media/reino-de-gana.htm, (sobre o reino de Gana), visto em: 24/03/2016.
- https://www.youtube.com/watch?v=6gKicWIQIZg, (sobre o reino de Mali), visto em: 08/04/2016.
- https://www.youtube.com/watch?v=fTT0JJInSC8, (sobre o reino de Gana), visto em: 08/04/2016.

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