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TUTELA PROVISÓRIA NOVO CPC

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES – 
PÓS-GRADUAÇÃO
DIREITO CIVIL E DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Professora: Rosiane de Oliveira Affonso 
 Tópicos especiais DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Finalizados os trabalhos pelo poder legislativo, a comunidade jurídica recebe o novo CPC. Traremos aqui, neste pequeno trabalho, sem pretensão de ser verdade imutável, nossa primeira reflexão quanto às inovações que reputamos mais relevantes. 
O CPC de 1973 passou por um grande número de reformas pontuais, que, se foram necessárias em razão da evolução da sociedade e da necessidade de correspondência na legislação instrumental, terminaram por descaracterizá-lo como um todo homogêneo. Desfigurado, boa parte da doutrina passou a referir-se a ele não sem razão como uma “colcha de retalhos”, a recomendar, na opinião de muitos, a elaboração de uma nova lei que substituísse integralmente o diploma processual.
Surge no cenário jurídico a LEI 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015, (D.O. 17/03/2015), Vigência em 17/03/2016-Código de Processo Civil – CPC/2015.
Publicado, transcorre o prazo de vacatio legis, fixado em um ano; movimenta-se a doutrina em todo o país, com críticas e elogios ao texto e aos seus institutos, que inova em muitos pontos o CPC de 1973.
O novo CPC baseou-se em inúmeros corolários, reduzidos a alguns tópicos programáticos que orientaram a elaboração dele, como por exemplo (a) a simplificação procedimental, (b) o prestígio ao contraditório, (c) o estímulo à uniformização da jurisprudência e à obediência aos precedentes, (d) a consagração e positivação das orientações doutrinárias e jurisprudenciais majoritárias e (e) a sistematização dos institutos.
Dentre os objetivos do NCPC se pode claramente identificar o propósito de:
a. Incentivar a conciliação, mediação e arbitragem (DIFERENCIAR), com a instituição de audiência prévia ao debate judicial, em reconhecimento a eficiência e conveniência da composição dos litígios;
b. Inibir os recursos, através da chamada sucumbência recursal, na tentativa de estabelecer critérios de maior razoabilidade aos apelos e valorizar as decisões de primeiro grau;
c. Prestigiar posições consolidadas, valorizando os precedentes, na tentativa de instituir uma espécie de efeito “commonlawlizante” à civil law brasileira, através da busca da previsibilidade das decisões jurisdicionais, no sentido de oferecer maior segurança jurídica. É exemplo eloquente deste desiderato exatamente a força vinculante que se pretende outorgar à decisão proferida em incidente de resolução de demandas de índole coletiva, em contraste a absoluta e irrestrita autonomia jurisdicional hoje existente;
d. Evitar decisões conflitantes, com a instituição do incidente de coletivização;
e. Formalizar a ideia da existência do devido processo civil constitucional, através da inserção expressa de princípios e garantias contempladas originalmente na Constituição Federal;
f. Buscar celeridade, através, p. ex., da supressão de recursos, como embargos infringentes.
Eis algumas inovações da norma decorrentes desses princípios, selecionadas conforme a relevância de nossa preferência pessoal.
Toda decisão, ainda que sobre matéria cognoscível ex officio, deve ser precedida de contraditório. Regra não existente no CPC de 73, o novo CPC determina, nos seus artigos 9 e 10, que o juiz, não importa o grau de jurisdição, haja franqueado às partes a palavra antes de qualquer deliberação, inclusive sobre algum fundamento que ele deva conhecer de ofício. A norma visa a evitar as chamadas “decisões surpresa”, consubstanciadas em pronunciamentos judiciais muitas vezes proferidos sem o conhecimento das partes, o que, embora desafie recurso, não permite a saudável dialética processual, sempre fornecedora de substancioso elemento para a decisão judicial.
 - Previsão expressa da tutela de evidência, unificação procedimental do processo cautelar e da tutela antecipada — e também a “estabilização” da tutela antecipada. Em benefício da simplificação procedimental e racionalidade do sistema, o novo CPC, sistematizando o regime das tutelas de urgência, unifica o procedimento das tutelas cautelar e antecipada, independentemente da sua natureza. Em conjunto com a tutela de evidência, que prescinde da urgência, o novo CPC cria o gênero “tutela provisória”, regulado a partir do artigo 292. A unificação pretende encerrar a dificuldade prática na postulação da tutela antecipada e cautelar, ocasionada muitas vezes pela duplicidade de regulação, em livros e procedimentos distintos.
O novo CPC ainda cria a figura da estabilização da tutela antecipada, que ocorre quando a medida é deferida e não impugnada mediante o “respectivo recurso” (art. 302). Semelhante à coisa julgada, a deliberação judicial estabilizada permanece inalterada e eficaz até que seja objeto de ação própria de impugnação, a ser ajuizada no prazo decadencial de dois anos (§ 5º).
De se notar também o Art. 1.059. “À tutela provisória requerida contra a Fazenda Pública aplica-se o disposto nos arts. 1o a 4o da Lei no 8.437, de 30 de junho de 1992, e no art. 7o, § 2o, da Lei no 12.016, de 7 de agosto de 2009”, o que vale dizer que em termos de provisória em face da Fazenda, há que se observar as restrições das leis especiais, só havendo cabimento nas hipóteses de não vedação legal em Mandado de Segurança. 
Restrição do cabimento do agravo de instrumento e extinção do agravo retido: Acompanhado da extinção do agravo retido e da restrição do uso do agravo de instrumento, que fica reservado às hipóteses específicas e determinadas (art. 1.012), o novo CPC alterou o sistema de preclusões, que não se operam para as decisões que não puderem ser objeto do agravo de instrumento. Com isso, similarmente ao que ocorre no processo do trabalho, a impugnação dessas decisões que não são imediatamente recorríveis deve ser reunida na futura e eventual apelação, ou em resposta a ela, conforme o impugnante seja recorrente ou recorrido (art. 1.006). Sem função, o agravo retido fica extinto, e o de instrumento reservado a hipóteses em que a lei entende que não se poderá aguardar a conclusão do procedimento em primeira instância sem prejuízo da parte, como são exemplos a decisão que delibera sobre a tutela provisória, ou que determina a exclusão de litisconsorte.
Estímulo à observância da jurisprudência dos tribunais: Os artigos 924 e 925 do novo CPC introduzem importante orientação aos juízes e tribunais no sentido de seguir a jurisprudência consolidada e enunciados de súmula, em benefício da segurança jurídica dos jurisdicionados e dos operadores do direito. A circunstância de que os juízes e tribunais muitas vezes não seguem os precedentes criados — do que decorrem sérios problemas de instabilidade e insegurança sobre as normas de conduta aplicáveis aos cidadãos — é sem dúvida problema muito mais cultural do que legislativo. Mas a lei, programática e bem intencionada, acabou por positivar a diretriz da uniformização da jurisprudência, ao dispor que “os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente” (art. 924), espírito que se desdobra em muitos outros dispositivos do novo CPC.
Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas (IRDR): O novo CPC, no art. 973, cria o instituto denominado Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas, que objetiva solucionar processos em grande número que cuidem das mesmas questões de direito. O procedimento e regulação são similares aos dos recursos especiais repetitivos (art. 543-C do CPC de 73). O novo CPC amplia, entretanto, o IRDR para os tribunais de segunda instância, estimulando a uniformização da jurisprudência também dos estados, no caso dos TJs, e das regiões, no caso dos TRFs.
Julgamento parcial do mérito: Se parcela da doutrina já entendia que no CPC de 73 era possível o proferimento de “sentenças parciais”, o novo CPC prevê essa possibilidade de maneira expressa, atendendo a um anseio importante de ordem prática (art. 353). A previsãopossibilita que o juiz, ainda no curso do procedimento, havendo cumulação de ações, conheça e julgue uma delas antecipadamente, se um dos pedidos se mostrar incontroverso ou a sua causa esteja madura para julgamento (não depender de mais produção de provas), ainda que as demais ações cumuladas no mesmo processo não estejam aptas a julgamento.
A possibilidade otimiza a resolução dos conflitos e está de acordo com a efetividade do processo, na medida em que permite que ações teoricamente menos complexas tenham sua solução antecipada, sem a necessidade de aguardar a conclusão de outras, que eventualmente podem demandar provas delicadas e na maior parte das vezes demoradas.
Criação de audiência obrigatória de “conciliação e mediação” antes da apresentação de contestação pelo réu: O salutar movimento entusiasta dos métodos alternativos de resolução de conflitos, inclinados à redução da litigiosidade desnecessária, influenciou na elaboração da regra, agora geral, de que, ajuizada uma ação, o réu será citado, não para contestar, mas para comparecer à audiência de conciliação ou mediação (art. 331). Somente com o encerramento da audiência, não tendo havido transação, terá início o prazo para contestação (art. 332). A audiência não será realizada somente se autor e réu manifestarem expressamente o desinteresse na composição consensual ou se não for admitida autocomposição (art. 331, § 4º).
Possibilidade de redistribuição pelo juiz dos ônus da prova (“ônus dinâmico da prova”) conforme peculiaridades do caso: O NCPC traz a previsão expressa de distribuição do ônus da prova, a ser feita pelo juiz, na ocasião do saneamento do processo (art. 354, III), conforme a regra geral (fatos constitutivos ao autor, enquanto que impeditivos, modificativos e extintivos para o réu) ou excepcional, de inversão desse ônus, em hipóteses por exemplo em que ela se fizer impossível ou demasiadamente difícil para a parte que em princípio deveria produzi-la (art. 370, § 1º).
Regulamentação específica de fundamentação da sentença, impondo ao magistrado a apreciação de todos os fundamentos suscitados no processo, sob pena de nulidade: O novo CPC ainda inova quanto aos requisitos da fundamentação da sentença. Não basta, para o novo CPC, que a decisão seja fundamentada, no entendimento do julgador; é preciso, além disso, que a fundamentação preencha determinados requisitos objetivos, elencados no art. 486, § 1º. Segundo o texto, não se terá por fundamentada, com a sanção a isso inerente (nulidade), a decisão judicial, que, por exemplo, (a) fizer referência simples a ato normativo sem explicar a sua relação com a causa e a questão decidida, que (b) se limitar a invocar os fundamentos de precedente ou enunciado de súmula sem esclarecer em que ponto converge com o caso em julgamento, ou (c) que empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar a razão concreta da sua utilização no caso.
A maior dificuldade de aplicação da nova regulamentação, todavia, parece-nos que virá com a determinação de que a decisão judicial enfrente “todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador” (art. 386, § 1º, IV). As dificuldades de aplicação literal dessa regra são notórias, considerando a estrutura insuficiente do Poder Judiciário para lidar com o grande número de processos em curso, somados à litigiosidade também considerável e ainda crescente da cultura do país. É possível que a aplicação prática dessa regra se contraponha à aplicação da norma constitucional que determina a duração razoável do processo e celeridade na sua tramitação (CF, art. 5º, LXXVIII).
Inclusão das questões prejudiciais nos limites da coisa julgada: A inclusão das questões prejudiciais nos limites objetivos da coisa julgada é outra alteração substancial promovida pelo projeto de lei aprovado. Se no CPC de 73 essas questões tinham que ser objeto de ação declaratória incidental para que fossem acobertadas pela coisa julgada, no novo CPC elas passam a ter essa eficácia independentemente de postulação nesse sentido, desde que (a) dessa questão dependa o julgamento do mérito, (b) a respeito dela tiver havido contraditório e (c) o juiz tiver competência em razão da matéria e da pessoa para conhece-la e julgá-la (art. 500, § 1º), requisitos que se preenchem na maior parte dos casos.
Dever dos juízes e tribunais de observar a ordem cronológica de conclusão para julgamento das causas: O dispositivo do art. 12 do novo CPC cria regra republicana de gestão de processos pelo Poder Judiciário ligada exclusivamente ao critério de cronologia dos processos. Pela regra, “os juízes e os tribunais deverão obedecer à ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão”, independentemente, por exemplo, da complexidade da causa ou da matéria tratada, salvo algumas (poucas) exceções previstas no art. 12, § 2º.
Conjugado com o art. 153, segundo o qual “o escrivão ou chefe de secretaria deverá obedecer à ordem cronológica de recebimento para publicação e efetivação dos pronunciamentos judiciais”, o novo CPC, se aplicado de maneira intransigente, pode engessar a gestão de processos a ser saudavelmente feita pelo juiz e pelos tribunais, seja no gerenciamento de unidades judiciais (cartórios, secretarias judiciários, servidores, etc.) ou de processos (separação de processos de natureza e complexidade muito diversas, distinção de processo de massa de outros individualizados, etc.). Posta como está, a norma, se trouxer muito mais malefícios do que benefícios, haverá de ser temperada.
Contagem dos prazos processuais em dias úteis: Os prazos passam a ser contados, não em dias corridos, como funciona no Código de 73, mas apenas em dias úteis, como dispõe o artigo 217 do novo CPC. A alteração atende a antigo postulado dos advogados, muitas vezes profissionais autônomos, que argumentavam que tinham prejudicado os seus finais de semana e feriados em razão da contagem ininterrupta dos prazos.
Possibilidade de penhora de salário e outras espécies de remuneração acima de 50 salários mínimos: O dispositivo do art. 831, § 2º, abre exceção à regra de que são impenhoráveis “os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal”.
Segundo o novel dispositivo, a remuneração que ultrapassar 50 salários mínimos mensais passa a ser penhorável. Norma similar foi aprovada pelo Congresso Nacional em 2006, no texto da Lei n 11.382 de 06.12.06, mas foi vetada pelo então Presidente da República.
Criação dos honorários recursais: O novo CPC racionaliza a regra da condenação da parte vencida aos honorários de advogado, dispondo, no art. 85, § 11º, que eles serão majorados na medida em que forem julgados recursos interpostos no processo. A fixação dos honorários, assim, passa a ser proporcional e correspondente com as instâncias recursais nas quais os advogados venham a ser chamados a atuar, até o fim do processo, e não mais em um único momento, que se restringia ao procedimento em 1º grau.
Mudança da forma de aplicação e incidência dos honorários advocatícios contra a Fazenda Pública: O novo CPC prevê regra específica para a condenação da Fazenda Pública ao pagamento de honorários advocatícios. A fim de evitar distorções verificadas na prática, de condenações exageradamente grandes ou aviltantemente pequenas, o novo CPC criou, no art. 85, § 3º, regra de escalonamento de honorários, que podem variar desde 10% a 20%, se a causa for de menor valor, até de 1% a 3%, se a condenação da Fazenda Pública envolver valores de maior vulto.
Exercício do juízo de admissibilidade dos recursos de apelação, ordinário, especial e extraordinário somente pelo juízo ad quem como regra: O novo CPC põe fim ao juízo de admissibilidade dos recursos de apelação, ordinário, especial eextraordinário exercido pelo órgão a quo. Segundo os arts. 1.007, 1.025 e 1.027, findo o prazo para a apresentação de resposta ao recurso, os autos serão remetidos diretamente ao tribunal ad quem.
Embargos infringentes substituídos por uma técnica de julgamento: O recurso de embargos infringentes fica substituído por uma técnica de julgamento a partir da qual, quando sobrevier, em colegiado, resultado não unânime, em apelação, ação rescisória e agravo de instrumento, serão convocados para outra sessão de julgamento outros juízes do tribunal em número suficiente para que haja a possibilidade de reversão no resultado do julgamento.
Vale observar que não se trata mesmo de recurso — as providências para um novo julgamento não dependem de nenhuma petição ou qualquer tipo de provocação da parte sucumbente, sendo medidas de ofício a serem tomadas pelo próprio tribunal. A nova técnica seria uma espécie de “embargos infringentes de ofício”, ampliada para qualquer hipótese de julgamento não unânime proferido em sede de apelação, ação rescisória e até de agravo de instrumento, independentemente de ter sido ou não provido o recurso ou julgado procedente o pedido. Trata-se de medida que foi inserida, de última hora e contra a vontade das Comissões de Juristas, do Senado e da Câmara, e que pode protelar o julgamento nos tribunais.
Honorários do advogado público: O dispositivo do art. 85, § 19, do novo CPC inaugura a regra de que os advogados públicos, a quem cabe a representação judicial, assessoramento e consultoria jurídica dos órgãos e poderes da União, Estados e Distrito Federal, passam as ser os destinatários diretos dos honorários de sucumbência.
O dispositivo, não autoaplicável, porquanto ainda depende de lei regulamentar, altera o regime atual, no qual as verbas sucumbenciais são direcionadas para a Fazenda Pública quando ela é parte vencedora.
Previsão de novos negócios jurídicos processuais para a alteração do procedimento pelas partes: Conquanto parte da doutrina já entenda existentes os negócios jurídicos processuais no Código de 73 (v. G., prorrogação da competência territorial por inércia do réu [art. 114], desistência de recurso [art. 500], convenções sobre prazos dilatórios [181], convenção para a suspensão do processo [265], etc.), a verdade é que, negando-se ou não a existência deles atualmente, o novo CPC  inaugurou uma faceta muito mais ampla de gestão cooperativa no âmbito do processo.
A regra do art. 189 abre a possibilidade de uma flexibilização do procedimento, para que os litigantes, de comum acordo, estabeleçam prazos diferenciados, ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, durante o processo e eventualmente até antes dele. O dispositivo, inclusive, faz referência a um calendário, particularizado para a causa em curso, como costumam permitir os regulamentos das câmaras arbitrais, em cujos processos a autonomia da vontade sempre foi mais influente. DISPENSA INTIMAÇÕES._____________________________________________________________________
GERAL -O novo CPC é dividido em cinco livros:
I. Parte Geral;
II. Do processo de conhecimento e cumprimento da sentença;
III. Do processo de execução;
IV. Dos processos nos tribunais e dos meios de impugnação das decisões judiciais;
V. Das disposições finais e transitórias.
De acordo com Theodoro Júnior (2014, p. 70), "o esquema anteriormente apresentado foi idealizado pelo projeto visando a atingir cinco objetivos: a) estabelecer, através, sobre tudo, da Parte Geral, uma expressa e implícita “sintonia fina com a Constituição Federal; b) criar condições para que o juiz se aproxime ao máximo da verdade real e possa decidir a lide “de forma mais rente à realidade fática subjacente à causa; c) simplificar e facilitar o acesso à tutela jurisdicional, “resolvendo problemas e reduzindo a complexidade de subsistemas, como, por exemplo, o recursal; d) cumprir a garantia de duração razoável e de economia processual, dando “todo o rendimento possível a cada processo em si mesmo considerado; e) imprimir, em suma, “maior grau de organicidade ao sistema, dando-lhe, assim, mais coesão".
_____________________________________________________________________
TEXTO – GERAL 
Sendo as Principais INOVAÇÕES do PL 8.046/10:
A criação da ordem cronológica de julgamentos (os processos terão que ser decididos na ordem que foram remetidos ao gabinete do julgador para deliberação);
A multa por litigância de má-fé é elevada de 1% para percentuais entre 2 e 10%;
A responsabilidade pelo pagamento da perícia passa a ser das duas partes, quando a prova for requerida por ambas;
É criado o período de suspensão de prazos entre 20 de dezembro e 20 de janeiro. Com isso, os advogados poderão usufruir de um período de férias sem a preocupação de cumprir prazos; OBS: a suspensão é dos prazos e não dos processos. Não implicará a suspensão ou paralisação do serviço forense, uma vez que, juízes, promotores e defensores continuarão a exercer suas atribuições, ressalvadas as suas férias instituídas por lei.
Todos os prazos passam a ser contados apenas nos dias úteis, garantindo aos advogados o descanso em finais de semana e feriados;
O prazo de carga rápida é ampliado de uma para duas horas e fica instituída sanção para quem não devolver os autos dentro desse tempo;
Coloca-se fim ao prazo quádruplo para a fazenda pública contestar. O prazo para contestar, para recorrer, para qualquer manifestação nos autos será em dobro.
As intimações dos advogados pelo Diário da justiça poderão ser realizadas apenas em nome da sociedade a que pertencem;
São criados novos requisitos para o requerimento de cumprimento de sentença;
O pedido de cumprimento de sentença fundado em obrigação de prestar alimentos foi remodelado.
Garantiu-se a possibilidade de o companheiro em união estável requerer a abertura de inventário, bem como a ordem de pessoas habilitadas a exercer a função de inventariante;
O divórcio e a extinção de união estável consensuais, não havendo filhos menores ou incapazes e observados os requisitos legais, serão obrigatoriamente realizados por escritura pública e não mais pela via judicial;
Admitir-se-á a alienação antecipada de automóveis, para evitar perecimento ou depreciação;
Os embargos infringentes são eliminados do sistema;
A impugnação ao cumprimento de sentença deixa de depender da penhora prévia e poderá ser oferecida no prazo de 15 dias a contar da intimação para o cumprimento do julgado;
No cumprimento de sentença condenatória ao pagamento de quantia certa contra a Fazenda Pública previu-se expressamente a possibilidade de expedição de precatório para parcela incontroversa;
O juiz deverá resolver questões de alta indagação no próprio processo de inventário, desde que os fatos a ela relacionados estejam provados por documentos. As partes somente poderão ser remetidas para as vias ordinárias quando houver necessidade de produção de outras provas;
Nos embargos de terceiro, especificou-se que deverá figurar no pólo passivo aquele a quem o ato de constrição aproveita, bem assim, seu adversário no processo principal quando for sua a indicação do bem;
A impenhorabilidade de salário foi relativizada. Serão penhoráveis os valores que excederem a cinqüenta salários mínimos mensais;
Estabeleceu-se que havendo recursos de vários litisconsortes versando a mesma questão de direito, a primeira decisão favorável proferida prejudica os demais recursos;
Positiva-se a possibilidade de suspensão de todos os processos que versem sobre tema que seja objeto de recurso excepcional afetado e não apenas dos recursos especiais ou extraordinários, como ocorre no sistema atual;
Os prazos para os recursos são unificados. Com exceção dos embargos de declaração, cujo prazo se mantém em cinco (5) dias, todos os demais poderão ser interpostos em 15 dias.
O sistema de preclusão temporal para decisões interlocutórias foi mitigado, o que acabou por permitir o fim do agravo retido. Caberá ao prejudicado por uma decisão interlocutória: a) impugná-la, desde logo, quando couber agravode instrumento; b) impugná-la no recurso de apelação ou nas contrarrazões quando nas hipóteses em que não se prever, desde logo, o cabimento do agravo de instrumento.
Além de outras, que não foram citadas aqui.
CONCLUSÃO
Portanto, diante do que foi exposto, percebem-se que as alterações do novo Código de Processo Civil visam a renovar e a acelerar o processo judicial, uma vez que, o que causa o desajuste da sentença e a fuga do judiciário é a morosidade do judiciário, altos custos processuais, a instabilidade das jurisprudências etc. Com isso estará atendendo aos anseios da sociedade humana, sem reduzir, restringir seus direitos. Todo esse aparato traz, não só a renovação do ordenamento jurídico, como também, a confiança, a esperança e, principalmente, a justiça.
Com a renovação do Código de Processo Civil, amoldado à nova realidade, só tem a acrescentar, beneficiar as partes envolvidas no processo e aos advogados como, por exemplo, dando maior celeridade processual; a suspensão de prazos entre 20 de dezembro e 20 de janeiro, podendo os advogados desfrutar de férias, porém não importando na suspensão dos serviços da justiça; e a audiência de conciliação que se torna a fase inicial da ação. Tudo isso traz esperanças e um sentimento de alegria em relação à justiça.
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
O INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS E DE COLETIVIZAÇÃO.
Tarefa árdua é justificar para o povo, e principalmente o usuário de nossos serviços jurídicos, que uma causa igual nos fatos e no direito é decidida de forma distinta pela Justiça. Há enorme dificuldade atual para imprimir segurança jurídica existente na resolução do que se chama de conflitos de massa. Nessas situações, a Justiça se depara com causas que têm a mesma situação fática e jurídica e sem a operacionalização da melhor forma de solucionar tais casos e o que vemos na Justiça brasileira é o absurdo de termos para uma mesma situação fática e jurídica, decisões díspares, sem que a função dos Tribunais Superiores reste cumprida, qual seja: ponderar objetivamente sobre os incidentes mencionados buscando racionalizar a atividade jurisdicional sem desprestigiar a celeridade.
Os Tribunais mencionados receberam de nossa Carta Magna a missão de uniformizar o direito objetivo, logo a última palavra em termos de tese jurídica para a devida aplicação em todo o território nacional deve ser assegurada a todas as causas que se encontrem na mesma situação, sem que tal cumprimento da vontade constitucional retire a independência funcional do Juiz.
 Essa independência, por óbvio, não é absoluta, pois não seria razoável imaginar que os Juízes possam descumprir as teses jurídicas devidamente acertadas pelos Tribunais competentes, desde que esses formulem tais teses da forma mais completa possível no sentido de estabelecer com precisão os fatos e cenário jurídico que se amoldarão, tudo para que se atinja a almejada segurança jurídica, valor que também recebe guarida em nossa Constituição.
 A independência funcional é soberana quanto à reconstituição dos fatos e nesse ponto deve sempre ser respeitada, desde que haja a devida fundamentação para suas conclusões. Mas não pode continuar servindo de biombo para decisões tão díspares em pretensões submetidas à Justiça, deixando de ser uniforme em sua decisão em casos rigorosamente iguais.
Vige uma despreocupação geral com a isonomia de resultado e aceitamos como normal algo que para nós, até mesmo como operários do Direito, soa difícil de se explicar. Nessa toada, o novo CPC passa não só a priorizar os precedentes, mas também cria institutos visando a uniformizar a jurisprudência brasileira justamente para atacar esse problema e ao mesmo tempo o faz, em tese, de forma a equilibrar segurança jurídica e celeridade. 
Semelhante ao que já ocorre no STJ quanto aos recursos repetitivos em que tanto os Tribunais como o próprio STJ determinam o sobrestamento de todos os recursos que tratam das mesmas questões fáticas e jurídicas, fazendo valer essa ideia de segurança jurídica, os processos, já nos Juízos de primeiro grau, terão o mesmo destino para que o órgão competente possa definir a tese jurídica e aí aplicá-la a todos os processos que foram suspensos. 
Crítica: na teoria, a ideia é ótima, porém, o problema está na sua operacionalização. Antes de tudo vamos ter de escolher quais dos processos suspensos serão escolhidos como paradigma para a solução definitiva da tese jurídica. Bem, essa escolha não deve ser feita com preocupação no caso concreto em si, pois na realidade, este processo deve abarcar todas as possíveis teses desenvolvidas por todas as partes dos demais processos de forma que o contraditório substancial, tão prestigiado no NCPC, não reste violado, para não respingar no acesso à Justiça de forma particularizada. Mas é extremamente interessante para a resolução das causas repetitivas. 
Por fim, também prestigiando o sistema de precedentes que com o tempo vai se instaurar em nossa Justiça, o legislador também previu, pelo menos por enquanto, a possibilidade de se converter uma ação individual em coletiva, quando os fatos e situação jurídica tratada naquela transpasse o direito puramente individual de quem procurou a Justiça e se amolde a uma das espécies de direito coletivo amplo senso, a qual se chama de incidente de coletivização das demandas. 
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DA SENTENÇA
Um tema que vem causando frisson perante a comunidade jurídica diz respeito às novas regras a serem seguidas pelo julgador, quando da confecção da sentença, frente aos novos requisitos elencados pelo legislador para a validade da sentença.
O parágrafo único do art. 489 do novo texto prevê: “Art. 489. São elementos essenciais da sentença ...
§ 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: 
I – se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida;
 II – empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; 
III – invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; 
IV – não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; 
V – se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;
 VI – deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.
 § 2º No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o objeto e os critérios gerais da ponderação efetuada, enunciando as razões que autorizam a interferência na norma afastada e as premissas fáticas que fundamentam a conclusão. 
§ 3º A decisão judicial deve ser interpretada a partir da conjugação de todos os seus elementos e em conformidade com o princípio da boa-fé.”
Salvo melhor juízo, a norma constitucional (art. 93, IX), desde a sua edição, já elencava tal obrigação, contudo, não da forma objetiva e pormenorizada como consta da nova lei, situação esta que permitia ao julgador ser demasiadamente sucinto ao resolver a lide, nem sequer identificando o dispositivo legal utilizado na resolução.
Aqui, assume-se, flagrantemente, uma verdadeira inversão: descumpria, o próprio Poder Judiciário, um comando constitucional, necessitando, agora, de lei infraconstitucional para sua efetivação. Meio difícil de entender, para nós, operadores do Direito!!! 
Esta nova obrigação vem causando preocupação junto aos órgãos que representam a magistratura nacional, em seus mais variados setores, Anamatra, AMB, dentre outras.
Regimentos internos de Tribunal de Justiça Estaduais trazem a seguinte disposição: “Nos recursos em geral, o relator poderá limitar-se a ratificar os fundamentos da decisãorecorrida, quando, suficientemente motivada, houver de mantê-la.” Outros TJ não trazem expressamente nos regimentos, mas trazem em seus enunciados ou utilizam no dia a dia: é o “A r. Sentença não merece qualquer reparo, devendo ser mantida por seus próprios e jurídicos fundamentos”.
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_Observemos, no sumário da nova obra referente às profundas intercorrências do NCPC no Código Civil de 2002, do excelente Professor Flávio Tartuce:
 SUMÁRIO 1. Das Normas Fundamentais do Novo Código de Processo Civil – Constitucionalização do Direito Processual Civil, Técnica de Ponderação, Princípio da Boa-Fé Objetiva e Diálogos com o Direito Material 2. Do Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica 3. Dos Negócios Jurídicos Processuais 4. Da Prescrição e da Decadência – Impactos do Novo Código de Processo Civil 5. O Tratamento das Provas no Código Civil e o Impacto do Novo CPC 6. Das Consequências do Novo Código de Processo Civil para a Teoria Geral das Obrigações 7. Das Regras Gerais de Responsabilidade Patrimonial no Novo Código de Processo Civil e sua Interação com o Direito Civil 8. Das Repercussões do Novo Código de Processo Civil para o Instituto da Evicção 9. Das Ações Possessórias Diretas no Novo Código de Processo Civil e suas Consequências para o Tratamento Constante do Código Civil de 2002 10. Do Tratamento da Usucapião Imobiliária no Novo CPC – Da Usucapião Administrativa 11. Alterações no Tratamento da Remição da Hipoteca pelo Novo CPC 12. As Regras Gerais das Ações de Direito de Família e o Tratamento Processual da Ação de Alteração de Regime de Bens 13. Do Tratamento da Separação e do Divórcio no Novo Código de Processo Civil 14. Das Regras Relativas à União Estável no Novo CPC e as Consequências para o Direito Material 15. Dos Alimentos Familiares no Novo Código de Processo Civil – O Novo Tratamento da Prisão Civil 16. A Tutela e Curatela e o Tratamento da Interdição no Novo Código de Processo Civil 17. Do Inventário e da Partilha no Novo Código de Processo Civil.
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Novas regras
A desconsideração da personalidade jurídica à luz do novo Código de Processo Civil -03/jul/2015
No CPC atual, não há uma procedimentalidade acerca da desconsideração, o que faz com que o incidente seja aplicado com esteio na jurisprudência, possibilitando também a livre interpretação do juiz. O novo codex veio suprir essa lacuna, ao estabelecer as regras processuais para a sua aplicação.
Por Sávio Oliveira Lopes 
1. Introdução
​O atual Código de Processo Civil, Lei n° 5.869, foi sancionado em 1973, período em que o país enfrentava uma ditadura militar que suprimia diversos direitos e garantias fundamentais. A Constituição Federal de 1988 é um marco político que vem constituir a República Federativa do Brasil em Estado Democrático de Direito.
​Em razão de a Carta Magna ter sido promulgada após a vigência do CPC, muitos institutos processuais civis precisaram se adequar à nova realidade vigente.
​O legislador do CPC/73 foi omisso quanto à procedibilidade da desconsideração da personalidade jurídica. Não obstante, o instituto era aplicado tomando-se por base o entendimento jurisprudencial dos Tribunais, bem como a observância dos princípios gerais de direito por parte dos magistrados a quo.
​Após muito anos de discussão parlamentar, o novo Código de Processo Civil, Lei n° 13.105/2015, foi aprovado e, atualmente, aguarda a vacatio legis de 1 (um) ano para entrar em vigor a partir de março de 2016. Nele, o incidente da desconsideração, finalmente, foi regulado.
2. Pessoa Jurídica
​Na Idade Média, a Igreja Católica era uma das instituições de maior prestígio na sociedade estamental. Esta pode ser representada por uma pirâmide onde o rei ocupa o ápice, seguido do clero, nobreza e, por fim, dos plebeus.
​Como forma de assegurar o seu patrimônio, a igreja determinou que as suas terras fossem consideradas como bens da própria instituição religiosa e não como herdade dos membros que a compunha. Dessa forma, nascia-se a denominada personalidade jurídica.
​Pessoa Jurídica é uma entidade revestida de personalidade jurídica e, por conseguinte, detentora de direito e obrigações. De acordo com o Código Civil brasileiro, as pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado.
​São pessoas de direito público interno a União, os Estados, o Distrito Federal, os Territórios, os Municípios, as autarquias, as associações públicas e as demais entidades de caráter público criadas por lei. As pessoas jurídicas de direito público externo são os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público.
​As pessoas jurídicas de direito privado são as associações, as sociedades, as fundações, as organizações religiosas, os partidos políticos e as empresas individuais de responsabilidade limitada.
3. O instituto da desconsideração da personalidade jurídica
​A personalidade jurídica acaba por resultar num importante mecanismo de mitigaçãoda responsabilidade daqueles que, ao constituir uma entidade dotada de direitos e obrigações, explora por ela alguma atividade.
​Essa proteção legal à pessoa jurídica é imprescindível tendo em vista que o risco inerente das operações empresariais pode prejudicar gravemente os recursos individuais dos seus sócios. Desse modo, a tutela que se dá à pessoa jurídica acaba por realizar o objetivo pessoal de cada membro, além de fomentar o empreendedorismo. As atividades empresariais são de interesse do Estado, pois geram emprego, impostos, circulação de riquezas, tecnologias etc.
​Portanto, quando um empresário individual ou um grupo de sócios constitui pessoa jurídica, o seu patrimônio pessoal, até certo ponto, não responderá pelas obrigações da entidade abstrata, sendo que esta tem vínculo jurídico próprio. Nessa mesma esteira, é o princípio da autonomia patrimonial que determina que a pessoa jurídica não deve ser confundida com aquele (s) que a compõe.
​No entanto, essas prerrogativas próprias da pessoa jurídica, tornam-na um instrumentocom potencial perigoso, para os próprios sócios ou para terceiros que com ela estabeleçam relação. Isso se dá porque podem ocorrer situações onde, por exemplo, o sócio desvia a finalidade da pessoa jurídica para cometer fraudes ou descumprir a lei.
​O Código Civil, em seu art. 186, dispõe que “aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.” O art. 187 do mesmo livro continua o tema estabelecendo que “também comete ato ilícito o titular de direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.”
​Em consonância com a inteligência acima, o legislador determinou, no art. 50 do CC, que “em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.” Temos, então, nesse dispositivo, a previsão da desconsideração da personalidade jurídica.
​A desconsideração da personalidade jurídica é, desse modo, uma forma de responsabilizar os sócios da entidade quando estes a utilizam com finalidade fraudulenta, para violar estatuto, lei ou para praticar ato ilícito ou abuso de poder. Quando ocorrer alguma dessas hipóteses, o patrimônio pessoal dos sócios responderá pelos obrigações contraídas em nome da pessoa jurídica.
​A aplicação do instituto da desconsideração não é um ato arbitrário do magistrado, pois este deverá observar os pressupostos previstos na lei. Importante também ressaltar que a sua ocorrência não acarreta a extinção da pessoa jurídica, sendo que os seus efeitos se voltam apenas para a responsabilizaçãopatrimonial, sem impedir a sua continuidade.
​Ademais, trata-se de um instituto de ordem pública, mesmo quando envolvido o interesse privado das partes. ​É imperativo frisar que a previsão da desconsideração da personalidade jurídica também se encontra em outras legislações do nosso ordenamento jurídico.
​O art. 28 do Código de Defesa do Consumidor dispõe que “o juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração.”
​A nova Lei Antitruste regulamenta, em seu art. 34, que “a personalidade jurídica do responsável por infração de ordem econômica poderá ser desconsiderada quando houver da parte deste abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social.”
​A Lei dos crimes ambientes prevê em seu art. 4° que “poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade jurídica for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente.”
​O Código Tributário Nacional, em seu art. 135, estabelece que são pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes dos atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatuto: I) as pessoas referidas no artigo anterior; II) os mandatários, prepostos e empregados; III) os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.” O inciso I se refere à responsabilidade de terceiro, prevista no art. 134 do CTN.
4. O instituto da desconsideração da personalidade jurídica no novo Código de Processo Civil
Como dito, o novo Código de Processo Civil passa a regular o incidente da desconsideração da personalidade jurídica no Título III, da Intervenção de Terceiros, Capítulo IV, art. 133 a 137.
Inicialmente, cumpre esclarecer, em apertada síntese, o que se trata de um incidente processual. O incidente processual se deflagrará sempre que já houver um processo em andamento. Não configura uma relação nova, mas tão somente a existência de uma questão prejudicial relacionado ao mérito.
O caput do art. 133 discorre que “o incidente da desconsideração da personalidade jurídica será instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo.” Anteriormente foi dito que o instituto em estudo trata-se de matéria de ordem pública. Estas são conhecidas de ofício pelo julgador. No entanto, tem-se aqui um dilema, pois a hermenêutica do artigo leva à conclusão de que o juiz não pode declarar o incidente de ofício. No CDC, porém, é possível. Outrossim, é comum, na prática, que os magistrado despachem para que a parte se manifeste sobre o interesse de requerer a desconsideração.
O pedido de desconsideração deverá observar os pressupostos estabelecidos na lei, conforme o §1° do art. 133. Este dispositivo visa evitar que o incidente seja utilizado de modo arbitrário.
O §2° do art. 133 dispõe acerca da desconsideração inversa da personalidade jurídica. Trata-se de uma nova modalidade do instituto. Significa que, quando da sua ocorrência, os bens do sócio serão alvo de responsabilização patrimonial e não a administração da empresa.
O art. 134 diz “o incidente da desconsideração é cabível em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial.” O aspecto mais interessante deste artigo, mencionado no período anterior, nos parece ser o seu §2° que assegura que “dispensa-se a instauração do incidente se a desconsideração da personalidade jurídica for requerida na petição inicial, hipótese em que será citado o sócio ou a pessoa jurídica.” O referido dispositivo elide a ideia de que o procedimento da desconsideração sempre se dará em ação autônoma, pois o próprio legislador menciona que não haverá incidente se na peça inaugural a parte já pleitear o instituto. A previsão permite que haja economia e celeridade processual.
Na hipótese de o incidente ser instaurado, o distribuidor deverá ser imediatamente comunicado para proceder às anotações devidas, conforme §1° do art. 134. Além disso, ocorrendo essa situação, o processo será suspenso, situação que não ocorrerá quando a desconsideração for requerida na inicial, de acordo com a redação do §3° do art. 134.
Os princípios constitucionais do contraditório e ampla defesa estão assegurados quando da instauração do incidente da desconsideração, razão pela qual o legislador determina que o sócio ou a pessoa jurídica será citado para se manifestar-se e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze).
A decisão interlocutória é o ato do juiz que resolverá o incidente, podendo a parte irresignada recorrer por meio do Agravo de Instrumento. Caso a decisão seja dado por relator, caberá Agravo Interno.
O acolhimento do pedido de desconsideração acarretará que, a alienação ou a oneração de bens, havida em fraude de execução, será ineficaz com relação ao requerente, nos termos do art. 137.
5. Considerações finais
A pessoa jurídica surgiu da necessidade de se atribuir direitos e obrigações a determinadas entidades, resguardando, na forma da lei, o patrimônio pessoal dos seus membros. No entanto, a possibilidade de que a personalidade jurídica fosse utilizada pelo sócio para beneficiamento da própria torpeza, fez com que o legislador adotasse medida que responsabilizasse os sócios ou empresário individual pela prática de tais atos.
A desconsideração da personalidade jurídica revelou-se um instrumento importante de combate à fraude e inobservância da lei. Sua aplicação, na vigência do Código de Processo Civil de 1973, se dá por meio de orientação jurisprudencial e por meio da interpretação do juiz de direito.
No entanto, o novo Código de Processo Civil veio regular a matéria, de modo que, ainda que se perca na celeridade, se ganhará em segurança jurídica, tendo em vista a procedibilidade e ritualismo.
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O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL, OS NEGÓCIOS PROCESSUAIS E A ADEQUAÇÃO PROCEDIMENTAL, segundo Antonio Aurélio Abi Ramia Duarte, significando maior ajuste das fases do processo, permitindo adequar o rito ao caso concreto repudiando a concepção de um modelo procedimental único. Trata-se da concepção de modelo procedimental flexível passível de adaptação às circunstâncias apresentadas pela relação substancial. Não se admite mais o procedimento único, rígido, sem possibilidade adequação às exigências do caso concreto. Segue texto. 
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Novo CPC inova ao estipular início da contagem da prescrição intercorrente -19 de junho de 2015, Por Luiz Fernando do Vale de Almeida Guilherme e Gabriel Barreira Bressan
O presente artigo versará sobre situação da prescrição intercorrente no novo Código de Processo Civil, levando-se em conta o cumprimento de sentença e a execução, bem como tendo em vista que o vigente Código de Processo Civil (CPC/73) não faz qualquer alusão sobre o tema, sendo a matéria tão somente discutida jurisprudencialmente.
A prescrição é instituto tipicamente de direito (material) civil[1], contudo repercute assaz no direito processual, tanto que a modalidade intercorrente é oriunda da prática judiciária. Por isso é o Código Civil, em seu artigo 189, que define que “violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição”.
Destarte, conforme artigo supramencionado, a pretensão é o direito de exigir em juízo o direito material lesionado, dentro de um prazo, todavia, caso o titular perca esse prazo, sofrerá uma sanção que será a prescrição[2]. Nessa intelecção, são requisitos da prescrição: a) a inércia do titular, ante a violação de um seu direito; b) o decurso do tempo fixado em lei[3]. Sobre o tema pertinente alição de Clóvis Beviláqua[4]: 
Prescrição é a perda da ação atribuída a um direito, de toda a sua capacidade defensiva, em conseqüência do não uso dela, durante um determinado espaço de tempo. Não é a falta de um exercício do direito, que lhe tira o vigor, o direito pode conservar-se inativo, por longo tempo, sem perder a sua eficácia. É o não uso da ação que lhe afronta a capacidade de agir.
Em suma, a prescrição se caracteriza por ser a perda da pretensão, pelo não exercício, ou seja, da possibilidade de reclamar em juízo o direito material lesionado[5]. O instituto da prescrição é necessário para que haja tranquilidade na ordem jurídica[6], pela consolidação de todos os direitos, por exemplo, dispensa a infinita conservação de todos os recibos de quitação, bem como o exame dos títulos do alienante e de todos os seus sucessores, sem limite no tempo. Com a prescrição da dívida, basta conservar os recibos até a data em que esta se consuma, ou examinar o título do alienante e os de seus predecessores imediatos, em um período de dez anos apenas[7].
Já para o direito processual civil é relevante ressaltar, a luz do CPC/73, que o juiz pronunciará de ofício a prescrição (parágrafo 5º, artigo 219), hipótese em que haverá resolução de mérito (inciso IV, artigo 269).
Destarte, em sendo possível o pronunciamento, de ofício, da prescrição, uma das possibilidades de sua arguição no processo (tanto de cumprimento de sentença, quanto no de execução) é a oposição de objeção de não-executividade (ou exceção de pré-executividade), visto ser matéria de ordem pública.
Como é cediço são conhecidas de ofício pelo juiz as matérias que não demandem dilação probatória, de acordo com o entendimento jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça[8], que acabou por ensejar a edição da Súmula 393 do STJ: “A exceção de pré-executividade é admissível na execução fiscal relativamente às matérias conhecíveis de ofício que não demandem dilação probatória”, estende-se a interpretação para seu cabimento nas execuções em geral e no cumprimento de sentença.
Nessa esteira, inexoravelmente a objeção de não-executividade (ou exceção de pré-executividade) também será cabível nos casos de prescrição intercorrente, por essa ser passível de conhecimento de ofício e não depender de dilação probatória, pois nessas hipóteses o credor não promove as medidas efetivas para cobrar seu crédito, apresentando apenas pedidos sucessivos de suspensão[9] ou mantendo-se inerte.
Em outras palavras, a prescrição intercorrente é aquela que se verifica no curso da demanda, após seu ajuizamento, quando o credor/autor/exequente fica inerte na prática de atos processuais, permitindo a paralisação do processo injustificadamente. 
Com efeito, o CPC/73 não traz solução para tais casos, sequer tem em seu bojo a palavra “intercorrente”, o mais próximo que chega do tema é artigo 475-L, VI, que prevê em sede de impugnação de cumprimento de sentença a possibilidade de arguição de prescrição, desde que essa seja superveniente à própria sentença, logo, intercorrente.
Contudo, a falta de legislação processual sobre o tema não afastou o debate jurisprudencial, pois via interpretações dos tribunais tem-se que o prazo prescricional para o cumprimento de sentença será o mesmo prazo para o ajuizamento das ações originárias, nos termos da Súmula 150 do Supremo Tribunal Federal que estabelece que “Prescreve a execução no mesmo prazo de prescrição da ação”, assim, por exemplo, se a ação monitória pautada em cheque prescreve em cinco anos[10], nesse mesmo prazo prescreverá o cumprimento de sentença.
No caso da execução por silogismo a prescrição intercorrente se dará no mesmo prazo para o ajuizamento da execução, por exemplo, se a execução tributária tem um prazo prescricional de cinco anos, caso o processo fique parado por esse período, preenchido os demais requisitos, também ocorrerá a prescrição.
Entretanto, ainda pairava a dúvida de qual seria o marco inicial para a contagem do prazo prescricional, que, também por força jurisprudencial pacificou-se o entendimento de que “em execução fiscal, não localizados bens penhoráveis, suspende-se o processo por um ano, findo o qual inicia-se o prazo da prescrição qüinqüenal intercorrente”, nos termos da Súmula 314 do Superior Tribunal de Justiça, hipótese aplicável, a priori, tão somente a execução fiscal, excluindo as demais execuções e o cumprimento de sentença.
De seu turno, nesse ambiente, o novo Código de Processo Civil trouxe novas regras, é o caso do artigo 921, inciso III, que determina a suspensão da execução, quando o executado não possuir bens penhoráveis, estabelecendo que “o juiz suspenderá a execução pelo prazo de 1 (um) ano, durante o qual se suspenderá a prescrição” (§ 1º).
Posto isto, suspensa a execução e a prescrição, por um ano, escoado esse prazo “sem manifestação do exequente, começa a correr o prazo de prescrição intercorrente” (parágrafo 4º).
Logo, o novo CPC inovou ao trazer o marco inicial para a contagem da prescrição intercorrente, nas hipóteses em que houver a suspensão do processo. Assim como, prestigiou a não decisão surpresa, conforme parágrafo 5º, visto que estabelece que o “juiz, depois de ouvidas as partes, no prazo de 15 (quinze) dias, poderá, de ofício, reconhecer a prescrição de que trata o § 4º e extinguir o processo”.
E mais, nos termos de seu artigo 924, V, estabeleceu expressamente que a execução se extinguirá quando ocorrer a prescrição intercorrente, o que se aplicará até para as execução em curso, quando da entrada em vigência do novo CPC, visto que legislação processual aplica-se de imediato com sua vigência, tendo como marco inicial para a contagem do prazo exatamente a data de vigência do novo CPC, conforme regra de direito intertemporal do artigo 1.056.
Por fim, ainda que o novo CPC traga referidas regras apenas no Livro II, que versa sobre os processos de execução, o procedimento acima declinado é plenamente aplicável ao cumprimento de sentença, nos termos do artigo 513, que estabelece que o “cumprimento da sentença será feito segundo as regras deste Título, observando-se, no que couber e conforme a natureza da obrigação, o disposto no Livro II da Parte Especial deste Código”.
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DECISÕES no sentido do NCPC:
PROVA EMPRESTADA ORIUNDA DE PROCESSO NO QUAL NÃO FIGURAVAM AS MESMAS PARTES -A prova pode ser emprestada mesmo que a parte contra a qual será utilizada não tenha participado do processo originário onde foi produzida? Ex.: no processo 1, foi produzida determinada prova. Em uma ação de “A” contra “B” (processo 2), “A” deseja trazer essa prova emprestada. Ocorre que “B” não participou do processo 1. Será possível trazer essa prova mesmo assim? SIM. É admissível, assegurado o contraditório, a prova emprestada vinda de processo do qual não participaram as partes do processo para o qual a prova será trasladada. A prova emprestada não pode se restringir a processos em que figurem partes idênticas, sob pena de se reduzir excessivamente sua aplicabilidade sem justificativa razoável para isso. Quando se diz que deve assegurar o contraditório, significa que a parte deve ter o direito de se insurgir contra a prova trazida e de impugná-la. STJ. Corte Especial. EREsp 617.428-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 4/6/2014 (Info 543). 
MOMENTO DA JUNTADA Como regra, os documentos devem ser juntados aos autos com a petição inicial (no caso do autor) ou com a resposta (no caso do réu). A jurisprudência do STJ admite a juntada de documentos novos após a petição inicial e a contestação mesmo em situações não previstas na lei desde que: (i) não se trate de documento indispensável à propositura da ação; (ii) não haja má fé na ocultação do documento; (iii) seja ouvida a parte contrária (art. 398 do CPC). No caso julgado, o STJ afirmou que a mera declaração do juiz de que a prova documental é intempestiva e, por isso, deve ser desentranhadados autos, não é capaz de, por si só, impedir o conhecimento da referida prova pelo Tribunal no julgamento de recurso, tendo em vista a maior amplitude no processo civil moderno dos poderes instrutórios do juiz, ao qual cabe determinar, até mesmo de ofício, a produção de provas necessárias à instrução do processo (art. 130 do CPC). Assim, se a prova permaneceu nos autos mesmo tendo sido declarada intempestiva pelo juiz de 1ª instância, poderá o Tribunal analisá-la para fundamentar seu veredicto. STJ. 4ª Turma. REsp 1.072.276-RN, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 21/2/2013 (Info 516).
DOCUMENTO NOVO- João propõe uma ação de cobrança contra Antônio. A única defesa do réu foi a de que ele nunca havia mantido nenhum contrato com o autor e, por isso, tal dívida nunca existiu. Entretanto, João conseguiu provar que houve sim o débito, razão pela qual a sentença foi procedente. Houve apelação, tendo a decisão sido confirmada, ocorrendo o trânsito em julgado. Um ano mais tarde, Antônio descobre que o autor da ação tinha em seu poder um documento que prova a quitação de seu débito para com João. Diante disso, Antônio ajuíza uma ação rescisória fundada no art. 485, VII, alegando que a dívida realmente existiu, mas que foi paga, conforme o documento novo de que ele agora dispõe e que estava antes na posse do credor, motivo pelo qual não pode ser anexado em sua defesa no processo originário. Não será cabível a ação rescisória nesse caso, considerando que a prova que se deseja ver agora apreciada se refere a fato não alegado pelo réu (quitação) e que, portanto, não foi analisado pelo juízo no curso do processo em que se formara a coisa julgada. Assim, o STJ decidiu que não é possível a rescisão de sentença com fundamento no inciso VII do art. 485 do CPC (documento novo) na hipótese em que, além de não existir comprovação acerca dos fatos que justifiquem a ausência de apresentação do documento em modo e tempo oportunos, este se refira a fato que não tenha sido alegado pelas partes e analisado pelo juízo no curso do processo em que se formara a coisa julgada. STJ. 3ª Turma. REsp 1.293.837-DF, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 2/4/2013 (Info 522). 
DOCUMENTO QUE JÁ EXISTIA E QUE NÃO FOI JUNTADO PELA PARTE -Em regra, se a parte já possuía o documento antes da propositura da ação original (o documento era preexistente), não tendo sido juntado por desídia, não será permitido, em regra, frise-se, que ajuíze a ação rescisória trazendo esta prova como documento novo. De forma excepcional, o STJ entendeu que é possível ao tribunal, na ação rescisória, analisar documento novo para efeito de configuração de início de prova material destinado à comprovação do exercício de atividade rural, ainda que esse documento seja preexistente à propositura da ação em que proferida a decisão rescindenda referente à concessão de aposentadoria rural por idade. Nesse caso, é irrelevante o fato de o documento apresentado ser preexistente à propositura da ação originária, pois devem ser consideradas as condições desiguais pelas quais passam os trabalhadores rurais, adotando-se a solução pro misero. STJ. 3ª Seção. AR 3.921-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 24/4/2013 (Info 522). 
POSSIBILIDADE DE A PARTE JUNTAR NOVOS DOCUMENTOS EM SEDE DE APELAÇÃO 
É possível que a parte junte novos documentos em sede de apelação, desde que atendidos os seguintes requisitos: a) não se trate de documento indispensável à propositura da ação; b) não haja indício de má fé; c) seja ouvida a parte contrária, garantindo-se o contraditório (art. 398 do CPC). STJ. 1ª Tur. REsp 1.176.440-RO, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julg em 17/9/2013 (Info 533).
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Artigo da professora Débora Minuzzi, Rio Grande do Sul. Revista de Processo, nº36 “O Projeto do NCPC”. 
ATENÇÃO: São utilizados artigos do último substitutivo. A matéria encontra-se no Título II DA TUTELA DE URGÊNCIA, Capítulo I, DISPOSIÇÕES GERAIS, a partir do Art. 300, do NCPC.  
DA LITISREGULAÇÃO -Dentre as mudanças operadas pelo novo diploma, talvez a realizada no Título IX seja a mais significativa. Desde o advento da Lei nº 8.952/94, que deu nova redação ao artigo 273 do Código vigente, parte da doutrina, como Ovídio Baptista, tentou diferenciar da tutela cautelar o instituto da antecipação de tutela.
No mesmo sentido, Marinoni e Arenhart expõem que a antecipação de tutela e a cautelar possuem natureza diversa, tendo requisitos próprios. A antecipação de tutela seria conferir o bem da vida pretendido pela parte antes do provimento final do processo, exigindo-se verossimilhança e lesão de difícil reparação, enquanto a tutela cautelar visa a proteger o resultado útil do processo, necessitando-se de periculum in mora e fumus boni iuris.
 No entanto parte da doutrina, como Bedaque, sustenta que, embora a antecipação de tutela e a cautelar tenham diferenças, pertencem ao mesmo gênero.
 Por outro lado, Tesheiner refere que “litisregulação é regulação provisória da lide”. É provisória porque supõe um processo principal, que definitize a relação intersubjetiva. Melhor explicando, a litisregulação regula provisoriamente a situação fática, objeto do litígio.
Diz, ainda, Tesheiner, que, em qualquer processo, há litisregulação, concedendo ou não a tutela provisória. Por isso, é uma realidade de duas faces. Em suma: “quando, para determinado caso, a lei prevê o sequestro, há regulação provisória da lide; mas também há regulação provisória da lide se a lei nega o sequestro”.
Nessa ótica, a antecipação de tutela e a cautelar teriam por objetivo impedir que o tempo comprometa a efetividade do instrumento processual. Ou seja, são técnicas processuais
oferecidas pelo legislador tendentes a minimizar os efeitos danosos causados pelo tempo do trâmite processual. O Substitutivo disciplinou a tutela cautelar, prevista no Livro III do CPC vigente, no Título IX – Da Tutela de Urgência e da Evidência. Houve, sem dúvida, uma litisregulação da medida cautelar e da antecipação de tutela. Estabeleceu-se, assim, o fim do processo cautelar regulado em livro próprio.
Dentro desse ponto, é importante esclarecer que, no Capítulo IV da Exposição de Motivos do Código de Processo Civil de 1973, está estabelecido que o diploma se divide em cinco livros, sendo o processo cautelar regulado no Livro III por ser um tertium genus. Em síntese, o processo cautelar é considerado uma espécie de terceiro gênero porque “contém a um só tempo as funções do processo de conhecimento e de execução”, tendo por escopo principal a prevenção.
DA FUNGIBILIDADE -Desde a vigência da Lei nº 10.444/02, que acrescentou o §7º ao artigo 273 do atual CPC, parte da doutrina, como Teresa Arruda Alvim Wambier e Luiz Rodrigues Wambier, sustentam que a fungibilidade é de mão dupla.
Melhor explicando, segundo os autores, não há necessidade de a parte qualificar seu pedido de tutela antecipada, quando, na verdade, é de natureza cautelar. Isso por ser o mesmo que afirmar ter o pedido de tutela antecipada, incidente ao processo de conhecimento, maior “gradação” que o de natureza cautelar, intercedente ao processo principal.
No entanto parte da doutrina, como Theodoro Júnior, sustenta que a fungibilidade é de mão única. Nas palavras do autor, “o que não se pode tolerar é a manobra inversa, ou seja, transmudar medida antecipatória em medida cautelar”.
O Substitutivo, aderindo à primeira corrente, põe fim a essa discussão, uma vez que o
artigo 269 dispõe que a tutela de urgência e a tutela da evidência podem ser requeridas como incidente ao processo principal ou a ele intercedentes. Este, aliás, é o entendimento de Andrea Carla Barbosa.
DAS MEDIDAS SATISFATIVAS - O §1º do artigo 269 do novo diploma rege as medidas satisfativas e o caput do artigo 273 do Código de Processo Civil vigente disciplina as medidas satisfativas. Nesse ponto, não houve mudanças significativas porque a medida satisfativa visa a antecipar ao requerente os efeitos da tutela pleiteada.Das Medidas Cautelares -O §2ª do dispositivo 269 do Substitutivo estabelece as medidas cautelares. A definição de cautelar adotada pelo Substitutivo seguiu, de forma expressa, o conceito clássico de Calamandrei, dispondo, em seu §2º do artigo 269, que a cautelar visa a assegurar o resultado útil do processo. Nesse contexto, é relevante salientar que Ovídio Baptista sempre criticou tal definição, dizendo que a cautelar visa a proteger o direito material.
O artigo 796 do Código Buzaid disciplina o processo cautelar. As características da medida cautelar, definidas no § 2º do artigo 269 do Substitutivo, continuam sendo as mesmas do Código vigente. Melhor explicando, “o provimento cautelar tem caráter provisório e acessório, porque depende de um processo principal”. Tais características restam inalteradas pela nova regulação.
DOS PODERES DO JUIZ -Outra mudança significativa está no poder de atuação do magistrado. Embora haja uma tendência na doutrina em conferir maiores poderes ao juiz, certo é que o caput do artigo 273 do Código vigente não permite ao magistrado essa liberdade de atuação no processo. Em outras palavras, é lícito ao juiz conceder a antecipação de tutela somente quando requerida pela parte.
O artigo 270 do Substitutivo conferiu ao magistrado maior liberdade para agir de ofício no processo. Ou seja, “o juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas quando houver fundado receio de que uma parte, antes do julgamento da lide, cause ao direito da outra lesão grave e de difícil reparação”.
O poder do juiz para agir de ofício pode ser melhor visualizado no art 277 do Substitutivo, que assim dispõe: “Em casos excepcionais ou expressamente autorizados por lei, o juiz poderá conceder medidas de urgência de ofício”. Na mesma opinião, Andrea C Barbosa sustenta que “de acordo com o disposto nos arts. 270 e 277 do Projeto, o juiz poderá deferir de ofício à medida que reputar adequada à tutela do direito”.
 DA FUNDAMENTAÇÃO -O artigo 271 do novo diploma substitui o §1º do artigo 273 do CPC vigente. No ponto, não houve mudança significativa, devendo o hermeneuta observar a obrigação constitucional da fundamentação das decisões judiciais.
A atual sistemática do direito conferiu maiores poderes ao juiz. No entanto, tais poderes são limitados pela exigência de uma justificativa clara e contundente.
Há de se ter presente que a motivação das decisões judiciais é direito fundamental expressado pelo artigo 93, inciso IX, da CF.
DA DECISÃO- O parágrafo único do artigo 271 do novo diploma, expressamente, estabelece que a decisão que concede ou nega a tutela de urgência e a tutela da evidência é atacável por agravo de instrumento.
DA COMPETÊNCIA -O artigo 272 trata da competência. Não houve uma mudança significativa, seguindo a regra do artigo 800 do Código de Processo Civil de 1973.
DA EFETIVAÇÃO DA MEDIDA -O artigo 273 do novo diploma substitui o §3º do artigo 273 do CPC vigente. A efetivação da medida será executada segundo o regime do cumprimento da sentença definitiva ou provisória. Dentro desse ponto, é importante esclarecer, ainda que brevemente, a diferença entre execução provisória e definitiva. Pois bem, a execução será provisória, quando a sentença for impugnada mediante recurso ao qual não foi atribuído efeito suspensivo. Já, a execução será definitiva, quando transitada em julgado a decisão judicial.
DA RESPONSABILIDADE - O artigo 274 repete o artigo 811 do Código vigente. “O requerente responde ao requerido pelo prejuízo que lhe causar a efetivação da medida”.
As hipóteses estão arroladas nos incisos desse dispositivo e a responsabilidade é objetiva, independente de culpa, mas proveniente dos casos relacionados em seus incisos. Nesse sentido, Tesheiner sustenta que “a responsabilidade pelos danos decorrentes da medida cautelar injusta é objetiva, hipótese em que a indenização é liquidada nos autos do procedimento”.
DA TRAMITAÇÃO PRIORITÁRIA - O dispositivo 275 do Substitutivo, que trata da tramitação prioritária dos processos que vinculem tutela de urgência e da evidência, não tem correspondência no CPC vigente. O novo diploma, em seu artigo 275, dispõe que “tramitarão prioritariamente os processos em que tenha sido concedida tutela da evidência ou de urgência, respeitadas outras preferências legais”.
São tramitados prioritariamente, os processos cuja tutela de urgência e de evidência tenha sido deferida, porque são tutelas que, na sua essência, são de urgência. Em outras palavras, a natureza de tais tutelas requer um tempo processual mais curto. O dispositivo em questão, portanto, se conecta à própria natureza da tutela de urgência, respeitadas, claro, outras preferências legais.
DA TUTELA DE URGÊNCIA E DA EVIDÊNCIA: CONSIDERAÇÕES GERAIS
E CLASSIFICAÇÃO. -O artigo 276 do Substitutivo trata da tutela de urgência cautelar e satisfativa e o artigo 278 do Substitutivo da tutela da evidência. Já, antes da adoção do instituto da tutela antecipada no Brasil, Tesheiner classificava a litisregulação provisória da lide em cautelar e satisfativa. “Há litisregulação satisfativa, quando, embora provisoriamente, se antecipa a medida definitiva, invoque-se ou não periculum in mora.
(...) Há litisregulação cautelar quando se afasta perigo de dano, mediante medida que previne, sem satisfazer.” (grifo nosso).
A classificação estabelecida no Substitutivo parece ir ao encontro da antiga classificação
oferecida por Tesheiner. Conectando seus ensinamentos com as disposições do Substitutivo, pode- se classificar a tutela de urgência e de evidência da seguinte forma:
1. Tutela de Urgência em Sentido Amplo: o gênero geral é a tutela de urgência. O artigo 276 do Substitutivo divide as tutelas de urgência em cautelar e satisfativa.
1.1. Cautelar: visa a assegurar o resultado útil do processo.
1.2. Satisfativa: divide-se em tutela de urgência em sentido estrito e de evidência. Ambas entregam o bem da vida de forma antecipada, mas por razões diversas.
1.2.1. Urgência em sentido estrito: entrega o bem da vida porque o tempo do processo pode causar dano de difícil reparação, necessitando-se do periculum in mora (risco de dano).
1.2.2. Evidência: entrega o bem da vida por ser muito evidente o direito do autor, prescindindo-se do periculum in mora (risco de dano).
DA TUTELA DE URGÊNCIA -De acordo com a redação do art 276 do Substitutivo, para que a tutela de urgência cautelar e satisfativa sejam concedidas é necessário que dois elementos sejam demonstrados pelo requerente, quais sejam: a plausibilidade do direito e o risco de dano irreparável ou de difícil reparação.
A plausibilidade do direito se refere à verossimilhança (prevista no caput do art 273 do CPC atual) e ao fumus boni iuris. Observa-se que os requisitos exigidos no vigente – da prova inequívoca, da verossimilhança e do fumus boni iuris – integram o conceito de plausibilidade do direito estabelecido no Substitutivo. Plausibilidade do direito é um direito embasado em uma prova suficiente ao convencimento provisório do órgão jurisdicional.
Dentro desse ponto, Barbosa Moreira refere que o juiz deve fazer um exame, na resolução do caso concreto, superficial e provisório e, somente, conceder a medida quando “os resultados dessa pesquisa lhe permitirem formular um juízo de probabilidade acerca da existência do direito alegado”.
O risco de dano irreparável ou de difícil reparação já é requisito para a antecipação de tutela (previsto no inciso I do artigo 273 do CPC vigente). A novidade é que engloba
o periculum in mora, requisito exigido no processo cautelar do atual Código. Trata-se, pois, de situação na qual o tempo do processo poderá acarretar uma lesão grave ou, pelo menos, de difícil reparação, necessitando o requerente a brevidade da medida judicial.
Quando o réu dilapida patrimônio, no intuito de frustrar futura execução, há litisregulação cautelar. Uma disputa pelo plano de saúde em que o segurado necessita imediata intervenção hospitalar, correndo risco de vida caso não seja deferida a tutela antecipada,há litisregulação satisfativa.
DA GARANTIA DE REVERSIBILIDADE DA DECISÃO QUE CONCEDE A
TUTELA DE URGÊNCIA. -O P Ú do art 276 do novo diploma altera o §2º do art 273 do atual CPC., com redação determinada pela Lei nº 8.952/1994, dispõe que a antecipação de tutela não será concedida em caso de “perigo de irreversibilidade do provimento antecipado”.
O novo dispositivo, no parágrafo único, do artigo 276, estabelece que o órgão jurisdicional poderá exigir caução real ou outra garantia do requerido, no caso em que a suspensão da tutela deferida haja possibilidade de retorno ao status quo. Em outras palavras, a caução é necessária, quando houver perigo de irreversibilidade, salvo se a parte não puder prestá-la.
DA TUTELA DA EVIDÊNCIA-Como acima referido, o artigo 278 do Substitutivo dispõe sobre a tutela da evidência. Na tutela de evidência, o direito pretendido é muito visível. Em outras palavras, é cristalino que o requerente tem direito à satisfação da pretensão. Nesse sentido, não teria por que o litigante aguardar o tempo do processo, quando é tão evidente a sua razão. Em face dessa visibilidade, a parte não deve ser submetida ao tempo do trâmite processual, entregando de forma antecipada o bem da vida pretendido.
No dizer de Fux, “são situações em que se opera mais do que o fumus boni iuris, mas a
probabilidade de certeza do direito alegado, aliada à injustificada demora que o processo ordinário carreará até a satisfação do interesse do demandante, com grave desprestígio para o Poder Judiciário, posto que injusta a espera determinada”.
A finalidade da tutela da evidência é estender a tutela antecipatória a todos os direitos evidentes, naquelas hipóteses em que o tempo de aguardar o trâmite processual se mostra desnecessário perante o “pedido”, que se evidencia no limiar da causa posta em juízo. O periculum in mora (risco de dano) não é requisito para a concessão da tutela da evidência. A propósito, Fux, ao comentar o projeto do novo Código de Processo Civil diz que “a tutela da evidência não é senão a tutela antecipada que dispensa o risco de dano para ser deferida, na medida em que se funda no direito irretorquível da parte que inicia a demanda”. Sobre o conceito de periculum in mora (risco de dano), consultar item da tutela de urgência.
Em verdade, na tutela de evidência há uma colisão entre dois princípios fundamentais, quais sejam: o da razoável duração do processo – artigo 5ª, inciso LXXVIII, da Constituição Federal – e o da ampla defesa – artigo 5°, inciso LV, da Constituição Federal. Enquanto o autor que tem razão possui o direito de receber o bem da vida pretendido de forma mais rápida possível, o réu, da mesma forma, tem o direito de pleno exercício de defesa e contraditório. Ocorre que a própria lei já estabelece que nos casos taxativos dos incisos I a IV e parágrafo único do artigo 278, o princípio “vencedor” será o da razoável duração do processo.
Entretanto, ainda que a legislação faça a opção pelo princípio da razoável duração do
processo, o magistrado deve assegurar que o núcleo do direito fundamental à ampla defesa não seja afetado. Em síntese, o juiz, ao apreciar a tutela de evidência, deve ser prudente, garantindo, assim, o princípio fundamental da ampla defesa.
DO CABIMENTO DA TUTELA DE EVIDÊNCIA -As hipóteses da tutela de evidência estão elencadas nos incisos e parágrafo único do artigo 278 do Substitutivo e, por mitigar o direito de defesa, são taxativas. O primeiro inciso repete o inciso II do artigo 273 do atual diploma. De mesma opinião, Bruno Vinícius da Rós Bodart sustenta que essa hipótese de tutela da evidência se refere ao inciso II do artigo 273 do Código de Processo Civil vigente. Nas palavras do autor, “a comunidade jurídica já conceituava como caso de tutela antecipada não urgente, cabível quando ficar caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do requerido”.
O segundo inciso remete ao § 6º do artigo 273 do Código vigente. Desde a vigência da Lei nº 10.444/02, que acrescentou o §6º ao artigo 273 do atual diploma, parte da doutrina, como Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery, sustentam que a decisão que julga parte da lide é decisão provisória, de cognição sumária.
No entanto parte da doutrina, como Mitidiero, diz que se trata de decisão definitiva, de
cognição exauriente. Em outras palavras, “se a incontroversa denota um juízo de certeza, não há como sustentar, na perspectiva da teoria dos direitos fundamentais, que o art. 273, §6º, CPC, dá azo a uma simples antecipação (provisória) dos efeitos da sentença”, devendo tal dispositivo ser interpretado de acordo com “o direito fundamental a um processo com duração razoável”.
O Substitutivo, aderindo à segunda corrente, põe fim a essa discussão, na medida em que o dispositivo em questão deixa claro que a decisão que julgar parte incontroversa do mérito da causa é definitiva. Seguindo a redação desse inciso, o posicionamento de Marinoni e Mitidiero e de Andrea Carla Barbosa, a decisão que decide definitivamente parcela da demanda é uma sentença parcial de mérito. Por certo, então, que o mérito da causa, pedaço da lide, será julgado fracionadamente ou parceladamente.
Dentro desse ponto, é preciso esclarecer que o parágrafo único do artigo 271 do Substitutivo, como referido anteriormente, dispõe que a decisão que concede ou nega tutela de urgência e da evidência é atacável por agravo de instrumento. Em verdade, o sistema exige, por uma questão de efetividade, que o recurso cabível da sentença parcial seja o agravo de instrumento, por ser inviável levar os autos ao órgão ad quem para julgamento do pedaço da lide definitiva, quando o processo continua correndo no 1º grau quanto à parcela não definitiva.
Nesse sentido, não havendo interposição de agravo de instrumento, no prazo legal, a decisão que julgar parte incontroversa do mérito da causa transitará em julgado e, tal parcela de mérito, “já devidamente apreciada”, não mais poderá ser objeto de discussão futura.
DO INCISO III DO ARTIGO 278 DO SUBSTITUTIVO -Dentre as hipóteses do artigo 278 do Substitutivo, o inciso III é o que menos visualiza a evidência. Por tal razão, a prudência do julgador deve ser maior nesse caso. Ainda que sejam estruturas diferentes, podemos comparar esse inciso com o conceito de direito líquido e certo para fins de mandado de segurança. Essa é a opinião de Fux. A diferença entre esses dois institutos, para o autor, é que, enquanto o mandado de segurança trata apenas de ato de
autoridade, a evidência é aplicável, tanto contra ato de autoridade, quanto ato de particular.
Como se sabe, direito líquido e certo é aquele que pode ser provado por prova pré-constituída. Pois bem, nessa hipótese de tutela de evidência é exigido que a inicial seja instruída com “prova documental irrefutável”. Ou seja, o autor deve provar a robustez de seu direito sem qualquer necessidade de maior produção probatória.
Dentro desse quadro, Fux refere que a evidência do direito é indicada mediante o material probatório trazido pelo demandante. Nessa perspectiva, os fatos fornecidos pela parte demonstram ser evidente o direito pleiteado. Em outras palavras: “diz-se direito evidenciado ao juízo através das provas”. Conclui ainda o autor que “sob o ângulo civil, o direito evidente é aquele que se projeta no âmbito do sujeito de direito que postula. Pelo prisma processual, é evidente o direito cuja prova dos fatos sobre os quais incide revela-os incontestáveis”.
No entanto, além do material probatório trazido na inicial, a lei diz ser necessário, ainda, que o réu não oponha prova inequívoca ao direito do autor. Por ser a hipótese em que a evidência é menos perceptível, como já referido, o próprio legislador exige a presença do contraditório. Nessa hipótese, portanto, tanto pela redação do inciso, quanto pela menor evidência do direito, parece não ser possível a concessão de medida inaudita altera parte.
Fux exemplifica: um cidadão adquiriu imóvel mobiliado, por escritura pública, e no ato da confecção

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