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03 Mercantilismo Aula 1

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Mercantilismo
História do Pensamento Econômico
Prof. Bruno Aidar
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Onde estudar?
DEYON, Pierre. O mercantilismo. 4. ed. São Paulo: Ed. Perspectiva, 2001. 
Parte I, cap. 1: “Políticas e práticas mercantilistas”. p. 17-55.
HECKSCHER, Eli. A época mercantilista: o tema (1931). Xerox.
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Origem do conceito
Conceito criado a posteriori. A rigor não existiu um “escola” mercantilista.
Mirabeau e Adam Smith: crítica ao “sistema mercantil”. Ideias do passado adquirem coerência e unidade pela força da crítica.
Historiadores alemães da segunda metade do século XIX: elogio ao Merkantilismus por suas semelhanças com o processo de criação econômica da Alemanha. Ideias do mercantilistas são elevadas a sistema de pensamento.
Impossível decidir se os autores favoráveis ou críticos ao mercantilismo analisaram melhor suas características.
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Por que surge a economia política?
No pensamento da antiguidade, economia era considerada a ciência da administração da casa (oikos [casa] + nomos [estudo]).
Ampliação da ideia original de economia para além da economia doméstica. Economia passa a ser importante também para o Estado.
Emancipação da política e da economia das restrições da moral, da religião e da filosofia. Gerando uma ciência de acumulação de poder e uma ciência da criação e acumulação de riqueza.
Antoine de Montchrétien (Traité de économie politique, 1615) é o primeiro a utilizar o termo “economia política”.
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Mercantilismo
Mercantilismo como conceito que ajuda a entender de forma eficiente um fragmento da realidade histórica. 
Escopo do conceito depende do intérprete. Unidade de ideias, ainda que imperfeita. Núcleo teórico comum, mas ausência de unidade de políticas.
Schmoller (1884): mercantilismo está vinculado à criação do Estado e da economia nacionais, levando à substituição da política econômica local e regional por uma política econômica do Estado nacional.
Heckscher (1931): Mercantilismo como fase na história da política econômica entre a sociedade feudal e o liberalismo (sécs. XVI-XVIII).
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Deyon (1969): mercantilismo como conjunto de teorias e de práticas de intervenção econômica que se desenvolveram na Europa moderna desde a metade do século XV até o começo da Revolução Industrial. Mercantilismo como forma de unificação territorial e administrativa, sistema de produção e de riqueza, instrumento de grandeza política e militar dos Estados.
Heckscher: Estado como centro do mercantilismo, é o sujeito e o objeto da política econômica.
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Surgimento do mercantilismo foi profundamente dependente do aparecimento dos Estados modernos 
Fronteiras nacionais, territórios unificados
Competições internacionais contribuem para o nacionalismo econômico, 
Modernização do aparelho de Estado permite criação de práticas mercantilistas).
Necessidade de financiar exércitos e frotas dos novos Estados. Sem riqueza que se possa tributar não é possível realizar guerras. Comércio como base para a riqueza e poderio do Estado.
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Luta dos Estados contra:
- Forte: Forças universais da Igreja e do Sacro Império Romano-Germânico
+ Fonte: Forças particularistas das cidades, províncias, corporações dentro do território dos Estados.
No século XVII, luta contra a depressão econômica.
No entanto, aspectos de continuidade com política feudal das economias urbanas:
Política de abastecimento das cidade
Limitação da concorrência de outras localidades e de estrangeiros
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Exemplos de práticas mercantilistas 
Proibição de importação de tecidos estrangeiros.
Proibição de saída de numerário e de exportações de ouro e prata.
Proibição da circulação e do livre tráfico de navios estrangeiros.
Atos de Navegação (1651, 1660) na Inglaterra – reserva para a marinha inglesa o transporte de mercadorias em territórios e mares ingleses.
Proteção da moeda e dos estoques de metais preciosos.
Proteção da produção.
Encorajamentos e favores à marinha e ao comércio nacional.
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Características do mercantilismo
1. Sistema unificador
Necessidade de impor objetivos do Estado e criar economia nacional homogênea em um território heterogêneo (internamente) e sob disputas com outros Estados (externamente).
Criação de economia nacional homogênea.
Estado assumiu funções econômicas anteriormente a cargo das corporações locais ou regionais (base da vida econômica feudal).
No entanto, cuidado com anacronismo em exagerar o caráter moderno da administração real do século XVI devido à existência de inúmeros entraves à livre circulação dos homens e das mercadorias.
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2. Sistema de poder
Poder do Estado como alvo central do mercantilismo.
Integração e harmonização entre política de unificação e política de poder.
Forças econômicas deviam servir aos interesses do Estado, em primeiro lugar, e somente depois aos interesses privados dos súditos.
Vínculo estreito entre proibição da circulação e do livre tráfico dos navios estrangeiros e a política de defesa nacional.
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3. Sistema protecionista
Política econômica deve evitar excesso de mercadorias dentro do país.
Preocupação em criar um sistema protecionista.
Além da questão tarifária, também se utiliza como armas de competição internacional o desenvolvimento da marinha, a multiplicação das manufaturas e das companhias de comércio.
Thomas Mun (1664): “O meio ordinário de aumentar nossa riqueza e nossas espécies é o comércio exterior, para o qual é preciso sempre observar esta regra, vender mais aos estrangeiros do que lhes compramos para nosso consumo”.
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4. Sistema monetário
Balança comercial favorável para obter afluxo de metais preciosos.
Concepção estática do comércio mundial. 
Frase de Colbert (1670): “não se pode aumentar a prata do reino, sem que ao mesmo tempo se retire a mesma quantidade nos Estados vizinhos”.
Aspectos mais criticados do mercantilismo por Smith foram a questão do protecionismo e do metalismo (sistema monetário).
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Mercantilismo x liberalismo
Visão amoral da economia, desvinculado da religião.
Interesse comum pela riqueza:
Mercantilismo: interesse pela riqueza enquanto fundamento do poder do Estado.
Liberalismo: interesse pela riqueza enquanto fundamento do poder do indivíduo.
Perguntas comuns, respostas diferentes
Como fortalecer o Estado e impulsionar o crescimento?
O que determina a prosperidade e decadência dos países, a riqueza das nações?
BECHER (1667): Discurso político sobre as verdadeiras causas da prosperidade e decadência das cidades, países e repúblicas.
SMITH (1776): Investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações

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