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EVICÇÃO
CONCEITO: é a perda da coisa em virtude de decisão judicial, que atribui a outrem por causa jurídica preexistente ao contrato. 
Exemplo: admitamos que uma pessoa A vendeu e entregou uma coisa para uma pessoa B. Posteriormente uma pessoa C reivindica judicialmente a coisa vendida alegando e provando que lhe pertencia, obtendo sentença favorável. Neste caso a pessoa B que sofreu a evicção é obrigada a entregar a coisa para a pessoa C, seu verdadeiro dono. 
FUNDAMENTO: princípio da garantia (o mesmo em que se assenta a teoria dos vícios redibitórios). O ALIENANTE está obrigado a resguardar.
CLASSIFICAÇÃO 
a) Evicção total (perda total da coisa)
b) Evicção parcial (perda de parte da coisa) 
Código Civil Art. 455. 
c) Evicção nas aquisições judiciais ocorre nas arrematações judiciais (hasta pública). O arrematante ou o adjudicante pode pedir que seja restituído o preço da coisa perdida, integralmente ou por valor do desfalque, porque possível no caso, a evicção total ou parcial. Venosa (2004:589).
Obs: Adjudicação é o ato de transferir ao exequente bens penhorados, ou os respectivos rendimentos, em pagamento do seu crédito contra o executado. Adjudicante ou adjudicatário é o credor que adjudica os bens do devedor.
RESPONSABILIDADE PELA EVICÇÃO 
Quem transfere uma coisa por título oneroso (vendedor, cedente, arrendante, etc) está obrigado a garantir a legitimidade do direito que transfere. Deve ser assegurado ao adquirente que seu título é bom e suficiente e que ninguém mais tem direito sobre o objeto do contrato, vindo a turbá-lo, alegando melhor direito. 
Código Civil 
Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública. 
Ampliando o exemplo anterior, admitamos que uma pessoa A vendeu e entregou uma coisa para uma pessoa B. Posteriormente uma pessoa C reivindica judicialmente a coisa vendida alegando e provando que lhe pertencia, obtendo sentença favorável. 
Neste caso, a pessoa B que sofreu a evicção, é obrigada a entregar a coisa para a pessoa C, seu verdadeiro dono.
Nesta hipótese, a pessoa A será responsabilizada pelos prejuízos causados a pessoa B. Assim, a pessoa A responde pela evicção (perda judicial da coisa) sofrida pela pessoa B nesta operação. 
A palavra evicção vem do latim evincere que significa ser vencido. 
O fundamento jurídico da evicção, semelhante ao que ocorre com os vícios redibitórios, é o princípio da garantia, segundo o qual, o alienante é obrigado não só a entregar ao adquirente a coisa alienada, mas também garantir-lhe o uso e o gozo. 
A garantia não é somente em relação aos defeitos ocultos, como também no que diz respeito aos defeitos de direito transmitido com a alienação da coisa. 
A responsabilidade pela evicção garante contra os defeitos de direito, da mesma forma que a responsabilidade pelos vícios redibitórios garante contra os defeitos materiais. 
REQUISITOS DA EVICÇÃO 
a) perda total ou parcial da propriedade, posse ou uso da coisa alienada; 
b) onerosidade da aquisição, não havendo, em regra, evicção em contratos gratuitos, salvo doação onerosa; 
c) ignorância, pelo adquirente, da litigiosidade da cosia. Se a conhecia, presume-se ter assumido o risco de a decisão ser desfavorável ao alienante. 
Código Civil 
Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa. 
d) anterioridade do direito do evictor. O alienante só responde pela perda decorrente de causa já ao tempo da alienação. 
e) Denunciação da lide ao alienante para que este venha coadjuvar o réu-denunciante na defesa do direito. Instaura-se por meio dela, a lide secundária entre o alienante e o adquirente, no mesmo processo da lide principal, travada entre o reivindicante e o adquirente. Somente após a ação do terceiro contra o adquirente é que este pode agir contra aquele. 
Código Civil 
Art. 456. Para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta, o adquirente notificará do litígio o alienante imediato, ou qualquer dos anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do processo.
 Parágrafo único. Não atendendo o alienante à denunciação da lide, e sendo manifesta a procedência da evicção, pode o adquirente deixar de oferecer contestação, ou usar de recursos.
 
OUTRAS MANIFESTAÇÕES DA EVICÇÃO 
- Na dação em pagamento 
Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros. 
- Na transação 
Art. 845. Dada a evicção da coisa renunciada por um dos transigentes, ou por ele transferida à outra parte, não revive a obrigação extinta pela transação; mas ao evicto cabe o direito de reclamar perdas e danos. 
Parágrafo único. Se um dos transigentes adquirir, depois da transação, novo direito sobre a coisa renunciada ou transferida, a transação feita não o inibirá de exercê-lo. 
- Na troca 
Art. 533. Aplicam-se à troca as disposições referentes à compra e venda, com as seguintes modificações: 
I - salvo disposição em contrário, cada um dos contratantes pagará por metade as despesas com o instrumento da troca; 
II - é anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes e descendentes, sem consentimento dos outros descendentes e do cônjuge do alienante. 
- Na partilha do acervo hereditário 
Art. 2.024. Os co-herdeiros são reciprocamente obrigados a indenizar-se no caso de evicção dos bens aquinhoados. 
PERSONAGENS ENVOLVIDOS NA EVICÇÃO
a) o alienante, pessoa que alienou ou vendeu a coisa e que responde pelos vícios da evicção. 
b) o evicto, que é a pessoa que adquiriu a coisa, tendo perdido esta coisa para um terceiro que a reivindicou judicialmente.
c) o evictor, o terceiro e verdadeiro titular da coisa reclamada judicialmente e vencedor da ação contra o evicto. 
A responsabilidade existe independe de estar ou não prevista em contrato. Decorre de Lei sendo, portanto, do alienante a responsabilidade pela evicção em todo e qualquer contrato oneroso, pelo qual se transfira o domínio, posse ou uso. 
 
EXTENSÃO E PACTO DE NÃO PRESTAR GARANTIA 
Não existe a responsabilidade por evicção nos contratos gratuitos, exceto se ocorrer à doação modal (onerosa ou gravada de encargo.). 
Código Civil 
Art. 552. O doador não é obrigado a pagar juros moratórios, nem é sujeito às conseqüências da evicção ou do vício redibitório. Nas doações para casamento com certa e determinada pessoa, o doador ficará sujeito à evicção, salvo convenção em contrário. 
A garantia é direito disponível das partes, sendo assim admitida a possibilidade de ampliação, dedução ou mesmo extinção, desde que não haja a má-fé por parte do alienante (princípio da boa fé dos contratos). O adquirente deve ser alertado e informado sobre os riscos da evicção no ato da aquisição. 
Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção. 
Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu. 
Ocorrendo a evicção, o próprio código civil estabelece os direitos do evicto: 
Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço ou das quantias que pagou:
 
I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir; 
II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção; 
III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído. 
Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial. 
Pelo parágrafo único do artigo 450, não importa se hoje a coisa esteja deteriorada ou já nãotenha mais valor, deverá o evicto ser ressarcido dos prejuízos com base em valores da época, tudo devidamente corrigido à moeda da data do acerto final. 
Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente.
 Art. 452. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não tiver sido condenado a indenizá-las, o valor das vantagens será deduzido da quantia que lhe houver de dar o alienante.
Como exemplo de vantagem de deterioração citada no artigo 452 pode ser dado o caso de venda de material de demolição. 
Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, serão pagas pelo alienante. 
Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo alienante, o valor delas será levado em conta na restituição devida.

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