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QUESTÕES DE DIREITO CIVIL- EFEITOS DO CONTRATO E CONTRATOS EM ESPÉCIE

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QUESTÕES DE DIREITO CIVIL- EFEITOS DO CONTRATO E CONTRATOS EM ESPÉCIE
1. Disserte sobre as espécies de vícios redibitórios previstas no Código Civil.
2. De quem é a responsabilidade pela evicção, de acordo com o Código Civil? As partes poderão reduzir, agravar ou até mesmo excluir a responsabilidade em tais casos? Fundamente sua resposta.
3. Em um contrato de compra e venda, é possível um vendedor se reservar no direito de reaver, em prazo certo, o imóvel que está sendo alienado? Fundamente sua resposta.
4. No contrato estimatório, o consignatário se tona dono da coisa, podendo vendê-la a terceiro. Esta afirmativa é correta? Fundamente sua resposta.
5. Disserte sobre a revogação de doação por ingratidão, fundamentando sua resposta.
6. Se a coisa, objeto de um contrato de locação, se deteriorar, quais serão as opções do credor? Fundamente sua resposta.
7. É possível a prisão civil do depositário infiel? Fundamente sua resposta.
Respostas
1- Os vícios redibitórios são vícios ocultos em uma coisa que a tornam imprópria ao uso normal ou diminuem seu valor. (art.441, caput, CC) Essa conceituação é de suma importância, haja vista que a descoberta de um vício oculto tem importante consequência, que é a de permitir ao adquirente da coisa viciada enjeitá-la. Assim, o adquirente de uma coisa com vício oculto que a tenha tornado imprópria ao uso a que é destinada ou lhe diminua o valor pode devolvê-la pedindo, obviamente, a devolução do preço que tenha pago, com o desfazimento do vínculo ou pode requerer o abatimento proporcional do preço, como previsto nos arts. 441 e 442 do CC. 
Esse direito sempre vai amparar o comprador, independente do vendedor saber ou não da existência do vício. Contudo, a ciência do vendedor é muito importante para saber as consequências, haja vista que se ele não saiba sobre o vício, ele deverá devolver o valor recebido mais os custos do contrato; mas se sabia do vício e ocultou do comprador, além de devolver o valor recebido, responderá por perdas e danos bem como, prevê o art.443 do CC, tendo em vista que este Código sempre visa defender a pessoa de boa-fé, punindo aquele que age de má-fé, contra os princípios jurídicos e sociais. Visto isso, concernente as espécies de vício, o Código Civil dispõe de duas: o vício redibitório que pode ser percebido imediatamente (art.445, caput, CC) e o vício que só pode ser conhecido mais tarde (art.445, §1°, CC). Na primeira, o adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva. Porém, se já estava na posse do bem, o prazo conta-se da alienação da coisa, reduzido à metade, ou seja, 15 dias para bem móvel e seis meses para bem imóvel. Já na segunda, o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis. Ademais, é importante salientar que o adquirente prejudicado poderá propor ações, que são chamadas de ações edilícias. A primeira é a ação quanti minoris, que visa consolidar o vínculo, o contrato, mas dando-se a oportunidade do abatimento do preço em razão do vício. A segunda é a ação redibitória, a qual tem o objetivo de desfazer o vínculo e possibilitar a devolução da coisa e do preço pago plenamente. 
Contudo, vale notar que uma vez escolhido o caminho, o adquirente não pode mudar de ideia. A escolha entre uma e outra é irrevogável, e deve-se sempre aplicar o principio da conservação do contrato, ou seja, a resolução do contrato deve ser o último caminho. Ademais, é cabível salientar para que não haja uma possível confusão que, os vícios redibitórios diferem do erro; o primeiro são defeitos ocultos que existem em determinado bem, tornando-o impróprio ao uso a que se destina ou diminuindo-lhe o valor, ou seja, gera o abatimento do preço ou a resolução do negócio; já o segundo é a falta de percepção, não tem nenhum defeito, apenas não corresponde ao desejo intimo ou expectativas da pessoa, podendo gerar a anulabilidade do negócio jurídico. 
2- Primeiramente, podemos dizer que a evicção é um parente próximo dos vícios redibitórios. Com efeito, enquanto os vícios redibitórios são uma garantia da coisa em relação aos defeitos materiais, a evicção é a garantia da coisa em relação aos defeitos de direito. Enquanto nos vícios se garante a posse útil, na evicção se garante a posse pacífica. De acordo com o art.447 do Código Civil: “Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública.”, assim, em regra a responsabilidade pela evicção é do alienante, ou seja, da pessoa que transferiu a coisa de forma onerosa, mesmo que não conste no contrato, expressamente, essa obrigação. Todavia, de acordo com o art.448, é possível as partes contratualmente estipularem uma extensão de garantia, reforçando, diminuindo ou até excluindo a responsabilidade pela evicção. Assim, a evicção pode ser reforçada mediante acordo das partes contratantes, situação que pode ser vista, quando as partes, expressamente, estabelecem que a indenização decorrente da evicção equivalerá ao dobro do preço pago pela coisa. Esse artigo ainda permite que as partes, expressamente, pactuem a diminuição do valor da indenização pela evicção. Neste sentido, na fixação do valor do reforço e da diminuição da garantia em questão, as partes devem se pautar pela boa-fé contratual, que lhes impõe deveres de proteção, dentre os quais se destacam a lealdade e a correção de comportamentos, de forma a impedir o enriquecimento injusto de uma das partes, em prejuízo da outra. Além do reforço e da diminuição da garantia, o CC permite a própria exclusão da responsabilidade pelos riscos da evicção (art. 449, CC). Como tal exclusão contraria a própria natureza do negócio, é necessário que ela seja objeto de cláusula contratual expressa. Contudo, se o evicto não sabia do risco da evicção ou, informado do risco, não o assumiu, terá direito de receber do alienante o preço que pagou pela coisa.
3- Sim, trata-se de uma das cláusulas especiais do contrato de compra e venda, denominada de Cláusula de Retrovenda (art.505, CC). Esta cláusula constitui um pacto inserido no contrato de compra e venda pelo qual o vendedor reserva-se o direito de reaver o imóvel que está sendo alienado, dentro de certo prazo, restituindo o preço e reembolsando todas as despesas feitas pelo comprador no período de resgate, desde que previamente ajustadas (art. 505 do CC). Essas despesas incluem as benfeitorias necessárias. Na verdade, essa cláusula especial confere ao vendedor o direito de desfazer a venda, reavendo de volta o bem alienado dentro do prazo máximo de três anos (prazo decadencial), ou seja, pode ser estipulado prazo inferior, e só é admissível nas vendas de bens imóveis. 
Ademais, se o comprador se recusar a receber as quantias a que faz jus, o vendedor, para exercer o direito de resgate, as depositará judicialmente (art. 506 do CC). O dispositivo possibilita o ingresso da ação de resgate, pela qual o vendedor obtém o domínio do imóvel a seu favor, tendo a demanda eficácia erga omnes, diante do caráter real do instituto. Todavia, se nessa ação de resgate, for verificada a insuficiência do depósito judicial realizado, não será o vendedor restituído no domínio da coisa, até e enquanto não for integralmente pago o comprador (art. 506, parágrafo único, do CC). Assim, o vendedor terá, uma última chance para quitar o preço, à luz da boa-fé objetiva, havendo a coisa para si. Por último, de acordo com o art.508 do CC, se a duas ou mais pessoas couber o direito de retrato sobre o mesmo imóvel, e só uma delas exercer esse direito, o comprador pode intimar as outras para acordarem, porém o pacto prevalecerá em favor de quem efetuou o depósito integral, prestigiando assim, a conduta da boa-fé.
4- Esta afirmativa não está correta. O contrato estimatório consiste em que alguém, o consignante, transfira ao consignatário bens móveis,para que o último os venda, pagando um preço de estima; ou devolva os bens findo o contrato, dentro do prazo ajustado (art. 534 do CC). Neste sentido, o consignante transfere a posse e o poder de dispor da coisa, mas não a propriedade, haja vista que a mesma pertence ao consignante, que continua sendo o titular do domínio da coisa consignada. Assim, de acordo com o art. 536: “A coisa consignada não pode ser objeto de penhora ou sequestro pelos credores do consignatário, enquanto não pago integralmente o preço.” Visto isso, frisa-se mais uma vez que, o consignatário não é dono da coisa, e sim, a mantém para tentar vendê-la a terceiro. Vejamos um exemplo: Eva (consignante) transfere um mostruário de joias para que Ana (consignatária) as venda. Eva transferiu a posse e o poder de vender as joias à Ana, mas Ana não é a proprietária das joias. As joias são de propriedade de Eva até que Ana as venda a terceiro ou Eva pegue-as de volta. 
5- A doação pode ser revogada por ingratidão do donatário ou por inexecução do encargo de acordo com o art.555 do Código Civil. No que concerne à ingratidão, esta envolve matéria de ordem pública. Tanto que o art. 556 do CC em vigor proíbe a renúncia prévia ao direito de revogar a doação por ingratidão. Se houver cláusula nesse sentido, tal disposição será nula, mantendo-se o restante do contrato (princípio da conservação contratual). O art. 557 do CC, dispõe um rol de situações que podem motivar esse tipo de revogação. Estas são: I - se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de homicídio doloso contra ele; II - se cometeu contra ele ofensa física; III - se o injuriou gravemente ou o caluniou; IV - se, podendo ministrá-los, recusou ao doador os alimentos de que este necessitava. Sendo assim, todas estas hipóteses motivam a revogação por ingratidão haja vista que elas ferem a dignidade da pessoa humana. Todavia, a revogação por ingratidão também será possível se as ofensas forem contra ascendente ou descendente, ainda que adotivo, cônjuge ou irmão do doador (art.558, CC). Ademais, o art.559 dispõe um prazo decadencial para requerer a revogação por ingratidão, este é de 1 ano, contado do conhecimento do doador sobre o fato que a autorizar e de ter sido o donatário o seu autor. 
6- A locação de coisas pode ser conceituada como o contrato pelo qual uma das partes (locador ou senhorio) se obriga a ceder à outra (locatário ou inquilino), por tempo determinado ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa remuneração, denominada aluguel (art. 565 do CC). Visto isso, é cabível salientar que ambas as partes, locatário e locador, tem deveres que se não forem respeitados poderá rescindir a locação, sem prejuízo de perdas e danos. Sendo assim, se o objeto do contrato de locação se deteriorar, tem-se duas opções que são abordadas pelo Código Civil. A primeira se encontra no art. 567, que dispõe sobre a deterioração da coisa sem culpa do locatário. Nesse artigo, o locatário poderá pleitear redução do aluguel, ou se caso a coisa não servir mais para o seu fim, o contrato é resolvido. Além disso, se houver algum vício ou defeito anterior a locação que acometeram a coisa, o locador que responderá (art.558, CC). A segunda opção, esta disposta no art.570 e diz respeito a deterioração da coisa com culpa do locatário. Neste artigo, o locador poderá rescindir o contrato e exigir perdas e danos. Ademais, se o locatário empregar a coisa em uso diverso do ajustado, ou do a que se destina, ou se ela se danificar por abuso do locatário, poderá o locador, além de rescindir o contrato, exigir também perdas e danos.
7- Não, não é possível a prisão civil do depositário infiel. O depositário infiel é aquele que não cumpre a obrigação de restituir o bem depositado, e por isso estaria sujeito a uma sanção civil consistente na decretação de sua prisão civil. O art. 652 sujeita o depositário infiel a prisão não excedente a um ano e a ressarcir os prejuízos. Esta prisão estaria justificada na quebra da confiança, da fiducia que o depositante tem em relação ao depositário, tendo essa norma o escopo justamente de regulamentar o art. 5.º, inc. LXVII, da Constituição Federal de 1988. 	
Todavia, a jurisprudência superior acabou por abolir a prisão civil do depositário, em qualquer modalidade de depósito. Sendo assim, há inconstitucionalidade da prisão civil do depositário infiel, visto que o Brasil é signatário do Pacto de San José da Costa Rica, que em seu art. 7°, § 7° dispõe: “Ninguém deve ser detido por dívida. Este princípio não limita os mandados de autoridade judiciária competente expedidos em virtude de inadimplemento de obrigação alimentar.” Ademais, o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos dispõe no artigo 11 que: “Ninguém poderá ser preso apenas por não poder cumprir com uma obrigação contratual”. Nesse viés, atualmente aplica-se a súmula vinculante n°25 do STF, que dispõe que é ilícita a prisão civil do depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito. Em suma, o Pacto de San José da Costa Rica tem aplicação supralegal, ou seja, ele está abaixo da Constituição Federal e acima das leis ordinárias, e isto faz com que o art.652 do CC não seja mais aplicável no sistema brasileiro.

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