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TESE DOUTORADO GLAUCIO vs 1.1.docxMod (4) Cópia

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GLAUCIO MARCELINO MARQUES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROPOSTA METODOLÓGICA PARA A AVALIAÇÃO DA QUALIDADE NA 
EXECUÇÃO DE OPERAÇÕES FLORESTAIS NO FOMENTO FLORESTAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dissertação apresentada à Universidade Federal 
de Viçosa, como parte das exigências do 
Programa de Pós-Graduação em Ciência 
Florestal, para obtenção do título de Doctor 
Scientiae. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Viçosa 
Minas Gerais - Brasil 
2013
i 
 
GLAUCIO MARCELINO MARQUES 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROPOSTA METODOLÓGICA PARA A AVALIAÇÃO DA QUALIDADE NA 
EXECUÇÃO DE OPERAÇÕES FLORESTAIS NO FOMENTO FLORESTAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dissertação apresentada à Universidade 
Federal de Viçosa, como parte das 
exigências do Programa de Pós-Graduação 
em Ciência Florestal, para obtenção do 
título de Doctor Scientiae. 
 
 
 
 
 
APROVADA: 05 de Fevereiro de 2014 
 
 
______________________________ ____________________________ 
 Laércio Antonio Gonçalves Jacovine José de Castro Silva 
 (Coorientador) 
 
 
_______________________________ ___________________________ 
 Gabriel de Magalhães Miranda Fabiano Luís da Silva 
 
 
_________________________________ 
Marcio Lopes da Silva 
(Orientador) 
 
 
Viçosa 
Minas Gerais - Brasil 
2013 
ii 
 
 
 
 
 
 
“… Hoje entendo bem meu pai. Um homem precisa viajar. Por sua conta, não 
por meio de histórias, imagens, livros ou tv. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, 
para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes 
valor. Conhecer o frio para desfrutar do calor. E o oposto. Sentir a distância e o 
desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares 
que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o 
imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e 
doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”. 
Amyr Klink 
 
 
 
 
 
 
 
 
iii 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
À minha amada esposa Iscyomara. 
 Aos meus queridos filhos, Julia e Mateus. 
 À minha mãe e ao meu pai. 
 Aos meus irmãos e amigos. 
 Dedico 
 
iv 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Ao meu orientador Marcio Lopes, pela amizade, confiança e paciência dedicados 
durante o curso; 
Ao meu co orientador e amigo Laércio Jacovine e sua família pelas várias vezes que 
estivemos em sua casa para comemorarmos qualquer coisa; 
Ao amigo Ângelo Conrado que não mediu esforços para auxiliar nesta pesquisa; 
À minha mãe Adelaide e meus irmãos por suas preocupações cotidianas; 
Ao meu Pai , “Bené”, que resolveu “partir” antes que este trabalho fosse terminado, mas 
que certamente sempre torceu para dar certo; 
Ao amigo Erlon, companheiro de caminhada; 
Ao amigo Gabriel Miranda, que mesmo de longe sempre me apoiou; 
Ao amigo Fabiano Luís e família pelos bons momentos em Viçosa; 
À amiga Ana Valverde, pelo apoio na caminhada e os conselhos espirituais; 
À equipe da Dendrus pelo companheirismo profissional; 
À Equipe de desenvolvimento e fomento da Fíbria que deu todo suporte para a 
realização da pesquisa; 
Ao grande amigo e concunhado Alessandro Lana que sempre me apoiou em meus atos; 
Ao meu sogro Zé Antônio e minha sogra Celma pelo apoio e confiança; 
A todos os meus cunhados e cunhadas que se transformaram em extensão de minha 
família; 
Em especial à minha esposa, Iscyomara que sempre me acompanhou de mãos dadas em 
todos os momentos, inclusive nos difíceis; 
À Ritinha e ao Alexandre, que estiveram sempre prontos para esclarecer as minhas 
dúvidas; 
Ao CNPQ pela concessão da bolsa de estudos para a realização deste trabalho; 
Ao meu PAI CELESTIAL, que sempre nos deu força pra crer que para realizarmos 
sonhos, é preciso sobretudo, darmos as mãos e seguirmos juntos; 
A todos que, de alguma maneira contribuíram para a realização deste trabalho. 
 
v 
 
BIOGRAFIA 
 
Glaucio Marcelino Marques, nasceu em João Monlevade, Minas Gerais , em 18 de 
Junho de 1967 . Filho de Adelaide Emília Marques e Benedito Macário Marques. 
Concluiu o Ensino Médio profissionalizante em 1986, na Central de Ensino e 
Desenvolvimento Agrário de Florestal (CEDAF) , em Florestal, Minas Gerais. 
Atuou como Técnico na Suzano Papel e Celulose e Cenibra Florestal , em 1992 
ingressou no Curso de Engenharia Florestal na Universidade Federal de Viçosa 
graduando-se Engenheiro Florestal em 1997. 
Atuou em empresas do setor florestal e foi professor das redes municipais e estaduais 
por quatro anos. 
Ingressou no Mestrado em 2001 , defendendo tese em 2003 na UFV, obtendo o título de 
Magister Scientiae, trabalhou na Aracruz Celulose de 2003 a 2009 e neste mesmo ano 
ingressou no Doutorado também na UFV em fevereiro de 2014, submeteu-se ao exame 
de defesa de dissertação, para obtenção do título de Doctor Scientia. 
 
 
vi 
 
CONTEÚDO 
RESUMO ...................................................................................................................... viii 
ABSTRACT .................................................................................................................... ix 
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1 
2. OBJETIVO ................................................................................................................ 4 
2.1. Objetivos específicos ......................................................................................... 4 
3. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 5 
3.1. Os reflorestamentos e o fomento florestal ......................................................... 5 
3.2. Tipos de fomento florestal ................................................................................. 9 
3.2.1. Florestal privado ......................................................................................... 9 
3.2.2. Fomento Florestal público .......................................................................... 9 
3.3. O controle da qualidade total ....................................................................... 10 
3.4. Matriz da qualidade total ................................................................................. 11 
3.4.1. Qualidade .................................................................................................. 12 
3.4.2. Custo ......................................................................................................... 13 
3.4.3. Atendimento ............................................................................................. 18 
3.4.4. Moral ........................................................................................................ 18 
3.4.5. Segurança.................................................................................................. 21 
3.4.6. Meio Ambiente ......................................................................................... 23 
3.5. Padronização de atividades do fomento florestal............................................. 24 
4. METODOLOGIA ................................................................................................... 26 
4.1. Caracterização da área de estudo ..................................................................... 27 
4.2. A empresa ........................................................................................................30 
4.3. Fomento florestal na Fibria .............................................................................. 31 
4.4. Madeira controlada .......................................................................................... 34 
4.5. Florestal Aracruz (ES/BA/MG) ....................................................................... 34 
4.6. Florestal Jacareí (Vale do Paraíba e Capão Bonito, SP) .................................. 36 
4.7. Florestal Três Lagoas (MS) ............................................................................. 36 
vii 
 
4.8. Desenvolvimento do projeto ............................................................................ 37 
4.9. Diagnóstico do processo .................................................................................. 39 
4.10. Aplicação do questionário preliminar .......................................................... 39 
4.11. Aplicação dos modelos de avaliação piloto ................................................. 42 
4.12. Procedimento de Avaliação Piloto para Contratos de Fomento ................... 44 
4.12.1. Operações silviculturais ............................................................................ 45 
4.12.2. Avaliação Contratual ................................................................................ 50 
4.13. Aplicação dos formulários revisados como teste ......................................... 52 
4.13.1. Aplicação de formulário piloto na Bahia .................................................. 53 
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 55 
5.1. Área total coberta pela pesquisa ...................................................................... 55 
5.2. Custos das Verificações ................................................................................... 56 
5.3. Simulação de perdas e ganhos. ........................................................................ 57 
5.4. Experiências com as avaliações ....................................................................... 61 
5.5. Combate à formiga ........................................................................................... 63 
5.6. Capina química pré plantio. ............................................................................. 65 
5.7. Subsolagem ...................................................................................................... 67 
5.8. Plantio .............................................................................................................. 70 
5.9. Adubação de plantio ........................................................................................ 73 
5.10. Trato Cultural na Área Total ou na Linha/Entrelinha .................................. 76 
5.11. Adubação de cobertura. ................................................................................ 79 
5.12. Avaliação contratual ..................................................................................... 81 
5.13. Status do Contrato ........................................................................................ 86 
6. CONCLUSÕES ....................................................................................................... 92 
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 94 
APÊNDICE .................................................................................................................... 98 
 
viii 
 
RESUMO 
 
 
MARQUES, Glaucio Marcelino, D.Sc, Universidade Federal de Viçosa, Fevereiro de 
2014. Proposta metodológica para a avaliação da qualidade na execução de 
operações florestais no fomento florestal. Orientador: Marcio Lopes da Silva. 
Coorientador: Laércio Antônio Gonçalves Jacovine 
 
Após ter atuado no Fomento Florestal percebeu-se a necessidade de criar uma 
metodologia que identificasse as falhas nas operações florestais do fomento. Sendo 
assim, o desenvolvimento deste trabalho justifica-se pelo fato de que, apesar do 
reconhecido esforço dos profissionais ligados ao fomento das empresas, nota-se que os 
produtores fomentados, geralmente, não se preocupam em realizar as operações 
recomendadas com qualidade. Isto pode ser explicado muitas vezes por motivos 
culturais, econômicos ou pela falta de informação. O objetivo geral deste trabalho é 
desenvolver e testar uma metodologia para verificação da qualidade na execução das 
principais operações referentes ao processo de implantação de projetos florestais de um 
programa de fomento de uma empresa florestal, por meio do desenvolvimento de 
ferramentas de gestão que possam facilitar tomadas de decisões com maior segurança e 
rapidez. A pesquisa abrangeu parte da região atendida pelo Programa de Fomento 
Florestal da Empresa no Norte do Espirito Santo e Sul da Bahia, totalizando 7646,38 há, 
onde foram aplicados questionários aos produtores fomentados, sendo estes escolhidos 
de forma aleatória (sorteio) a fim de eliminar variáveis tendenciosas e obter maior 
diversidade das amostras, gerando conhecimentos para aplicação prática a fim de 
encontrar soluções para se propor uma metodologia de verificação. Deste modo foram 
feitas pesquisas bibliográficas, reuniões com gerentes, coordenadores, produtores rurais 
fomentados, levantamentos de dados e aplicação de questionários aos produtores. Em 
simulações econômicas realizadas durante o trabalho foi possível perceber que o 
produtor deixa de obter lucros, quando não segue as recomendações técnicas passadas 
pela empresa. As simulações foram realizadas sobre o impacto da taxa de sobrevivência 
e da mato competição na produtividade e custo do insumo (adubo) utilizado. Para os 
três itens foram simuladas perdas que variaram de 5 a 20%. Pode-se comprovar que ao 
preço de mercado da madeira praticado na região do estudo o prejuízo atingiu até 40% 
do valor da madeira em alguns casos extremos. Ao término da pesquisa foi possível 
traçar uma metodologia e criar ferramentas em formas de gráficos e planilhas analíticas 
para serem usados na gestão dos contratos. Estas ferramentas se mostraram uteis para a 
empresa e para o fomentado, visto que as mesmas mostram com clareza e facilidade de 
interpretação, a realidade do empreendimento. Foram avaliadas sete operações, combate 
à formiga, capina química pré-plantio, subsolagem, plantio, adubação de plantio, trato 
cultural na linha e adubação de cobertura. Também foram avaliados dois itens 
importantes, a satisfação contratual e o status do contrato, esses para verificar a 
credibilidade do programa. Concluiu-se que a metodologia apresentada através da 
pesquisa é satisfatória para o programa e pode ser aplicada em programas de fomento de 
outras empresas , pois quando aplicada, os resultados se mostraram favoráveis ao 
objetivo do programa, trazendo maior qualidade nas operações e melhores resultados 
em produtividade e satisfação do produtor. Para que a metodologia apresentada nesta 
pesquisa seja implantada e traga bons resultados, ela deve encarada pela empresa e 
pelos produtores como uma ferramenta de melhoria na qualidade da execução das 
operações, para tanto deve haver o envolvimento e comprometimento de todos em 
busca de resultados positivos. 
ix 
 
ABSTRACT 
 
 
MARQUES, Glaucio Marcelino, D.Sc, Federal University of Viçosa, February 2014. 
Methodological proposal for assessing the quality of the execution of forest 
operations in forestry incentives. Supervisor: Marcio Lopes da Silva. 
Coorientador: Laércio Antonio Gonçalves Jacovine 
 
After working in the forestry incentives realized the need for a methodology to 
identify gaps in the promotion of forestry operations. Thus, the development of this 
workis justified by the fact that, despite the efforts of recognized professionals 
associated with the promotion of enterprises, it is observed that producers encouraged, 
usually do not bother to perform the recommended operations quality. This can be 
explained, often by cultural, economic reasons or lack of information. The general 
objective of this work is to develop and test a methodology to verify the quality of 
implementation of the main operations in the process of implementing a forest projects 
participating in the partnership program a forestry company, through the development 
of management tools that can facilitate the causing greater security and speed of 
decision. The search covered part answered by the Forestry Incentives Program 
Company in northern Espirito Santo and southern Bahia, totaling 7646.38 hectares, 
which encouraged producers to questionnaires were applied, which are chosen 
randomly (lottery) to eliminate biased variables and achieve greater diversity of 
samples, generating knowledge for practical application in order to find solutions to 
propose a verification methodology. Thus literature searches, meetings with managers, 
engineers, encouraged farmers, survey data and questionnaires were made to producers. 
In economic simulations at work it was revealed that the producer ceases to make 
profits when not following the technical recommendations passed by the company. The 
simulations were performed on the impact of survival rate and weed competition on 
productivity and cost of inputs (fertilizer) used. For the three items losses ranging from 
5 to 20% were simulated. One can prove that the market price of Wooden practiced in 
the study area the loss amounted to 40% of the wood in some extreme cases. At the end 
of the study was possible to outline a methodology and tools for creating forms of charts 
and analytical worksheets for use in the management of contracts. These tools have 
proven useful for the company and for the fostered, since the same show with clarity 
and ease of interpretation, the reality of the enterprise. Seven operations, combat ant, 
chemical weed control before planting, subsoiling, planting, fertilization, planting, 
cultural tract on line and topdressing were evaluated. We also evaluated two important 
items, the contractual status and satisfaction of contract, these to verify the credibility of 
the program.It was concluded that this methodology through research is satisfactory for 
the program and can be applied into development programs from other companies, 
because when applied, the results favored the goal of the program, bringing higher 
quality in operations and better results in productivity and satisfaction producer. For the 
methodology presented in this research is located and bring good results, it should by 
now and seen by producers as a tool for improving the quality of execution of 
operations, for both must be the involvement and commitment of all in search of 
positive results. 
 
1 
 
1. INTRODUÇÃO 
No Brasil, a formação de povoamentos florestais com fins econômicos ocorreu 
com a introdução do gênero Eucalyptus na região de Rio Claro, SP, pela Companhia 
Paulista de Estradas de Ferro, visando à produção de dormentes, postes e lenha para as 
locomotivas, no início do século XX. 
Até o final da década de 60, a exploração florestal era quase que exclusivamente 
predatória. A implantação de florestas de rápido crescimento deu novo impulso ao setor 
florestal, com a criação da política governamental de incentivo fiscal, nesse período 
(Machado, 2002). Paiva (2007) ressalta que o consumo, cada vez maior, de produtos 
derivados da madeira faz com que haja uma crescente pressão sobre as florestas nativas. 
O corte dessas florestas tem sido feito sem critérios técnicos, pondo em risco a extinção 
de várias espécies vegetais de grande valor. Por isso, o reflorestamento constitui 
alternativa viável para a redução da pressão exercida sobre as florestas nativas. 
A importância da cultura do eucalipto para o Brasil pode ser avaliada pela 
participação do setor florestal na economia do país. Inicialmente, apoiado por incentivos 
fiscais ao reflorestamento e também pelos Programas Nacionais de Siderurgia a Carvão 
Vegetal e de Celulose e Papel, o setor responde atualmente por 4% do PIB (produto 
interno bruto), setecentos mil empregos diretos e dois milhões de empregos indiretos. 
No Brasil eucalipto constitui a espécie mais utilizada na produção de madeira 
serrada, celulose e carvão vegetal. A área plantada total com o gênero Eucalyptus no 
país atingiu 4.874.000 ha em 2011, sendo Minas Gerais o Estado que contribuiu com o 
maior percentual (28,8%), seguido por São Paulo (21,2%), Bahia (12,5%), Mato Grosso 
(9,8%) , Rio Grande do Sul (5,7%), Espírito Santo (4,1%). Paraná (3,9%) e os demais 
estados (14,2%) (ABRAF, 2012). 
Em sua maioria, o eucalipto é cultivado por empresas dos setores de papel e 
celulose e siderurgia. 
A ampliação da base florestal das grandes empresas do setor no Brasil, hoje 
ocorre seguindo dois modelos principais: Plantios maiores em áreas marginais à 
agricultura; e reflorestamentos com dimensões relativamente pequenas, mediante 
integração dos pequenos e dos médios agricultores ao processo produtivo, pelo 
conhecido processo de Fomento Florestal. 
2 
 
O Fomento Florestal tem se mostrado um instrumento eficiente na ampliação da 
base florestal para o abastecimento de matéria-prima em empreendimentos dos 
segmentos madeireiros, como celulose e carvão vegetal. O Fomento também se 
apresenta como uma atividade vantajosa para todos os envolvidos na cadeia produtiva: 
para as empresas, há uma garantia no suprimento de madeira e para os proprietários 
rurais, a madeira constitui uma fonte de renda adicional. Destacam-se, ainda, os 
benefícios ao meio ambiente, como conservação do solo, preservação e conservação de 
nascentes (CORDEIRO, 2008). 
A participação dos pequenos e médios produtores rurais é de fundamental 
importância para a atividade florestal, possibilitando a sua integração ao segmento 
industrial (CORDEIRO, et al. 2009). Os reflorestamentos nas pequenas e médias 
propriedades rurais, advindos ou não de programas de Fomento, apresentam maior 
probabilidade de sustentabilidade, na medida em que geram benefícios sociais mais 
amplos e mitigam impactos ambientais negativos (OLIVEIRA, et al. 2006). 
As empresas do setor florestal têm promovido programas de Fomento Florestal 
como forma de complementar o abastecimento de madeira às suas indústrias de 
transformação, diminuindo a imobilização de ativos fundiários, direcionando o capital 
ao crescimento das atividades industriais e, sobretudo criando uma fonte adicional de 
renda para os pequenos e médios produtores rurais nos municípios sob sua influência. 
Para os produtores rurais, os programas de Fomento representam uma oportunidade de 
produção com alternativas de recebimento e garantias de compra da produção florestal, 
pelo qual ainda podem se beneficiar pela ausência ou a postergação de desembolso 
inicial de plantio, como custo de aquisição de mudas. Para as economias locais, o 
Fomento, em forma de integração horizontal, contribui para a geração dos benefícios 
econômicos e financeiros, criando empregos, renda e tributos nos municípios, 
promovendo o desenvolvimento local. 
Em 2011, as associadas individuais da ABRAF efetuaram 1.266 novos contratos 
de fomento florestal, que beneficiaram 1.013 produtores rurais e abrangeram 45,6 mil 
ha no acumulado até 2011, as associadas individuais da ABRAF já beneficiaram 12.788 
de proprietários, através de 15.157 contratos de fomento, abrangendo uma área de 439,4 
mil há. (ABRAF, 2012). 
Em relaçãoa 2010, os plantios estabelecidos em 2011 em áreas próprias 
diminuíram 0,7% (16.070 ha) e os plantios implantados em terras arrendadas 
3 
 
aumentaram 29,5% (110.797 ha), fato esse decorrente da dificuldade de aquisição de 
novas áreas e da necessidade de manutenção de suprimento dos novos projetos 
industriais em implantação. Ademais, a área de fomento sofreu um decréscimo da 
ordem de 5,8% (25.974 ha). (ABRAF, 2012). 
Segundo ABRAF (2012), do total da madeira consumida pelas empresas 
associadas , 58,1% provêm de plantios próprios e 13,5% de fomento florestal. 
Destaca‑se o incremento da participação de madeira provinda do mercado de terceiros, 
que passou de 9,4% em 2010 para 28,4% em 2011. 
4 
 
2. OBJETIVO 
O objetivo geral deste trabalho é desenvolver e testar uma metodologia para 
verificação da qualidade na execução das principais operações referentes ao processo de 
implantação de projetos florestais de um programa de fomento de uma empresa 
florestal, por meio do desenvolvimento de ferramentas de gestão que possam facilitar 
tomadas de decisões com maior segurança e rapidez. 
 
2.1. Objetivos específicos 
Identificar e caracterizar as principais operações florestais do Fomento Florestal; 
Identificar os itens, em cada operação, que podem ser avaliados qualitativa e 
quantitativamente; 
Testar a metodologia desenvolvida a um estudo de caso num empreendimento 
que esteja inserido no Programa de Fomento Florestal da FIBRIA. 
5 
 
3. REVISÃO DE LITERATURA 
3.1. Os reflorestamentos e o fomento florestal 
No Brasil, os plantios de florestas começaram há mais de um século. Em 1903, o 
pioneiro Navarro de Andrade trouxe mudas de Eucalipto (Eucalyptus spp.) para plantios 
que produziriam madeira para dormentes das estradas de ferro. Em 1947 foi a vez do 
Pinus (Pinus spp.). Essas espécies se desenvolveram bem nas regiões onde foram 
introduzidas, o Eucalipto nos cerrados paulistas e o Pinus no sul do Brasil. Como os 
recursos naturais da Mata Atlântica há muito vinham sendo dilapidados, o plantio 
dessas espécies tornou-se alternativa viável para suprir a demanda de madeira. 
A década de 70 foi marcada pela política de incentivos fiscais para o 
reflorestamento, que começaram ainda na década de 60. Com esses incentivos foi 
possível ampliar consideravelmente o estoque de madeira nesses plantios. 
(BRACELPA, 2009). 
Desde então se investiu em pesquisa sobre a silvicultura dessas espécies, 
consolidando seu uso em plantios comerciais. O Brasil detém hoje as melhores 
tecnologias na silvicultura do eucalipto, atingindo cerca de 60m³/ha de produtividade, 
em rotações de sete anos. Os plantios florestais apresentam-se em sua maior parte em 
sistema de monocultura. 
Atualmente, o Brasil possui cerca de 6,7 milhões de hectares de florestas 
plantadas, principalmente com espécies dos gêneros Eucalyptus e Pinus, que 
representam cerca de 0,8% do território nacional. As florestas plantadas são 
responsáveis por abastecer quase a metade do mercado brasileiro de madeira. No setor 
de papel e celulose, a madeira utilizada como matéria-prima tem origem exclusivamente 
de florestas plantadas (ABRAF, 2010). 
Até o final dos anos 60, o setor florestal era pouco expressivo dentro da 
economia brasileira, pois a indústria florestal era incipiente e não possuía fontes seguras 
de abastecimento. O setor teve de enfrentar problemas gerados pelo quadro recessivo, 
iniciado nos anos 70, com a crise do petróleo, em que houve uma redução no 
crescimento da economia (Silva,2005). 
A demanda de madeira vem aumentando nos últimos anos e tende a continuar 
crescendo, o setor florestal conta com várias alternativas de suprimento e atua em vários 
ramos de atividade com um espectro de produtos enormes, tais como: Madeira para 
6 
 
celulose, serraria e indústria moveleira, carvão vegetal, lenha, postes, painéis, 
(compensado, aglomerado, chapa de fibra, MDF, OSB etc.) e ainda podem–se citar 
outros benefícios como: negociação dos créditos de Carbono, proteção de solos e água e 
fontes geradoras de empregos e renda. 
Segundo Silva (2005), a importância do setor florestal brasileiro pode ser 
verificada em vários aspectos: 
- Total de cobertura florestal nativa. 
- Total de área reflorestada. 
- Participação do setor florestal na formação do PIB (Produto Interno Bruto). 
- Consumo interno de produtos florestais. 
- Participação dos produtos florestais nas exportações. 
- Participação dos produtos florestais no comercio mundial. 
- Total de impostos e divisas gerados. 
- Capacidade de distribuição de renda. 
- Produção de externalidades positivas ou benefícios indiretos da floresta. 
Todas as características citadas anteriormente já foram comprovadas em várias 
publicações e indicam que realmente o setor florestal tem um potencial enorme, sendo 
um dos setores-chave da economia. No Brasil, embora o governo não tenha dado a 
devida atenção ao setor e não haja uma política florestal definida, o setor vem se 
consolidado, pois o país possui uma série de vantagens comparativas que torna seus 
produtos florestais competitivos com os demais. Entre elas podem-se citar: 
- Grande extensão territorial, com disponibilidade de terras apropriadas para 
reflorestamentos. 
- Idade de corte mais rápida que nos países de clima temperado ou frio. 
- Perspectiva de crescimento do mercado de produtos florestais brasileiros. 
Diversos indicadores vêm apontando boas perspectivas para o crescimento da 
indústria de base florestal no Brasil. A produção brasileira de polpa de celulose, por 
exemplo, vem apresentando contínua expansão. Nos últimos anos, o consumo mundial 
de papel tem aumentado devido, principalmente, em função dos mercados emergentes, 
tais como Índia, China, Brasil e Rússia proporcionando maior produção de matéria 
7 
 
prima. Outro fator é a transferência dos investimentos neste produto vindos de países da 
Europa, na maioria dos casos para o Brasil. 
O aumento da demanda por celulose no mercado, fez com que as empresas do 
setor iniciassem programas de expansão, mas atualmente as indústrias de papel e 
celulose no Brasil não desejam a compra de terras para a expansão de sua base florestal. 
Tal fato pode ser explicado devido às pressões socioambientais sobre estas áreas e os 
altos custos de investimentos. 
A ampliação da base florestal das grandes empresas do setor no Brasil, hoje 
ocorre seguindo dois modelos principais: Plantios maiores em áreas marginais à 
agricultura; e reflorestamentos com dimensões relativamente pequenas, mediante 
integração dos pequenos e dos médios agricultores ao processo produtivo, pelo 
conhecido processo de fomento florestal. 
Desta forma, o Fomento Florestal apresentou-se como alternativa para 
continuidade do crescimento da produção brasileira. Observou-se que o estabelecimento 
de contratos entre empresa e proprietário para produção de matérias-primas florestais 
mediante programas de Fomento Florestal, foi visto de modo positivo perante a 
sociedade, por trazer benefícios para o agricultor, empresa, comunidade e meio 
ambiente. Por um lado, há uma manifestação de autoridades públicas no sentido de 
aumentar a participação dos produtores no fornecimento de madeira para o mercado e, 
por outro lado, os dados indicam que a participação deste segmento tem crescido e se 
tornado viável a ambas as partes. 
O Fomento Florestal vem sendo adotado por muitas empresas, como uma forma 
de complementar suas necessidades de suprimento de madeira originada de áreas com 
florestas plantadas, a partir do estabelecimento de parcerias com pequenos e médios 
proprietários de terras, nas regiões onde estas empresas desenvolvem seus negócios.Simultaneamente, o fomento florestal permite promover a expansão da base 
florestal das empresas, auxiliando o desenvolvimento regional. Para o pequeno e médio 
produtor, o fomento é uma oportunidade de renda, principal ou adicional, com a 
garantia de compra da madeira através de contratos de compra e venda de madeira com 
as empresas promotoras do programa de fomento, de boa rentabilidade e baixo risco, já 
que na maioria dos casos a empresa absorve parte dos custos iniciais, com a doação de 
mudas, insumos e assistência técnica. 
8 
 
Do ponto de vista social, o fomento atua como uma ferramenta que melhora a 
distribuição de renda e auxilia na fixação do homem no campo, gerando empregos de 
caráter permanente, devido ao tempo de rotação das florestas, além de injetar recursos 
nas economias dos municípios envolvidos. 
Conceitualmente, o Fomento Florestal é entendido como sendo aqueles 
reflorestamentos que visam obter rendimentos financeiros diretos, pela venda e pelo uso 
da madeira na propriedade, diminuindo a pressão sobre os remanescentes nativos e que 
possibilitam a integração do produtor rural ao cenário das florestas econômicas, 
utilizando para isso os recursos financeiros e insumos alocados pelo órgão fomentador 
(SANT’ANNA, 1996). 
O termo fomento é utilizado para caracterizar atividades centradas na promoção 
do desenvolvimento rural, tanto na área florestal como na agropecuária. Historicamente, 
tem contemplado os mais diversos segmentos da produção agrossilvipastoril. São 
projetos e programas de iniciativa pública, privada ou integrada de estímulo a cultivos 
diversos (AMBIENTE BRASIL, 2013). 
Os resultados esperados com as atividades de fomento variam desde o 
abastecimento a pequenas e médias indústrias, com abrangência microrregional, 
passando por programas voltados ao abastecimento estratégico de determinada matéria-
prima para o setor agroindustrial, com abrangência nacional, até atingir escala global em 
temas como o sequestro de C02, que certamente carreará recursos para as atividades 
rurais, fomentando cadeias produtivas de grande amplitude (HYLA, 2007). 
 
9 
 
3.2. Tipos de fomento florestal 
3.2.1. Florestal privado 
O fomento promovido pelas empresas apresenta inúmeras modalidades ou 
variações de contratos, embora todas seguem a mesma forma básica de fornecer mudas, 
adubo, assistência técnica, etc. Porém, alguns contratos são mais flexíveis e mais 
interessantes para o produtor. Dentre alguns aspectos que devem ser observados no 
contrato de fomento citam-se: o prazo de vigência do contrato (horizonte de 
planejamento - se contempla um, dois ou mais cortes); se há adiantamento financeiro e a 
forma de ressarcimento; as operações silviculturais exigidas; os recursos oferecidos sem 
ressarcimento; o percentual de madeira que se pode utilizar na propriedade, o 
mecanismo de seguro da floresta, a forma de colheita e transporte da madeira, os preços 
previstos, as multas pelo não cumprimento do contrato, dentre outros aspectos. 
Em Minas Gerais observa-se um crescente interesse da iniciativa privada no 
Fomento Florestal, podendo-se citar: a Cenibra conta com 21.809 hectares fomentados 
de 1984 a 2005 e uma previsão de 6500 hectares em 2006. A Suzano que nos últimos 
cinco anos fomentou 39779 hectares na Bahia e Espírito Santo e está expandindo seu 
programa de fomento para Minas Gerais. A CAF iniciou seu programa de fomento em 
2005, denominado “programa produtor florestal” e pretende fomentar 30.000 hectares 
de reflorestamento até o ano de 2011, sendo estes 600 hectares na região centro-oeste e 
24.000 hectares no Sul de Minas. A CBCC tem um programa de fomento que já 
contemplou 21.443 hectares fomentados no Sul de Minas desde 1985, sendo que 1.394 
hectares no ano agrícola de 2004/2005. A Fibria atua com seu programa de fomento em 
41 municípios no estado de Minas Gerais .(PADUA, 2006). 
 
3.2.2. Fomento Florestal público 
A iniciativa pública, em nível estadual ou federal, também tem se constituído em 
um importante agente no estabelecimento efetivo de programas de reflorestamento para 
pequenos e médios produtores rurais, tanto pela criação de programas específicos 
capitaneados pelas autarquias ambientais e de extensão, como pela liberação de créditos 
rurais específicos para a atividade florestal (PÁDUA, 2006). 
10 
 
3.2.3. Fomento Florestal pela parceria público-privada 
São numerosos os casos de programas de fomento envolvendo convênio entre o 
poder público e o privado, devido ao leque de opções previstas para a destinação e 
aplicação de recursos oriundos da reposição florestal. Programas como o PRONAF 
(Programa Nacional de Incentivo à Silvicultura e Sistemas Agroflorestais para a 
Agricultura Familiar) e PROPFLORA (Programa de Plantio Comercial e Recuperação 
de Florestas) foram criados pelo governo federal em parceria com empresas do poder 
publico e privado (REFLORESTAR, 2013). 
 
3.3. O controle da qualidade total 
As empresas têm-se preocupado com a qualidade do produto desde os 
primórdios da era industrial, não sendo, portanto, um fato recente. O que se pode 
considerar recente é a preocupação com o processo: não só com o processo fabril, mas 
também com todos os processos de que a empresa lança mão para atender e satisfazer os 
consumidores. Esta preocupação com todos os processos industriais e administrativos é 
conhecida como Controle de Qualidade Total - CQT (ROBLES JR., 1994). 
Segundo PALADINI (1990), a Qualidade Total é um processo que visa o 
aperfeiçoamento contínuo da Organização, o que indica a necessidade de realizar 
constantes avaliações do que está sendo feito, as quais devem estar centradas tanto no 
processo de produção quanto no próprio produto (seja ele tangível ou não). No primeiro 
caso - processo -, trata-se de acompanhar o modelo de implantação da qualidade total e 
verificar como estão ocorrendo as alterações propostas pelo programa; no segundo - 
produto -, podem-se determinar os resultados finais obtidos. Este esforço de estudo e 
análise, mais do que qualquer outro, está centrado em tudo aquilo que foi efetivamente 
implantado. 
Segundo CAMPOS (1992), o Controle da Qualidade Total é regido pelos 
seguintes princípios básicos: 
Produzir e fornecer produtos e, ou, serviços que atendam concretamente às 
necessidades do cliente; 
Garantir a sobrevivência da empresa através do lucro contínuo adquirido pelo 
domínio da qualidade (quanto maior a qualidade, maior a produtividade); 
11 
 
Identificar o problema mais crítico e solucioná-lo pela mais alta prioridade; 
Falar, raciocinar e decidir com dados e com base em fatos; 
Gerenciar a empresa ao longo do processo e não por resultados; 
Ter sempre em mente que o cliente é o rei; 
Não permitir saída de produtos defeituosos; 
Procurar prevenir a origem de problemas cada vez mais a montante; 
Nunca permitir que o mesmo problema se repita pela mesma causa; 
Respeitar os empregados como seres humanos independentes; 
Definir e garantir a execução da visão e estratégia da alta direção da empresa. 
Nos tempos atuais busca-se exaustivamente a excelência em qualidade, com 
plena satisfação do cliente. Além da qualidade intrínseca, outros fatores, como custo, 
atendimento, moral, segurança e meio ambiente, foram incorporados ao conceito de 
qualidade total, complementando o que se convencionou chamar de matriz da qualidade 
(TRINDADE et al., 2000). 
 
3.4. Matriz da qualidade total 
De acordo com CAMPOS (1992), para que a empresa sobreviva, é necessário 
ampliar a preferência dos clientes, colocando sempre no mercado produtos que melhor 
se adequam às suas necessidades, isto é, que tenham alta qualidade, baixo custo e preçoscompetitivos; atender ao cliente no prazo, no local e nas quantidades certas; assegurar 
que as pessoas envolvidas no processo produtivo e os clientes possam ter segurança na 
produção e no consumo. Como alicerce de todos esses itens, esta produção deve 
acontecer em um ambiente de satisfação, realização e amor pelo trabalho (moral). 
A este conceito de qualidade procurou-se acrescentar a questão do meio 
ambiente, devido à sua importância. Assim, a matriz da qualidade passa a ser composta 
pelos seguintes itens: qualidade, custo, atendimento, moral, segurança e meio ambiente 
(Figura 1). 
 
12 
 
QUALIDADE
TOTAL
MORAL
QUALIDADE
CUSTO
ATENDIMENTO
SEGURANÇA
MEIO AMBIENTE
 
Figura 1. Matriz da Qualidade Total (adaptada de Campos, 1992). 
 
3.4.1. Qualidade 
Esta dimensão está diretamente ligada à satisfação do cliente. Portanto, a 
qualidade é medida através das características da qualidade dos produtos ou serviços 
finais ou intermediários da empresa. Ela inclui a qualidade do produto ou serviço 
(ausência de defeitos e presença de características que irão agradar o consumidor), a 
qualidade da rotina da empresa (previsibilidade e confiabilidade em todas as operações), 
a qualidade do treinamento, a qualidade da informação, a qualidade das pessoas, a 
qualidade da empresa, a qualidade da administração, a qualidade dos objetivos, a 
qualidade do sistema, a qualidade dos engenheiros, etc. (CAMPOS, 1992). 
Segundo MLLER (1992), uma pesquisa Gallup, nos Estados Unidos, 
constatou que os consumidores estão dispostos a pagar mais, por qualidade melhor, nas 
seguintes porcentagens, segundo o tipo de produto: veículos – 36%; utensílios 
domésticos – 55%; calçados – 135%; eletrodomésticos – 66%; e móveis – 74%. 
Nas empresas que já possuem o certificado da série ISO 9000 esta dimensão é 
plenamente atendida, já que para a empresa ser certificada ela necessita ter um sistema 
de gestão da qualidade implantado. 
Várias empresas brasileiras já possuem certificado pelas normas ISO 9000. 
Segundo BANAS (1998), já se ultrapassou a casa de 2.000 empresas certificadas. 
Dentre as empresas de base florestal certificadas, segundo Trindade (2000), destacam-se 
13 
 
as fábricas de celulose e papel; aglomerados e compensados; e mineiro-metalúrgicas. A 
área florestal, na maioria destas empresas, ainda está fora do contexto da certificação, 
porém com algumas já iniciando o processo. 
Na atividade de colheita as operações são realizadas em cadeia; dessa forma, 
uma má qualidade, em qualquer etapa, irá afetar as etapas subsequentes do processo. 
Quanto mais no início do processo a má qualidade acontecer, maior será o seu efeito, 
pois isto possivelmente afetará todas as operações subsequentes (JACOVINE et al., 
1997). 
 
3.4.2. Custo 
O custo pode ser visto não só como custo final do produto ou serviço, mas 
devem-se incluir também os custos intermediários. Qual o custo médio de compras? 
Qual o custo de vendas? Qual o custo de recrutamento e seleção? O preço é também 
importante, pois ele deve refletir a qualidade. Cobra-se pelo valor agregado (CAMPOS, 
1992). 
3.4.2.1. Custos da Qualidade 
Em um programa de gestão da qualidade é importante que se faça uma 
abordagem econômica sendo possível assim mensurar os investimentos e as perdas com 
a não qualidade. Com isso é possível determinar o retorno financeiro que poderia ser 
tingido com a implantação de um projeto de melhoria. 
A relação custo/qualidade é muito importante na sobrevivência de uma 
organização, particularmente na busca de uma maior competitividade e na busca de 
novos clientes. Pesquisas conduzidas nos Estados Unidos e Alemanha demonstram que 
os custos com não-conformidades podem chegar a 20 % das vendas e que atrair um 
novo cliente custa, em média, seis vezes mais que manter um existente (CARVALHO et 
al., 2005). 
Segundo este mesmo autor, os custos da qualidade são divididos em dois grupos, 
os custos de controle os quais possuem caráter preventivo e os custos de falhas, os quais 
possuem caráter corretivo. Os custos de controle são divididos em prevenção e 
avaliação e os custos de falhas no controle são divididos em falhas internas e falhas 
externas. 
14 
 
Robles, 1994 subdivide os custos da qualidade em quatro categorias que se 
relacionam entre si, Custos de prevenção, Custos de Avaliação, Custos de Falhas 
Internas e Custo de Falhas externas, não dividindo assim em custos de controle e custos 
de falhas. no controle como o apresentado anteriormente. 
 
3.4.2.2. Classificação dos Custos da Qualidade 
Como discutido anteriormente, os custos da qualidade são divididos em Custos 
de Prevenção, Custos de Avaliação, Custos de Falhas Internas e Custos de Falhas 
Externas e estes serão detalhados a seguir. 
 
a) Custos de Prevenção 
Estes custos são as despesas efetuadas pela empresa para impedir que falhas 
sejam cometidas, sendo na verdade, um investimento que a empresa faz visando evitar 
os custos da má qualidade. São gastos associados às medidas para planejar a qualidade, 
visando prevenir a falta de qualidade em produtos e serviços, sendo assim podem ser 
custos de planejamento da qualidade e custos de controle de processo (CARVALHO 
et.al, 2005). 
Exemplos destes custos são treinamento e administração para a qualidade, 
manutenção preventiva de equipamentos, pesquisas relacionadas com a garantia dos 
produtos, suporte técnico a vendedores, identificação das necessidades de marketing e 
exigência dos clientes, tecnologia e equipamentos (ROBLES, 1994). 
Crosby (1994) ainda cita como custos de prevenção, estudos do design, 
qualificação do produto, avaliações de fornecedores, planejamento da recepção, 
auditorias da qualidade, treinamentos para operação e outros. 
 
b) Custos de Avaliação 
Estes custos estão relacionados à avaliação de produtos e serviços com o 
objetivo de verificar a existência de falhas e não conformidades antes que estes 
cheguem aos clientes internos e externos. São custos que se incorrem durante as 
inspeções, testes e outras avaliações planejadas com a finalidade determinar a 
conformidade com os requisitos (CROSBY, 1994). O mesmo autor ainda cita como 
15 
 
exemplo de custos de avaliação a inspeção e teste de protótipo, análise de conformidade 
com a especificação da produção, aceitação do produto e inspeção de embalagem. 
Robles (1996) ainda cita como custos de avaliação, os custos com equipamentos, 
testes e inspeção nos materiais comprados, inspeções e auditorias nas operações e 
produtos, inspeção do desempenho do produto nas condições e ambientes dos clientes e 
auditorias nos estoques de produtos acabados. 
 
c) Custos de Falhas Internas 
As falhas são as não conformidades e defeitos em produtos e serviços. As falhas 
internas são detectadas antes que o produto chegue ao cliente, ou seja, são detectadas 
internamente na organização. São falhas em projetos, compras, suprimentos, 
programação, controle da produção e falhas na própria produção. (ROBLES, 1996). O 
mesmo autor ainda cita como exemplos de custos de falhas internas, retrabalhos, 
refugos, sucatas, compras não planejadas, descontos nos preços de vendas de produtos 
com pequenos defeitos, manutenção corretiva, horas extras para recuperar atrasos, 
tempo de análise das causas das falhas e ainda custos financeiro do estoque para suprir 
eventuais falhas. 
Os custos com refugos, decorrentes da produção que não satisfaz os padrões de 
qualidade, são obtidos pela diferença entre os custos incorridos até o ponto de rejeição e 
o valor de disposição ou venda a um cliente menos exigente por preço mais baixo que o 
previsto (CARVALHO et. al, 2005). 
 
d) Custos deFalhas Externas 
São as não conformidades e defeitos em produtos e serviços, porém, estes não 
foram detectadas antes que o produto chega-se ao cliente, ou seja, são detectadas fora da 
organização pelos próprios clientes. Estes estão associados às devoluções, queixas e 
reclamações dos clientes. 
Exemplos de custos de falhas externas são vendas perdidas, assistência técnica 
fora da garantia, reposição para manter a imagem, multas, retrabalho, refaturamento, 
garantias e ainda o bem estar dos clientes (ROBLES, 1994). 
16 
 
Carvalho et al. (2005), ainda cita os custos de identificação para descobrir a 
origem dos defeitos, processos judiciais acionados pelos clientes e recolhimento do 
produto e recalls. 
 
e) Custos da Má Qualidade 
De acordo com Juram (1991) os custos da má qualidade são provenientes do fato 
de uma organização não produzir corretamente desde a primeira vez. Quando ocorre a 
má qualidade em uma organização, esta perde por produzir um produto que será 
rejeitado ou desclassificado e vendido a um preço que pode ser inferior ao seu custo de 
produção. E ainda perde-se pelo gasto no tratamento desta má qualidade, quando este 
tempo poderia ser utilizado para produzir produtos de boa qualidade. 
Estão incorridos os custos não explícitos, como a perda dos clientes e da imagem 
da empresa. 
 
3.4.2.3. Relações entre os Custos da Qualidade 
O custo total da qualidade é a soma das categorias de custos, e na medida em 
que se aumentam os custos em uma categoria, consequentemente interfere-se na outra. 
É necessário alcançar um equilíbrio econômico entre estes custos não fazendo assim um 
gasto excessivo para se alcançar a qualidade e nem perdendo com falhas de forma a 
comprometer o lucro e a imagem da organização. 
Sendo assim é importante identificar um ponto ótimo de investimento na 
qualidade. Por isso a importância de se entender como estes custos se relacionam. 
Na medida em que se aumentam as ações de prevenção, diminuí o número de 
falhas e consequentemente os custos totais das falhas, devendo-se buscar uma relação 
custo-benefício entre os gastos com prevenção. (ROBLES, 1996). Quando se deseja 
aumentar o nível de qualidade, é necessário aumentar os gastos com prevenção e 
avaliação, ou seja, os recursos são utilizados para evitar que ocorram os problemas com 
a qualidade. Neste sentido, os custos com falhas serão menores, e se o nível de 
qualidade for muito baixo, os custos de prevenção e avaliação são baixos e os custos de 
falhas são altos (CARVALHO, 2005). 
17 
 
Robles (1996), ainda cita as seguintes relações entre os custos: quanto maior os 
custos com prevenção menor será a produção de unidades defeituosas, quanto maiores 
os custos com avaliação menores serão os custos de falhas externas, pois as unidades 
defeituosas serão descobertas antes que cheguem aos clientes. 
 
3.4.2.4. Importâncias do levantamento dos Custos da Qualidade 
Existem várias vantagens na avaliação dos custos da qualidade, as informações 
geradas servem para demonstrar de forma clara e em termos financeiros à empresa o 
quanto ela está investindo em qualidade e quanto ela esta perdendo por deixar de 
investir. As informações ainda servem como entradas para a análise crítica da direção 
visando tomadas de decisão e elaboração de ações corretivas. Fornece um meio de 
medir o verdadeiro impacto da ação corretiva e das mudanças exigidas pelas melhorias 
implantadas no processo. 
De acordo com Crosby (1994) a finalidade de se calcular os custos da qualidade 
é chamar a atenção da gerência e proporcionar uma base de cálculo para se verificar a 
melhoria da qualidade e quando a operação conhecer este custo pode-se estabelecer os 
objetivos para a redução dos mesmos. 
Os custos da qualidade fornecem dados para uma melhor decisão, apontam os 
desvios, mostram as tendências e ainda são indicadores pelos quais as gerências devem 
se orientar para, julgar desempenho, diminuir os custos das falhas e da avaliação, e 
dosar melhor os gastos com a prevenção (MOSSO, 2001). 
Robles (1994) cita alguns objetivos de se mesurar os custos da qualidade, como 
por exemplo, avaliar os programas de qualidade, revelar o impacto financeiro das 
decisões de melhoria da qualidade, revelar por meio de relatórios o sucesso da 
administração em cumprir com os objetivos da qualidade, fixar objetivos e recursos para 
treinamento de pessoal entre outros. 
Também, podem ser considerados objetivos principais da avaliação dos custos 
da qualidade a quantificação do tamanho do problema da qualidade em linguagem que 
tenha impacto sobre a administração superior, identificar as principais oportunidades 
para a redução dos custos e ainda identificar as oportunidades para diminuir a 
insatisfação do consumo e as respectivas ameaças a facilidade de venda. 
(JURAM,1991). 
18 
 
3.4.3. Atendimento 
Nesta dimensão da qualidade total são medidas as condições de entrega dos 
produtos ou serviços finais e intermediários de uma empresa: índices de atrasos de 
entrega, índices de entrega em local errado e índices de entrega de quantidade errada. 
Para que o atendimento seja adequado, os produtos/serviços devem ser entregues no 
prazo certo, no local certo e na quantidade certa (CAMPOS, 1992). 
Quando se deseja qualidade, segundo COUTO (1994), é absolutamente 
necessário atender bem o cliente. 
O cliente é aquele (pessoa, instituição ou processo) que recebe e utiliza o 
produto. De acordo com FREITAS et al. (1994), o cliente pode ser classificado em dois 
tipos: 
Cliente externo – é quem, no final das contas, irá comprar o produto ou serviço, 
garantindo a sobrevivência do negócio ou da atuação profissional e; 
Cliente interno – cada processo dentro do sistema como um todo é o cliente do 
processo anterior, enquanto o processo anterior é o seu fornecedor. Se cada pessoa 
responsável por um processo considerar o próximo processo como seu cliente, atentar 
cuidadosamente para seus requerimentos e necessidades e estiver preparada para 
discuti-los de maneira sincera e aberta, problemas como disputas e rivalidades entre 
áreas desaparecerão da empresa. 
Segundo JURAN (1990), dentro de uma organização todos têm um triplo papel, 
isto é, ora se é cliente, ora se é processador e ora se é fornecedor. Quando estas posições 
são conhecidas, amplia-se a relação cliente-fornecedor, possibilitando melhor 
processamento, com fornecimento mais adequado e que melhor atenda ao cliente 
(interno e externo) a que se esteja relacionado. 
 
3.4.4. Moral 
Esta é a dimensão que mede o nível médio de satisfação de um grupo de 
pessoas, que pode ser o grupo de todos os empregados da empresa ou os empregados de 
um departamento ou seção. Este nível médio de satisfação pode ser medido de várias 
maneiras, como o índice de “turn-over”, absenteísmo, índice de reclamações 
trabalhistas, etc. (CAMPOS, 1992). 
19 
 
BUSCHINELLI et al. (1993) afirmam que E. Mayo é o principal formulador e 
defensor da tese de que o homem tem a necessidade psicológica de sentir-se membro de 
um grupo social. Assim, além da recompensa financeira, entende-se que o trabalhador 
necessita encontrar na organização da produção situações que favoreçam a cooperação e 
a sua integração. Ganham ênfase, nessa vertente, as recompensas sociais e simbólicas, o 
respeito aos grupos que vão se estabelecendo no interior da planta industrial, os 
aspectos econômicos, em suma, as relações humanas. 
Conforme COUTO (1994), a revolução da qualidade, ocorrida nos últimos anos, 
está mexendo mais profundamente nas empresas do que se poderia imaginar, pois para 
haver qualidade total é absolutamente necessário que se resgatem alguns valores 
importantessobre como lidar com os seres humanos que trabalham nas empresas. Isto 
quer dizer que, aplicando-se de forma correta boas teorias a respeito do ser humano, e 
com um pouco de organização e método para aplicá-las, os resultados aparecem sob a 
forma de qualidade e melhoria da produtividade. 
Uma empresa que se proponha a trabalhar com qualidade tem que assimilar a 
noção de que deverá incluir técnicas de melhoria no processo, a serem praticadas por 
pessoas que deverão estar possuídas de uma motivação correta para tal. E é exatamente 
neste ponto, o da motivação adequada, que muitos programas fracassam: seus 
administradores aprendem as técnicas, mas não aprendem que o ser humano é uma 
“ferramenta”, uma “máquina” extremamente complexa, dotada de algo que só ele tem, a 
motivação, e que, para que esta motivação esteja funcionando para o lado desejado, para 
o lado da qualidade, há necessidade de uma série de posturas fundamentais da 
administração da empresa ou da área (COUTO, 1994). 
Segundo CAMPOS (1992), a insatisfação é um estado natural do ser humano, o 
qual fica satisfeito em situações momentâneas, retornando sempre ao seu estado natural, 
que é a insatisfação. Se um ser humano convive com um grupo de pessoas que têm suas 
necessidades básicas atendidas, ele desfrutará do estado de satisfação mais 
freqüentemente e o grupo de pessoas estará num “estado de saúde mental” ou “elevado 
moral”. Isto significa que é impossível avaliar o grau de satisfação de um grupo de 
pessoas (moral) através de uma só pessoa, pois esta poderá estar satisfeita hoje e 
insatisfeita amanhã. O que realmente importa é o nível de satisfação médio do grupo a 
que se atribui o nome de moral. Este nível de satisfação médio é a “motivação”. 
20 
 
Para Maslow, citado por FREITAS et al. (1994), todos os seres humanos 
possuem necessidades básicas que se apresentam concomitantemente, em graus de 
intensidade diferentes. As necessidades fisiológicas seriam a primeira a ser atendida. 
Em seguida viriam as necessidades de segurança, como proteção da sua família e 
estabilidade no emprego. As necessidades de caráter social viriam em seguida 
(sentimento de aceitação, amizade, de pertencer ao grupo, etc.). Atendidas estas, 
seguem-se as necessidades voltadas para auto-estima, autoconfiança, reputação, etc. 
Finalmente, viriam necessidades ligadas à auto-realização, ou seja, ao desejo de tornar-
se aquilo que é capaz. 
Segundo FRANKLIN (1999), apenas o empregado motivado terá condições de 
garantir qualidade para o cliente, de forma contínua e sustentável. Assim, as 
organizações devem estar sensíveis aos propósitos de seus empregados e, sobretudo, 
devem ser capazes de alinhar os propósitos organizacionais aos de seus empregados, de 
forma a estabelecer um regime de parcerias entre as partes, resultando num clima 
sinérgico positivo. O descompasso entre esses propósitos pode se tornar um 
complicador nas relações entre ambos. 
As pesquisas em empresas revelam que nem todos os funcionários estão 
motivados a fazer o melhor possível todos os dias. MLLER (1992) relata um estudo 
sobre a força de trabalho nos Estados Unidos, conduzido em 1983 pelo Public Agenda 
Forum, que revelou os seguintes resultados: 
 Menos de 25% dos funcionários responderam “sim” à pergunta: “Você 
sempre faz o melhor possível?”; 
 Metade dos entrevistados disse que não dedicavam ao trabalho mais 
esforço que aquele necessário para manterem seus empregos; 
 75% dos funcionários admitiram que poderiam ser muito mais eficazes 
do que estavam sendo naquele momento e; 
 Os funcionários disseram que a razão para o seu desempenho insatis-
fatório era que eles não se sentiam motivados a fazer o esforço que 
sabiam ser capazes de fazer. 
Conforme MLLER (1992), o caso dos Estados Unidos não é especial; essas 
constatações valem para a maior parte das nações industrializadas do mundo. 
 
21 
 
3.4.5. Segurança 
Sob esta dimensão avaliam-se a segurança dos empregados e a segurança dos 
usuários do produto. Mede-se aqui a segurança dos empregados através de índices, 
como número de acidentes, índice de gravidade, etc. A segurança dos usuários é ligada 
à responsabilidade civil pelo produto (CAMPOS, 1992). 
Segundo BUSCHINELLI et al. (1993), com o advento do capitalismo houve 
uma transformação da relação do homem com a natureza, podendo-se identificar os 
seguintes tipos de relações: 
Cooperação simples – o trabalhador interage com um número bastante limitado 
de objetos naturais e despende muito esforço físico, apresentando gasto calórico 
bastante elevado. No entanto, dada a autonomia do trabalhador em termos de 
mobilidade e liberdade de movimentos no processo de produção, o trabalho não se 
caracteriza pela monotonia. 
Manufatura – a alteração no padrão de desgaste provocado pelo trabalho deve-
se, fundamentalmente, à nova divisão técnica deste, que concentra grupos de 
trabalhadores em poucas atividades, limitando a sua mobilidade e introduzindo a 
monotonia e a repetição. A ruptura entre a concepção e a execução do trabalho 
repercute no equilíbrio psíquico do trabalhador, agravado pela exigência de maior 
concentração na mesma atividade, durante uma jornada de trabalho prolongada. 
Maquinaria – a fonte energética deixa de ser força humana com a substituição 
das ferramentas artesanais pela máquina de impulsão mecânica. Se o gasto calórico 
agora é menor, surgem novos fatores de desgaste: o predomínio quase absoluto de 
movimentos estereotipados e repetitivos; o trabalho por turnos rotativos, com 
implicações sobre o ciclo circadiano (transtornos gastrointestinais, sexuais, distúrbios 
do sono, etc.) e sobre a vida social e familiar do trabalhador; os objetos naturais do 
trabalho são muito mais diversificados, com aumento dos riscos físico-químicos; 
intensifica-se o ritmo de trabalho; e as técnicas taylorista e fordista de gestão provocam 
a fadiga física e mental dos trabalhadores. 
Automação – ao se introduzir o controle computadorizado do processo de 
trabalho, este vai sendo progressivamente limitado apenas à atividade de vigilância. É 
introduzida a automação nos ramos de produção, como na química, petroquímica e 
metalúrgica, que não só expõe o trabalhador a objetos de trabalho de alta periculosidade 
22 
 
e contaminação, como espraia esses riscos para as populações circunvizinhas à planta 
industrial e contamina o meio ambiente. Além disso, com a automação, os trabalhadores 
são submetidos a formas de organização do trabalho que implicam sua imobilidade, 
associada à monotonia e à exigência de grande concentração de sua parte, gerando 
situações de grande tensão. A redução da exigência do esforço físico vem acompanhada, 
assim, de significativo desgaste psíquico do trabalhador, expresso em sintomatologias 
de fadiga, estresse e demais patologias psicossomáticas e nervosas. 
Poeiras, substâncias químicas tóxicas, ruído, vibração, calor e frio excessivos, 
radiações, microrganismos, movimentos repetitivos, tensão, monotonia, organização do 
trabalho e suas cargas psíquicas são responsáveis por danos à saúde dos trabalhadores, 
que se apresentam sob formas variadas: da sensação indefinida de desconforto e 
sofrimento a doenças profissionais clássicas e acidentes do trabalho (BUSCHINELLI et 
al., 1993). 
As questões ligadas à segurança e saúde ocupacional estão cada vez mais 
ganhando força nas discussões, quer sejam nacionais ou internacionais. Um exemplo 
claro disso é o surgimento da norma BS 8800, que trata justamente dessa questão. As 
empresas, por sua vez, estão procurando se adequar a essa norma, reafirmando a 
importância da questão (SOUZA et al., 1999). 
A introdução de máquinas para a realização detarefas que antes eram realizadas 
manualmente motivou, em parte, a organização do trabalho. Entretanto, elas expõem os 
operadores a riscos de acidentes provocados pela falta de condições mínimas de 
segurança. Essa situação agrava-se ainda mais quando são constatados casos em que 
trabalhadores despreparados e, portanto, sem treinamento adequado propõem-se a 
operar máquinas sofisticadas, podendo contribuir para a ocorrência de acidentes de 
trabalho, em alguns casos com extrema gravidade (LIMA, 1998). 
Segundo LOPES et al. (1999), na atividade de colheita florestal ainda ocorrem 
muitos acidentes, cujas principais causas têm sido a falta de experiência e de 
treinamento, a utilização de máquinas e ferramentas inadequadas e a falta de uso dos 
equipamentos de proteção individual (EPIs). Portanto, a segurança nas operações de 
colheita de madeira depende do oferecimento de treinamentos regulares, máquinas e 
ferramentas em boas condições de uso e equipamentos de proteção individual em bom 
estado de conservação, como também da própria conscientização dos operadores sobre 
os riscos de acidentes. 
23 
 
 
3.4.6. Meio Ambiente 
Aborda-se aqui a interferência do homem e o seu trabalho no meio ambiente. 
Também se pode incluir nessa dimensão o aspecto do ambiente de trabalho do 
funcionário. 
O desenvolvimento de processos e produtos ambientalmente mais corretos 
oferece rara oportunidade de colocar em prática nossas convicções e nossos valores no 
trabalho. Assim, exerce-se o desejo pessoal de contribuir para a limpeza ambiental e 
garantir um futuro mais seguro para nossos filhos (CASTRO, 1996). 
O enfoque ambiental que a empresa der a seus produtos lhe garantirá uma 
vantagem comparativa no mercado. Segundo uma pesquisa realizada pela agência de 
publicidade Backer Spielvogel Bantes, citado por CASTRO (1996), foi constatado que 
67% dos consumidores americanos estão dispostos a mudar de marca, a fim de escolher 
uma com embalagem ambientalmente segura. A mesma pesquisa mostrou que uma 
proporção maior de consumidores de outros países faria tal coisa: 90% na ex-Alemanha 
Oriental, 88% na ex-Alemanha Ocidental, 84% na Itália e 82% na Espanha. 
O atendimento a esta dimensão fica facilitado em empresas que têm implantado 
um sistema de gestão ambiental. 
A gestão ambiental pode ser definida como um conjunto de procedimentos para 
gerir ou administrar uma organização na sua interface com o meio ambiente. É a forma 
pela qual a empresa se mobiliza, interna ou externamente, para a conquista da qualidade 
ambiental desejada (MAIMON, 1999). 
As empresas do setor florestal brasileiro estão implantado sistemas de gestão 
ambiental e buscando a certificação pelas normas ISO 14000. Por outro lado, algumas 
empresas estão procurando a certificação florestal. 
A certificação ambiental de processos e produtos é uma tendência internacional, 
e as empresas de todo o mundo vêm se adequando, em resposta à demanda dos 
consumidores. A série ISO 14000 busca estabelecer normas de gestão ambiental das 
organizações e harmonizar as regras de gerenciamento ambiental. Essa norma não 
determina os níveis de desempenho a serem atingidos e não pode servir como rótulo 
ecológico do produto. A ISO 14001 requer que a legislação seja obedecida e se constitui 
num arcabouço ou instrumento de incentivo para as organizações definirem sua política 
24 
 
em relação ao meio ambiente em que operam, estabelecendo objetivos e implementando 
ações para alcançarem suas metas e seus compromissos de monitoramento e melhoria 
contínua (SOUZA et al., 1999). 
As recomendações dos sistemas de certificação florestal, como o FSC (Forest 
Stewardship Council), aparecem como determinantes na performance de manejo 
florestal das organizações e propriedades florestais, exigindo o cumprimento de padrões 
em conformidade com seus princípios e critérios. O certificado concedido pelo sistema 
FSC indica que a empresa adota o bom manejo em sua floresta (MACHADO et al., 
2000). 
A colheita e o transporte florestal são atividades impactantes ao meio ambiente, 
independentemente da forma que é realizada; o que se deve procurar é impactar o 
mínimo possível. 
A interação entre as diferentes operações da colheita florestal e a forma de 
executá-las, bem como suas influências sobre o solo, a água e os valores estéticos das 
florestas, fatalmente colocarão restrições e limitações aos sistemas atualmente utilizados 
pelas empresas. Sistemas que favorecem a compactação e erosão de solos, o acúmulo de 
resíduos da colheita florestal e que, de certa forma, afetam a regeneração das árvores 
deveriam ser gradualmente adequados, para se atingir um balanço entre produtividade 
econômica e manutenção do meio ambiente (DONATI, 1992). 
Com as pressões ambientais surgidas de todas as partes do mundo, as empresas 
florestais brasileiras estão se adequando para atender as exigências tanto do mercado 
externo quanto do interno. A colheita e o transporte florestal, como parte integrante do 
processo de produção florestal, também devem se adequar a estas novas exigências 
(SOUZA et al., 1999). 
 
3.5.Padronização de atividades do fomento florestal 
Com o principal de objetivo de estabelecer os procedimentos técnicos, 
operacionais e ambientais, referentes às atividades de silvicultura e colheita no 
Programa Produtor Florestal a empresa confeccionou o Manual de Assistência Técnica 
para ser repassado aos produtores fomentados, as recomendações são passadas através 
de laudos técnicos, como forma de orientá-los na execução do projeto florestal 
contratado. A intenção deste manual é disponibilizar, em um único documento, 
25 
 
informações normativas necessárias à execução das atividades de silvicultura e colheita 
dentro do programa produtor florestal, garantindo a manutenção dos padrões de 
Qualidade, Meio Ambiente, Saúde e Segurança exigidos pela empresa durante as etapas 
do processo. 
Deste modo os analistas operacionais têm uma ferramenta que serve para nortear 
produtores e prestadores de serviços, e estes, agindo conforme as recomendações 
escritas executarão as operações de forma a garantir uma melhor qualidade no produto 
final. Por sua vez o analista pode cobrar a execução da forma que foi recomendada, 
visto que o manual aparece como um balizador para execução das atividades. 
O Manual de Recomendação Técnica pode ser visto no Apêndice deste trabalho. 
26 
 
4. METODOLOGIA 
O trabalho procurou abranger parte da região atendida pelo Programa de 
Fomento Florestal da Empresa onde foram aplicados questionários á parte dos 
produtores rurais inseridos no programa, a escolha das propriedades que receberam as 
visitas e foram aplicados os questionários foi feita de forma aleatória (sorteio) a fim de 
eliminar variáveis tendenciosas e de se ter uma maior diversidade das amostras. 
A pesquisa foi desenvolvida de forma que gerasse conhecimentos para dar 
suporte para a criação de uma metodologia para verificar o nível de qualidade nas 
operações florestais no fomento florestal. 
Deste modo foram feitas pesquisas bibliográficas e documentais, levantamentos 
de dados e aplicação de questionários à parte dos produtores inseridos no programa da 
empresa. 
O trabalho foi desenvolvido em etapas que foram pré-determinadas em reuniões 
técnicas envolvendo pesquisador da UFV, especialista, analistas de operações e 
coordenadores da empresa. 
As etapas principais foram : 
1) Pesquisa bibliográfica para embasar os principais conceitos sobre os sistemas 
de gestão da qualidade e também sobre a análise dos custos da qualidade, a fim de 
encontrar arcabouço teórico que enriqueça e consolide cientificamente o trabalho 
realizado.2) Visita Técnica, realizada por toda a equipe de pesquisadores envolvidos no 
desenvolvimento do projeto, à área de estudo. 
3) Seleção através de sorteio e indicação do próprio analista da região, das 
propriedades que foram visitadas pelo pesquisador onde foram aplicados os 
questionários e fichas de verificação das operações. 
4) Acompanhamento das realizações das operações de plantio em projetos do 
fomento, a fim de verificar todas as operações recomendadas pela a empresa visando 
assim identificar onde aplicar a metodologia . 
5) Seleção das operações que fizeram parte do estudo. 
6) Elaboração dos planos de ação visando propor melhorias no processo e 
eliminar os custos de falhas internas e externas. 
27 
 
7) Elaboração da metodologia para verificar a qualidade nos plantios dos 
produtores florestais. 
8) Através dos dados obtidos com a pesquisa foi montado um diagnóstico, 
composto por textos e planilhas a fim de criar ferramentas que poderão auxiliar o gestor 
do empreendimento na tomada de decisões no que diz respeito ás execuções das 
operações em estudo, com um nível de qualidade desejável. 
Esta etapa do trabalho objetivou avaliar a metodologia, compilar os dados coletados em 
cada avaliação e obter um resultado significativo que apresente suporte técnico para a 
gestão das atividades no fomento da empresa. 
 Deste modo, a partir da aplicação em cada operação previamente escolhida foi 
confeccionado um formulário especifico que resultou em gráficos distintos. 
 Para tanto se tomou por base o Manual de Recomendação Técnica da empresa 
como um direcionador do trabalho, sendo este a base de informações passadas para os 
produtores e prestadores de serviços. Portanto a metodologia se baseou em verificar se 
tais recomendações são respeitadas e quais os efeitos das mesmas sobre o produto final 
do empreendimento. 
 Como resultados de avaliação e ferramentas sugeridas para este trabalho várias 
são as formas apresentadas, podendo utilizar gráficos de vários modelos. 
 Através destes gráficos o gestor do empreendimento poderá tomar suas decisões 
quanto a quais ações serão executadas, sejam de ordem operacional ou administrativa, 
onde cada caso pode ser analisado de forma conjunta ou isolado. 
 
4.1. Caracterização da área de estudo 
O estudo foi desenvolvido nos plantios de eucaliptos pertencentes ao Programa 
produtor Florestal da Empesa, situados no Norte do Espirito Santo e Extremo Sul da 
Bahia, respectivamente, entre as latitudes 16°45’S e 20°15’S e longitudes 39°15’W e 
41°15’W, como mostra a Erro! Fonte de referência não encontrada.. 
Ocupa parte dos municípios de Aracruz, Fundão, Serra, São Mateus, Conceição 
da Barra e Pinheiros no Estado do Espirito Santo e áreas em Mucuri, Nova Viçosa, 
Caravelas, Alcobaça, Prado e Teixeira de Freitas no Estado da Bahia. 
 
28 
 
 
 
Figura 2. Área de estudo compreendendo o norte do Estado do Espírito Santo e sul do 
estado da Bahia. 
 
A região de estudo no norte do Espirito Santo está inserida na Baixada Espírito-
santense que acompanha toda a costa capixaba, da fronteira com a Bahia até o limite 
com o Rio Janeiro, estreita ao sul e alarga-se consideravelmente a partir de Aracruz, no 
sentido norte, esta baixada ocupa de 40% do território estadual. Nesta região são 
encontrados dois tipos de solos segundo a classificação de Kõppen, sendo eles o Aw 
(Clima Tropical Úmido, com Estação Chuvosa no Verão e Seca no Inverno). Este tipo 
climático é o que abrange a maior área do Estado, ocorrendo em mais ou menos 70% da 
superfície do mesmo. Encontra-se nas baixadas Litorâneas, no Tabuleiro Terciário e em 
todo o interior norte do Estado e o Am (Clima Tropical Úmido, sem Estação Seca 
Pronunciada). Ocorre em uma faixa paralela à costa, desde Conceição da Barra até o 
limite com a Bahia. O solo apresentado nesta região em sua maioria se caracteriza por 
Podzólico Amarelo, esta classe é constituída de solos minerais, com horizonte A 
moderado, ou A proeminente, transição abrupta entre os horizontes A e B nos solos 
encontrados na região de São Mateus e sul da Bahia, moderadamente drenados, com 
textura variando de arenosa a média no horizonte A e média a argilosa no horizonte B. 
A temperatura média anual de 24,1°C, variando de 25° a 30° no verão e 19° a 
21° no inverno, podendo ser considerado o clima megatérmico, não muito quente por 
29 
 
causa do vento Nordeste que o torna ameno. O índice de precipitação pluviométrica 
média anual de 1.313mm. As chuvas ocorrem mais intensamente entre os meses de 
outubro a abril, período em que chove de 1.000 a 1.100mm, aproximadamente 75% do 
total anual. A topografia predominantemente se apresenta como plana a suavemente 
ondulada, possui 97% de sua área com declividade abaixo de 30% e baixadas 
alagadiças. A maioria dos plantios de eucaliptos avaliados neste estudo se enquadra 
dentro destas duas grandes áreas descritas nos parágrafos anteriores. 
O Extremo Sul da Bahia é uma região que está classificada pelo Estado da Bahia 
sob duas vertentes: como um território de identidade, um projeto que o Estado elaborou 
para mapear sua diversidade cultural, e a outra classificação é dada através daquilo que 
a região produz nos principais setores da economia, sendo uma região econômica entre 
as quinze delimitadas pelo Governo da Bahia; segundo a classificação do IBGE para 
microrregiões, na Bahia, o município de Porto Seguro representaria toda essa área que é 
o Extremo Sul, existindo então a microrregião de Porto Seguro que abrangeria todos os 
municípios localizados no Extremo Sul do Estado. O Extremo Sul é composto por vinte 
e um municípios e suas fronteiras estão demarcadas da seguinte forma: ao Norte, 
Sudoeste da Bahia e Litoral Sul da Bahia; ao Sul, com o Estado do Espírito Santo; a 
Oeste, com Minas Gerais; e, a Leste, com o Oceano Atlântico. A sua posição geográfica 
no mapa do Brasil é privilegiada (figura 01), haja vista a região participar de um dos 
trechos mais importantes da BR 101 que faz a transição entre o Sudeste e o Nordeste do 
País. 
De acordo com a classificação de Köppen, o clima da região é do tipo Am, 
tropical chuvoso, de monção, com inverno seco e mês mais frio com precipitação 
inferior a 60 mm e temperatura superior a 18 °C (Siqueira et al., 2004). 
A área está inserida no domínio dos Tabuleiros Costeiros, caracterizada por 
sedimentos do Cenozóico do Grupo Barreiras, constituídos de materiais argilosos ou 
argilo-arenosos com espessura variada em conformidade com as ondulações do 
substrato rochoso (biotita e, ou, hornblenda-granada gnaisses do Complexo Paraíba do 
Sul-Pré-Cambriano) que ocasionamente aflora, influenciando as formas do modelado 
(DNPM, 1984; Silva et al., 1987). 
Os solos da região são predominantemente Latossolos Amarelos e Argissolos 
Amarelos, encontrando-se, também, em menor expressão, os Espodossolos, Argissolos 
30 
 
Acinzentados, Neossolos Quartzarênicos e Plintossolos (Embrapa, 1995; Jacomine, 
1996). 
O extremo sul da Bahia apresenta-se como uma região com precipitações 
superiores a 1.000 mm anual. Deve-se destacar a influência dos ventos litorâneos 
úmidos que vem do Atlântico Sul sob a denominação de Massa Tropical Atlântica. 
A análise do regime pluviométrico do sul da Bahia possibilita análise pelas 
linhas isoietas que as mesmas desenvolvem-se paralelamente ao litoral, tendo uma perda 
gradativa da costa em direção ao interior do continente, com valores costeiros em torno 
de 1.350 mm e em áreas continentais próximas de 1.050 mm. 
A temperatura média anual compensada na região é de 24,4 ºC. Esta 
temperatura é justificada pelo fato da região pertencer a uma faixa zonal de baixa

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