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Resumo 6

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DIREITO CONSTITUCIONAL I
Direitos e Garantias Fundamentais
Princípio do Juiz Natural
(Art. 5º, XXXVII e LIII)
	A Constituição Federal prevê, em dois incisos do art. 5.°, o princípio do juiz natural:
“Art. 5.°.
(..)
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
(...)
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente."
	A imparcialidade do Judiciário e a segurança do povo contra o arbítrio estatal encontram no princípio do juiz natural uma de suas garantias indispensáveis. Boddo Dennewitz afirma que a instituição de um tribunal de exceção implica em uma ferida mortal ao Estado de Direito, visto que sua proibição revela o status conferido ao Poder Judiciário na democracia.
	
Princípio do Juiz Natural
(Art. 5º, XXXVII e LIII)
	Pontes de Miranda ressalta que “a proibição dos tribunais de exceção representa, no Direito Constitucional contemporâneo, garantia constitucional: é direito ao juízo legal comum, indicando vedação à discriminação de pessoas ou casos para efeito de submissão à juízo ou tribunal que não o recorrente por todos os indivíduos”.
	
Juiz Natural
Juiz natural é juiz imparcial, competente e aleatório. É o juiz a que é constitucionalmente atribuído o dever de prestar tutela jurisdiconal e conduzir o processo de forma justa.
Princípio do Juiz Natural
(Art. 5º, XXXVII e LIII)
	Nelson Nery Junior observa que “a garantia do juiz natural é tridimensional. Significa que: 
Não haverá juízo ou tribunal ad hoc, isto é, tribunal de exceção;
Todos têm o direito de submeter-se a julgamento (civil ou penal) por juiz competente, pré-constituído na forma da lei;
O juiz competente tem de ser imparcial”
Princípio do Juiz Natural
(Art. 5º, XXXVII e LIII)
	O juiz natural é somente aquele integrado no Poder Judiciário, com todas as garantias institucionais e pessoais previstas na Constituição Federal. Assim, afirma Celso de Mello que somente os juízes, tribunais e órgãos jurisdicionais previstos na constituição se identificam ao juiz natural, princípio que se estende ao poder de julgar também previsto em outros órgãos, como o Senado nos casos de impedimento de agentes do Poder Executivo.
	O referido princípio deve ser interpretado em sua plenitude, de forma a proibir-se, não só a criação de tribunais ou juízos de exceção, mas também de respeito absoluto às regras objetivas de determinação de competência, para que não seja afetada a independência e imparcialidade do órgão julgador.
Princípio do Juiz Natural
(Art. 5º, XXXVII e LIII)
Justiças especializadas e tribunais de exceção
	As justiças especializadas no Brasil não podem ser consideradas justiças de exceção, pois são devidamente constituídas e organizadas pela própria Constituição Federal e demais leis de organização judiciária. Portanto, a proibição de existência de tribunais de exceção não abrange a justiça especializada, que é atribuição e divisão da atividade jurisdicional do Estado entre vários órgãos do Poder Judiciário. 
Exemplo: juiz arbitral.
Princípio do Juiz Natural
(Art. 5º, XXXVII e LIII)
Tribunais de ética e tribunais de exceção
	Os tribunais de ética instituídos em determinadas ordens profissionais, como a OAB, não são tribunais de exceção, pois constituem-se em organismos disciplinares cujas decisões estão sujeitas no País a uma revisão judicial.
Princípio do Juiz Natural
(Art. 5º, XXXVII e LIII)
Federalização dos crimes contra direitos humanos (art. 109, V-A e §5º-Emenda Constitucional nº45/2004)
	A dignidade da pessoa humana é fundamento da República Federativa do Brasil, que, em suas relações internacionais, rege-se, dentre outros, pelos princípios da prevalência dos direitos humanos, do repúdio ao terrorismo e ao racismo e pela cooperação entre os povos para o progresso da humanidade (art. 4º, II, VIII e IX).
	Os direitos das pessoa humana, nos termos do art. 34, VII, “b”, foram erigidos a princípios sensíveis, a ensejar até mesmo a intervenção federal nos Estados que os estiverem violando.
Princípio do Juiz Natural
(Art. 5º, XXXVII e LIII)
	Também, nos termos do art. 21, I, a União é que se responsabiliza, em nome da República Federativa do Brasil, pelas regras e preceitos fixados nos tratados internacionais. Assim, na hipótese de descumprimento e afronta a direitos humanos no território brasileiro, a única e exclusiva responsável, no plano internacional, será a União, não podendo invocar a cláusula federativa, nem mesmo “lavar as mãos” dizendo ser problema do Estado ou do Município. Isso não é aceito no âmbito jurisdicional.
	
Princípio do Juiz Natural
(Art. 5º, XXXVII e LIII)
	Para servir de orientação, foram considerados crimes contra direitos humanos os seguintes delitos:
Tortura;
Homicídio doloso praticado por agente de quaisquer dos entes federados no exercício de suas funções ou por grupo de extermínio;
Crimes praticados contra as comunidades indígenas ou seus integrantes;
Homicídio doloso, quando motivado por preconceito de origem, raça, sexo, opção sexual, cor, religião, opinião política, idade ou quaisquer outras formas de discriminação, ou quando decorrente de conflitos fundiários de natureza coletiva;
Uso, intermediação e exploração de trabalho escravo ou de crianças e adolescentes, em quaisquer das formas previstas em tratados internacionais.
Promotor Natutal?
Min. Celso de Mello. Pleno do STF:
Reconheceu expressamente o direito ao promotor natural.
“o postulado Promotor Natural, que se revela imanente ao sistema constitucional brasileiro, repele, a partir da vedação de designação casuísticas efetuadas pela chefia da Instituição” (...).
“(...) assegura o exercício pleno e independente do seu ofício”.
Devido Processo Legal, Contraditório e Ampla Defesa (Art. 5º, LIV e LV)
	A Constituição Federal de 1988 incorporou o princípio do devido processo legal, que remonta à Magna Charta Libertatum de 1215, de vital importância no direito anglo-saxão. Igualmente, o art. XI, n.° 1, da Declaração Universal dos Direitos do Homem, garante que
 
"todo homem acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa".
 
	Inovando em relação às antigas Cartas, a Constituição atual referiu-se expressamente ao devido processo legal, além de fazer-se referência explícita à privação de bens como matéria a beneficiar-se também dos princípios próprios do direito processual penal.
Devido Processo Legal, Contraditório e Ampla Defesa (Art. 5º, LIV e LV)
	O devido processo legal configura dupla proteção ao indivíduo:
a) Âmbito material: proteção ao direito de liberdade (art. 5º, LV e 3º, I);
b) Âmbito formal: assegurar-lhe paridade total de condições com o Estado-persecutor e plenitude de defesa (direito a defesa técnica, à publicidade do processo, à citação, de produção ampla de provas, de ser processado e julgado pelo juiz competente, aos recursos, à decisão imutável, à revisão criminal).
Devido Processo Legal, Contraditório e Ampla Defesa (Art. 5º, LIV e LV)
Nelson Nery Jr. Assinala que 
“Trata-se do postulado fundamental do direito constitucional (gênero), do qual derivam todos os outros princípios (espécies).
Princípios derivados do Devido Processo Legal
Principio do Contraditório;
Principio da Ampla Defesa;
Principio da Isonomia;
Principio da Razoabilidade;
Principio Imparcialidade;
Principio da Publicidade;
Principio da Motivação;
Principio da Duração Razoável do Processo
E outros.
Devido Processo Legal, Contraditório e Ampla Defesa (Art. 5º, LIV e LV)
	O devido processo legal tem como consequência: a ampla defesa e o contraditório, que deverão ser assegurados aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral, conforme o texto constitucional expresso (art. 5.°, LV). 
Devido Processo Legal, Contraditório e Ampla Defesa (Art. 5º, LIV e LV)
	
	AMPLA DEFESA: entende-se o asseguramentoque é dado ao réu/executado/reclamado/ de condições que lhe possibilitem trazer para o processo todos os elementos tendentes a esclarecer a verdade ou mesmo de omitir-se ou calar-se, se entender necessário.
	CONTRADITÓRIO: é a própria exteriorização da ampla defesa, impondo a condução dialética do processo (par conditio), pois a todo ato produzido pela acusação, caberá igual direito da defesa de opor-se-lhe ou de dar-lhe a versão que melhor lhe apresente, ou, ainda, de fornecer uma interpretação jurídica diversa daquela feita pelo autor. 
CONTRADITÓRIO: 
Binômio conhecmento x reação;
Âmbito administrativo;
Mais do que a simples bilateralidade da instância – direito de influência;
O juiz também deve se submeter ao contraditório;
Todas as decisões definitivas devem se apoiar tão somente nas questões previamente debatidas pelas partes;
Proíbe-se as decisões surpresa. “terza via” (Fato x Direito) 
Ampla Defesa
- Direito do demandado;
- Direito a resistência no processo;
- Paridade de “armas” no processo;
- O Autor deve permenorizar suas razões pelas quais pretende impor consequências jurídicas ao demandado;
- STF – refuta qualquer imputação indeterminada, vaga, contraditória, omissa ou ambígua. (processo penal);
Devido Processo Legal, Contraditório e Ampla Defesa (Art. 5º, LIV e LV)
Salienta Nelson Nery Júnior, que:
"o princípio do contraditório, além de fundamentalmente constituir-se em manifestação do princípio do Estado de Direito, tem íntima ligação com o da igualdade das partes e o do direito de ação, pois o texto constitucional, ao garantir aos litigantes o contraditório e a ampla defesa, quer significar que tanto o direito de ação, quanto o direito de defesa são manifestação do princípio do contraditório". 
Devido Processo Legal, Contraditório e Ampla Defesa (Art. 5º, LIV e LV)
	Em defesa da efetividade do princípio da ampla defesa, o STF editou a Súmula Vinculante 14, estabelecendo que: “É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”.
Devido Processo Legal, Contraditório e Ampla Defesa (Art. 5º, LIV e LV)
	A EC nº 45/04 (Reforma do Judiciário) assegurou a todos, no âmbito judicial e administrativo, a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação, pois, “o direito ao julgamento, sem dilações indevidas, qualifica-se como prerrogativa fundamental que decorre da garantia constitucional do ‘due process of law’”.
	A EC nº45/04 trouxe diversos mecanismos de celeridade, transparência e controle de qualidade da atividade jurisdicional.
Devido Processo Legal, Contraditório e Ampla Defesa (Art. 5º, LIV e LV)
Mecanismos de celeridade e desburocratização:
Vedação de férias coletivas nos juízos e tribunais de segundo grau
Proporcionalidade do nº de juízes à efetiva demanda judicial e à respectiva população
Distribuição imediata dos processos, em todos os graus de jurisdição
Possibilidade de delegação aos servidores do Judiciário, para a prática de atos de administração e atos de mero expediente sem caráter decisório
Necessidade de demonstração de repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso para fins de conhecimento do recurso extraordinário
Instalação da justiça itinerante
Súmulas vinculantes do STF.
Devido Processo Legal, Contraditório e Ampla Defesa (Art. 5º, LIV e LV)
	Ainda, em relação à maior transparência, a Reforma do Poder Judiciário previu a publicidade de todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário, inclusive as decisões administrativas de seus órgãos, a criação do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público.
Devido Processo Legal, Contraditório e Ampla Defesa (Art. 5º, LIV e LV)
Celeridade processual e informatização do processo judicial (Lei nº 11419/2006)
	
	A Lei 11419/2006 regulamentou a informatização do processo judicial (autos virtuais), estabelecendo a possibilidade de utilização do meio eletrônico na tramitação de processos judiciais, comunicação de atos e transmissão de peças processuais, tanto aos processos civil, penal e trabalhista, bem como aos juizados especiais, em qualquer grau de jurisdição, sendo possível o envio de petições, de recursos e a prática de atos processuais em geral por meio eletrônico, mediante o uso da assinatura eletrônica.
	A própria lei define os principais termos para a implementação da informatização do processo judicial.
	
Devido Processo Legal, Contraditório e Ampla Defesa (Art. 5º, LIV e LV)
SÚMULA VINCULANTE 5:
“A FALTA DE DEFESA TÉCNICA POR ADVOGADO NO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR NÃO OFENDE A CONSTITUIÇÃO”
SÚMULA 343 DO STJ:
“É OBRIGATÓRIA A PRESENÇA DE ADVOGADO EM TODAS AS FASES DO PROCESSO ADMINISTRATIVO 
Artigo 5º LXXVIII
Artigo 5º LXXVIII Constituição Federal de 1988
“A todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”
Provas Ilícitas
(Art. 5º, LVI)
	São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos, é o que garante o art. 5.°, LVI, da Constituição Federal, entendendo-as como aquelas colhidas em infringência às normas do direito material, (por exemplo, por meio de tortura psíquica) configurando-se importante garantia em relação à ação persecutória do Estado. 
	
Provas Ilícitas
(Art. 5º, LVI)
	As provas ilícitas não se confundem com as provas ilegais e as ilegítimas. 
Provas Ilícitas: são obtidas com infringência ao direito material.
Ex: confissão mediante tortura
Provas Ilegítimas: são obtidas com desrespeito ao direito processual. 
Ex: oitiva de pessoa que não pode depor (advogado)
Provas Ilegais: são obtidas com violação de natureza material ou processual ao ordenamento jurídico.
Provas Ilícitas
(Art. 5º, LVI)
	Conforme decidiu o plenário do Supremo Tribunal Federal,
"é indubitável que a prova ilícita, entre nós, não se reveste da necessária idoneidade jurídica como meio de formação do convencimento do julgador, razão pela qual deve ser desprezada, ainda que em prejuízo da apuração da verdade, no prol do ideal maior de um processo justo, condizente com o respeito devido a direitos e garantias fundamentais da pessoa humana, valor que se sobreleva, em muito, ao que é representado pelo interesse que tem a sociedade numa eficaz repressão aos delitos. É um pequeno preço que se paga por viver-se em Estado de Direito democrático. A justiça penal não se realiza a qualquer preço. Existem, na busca da verdade, limitações impostas por valores mais altos que não podem ser violados, ensina Heleno Fragoso, em trecho de sua obra Jurisprudência Criminal, transcrita pela defesa. A Constituição brasileira, no art. 5.°, inc. LVI, com efeito, dispõe, a todas as letras, que são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos".
Provas Ilícitas
(Art. 5º, LVI)
	No julgamento da AP 307-3-DF, em lapidar voto, o Ministro Celso de Mello ensina que
"a norma inscrita no art. 5.°, LVI, da Lei Fundamental promulgada em 1988, consagrou, entre nós, com fundamento em sólido magistério doutrinário (Ada Pellegrini Grinover, Novas tendências do direito processual, p. 60/82, 1990, Forense Universitária; Mauro Cappelletti, Efficacia di prove illegittimamente ammesse e comportamento della parte, em Rivista di Diritto Civile, p. 112, 1961; Vicenzo Vigoriti, Prove illecite e costituzione, in Rivista di Diritto Processuale, p. 64 e 70, 1968), o postulado de que a prova obtida por meios ilícitos deve ser repudiada - e repudiada sempre - pelos juízes e Tribunais, por mais relevantes que sejam os fatos por ela apurados, uma vez que se subsume ela ao conceito de inconstitucionalidade (Ada Pellegrini Grinover, op. cit., p. 62, 1990, Forense Universitária). A cláusula constitucional do due process of law - que se destina a garantir a pessoa do acusado contraações eventualmente abusivas do Poder Público - tem, no dogma da inadmissibilidade das provas ilícitas, uma de suas projeções concretizadoras mais expressivas, na medida em que o réu tem o impostergável direito de não ser denunciado, de não ser julgado e de não ser condenado com apoio em elementos instrutórios obtidos ou produzidos de forma incompatível com os limites impostos, pelo ordenamento jurídico, ao poder persecutório e ao poder investigatório do Estado. 
Provas Ilícitas
(Art. 5º, LVI)
A absoluta invalidade da prova ilícita infirma-lhe, de modo radical, a eficácia demonstrativa dos fatos e eventos cuja realidade material ela pretende evidenciar. Trata-se de consequência que deriva, necessariamente, da garantia constitucional que tutela a situação jurídica dos acusados em juízo penal e que exclui, de modo peremptório, a possibilidade de uso, em sede processual, da prova - de qualquer prova - cuja ilicitude venha a ser reconhecida pelo Poder Judiciário. A prova ilícita é prova inidônea. Mais do que isso, prova ilícita é prova imprestável. Não se reveste, por essa explicita razão, de qualquer aptidão jurídico-material. Prova ilícita, sendo providência instrutória eivada de inconstitucionalidade, apresenta-se destituída de qualquer grau, por mínimo que seja, de eficácia jurídica. Tenho tido a oportunidade de enfatizar, neste Tribunal, que a Exclusionary Rule, considerada essencial pela jurisprudência da Suprema Corte dos Estados Unidos da América na definição dos limites da atividade probatória desenvolvida pelo Estado, destina-se, na abrangência de seu conteúdo, e pelo banimento processual de evidência ilicitamente coligidas, a proteger os réus criminais contra a ilegítima produção ou a ilegal colheita de prova incriminadora (Garrity v. New Jersey, 385 U.S. 493, 1967; Mapp v. Ohio, 367 U.S. 643, 1961; Wong Sun v. United States, 371 U.S. 471, 1962, v.g.)".
Provas Ilícitas
(Art. 5º, LVI)
	Saliente-se, porém, que a doutrina constitucional passou a atenuar a vedação das provas ilícitas, visando corrigir distorções a que a rigidez da exclusão poderia levar em casos de excepcional gravidade. Esta atenuação prevê, com base no Princípio da Proporcionalidade, hipóteses em que as provas ilícitas, em caráter excepcional e em casos extremamente graves poderão ser utilizadas, pois nenhuma liberdade pública é absoluta, havendo possibilidade, em casos delicados, em que se percebe que o direito tutelado é mais importante que o direito à intimidade, segredo, liberdade de comunicação, por exemplo, de permitir-se sua utilização.
Provas Ilícitas
(Art. 5º, LVI)
	A concepção atual da teoria da proporcionalidade, conforme aponta Luiz Francisco Torquato Avolio,
"é, pois, dotada de um sentido técnico no direito público a teoria do direito germânico, correspondente a uma limitação do poder estatal em benefício da garantia de integridade física e moral dos que lhe estão sub-rogados (...). Para que o Estado, em sua atividade, atenda aos interesses da maioria, respeitando os direitos individuais fundamentais, se faz necessário não só a existência de normas para pautar essa atividade e que, em certos casos, nem mesmo a vontade de uma maioria pode derrogar (Estado de Direito), como também há de se reconhecer e lançar mão de um princípio regulativo para se ponderar até que ponto se vai dar preferência ao todo ou às partes (Princípio da Proporcionalidade), o que também não pode ir além de um certo limite, para não retirar o mínimo necessário a uma existência humana digna de ser chamada assim".
Provas Ilícitas
(Art. 5º, LVI)
	Na jurisprudência pátria, somente se aplica o princípio da proporcionalidade pro reo, entendendo-se que a ilicitude é eliminada por causas excludentes de ilicitude, em prol do princípio da inocência.
	Desta forma, repita-se que a regra deve ser a inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos, que só excepcionalmente deverão ser admitidas em juízo, em respeito às liberdades públicas e ao princípio da dignidade humana na colheita de provas e na própria persecução penal do Estado.
Provas Ilícitas
(Art. 5º, LVI)
Provas derivadas das provas ilícitas
	A Constituição, em seu art. 5.°, LVI, consagra a inadmissibilidade da utilização das provas ilícitas que, conforme já definidas, são aquelas colhidas em infringência às normas do direito material (por exemplo: inviolabilidade domiciliar, telefônica, direito à intimidade, ao sigilo etc.). Ocorre que o fato de o Supremo Tribunal Federal não admitir, de longa data, as provas ilícitas não tem o condão de gerar a nulidade de todo o processo, pois como ressalta o Ministro Moreira Alves, a previsão constitucional não afirma serem nulos os processos em que haja prova obtida por meios ilícitos.
	Não havendo nulidade processual, devemos delimitar a consequência da inadmissibilidade de uma prova ilícita, definindo se haverá contaminação de todas as demais provas dela resultantes, ou somente desqualificação desta para o julgamento da causa.
Provas Ilícitas
(Art. 5º, LVI)
	Atualmente, a Corte consolidou o entendimento de que a prova ilícita originária contamina as demais provas dela decorrentes, de acordo com a teoria dos frutos da árvore envenenada (fruits of the poisonous tree), afirmando que, qualquer novo dado probatório, ainda que produzido, de modo válido, em momento subsequente, não pode apoiar-se, não pode ter fundamento causal nem derivar de prova comprometida pela mácula ilicitude originária.
Provas Ilícitas
(Art. 5º, LVI)
	Em conclusão, as provas ilícitas, bem como todas aquelas delas derivadas, são constitucionalmente inadmissíveis, devendo, pois, serem desentranhadas do processo, não tendo, porém, o condão de anulá-lo, permanecendo válidas as demais provas lícitas e autônomas delas não decorrentes, ou ainda, que também decorreram de outras fontes além da própria prova ilícita.
Provas Ilícitas
(Art. 5º, LVI)
Convalidação de provas obtidas por meios ilícitos com a finalidade de defesa das liberdades públicas fundamentais (legítima defesa)
	Conforme estudado anteriormente, as liberdades públicas não podem ser utilizadas como um verdadeiro escudo protetivo da prática de atividades ilícitas, nem tampouco como argumento para afastamento ou diminuição da responsabilidade civil ou penal por atos criminosos, sob pena de total consagração ao desrespeito a um verdadeiro Estado de Direito.
Provas Ilícitas
(Art. 5º, LVI)
	Exemplificando, poderíamos apontar a possibilidade de utilização de uma gravação realizada pela vítima, sem o conhecimento de um dos interlocutores, que comprovasse a prática de um crime de extorsão, pois o próprio agente do ato criminoso, primeiramente, invadiu a esfera de liberdades públicas da vítima, ao ameaçá-la e coagi-Ia. Essa, por sua vez, em legítima defesa de suas liberdades públicas, obteve uma prova necessária para responsabilizar o agente. Poderíamos, também, apontar a hipótese de utilização de uma gravação de vídeo realizada pelo filho, de forma clandestina e sem conhecimento de seu pai, agressor, para comprovação de maus-tratos e sevícias. Não se poderia argumentar que houve desrespeito à inviolabilidade, à intimidade e à imagem do pai-agressor, pois sua conduta inicial desrespeitou a incolumidade física e a dignidade de seu filho que, em legítima defesa, acabou por produzir a referida prova. Ainda, poderíamos apontar a possibilidade de utilização de uma "carta confidencial" remetida pelo sequestrador aos familiares do sequestrado. Certamente essa carta poderia ser utilizada em juízo, sem que se falasse em desrespeito ao sigilo das correspondências, pois o sequestrador foi quem, primeiramente, desrespeitou os direitos fundamentais do sequestrado e de seus familiares que, em legítima defesa, produziram tal prova.
Provas Ilícitas
(Art. 5º, LVI)
	Note-se que não se trata do acolhimento de provas ilícitas em desfavor dos acusados e consequentemente, em desrespeito ao art. 5.°, inciso LVI, da Constituição Federal. O que ocorre na hipótese é a ausência de ilicitude dessa prova,vez que aqueles que a produziram agiram em legítima defesa de seus direitos humanos fundamentais, que estavam sendo ameaçados ou lesionados em face de condutas anteriormente ilícitas. Assim agindo - em legítima defesa - a ilicitude na colheita da prova é afastada, não incidindo, portanto, o inciso LVI, do art. 5.°, da Carta Magna.
 
Provas Ilícitas
(Art. 5º, LVI)
	Como observado pelo Ministro Moreira Alves, em lapidar voto-relator no habeas corpus n.° 74.6781/SP,
"evidentemente, seria uma aberração considerar como violação do direito à privacidade a gravação pela própria vítima, ou por ela autorizada, de atos criminosos, como o diálogo com sequestradores, estelionatários e todo tipo de achacadores. No caso, os impetrantes esquecem que a conduta do réu apresentou, antes de tudo, uma intromissão ilícita na vida privada do ofendido, esta sim merecedora de tutela. Quem se dispõe a enviar correspondência ou a telefonar para outrem, ameaçando-o ou extorquindo-o, não pode pretender abrigar-se em uma obrigação de reserva por parte do destinatário, o que significaria o absurdo de qualificar como confidencial a missiva ou a conversa".
Provas Ilícitas
(Art. 5º, LVI)
	Nesse mesmo sentido e no referido julgamento, assinalou o Ministro Sepúlveda Pertence a existência de exclusão da ilicitude da gravação obtida por um dos interlocutores, vítima de corrupção passiva ou concussão já consumada, apesar do desconhecimento do outro interlocutor, e, consequentemente, a possibilidade de sua utilização.
	Ainda, reiterando esse posicionamento, decidiu o STF que "É licita a gravação de conversa telefônica feita por um dos interlocutores, ou com sua autorização, sem ciência do outro, quando há investida criminosa deste último. É inconsistente e fere o senso comum falar-se em violação do direito à privacidade quando interlocutor grava diálogo com sequestradores, estelionatários ou qualquer tipo de chantagista.”
Provas Ilícitas
(Art. 5º, LVI)
Princípios da publicidade e moralidade administrativa e provas ilícitas
	A inadmissibilidade das provas ilícitas no processo, conforme anteriormente analisado, deriva da posição preferente dos direitos fundamentais no ordenamento jurídico, tornando impossível a violação de uma liberdade pública para obtenção de qualquer prova. Em defesa, porém, da probidade na administração, a inadmissibilidade das provas ilícitas, por ferimento às inviolabilidades constitucionais, deve ser compatibilizada aos demais princípios constitucionais, entre eles, o princípio da moralidade e publicidade, consagrados no caput do art. 37 da Carta Magna.
Provas Ilícitas
(Art. 5º, LVI)
	Assim, exige-se do administrador, no exercício de sua função pública, fiel cumprimento aos princípios da administração e, em especial, à legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, devendo respeito aos princípios éticos de razoabilidade e justiça.
	O dever de mostrar honestidade decorre do princípio da publicidade, pelo qual todos os atos públicos devem ser de conhecimento geral, para que a sociedade possa fiscalizá-los.
Provas Ilícitas
(Art. 5º, LVI)
	Dessa forma, a conjugação dos princípios da moralidade e publicidade impede que o agente público utilize-se das inviolabilidades à intimidade e à vida privada para prática de atividades ilícitas, pois, na interpretação das diversas normas constitucionais, deve ser concedido o sentido que assegure sua maior eficácia, sendo absolutamente vedada a interpretação que diminua sua finalidade, no caso, a transparência dos negócios públicos.
	Portanto, deverá ser permitida a utilização de gravações clandestinas por um dos interlocutores, realizadas sem o conhecimento do agente público, que comprovem sua participação, utilizando-se de seu cargo, função ou emprego público, na prática de atos ilícitos (por exemplo: concussão, tráfico de influência, ato de improbidade administrativa), não lhe sendo possível alegar as inviolabilidades à intimidade ou à vida privada no trato da res pública; pois, na administração pública, em regra, não vigora o sigilo na condução dos negócios políticos do Estado, mas o princípio da publicidade.
Provas Ilícitas
(Art. 5º, LVI)
	Assim, as condutas dos agentes públicos devem pautar-se pela transparência e publicidade, não podendo a invocação de inviolabilidades constitucionais constituir instrumento de salvaguarda de práticas ilícitas, que permitam a utilização de seus cargos, funções ou empregos públicos como verdadeira cláusula de irresponsabilidade por seus atos ilícitos.
Provas Ilícitas
(Art. 5º, LVI)
	O STF afirmou a licitude de “gravação ambiental de diálogo realizada por um de seus interlocutores”, envolvendo agentes públicos e crimes contra administração pública. Da mesma forma, entendeu o STF que “a produção e divulgação de imagem de vídeo quando da abordagem policial em “local público” não viola o art. 5º, X, posto preservar o referido cânone da ‘intimidade’, descaracterizando a ilicitude da prova”. Inclusive, a Corte reconheceu repercussão geral em matéria de admissibilidade de gravação ambiental por um dos interlocutores como meio lícito de prova. 
Vedação à Tortura
(Art. 5º, III e XLIII)
	O art. 5.° da Constituição Federal prevê que ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante (inc. III); bem como que a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem. O art. 5.°, XLIII, da Constituição Federal é uma norma constitucional de eficácia limitada, pois necessita da atuação do legislador infraconstitucional para que sua eficácia se produza. Assim, quanto à inafiançabilidade e insuscetibilidade de graça ou anistia foi editada a lei dos crimes hediondos, porém, no tocante à definição do crime de terrorismo e tortura, foi, ainda, necessária a edição de lei infraconstitucional, de competência da União (art. 22, I, da CF), tipificando-os, em razão do próprio preceito constitucional do art. 5.°, XXXIX.
Vedação à Tortura
(Art. 5º, III e XLIII)
	Questão controvertida, decidida pelo Supremo Tribunal Federal, considerou por maioria de votos (6 x 5), que já existe lei tipificando o delito de tortura, quando praticado contra criança ou adolescente, ao analisar a constitucionalidade do art. 233 do Estatuto da Criança e do Adolescente.
	A controvérsia, porém, foi solucionada pelo legislador que, ao editar a Lei n° 9.455, de 7-4-1997, definiu os crimes de tortura (art. 1.°) e, expressamente em seu art. 4.°, revogou o art. 233 do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n° 8.069/90).
	Assim, o crime de tortura exige o constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental.
Vedação à Tortura
(Art. 5º, III e XLIII)
	Em nova decisão, o STF analisou a validade da “Lei de Anistia”, tendo decidido pelo “caráter bilateral da anistia, ampla e geral”, onde afirmou “ o argumento descolado da dignidade da pessoa humana para afirmar a invalidade da conexão criminal que aproveitaria aos agentes políticos que praticaram crimes comuns contra opositores políticos, presos ou não, durante o regime militar, não prospera (...). A chamada Lei de anistia diz com uma conexão sui generis, própria ao momento histórico da transição para democracia. Ignora, no contexto da Lei nº6683/79, o sentido ou os sentidos correntes, na doutrina, da chamada conexão criminal; refere o que “se procurou”, segundo a inicial, vale dizer, estender a anistia criminal de natureza política aos agentes do Estado encarregados da repressão”, concluindo que, “A lei estendeu a conexão aos crimes praticados pelos agentes do Estado contra os que lutavam contra o Estado de exceção”, pois a “chamada Lei da anistia veicula uma decisão política assumida naquele momento”.

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