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MONOGRAFIA VILA MARIA ZELIA

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CENTRO UNIVERSITÁRIO FIAM FAAM 
ARQUITETURA E URBANISMO 
 
 
 
 
CAIQUE FAQUINETTI 
GUYLHERME HENRIQUE 
JENIFER DOMINGUES 
SERGIO RODRIGUES 
 
 
 
TRANSFORMAÇÕES DAS VILAS OPERÁRIAS: 
UM ESTUDO SOBRE A INDUSTRIALIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO 
URBANO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2016 
2 
 
CENTRO UNIVERSITÁRIO FIAM FAAM 
ARQUITETURA E URBANISMO 
 
 
 
 
CAIQUE FAQUINETTI 
GUYLHERME HENRIQUE 
JENIFER DOMINGUES 
SERGIO RODRIGUES 
 
 
 
TRANSFORMAÇÕES DAS VILAS OPERÁRIAS: 
UM ESTUDO SOBRE A INDUSTRIALIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO 
URBANO 
 
 
 
 
Trabalho da disciplina de Laboratório de 
Arquitetura e Urbanismo no curso de 
Arquitetura e Urbanismo da instituição 
Centro Universitário Fiam Faam. 
 
 
 
 
Orientadoras: Maria Albertina Jorge Carvalho e Carolina Fidalgo. 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
 2016 
 
3 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO .................................................................................................. 4 
1. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DO SURGIMENTO DAS VILAS 
OPERÁRIAS NO SÉCULO XIX .................................................................................... 5 
2. RAZÕES DA CRIAÇÃO DA VILA MARIA ZÉLIA ..................................... 8 
2.1 O VALOR DO OPERÁRIO ....................................................................... 9 
2.2 JORGE STREET, DE MÉDICO Á INDUSTRIAL REVOLUCIONÁRIO ... 10 
3 A CONCEPÇÃO URBANA DA VILA E SUAS CARACTERÍSTICAS ............. 11 
4 UNIDADES HABITACIONAIS NA VILA ........................................................ 13 
4.1 EDIFICAÇÕES DA VILA MARIA ZÉLIA ................................................. 13 
CONCLUSÃO .................................................................................................. 15 
REFERÊNCIAS ............................................................................................... 16 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
INTRODUÇÃO 
 
Este trabalho visa fornecer um panorama de diferentes visões sobre vilas 
operárias em São Paulo, como a Vila Maria Zélia, que pode ser considerada a vila 
operária mais famosa de São Paulo através de um completo histórico que aborda os 
motivos de seu surgimento e outros aspectos da década de 1930. 
O tema é desenvolvido de acordo com 4 tópicos que abrangem os aspectos 
históricos,culturais,urbanísticos e construtivos das vilas e de como era a moradia social 
durante esse período. 
A primeira parte faz referência a questões econômicas, sociais e políticas de São 
Paulo no período do final de século XIX até a segunda década do século XX. A segunda 
parte se concentra nas razões da criação da vila operária. 
A terceira e quarta parte dedicam-se a apresentar um panorama sobre a 
morfologia urbana e como se relaciona com o desenho urbano do entorno e as tipologias 
e sistemas construtivos das unidades projetadas. 
Utilizamos imagens e tabelas para exemplificar os aspectos relacionados à vila 
estudada. A pesquisa foi feita a partir de livros e buscou apresentar o que de fato eram 
as vilas operárias e a ideia de moradia para os proprietários e, de outro lado, para os 
operários. 
Após a visita a essas vilas nos demos conta de como a história de nossa cidade 
é rica e como ela foi desenhada no campo arquitetônico e urbanístico. 
 Com a ajuda de textos reflexivos sobre a relação empregado-fábrica, vida do 
trabalhador, mudanças na cidade, a concepção urbana na vila e razões de seu 
surgimento pretendemos analisar e exemplificar o que foi esse período de extrema 
importância na cidade de São Paulo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
1. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DO SURGIMENTO DAS VILAS 
OPERÁRIAS NO SÉCULO XIX 
 
Transformações econômicas e sociais colaboraram com a industrialização e com 
o desenvolvimento urbano acelerado nas décadas finais do século 19. O mercado do 
café se expande. Devido a proibição do tráfico de escravos, vemos o aparecimento de 
imigrantes que serão a mão de obra assalariada. O foco do processo de imigração foi 
garantir trabalhadores para a cafeicultura, o que apresentou aumento considerável na 
população. É nesse período também que percebemos que morar e trabalhar são 
dimensões diretamente conectadas ao capitalismo. 
 
 
Tabela referente ao crescimento populacional do munícipio de São Paulo de 1836 até 1980. 
(Fonte: BLAY,Eva Alterman. Eu não tenho onde morar: vilas operárias na cidade de São Paulo.) 
 
Durante esse processo a população paulistana era caracterizada basicamente 
por operários, no caso imigrantes e a forma dominante de morar da população era a 
casa de aluguel. Após 1930 houve também um êxodo rural (migração do campo por 
seus habitantes, que partem em busca de melhores condições de vida), devido à crise 
do café e que conforme podemos observar no gráfico acima houve um aumento 
populacional. 
A problemática habitação da época eram as más condições de moradias, sendo 
assim as indústrias passam a fornecer casas para os operários. As empresas passam 
a entender que podiam aumentar a economia não só trazendo os estrangeiros como 
0
2000000
4000000
6000000
8000000
10000000
1 8 3 6 1 8 7 2 1 8 8 6 1 8 9 0 1 9 0 0 1 9 2 0 1 9 3 4 1 9 4 0 1 9 5 0 1 9 6 0 1 9 7 0 1 9 8 0
P
O
P
U
LA
Ç
Ã
O
ANO
CRESIMENTO POPULACIONAL DO 
MUNÍCIPIO DE SÃO PAULO DE 1836 A 
1980
ANO POPULAÇÃO
6 
 
utilizando os terrenos para lucros imobiliários, assim começam a surgir as vilas 
operárias. As fábricas localizam-se em bairros centrais como: Santa 
Efigênia,Brás,Mooca,Sé,Consolação,Luz,Belém e Bom Retiro. Originalmente essas 
vilas são construídas pelas próprias indústrias ou são compradas já prontas. 
O surgimento, no cenário urbano, das vilas operárias é parte do processo de 
industrialização e constitui etapa da formação do operariado. (BLAY,Eva Alterman,1980, 
p.146). 
No caso da Vila Maria Zélia que sempre esteve próximo ao Rio Tietê podemos 
observar que o desenvolvimento era como o de um feudo, onde a renda era concedida 
por um senhor a um vassalo em troca de serviços e onde a vila se isola dentro da cidade, 
ou podemos fazer uma ligação entre vilas e senzalas, uma vez que o proprietário 
destinava parte de sua construção para a senzala, onde ele mantinha e protegia sua 
mercadoria. 
Segundo Eva Blay (1985, p. 167) “Embora se possa afirmar que a vila é um modo 
de atrair a força de trabalho, garantir a permanência de um certo contingente e de ter à 
disposição um trabalhador qualificado 24 horas do dia, sob este prisma, a casa aparece 
como fator de reforço da dominação estabelecida entre a fábrica e o empregado”. Sendo 
assim a moradia representa uma forma de reduzir o salário, aumentar a acumulação de 
riquezas e induzir o trabalhador a permanecer no emprego. 
Umas das forças políticas importantes da época foi o anarquismo que lutou para 
a melhoria das condições de trabalho dos operários no século XIX. 
Nesse período de falta de moradia podemos notar a ausência de infraestrutura, 
segurança do imóvel, incêndio e nas ruas temos o acúmulo de lixo e condições 
péssimas de higiene. 
Assim começam a surgir os cortiços que se tornam uma das habitações mais 
comuns na época (casa que serve de habitação coletiva para a população pobre; casa 
de cômodos). Esses cortiços e vilas operárias ficavam próximas as fábricas, enquanto 
os donos das fábricas e a parte da elite cafeeira se localizava na parte alta, que 
atualmente é Avenida Paulista e Jardins. 
Os cortiços aparecem em um período onde há muitoshabitantes em São Paulo 
e isso exige moradias de baixo custo, podemos dizer então que é um período de 
produção rentista da habitação. 
Haviam quatro tipos de moradias:hotel-cortiço,casas de cômodos,cortiços 
improvisados e cortiços-pátio.(Bonduki,Nabil,1985,p.24-25). O grande problema desses 
cortiços eram a falta de ventilação e a umidade e devido à falta de saneamento temos 
uma grande epidemia de cólera e febre amarela, o que faz com que os higienistas 
passem a atuar nessas áreas para conter os surtos. 
7 
 
Naquele período estabeleceram-se três tipos de ação: as normas legais,a 
realização das redes de água/esgoto e saneamento e controle efetivo das edificações.O 
modelo desejado para “habitação operária higiênica” é a Vila Operária, baseada na casa 
unifamiliar, que ganhou incentivo fiscal e passou a ser disseminada por São Paulo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
2. RAZÕES DA CRIAÇÃO DA VILA MARIA ZÉLIA 
 
Com a crescente industrialização paulistana no início do século XX, O cenário 
urbano havia mudado, a movimentação de capital e crédito, a mão-de-obra estrangeira, 
o transporte ferroviário e a expansão do comércio do café, foram os requisitos para a 
criação da indústria manufatureira. Que foi responsável pela geração do trabalhador 
urbano, o operário. 
São Paulo já não era mais a mesma, a população crescia, e o problema 
habitacional crescia na mesma proporção. O sonho da classe operaria era de se ter um 
lugar para morar que vinha de encontro com o ideal progressista de Jorge Street, que 
acabou por construir a Vila Operária Maria Zélia, na região do Belenzinho, na rua dos 
Prazeres, próxima a Celso Garcia, (Importante eixo viário para a região leste da cidade, 
na época.), e do Rio Tietê. Um ótimo local para a construção de sua fábrica e vila, que 
abrigou cerca de dois mil e cem funcionários de sua fábrica. 
A vila, em pouco tempo tornou-se um referencial para as demais, podemos tomar 
como referência as próprias palavras de Street, publicadas na Revista Legislação do 
Trabalho, em junho de 1937: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A vila nasceu a partir de um ideal higienista, vivido naquela época, praticado 
apenas entre as classes mais favorecidas. As cerca de 200 residências unifamiliares, 
faziam uso de água encanada e energia elétrica, além de todas elas serem projetadas 
no objetivo de receberem durante o dia, a luz do sol, abrindo as janelas nas ruas 
travessas. Na busca da solução de problemas como salubridade, no qual eram 
recorrentes em cortiços da época, na qual seus funcionários moravam anteriormente. 
“[...] Trabalhei sempre no número dos industriais que 
não se limitaram a dirigir dos seus escritórios o 
movimento dos seus negócios, mas que tinham 
especial prazer em manter com os operários íntimo 
contato na sua vida de trabalho. Esse prazer aliava-
se a um sentimento íntimo e instintivo de dever, que 
me fazia visitar diariamente as fábricas, percorrendo 
todas as suas seções e assistindo mesmo muitas e 
muitas vezes a entrada e a saída dos operários. Tive, 
como é natural em tais condições, ocasião de os ver 
também nas suas tristes moradas. A impressão que 
dessas visitas trazia era desoladora, tal a 
promiscuidade e as condições moral e 
higienicamente inadmissíveis que em geral ali 
existiam. Nasceu daí a minha tentativa de procurar 
dar aos que comigo trabalhassem condições 
melhores de existência. [...] Resolvi pois tomar 
pessoalmente a direção da organização a vir e que 
aos meus olhos não ia constituir nenhuma obra de 
caridade, mas sim uma obra de justiça e de direito 
social.” 
9 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1 - Rua 6, Vila Maria Zélia ( Fonte: Lembrança Villa Scarpa, 1926.) 
 O empresário oferecia também, além de boa morada, um conjunto de serviços 
coletivo para facilitar a vida de sua classe operária. Como, farmácia, escolas, igreja, 
médico, dentista, açougue, armazém. O aluguel das residências, a taxa para o uso da 
água, e as compras no armazém, açougue, farmácia eram descontadas na folha de 
pagamento, apenas a eletricidade era paga de modo individual pelas unidades. 
 Mas ainda assim, por mais que de alguma forma Jorge Street apresentava ideias 
progressistas e que favoreciam a melhora da classe operária, não devemos esquecer 
que, ao oferecer todos estes serviços, utilizando como argumento a melhoria de vida 
aos seus operários, na verdade, o propósito principal era de criar condições para 
fiscalizar seus trabalhadores até mesmo em seu âmbito pessoal. Além de que, oferecer 
todos estes serviços como troca de mão-de-obra, funcionava como um instrumento para 
reprimir futura greves vinda dos funcionários. 
 
2.1 O VALOR DO OPERÁRIO 
 
Os migrantes, tem seu valor apenas por sua mão-de-obra barata, caso contrário 
seriam considerados intrusos e “ladrões de emprego”. Além de que quanto maior o 
número de pessoas na família, maior seria o número de funcionários para trabalhar nas 
fábricas. 
Direitos trabalhistas não haviam naquela época, apesar de todos benefícios aos 
trabalhadores que Street proporcionava, ficava evidente que a intenção principal, na 
verdade, era de manter os funcionários próximo a fábrica, os deixando de modo indireto 
sempre à disposição da empresa. Visualizando assim o trabalhador apenas como mão-
de-obra, força de trabalho, e usando a residência e todos os serviços, como uma 
espécie de produto, como moeda de troca pela mão-de-obra exercida na fábrica. 
 Apesar do ideal revolucionário, e de sempre passar a ideia aos seus funcionários 
de serem parte uma grande família, Jorge Street, ainda se encontrava em débito com 
seus trabalhadores, ao qual dizia ser parte de sua família. Haviam ainda alguns direitos 
10 
 
a serem conquistados, como um contrato de trabalho verbal, adicional noturno, licença 
saúde, seguro a acidente de trabalho, descanso remunerado, férias e entre outros. 
 
2.2 JORGE STREET, DE MÉDICO Á INDUSTRIAL REVOLUCIONÁRIO 
 
 Carioca, nascido em 22 de dezembro de 1863, filho pai austríaco e mãe 
brasileira. Street cursou humanidade na Alemanha, formou-se médico pela escola de 
Medicina do Rio de Janeiro em 1886, além de fazer cursos de especialização anos 
seguintes na Franca, Berlim e Viena. Trabalhou como médico por um pequeno período, 
alegando que não podia cobrar o serviço dos pobres, pois não tinham dinheiro para 
paga-los, e nem dos ricos. Em 1894, recebeu de seu pai as ações da fábrica de sacaria 
de juta no Rio de Janeiro. Dando início assim a sua vida industrial. 
 Em 1904, fez as primeiras negociações para fazer a compra da fábrica de sacaria 
da juta Santana, na qual o dono era o Conde Penteado, e assim iniciou a expansão da 
Companhia Nacional de Juta. Em 1912, começou a construção da fábrica e da Vila 
Maria Zélia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Em 1919, defendeu o direto de greve. Foi eleito presidente do Centro dos Industriais de 
Fiação e Tecelagem de São Paulo em 1926. Em 1927, fundou a Companhia de Tecidos 
de Algodão, no bairro da Mooca. E em 1931, foi nomeado diretor geral do Departamento 
Nacional de Industria e Comércio, do Ministério do trabalho. Já em 23 de fevereiro de 
1939 veio a falecer em São Paulo, deixando seu império industrial como lembrança de 
suas ideias progressistas e revolucionários. 
 
 
 
 
 
“[...] ao redor da fábrica mandei construir casas 
para a moradia dos trabalhadores com toda a 
comodidade e o conforto da vida social atual [...] 
depois de um grande parque com coreto para 
concertos, salão para representações e baile; 
escola de canto corale música, um campo de 
Football; uma grande igreja com batistério; um 
grande armazém com tudo o que o operário possa 
ter necessidade para a sua vida, [...] uma sala de 
cirurgia-modelo e uma grande farmácia [...] uma 
escola para os filhos de operários e creches para 
lactantes [...]. Quis das ao operário [...] a 
possibilidade de não precisar sair do âmbito da 
pequena cidade que fiz construir a margem do rio, 
nem para a mais elementar necessidade da vida 
[...]. ” 
 
 
11 
 
3 A CONCEPÇÃO URBANA DA VILA E SUAS CARACTERÍSTICAS 
 A Vila Maria Zélia foi a pioneira no Brasil na sua concepção, o poder público que veio 
a promover e estimular este modelo de habitação operária através da iniciativa privada, 
com incentivos e isenções de impostos, visando a vila como modelo de habitação 
econômica e higiênica. Jorge Street veio a seguir este padrão de habitação unifamiliar, 
que além de satisfazer as necessidades dos trabalhadores, privilegiava também os 
empreendedores. 
 
Mapa cidade de São Paulo,Sara Brasil 1930,Recorte Fábrica e Vila Maria Zélia.(Fonte 
Acervo Biblioteca FAUUSP). 
 As Vilas industriais tinham como principal característica, muitas casas que 
enfileiradas formavam uma espécie de “grade”, que geralmente ficavam diretamente 
sobre as calçadas ou obtinham um pequeno recuo para o interior do lote, haviam 
pequenas oficinas que se espalhavam ao longo dos quarteirões e alguns armazéns 
pelos vários cruzamentos. Nesse modelo de concepção destacava-se na paisagem 
urbana apenas as fábricas e os equipamentos de grande “utilidade” como igrejas e 
escolas. 
 O projeto da Vila Maria Zélia foi idealizado pelo Arquiteto francês Paul Pedarrieux, 
localizada no bairro do Belenzinho, o terreno ocupava uma área que se estendia do rio 
Tiete à avenida celso Garcia, ficava em meio as fábricas daquele bairro e a linha férrea, 
além de ter sido construída na área de várzea do rio Tiete, a vila em si foi planejada 
12 
 
para conter diversos equipamentos básicos de convívio diário dos operários tais como, 
equipamentos de suporte à saúde, educação, alimentação e recreação, tudo pensado 
para que os moradores obtivessem um maior conforto e de não necessitarem de um 
deslocamento da área para ter acesso à esses equipamentos. 
 Em sua concepção original a vila possuía 220 casas unifamiliares térreas, higiênicas 
e confortáveis, com água encanada e energia elétrica. Com cerca de 75 a 110 m², com 
todas as fachadas voltadas para as ruas principais. Algumas apresentavam uma 
espécie de recuo frontal que possibilitava que algumas das mesmas possuíssem 
pequenos jardins. 
 
Implantação da Vila Maria Zélia(Fonte:http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/upload/b6d7c_mapa_2.jpg) 
 A vila Maria Zélia com seu modelo “inovador” abriu as portas para que outras vilas 
operarias fossem construídas, e contribuiu consideravelmente com o crescimento da 
cidade de São Paulo especialmente nos bairros do Brás e Belenzinho. 
 
13 
 
4 UNIDADES HABITACIONAIS NA VILA 
 
Após a época das construções de taipa de pilão em São Paulo, tivemos uma 
evolução dos primeiros materiais utilizados nas residências, devido a era do café que 
proporcionou um crescimento da cidade principalmente com a questão das ferrovias, 
nesse período do Século XIX foi que o tijolo começou a ser utilizado e junto com ele 
recebemos os benefícios da tecnologia construtiva dos imigrantes. 
 
Com esse crescimento da cidade, as vilas operárias que acabavam de surgir 
começavam a obedecer um certo padrão. Após o código legislado pela câmara em 1886 
que estipulava normas referentes a casas operárias cortiços e cubículos, passaram a 
haver algumas restrições e também acabaram por caracterizar as residências das vilas 
operárias, dentre essas restrições tínhamos que: as casas deviam possuir pé direito de 
4,0m; cada habitação deveria possuir pelo menos três cômodos (Característica que 
depois viria a se tornar a principal das casas operárias); todos os cômodos deveriam ter 
janelas para maios ventilação e iluminação; devido a humidade emanada do lençol 
freático os soalhos deveriam ser afastados 0,50m do solo; deveria haver uma latrina 
para cada duas habitações e cada dependência deveria ter a área mínima de 10 metros 
quadrados entre outras regras. Catorze anos após o primeiro Código já era obrigatório 
o uso de uma latrina para cada habitação. 
 
Além das normas, algo que também caracterizou o estilo das residências 
operárias foi a forte influência de arquitetura europeia, uma vez que a contribuição dos 
imigrantes não se limitou só ao processo construtivo, mas também as características 
finais de cada habitação, era comum por exemplo vermos em plantas da época fornos 
de pizza, mostrando a forte influência italiana, outro exemplo é a Vila Maria Zélia que 
possui forte influência inglesa em suas construções. 
 
4.1 EDIFICAÇÕES DA VILA MARIA ZÉLIA 
 
 Foram edificadas 198 casas divididas em seis tipologias características semelhantes. 
Todas eram térreas e geminadas organizadas em quarteirões de um mesmo 
seguimento e voltadas para as ruas principais, como podemos observar na imagem 
abaixo. 
14 
 
 
 
Fonte: Secretaria Municipal do Estado de São Paulo 
 
De acordo com Petratti(1990,p.76-77) temos as tipologias divididas da seguinte forma: 
 
Tipologia Ambientes Área total 
Casa Tipo A 
 
Jardim,sala,01 dormitório,cozinha,banheiro e área de serviço 74,75 m² 
Casa Tipo A1 2 dormitórios, jardim,sala, cozinha,banheiro e área de serviço 81,65 m² 
Casa tipo B Sala,03 dormitórios,cozinha,banheiro 74,75 m² 
Casa tipo B1 Sala,03 dormitórios,cozinha,banheiro 81,65 m² 
Casa tipo C Jardim,entrada lateral,sala,dormitórios,cozinha,banheiro e área de 
serviço 
110,40 m² 
Casa tipo 
D(Chalés) 
Varanda,jardim,sala,02 dormitórios,cozinha,banheiro,área de 
serviço 
91,12 m² 
 
 
 Há cuidado com a salubridade dos ambientes e instalações sanitárias, havia água 
encanada e energia elétrica para os chuveiros. O assoalho era de pinho-de-Riga, e as 
janelas de madeira maciça. A distribuição das casas associava o tamanho do cargo, 
tempo de serviço na fábrica e número de membros na família. (Petratti,1990, p.76). 
 O sistema construtivo baseava-se em alvenaria de tijolos, mas contava com pilares 
metálicos.Foi construído ali uma capela, dois armazéns, duas escolas (meninos e 
meninas separado), um coreto, praça, campo de prática esportiva, salão de festas e 
ainda ambulatórios e consultórios médicos. 
15 
 
CONCLUSÃO 
 
 A pesquisa aqui apresentada teve como foco apresentar os dados e as 
características sobre as vilas operárias da década de 1930. O caso analisado foi 
a Vila Maria Zélia que foi representativa nesse processo de industrialização de 
São Paulo e na história do operariado. 
 Este estudo possibilitou um grande aprendizado, uma vez que visitamos o 
local estudado, tivemos contato com moradores e analisamos criteriosamente as 
razões pelas quais foram criadas as vilas operárias. 
 No primeiro momento há uma sensação de nostalgia em relação as vilas, 
porque atualmente é quase uma cidade cinematográfica, mas os dados 
históricos nos levam a conclusões maiores como a grandiosidade da cafeicultura 
e do operariado naquele período, como os donos das fábricas arquitetavam a 
forma de atrair colaboradores para suas fábricas e abriga-los como em um feudo. 
 A vila foi inspirada nas construções de vilas europeias das primeiras décadas 
do século 20, para ser utilizada como moradia dos 2500 funcionários da 
tecelagem Companhia Nacional de Tecidos da Juta no Belenzinho. 
 Até hoje os moradores enxergam Jorge Street como um ídolo.A evolução da arquitetura é algo ser destacado, olhamos uma cidade com 
grandes casas, com grandes avenidas e o uso do tijolo sempre presente. Em 
relação a Vila Maria Zélia percebemos a falha em relação a preservação. Os 
edifícios apresentam condições precárias e riscos de acidentes. Somente a 
igreja foi restaurada. Ainda assim a arquitetura é o que mais impressiona na vila, 
claramente pudemos ver sua importância histórica. O que não podemos negar é 
que Street foi visionário. 
 Percebemos nos moradores mais antigos um certo orgulho daquele lugar, um 
saudosismo em relação aquele passado tão significativo, aquela história que não 
foi apagada junto com suas ruínas. 
 
 
 
16 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
 MORANGUEIRA, Vanderlice de Souza. Vila Maria Zélia: Visões de uma vila operária em 
São Paulo (1917- 1940). São Paulo: USP, 2006. 
 BONDUKI, Nabil (1982),Origens do problema da habitação popular em São Paulo 
1886-1918, in Espaço & Debates, n.° 5, São Paulo. 
 LEMOS, Carlos A. C.Alvenaria Burguesa. São Paulo,1989. 
 BONDUKI, Nabil (1982),Origens do problema da habitação popular em São Paulo 
1886-1918, in Espaço & Debates, n.° 5, São Paulo. 
 BONDUKI, Nabil. Origens Da Habitação Social No Brasil. Arquitetura Moderna, Lei Do 
Inquilinato E Difusão Da Casa Própria. Estação Liberdade, São Paulo; 4ª Edição, 2004. 
 Texto de autoria da Professora Maria Albertina Jorge Carvalho. 
 BLAY, Eva Alterman. Eu não tenho onde morar: vilas operárias na cidade de São Paulo. 
São Paulo: Nobel, 1985. 
 TEIXEIRA, Palmira Petratti. A Vila Maria Zélia: A fascinante história de um memorial 
ideológico das relações de trabalho na cidade de São Paulo. Fortaleza: ANPUH – XXV 
Simpósio Nacional de História, 2009. 
 TEIXEIRA, Palmira Petratti. A fábrica do sonho: trajetória do industrial Jorge Street. Rio 
de Janeiro: Paz e Terra, 1990. 
 SCARPA, Nicolau. Lembranças da Vila Scarpa. [São Paulo: s.e.], 1926.

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