Buscar

educacao e cidadania letramento e alfabetizacao

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 100 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 100 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 100 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

EDUCAÇÃO
E CIDADANIA
 UM PROGRAMA PARA ADOLESCENTES
 EM SITUAÇÃO DE RISCO SOCIAL
A leitura e a escrita
Projeto Quem sou eu? Quem somos nós?
Projeto Dicionário
Projeto Agenda
Projeto Correspondência
Projeto Construindo uma revista musical
Projeto Rimando e aprendendo
Projeto Divulgando o que aprendemos
Projeto Elaborando um anúncio diferente
Projeto Um sonho de comunidade
EDUCAÇÃO
E CIDADANIA
 UM PROGRAMA PARA ADOLESCENTES
 EM SITUAÇÃO DE RISCO SOCIAL
ORGANIZAÇÃO CURRICULAR PARA ASUNIDADES DE INTERNAÇÃO PROVISÓRIADA FEBEM/SP
Letramento e
Alfabetização
Governador do Estado de São Paulo
Geraldo Alckmin
Secretário de Estado da Educação
Gabriel Chalita
Secretário Adjunto
Paulo Alexandre Pereira Barbosa
Chefe de Gabinete
Mariléa Nunes Vianna
Coordenadora de Estudos e Normas Pedagógicas
Sonia Maria Silva
Coordenadoria de Ensino da Região Metropolitana da Grande São Paulo
Aparecida Edna de Matos
Coordenadoria de Ensino do Interior
Elcio Antonio Selmi
Secretaria de Estado da Educação
Praça da República, 53 Centro
01045-903 São Paulo SP
Telefone: (11) 3218-2000
www.educacao.sp.gov.br
Letramento e
Alfabetização
Autoria
SECRETARIA DE
ESTADO DA EDUCAÇÃO
Realização
EDUCAÇÃO
E CIDADANIA
 UM PROGRAMA PARA ADOLESCENTES
 EM SITUAÇÃO DE RISCO SOCIAL
Transpondo os desafios do ler e escrever
“Conheço distritos em que os jovens
 se prostram diante dos livros
 e beijam com barbárie as páginas,
 mas não sabem decifrar uma única letra”
Jorge Luis Borges em A Biblioteca de Babel
Logo cedo a criança começa a ter contato com o mágico mundo das letras. Por
todos os lados seu universo está repleto de símbolos então indecifráveis, grandes
enigmas que bailam em sua mente esperando a combinação exata para tornarem-se
inteligíveis.
A chave para abrir esse cofre chama-se alfabetização. Durante o processo de
apropriação do alfabeto descobrem-se letras, pontos, acentos. A linguagem escrita
vai se descortinando ao olhar espantado do pequeno aprendiz, que começa a ver
sentido naquela seqüência de símbolos.
Um dos primeiros ensinamentos revela de início a importância que esse
aprendizado terá para a vida. Uma lição relacionada à própria identidade, à
individualização, que destaca o fato de cada ser humano ser único: ser e ter um
nome.
No papel, com traços incertos, surgem os primeiros registros, linhas que ganham
formas, sinais gráficos que se transformam em palavras. O mesmo lápis que escreve
“violência” pode anotar “paz”. A mão que redige “ódio” aprende a descrever “amor”.
Essa escolha poderá depender de como será o ensinamento da interpretação para
decifrar o mundo.
O aprendizado da leitura é um grande caminho a percorrer e, nesse percurso,
nossa preocupação deve ser exatamente com o entendimento que os jovens farão dos
textos que surgirão ao longo da sua vida.
Nossa proposta é convidar o estudante para passear sem temor pelo maravilhoso
labirinto do alfabeto. Apresentar a ele o universo como a infinita biblioteca de
Borges, entregando a chave que decifra todas as combinações das letras. “Não há,
na vasta Biblioteca, dois livros idênticos... suas prateleiras registram todas as
possíveis combinações dos vinte e tantos símbolos ortográficos”.
Com a resposta em mãos, os jovens deixarão de ver os textos à sua frente como
um grande enigma e conseguirão ler e escrever o universo ao seu redor, ler e
escrever o próprio mundo.
Gabriel Chalita
Secretário de Estado da EducaçãoSecretário de Estado da EducaçãoSecretário de Estado da EducaçãoSecretário de Estado da EducaçãoSecretário de Estado da Educação
Apresentação
A Oficina de Letramento e Alfabetização foi organizada para atender a demandas
surgidas no processo de implementação do Projeto Educação e Cidadania,
desenvolvido nas Unidades de Internação Provisória da Febem-SP, de 2002 a 2004.
Tem como propósito subsidiar os professores no desenvolvimento de um trabalho
específico de apropriação da leitura e da escrita no contraturno das aulas, com os
alunos que, no desenvolvimento das atividades propostas pelo Projeto, apresentam
dificuldade de ler e escrever.
Com isso, procuramos atender tanto os professores quanto os próprios alunos que,
embora participassem ativamente das situações de letramento previstas,
manifestavam desejo e interesse em superar suas dificuldades.
Coerente com nossa concepção de que o ensino da leitura e da escrita deve estar
diretamente vinculado ao seu uso social, optamos por compor esta oficina com
vivência de situações reais do cotidiano, trazidas pelos próprios temas integrantes
do Projeto: Educação, ponte para o mundo; Justiça e cidadania; Família e relações
sociais; O trabalho em nossas vidas e Saúde, uma questão de cidadania. Desta
forma, o repertório trabalhado nas atividades propostas, nesta oficina, se insere no
contexto do Projeto, fazendo sentido para os alunos.
Com essa publicação, esperamos contribuir para que os adolescentes envolvidos no
Projeto Educação e Cidadania possam, no seu percurso de escolarização, ampliar
cada vez mais suas capacidades de leitura e escrita. Esses conhecimentos serão de
grande valia para que esses jovens vivam uma cidadania plena.
CENPEC - CENTRO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM
EDUCAÇÃO, CULTURA E AÇÃO COMUNITÁRIA
R. Dante Carraro 68 Pinheiros
05422-060 São Paulo SP
http://www.cenpec.org.br
Diretora presidente
Maria Alice Setubal
Coordenação geral
Maria do Carmo Brant de Carvalho
Coordenação do projeto (Equipe Currículo & Escola)
Maria Silvia Bonini Tararam (Coord.)
e-mail: cesc@cenpec.org.br
Maria José Reginato Ribeiro
Marilda F. Ribeiro de Moraes
Autoria do módulo Letramento e Alfabetização
Marlene Coelho Alexandroff
Edição de texto
América A. C. Marinho
Revisão
Sandra A. Miguel
Edição de arte
Eva Paraguassú de Arruda Câmara
José Ramos Néto
Camilo de Arruda Câmara Ramos
Ilustração
Luiz Maia
Coleção Educação e Cidadania
Material produzido no âmbito do projeto
Elaboração e Implementação de Proposta Pedagógica para Adolescentes em
Situação de Conflito com a Lei, desenvolvido pelo CENPEC para
a FEBEM/SP – Fundação para o Bem-Estar do Menor do Estado de São Paulo e
SEE/SP - Secretaria de Estado da Educação
Letramento e alfabetização / Centro de Estudos e Pesquisas em Educação,
Cultura e Ação Comunitária – CENPEC – São Paulo; CENPEC;SEE/SP;
2005. Coleção Educação e Cidadania.
Módulo acrescentado à Coleção – sem numeração
Coleção: Educação e Cidadania, proposta pedagógica; 1. Educação,
ponte para o mundo 2. Família e relações sociais 3. Justiça e cidadania
4. Saúde, uma questão de cidadania 5. O trabalho em nossas vidas 6. Artes
visuais e cênicas 7. Conto 8.Correspondência 9. Educação ambiental:
problemas globais, ações locais 10. Hora de se mexer 11. Jogos da vida
12. Jornal 13. Música e movimento 14. Poesia 15. Ponto de encontro
I. Título II. CENPEC III. FEBEM
CDD-370.11
SUMÁRIO
Introdução 11
A leitura e a escrita 13
Dicas para leitura coletiva 14
Projetos de leitura e escrita 17
Orientações para o professor no trabalho
com projetos de leitura e escrita 17
Referências bibliográficas 24
Projeto Quem sou eu? Quem somos nós? 25
Aprendendo com os nomes 25
A história de um nome 26
Formando um álbum ou um livro de história de vida 27
Aprendendo com os jogos 31
Projeto Dicionário 39
Projeto Agenda 41
Projeto Correspondência 43
Projeto Construindo uma revista musical 47
Projeto Rimando e aprendendo 51
Projeto Divulgando o que aprendemos 53
Projeto Elaborando um anúncio diferente 55
Projeto Um sonho de comunidade 57
Anexos 59
INTRODUÇÃO
“(...) o ideal seria alfabetizar letrando, ou seja: ensinar a
ler e a escrever no contexto das práticas sociais da leitura
e da escrita, de modo que o indivíduo se tornasse, ao
mesmo tempo, alfabetizado e letrado.”
(Magda Soares)
A Oficina de Letramentoe Alfabetização integra o conjunto de oficinas culturais do
Projeto Educação e Cidadania. Tem como objetivo atender, no contraturno das aulas, os
adolescentes com dificuldades em leitura e escrita.
A proposta de um trabalho dessa natureza exige, inicialmente, a definição do que se
entende por alfabetização e letramento.
Alfabetização e letramento são dois processos essencialmente diferentes, mas, ao
mesmo tempo, interdependentes, indissociáveis e não seqüenciais. O letramento refere-
se a um processo que começa muito cedo para a criança de uma sociedade letrada
(acesso a rótulos, placas, embalagens, revistas, cantigas de ninar etc.) e se prolonga
por toda a vida, com a possibilidade de participação em diversas práticas sociais, nas
quais a linguagem escrita está presente (leitura e redação de contratos, de livros
científicos, de obras literárias etc.).
Processo de apropriação do sistema alfabético de escrita, a alfabetização é sobretudo a
compreensão de que a escrita representa os sons da fala e o entendimento de como as
letras e outros sinais se organizam para representar esses sons.
Há quem compartilhe da visão de que, uma vez alfabetizado, o aluno poderá chegar da
letra à sílaba e à palavra, e delas à frase e ao texto. Segundo Magda Soares, as pessoas
se alfabetizam, aprendem a ler e a escrever, mas não necessariamente incorporam
práticas de leitura e escrita, nem adquirem competência para envolver-se com as
práticas sociais de escrita. Do mesmo modo, TERZI (2001) afirma que “o domínio da
codificação e decodificação, isto é, da transformação de sons em símbolos gráficos, e
vice-versa, formando sílabas, palavras e frases, é necessário, mas não suficiente para a
participação do cidadão numa sociedade letrada. Saber ler e escrever uma centena de
palavras e frases não capacita o indivíduo para a leitura do jornal, de uma crônica, de
um documento etc.”.
O letramento refere-se ao exercício eletivo e competente da tecnologia da escrita, que
implica o uso de várias habilidades, tais como a capacidade de ler e escrever para
atingir determinados objetivos (informar, aprender, seduzir, divertir, orientar, lembrar
etc.), relacionando-se, por isso, ao desenvolvimento de competências lingüísticas e
literárias na elaboração de textos diversos.
No desenvolvimento dessas competências, percebem-se diferentes níveis: mesmo sem
estar alfabetizado, o indivíduo pode “ler” um livro ou “escrever” uma carta, pois, ainda
não tendo o domínio do código, utiliza-se de outras pessoas que têm esse domínio como
estratégia para sua sobrevivência na vida cotidiana. Daí encontrarmos entre os
alfabetizandos diferentes níveis de compreensão dos usos e funções da escrita, que vão
desde o conhecimento de textos limitados, como a cédula de identidade ou a placa do
11
LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO
12
EDUCAÇÃO E CIDADANIA
ônibus que utiliza diariamente, até a percepção de que o cidadão tem de saber ler e
escrever para poder usufruir de bens culturais, ter suas opiniões respeitadas etc., numa
perspectiva de inclusão social.
No entanto, o desenvolvimento dessas capacidades de leitura e escrita só pode
acontecer em situações significativas para o sujeito e pelo acesso à diversidade de
gêneros discursivos que circulam na sociedade e sua familiaridade com eles.
Por essa razão, o trabalho curricular, proposto no Projeto Educação e Cidadania, em
todos os módulos temáticos, oferece oportunidade para o adolescente interagir com
diferentes linguagens e variados gêneros discursivos, por meio da vivência de situações
diversas que contribuem para desenvolver capacidades lingüísticas mais elaboradas,
como argumentar, analisar, interpretar.
Essa interação com os textos das oficinas temáticas é importante no processo de
apropriação da leitura e da escrita, mas não é suficiente, particularmente para aqueles
cuja história se desenvolve em contextos culturais em que a leitura e a escrita não são
práticas rotineiras.
Essa é a razão de ser desta oficina, que propõe trabalho de alfabetização com o
desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita. Mais do que se restringir à mera
aquisição do código escrito, ela incorpora a noção de letramento, que perpassa as
práticas já vivenciadas pelo adolescente no horário escolar. Por isso, em vários
momentos da oficina há referência aos módulos temáticos e oficinas culturais do
material, remetendo o educador aos conteúdos ali propostos. Contemplar de forma
articulada e simultânea a alfabetização e o letramento torna-se, assim, o desafio de uma
ação pedagógica que pretende ser adequada e produtiva para educadores e educandos.
Coerentemente com as concepções aqui afirmadas, as atividades propostas nesta
oficina estão organizadas em pequenos projetos de leitura e escrita, que contemplam
conteúdos e vocabulário presentes nos temas e oficinas culturais, assegurando os
mesmos princípios e pressupostos do projeto. Os eixos em torno dos quais o projeto
está estruturado – identidade, ética e cidadania – perpassam todas as atividades
propostas, dando-lhes sentido no conjunto do material.
A Oficina de Letramento e Alfabetização deve, preferencialmente, ser de
responsabilidade dos diferentes educadores envolvidos no projeto, devendo ocorrer, se
possível, simultaneamente ao trabalho com os temas e demais oficinas. Isso otimizará o
trabalho desenvolvido tanto no horário escolar quanto no contraturno, ampliando a
compreensão e o domínio da leitura e da escrita, como instrumento de acesso ao
conhecimento.
É importante que o educador conheça o conjunto dos projetos de leitura e escrita
propostos nesta oficina, para que possa conjugá-los aos conteúdos temáticos,
garantindo assim o sucesso da aprendizagem dos adolescentes.
13
LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃOA LEITURA E A
ESCRITA
“Não se aprende a ler primeiramente
palavras, depois frases, depois textos e,
enfim, textos dos quais se tem
necessidade. Aprende-se a ler
aperfeiçoando, desde o princípio, o
sistema de interrogação dos textos que
precisamos ler, mobilizando o ‘conhecido’
para reduzir o ‘desconhecido’.”
(Foucambert, 1994)
A linguagem escrita tem especificidades que
precisam ser aprendidas. Uma das melhores
maneiras de adquirir esse aprendizado é por
meio do estudo de textos, de suas condições
de produção1 e das estratégias utilizadas
pelos autores. Assim, leitura e produção de
textos são processos estruturados de
apropriação de capacidades lingüísticas.
A apropriação da linguagem escrita é de
natureza social, uma vez que o domínio do
sistema de escrita não se reduz ao domínio
gráfico, nem à transposição da linguagem
verbal. A linguagem escrita tem funções bem
definidas e se manifesta por meio de
diferentes registros. Não se escreve uma
carta da mesma maneira que uma notícia, e
uma narrativa para adultos não tem o mesmo
teor que uma história escrita para crianças.
Na linguagem verbal, os participantes
encontram-se face a face e a linguagem fica
apoiada em elementos extralingüísticos, tais
como a entonação, os gestos e as expressões
faciais. A linguagem escrita, por sua vez, é
formal, exige o uso de uma gramática
diferente da oralidade; sendo abstrata,
precisa ser bem explicitada em todos os
detalhes porque o interlocutor está ausente.
A leitura é, então, um espaço de interlocução
entre o leitor e o autor, mediado pelo texto.
Isso nem sempre ocorre na prática escolar,
que acaba apenas enfatizando a leitura como
pretexto para o ensino de gramática e para o
reconhecimento e reprodução mecânica de
palavras e frases.
A prática tem demonstrado que o aluno se
acostuma apenas a identificar no texto as
respostas pretendidas pelo professor,
decodificando sem atribuir sentido, sem
criticar ou assumir um posicionamento diante
do texto. Como afirma SMITH (1998),
“esperar que a criança aprenda a ler através
de material sem sentido é o método mais fácil
de tornar o aprendizado da leitura
impossível”.
A leituraé um processo dialógico, de idas e
vindas, em que o leitor interage com o texto e
com o autor, construindo e reconstruindo o
significado. A leitura não se dá linearmente
ou acumulando significados das palavras
isoladas para se chegar ao significado do
texto. Na realidade, cada palavra serve para
ativar conhecimentos já adquiridos, que
contribuirão para a significação do texto, num
processo contínuo de construção de sentido.
Ler, então, é atribuir sentido ao texto e não
apenas decodificar letras e sinais.
Dependendo das necessidades e interesses do
leitor, os usos e funções da leitura se
diferenciam nos diversos gêneros. Assim,
contos de fadas, fábulas, lendas, histórias de
aventura e de ficção científica, romances
policiais, crônicas literárias etc. possuem
características lingüísticas bem diversas e
distintas e, para ler cada um deles, usamos
diferentes estratégias, de acordo com o
objetivo que temos em mente, com o grau de
complexidade do texto, com o conhecimento
prévio que temos sobre o assunto e com as
práticas discursivas a que temos acesso.
É preciso ir além da leitura de textos
fragmentados e indiferenciados,
oportunizando o acesso a diferentes gêneros
discursivos e a diferentes portadores de texto
(livros, revistas, jornais, cartazes, outdoors,
talões de cheque, bulas, embalagens, listas
telefônicas, notas fiscais, folhetos de
propaganda, instruções de jogo, dicionários,
carnês etc.), para que o aluno aprenda a ler
1 CONDEMARIN, Mabel, CHADWICK, Mariana. Oficina de
escrita. São Paulo: Psy II, 1994.
14
EDUCAÇÃO E CIDADANIA
utilizando-se das estratégias discursivas com
que se tecem os gêneros.
Gêneros discursivos: Os textos, orais ou escritos,
variam em função de suas finalidades – informar,
entreter, instruir, emocionar, seduzir, convencer etc.
A finalidade do texto determina sua organização,
sua estrutura e seu estilo: seu gênero. E como são
numerosas as finalidades com que são produzidos
os textos no contexto social, muito numerosos são
os gêneros do discurso, ou as formas de dizer
necessárias a cada esfera da atividade humana.
Assim, pode-se afirmar que os gêneros do discurso
ou as práticas discursivas são as diferentes
espécies de textos, falados ou escritos, que
circulam e que são reconhecidos com facilidade
pelas pessoas, como carta, bilhete, notícia de
jornal, reportagem, poema, romance, sermão,
piada, contrato de aluguel, regulamento, letra de
música etc.
O acesso aos diferentes gêneros dentro do
próprio material sem dúvida alguma tem
ampliado as capacidades de leitura dos
jovens. Muitos professores relatam que
percebem, mesmo em pouco tempo, os
avanços de seus alunos no uso desses
procedimentos e capacidades. Relatam
também que muitos alunos identificam o que
aprenderam e o que lhes falta aprender,
permitindo assim, aos poucos, o uso de
estratégias cognitivas e metacognitivas, isto
é, voltar-se para os próprios conhecimentos e
habilidades para avaliá-los ou reformulá-los.
Estratégias metacognitivas são aquelas
operações (não regras) realizadas com algum
objetivo em mente, sobre as quais se tem
controle consciente, no sentido de sermos
capazes de dizer e explicar a nossa ação.
(KLEIMAN, 1995)
Os avanços dessas capacidades se
fundamentam no processo de construção do
leitor e do escritor. É importante destacar que
a explicitação clara dos objetivos da leitura a
ser realizada pelos jovens e a monitoração da
compreensão da leitura são estratégias
metacognitivas e contribuem para o
desenvolvimento de outras capacidades:
ativação de repertório já conhecido,
reconhecimento e identificação de conteúdos
já trabalhados, capacidades lógicas e de
interação social etc.
Essa explicitação dos objetivos dirige e
facilita a compreensão, permitindo que a
leitura vá muito além da simples
decodificação de palavras em sons. Para isso,
sugerimos alguns procedimentos que
propiciam uma compreensão mais
aprofundada da leitura pelos jovens.
DICAS PARA LEITURA
COLETIVA
Antes da leitura
• Escolha textos de boa qualidade.
• Prepare-se para esse momento lendo o
texto antes.
• Procure criar um clima de envolvimento.
Se possível, peça aos alunos que se
sentem em círculo, próximos a você.
• Diga o nome do(a) autor(a) e pergunte se
já o(a) conhecem, se já leram algum livro
ou texto dele(a).
• Fale sobre a época e o lugar em que o
texto foi escrito, caso você tenha essa
informação.
• Mostre-lhes a capa e pergunte sobre o que
seria o texto.
• Aponte o nome do(a) autor(a), o título do
livro, leia o texto da quarta capa ou
contracapa (se houver). Se o livro contiver
muitos textos, mostre a eles como
localizar o que vão ler pelo índice.
Durante a leitura
• Se os ouvintes se dispersarem, utilize
alguns recursos para resgatar a atenção:
faça algum tipo de suspense, lance
perguntas que permitam a formulação de
hipóteses sobre o que virá a seguir etc.
• Faça algumas interrupções também se
notar que a compreensão está difícil,
dando algumas pistas para ajudar, mas
não se alongue em explicações, evitando
fragmentar a leitura.
• Se os jovens interromperem com
perguntas, responda ao estritamente
necessário e retome rapidamente o
texto.
15
LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO
Após a leitura
• Caso perceba que não compreenderam o
texto, ajude-os com pistas, fazendo
perguntas e respondendo às deles.
• Estimule comentários e discussões a
respeito de usos e costumes de outras
épocas e povos, sobre as características
dos personagens.
• Desafie-os a ir além do texto,
relacionando-o com as próprias
experiências.
• Incentive os alunos a exercitar a
imaginação, o raciocínio lógico e a
coerência, questionando sobre o que
aconteceria se determinado fato fosse
alterado (E se Fulano tivesse agido assim?
O que mudaria na história, se Beltrano
tivesse respondido...?) ou se o autor
utilizasse outro argumento etc.
• Chame a atenção para: o estilo do(a)
autor(a), os recursos que ele(a) utiliza
para prender a atenção do leitor, a riqueza
de expressões, as frases bem construídas,
expressões regionais, gírias, linguagem
figurada etc.
• Abra espaço para que manifestem seus
sentimentos e opiniões e ajude-os a ir
além do “é legal” ou do “gostei”, pedindo
que justifiquem suas opiniões sobre o
texto, as ilustrações, o estilo do autor (o
jeito de contar/escrever) etc.
É bom lembrar que, quando a escola só
proporciona atividades de leitura dirigida e
predeterminada, pode desmotivar o aluno,
dificultando o desenvolvimento de leitura
mais autônoma.
Outro dado importante em relação ao uso
autônomo das habilidades de leitura é que
elas facilitam o desenvolvimento do discurso
escrito. Um escritor iniciante não identifica
facilmente os problemas surgidos ao longo da
produção, principalmente aqueles relativos
aos aspectos internos e de organização
textual. A seqüenciação de um texto vem, na
maioria das vezes, marcada pela oralidade,
principalmente em textos em que o
destinatário é mais explicitado, como é o caso
de cartas e bilhetes. A aglutinação de
palavras e a dificuldade em paragrafar
decorrem dessa falta de distinção entre a
oralidade e a escrita apresentada pelo
escritor inexperiente, pois sua produção se
configura na oralidade.
Se cada texto tem uma característica
lingüística própria, seja conto, receita,
notícia, propaganda ou poesia, para se
transitar com facilidade entre os diferentes
gêneros é preciso, além do acesso a eles, a
percepção das diversas marcas que os
diferenciam. Cada um exigirá planejamento e
seqüenciação diferentes, de acordo com o
objetivo que se tiver em mente.
A apropriação da linguagem escrita é de
natureza social, uma vez que o domínio do
sistema de escrita não se reduz nem ao
domínio gráfico, nem à transposição da
linguagem verbal. A linguagem escrita tem
funções bem definidas e se manifesta por
meio de diferentes registros. Quem produz ou
lê um texto o faz a partirde certo lugar –
como diz Leonardo Boff2, a partir de onde
estão seus pés e do que vêem seus olhos. Nem
sempre os horizontes de quem escreve e os de
quem lê estão próximos. As leituras produzem
interpretações que revelam valores, crenças.
Ao ler ou escrever, o aluno pode tomar
consciência de si e do outro, partindo do que
for significativo, ampliando assim seu
repertório e o processo de apropriação das
práticas sociais de leitura e de escrita e,
naturalmente, das capacidades nelas
envolvidas.
Nesse sentido, quando se fala em letramento
é preciso fugir da literalidade dos textos e
interpretá-los, colocando-os em relação com
outros textos e discursos, de maneira situada
na realidade social.
No Projeto Educação e Cidadania, esta tem
sido uma preocupação: todos os módulos e
oficinas proporcionam textos significativos
1 “Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a
partir de onde os pés pisam.” (BOFF, Leonardo. A
águia e a galinha: uma metáfora da condição humana.
37. ed. Petrópolis: Vozes, 2001.)
16
EDUCAÇÃO E CIDADANIA
para a vida dos jovens. Oportuniza-se assim a
discussão, incentivando-se o questionamento
e a avaliação de posições e ideologias,
ampliando-se as capacidades necessárias ao
exercício pleno da compreensão.
Portanto, formar o cidadão participativo
significa propiciar aos jovens condições de
conhecer as práticas de letramento
(práticas sociais que incorporam a escrita):
suas características e o poder que poderá
advir de sua apropriação. Para tanto, por
meio dos projetos de leitura e escrita
propostos, esta oficina remete o tempo todo
aos conteúdos temáticos e culturais do
Projeto Educação e Cidadania.
17
LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃOPROJETOS DE
LEITURA E ESCRITA
“A folha aprisiona as idéias e, quando
abrimos a gaiola da escrita, com a chave
da leitura, os pássaros de papel saem
voando enlouquecidos, desordenando a
seqüência das páginas e, em seu
contentamento, de ter voz para voltar à
vida, as vozes se misturam, as mãos se
confundem e é aí que a criação pode
surgir.”
(Ana Maria Netto Machado)
A decisão de trabalhar com projetos de leitura
e escrita tem como objetivo criar situações
em que a escrita se torne necessária,
passando a ter uma finalidade real de uso, ou
seja, uma função social e não meramente
escolar.
Com os projetos, a apropriação da leitura e da
escrita dar-se-á por meio do trabalho com os
temas integrados ao Projeto Educação e
Cidadania, que tem como eixo a questão da
identidade, da cidadania e da ética.
O projeto tem um objetivo a ser
compartilhado por todos os envolvidos e um
produto final que terá destinação, divulgação
e circulação social, na escola ou fora dela.
Um projeto da forma como propomos é um
conjunto de atividades que se desenvolvem
em torno de gêneros discursivos ou de um
eixo temático (que por sua vez também enseja
a leitura e a produção – oral e escrita – de
diferentes gêneros). Trata-se de uma proposta
de trabalho com objetivos previamente
delineados, com ações planejadas, executadas
com divisão de trabalho e avaliadas quanto ao
processo e ao produto final. As atividades que
compõem o projeto possuem uma relação
entre si, formam um todo articulado e
concorrem para que se atinja a meta
proposta.
Os projetos transformam a sala de aula numa
oficina, pois o processo de produção exige
várias idas e vindas na busca de um produto
bem acabado que será exposto e divulgado. A
responsabilidade passa a ser de todos e não
só do professor, abrindo espaço para a
discussão, problematização, cooperação e
solidariedade.
Nos projetos de leitura e escrita há sempre
duas características fundamentais: a
problematização de um tema e a produção de
um objeto ou ação por parte dos alunos. A
produção deve ter um destino ou finalidade
social real para garantir a participação ativa
dos alunos; por isso, o projeto precisa propor
um problema real para ser resolvido, tal como
confeccionar um álbum de sua história ou
uma agenda para guardar endereços que
poderão interessá-los.
É preciso ficar claro que, independentemente
do nível de letramento de cada aluno, todos
podem e devem participar dos projetos de
leitura e escrita propostos, pois é no
desenrolar desse trabalho, no contato com os
diferentes gêneros discursivos que ele poderá
desenvolver suas capacidades de leitura e
escrita.
Também é importante que o professor
conheça a situação de letramento de cada um,
para que possa melhor atendê-los, ajudando-
os a se desenvolver.
ORIENTAÇÕES PARA O PROFESSOR
NO TRABALHO COM PROJETOS DE
LEITURA E ESCRITA
O que o aluno já sabe? Como ele aprendeu?
Antes de começar o trabalho, é importante
que você pesquise como foi a história de
letramento de seus alunos: o que eles já
aprenderam e como eles aprenderam?
A que materiais os alunos tiveram acesso?
Cartilhas e livros didáticos mais tradicionais
ou livros de literatura, rótulos, propagandas,
revistas, jornais etc.?
Seus alunos já sabem para que serve a
escrita? O que ela representa e como se
organiza?
Para aprender a ler e escrever, é preciso
18
EDUCAÇÃO E CIDADANIA
encontrar um objetivo para essa
aprendizagem. É importante participar de
atividades, na própria sala de aula e nas
oficinas, que favoreçam o acesso a diferentes
gêneros discursivos e atividades que ajudem o
aluno na apropriação das regularidades da
língua – no reconhecimento de letras, no
destaque das letras iniciais e finais, na
relação som/grafia (rimas, listas, jogos etc.).
Assim, investigue:
O que foi feito para que o aluno fosse se
apropriando das regularidades da língua? Ele
sempre esteve envolvido com exercícios mais
mecânicos ou teve oportunidade de ler,
comparar, trocar informações, analisar etc.?
Como ele se comporta nas atividades em
grupo? Recusa-se a fazer as atividades,
tumultua e faz “bagunça”, atrapalhando os
colegas em vez de fazer as tarefas propostas?
O professor deve se aproximar do aluno para
descobrir a causa da resistência e/ou
indisciplina. Muitas vezes o adolescente ou
criança tem vergonha de mostrar que não
sabe e, por isso, recusa-se a participar das
atividades ou transforma sua timidez em atos
de indisciplina.
Como está a aceitação dos professores e dos
alunos em relação ao aluno não alfabetizado?
Ele está sendo rotulado?
Está sendo discriminado?
Provavelmente esse aluno está precisando de
ajuda e os colegas poderão ser de grande
valia: a classe pode e deve ser envolvida no
atendimento ao aluno que não lê
convencionalmente. A solidariedade é um dos
sentimentos mais fortes entre os
adolescentes, que a usam para fortalecer a
própria identidade dentro do grupo; por isso o
professor pode canalizar esse sentimento
para a ajuda aos alunos com mais dificuldade,
fazendo com que seja dada uma atenção
especial a eles, dentro e fora da sala. No
entanto, deve cuidar para que os colegas não
façam por ele, mas sim incentivá-lo a
participar da atividade com pistas,
oportunizando pequenos sucessos que
contribuirão para o fortalecimento de sua
auto-estima. Se não houver uma finalidade
prática, as atividades de cópia devem ser
evitadas.
Conhecendo melhor o aluno
não alfabetizado
Os alunos com grande defasagem na
apropriação da leitura e da escrita precisam
de ajuda para avançar, independentemente da
série em que estejam. Como primeiro passo,
procure averiguar o que já sabem sobre o
funcionamento do sistema alfabético de
escrita e o que ainda não conseguiram
compreender. Assim, analise se eles:
• conhecem as letras do alfabeto;
• percebem a relação entre os sons da fala
e a grafia das palavras;
• ao escreverem, trocam muitas letras ou
colocam-nas fora de lugar, mesmo
conhecendo as letras do alfabeto e
compreendendo a relação entre som e
escrita.
Para ajudar você nessa pesquisa, alguns
pontos podem ser destacados:
Conhece as letras do alfabeto?
Por vivermos em uma sociedade cercada da
escritapor todo lado, fica muito difícil
acreditar que ainda existam jovens que não
conheçam as letras do alfabeto. No entanto,
há alunos que ainda não reconhecem letras,
ou que as usam indistintamente e precisam de
atividades que os levem a perceber a relação
som-grafia, a convencionalidade das letras,
como elas se organizam.
No texto a seguir, há indícios de que o aluno
usa as letras indistintamente. Há poucas
palavras escritas convencionalmente, mas
que foram copiadas da lousa.
Assim, se o aluno não conhece as letras, ou as
usa indistintamente, é preciso explorar
palavras que sejam modelos estáveis, tais
como: nomes próprios, rótulos, embalagens,
folhetos de propagandas, títulos de histórias,
listas de palavras significativas etc.
Em todas essas atividades, é importante
chamar a atenção para as letras utilizadas: a
19
LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO
nomeação e identificação das letras do
alfabeto é importante. Há alunos que chegam
à escola sabendo apenas “dizer” o alfabeto,
sem identificar as letras, da mesma forma que
crianças “recitam” a seqüência dos numerais
sem reconhecê-los. Dependendo da forma de
conduzir as atividades, essa dificuldade pode
ser superada aos poucos, com o
estabelecimento da relação entre o nome da
letra e o respectivo traçado.
Por isso, é importante que o alfabeto fique
exposto e seja feita a apresentação das 26
letras [inclui K, W, Y], seguindo a ordem
alfabética, permitindo uma visão de conjunto,
facilitando a compreensão do todo e a
distinção de cada unidade, conhecimento
indispensável para alunos que apresentem
escritas semelhantes à de Carlos.
Além desse trabalho, outro ponto de partida é
a escrita do próprio nome e de pessoas
próximas, como familiares, amigos,
namorada(o). Assim, para saber o que o aluno
já sabe, peça-lhe que escreva o próprio nome.
Pergunte que letras são necessárias para
escrevê-lo. Faça o mesmo com outros nomes
próprios que ele tentar escrever. Utilize letras
de plástico ou de cartolina para compor, junto
com ele, essas e outras palavras
significativas.
Ao trabalhar com jovens que ainda tenham
esse tipo de dificuldade, repita o processo
com palavras significativas que você retirar
dos temas, destacando as letras iniciais e
finais, as letras que se repetem, as letras
diferentes, e utilize jogos que envolvam letras
e palavras, tais como: sopa de letras, palavra
secreta, corrida de letras etc., repetindo-os
em diferentes contextos.
Faça também algumas atividades com
símbolos, tais como marcas de carro, clubes
de futebol, para que eles se sintam
fortalecidos. Pequenos sucessos contribuem
para fortalecer a auto-estima e a crença na
capacidade de aprender.
20
EDUCAÇÃO E CIDADANIA
Percebe a relação entre
o som da fala e a grafia das
palavras?
Os alunos que ainda não escrevem
convencionalmente pensam, têm idéias e são
capazes de expressá-las, mesmo que
utilizando uma escrita não totalmente
compreensível para outras pessoas. Nas
produções de texto ao lado, em meio a
palavras sem sentido, percebe-se um início
de estabelecimento da relação som-escrita.
Para alunos com escritas semelhantes, é
importante desenvolver atividades que
levem à consciência sonora – percepção da
relação entre o som da fala e a escrita –,
ampliando a compreensão da natureza
alfabética de nosso sistema de escrita.
O trabalho com rimas, poesias, letras de
música, adivinhas, parlendas e trava-
línguas ajuda muito nesse processo.
Assim, faça-os memorizar algumas trovas
ou letras de canções populares;
apresente-as
por escrito; solicite que leiam (eles
sabem de memória) apontando as palavras;
dê partes da trova ou da letra da canção para
eles completarem; peça-lhes que tentem
escrever os versos como souberem, sem
copiar.
Proponha vários jogos (forca, pare, encontre o
par, adivinhe a palavra, dominó etc.), sempre
que possível, no início da oficina, quando os
jovens estão mais receptivos e atentos.
Além disso, seja um modelo de leitor e leia
sempre para eles. Quando você (ou um
colega) lê para o aluno não alfabetizado, ele
também é leitor, porque atribui sentido ao
texto lido.
Indague seu aluno sobre o que ele quis
escrever e traduza suas tentativas de escrita
para a escrita convencional, anotando, no
texto, as construções elaboradas por ele. Nas
produções como a do texto ao lado, a ação da
professora traduzindo o texto do aluno foi
fundamental tanto para tornar seu texto
legível, como para planejar intervenções
adequadas. Dessa forma, é possível ler e
escrever pequenos textos, mesmo antes de se
ter domínio do sistema da escrita.
Proponha também produções coletivas de
textos, pois quando você (ou um colega)
registra as idéias do aluno não alfabetizado
num texto coletivo, ele também é autor do
texto.
Assim, quando os alunos não alfabetizados
estiverem imersos em situações verdadeiras
de leitura e escrita, acabarão compreendendo
para o que serve a escrita, atribuindo
significado a ela. É importante que eles sejam
desafiados a escrever e, se houver
resistência, insista, pois o fato de não
saberem escrever não deve ser impedimento
para que participem das atividades. Não
permita que eles se acomodem querendo só
desenhar ou que outros façam sempre por
eles. É importante que sejam encorajados a
escrever e, se necessário, fique perto ou deixe
que algum colega fique, dando-lhes
assistência, apoio e pistas.
21
LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO
Compreende a relação entre
som e escrita e conhece as letras
do alfabeto, mas ao escrever,
troca muitas letras ou coloca-as
fora de lugar?
Quando os alunos começam a fazer a relação
som-escrita, acabam escrevendo do jeito que
se fala. Por isso, as intervenções atentas dos
professores e a colaboração dos colegas
continuam fundamentais.
Os dois textos abaixo foram escritos por
jovens que tinham recentemente construído a
base alfabética. Marcos apresenta
basicamente duas dificuldades relacionadas à
convenção: troca o quequequequeque por cecececece e usa o sssss por zzzzz
no final de palavras. Eduardo escreve as
palavras com mais dificuldade, usando muito
a oralidade e aglutinando palavras:
que utilizem vocabulário significativo.
No trabalho com ortografia, os jogos citados
são importantes, pois certas palavras só
podem ser apreendidas pela memorização –
g/j, ch/x, e/i, o/u/l, s/z, s/ss/ç/c/sc e
acentuação nasal (m,n, til) –, enquanto com
outras isso ocorre por meio de regras: mp/mb,
r/rr, s/ss, g/gu, c/qu. Desse modo, os alunos
podem aprender gradualmente a grafia
correta das palavras mais utilizadas, de forma
agradável e desafiante ao mesmo tempo.
Além dessas atividades, pode-se também
criar com a classe uma legenda para as
correções de textos. O ensino das regras
ortográficas é parte integrante do processo de
alfabetização. A própria situação de produção
de texto pode desencadear questões dos
alunos sobre a forma correta de grafar
algumas palavras, que devem ser
prontamente respondidas pelo professor, com
pistas ou pela indicação do uso do dicionário.
O cuidado com a ortografia deve estar focado
principalmente nos textos que serão
divulgados (cartazes, anúncios, notícias,
livretos etc.), pois não se devem expor textos
com incorreções.
No entanto, é preciso, ao mesmo tempo,
incentivar a produção de textos livres e
reproduzidos, coletiva e individualmente, e
promover a leitura de textos de diferentes
gêneros.
Tornar-se um usuário da escrita, de forma
autônoma e eficiente, exige o desenvolvimento
de algumas capacidades, como planejar (o
que e para quem se vai escrever), escrever,
revisar (reler cuidadosamente), avaliar
(julgar se está bom ou não) e reelaborar
(alterar, reescrever) os próprios textos. Essas
capacidades podem ser desenvolvidas desde
as primeiras atividades de escrita. Quando o
aluno escreve o próprio nome num crachá,
pode-se questionar: O nome está grafado
corretamente? A letra está legível? Você usou
adequadamenteo espaço do papel?
O domínio dessas capacidades começa com as
orientações do professor para, aos poucos, ir
se interiorizando e se tornando uma
Nesses casos, é preciso perguntar aos alunos:
• O que você quis escrever?
• Você escreveu o que pretendia?
• Que letras você precisaria colocar para
escrever essa palavra? Em que seqüência
é preciso colocar as letras?
Eduardo e Marcos precisam também perceber
que a escrita não representa a fala, mas a
língua e que ela é ortográfica. Para ajudar
alunos como os dois jovens a superar tais
dificuldades, trabalhe com jogos, tais como
jogo-da-velha, encontre o par, transformando,
palavra mágica, corrida das letras, dominó,
forca, além de cruzadinhas e caça-palavras
22
EDUCAÇÃO E CIDADANIA
capacidade autônoma. Dentre as atividades
que se podem realizar para ajudar nessa
interiorização, destacam-se aquelas em que
os alunos lêem o próprio texto como se outra
pessoa o estivesse lendo, buscando
compreender o que é necessário explicitar
para o leitor.
No entanto, não é um aprendizado fácil, nem
se completa em pouco tempo. Tanto na
organização textual, como no uso de recursos
discursivos mais adequados ao gênero
utilizado, é preciso dar atenção à escolha das
palavras. Se o aluno for escrever uma carta
para o diretor, não poderá utilizar gírias e
expressões coloquiais como faz em suas
cartas pessoais. Se for escrever uma notícia
para um jornal mural, deverá usar outro tipo
de vocabulário e de estruturação sintática.
Grande parte desse aprendizado depende do
acesso e da familiaridade com diferentes
gêneros. O material, como já vimos,
oportuniza esse acesso, mas é preciso que se
faça um trabalho explícito, apontando nos
textos, lidos ou escritos, os recursos mais
adequados.
Nessa tarefa, o professor ocupa um lugar
muito importante e o texto do aluno, o lugar
central. No trabalho de aperfeiçoamento dos
textos dos alunos, são realizadas atividades
de análise lingüística em que se busca o
aprimoramento de textos e pistas para a
elaboração de outros. O objetivo da prática de
análise lingüística é promover a clareza, a
coerência e a coesão dos textos escritos pelos
alunos, bem como a apropriação dos aspectos
gramaticais que envolvem maiores
dificuldades para o escritor iniciante.
Em relação à organização textual, podem-se
seguir os seguintes procedimentos:
• Selecionar um texto que seja
representativo das dificuldades que a
classe apresenta.
• Convidar o autor para ocupar lugar de
destaque e ser consultado sempre que for
necessário.
• Copiar o texto na lousa (ou trazê-lo já
copiado em papel pardo), corrigido nos
aspectos ortográficos e gramaticais.
• Propor questões à classe em função dos
aspectos a serem reestruturados,
anotando as hipóteses na lousa. (Observar
com a classe se há redundâncias, lacunas
ou aspectos que podem ser eliminados.)
• Analisar com os alunos as melhores
soluções, mas respeitar a opinião do
autor, que deverá dar a solução final.
• Reescrever o texto (ou trecho dele) na
lousa, incorporando as alterações
discutidas.
• Solicitar que os alunos comparem o texto
reescrito com o original.
• Permitir que copiem o texto e que
verifiquem se há problemas semelhantes
em seus textos, corrigindo-os.
Em relação aos aspectos gramaticais:
• Escolher um problema que tiver maior
freqüência em sua classe.
• Selecionar um dos trechos a ser
trabalhado.
• Copiar o trecho na lousa (ou trazê-lo já
copiado em papel pardo).
• Apontar as incorreções e discuti-las com a
classe, promovendo um levantamento de
hipóteses e registrando-as na lousa.
• Incentivar os alunos a pesquisar a melhor
solução e orientar essa pesquisa, por meio
da consulta à gramática ou ao dicionário.
• Reescrever o texto com a solução do
problema.
• Solicitar que verifiquem seus textos e, se
necessário, que os corrijam em duplas ou
individualmente.
Esse trabalho deve ser dinâmico e
significativo, mas não pode deixar de lado a
perspectiva de reflexão presente nos módulos,
nem a compreensão de que o domínio da
leitura e da escrita deve efetivamente
cumprir seu objetivo: ser instrumento de
acesso ao conhecimento de si e da cultura.
Esperamos que os projetos de leitura e
escrita e os jogos propostos neste módulo
sirvam de mediação entre seu trabalho e as
23
LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO
demandas que surgirem nesse processo.
Estamos propondo os seguintes projetos:
• Quem sou eu? Quem somos nós?
• Dicionário
• Agenda
• Correspondência
• Construindo uma revista musical
• Rimando e aprendendo
• Divulgando o que aprendemos
• Elaborando um anúncio diferente
• Um sonho de comunidade
Dentre os projetos, há alguns que poderão ser
trabalhados na Oficina de Letramento e
Alfabetização, no contraturno ou junto com os
módulos e oficinas (Dicionário, Agenda,
Divulgando o que aprendemos, Elaborando um
anúncio diferente, Um sonho de comunidade,
e alguns dos jogos) e outros que deverão ser
trabalhados especificamente numa oficina em
que se dê mais atenção às dificuldades dos
jovens (Quem sou eu? Quem somos nós?,
Construindo uma revista musical, Rimando e
aprendendo, além dos jogos aqui propostos).
Bom trabalho!
24
EDUCAÇÃO E CIDADANIA
EFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALEXANDROFF, M.C. Emoção e escrita: fios que se unem
numa mesma trama. Dissertação (Mestrado em
Educação) – Faculdade de Educação, Universidade
de São Paulo, 1998.
AZEVEDO, R. Armazém do folclore. São Paulo: Ática,
2000.
BANDEIRA, M. Antologia poética. Rio de Janeiro: Ed. do
Autor, 1961.
CÂMARA JR., J.M. Dicionário de filologia e gramática.
Rio de Janeiro: J. Ozon, 1970.
CENPEC – Centro de Estudos e Pesquisas em Educação,
Cultura e Ação Comunitária. Ensinar pra valer!
Aprender pra valer! São Paulo: Cenpec, FDE/SEE-SP,
1997. 9v.
CHARTIER, A.M., CLESSE, C., HÉBRARD, J. Ler e
escrever: entrando no mundo da escrita. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1996.
FOUCAMBERT, J. A leitura em questão. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1994.
KLEIMAN, A. Os significados do letramento. Campinas:
Mercado de Letras, 1995.
MATÊNCIO, M.L.M. Leitura, produção de textos e a
escola. Campinas: Mercado de Letras, 1994.
QUEIRÓS, B.C. Correspondência. Belo Horizonte:
Miguilim, 1988.
RIBEIRO, , , , , V.M. Alfabetismo e atitudes. Campinas, São
Paulo: Papirus, Ação Educativa, 1999.
________ (Org.). Letramento no Brasil: reflexões a
partir do INAF 2001. São Paulo: Ação Educativa,
Global, Instituto Paulo Montenegro, 2003.
ROCHA, G. A apropriação das habilidades textuais pela
criança. Campinas: Papirus, 1999.
ROJO, R.H.R. Garantindo a todos o direito de aprender:
uma visão socioconstrutivista da aprendizagem da
linguagem escrita no ensino básico. In: TOZZI, D.A.,
ONESTI, L.F. (Coords.). Os desafios enfrentados no
cotidiano escolar. São Paulo: FDE, 1997. p. 37-58.
[Série Idéias, 28].
________ (Org.). Alfabetização e letramento. Campinas:
Mercado de Letras, 1998.
SMITH, F. Leitura significativa. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1998.
SMOLKA, A.L. A criança na fase inicial da escrita. São
Paulo: Cortez, 1998.
SOARES, M. Aprender a escrever, ensinar a escrever. In:
TOZZI, D.A., ONESTI, L.F. (Coords.). Os desafios
enfrentados no cotidiano escolar. São Paulo: FDE,
1997. p. 59-108. [Série Idéias, 28].
________. Letramento: um tema em três gêneros. Belo
Horizonte: Autêntica, 1998.
________. Letramento e escolarização. In: RIBEIRO,
V.M. (Org.). Letramento no Brasil: reflexões a partir
do INAF 2001. São Paulo: Ação Educativa, Global,
Instituto Paulo Montenegro, 2003. p. 89-113.
SOLÉ, I. Estratégias de leitura. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1998.
TERZI, S.B. A experiência em Inhapi e Olho D’Água do
Casado, AL. Revista do Programa Alfabetização
Solidária, Brasília, v. 1, n. 1, p. 143-153, jul./dez.
2001.
TFOUNI, L.V. Letramento e alfabetização. São Paulo:
Cortez, 1995. [Coleção Questões da NossaÉpoca,
47].
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS.
Faculdade de Educação. Centro de Alfabetização,
Leitura e Escrita. Alfabetizando. Belo Horizonte:
Ceale, FaE/UFMG, SEE-MG, 2003. [Coleção
Orientações para a Organização do Ciclo Inicial de
Alfabetização, 2]. Disponível na internet: http://
www.fae.ufmg.br/ceale/ caderno%202.pdf.
VÓVIO, C.L. (Coord.). Viver, aprender: educação de
jovens e adultos. São Paulo, Brasília: Ação Educativa,
MEC, 2000. 6v.
25
LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO
PROJETOQUEM SOU EU?QUEM SOMOS NÓS?
Escolhemos este projeto para iniciar a Oficina
de Letramento e Alfabetização considerando a
importância do nome de cada um como marca
de sua identidade. Valorizar o nome é
valorizar a auto-estima; reconhecer o próprio
nome é reconhecer-se como sujeito único em
sua individualidade.
Este é um eixo importante do Projeto
Educação e Cidadania, que considera a
identidade como processo constante de
construção, portanto passível de
transformação. Serão retomadas algumas
atividades dos módulos temáticos e dos módulos
de oficinas culturais que trabalham o nome dos
alunos, tais como: Jogos da vida (A importância
do nome; Desenho do nome; História do nome
da Esmeralda); Educação, ponte para o
mundo (Nome e movimento; Descobrindo
nomes; Jogo de boliche; A direita está vaga).
O projeto Quem sou eu? Quem somos nós? foi
dividido em quatro subprojetos, a saber:
1. Aprendendo com os nomes
2. A história de um nome
3. Formando um álbum ou um livro de
história de vida
4. Aprendendo com os jogos
Obs.: O quarto subprojeto contém um
conjunto de jogos que trabalha com o
vocabulário presente nas outras oficinas e
módulos do Educação e Cidadania. Por
isso, ele deverá ser utilizado
concomitantemente aos demais, ampliando
dessa forma o repertório do jovem.
APRENDENDO COM OS NOMES
Escreva as frases do texto que consta do
Anexo 1 em letras grandes (tipo bastão) e
coloque-as, uma a uma, num papel pardo ou
mesmo na lousa, remontando-o, lendo as
palavras bem devagar, parando nos nomes.
Compare os nomes com outros que os jovens
já conheçam, destaque as letras iniciais e
finais e indague que letras são necessárias
para escrevê-los. Chame a atenção para o
fato de que J. Pinto Fernandes aparece
apenas com a inicial do primeiro nome, mas é
o único com sobrenome.
Observe que a repetição da expressão “que
amava” parece reproduzir o movimento da
dança da quadrilha. Pare nessas palavras que
se repetem, mostrando que todas elas são
escritas com as mesmas letras.
Depois de remontar todo o texto, releia-o com
seus alunos. Pergunte, então, por que ele tem
o nome “Quadrilha”. Deixe que cada um
expresse sua opinião. Se julgar necessário,
pergunte se já dançaram quadrilha, se
observaram como ela é composta e se não há
sempre uma troca de pares. Explique que o
autor usou o nome do poema em alusão à
junção e troca de pares existentes na
quadrilha.
Leia o texto novamente, mostrando que o
poema tem dois momentos: um mais
descritivo em que predomina o sentir e outro
mais narrativo em que predomina o fazer.
Incentive os jovens a construir uma paródia
ou paráfrase a partir do poema de
Drummond, trocando os nomes por outros que
já conhecem. Registre na lousa.
Divida a classe em duplas ou trios e solicite
que recriem outros poemas, incentivando a
participação de todos, mesmo daqueles que
ainda não reconhecem as letras ou os sons.
Peça para que leiam para o grupo, destacando
a variedade de possibilidades que surgirem a
partir do texto original. Coloque as produções
num cartaz, valorizando a autoria dos jovens.
Em seguida, faça com eles os exercícios que
se seguem ao poema (Anexo 1), destacando as
letras dos nomes, principalmente se você
tiver alunos que não conheçam as letras ou
tenham dificuldade no reconhecimento dos
sons. Incentive a participação de todos. Se
houver alunos com muita dificuldade,
distribua letras móveis e deixe que escrevam
os nomes em duplas ou trios, para depois
26
EDUCAÇÃO E CIDADANIA
registrá-los no papel. Em todas essas
atividades, é importante chamar a atenção
para a ordem alfabética utilizada nas listas. A
memorização da seqüência do alfabeto ajuda o
aluno a buscar a letra de que necessita para
escrever. Em geral os alunos chegam à escola
sabendo “dizer” o alfabeto, ainda que não
associando o nome da letra a seu traçado.
A HISTÓRIA DE UM NOME
Retome (ou introduza, se seus alunos ainda
não vivenciaram) a atividade “A importância
do nome”, que pertence à Oficina Jogos da
vida. Proponha que escrevam seus nomes,
desenhando as letras, como está proposto
naquela oficina. Leia a história do nome de
Esmeralda e discuta com eles a importância
dos nomes, se a oficina não tiver sido
realizada ainda.
Em seguida, apresente o texto ROBERTO sem
CARLOS (Anexo 2), escrito numa folha de
papel pardo. Leia o texto lentamente,
envolvendo os alunos. Faça uma leitura
compartilhada, chamando um aluno para ler
um trecho do texto. Dê-lhe pistas, ajudando-o
a antecipar as palavras (leia uma parte do
texto e peça para que o aluno complete).
Repita com outros alunos até terminar a
leitura do texto.
TRABALHANDO COM O TEXTO
Na leitura compartilhada, você ajudou seus
alunos a formular previsões sobre o texto a
ser lido. Faça perguntas (oralmente) sobre o
que foi lido, esclarecendo dúvidas sobre o
texto e ajudando-os a resumir as idéias
principais do texto:
Roberto encontrou uma maneira de escrever seu
nome. De que outras maneiras ele poderia resolver
essa situação?
Antes de aprender a escrever, você já deve ter
passado por situações em que precisou usar a
escrita para resolver algo do seu dia-a dia. Como
você resolveu essa situação?
O nome é uma marca de identificação. Que
outras marcas identificam as pessoas? Observe
seus colegas e anote as marcas que os
identificam. (Você pode retomar a atividade de
elaboração do crachá realizada na introdução do
subtema 1 do Módulo Educação, ponte para o
mundo, pág. 11, ou a Oficina 1 – Símbolos,
marcas e logotipos – da Oficina Artes visuais e
cênicas, pág. 8.)
O primeiro nome pode ser composto por vários
nomes e o sobrenome é o nome de família. Você
conhece pessoas com sobrenomes iguais? As
pessoas que têm o mesmo sobrenome são sempre
parentes?
TRABALHANDO COM OS NOMES
ROBERTO CARLOS é um nome composto
porque tem dois nomes. Há muitos nomes
compostos. Relembre com seus alunos os
nomes compostos que eles conhecem e
registre-os na lousa, lendo-os pausadamente,
destacando onde começam e onde terminam.
Peça aos alunos que ainda não estabelecem a
relação som-escrita para que se dirijam à
lousa e leiam os nomes. Esteja atento(a) para
que o fato da história não se repita. Se
acontecer, explore nomes que os alunos
conheçam, promova um levantamento de
hipóteses com eles, dê-lhes pistas para que
comecem a perceber que uma emissão sonora
pode conter várias letras. Repita essa
atividade várias vezes para dar mais
segurança a seus alunos, oferecendo-lhes a
chance de ter pequenos sucessos e assim
poder acreditar que são capazes de ler e
escrever.
Ajude os alunos a fazer os exercícios que se
seguem ao texto ROBERTO sem CARLOS
(Anexo 2)
TRABALHANDO COM SOBRENOMES
Explique que o sobrenome é uma marca que
nos identifica, que é o nome de família e que
vem depois do primeiro (ou segundo, quando o
nome for composto). Geralmente os
sobrenomes são compostos pelo sobrenome
da mãe e do pai. Quando a mulher se casa,
pode optar por adotar também o sobrenome
do marido. Leia com eles os exemplos que
constam do Anexo 2.
PAULO DA SILVA FERNANDES
(nome) (sobrenome da mãe) (sobrenome do pai)
VALÉRIA MARIA SOARES PEREIRA
(nome) (sobrenome do pai) (sobrenome do marido)
27
LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO
Proponha que leiam a lista que se segue aos
exemplos e descubram como foi organizada.
Escreva os nomes e sobrenomes de seus
alunos na lousa. Analise seus sobrenomes. Há
sobrenomesiguais? As pessoas que têm o
mesmo sobrenome são sempre parentes?
Discuta com seus alunos, mostrando a
listagem de nomes, e, junto com eles, coloque
a lista em ordem alfabética.
FORMANDO UM ÁLBUM
OU UM LIVRO DE HISTÓRIA DE
VIDA
Você deve ter em sua classe alunos com
diferentes histórias de letramento. Alguns já
lêem e escrevem bem, enquanto outros nem
sabem os nomes corretos das letras. É
importante planejar atividades que acolham
alunos que estão em diferentes níveis.
Uma atividade que você pode desenvolver com
sua turma e que o(a) ajudará a conhecer
melhor seus alunos e, ao mesmo tempo, a
apresentar-lhes o mundo letrado de forma
significativa para eles é construir um
álbum ou livro da história de cada um,
registrando seus gostos, suas lembranças,
seus sonhos...
As atividades foram pensadas para todos os
alunos da classe, pois mesmo as mais
simples, como incluir escrita de listagem,
servirão como fonte de reflexão para aqueles
que estiverem começando, a fim de que
percebam o som das letras e sua seqüência
nas palavras, e poderão sanar as dificuldades
ortográficas daqueles que já estão
escrevendo.
Cada página do álbum será uma folha de
sulfite com o nome da atividade a ser
realizada. Guarde-a num envelope ou folha de
plástico e, ao final, cada um poderá colocar o
nome numa capa e ilustrá-la como achar
melhor.
No álbum você poderá utilizar diferentes
linguagens e diferentes gêneros discursivos,
incentivando cada um a escrever do jeito que
souber. Você ou um colega poderá ajudar
quando o aluno precisar.
A HISTÓRIA DO MEU NOME
Convide os jovens a fazer um relato, contando
como seu nome foi escolhido, quem o
escolheu, o que ele acha de seu nome etc. Se
algum jovem não souber, estimule-o a
perguntar para a família.
Leia a história do nome da Esmeralda (na
biblioteca você poderá encontrar o livro:
Esmeralda – por que não dancei) e converse
com seus alunos. Explique que todo nome tem
uma história, pois alguns receberam o nome
em homenagem a alguém, outros por motivo
religioso, outros até por junção de alguns
nomes...
Explique também que os nomes têm
significado e pergunte se eles sabem qual é o
do seu nome. Leve para a sala um dicionário
de nomes e pesquise com eles. Tenha a
certeza de que haverá muito interesse e de
que alguns poderão mudar a impressão que
têm de seus nomes.
Depois, peça para que relatem por escrito a
história de seu nome. Se houver algum aluno
que não saiba escrever convencionalmente,
incentive-o a registrar de seu jeito e depois
registre embaixo, explicando que outras
pessoas poderão ver o álbum e será muito
importante que tenha pistas para
compreender sua história.
Se, ao escrever, seu aluno trocar muito as
letras, indague sobre o que ele queria
escrever e, se não escreveu o que pretendia,
que letras precisaria colocar para escrever
essa palavra e em que seqüência deveria
colocar as letras, dando-lhe pistas sobre a
escrita convencional. Esteja atento(a) e repita
essas orientações, sempre que necessário, na
elaboração das diversas páginas do álbum.
O ACRÓSTICO
Você já percebeu que os jovens gostam muito
do texto poético. A Oficina Poesia propõe a
atividade com acrósticos, que os adolescentes
usam muito. Recorra a ela se precisar.
Escreva na lousa um nome conhecido (o de
Esmeralda, por exemplo) e faça junto com
eles um acróstico para a pessoa. Depois,
28
EDUCAÇÃO E CIDADANIA
incentive-os a fazer outros, utilizando-se das
letras móveis. Peça que escrevam o nome de
alguém especial, como o da mãe, da
namorada, da irmã, e faça vários exercícios.
Os alunos com mais dificuldade talvez
precisem de ajuda. Então, faça esta atividade
em duplas ou trios, com alunos de diferentes
níveis de letramento.
Em outro momento, repita a atividade com o
nome de cada jovem. Se ainda houver
necessidade, proponha esta atividade em
duplas ou trios, e depois cada um copiará seu
acróstico na página do álbum.
MEUS JOGOS PREDILETOS
Cada aluno poderá fazer a listagem dos jogos
de que gosta. Se em sua turma houver muitos
alunos com dificuldade de alfabetização, use
letras móveis.
Como na atividade anterior, forme duplas ou
trios, entregue as letras móveis para que
escrevam os jogos em conjunto, separando
depois as preferências para serem copiadas
na página preparada. Você pode também fazer
um cartaz com os jogos da classe, deixando-o
exposto na sala para dar pistas para aqueles
que tiverem mais dificuldades.
A atividade com letras móveis facilita a
alfabetização inicial porque:
• os alunos arriscam-se mais em suas
tentativas de escrita e corrigem com
maior rapidez e menor esforço quando
erram;
• favorece a reflexão sobre a escrita: que
letras usar, quantas, em que ordem;
• facilita o acompanhamento do processo
pelo professor;
• estimula a cooperação entre os colegas –
aqueles que já têm mais conhecimento de
escrita ajudam os que têm menos.
UM AMIGO MARCANTE
Peça aos alunos que procurem se lembrar do
amigo mais importante. Converse com eles
para que se lembrem de que como é esse
amigo, por que se tornou tão significativo, se
ele ainda faz parte de suas amizades ou se faz
muito tempo que não o vêem.
Distribua a página do álbum, peça para que
desenhem o amigo e escrevam um texto
relatando a história de sua amizade por ele.
Esteja atento(a) para que não fiquem somente
no desenho. Incentive seus alunos a escrever,
mesmo que ainda não consigam produzir um
texto. Para você saber o que o jovem já
conhece sobre a escrita, será muito mais
significativo que ele escreva uma palavra, em
vez de copiar um texto escrito por outra
pessoa.
MINHA HISTÓRIA PREFERIDA
Converse com seus alunos e relembre alguns
livros que eles conhecem. Se já fizeram a
Oficina de Contos, será melhor ainda, pois
com certeza o repertório deles ampliou-se
consideravelmente.
Se houver muitos alunos não alfabetizados e
com pouco conhecimento de literatura,
aproveite e leve para a classe alguns livros
(que poderão já estar sendo previamente
utilizados em leituras diárias por você ou
pelos colegas).
Depois da discussão sobre os livros, peça
para que cada um comente por escrito o texto
de que mais gostou. Se você perceber que o
comentário está confuso, ajude-os a
reorganizá-lo.
Em seguida, peça para que desenhem a
história escolhida em forma de quadrinhos,
usando um texto mais simplificado. Esta
atividade será demorada. Muito
provavelmente você terá de desmembrá-la em
vários dias, mas o resultado valerá a pena.
A realização de atividades com histórias é
muito importante para os alunos com baixo
letramento, isto é, com pouco conhecimento
sobre a escrita, pois:
• desperta o gosto pela leitura;
• favorece o conhecimento intuitivo da
linguagem escrita;
• facilita a memorização dos começos e fins
das frases feitas.
29
LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO
• favorece a internalização do discurso
escrito. A leitura freqüente de textos
narrativos possibilita a apropriação das
características desses gêneros,
contribuindo para que o aluno produza
textos mais claros e coerentes;
• favorece os jogos simbólicos e a vivência
de diferentes papéis, pois, para ser
narrador, é importante ter vivenciado o
papel de espectador ou ter se colocado no
lugar do personagem do texto.
UM ACONTECIMENTO DE SUCESSO
Converse com os alunos sobre algo “de
sucesso” que tenham feito. Se não aparecer
nenhuma atividade, conte algo de sua vida
que considere importante e incentive-os a se
lembrar e falar de suas experiências. Depois
que estiverem bem aquecidos, distribua a
página do álbum e peça para relatarem por
escrito tal acontecimento para que possa ser
conhecido pelos colegas e parentes.
Deixe que utilizem as próprias escritas,
mesmo que tenham muita dificuldade. Dê
pistas, ajude no que puder, mas não deixe que
ninguém faça por eles, nem incentive a cópia.
É preferível que se limitem a escrever apenas
algumas palavrasou frases sozinhos a
escreverem textos perfeitos, mas sem
nenhum significado para eles. Temos
encontrado vários jovens que se tornaram
copistas, não reconhecendo letras nem
palavras, mas tendo uma “escrita” perfeita.
Você pode escolher, com autorização do autor,
um dos textos escritos e fazer uma reescrita
coletiva. Esta é uma atividade muito
importante e que dará muitas pistas aos
alunos com baixo letramento.
MINHAS COMIDAS PREDILETAS
Leve para a sala de aula algumas gravuras de
revistas com fotos de comidas mais
conhecidas, bem diversificadas. Discuta sobre
as preferências de cada um e distribua tiras
de papel (cortadas todas do mesmo tamanho)
para que escrevam o nome de seu prato
predileto. Se algum aluno tiver dificuldade, dê
pistas de como se escreve. Prepare um cartaz
em que você poderá organizar uma tabela,
como a descrita abaixo.
Peça aos alunos para listar as comidas de que
mais gostam e, se quiserem, ilustrar com
LASANHA
LASANHA BIFE COM
BATATAS
FRITAS
LASANHA BIFE COM CHURRASCO
BATATAS
FRITAS
LASANHA BIFE COM CHURRASCO FEIJOADA
BATATAS
FRITAS
LASANHA BIFE COM ARROZ E CHURRASCO FEIJOADA
BATATAS FEIJÃO
FRITAS
LASANHA BIFE COM BOLO DE ARROZ E CHURRASCO FEIJOADA
BATATAS CHOCOLATE FEIJÃO
FRITAS
6 5 1 2 4 3
30
EDUCAÇÃO E CIDADANIA
desenhos ou recortes de revistas.
Você pode aproveitar para fazer uma listagem
e promover diversos jogos como os que são
sugeridos neste módulo, permitindo que os
alunos se apropriem da escrita ludicamente.
Para terminar esta página de modo
significativo, leve para a sala a letra da
música Comida, que está na (pág. 61) do
Módulo Família e relações sociais, escrita em
letra bastão numa folha de papel pardo.
Coloque o CD e cante a música com os jovens.
Leia com eles a letra da música, destacando
as palavras que se repetem. Passe o dedo,
mostrando o lugar em que elas estão escritas.
Chame aqueles que ainda não fazem a relação
entre som e grafia e peça para que leiam
essas palavras. Destaque as palavras que
forem mais significativas e coloque-as num
cartaz. Explore essas palavras e a letra da
música, promovendo alguns jogos com elas,
facilitando o trabalho de sala de aula, pois
quando os jovens estiverem trabalhando o
Módulo Família lerão com mais facilidade.
Como se pode observar, a letra da música
possui várias palavras que se repetem e a
apropriação dessas palavras ajudará aqueles
que ainda não fazem a relação som-grafia e
aqueles que ainda escrevem com mais
dificuldade, trocando muito as letras ou
colocando-as fora de lugar.
Comida
Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Sérgio Britto
Bebida é água
Comida é pasto
Você tem sede de quê?
Você tem fome de quê?
A gente não quer só comida,
A gente quer comida, diversão e arte.
A gente não quer só comida,
A gente quer saída para qualquer parte.
A gente não quer só comida,
A gente quer bebida, diversão, balé.
A gente não quer só comida,
A gente quer a vida como a vida quer.
Desejo, necessidade e vontade
Necessidade e desejo
Necessidade e vontade
Necessidade e desejo
Necessidade e vontade
Necessidade e desejo
Necessidade e vontade, au!
Necessidade.
A gente não quer só comer,
A gente quer comer e quer fazer amor.
A gente não quer só comer,
A gente quer comer e quer fazer amor.
A gente não quer só comer,
A gente quer prazer pra aliviar a dor.
A gente não quer só dinheiro,
A gente quer dinheiro e felicidade.
A gente não quer só dinheiro,
A gente quer inteiro e não pela metade.
Extraído do CD Titãs 1984-1994 (Titãs, 1994)
MEU MAIOR SONHO
No Módulo Educação, ponte para o mundo,
você teve a oportunidade de conhecer os
sonhos de Claudemir e de Elifas, além dos
sonhos de cada jovem. Se na classe houver
alunos que ainda não vivenciaram esse
módulo, converse com eles retomando a
introdução do subtema 5, explicando a
importância de terem projetos de vida.
Converse com eles e deixe que falem à
vontade sobre seus sonhos, sobre o que
gostariam de aprender, estudar ou fazer.
Depois, entregue a página do álbum e peça
que escrevam um texto sobre seu sonho,
deixando que escrevam do seu jeito,
incentivando-os para a escrita.
UM “CAUSO” DE FAMÍLIA
Se sua classe já vivenciou a Oficina de
Contos, provavelmente já fez uma atividade
semelhante, mas mesmo assim é
importante retomá-la, pois com certeza eles
gostam de contar “causos” e lembrar-se da
família.
Retome alguns “causos” com eles e deixe que
falem, pois mesmo que parte da classe já
tenha feito a atividade, há alunos novos que a
desconhecem. Retome também o “causo” do
ROBERTO sem CARLOS e explore com eles
algumas dificuldades que os jovens não
alfabetizados têm.
Depois de conversarem, distribua a folha e
peça-lhes que escrevam o “causo”. Esta
atividade poderá ser difícil para alguns deles,
mas incentive-os a registrar do seu jeito. Você
poderá pedir para que leiam e ser a escriba
deles, explicando que está transcrevendo a
31
LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO
sua história para que possam mostrá-la à
mãe ou à namorada.
Para ter mais subsídios na condução do
trabalho, releia também o “Aprofundando” da
página 11 (Identidade e Personagem) do
Módulo O trabalho em nossas vidas, pois, ao
contarem os “causos”, identidade e
personagens podem se misturar e se você
tiver mais clareza desses pontos poderá
intervir, se for necessário.
O QUE MAIS GOSTO DE VER
NA TV
Faça na lousa ou num cartaz uma listagem
dos programas de televisão de que mais
gostam. Se quiser, você poderá repetir a
tabela feita anteriormente para descobrir os
programas prediletos do grupo. Poderá
também distribuir letras móveis e fazer a
atividade em grupos ou trios.
UM GRANDE MEDO
Pergunte se já sentiram medo, como reagiram
quando isso aconteceu, se aconteceu há muito
ou há pouco tempo etc. Há uma coleção de
livros muito interessante que trata dos mais
diversos medos. É uma coleção da Scipione,
de Anny Joly e Jean-Noël Rochut. Se puder
levar alguns dos livros para a classe, será
ótimo. Leia alguns deles ou peça para alguns
alunos lerem.
Depois de explorar bastante o tema, peça
para escreverem seus medos, ajudando
aqueles que mais precisarem. Peça para eles
lerem e seja escriba quando o texto estiver
com muitos problemas, pois, ao fazê-lo, dará
pistas sobre a escrita, o que ajudará muito
seus alunos.
AH! QUE MÚSICA MAIS LINDA(ESCRITA DE MEMÓRIA)
Um dos gêneros mais apreciados pelos
adolescentes são as letras de música e as
poesias. Elas estão mais próximas da
linguagem utilizada por eles e podem servir
de ponto de partida para uma reflexão que os
leve a perceber as regularidades da língua.
Por isso, o texto poético, como já foi
comentado antes, é uma excelente fonte de
reflexão, porque:
• desperta e desenvolve o gosto por esses
gêneros;
• desenvolve a sensibilidade e a
criatividade;
• ajuda a desenvolver a consciência sonora,
fundamental para a alfabetização;
• familiariza o aluno com aspectos
discursivos do texto poético: rima, ritmo,
repetição, uso de metáforas e aspectos
gráficos de organização desses textos;
• por ser fácil de memorizar, o texto poético
pode ser usado na alfabetização inicial:
- como modelo de escrita convencional;
- como texto para “leitura de memória”;
- como desencadeador de atividades
lúdicas do tipo: descobrir a palavra que
falta; colocar em ordem os versos;
remontar estrofes, recortando e colando
as palavras da poesia, canção ou
parlenda etc.
Assim, uma das atividades que você poderá
desenvolver e que dará muito prazer aos
jovens é retomar suas músicas prediletas. Ela
pode durar vários dias, sendo a elaboração da
página do álbum a culminância da atividade.
Deixe que cantem, que relembrem e, se achar
necessário, divida a classe em trios para que
escrevam as letras das músicas. Você pode
escolher algumas para colocar num cartaz e
servir de pistas para a escrita de outras.
Depois de ter explorado bastante o tema,
distribuaa folha, vire os cartazes para que não
copiem as letras das músicas e incentive-os a
escrever de memória suas músicas prediletas.
Se não conseguirem escrevê-las inteiras,
podem escrever os nomes, os pedaços de que
mais gostarem ou o estribilho. O importante é
que haja reflexão sobre a escrita.
Muitos outros temas poderão ser anexados ao
álbum ou livro, como os times do coração, as
marcas de carro prediletas, uma aventura
inesquecível etc. Depende do tempo de que você
dispõe e do interesse da classe. O importante
32
EDUCAÇÃO E CIDADANIA
neste projeto é que o aluno tenha a oportunidade
de se expressar utilizando-se de diferentes
possibilidades de escrita e que sua história de
letramento seja respeitada e ampliada.
APRENDENDO COM OS JOGOS
O jogo é um excelente instrumento na
aprendizagem de nomes e palavras
significativas, e por isso se tornam
fundamentais dentro do projeto Quem sou eu?
Quem somos nós? Eles podem ser usados
paralelamente à elaboração do álbum ou livro
de história de cada aluno, aproveitando-se as
próprias palavras utilizadas/sugeridas pelos
jovens durante o projeto.
O jogo, como qualquer outra atividade, deve ser
usado não de forma descontextualizada, mas no
contexto deste projeto ou de outros que virão a
seguir: lembre-se de que toda atividade deve
proporcionar reflexão para o aluno, dando-lhe
pistas sobre as regularidades da língua e ajudando-
o a se apropriar da leitura e da escrita.
Jogos são atividades que auxiliam muito na
apropriação da leitura e da escrita e na
aquisição da base alfabética, porque:
• levam ao reconhecimento das letras do
alfabeto;
• ajudam a relacionar som e grafia;
• contribuem para a percepção de como se
combinam letras para formar palavras;
• fixam a grafia correta de palavras mais
usuais;
• favorecem a aprendizagem de conteúdos
gramaticais.
BINGO DE LETRAS
(integrante do material Aprender Pra Valer!)
Se seus alunos ainda não conhecem as letras
do alfabeto ou têm muita dificuldade em
estabelecer a relação som-grafia, este jogo
poderá ajudá-los. Ele pode ser repetido várias
vezes, pois seu caráter lúdico envolve a todos.
Instruções
Material necessário: Cartelas, alfabetos (Anexo 3),
marcadores, conjunto de alfabeto em tamanho
grande
Número de jogadores: variável
Objetivo do jogo: Cobrir com marcadores todas as
casas da cartela
Regra do jogo: Distribui-se uma cartela para cada
jogador; este escolhe seu conjunto de letras
móveis, 11 letras para colocar nas “casas” da
cartela. Um jogador sorteia uma a uma as letras do
alfabeto, colocando-as em uma caixa ou saco,
dizendo seu nome e mostrando-a a todos. Se a
letra sorteada estiver em sua cartela, o jogador deve
marcá-la. Aquele que primeiro preencher a cartela
com marcadores grita “Bingo!” e ganha o jogo.
BINGO DE NOMES
O ambiente da sala de aula pode ser propício
para jogos com os nomes próprios, pois
normalmente os alunos recorrem aos nomes
dos colegas ou de alguém especial para eles,
pensando na letra ou sílaba que usarão para
escrever outra palavra. Por exemplo: Quero
escrever tigela; como é mesmo que começa o
nome do Tiago? Para escrever cidadania, eu
uso o C da Cibele? Por esse motivo, devem-se
aproveitar os nomes dos alunos para
construir vários jogos que servirão de pistas,
principalmente para aqueles que estiverem no
início do processo de construção da escrita.
Um desses jogos é o Bingo de nomes, em que
se retoma a escrita dos nomes da sala.
Para realizar o jogo, você deverá montar as
cartelas, combinando os nomes de diversas
formas. Veja o exemplo abaixo:
FÁBIO FERNANDO MARCELO ANDRÉ
HENRIQUE MAURO ALEXANDRE FELIPE
TIAGO MAURÍCIO EDUARDO PEDRO
TIAGO WAGNER PEDRO ALEXANDRE
NELSON WANDERLEY ANDRÉ FELIPE
MAURÍCIO HENRIQUE MAURO EDUARDO
Com quinze alunos você poderá criar pelo
menos quinze combinações de nomes
diferentes. Além das cartelas, você irá
precisar de grãos ou bolinhas de papel para
marcar os nomes sorteados. Como há uma
grande rotatividade de alunos, é importante
que todos tenham crachás, o que, além de
auxiliar na identificação, ajuda a dar pistas
33
LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO
para os alunos com menos conhecimento de
escrita.
Repita o bingo, utilizando os nomes das
comidas prediletas do grupo, de jogadores
famosos, dos times preferidos, de músicas
que gostam de ouvir, das palavras mais
desafiadoras do Módulo Saúde, uma questão
de cidadania etc.
SOPA DE LETRAS
O desafio deste jogo é usar todas as letras
que estão dentro de um envelope e formar
cinco nomes sem deixar nenhuma letra de
fora. Faça, com cartolina, pequenas tiras
divididas em quadradinhos e escreva nelas os
nomes de todos os alunos, com letras de
forma maiúsculas. Forme grupos com cinco
de seus alunos. Por exemplo:
W A N D E R L E Y
M A U R I C I O
 T I A G O
 E D U A R D O
 A L E X
Recorte as letras e coloque-as num envelope.
Siga o mesmo procedimento para cada grupo,
usando todos os nomes dos alunos de sua sala.
Repita alguns nomes se tiver poucos alunos.
Distribua os envelopes e informe-os de que em
cada um há letras que formam cinco nomes da
classe e deverão usar todas as letras.
Depois que cada grupo tiver formado os cinco
nomes, oriente-os para que troquem os
envelopes – assim, os grupos poderão formar
os nomes de todos os colegas.
Observe se há alunos com mais dificuldade e
oriente-os para recorrer à lista de nomes da
sala. Este momento é precioso para você
observar as hipóteses que seus alunos têm
em relação à escrita. Anote suas observações
para poder fazer novas intervenções.
Repita a atividade com outras palavras
(nomes de profissões, palavras que acharam
mais interessantes no Módulo Justiça e
cidadania etc.).
PALAVRA SECRETA
Os alunos escolhem uma palavra dos cartazes
expostos na sala, que integram os temas
desenvolvidos no PEC, e a escrevem numa
tira de papel quadriculado, com letras de
imprensa maiúsculas, colocando uma letra em
cada quadradinho. Depois recortam,
separando uma letra da outra, e trocam com o
colega do lado. Cada um deverá adivinhar a
palavra que o colega escolheu, reagrupando
as letras. Por exemplo:
C O M U N I D A D E
S O N H O
P A S S A T E M P O
T R A J E T Ó R I A
C I D A D A N I A
PARE!
Numa folha de sulfite, desenhe seis colunas.
Uma delas, mais estreita, servirá para
escrever as letras que serão sorteadas; as
demais servirão para escrever as palavras
relativas às categorias indicadas na parte
superior da folha. Ex.: letra, nome, comida
etc. Explique na lousa como o jogo funciona,
dando alguns exemplos. O objetivo do jogo é
escrever, no menor tempo possível, palavras
com a mesma letra inicial, em cada categoria.
Quem completar todos os nomes primeiro
grita “Pare!”. E se as palavras estiverem
corretas, ganha os pontos da rodada.
Este jogo poderá ser repetido muitas vezes,
com outras categorias de palavras. Ajuda a
destacar a sílaba inicial para aqueles que
estiverem se iniciando no letramento e serve
para ampliar o vocabulário e melhorar a
ortografia dos alunos mais avançados.
34
EDUCAÇÃO E CIDADANIA
LETRA NOME COMIDA FRUTA ANIMAL JOGO
P PAULO PIZZA PERA PANDA PULA-PULA
B BRUNO BRIGADEIRO BANANA BURRO BANCO
IMOBILIÁRIO
A ALBERTO ARROZ ABACAXI ANTA AUTORAMA
Você pode também realizar este jogo com as
palavras contidas no material. Por exemplo:
LETRA NOME DE UMA PALAVRA NOME DE UMA
PESSOA QUE ACHEI ATIVIDADE
DIFÍCIL
MAS APRENDI
Educação E ELIFAS ESTRELA ESCOLA/ALUNO
Saúde A ANTÔNIO ADOLESCÊNCIA APARELHOSREPRODUTORES
Trabalho L LUCY LATIFÚNDIO LUCY,A METALÚRGICA
Família e C CAETANO

Outros materiais

Outros materiais