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EDUCAÇÃO E CIDADANIA UM PROGRAMA PARA ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RISCO SOCIAL A leitura e a escrita Projeto Quem sou eu? Quem somos nós? Projeto Dicionário Projeto Agenda Projeto Correspondência Projeto Construindo uma revista musical Projeto Rimando e aprendendo Projeto Divulgando o que aprendemos Projeto Elaborando um anúncio diferente Projeto Um sonho de comunidade EDUCAÇÃO E CIDADANIA UM PROGRAMA PARA ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RISCO SOCIAL ORGANIZAÇÃO CURRICULAR PARA ASUNIDADES DE INTERNAÇÃO PROVISÓRIADA FEBEM/SP Letramento e Alfabetização Governador do Estado de São Paulo Geraldo Alckmin Secretário de Estado da Educação Gabriel Chalita Secretário Adjunto Paulo Alexandre Pereira Barbosa Chefe de Gabinete Mariléa Nunes Vianna Coordenadora de Estudos e Normas Pedagógicas Sonia Maria Silva Coordenadoria de Ensino da Região Metropolitana da Grande São Paulo Aparecida Edna de Matos Coordenadoria de Ensino do Interior Elcio Antonio Selmi Secretaria de Estado da Educação Praça da República, 53 Centro 01045-903 São Paulo SP Telefone: (11) 3218-2000 www.educacao.sp.gov.br Letramento e Alfabetização Autoria SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO Realização EDUCAÇÃO E CIDADANIA UM PROGRAMA PARA ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RISCO SOCIAL Transpondo os desafios do ler e escrever “Conheço distritos em que os jovens se prostram diante dos livros e beijam com barbárie as páginas, mas não sabem decifrar uma única letra” Jorge Luis Borges em A Biblioteca de Babel Logo cedo a criança começa a ter contato com o mágico mundo das letras. Por todos os lados seu universo está repleto de símbolos então indecifráveis, grandes enigmas que bailam em sua mente esperando a combinação exata para tornarem-se inteligíveis. A chave para abrir esse cofre chama-se alfabetização. Durante o processo de apropriação do alfabeto descobrem-se letras, pontos, acentos. A linguagem escrita vai se descortinando ao olhar espantado do pequeno aprendiz, que começa a ver sentido naquela seqüência de símbolos. Um dos primeiros ensinamentos revela de início a importância que esse aprendizado terá para a vida. Uma lição relacionada à própria identidade, à individualização, que destaca o fato de cada ser humano ser único: ser e ter um nome. No papel, com traços incertos, surgem os primeiros registros, linhas que ganham formas, sinais gráficos que se transformam em palavras. O mesmo lápis que escreve “violência” pode anotar “paz”. A mão que redige “ódio” aprende a descrever “amor”. Essa escolha poderá depender de como será o ensinamento da interpretação para decifrar o mundo. O aprendizado da leitura é um grande caminho a percorrer e, nesse percurso, nossa preocupação deve ser exatamente com o entendimento que os jovens farão dos textos que surgirão ao longo da sua vida. Nossa proposta é convidar o estudante para passear sem temor pelo maravilhoso labirinto do alfabeto. Apresentar a ele o universo como a infinita biblioteca de Borges, entregando a chave que decifra todas as combinações das letras. “Não há, na vasta Biblioteca, dois livros idênticos... suas prateleiras registram todas as possíveis combinações dos vinte e tantos símbolos ortográficos”. Com a resposta em mãos, os jovens deixarão de ver os textos à sua frente como um grande enigma e conseguirão ler e escrever o universo ao seu redor, ler e escrever o próprio mundo. Gabriel Chalita Secretário de Estado da EducaçãoSecretário de Estado da EducaçãoSecretário de Estado da EducaçãoSecretário de Estado da EducaçãoSecretário de Estado da Educação Apresentação A Oficina de Letramento e Alfabetização foi organizada para atender a demandas surgidas no processo de implementação do Projeto Educação e Cidadania, desenvolvido nas Unidades de Internação Provisória da Febem-SP, de 2002 a 2004. Tem como propósito subsidiar os professores no desenvolvimento de um trabalho específico de apropriação da leitura e da escrita no contraturno das aulas, com os alunos que, no desenvolvimento das atividades propostas pelo Projeto, apresentam dificuldade de ler e escrever. Com isso, procuramos atender tanto os professores quanto os próprios alunos que, embora participassem ativamente das situações de letramento previstas, manifestavam desejo e interesse em superar suas dificuldades. Coerente com nossa concepção de que o ensino da leitura e da escrita deve estar diretamente vinculado ao seu uso social, optamos por compor esta oficina com vivência de situações reais do cotidiano, trazidas pelos próprios temas integrantes do Projeto: Educação, ponte para o mundo; Justiça e cidadania; Família e relações sociais; O trabalho em nossas vidas e Saúde, uma questão de cidadania. Desta forma, o repertório trabalhado nas atividades propostas, nesta oficina, se insere no contexto do Projeto, fazendo sentido para os alunos. Com essa publicação, esperamos contribuir para que os adolescentes envolvidos no Projeto Educação e Cidadania possam, no seu percurso de escolarização, ampliar cada vez mais suas capacidades de leitura e escrita. Esses conhecimentos serão de grande valia para que esses jovens vivam uma cidadania plena. CENPEC - CENTRO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM EDUCAÇÃO, CULTURA E AÇÃO COMUNITÁRIA R. Dante Carraro 68 Pinheiros 05422-060 São Paulo SP http://www.cenpec.org.br Diretora presidente Maria Alice Setubal Coordenação geral Maria do Carmo Brant de Carvalho Coordenação do projeto (Equipe Currículo & Escola) Maria Silvia Bonini Tararam (Coord.) e-mail: cesc@cenpec.org.br Maria José Reginato Ribeiro Marilda F. Ribeiro de Moraes Autoria do módulo Letramento e Alfabetização Marlene Coelho Alexandroff Edição de texto América A. C. Marinho Revisão Sandra A. Miguel Edição de arte Eva Paraguassú de Arruda Câmara José Ramos Néto Camilo de Arruda Câmara Ramos Ilustração Luiz Maia Coleção Educação e Cidadania Material produzido no âmbito do projeto Elaboração e Implementação de Proposta Pedagógica para Adolescentes em Situação de Conflito com a Lei, desenvolvido pelo CENPEC para a FEBEM/SP – Fundação para o Bem-Estar do Menor do Estado de São Paulo e SEE/SP - Secretaria de Estado da Educação Letramento e alfabetização / Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária – CENPEC – São Paulo; CENPEC;SEE/SP; 2005. Coleção Educação e Cidadania. Módulo acrescentado à Coleção – sem numeração Coleção: Educação e Cidadania, proposta pedagógica; 1. Educação, ponte para o mundo 2. Família e relações sociais 3. Justiça e cidadania 4. Saúde, uma questão de cidadania 5. O trabalho em nossas vidas 6. Artes visuais e cênicas 7. Conto 8.Correspondência 9. Educação ambiental: problemas globais, ações locais 10. Hora de se mexer 11. Jogos da vida 12. Jornal 13. Música e movimento 14. Poesia 15. Ponto de encontro I. Título II. CENPEC III. FEBEM CDD-370.11 SUMÁRIO Introdução 11 A leitura e a escrita 13 Dicas para leitura coletiva 14 Projetos de leitura e escrita 17 Orientações para o professor no trabalho com projetos de leitura e escrita 17 Referências bibliográficas 24 Projeto Quem sou eu? Quem somos nós? 25 Aprendendo com os nomes 25 A história de um nome 26 Formando um álbum ou um livro de história de vida 27 Aprendendo com os jogos 31 Projeto Dicionário 39 Projeto Agenda 41 Projeto Correspondência 43 Projeto Construindo uma revista musical 47 Projeto Rimando e aprendendo 51 Projeto Divulgando o que aprendemos 53 Projeto Elaborando um anúncio diferente 55 Projeto Um sonho de comunidade 57 Anexos 59 INTRODUÇÃO “(...) o ideal seria alfabetizar letrando, ou seja: ensinar a ler e a escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, de modo que o indivíduo se tornasse, ao mesmo tempo, alfabetizado e letrado.” (Magda Soares) A Oficina de Letramentoe Alfabetização integra o conjunto de oficinas culturais do Projeto Educação e Cidadania. Tem como objetivo atender, no contraturno das aulas, os adolescentes com dificuldades em leitura e escrita. A proposta de um trabalho dessa natureza exige, inicialmente, a definição do que se entende por alfabetização e letramento. Alfabetização e letramento são dois processos essencialmente diferentes, mas, ao mesmo tempo, interdependentes, indissociáveis e não seqüenciais. O letramento refere- se a um processo que começa muito cedo para a criança de uma sociedade letrada (acesso a rótulos, placas, embalagens, revistas, cantigas de ninar etc.) e se prolonga por toda a vida, com a possibilidade de participação em diversas práticas sociais, nas quais a linguagem escrita está presente (leitura e redação de contratos, de livros científicos, de obras literárias etc.). Processo de apropriação do sistema alfabético de escrita, a alfabetização é sobretudo a compreensão de que a escrita representa os sons da fala e o entendimento de como as letras e outros sinais se organizam para representar esses sons. Há quem compartilhe da visão de que, uma vez alfabetizado, o aluno poderá chegar da letra à sílaba e à palavra, e delas à frase e ao texto. Segundo Magda Soares, as pessoas se alfabetizam, aprendem a ler e a escrever, mas não necessariamente incorporam práticas de leitura e escrita, nem adquirem competência para envolver-se com as práticas sociais de escrita. Do mesmo modo, TERZI (2001) afirma que “o domínio da codificação e decodificação, isto é, da transformação de sons em símbolos gráficos, e vice-versa, formando sílabas, palavras e frases, é necessário, mas não suficiente para a participação do cidadão numa sociedade letrada. Saber ler e escrever uma centena de palavras e frases não capacita o indivíduo para a leitura do jornal, de uma crônica, de um documento etc.”. O letramento refere-se ao exercício eletivo e competente da tecnologia da escrita, que implica o uso de várias habilidades, tais como a capacidade de ler e escrever para atingir determinados objetivos (informar, aprender, seduzir, divertir, orientar, lembrar etc.), relacionando-se, por isso, ao desenvolvimento de competências lingüísticas e literárias na elaboração de textos diversos. No desenvolvimento dessas competências, percebem-se diferentes níveis: mesmo sem estar alfabetizado, o indivíduo pode “ler” um livro ou “escrever” uma carta, pois, ainda não tendo o domínio do código, utiliza-se de outras pessoas que têm esse domínio como estratégia para sua sobrevivência na vida cotidiana. Daí encontrarmos entre os alfabetizandos diferentes níveis de compreensão dos usos e funções da escrita, que vão desde o conhecimento de textos limitados, como a cédula de identidade ou a placa do 11 LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO 12 EDUCAÇÃO E CIDADANIA ônibus que utiliza diariamente, até a percepção de que o cidadão tem de saber ler e escrever para poder usufruir de bens culturais, ter suas opiniões respeitadas etc., numa perspectiva de inclusão social. No entanto, o desenvolvimento dessas capacidades de leitura e escrita só pode acontecer em situações significativas para o sujeito e pelo acesso à diversidade de gêneros discursivos que circulam na sociedade e sua familiaridade com eles. Por essa razão, o trabalho curricular, proposto no Projeto Educação e Cidadania, em todos os módulos temáticos, oferece oportunidade para o adolescente interagir com diferentes linguagens e variados gêneros discursivos, por meio da vivência de situações diversas que contribuem para desenvolver capacidades lingüísticas mais elaboradas, como argumentar, analisar, interpretar. Essa interação com os textos das oficinas temáticas é importante no processo de apropriação da leitura e da escrita, mas não é suficiente, particularmente para aqueles cuja história se desenvolve em contextos culturais em que a leitura e a escrita não são práticas rotineiras. Essa é a razão de ser desta oficina, que propõe trabalho de alfabetização com o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita. Mais do que se restringir à mera aquisição do código escrito, ela incorpora a noção de letramento, que perpassa as práticas já vivenciadas pelo adolescente no horário escolar. Por isso, em vários momentos da oficina há referência aos módulos temáticos e oficinas culturais do material, remetendo o educador aos conteúdos ali propostos. Contemplar de forma articulada e simultânea a alfabetização e o letramento torna-se, assim, o desafio de uma ação pedagógica que pretende ser adequada e produtiva para educadores e educandos. Coerentemente com as concepções aqui afirmadas, as atividades propostas nesta oficina estão organizadas em pequenos projetos de leitura e escrita, que contemplam conteúdos e vocabulário presentes nos temas e oficinas culturais, assegurando os mesmos princípios e pressupostos do projeto. Os eixos em torno dos quais o projeto está estruturado – identidade, ética e cidadania – perpassam todas as atividades propostas, dando-lhes sentido no conjunto do material. A Oficina de Letramento e Alfabetização deve, preferencialmente, ser de responsabilidade dos diferentes educadores envolvidos no projeto, devendo ocorrer, se possível, simultaneamente ao trabalho com os temas e demais oficinas. Isso otimizará o trabalho desenvolvido tanto no horário escolar quanto no contraturno, ampliando a compreensão e o domínio da leitura e da escrita, como instrumento de acesso ao conhecimento. É importante que o educador conheça o conjunto dos projetos de leitura e escrita propostos nesta oficina, para que possa conjugá-los aos conteúdos temáticos, garantindo assim o sucesso da aprendizagem dos adolescentes. 13 LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃOA LEITURA E A ESCRITA “Não se aprende a ler primeiramente palavras, depois frases, depois textos e, enfim, textos dos quais se tem necessidade. Aprende-se a ler aperfeiçoando, desde o princípio, o sistema de interrogação dos textos que precisamos ler, mobilizando o ‘conhecido’ para reduzir o ‘desconhecido’.” (Foucambert, 1994) A linguagem escrita tem especificidades que precisam ser aprendidas. Uma das melhores maneiras de adquirir esse aprendizado é por meio do estudo de textos, de suas condições de produção1 e das estratégias utilizadas pelos autores. Assim, leitura e produção de textos são processos estruturados de apropriação de capacidades lingüísticas. A apropriação da linguagem escrita é de natureza social, uma vez que o domínio do sistema de escrita não se reduz ao domínio gráfico, nem à transposição da linguagem verbal. A linguagem escrita tem funções bem definidas e se manifesta por meio de diferentes registros. Não se escreve uma carta da mesma maneira que uma notícia, e uma narrativa para adultos não tem o mesmo teor que uma história escrita para crianças. Na linguagem verbal, os participantes encontram-se face a face e a linguagem fica apoiada em elementos extralingüísticos, tais como a entonação, os gestos e as expressões faciais. A linguagem escrita, por sua vez, é formal, exige o uso de uma gramática diferente da oralidade; sendo abstrata, precisa ser bem explicitada em todos os detalhes porque o interlocutor está ausente. A leitura é, então, um espaço de interlocução entre o leitor e o autor, mediado pelo texto. Isso nem sempre ocorre na prática escolar, que acaba apenas enfatizando a leitura como pretexto para o ensino de gramática e para o reconhecimento e reprodução mecânica de palavras e frases. A prática tem demonstrado que o aluno se acostuma apenas a identificar no texto as respostas pretendidas pelo professor, decodificando sem atribuir sentido, sem criticar ou assumir um posicionamento diante do texto. Como afirma SMITH (1998), “esperar que a criança aprenda a ler através de material sem sentido é o método mais fácil de tornar o aprendizado da leitura impossível”. A leituraé um processo dialógico, de idas e vindas, em que o leitor interage com o texto e com o autor, construindo e reconstruindo o significado. A leitura não se dá linearmente ou acumulando significados das palavras isoladas para se chegar ao significado do texto. Na realidade, cada palavra serve para ativar conhecimentos já adquiridos, que contribuirão para a significação do texto, num processo contínuo de construção de sentido. Ler, então, é atribuir sentido ao texto e não apenas decodificar letras e sinais. Dependendo das necessidades e interesses do leitor, os usos e funções da leitura se diferenciam nos diversos gêneros. Assim, contos de fadas, fábulas, lendas, histórias de aventura e de ficção científica, romances policiais, crônicas literárias etc. possuem características lingüísticas bem diversas e distintas e, para ler cada um deles, usamos diferentes estratégias, de acordo com o objetivo que temos em mente, com o grau de complexidade do texto, com o conhecimento prévio que temos sobre o assunto e com as práticas discursivas a que temos acesso. É preciso ir além da leitura de textos fragmentados e indiferenciados, oportunizando o acesso a diferentes gêneros discursivos e a diferentes portadores de texto (livros, revistas, jornais, cartazes, outdoors, talões de cheque, bulas, embalagens, listas telefônicas, notas fiscais, folhetos de propaganda, instruções de jogo, dicionários, carnês etc.), para que o aluno aprenda a ler 1 CONDEMARIN, Mabel, CHADWICK, Mariana. Oficina de escrita. São Paulo: Psy II, 1994. 14 EDUCAÇÃO E CIDADANIA utilizando-se das estratégias discursivas com que se tecem os gêneros. Gêneros discursivos: Os textos, orais ou escritos, variam em função de suas finalidades – informar, entreter, instruir, emocionar, seduzir, convencer etc. A finalidade do texto determina sua organização, sua estrutura e seu estilo: seu gênero. E como são numerosas as finalidades com que são produzidos os textos no contexto social, muito numerosos são os gêneros do discurso, ou as formas de dizer necessárias a cada esfera da atividade humana. Assim, pode-se afirmar que os gêneros do discurso ou as práticas discursivas são as diferentes espécies de textos, falados ou escritos, que circulam e que são reconhecidos com facilidade pelas pessoas, como carta, bilhete, notícia de jornal, reportagem, poema, romance, sermão, piada, contrato de aluguel, regulamento, letra de música etc. O acesso aos diferentes gêneros dentro do próprio material sem dúvida alguma tem ampliado as capacidades de leitura dos jovens. Muitos professores relatam que percebem, mesmo em pouco tempo, os avanços de seus alunos no uso desses procedimentos e capacidades. Relatam também que muitos alunos identificam o que aprenderam e o que lhes falta aprender, permitindo assim, aos poucos, o uso de estratégias cognitivas e metacognitivas, isto é, voltar-se para os próprios conhecimentos e habilidades para avaliá-los ou reformulá-los. Estratégias metacognitivas são aquelas operações (não regras) realizadas com algum objetivo em mente, sobre as quais se tem controle consciente, no sentido de sermos capazes de dizer e explicar a nossa ação. (KLEIMAN, 1995) Os avanços dessas capacidades se fundamentam no processo de construção do leitor e do escritor. É importante destacar que a explicitação clara dos objetivos da leitura a ser realizada pelos jovens e a monitoração da compreensão da leitura são estratégias metacognitivas e contribuem para o desenvolvimento de outras capacidades: ativação de repertório já conhecido, reconhecimento e identificação de conteúdos já trabalhados, capacidades lógicas e de interação social etc. Essa explicitação dos objetivos dirige e facilita a compreensão, permitindo que a leitura vá muito além da simples decodificação de palavras em sons. Para isso, sugerimos alguns procedimentos que propiciam uma compreensão mais aprofundada da leitura pelos jovens. DICAS PARA LEITURA COLETIVA Antes da leitura • Escolha textos de boa qualidade. • Prepare-se para esse momento lendo o texto antes. • Procure criar um clima de envolvimento. Se possível, peça aos alunos que se sentem em círculo, próximos a você. • Diga o nome do(a) autor(a) e pergunte se já o(a) conhecem, se já leram algum livro ou texto dele(a). • Fale sobre a época e o lugar em que o texto foi escrito, caso você tenha essa informação. • Mostre-lhes a capa e pergunte sobre o que seria o texto. • Aponte o nome do(a) autor(a), o título do livro, leia o texto da quarta capa ou contracapa (se houver). Se o livro contiver muitos textos, mostre a eles como localizar o que vão ler pelo índice. Durante a leitura • Se os ouvintes se dispersarem, utilize alguns recursos para resgatar a atenção: faça algum tipo de suspense, lance perguntas que permitam a formulação de hipóteses sobre o que virá a seguir etc. • Faça algumas interrupções também se notar que a compreensão está difícil, dando algumas pistas para ajudar, mas não se alongue em explicações, evitando fragmentar a leitura. • Se os jovens interromperem com perguntas, responda ao estritamente necessário e retome rapidamente o texto. 15 LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO Após a leitura • Caso perceba que não compreenderam o texto, ajude-os com pistas, fazendo perguntas e respondendo às deles. • Estimule comentários e discussões a respeito de usos e costumes de outras épocas e povos, sobre as características dos personagens. • Desafie-os a ir além do texto, relacionando-o com as próprias experiências. • Incentive os alunos a exercitar a imaginação, o raciocínio lógico e a coerência, questionando sobre o que aconteceria se determinado fato fosse alterado (E se Fulano tivesse agido assim? O que mudaria na história, se Beltrano tivesse respondido...?) ou se o autor utilizasse outro argumento etc. • Chame a atenção para: o estilo do(a) autor(a), os recursos que ele(a) utiliza para prender a atenção do leitor, a riqueza de expressões, as frases bem construídas, expressões regionais, gírias, linguagem figurada etc. • Abra espaço para que manifestem seus sentimentos e opiniões e ajude-os a ir além do “é legal” ou do “gostei”, pedindo que justifiquem suas opiniões sobre o texto, as ilustrações, o estilo do autor (o jeito de contar/escrever) etc. É bom lembrar que, quando a escola só proporciona atividades de leitura dirigida e predeterminada, pode desmotivar o aluno, dificultando o desenvolvimento de leitura mais autônoma. Outro dado importante em relação ao uso autônomo das habilidades de leitura é que elas facilitam o desenvolvimento do discurso escrito. Um escritor iniciante não identifica facilmente os problemas surgidos ao longo da produção, principalmente aqueles relativos aos aspectos internos e de organização textual. A seqüenciação de um texto vem, na maioria das vezes, marcada pela oralidade, principalmente em textos em que o destinatário é mais explicitado, como é o caso de cartas e bilhetes. A aglutinação de palavras e a dificuldade em paragrafar decorrem dessa falta de distinção entre a oralidade e a escrita apresentada pelo escritor inexperiente, pois sua produção se configura na oralidade. Se cada texto tem uma característica lingüística própria, seja conto, receita, notícia, propaganda ou poesia, para se transitar com facilidade entre os diferentes gêneros é preciso, além do acesso a eles, a percepção das diversas marcas que os diferenciam. Cada um exigirá planejamento e seqüenciação diferentes, de acordo com o objetivo que se tiver em mente. A apropriação da linguagem escrita é de natureza social, uma vez que o domínio do sistema de escrita não se reduz nem ao domínio gráfico, nem à transposição da linguagem verbal. A linguagem escrita tem funções bem definidas e se manifesta por meio de diferentes registros. Quem produz ou lê um texto o faz a partirde certo lugar – como diz Leonardo Boff2, a partir de onde estão seus pés e do que vêem seus olhos. Nem sempre os horizontes de quem escreve e os de quem lê estão próximos. As leituras produzem interpretações que revelam valores, crenças. Ao ler ou escrever, o aluno pode tomar consciência de si e do outro, partindo do que for significativo, ampliando assim seu repertório e o processo de apropriação das práticas sociais de leitura e de escrita e, naturalmente, das capacidades nelas envolvidas. Nesse sentido, quando se fala em letramento é preciso fugir da literalidade dos textos e interpretá-los, colocando-os em relação com outros textos e discursos, de maneira situada na realidade social. No Projeto Educação e Cidadania, esta tem sido uma preocupação: todos os módulos e oficinas proporcionam textos significativos 1 “Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam.” (BOFF, Leonardo. A águia e a galinha: uma metáfora da condição humana. 37. ed. Petrópolis: Vozes, 2001.) 16 EDUCAÇÃO E CIDADANIA para a vida dos jovens. Oportuniza-se assim a discussão, incentivando-se o questionamento e a avaliação de posições e ideologias, ampliando-se as capacidades necessárias ao exercício pleno da compreensão. Portanto, formar o cidadão participativo significa propiciar aos jovens condições de conhecer as práticas de letramento (práticas sociais que incorporam a escrita): suas características e o poder que poderá advir de sua apropriação. Para tanto, por meio dos projetos de leitura e escrita propostos, esta oficina remete o tempo todo aos conteúdos temáticos e culturais do Projeto Educação e Cidadania. 17 LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃOPROJETOS DE LEITURA E ESCRITA “A folha aprisiona as idéias e, quando abrimos a gaiola da escrita, com a chave da leitura, os pássaros de papel saem voando enlouquecidos, desordenando a seqüência das páginas e, em seu contentamento, de ter voz para voltar à vida, as vozes se misturam, as mãos se confundem e é aí que a criação pode surgir.” (Ana Maria Netto Machado) A decisão de trabalhar com projetos de leitura e escrita tem como objetivo criar situações em que a escrita se torne necessária, passando a ter uma finalidade real de uso, ou seja, uma função social e não meramente escolar. Com os projetos, a apropriação da leitura e da escrita dar-se-á por meio do trabalho com os temas integrados ao Projeto Educação e Cidadania, que tem como eixo a questão da identidade, da cidadania e da ética. O projeto tem um objetivo a ser compartilhado por todos os envolvidos e um produto final que terá destinação, divulgação e circulação social, na escola ou fora dela. Um projeto da forma como propomos é um conjunto de atividades que se desenvolvem em torno de gêneros discursivos ou de um eixo temático (que por sua vez também enseja a leitura e a produção – oral e escrita – de diferentes gêneros). Trata-se de uma proposta de trabalho com objetivos previamente delineados, com ações planejadas, executadas com divisão de trabalho e avaliadas quanto ao processo e ao produto final. As atividades que compõem o projeto possuem uma relação entre si, formam um todo articulado e concorrem para que se atinja a meta proposta. Os projetos transformam a sala de aula numa oficina, pois o processo de produção exige várias idas e vindas na busca de um produto bem acabado que será exposto e divulgado. A responsabilidade passa a ser de todos e não só do professor, abrindo espaço para a discussão, problematização, cooperação e solidariedade. Nos projetos de leitura e escrita há sempre duas características fundamentais: a problematização de um tema e a produção de um objeto ou ação por parte dos alunos. A produção deve ter um destino ou finalidade social real para garantir a participação ativa dos alunos; por isso, o projeto precisa propor um problema real para ser resolvido, tal como confeccionar um álbum de sua história ou uma agenda para guardar endereços que poderão interessá-los. É preciso ficar claro que, independentemente do nível de letramento de cada aluno, todos podem e devem participar dos projetos de leitura e escrita propostos, pois é no desenrolar desse trabalho, no contato com os diferentes gêneros discursivos que ele poderá desenvolver suas capacidades de leitura e escrita. Também é importante que o professor conheça a situação de letramento de cada um, para que possa melhor atendê-los, ajudando- os a se desenvolver. ORIENTAÇÕES PARA O PROFESSOR NO TRABALHO COM PROJETOS DE LEITURA E ESCRITA O que o aluno já sabe? Como ele aprendeu? Antes de começar o trabalho, é importante que você pesquise como foi a história de letramento de seus alunos: o que eles já aprenderam e como eles aprenderam? A que materiais os alunos tiveram acesso? Cartilhas e livros didáticos mais tradicionais ou livros de literatura, rótulos, propagandas, revistas, jornais etc.? Seus alunos já sabem para que serve a escrita? O que ela representa e como se organiza? Para aprender a ler e escrever, é preciso 18 EDUCAÇÃO E CIDADANIA encontrar um objetivo para essa aprendizagem. É importante participar de atividades, na própria sala de aula e nas oficinas, que favoreçam o acesso a diferentes gêneros discursivos e atividades que ajudem o aluno na apropriação das regularidades da língua – no reconhecimento de letras, no destaque das letras iniciais e finais, na relação som/grafia (rimas, listas, jogos etc.). Assim, investigue: O que foi feito para que o aluno fosse se apropriando das regularidades da língua? Ele sempre esteve envolvido com exercícios mais mecânicos ou teve oportunidade de ler, comparar, trocar informações, analisar etc.? Como ele se comporta nas atividades em grupo? Recusa-se a fazer as atividades, tumultua e faz “bagunça”, atrapalhando os colegas em vez de fazer as tarefas propostas? O professor deve se aproximar do aluno para descobrir a causa da resistência e/ou indisciplina. Muitas vezes o adolescente ou criança tem vergonha de mostrar que não sabe e, por isso, recusa-se a participar das atividades ou transforma sua timidez em atos de indisciplina. Como está a aceitação dos professores e dos alunos em relação ao aluno não alfabetizado? Ele está sendo rotulado? Está sendo discriminado? Provavelmente esse aluno está precisando de ajuda e os colegas poderão ser de grande valia: a classe pode e deve ser envolvida no atendimento ao aluno que não lê convencionalmente. A solidariedade é um dos sentimentos mais fortes entre os adolescentes, que a usam para fortalecer a própria identidade dentro do grupo; por isso o professor pode canalizar esse sentimento para a ajuda aos alunos com mais dificuldade, fazendo com que seja dada uma atenção especial a eles, dentro e fora da sala. No entanto, deve cuidar para que os colegas não façam por ele, mas sim incentivá-lo a participar da atividade com pistas, oportunizando pequenos sucessos que contribuirão para o fortalecimento de sua auto-estima. Se não houver uma finalidade prática, as atividades de cópia devem ser evitadas. Conhecendo melhor o aluno não alfabetizado Os alunos com grande defasagem na apropriação da leitura e da escrita precisam de ajuda para avançar, independentemente da série em que estejam. Como primeiro passo, procure averiguar o que já sabem sobre o funcionamento do sistema alfabético de escrita e o que ainda não conseguiram compreender. Assim, analise se eles: • conhecem as letras do alfabeto; • percebem a relação entre os sons da fala e a grafia das palavras; • ao escreverem, trocam muitas letras ou colocam-nas fora de lugar, mesmo conhecendo as letras do alfabeto e compreendendo a relação entre som e escrita. Para ajudar você nessa pesquisa, alguns pontos podem ser destacados: Conhece as letras do alfabeto? Por vivermos em uma sociedade cercada da escritapor todo lado, fica muito difícil acreditar que ainda existam jovens que não conheçam as letras do alfabeto. No entanto, há alunos que ainda não reconhecem letras, ou que as usam indistintamente e precisam de atividades que os levem a perceber a relação som-grafia, a convencionalidade das letras, como elas se organizam. No texto a seguir, há indícios de que o aluno usa as letras indistintamente. Há poucas palavras escritas convencionalmente, mas que foram copiadas da lousa. Assim, se o aluno não conhece as letras, ou as usa indistintamente, é preciso explorar palavras que sejam modelos estáveis, tais como: nomes próprios, rótulos, embalagens, folhetos de propagandas, títulos de histórias, listas de palavras significativas etc. Em todas essas atividades, é importante chamar a atenção para as letras utilizadas: a 19 LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO nomeação e identificação das letras do alfabeto é importante. Há alunos que chegam à escola sabendo apenas “dizer” o alfabeto, sem identificar as letras, da mesma forma que crianças “recitam” a seqüência dos numerais sem reconhecê-los. Dependendo da forma de conduzir as atividades, essa dificuldade pode ser superada aos poucos, com o estabelecimento da relação entre o nome da letra e o respectivo traçado. Por isso, é importante que o alfabeto fique exposto e seja feita a apresentação das 26 letras [inclui K, W, Y], seguindo a ordem alfabética, permitindo uma visão de conjunto, facilitando a compreensão do todo e a distinção de cada unidade, conhecimento indispensável para alunos que apresentem escritas semelhantes à de Carlos. Além desse trabalho, outro ponto de partida é a escrita do próprio nome e de pessoas próximas, como familiares, amigos, namorada(o). Assim, para saber o que o aluno já sabe, peça-lhe que escreva o próprio nome. Pergunte que letras são necessárias para escrevê-lo. Faça o mesmo com outros nomes próprios que ele tentar escrever. Utilize letras de plástico ou de cartolina para compor, junto com ele, essas e outras palavras significativas. Ao trabalhar com jovens que ainda tenham esse tipo de dificuldade, repita o processo com palavras significativas que você retirar dos temas, destacando as letras iniciais e finais, as letras que se repetem, as letras diferentes, e utilize jogos que envolvam letras e palavras, tais como: sopa de letras, palavra secreta, corrida de letras etc., repetindo-os em diferentes contextos. Faça também algumas atividades com símbolos, tais como marcas de carro, clubes de futebol, para que eles se sintam fortalecidos. Pequenos sucessos contribuem para fortalecer a auto-estima e a crença na capacidade de aprender. 20 EDUCAÇÃO E CIDADANIA Percebe a relação entre o som da fala e a grafia das palavras? Os alunos que ainda não escrevem convencionalmente pensam, têm idéias e são capazes de expressá-las, mesmo que utilizando uma escrita não totalmente compreensível para outras pessoas. Nas produções de texto ao lado, em meio a palavras sem sentido, percebe-se um início de estabelecimento da relação som-escrita. Para alunos com escritas semelhantes, é importante desenvolver atividades que levem à consciência sonora – percepção da relação entre o som da fala e a escrita –, ampliando a compreensão da natureza alfabética de nosso sistema de escrita. O trabalho com rimas, poesias, letras de música, adivinhas, parlendas e trava- línguas ajuda muito nesse processo. Assim, faça-os memorizar algumas trovas ou letras de canções populares; apresente-as por escrito; solicite que leiam (eles sabem de memória) apontando as palavras; dê partes da trova ou da letra da canção para eles completarem; peça-lhes que tentem escrever os versos como souberem, sem copiar. Proponha vários jogos (forca, pare, encontre o par, adivinhe a palavra, dominó etc.), sempre que possível, no início da oficina, quando os jovens estão mais receptivos e atentos. Além disso, seja um modelo de leitor e leia sempre para eles. Quando você (ou um colega) lê para o aluno não alfabetizado, ele também é leitor, porque atribui sentido ao texto lido. Indague seu aluno sobre o que ele quis escrever e traduza suas tentativas de escrita para a escrita convencional, anotando, no texto, as construções elaboradas por ele. Nas produções como a do texto ao lado, a ação da professora traduzindo o texto do aluno foi fundamental tanto para tornar seu texto legível, como para planejar intervenções adequadas. Dessa forma, é possível ler e escrever pequenos textos, mesmo antes de se ter domínio do sistema da escrita. Proponha também produções coletivas de textos, pois quando você (ou um colega) registra as idéias do aluno não alfabetizado num texto coletivo, ele também é autor do texto. Assim, quando os alunos não alfabetizados estiverem imersos em situações verdadeiras de leitura e escrita, acabarão compreendendo para o que serve a escrita, atribuindo significado a ela. É importante que eles sejam desafiados a escrever e, se houver resistência, insista, pois o fato de não saberem escrever não deve ser impedimento para que participem das atividades. Não permita que eles se acomodem querendo só desenhar ou que outros façam sempre por eles. É importante que sejam encorajados a escrever e, se necessário, fique perto ou deixe que algum colega fique, dando-lhes assistência, apoio e pistas. 21 LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO Compreende a relação entre som e escrita e conhece as letras do alfabeto, mas ao escrever, troca muitas letras ou coloca-as fora de lugar? Quando os alunos começam a fazer a relação som-escrita, acabam escrevendo do jeito que se fala. Por isso, as intervenções atentas dos professores e a colaboração dos colegas continuam fundamentais. Os dois textos abaixo foram escritos por jovens que tinham recentemente construído a base alfabética. Marcos apresenta basicamente duas dificuldades relacionadas à convenção: troca o quequequequeque por cecececece e usa o sssss por zzzzz no final de palavras. Eduardo escreve as palavras com mais dificuldade, usando muito a oralidade e aglutinando palavras: que utilizem vocabulário significativo. No trabalho com ortografia, os jogos citados são importantes, pois certas palavras só podem ser apreendidas pela memorização – g/j, ch/x, e/i, o/u/l, s/z, s/ss/ç/c/sc e acentuação nasal (m,n, til) –, enquanto com outras isso ocorre por meio de regras: mp/mb, r/rr, s/ss, g/gu, c/qu. Desse modo, os alunos podem aprender gradualmente a grafia correta das palavras mais utilizadas, de forma agradável e desafiante ao mesmo tempo. Além dessas atividades, pode-se também criar com a classe uma legenda para as correções de textos. O ensino das regras ortográficas é parte integrante do processo de alfabetização. A própria situação de produção de texto pode desencadear questões dos alunos sobre a forma correta de grafar algumas palavras, que devem ser prontamente respondidas pelo professor, com pistas ou pela indicação do uso do dicionário. O cuidado com a ortografia deve estar focado principalmente nos textos que serão divulgados (cartazes, anúncios, notícias, livretos etc.), pois não se devem expor textos com incorreções. No entanto, é preciso, ao mesmo tempo, incentivar a produção de textos livres e reproduzidos, coletiva e individualmente, e promover a leitura de textos de diferentes gêneros. Tornar-se um usuário da escrita, de forma autônoma e eficiente, exige o desenvolvimento de algumas capacidades, como planejar (o que e para quem se vai escrever), escrever, revisar (reler cuidadosamente), avaliar (julgar se está bom ou não) e reelaborar (alterar, reescrever) os próprios textos. Essas capacidades podem ser desenvolvidas desde as primeiras atividades de escrita. Quando o aluno escreve o próprio nome num crachá, pode-se questionar: O nome está grafado corretamente? A letra está legível? Você usou adequadamenteo espaço do papel? O domínio dessas capacidades começa com as orientações do professor para, aos poucos, ir se interiorizando e se tornando uma Nesses casos, é preciso perguntar aos alunos: • O que você quis escrever? • Você escreveu o que pretendia? • Que letras você precisaria colocar para escrever essa palavra? Em que seqüência é preciso colocar as letras? Eduardo e Marcos precisam também perceber que a escrita não representa a fala, mas a língua e que ela é ortográfica. Para ajudar alunos como os dois jovens a superar tais dificuldades, trabalhe com jogos, tais como jogo-da-velha, encontre o par, transformando, palavra mágica, corrida das letras, dominó, forca, além de cruzadinhas e caça-palavras 22 EDUCAÇÃO E CIDADANIA capacidade autônoma. Dentre as atividades que se podem realizar para ajudar nessa interiorização, destacam-se aquelas em que os alunos lêem o próprio texto como se outra pessoa o estivesse lendo, buscando compreender o que é necessário explicitar para o leitor. No entanto, não é um aprendizado fácil, nem se completa em pouco tempo. Tanto na organização textual, como no uso de recursos discursivos mais adequados ao gênero utilizado, é preciso dar atenção à escolha das palavras. Se o aluno for escrever uma carta para o diretor, não poderá utilizar gírias e expressões coloquiais como faz em suas cartas pessoais. Se for escrever uma notícia para um jornal mural, deverá usar outro tipo de vocabulário e de estruturação sintática. Grande parte desse aprendizado depende do acesso e da familiaridade com diferentes gêneros. O material, como já vimos, oportuniza esse acesso, mas é preciso que se faça um trabalho explícito, apontando nos textos, lidos ou escritos, os recursos mais adequados. Nessa tarefa, o professor ocupa um lugar muito importante e o texto do aluno, o lugar central. No trabalho de aperfeiçoamento dos textos dos alunos, são realizadas atividades de análise lingüística em que se busca o aprimoramento de textos e pistas para a elaboração de outros. O objetivo da prática de análise lingüística é promover a clareza, a coerência e a coesão dos textos escritos pelos alunos, bem como a apropriação dos aspectos gramaticais que envolvem maiores dificuldades para o escritor iniciante. Em relação à organização textual, podem-se seguir os seguintes procedimentos: • Selecionar um texto que seja representativo das dificuldades que a classe apresenta. • Convidar o autor para ocupar lugar de destaque e ser consultado sempre que for necessário. • Copiar o texto na lousa (ou trazê-lo já copiado em papel pardo), corrigido nos aspectos ortográficos e gramaticais. • Propor questões à classe em função dos aspectos a serem reestruturados, anotando as hipóteses na lousa. (Observar com a classe se há redundâncias, lacunas ou aspectos que podem ser eliminados.) • Analisar com os alunos as melhores soluções, mas respeitar a opinião do autor, que deverá dar a solução final. • Reescrever o texto (ou trecho dele) na lousa, incorporando as alterações discutidas. • Solicitar que os alunos comparem o texto reescrito com o original. • Permitir que copiem o texto e que verifiquem se há problemas semelhantes em seus textos, corrigindo-os. Em relação aos aspectos gramaticais: • Escolher um problema que tiver maior freqüência em sua classe. • Selecionar um dos trechos a ser trabalhado. • Copiar o trecho na lousa (ou trazê-lo já copiado em papel pardo). • Apontar as incorreções e discuti-las com a classe, promovendo um levantamento de hipóteses e registrando-as na lousa. • Incentivar os alunos a pesquisar a melhor solução e orientar essa pesquisa, por meio da consulta à gramática ou ao dicionário. • Reescrever o texto com a solução do problema. • Solicitar que verifiquem seus textos e, se necessário, que os corrijam em duplas ou individualmente. Esse trabalho deve ser dinâmico e significativo, mas não pode deixar de lado a perspectiva de reflexão presente nos módulos, nem a compreensão de que o domínio da leitura e da escrita deve efetivamente cumprir seu objetivo: ser instrumento de acesso ao conhecimento de si e da cultura. Esperamos que os projetos de leitura e escrita e os jogos propostos neste módulo sirvam de mediação entre seu trabalho e as 23 LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO demandas que surgirem nesse processo. Estamos propondo os seguintes projetos: • Quem sou eu? Quem somos nós? • Dicionário • Agenda • Correspondência • Construindo uma revista musical • Rimando e aprendendo • Divulgando o que aprendemos • Elaborando um anúncio diferente • Um sonho de comunidade Dentre os projetos, há alguns que poderão ser trabalhados na Oficina de Letramento e Alfabetização, no contraturno ou junto com os módulos e oficinas (Dicionário, Agenda, Divulgando o que aprendemos, Elaborando um anúncio diferente, Um sonho de comunidade, e alguns dos jogos) e outros que deverão ser trabalhados especificamente numa oficina em que se dê mais atenção às dificuldades dos jovens (Quem sou eu? Quem somos nós?, Construindo uma revista musical, Rimando e aprendendo, além dos jogos aqui propostos). Bom trabalho! 24 EDUCAÇÃO E CIDADANIA EFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALEXANDROFF, M.C. Emoção e escrita: fios que se unem numa mesma trama. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, 1998. AZEVEDO, R. Armazém do folclore. São Paulo: Ática, 2000. BANDEIRA, M. Antologia poética. Rio de Janeiro: Ed. do Autor, 1961. CÂMARA JR., J.M. Dicionário de filologia e gramática. Rio de Janeiro: J. Ozon, 1970. CENPEC – Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária. Ensinar pra valer! Aprender pra valer! São Paulo: Cenpec, FDE/SEE-SP, 1997. 9v. CHARTIER, A.M., CLESSE, C., HÉBRARD, J. Ler e escrever: entrando no mundo da escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. FOUCAMBERT, J. A leitura em questão. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. KLEIMAN, A. Os significados do letramento. Campinas: Mercado de Letras, 1995. MATÊNCIO, M.L.M. Leitura, produção de textos e a escola. Campinas: Mercado de Letras, 1994. QUEIRÓS, B.C. Correspondência. Belo Horizonte: Miguilim, 1988. RIBEIRO, , , , , V.M. Alfabetismo e atitudes. Campinas, São Paulo: Papirus, Ação Educativa, 1999. ________ (Org.). Letramento no Brasil: reflexões a partir do INAF 2001. São Paulo: Ação Educativa, Global, Instituto Paulo Montenegro, 2003. ROCHA, G. A apropriação das habilidades textuais pela criança. Campinas: Papirus, 1999. ROJO, R.H.R. Garantindo a todos o direito de aprender: uma visão socioconstrutivista da aprendizagem da linguagem escrita no ensino básico. In: TOZZI, D.A., ONESTI, L.F. (Coords.). Os desafios enfrentados no cotidiano escolar. São Paulo: FDE, 1997. p. 37-58. [Série Idéias, 28]. ________ (Org.). Alfabetização e letramento. Campinas: Mercado de Letras, 1998. SMITH, F. Leitura significativa. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. SMOLKA, A.L. A criança na fase inicial da escrita. São Paulo: Cortez, 1998. SOARES, M. Aprender a escrever, ensinar a escrever. In: TOZZI, D.A., ONESTI, L.F. (Coords.). Os desafios enfrentados no cotidiano escolar. São Paulo: FDE, 1997. p. 59-108. [Série Idéias, 28]. ________. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 1998. ________. Letramento e escolarização. In: RIBEIRO, V.M. (Org.). Letramento no Brasil: reflexões a partir do INAF 2001. São Paulo: Ação Educativa, Global, Instituto Paulo Montenegro, 2003. p. 89-113. SOLÉ, I. Estratégias de leitura. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. TERZI, S.B. A experiência em Inhapi e Olho D’Água do Casado, AL. Revista do Programa Alfabetização Solidária, Brasília, v. 1, n. 1, p. 143-153, jul./dez. 2001. TFOUNI, L.V. Letramento e alfabetização. São Paulo: Cortez, 1995. [Coleção Questões da NossaÉpoca, 47]. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS. Faculdade de Educação. Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita. Alfabetizando. Belo Horizonte: Ceale, FaE/UFMG, SEE-MG, 2003. [Coleção Orientações para a Organização do Ciclo Inicial de Alfabetização, 2]. Disponível na internet: http:// www.fae.ufmg.br/ceale/ caderno%202.pdf. VÓVIO, C.L. (Coord.). Viver, aprender: educação de jovens e adultos. São Paulo, Brasília: Ação Educativa, MEC, 2000. 6v. 25 LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO PROJETOQUEM SOU EU?QUEM SOMOS NÓS? Escolhemos este projeto para iniciar a Oficina de Letramento e Alfabetização considerando a importância do nome de cada um como marca de sua identidade. Valorizar o nome é valorizar a auto-estima; reconhecer o próprio nome é reconhecer-se como sujeito único em sua individualidade. Este é um eixo importante do Projeto Educação e Cidadania, que considera a identidade como processo constante de construção, portanto passível de transformação. Serão retomadas algumas atividades dos módulos temáticos e dos módulos de oficinas culturais que trabalham o nome dos alunos, tais como: Jogos da vida (A importância do nome; Desenho do nome; História do nome da Esmeralda); Educação, ponte para o mundo (Nome e movimento; Descobrindo nomes; Jogo de boliche; A direita está vaga). O projeto Quem sou eu? Quem somos nós? foi dividido em quatro subprojetos, a saber: 1. Aprendendo com os nomes 2. A história de um nome 3. Formando um álbum ou um livro de história de vida 4. Aprendendo com os jogos Obs.: O quarto subprojeto contém um conjunto de jogos que trabalha com o vocabulário presente nas outras oficinas e módulos do Educação e Cidadania. Por isso, ele deverá ser utilizado concomitantemente aos demais, ampliando dessa forma o repertório do jovem. APRENDENDO COM OS NOMES Escreva as frases do texto que consta do Anexo 1 em letras grandes (tipo bastão) e coloque-as, uma a uma, num papel pardo ou mesmo na lousa, remontando-o, lendo as palavras bem devagar, parando nos nomes. Compare os nomes com outros que os jovens já conheçam, destaque as letras iniciais e finais e indague que letras são necessárias para escrevê-los. Chame a atenção para o fato de que J. Pinto Fernandes aparece apenas com a inicial do primeiro nome, mas é o único com sobrenome. Observe que a repetição da expressão “que amava” parece reproduzir o movimento da dança da quadrilha. Pare nessas palavras que se repetem, mostrando que todas elas são escritas com as mesmas letras. Depois de remontar todo o texto, releia-o com seus alunos. Pergunte, então, por que ele tem o nome “Quadrilha”. Deixe que cada um expresse sua opinião. Se julgar necessário, pergunte se já dançaram quadrilha, se observaram como ela é composta e se não há sempre uma troca de pares. Explique que o autor usou o nome do poema em alusão à junção e troca de pares existentes na quadrilha. Leia o texto novamente, mostrando que o poema tem dois momentos: um mais descritivo em que predomina o sentir e outro mais narrativo em que predomina o fazer. Incentive os jovens a construir uma paródia ou paráfrase a partir do poema de Drummond, trocando os nomes por outros que já conhecem. Registre na lousa. Divida a classe em duplas ou trios e solicite que recriem outros poemas, incentivando a participação de todos, mesmo daqueles que ainda não reconhecem as letras ou os sons. Peça para que leiam para o grupo, destacando a variedade de possibilidades que surgirem a partir do texto original. Coloque as produções num cartaz, valorizando a autoria dos jovens. Em seguida, faça com eles os exercícios que se seguem ao poema (Anexo 1), destacando as letras dos nomes, principalmente se você tiver alunos que não conheçam as letras ou tenham dificuldade no reconhecimento dos sons. Incentive a participação de todos. Se houver alunos com muita dificuldade, distribua letras móveis e deixe que escrevam os nomes em duplas ou trios, para depois 26 EDUCAÇÃO E CIDADANIA registrá-los no papel. Em todas essas atividades, é importante chamar a atenção para a ordem alfabética utilizada nas listas. A memorização da seqüência do alfabeto ajuda o aluno a buscar a letra de que necessita para escrever. Em geral os alunos chegam à escola sabendo “dizer” o alfabeto, ainda que não associando o nome da letra a seu traçado. A HISTÓRIA DE UM NOME Retome (ou introduza, se seus alunos ainda não vivenciaram) a atividade “A importância do nome”, que pertence à Oficina Jogos da vida. Proponha que escrevam seus nomes, desenhando as letras, como está proposto naquela oficina. Leia a história do nome de Esmeralda e discuta com eles a importância dos nomes, se a oficina não tiver sido realizada ainda. Em seguida, apresente o texto ROBERTO sem CARLOS (Anexo 2), escrito numa folha de papel pardo. Leia o texto lentamente, envolvendo os alunos. Faça uma leitura compartilhada, chamando um aluno para ler um trecho do texto. Dê-lhe pistas, ajudando-o a antecipar as palavras (leia uma parte do texto e peça para que o aluno complete). Repita com outros alunos até terminar a leitura do texto. TRABALHANDO COM O TEXTO Na leitura compartilhada, você ajudou seus alunos a formular previsões sobre o texto a ser lido. Faça perguntas (oralmente) sobre o que foi lido, esclarecendo dúvidas sobre o texto e ajudando-os a resumir as idéias principais do texto: Roberto encontrou uma maneira de escrever seu nome. De que outras maneiras ele poderia resolver essa situação? Antes de aprender a escrever, você já deve ter passado por situações em que precisou usar a escrita para resolver algo do seu dia-a dia. Como você resolveu essa situação? O nome é uma marca de identificação. Que outras marcas identificam as pessoas? Observe seus colegas e anote as marcas que os identificam. (Você pode retomar a atividade de elaboração do crachá realizada na introdução do subtema 1 do Módulo Educação, ponte para o mundo, pág. 11, ou a Oficina 1 – Símbolos, marcas e logotipos – da Oficina Artes visuais e cênicas, pág. 8.) O primeiro nome pode ser composto por vários nomes e o sobrenome é o nome de família. Você conhece pessoas com sobrenomes iguais? As pessoas que têm o mesmo sobrenome são sempre parentes? TRABALHANDO COM OS NOMES ROBERTO CARLOS é um nome composto porque tem dois nomes. Há muitos nomes compostos. Relembre com seus alunos os nomes compostos que eles conhecem e registre-os na lousa, lendo-os pausadamente, destacando onde começam e onde terminam. Peça aos alunos que ainda não estabelecem a relação som-escrita para que se dirijam à lousa e leiam os nomes. Esteja atento(a) para que o fato da história não se repita. Se acontecer, explore nomes que os alunos conheçam, promova um levantamento de hipóteses com eles, dê-lhes pistas para que comecem a perceber que uma emissão sonora pode conter várias letras. Repita essa atividade várias vezes para dar mais segurança a seus alunos, oferecendo-lhes a chance de ter pequenos sucessos e assim poder acreditar que são capazes de ler e escrever. Ajude os alunos a fazer os exercícios que se seguem ao texto ROBERTO sem CARLOS (Anexo 2) TRABALHANDO COM SOBRENOMES Explique que o sobrenome é uma marca que nos identifica, que é o nome de família e que vem depois do primeiro (ou segundo, quando o nome for composto). Geralmente os sobrenomes são compostos pelo sobrenome da mãe e do pai. Quando a mulher se casa, pode optar por adotar também o sobrenome do marido. Leia com eles os exemplos que constam do Anexo 2. PAULO DA SILVA FERNANDES (nome) (sobrenome da mãe) (sobrenome do pai) VALÉRIA MARIA SOARES PEREIRA (nome) (sobrenome do pai) (sobrenome do marido) 27 LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO Proponha que leiam a lista que se segue aos exemplos e descubram como foi organizada. Escreva os nomes e sobrenomes de seus alunos na lousa. Analise seus sobrenomes. Há sobrenomesiguais? As pessoas que têm o mesmo sobrenome são sempre parentes? Discuta com seus alunos, mostrando a listagem de nomes, e, junto com eles, coloque a lista em ordem alfabética. FORMANDO UM ÁLBUM OU UM LIVRO DE HISTÓRIA DE VIDA Você deve ter em sua classe alunos com diferentes histórias de letramento. Alguns já lêem e escrevem bem, enquanto outros nem sabem os nomes corretos das letras. É importante planejar atividades que acolham alunos que estão em diferentes níveis. Uma atividade que você pode desenvolver com sua turma e que o(a) ajudará a conhecer melhor seus alunos e, ao mesmo tempo, a apresentar-lhes o mundo letrado de forma significativa para eles é construir um álbum ou livro da história de cada um, registrando seus gostos, suas lembranças, seus sonhos... As atividades foram pensadas para todos os alunos da classe, pois mesmo as mais simples, como incluir escrita de listagem, servirão como fonte de reflexão para aqueles que estiverem começando, a fim de que percebam o som das letras e sua seqüência nas palavras, e poderão sanar as dificuldades ortográficas daqueles que já estão escrevendo. Cada página do álbum será uma folha de sulfite com o nome da atividade a ser realizada. Guarde-a num envelope ou folha de plástico e, ao final, cada um poderá colocar o nome numa capa e ilustrá-la como achar melhor. No álbum você poderá utilizar diferentes linguagens e diferentes gêneros discursivos, incentivando cada um a escrever do jeito que souber. Você ou um colega poderá ajudar quando o aluno precisar. A HISTÓRIA DO MEU NOME Convide os jovens a fazer um relato, contando como seu nome foi escolhido, quem o escolheu, o que ele acha de seu nome etc. Se algum jovem não souber, estimule-o a perguntar para a família. Leia a história do nome da Esmeralda (na biblioteca você poderá encontrar o livro: Esmeralda – por que não dancei) e converse com seus alunos. Explique que todo nome tem uma história, pois alguns receberam o nome em homenagem a alguém, outros por motivo religioso, outros até por junção de alguns nomes... Explique também que os nomes têm significado e pergunte se eles sabem qual é o do seu nome. Leve para a sala um dicionário de nomes e pesquise com eles. Tenha a certeza de que haverá muito interesse e de que alguns poderão mudar a impressão que têm de seus nomes. Depois, peça para que relatem por escrito a história de seu nome. Se houver algum aluno que não saiba escrever convencionalmente, incentive-o a registrar de seu jeito e depois registre embaixo, explicando que outras pessoas poderão ver o álbum e será muito importante que tenha pistas para compreender sua história. Se, ao escrever, seu aluno trocar muito as letras, indague sobre o que ele queria escrever e, se não escreveu o que pretendia, que letras precisaria colocar para escrever essa palavra e em que seqüência deveria colocar as letras, dando-lhe pistas sobre a escrita convencional. Esteja atento(a) e repita essas orientações, sempre que necessário, na elaboração das diversas páginas do álbum. O ACRÓSTICO Você já percebeu que os jovens gostam muito do texto poético. A Oficina Poesia propõe a atividade com acrósticos, que os adolescentes usam muito. Recorra a ela se precisar. Escreva na lousa um nome conhecido (o de Esmeralda, por exemplo) e faça junto com eles um acróstico para a pessoa. Depois, 28 EDUCAÇÃO E CIDADANIA incentive-os a fazer outros, utilizando-se das letras móveis. Peça que escrevam o nome de alguém especial, como o da mãe, da namorada, da irmã, e faça vários exercícios. Os alunos com mais dificuldade talvez precisem de ajuda. Então, faça esta atividade em duplas ou trios, com alunos de diferentes níveis de letramento. Em outro momento, repita a atividade com o nome de cada jovem. Se ainda houver necessidade, proponha esta atividade em duplas ou trios, e depois cada um copiará seu acróstico na página do álbum. MEUS JOGOS PREDILETOS Cada aluno poderá fazer a listagem dos jogos de que gosta. Se em sua turma houver muitos alunos com dificuldade de alfabetização, use letras móveis. Como na atividade anterior, forme duplas ou trios, entregue as letras móveis para que escrevam os jogos em conjunto, separando depois as preferências para serem copiadas na página preparada. Você pode também fazer um cartaz com os jogos da classe, deixando-o exposto na sala para dar pistas para aqueles que tiverem mais dificuldades. A atividade com letras móveis facilita a alfabetização inicial porque: • os alunos arriscam-se mais em suas tentativas de escrita e corrigem com maior rapidez e menor esforço quando erram; • favorece a reflexão sobre a escrita: que letras usar, quantas, em que ordem; • facilita o acompanhamento do processo pelo professor; • estimula a cooperação entre os colegas – aqueles que já têm mais conhecimento de escrita ajudam os que têm menos. UM AMIGO MARCANTE Peça aos alunos que procurem se lembrar do amigo mais importante. Converse com eles para que se lembrem de que como é esse amigo, por que se tornou tão significativo, se ele ainda faz parte de suas amizades ou se faz muito tempo que não o vêem. Distribua a página do álbum, peça para que desenhem o amigo e escrevam um texto relatando a história de sua amizade por ele. Esteja atento(a) para que não fiquem somente no desenho. Incentive seus alunos a escrever, mesmo que ainda não consigam produzir um texto. Para você saber o que o jovem já conhece sobre a escrita, será muito mais significativo que ele escreva uma palavra, em vez de copiar um texto escrito por outra pessoa. MINHA HISTÓRIA PREFERIDA Converse com seus alunos e relembre alguns livros que eles conhecem. Se já fizeram a Oficina de Contos, será melhor ainda, pois com certeza o repertório deles ampliou-se consideravelmente. Se houver muitos alunos não alfabetizados e com pouco conhecimento de literatura, aproveite e leve para a classe alguns livros (que poderão já estar sendo previamente utilizados em leituras diárias por você ou pelos colegas). Depois da discussão sobre os livros, peça para que cada um comente por escrito o texto de que mais gostou. Se você perceber que o comentário está confuso, ajude-os a reorganizá-lo. Em seguida, peça para que desenhem a história escolhida em forma de quadrinhos, usando um texto mais simplificado. Esta atividade será demorada. Muito provavelmente você terá de desmembrá-la em vários dias, mas o resultado valerá a pena. A realização de atividades com histórias é muito importante para os alunos com baixo letramento, isto é, com pouco conhecimento sobre a escrita, pois: • desperta o gosto pela leitura; • favorece o conhecimento intuitivo da linguagem escrita; • facilita a memorização dos começos e fins das frases feitas. 29 LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO • favorece a internalização do discurso escrito. A leitura freqüente de textos narrativos possibilita a apropriação das características desses gêneros, contribuindo para que o aluno produza textos mais claros e coerentes; • favorece os jogos simbólicos e a vivência de diferentes papéis, pois, para ser narrador, é importante ter vivenciado o papel de espectador ou ter se colocado no lugar do personagem do texto. UM ACONTECIMENTO DE SUCESSO Converse com os alunos sobre algo “de sucesso” que tenham feito. Se não aparecer nenhuma atividade, conte algo de sua vida que considere importante e incentive-os a se lembrar e falar de suas experiências. Depois que estiverem bem aquecidos, distribua a página do álbum e peça para relatarem por escrito tal acontecimento para que possa ser conhecido pelos colegas e parentes. Deixe que utilizem as próprias escritas, mesmo que tenham muita dificuldade. Dê pistas, ajude no que puder, mas não deixe que ninguém faça por eles, nem incentive a cópia. É preferível que se limitem a escrever apenas algumas palavrasou frases sozinhos a escreverem textos perfeitos, mas sem nenhum significado para eles. Temos encontrado vários jovens que se tornaram copistas, não reconhecendo letras nem palavras, mas tendo uma “escrita” perfeita. Você pode escolher, com autorização do autor, um dos textos escritos e fazer uma reescrita coletiva. Esta é uma atividade muito importante e que dará muitas pistas aos alunos com baixo letramento. MINHAS COMIDAS PREDILETAS Leve para a sala de aula algumas gravuras de revistas com fotos de comidas mais conhecidas, bem diversificadas. Discuta sobre as preferências de cada um e distribua tiras de papel (cortadas todas do mesmo tamanho) para que escrevam o nome de seu prato predileto. Se algum aluno tiver dificuldade, dê pistas de como se escreve. Prepare um cartaz em que você poderá organizar uma tabela, como a descrita abaixo. Peça aos alunos para listar as comidas de que mais gostam e, se quiserem, ilustrar com LASANHA LASANHA BIFE COM BATATAS FRITAS LASANHA BIFE COM CHURRASCO BATATAS FRITAS LASANHA BIFE COM CHURRASCO FEIJOADA BATATAS FRITAS LASANHA BIFE COM ARROZ E CHURRASCO FEIJOADA BATATAS FEIJÃO FRITAS LASANHA BIFE COM BOLO DE ARROZ E CHURRASCO FEIJOADA BATATAS CHOCOLATE FEIJÃO FRITAS 6 5 1 2 4 3 30 EDUCAÇÃO E CIDADANIA desenhos ou recortes de revistas. Você pode aproveitar para fazer uma listagem e promover diversos jogos como os que são sugeridos neste módulo, permitindo que os alunos se apropriem da escrita ludicamente. Para terminar esta página de modo significativo, leve para a sala a letra da música Comida, que está na (pág. 61) do Módulo Família e relações sociais, escrita em letra bastão numa folha de papel pardo. Coloque o CD e cante a música com os jovens. Leia com eles a letra da música, destacando as palavras que se repetem. Passe o dedo, mostrando o lugar em que elas estão escritas. Chame aqueles que ainda não fazem a relação entre som e grafia e peça para que leiam essas palavras. Destaque as palavras que forem mais significativas e coloque-as num cartaz. Explore essas palavras e a letra da música, promovendo alguns jogos com elas, facilitando o trabalho de sala de aula, pois quando os jovens estiverem trabalhando o Módulo Família lerão com mais facilidade. Como se pode observar, a letra da música possui várias palavras que se repetem e a apropriação dessas palavras ajudará aqueles que ainda não fazem a relação som-grafia e aqueles que ainda escrevem com mais dificuldade, trocando muito as letras ou colocando-as fora de lugar. Comida Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Sérgio Britto Bebida é água Comida é pasto Você tem sede de quê? Você tem fome de quê? A gente não quer só comida, A gente quer comida, diversão e arte. A gente não quer só comida, A gente quer saída para qualquer parte. A gente não quer só comida, A gente quer bebida, diversão, balé. A gente não quer só comida, A gente quer a vida como a vida quer. Desejo, necessidade e vontade Necessidade e desejo Necessidade e vontade Necessidade e desejo Necessidade e vontade Necessidade e desejo Necessidade e vontade, au! Necessidade. A gente não quer só comer, A gente quer comer e quer fazer amor. A gente não quer só comer, A gente quer comer e quer fazer amor. A gente não quer só comer, A gente quer prazer pra aliviar a dor. A gente não quer só dinheiro, A gente quer dinheiro e felicidade. A gente não quer só dinheiro, A gente quer inteiro e não pela metade. Extraído do CD Titãs 1984-1994 (Titãs, 1994) MEU MAIOR SONHO No Módulo Educação, ponte para o mundo, você teve a oportunidade de conhecer os sonhos de Claudemir e de Elifas, além dos sonhos de cada jovem. Se na classe houver alunos que ainda não vivenciaram esse módulo, converse com eles retomando a introdução do subtema 5, explicando a importância de terem projetos de vida. Converse com eles e deixe que falem à vontade sobre seus sonhos, sobre o que gostariam de aprender, estudar ou fazer. Depois, entregue a página do álbum e peça que escrevam um texto sobre seu sonho, deixando que escrevam do seu jeito, incentivando-os para a escrita. UM “CAUSO” DE FAMÍLIA Se sua classe já vivenciou a Oficina de Contos, provavelmente já fez uma atividade semelhante, mas mesmo assim é importante retomá-la, pois com certeza eles gostam de contar “causos” e lembrar-se da família. Retome alguns “causos” com eles e deixe que falem, pois mesmo que parte da classe já tenha feito a atividade, há alunos novos que a desconhecem. Retome também o “causo” do ROBERTO sem CARLOS e explore com eles algumas dificuldades que os jovens não alfabetizados têm. Depois de conversarem, distribua a folha e peça-lhes que escrevam o “causo”. Esta atividade poderá ser difícil para alguns deles, mas incentive-os a registrar do seu jeito. Você poderá pedir para que leiam e ser a escriba deles, explicando que está transcrevendo a 31 LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO sua história para que possam mostrá-la à mãe ou à namorada. Para ter mais subsídios na condução do trabalho, releia também o “Aprofundando” da página 11 (Identidade e Personagem) do Módulo O trabalho em nossas vidas, pois, ao contarem os “causos”, identidade e personagens podem se misturar e se você tiver mais clareza desses pontos poderá intervir, se for necessário. O QUE MAIS GOSTO DE VER NA TV Faça na lousa ou num cartaz uma listagem dos programas de televisão de que mais gostam. Se quiser, você poderá repetir a tabela feita anteriormente para descobrir os programas prediletos do grupo. Poderá também distribuir letras móveis e fazer a atividade em grupos ou trios. UM GRANDE MEDO Pergunte se já sentiram medo, como reagiram quando isso aconteceu, se aconteceu há muito ou há pouco tempo etc. Há uma coleção de livros muito interessante que trata dos mais diversos medos. É uma coleção da Scipione, de Anny Joly e Jean-Noël Rochut. Se puder levar alguns dos livros para a classe, será ótimo. Leia alguns deles ou peça para alguns alunos lerem. Depois de explorar bastante o tema, peça para escreverem seus medos, ajudando aqueles que mais precisarem. Peça para eles lerem e seja escriba quando o texto estiver com muitos problemas, pois, ao fazê-lo, dará pistas sobre a escrita, o que ajudará muito seus alunos. AH! QUE MÚSICA MAIS LINDA(ESCRITA DE MEMÓRIA) Um dos gêneros mais apreciados pelos adolescentes são as letras de música e as poesias. Elas estão mais próximas da linguagem utilizada por eles e podem servir de ponto de partida para uma reflexão que os leve a perceber as regularidades da língua. Por isso, o texto poético, como já foi comentado antes, é uma excelente fonte de reflexão, porque: • desperta e desenvolve o gosto por esses gêneros; • desenvolve a sensibilidade e a criatividade; • ajuda a desenvolver a consciência sonora, fundamental para a alfabetização; • familiariza o aluno com aspectos discursivos do texto poético: rima, ritmo, repetição, uso de metáforas e aspectos gráficos de organização desses textos; • por ser fácil de memorizar, o texto poético pode ser usado na alfabetização inicial: - como modelo de escrita convencional; - como texto para “leitura de memória”; - como desencadeador de atividades lúdicas do tipo: descobrir a palavra que falta; colocar em ordem os versos; remontar estrofes, recortando e colando as palavras da poesia, canção ou parlenda etc. Assim, uma das atividades que você poderá desenvolver e que dará muito prazer aos jovens é retomar suas músicas prediletas. Ela pode durar vários dias, sendo a elaboração da página do álbum a culminância da atividade. Deixe que cantem, que relembrem e, se achar necessário, divida a classe em trios para que escrevam as letras das músicas. Você pode escolher algumas para colocar num cartaz e servir de pistas para a escrita de outras. Depois de ter explorado bastante o tema, distribuaa folha, vire os cartazes para que não copiem as letras das músicas e incentive-os a escrever de memória suas músicas prediletas. Se não conseguirem escrevê-las inteiras, podem escrever os nomes, os pedaços de que mais gostarem ou o estribilho. O importante é que haja reflexão sobre a escrita. Muitos outros temas poderão ser anexados ao álbum ou livro, como os times do coração, as marcas de carro prediletas, uma aventura inesquecível etc. Depende do tempo de que você dispõe e do interesse da classe. O importante 32 EDUCAÇÃO E CIDADANIA neste projeto é que o aluno tenha a oportunidade de se expressar utilizando-se de diferentes possibilidades de escrita e que sua história de letramento seja respeitada e ampliada. APRENDENDO COM OS JOGOS O jogo é um excelente instrumento na aprendizagem de nomes e palavras significativas, e por isso se tornam fundamentais dentro do projeto Quem sou eu? Quem somos nós? Eles podem ser usados paralelamente à elaboração do álbum ou livro de história de cada aluno, aproveitando-se as próprias palavras utilizadas/sugeridas pelos jovens durante o projeto. O jogo, como qualquer outra atividade, deve ser usado não de forma descontextualizada, mas no contexto deste projeto ou de outros que virão a seguir: lembre-se de que toda atividade deve proporcionar reflexão para o aluno, dando-lhe pistas sobre as regularidades da língua e ajudando- o a se apropriar da leitura e da escrita. Jogos são atividades que auxiliam muito na apropriação da leitura e da escrita e na aquisição da base alfabética, porque: • levam ao reconhecimento das letras do alfabeto; • ajudam a relacionar som e grafia; • contribuem para a percepção de como se combinam letras para formar palavras; • fixam a grafia correta de palavras mais usuais; • favorecem a aprendizagem de conteúdos gramaticais. BINGO DE LETRAS (integrante do material Aprender Pra Valer!) Se seus alunos ainda não conhecem as letras do alfabeto ou têm muita dificuldade em estabelecer a relação som-grafia, este jogo poderá ajudá-los. Ele pode ser repetido várias vezes, pois seu caráter lúdico envolve a todos. Instruções Material necessário: Cartelas, alfabetos (Anexo 3), marcadores, conjunto de alfabeto em tamanho grande Número de jogadores: variável Objetivo do jogo: Cobrir com marcadores todas as casas da cartela Regra do jogo: Distribui-se uma cartela para cada jogador; este escolhe seu conjunto de letras móveis, 11 letras para colocar nas “casas” da cartela. Um jogador sorteia uma a uma as letras do alfabeto, colocando-as em uma caixa ou saco, dizendo seu nome e mostrando-a a todos. Se a letra sorteada estiver em sua cartela, o jogador deve marcá-la. Aquele que primeiro preencher a cartela com marcadores grita “Bingo!” e ganha o jogo. BINGO DE NOMES O ambiente da sala de aula pode ser propício para jogos com os nomes próprios, pois normalmente os alunos recorrem aos nomes dos colegas ou de alguém especial para eles, pensando na letra ou sílaba que usarão para escrever outra palavra. Por exemplo: Quero escrever tigela; como é mesmo que começa o nome do Tiago? Para escrever cidadania, eu uso o C da Cibele? Por esse motivo, devem-se aproveitar os nomes dos alunos para construir vários jogos que servirão de pistas, principalmente para aqueles que estiverem no início do processo de construção da escrita. Um desses jogos é o Bingo de nomes, em que se retoma a escrita dos nomes da sala. Para realizar o jogo, você deverá montar as cartelas, combinando os nomes de diversas formas. Veja o exemplo abaixo: FÁBIO FERNANDO MARCELO ANDRÉ HENRIQUE MAURO ALEXANDRE FELIPE TIAGO MAURÍCIO EDUARDO PEDRO TIAGO WAGNER PEDRO ALEXANDRE NELSON WANDERLEY ANDRÉ FELIPE MAURÍCIO HENRIQUE MAURO EDUARDO Com quinze alunos você poderá criar pelo menos quinze combinações de nomes diferentes. Além das cartelas, você irá precisar de grãos ou bolinhas de papel para marcar os nomes sorteados. Como há uma grande rotatividade de alunos, é importante que todos tenham crachás, o que, além de auxiliar na identificação, ajuda a dar pistas 33 LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO para os alunos com menos conhecimento de escrita. Repita o bingo, utilizando os nomes das comidas prediletas do grupo, de jogadores famosos, dos times preferidos, de músicas que gostam de ouvir, das palavras mais desafiadoras do Módulo Saúde, uma questão de cidadania etc. SOPA DE LETRAS O desafio deste jogo é usar todas as letras que estão dentro de um envelope e formar cinco nomes sem deixar nenhuma letra de fora. Faça, com cartolina, pequenas tiras divididas em quadradinhos e escreva nelas os nomes de todos os alunos, com letras de forma maiúsculas. Forme grupos com cinco de seus alunos. Por exemplo: W A N D E R L E Y M A U R I C I O T I A G O E D U A R D O A L E X Recorte as letras e coloque-as num envelope. Siga o mesmo procedimento para cada grupo, usando todos os nomes dos alunos de sua sala. Repita alguns nomes se tiver poucos alunos. Distribua os envelopes e informe-os de que em cada um há letras que formam cinco nomes da classe e deverão usar todas as letras. Depois que cada grupo tiver formado os cinco nomes, oriente-os para que troquem os envelopes – assim, os grupos poderão formar os nomes de todos os colegas. Observe se há alunos com mais dificuldade e oriente-os para recorrer à lista de nomes da sala. Este momento é precioso para você observar as hipóteses que seus alunos têm em relação à escrita. Anote suas observações para poder fazer novas intervenções. Repita a atividade com outras palavras (nomes de profissões, palavras que acharam mais interessantes no Módulo Justiça e cidadania etc.). PALAVRA SECRETA Os alunos escolhem uma palavra dos cartazes expostos na sala, que integram os temas desenvolvidos no PEC, e a escrevem numa tira de papel quadriculado, com letras de imprensa maiúsculas, colocando uma letra em cada quadradinho. Depois recortam, separando uma letra da outra, e trocam com o colega do lado. Cada um deverá adivinhar a palavra que o colega escolheu, reagrupando as letras. Por exemplo: C O M U N I D A D E S O N H O P A S S A T E M P O T R A J E T Ó R I A C I D A D A N I A PARE! Numa folha de sulfite, desenhe seis colunas. Uma delas, mais estreita, servirá para escrever as letras que serão sorteadas; as demais servirão para escrever as palavras relativas às categorias indicadas na parte superior da folha. Ex.: letra, nome, comida etc. Explique na lousa como o jogo funciona, dando alguns exemplos. O objetivo do jogo é escrever, no menor tempo possível, palavras com a mesma letra inicial, em cada categoria. Quem completar todos os nomes primeiro grita “Pare!”. E se as palavras estiverem corretas, ganha os pontos da rodada. Este jogo poderá ser repetido muitas vezes, com outras categorias de palavras. Ajuda a destacar a sílaba inicial para aqueles que estiverem se iniciando no letramento e serve para ampliar o vocabulário e melhorar a ortografia dos alunos mais avançados. 34 EDUCAÇÃO E CIDADANIA LETRA NOME COMIDA FRUTA ANIMAL JOGO P PAULO PIZZA PERA PANDA PULA-PULA B BRUNO BRIGADEIRO BANANA BURRO BANCO IMOBILIÁRIO A ALBERTO ARROZ ABACAXI ANTA AUTORAMA Você pode também realizar este jogo com as palavras contidas no material. Por exemplo: LETRA NOME DE UMA PALAVRA NOME DE UMA PESSOA QUE ACHEI ATIVIDADE DIFÍCIL MAS APRENDI Educação E ELIFAS ESTRELA ESCOLA/ALUNO Saúde A ANTÔNIO ADOLESCÊNCIA APARELHOSREPRODUTORES Trabalho L LUCY LATIFÚNDIO LUCY,A METALÚRGICA Família e C CAETANO
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