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História do Direito.

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HISTÓRIA DO DIREITO 
1 
O importante da educação não é apenas formar 
um mercado de trabalho, mas formar uma nação, 
com gente capaz de pensar. "(José Arthur 
Giannotti) 
APRESENTAÇÃO 
2 
Professor: Msc - Wellington Moisés de Oliveira 
 
Mestre em Ciência Política; 
Pós graduado em Direito Constitucional; 
Pós graduado em Gestão Pública; 
Pós graduado Docência do Ensino Superior; 
Advogado 
 
Livro Escrito 
CPI BRASIL, Análise da real efetividade de uma investigação 
parlamentar. 
www.institutocpibrasil.org.br 
www.ferrazoliveira.adv.br 
wellingtonadv@gmail.com 
 
1 - INTRODUÇÃO 
3 
Quando construímos uma casa, é importante 
fazermos um bom alicerce com ferro e 
concreto para depois edifica-la. Da mesma 
forma serve a História do Direito para o curso 
de Direito. Para chegarmos às disciplinas 
tradicionais, como Direito Civil e Direito Penal, 
há necessidade de fazermos um bom 
alicerce, e esse alicerce é dado, dentre outras 
disciplinas, pela História do Direito. 
Reta histórica de nosso estudo 
4 
Seguiremos uma reta imaginária sobre a história 
do Direito e abordaremos os seguintes pontos: 
Direito Hebraico, Direito Egípcio, Direito 
Mesopotâmico, Código de Hamurábi, Código 
de Manu, Direito Grego, Direito Romano, 
Direito Muçulmano, Direitos na Idade Média, 
Direito Inglês e Leis Portuguesas. 
Na abordagem dos temas, procuraremos sempre 
fazer uma ligação do Direito da época com o 
Direito atual. 
2 - DIREITO HEBRAICO 
5 
1.  ORIGEM. 
Os HEBREUS eram povos nômades da família semítica, ou 
seja, semitas (babilônio sírios, hebreus, fenícius, 
cartagineses, Árabes, assírios e egípcios), que viviam em 
tribos, originalmente habitando a Palestina. Eles 
atravessaram a Palestina, em direção ao Egito, na época em 
que Hamurabi reinava na Babilônia. Durante quase cinco 
séculos os Hebreus conviveram com egípcios: ganharam 
dinheiro com o comércio e cargos importantes no governo do 
Egito (Ex. José, filho de Jacó, foi ministro do Faraó ). 
6 
No entanto, por volta de 1580 a .C os egípcios passaram a 
maltratar, humilhar e escravizar os hebreus. Então, o hebreu 
Moises, que nasceu no Egito, recebeu mensagem divina para 
retirar o seu povo do cativeiro e retornar à Palestina (êxodo). 
Diante da recusa do Faraó em permitir a saída do seu povo, 
Moises lançou 10(dez) pragas sobre o Egito, até que com a última 
– a morte dos primogênitos – obteve a permissão. Entretanto, 
quando estava caminhando com o seu povo, o Faraó mandou um 
exercito persegui-los, mas este foi tragado pelas águas do mar 
vermelho, que fechou logo após a passagem dos israelitas. 
 
Iniciou-se, então, a fase sedentária e legislativa do reino de Israel 
por volta de 1400 a 1300 a .C, quando surgiu o último dos cinco 
livros do antigo testamento, DEUTERONÔMIO (segunda lei).Trata-
se de regras religiosas e jurídicas aplicadas aos hebreus e vigorou, 
em parte, até a queda do reino de Judá, em 586 a.C. 
7 
O reino de Israel encontra seu apogeu em Davi (1005-966 a. 
C) e Salomão, seu filho (966-926 a .C). Contudo, em 721 
a.C., divergências internas provocam a divisão em dois 
reinos: reino de Israel e reino de Judá: o primeiro foi 
destruído pelos Assírios; o segundo, apesar de dominado 
pelos Persas e Babilônicos, permanece, como já 
mencionamos, até 586 a.C. vale lembrar, que o Rei da 
Babilônia Nabucodonosor deportou o rei de Judá 
Joaquim para Babilônia e, em seguida, o seu exercito 
incendiou e destruiu o templo de Jerusalém. 
 
Por fim , os romanos ocuparam a palestina e promoveram a 
diáspora, em 70 d. C, ocorrendo a dispersão dos Hebreus, 
mas estes exerceram profunda influencia moral, religiosa e 
jurídica no ocidente. 
8 
2. CARACTERÍSTICAS 
 
2.1. O direito hebraico é um direito religioso(Religião Monoteísta). 
Trata-se de um Código jurídico e religioso, onde as normas morais, 
religiosas e jurídicas se confundem. 
2.2. Todo crime é um pecado, pelo qual o homem é responsável 
perante Deus, e não perante o Estado. 
2.3. O Código de Hamurabi tinha um conteúdo mais jurídico, 
enquanto o DEUTERONÔMIO apresenta um caráter mais 
RELIGIOSO, embora tenha havido influências daquele neste. 
2.4. Influenciou o direito romano, direito medieval, direito canônico, 
direito muçulmano, direito germânico e a cultura jurídica ocidental. 
 
No trigésimo sétimo ano do cativeiro de Joaquim, o rei de Babilônia 
Evil-Merodac concedeu-lhe a liberdade e um trono mais elevado 
que os dos reis da Babilônia. E, até o fim de sua vida, Joaquim 
comia à mesa do rei de Babilônia (Cf. Deuteronômio 2:27) 
9 
3. FONTES DO DIREITO 
 
A Bíblia é um livro sagrado que contém “a 
LEI” revelada por DEUS aos israelitas. 
10 
3.1 PENTATEUCO. 
 
Para os Judeus PENTATEUCO tem o nome de TORA, que 
significa LEI ESCRITA, revelada por DEUS. Trata-se da parte 
principal do VELHO TESTAMENTO, que compreende 5 
(cinco) livros: 
 
a) GÊNESIS (livro das origens) 
b) ÊXODO (saída do Egito) 
c) LEVÍTICO (regras religiosas sobre culto e rituais) 
d)NÚMEROS (permanência dos hebreus no deserto –12 
tribos ou clãs) 
e)DEUTERONOMIO. (livro religioso e jurídico) 
11 
3.2. DEUTERONÔMIO. 
 
É um livro da lei, que estabelece normas de direito público, 
direito privado, direito de família, direito do trabalho, direito 
penal e processual. 
 
A ideia central do DEUTERONÔMIO é a EXORTAÇÃO À 
OBEDIÊNCIA (4: 2-5); RELEMBRA O DECÁLOGO (5: 1 A 
10). Moises utilizou método de persuasão semelhante ao Rei 
Hamurabi, como líder religioso e político. 
12 
3.3. DECÁLOGO. 
 
Ditado à Moises no Monte Sinai por Jeová, 
encontra-se no Êxodo (XX, 2-7) e no 
DEUTERONÔMIO (V, 6-18), contém, regras 
de caráter moral, religioso e jurídico: Tu não 
matarás; Tu não levantarás falso testemunho 
contra o teu próximo; Não cometereis 
adultério; Não roubaras etc... 
 
13 
4. ALGUNS INSTITUTOS JURÍDICOS (DEUTERONÔMIO) 
 
4.1. ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA (16:18) 
4.2. PERÍODO DE DESCANSO DA JORNADA DE 
TRABALHO (5:12-13-14) 
4.3.ESCRAVIDÃO POR DÍVIDA (15:12-13-14) 
4.4. TESTEMUNHA (19:15) 
4.5. FALSO TESTEMUNHO (19:16-18-21) 
4.6. PODER FAMILIAR (21:18 A 21) 
4.7. CRENÇAS E CULTOS RELIGIOSOS (17:3 E 7) 
4.8. CASAMENTO (22:13-14-20~28) 
4.9. ADULTÉRIO (22:22) 
Obs: Comparar com as instituições e institutos jurídicos do 
direito moderno. 
14 
NO BRASIL 
 
como regra geral não há pena de morte. 
Temos uma exceção: em caso de guerra 
declarada pode existir esta pena (por 
fuzilamento) 
3 – DIREITO EGÍPCIO 
15 
1. AS CRENÇAS 
 
Os períodos de cheia (recuo das águas do Nilo são 
previsíveis e estáveis; em se tratando de povos de credo 
politeísta, é comum a associação entre as divindades e os 
fenômenos da natureza. Assim, a regularidade do ciclo das 
águas do Nilo trazia, aos habitantes do Egito antigo, urna 
sensação de continuidade, de evasão da passagem do 
tempo, que acabou por ser associada a um rito de 
imortalidade: o culto a Osíris. 
16 
 2. A POLÍTICA 
 
*Forma de Governo: Monarquia; 
Desde a consolidação da unificação dos reinos do Sul e do Norte 
(c. 3100 a.C.) até o final dos períodos de predomínio persa 
(525-404 e 343-332 a.C.) e início da dominação romana (30 a.C.), 
consolidou-se uma monarquia unificada, com um poder central 
bastante definido, o faraó, e com uma capital instalada em 
determinada cidade do reino (que podia ser Mênfis, Tebas, Sais, 
entre outras). 
O papel conferido aos soberanos: Por influência da regularidade 
nas manifestações da natureza - especialmente das águas do Nilo 
-, e a criação de um rito de imortalidade a ser cumprido pelo faraó, 
consagrou-se a concepção de que o monarca não era um simples 
representante divino na Terra. Ele era o próprio deus - fenômeno 
intitulado teofania. 
 
17 
3 . O DIREITO 
 
O faraó é a própria encarnação da
divindade, e dele emanam 
todas as normas, não será possível conceber qualquer 
decisão política que vincule o soberano pelo seu simples 
poder temporal. O direito terá de se originar num plano 
superior: a revelação divina. 
 
O princípio de justiça divina: um princípio de justiça que é 
simbolizada pela figura da maat. “Os egípcios acreditavam 
numa lei reguladora e organizadora, numa noção de eterna 
ordem das coisas e do Universo, a maat, de grande 
importância na estruturação e funcionamento da própria 
realeza. 
 
Pode-se afirmar que é o elemento basilar do Estado egípcio. 
18 
 4. A APLICAÇÃO DO DIREITO 
 
Estava subordinada, então, à incidência de um critério divino 
de justiça; 
Ao faraó, que tinha atributos de divindade, incumbia velar 
pela vigência do princípio de justiça simbolizado pela deusa 
maat; 
A maat possui um conteúdo e uma vertente social, ética e 
cósmica que confere direta e expressamente ao faraó a 
responsabilidade de estabelecer a Justiça, a Paz, o Equilíbrio 
e a Solidariedade social e cósmica da sociedade terrena. 
A função real devia estar conforme aos desígnios da maat. 
4 – DIREITO MESOPOTÂMICO 
19 
1.  AS CRENÇAS; 
A cheia e recuo das águas do Tigre e do Eufrates possui um caráter 
pouco regular e previsível “têm comportamento muito menos uniforme 
que o Nilo. 
 Os habitantes da antiga Mesopotâmia eram obrigados a enfrentar 
variações climáticas, ventos cortantes, chuvas torrenciais e enchentes 
devastadoras, que escapavam a seu controle” 
 DIFERENTEMENTE DO EGITO... 
 ...disso decorria a impossibilidade de credo em um ritual de fundo cíclico 
quanto à vida e à morte. “Na Mesopotâmia a monarquia representava a 
luta de uma ordem humana para se integrar ao Universo”. 
Essa variação no sistema de crenças terá reflexos na política e na 
economia desses povos do Oriente próximo. 
20 
2. POLÍTICA 
 
*Forma de Governo: Monarquia 
Desde seus primórdios, essa civilização optou 
pela fundação de cidades - comumente 
designadas cidades-estado - com alto grau de 
independência. 
Cada cidade tinha seu governante, seus 
órgãos políticos, e, muitas vezes, seu próprio 
exército. 
21 
3 . AS CIDADES-ESTADO 
 
Logo, na região da Suméria havia as cidades de Ur, Uruk, 
Lagash e Larsa, entre outras; 
na Babilônia, além da cidade do mesmo nome, podem ser 
mencionadas Kutha, Kish, Borsipa; 
na região da Acádia, além da capital homônima, as cidades 
de Eshnunna e Sippar. 
E, por fim, na Assíria, as cidades de Nínive, Assur e Nuzi 
tinham algum destaque. 
Todas essas cidades possuíam soberanos e divindades 
próprios. 
É nítido o contraste entre unidade do exercício do poder 
político, no antigo Egito, e a fragmentação desse poder entre 
as várias cidades da Mesopotâmia. 
22 
Com a fragmentação do poder político entre 
vários monarcas (os quais, frequentemente, 
guerreavam entre si), era simplesmente 
impossível fundar a dominação do rei com 
base na assunção de uma divindade. 
A monarquia, nas cidades do Tigre e do 
Eufrates, assumiu um caráter mais humano. 
O rei era um representante de deus (a 
divindade escolhida pela cidade) na terra. E 
e s t a v a s u b m e t i d o a l i m i t a ç õ e s e 
contingências típicas de qualquer ser 
humano. 
23 
4 . O DIREITO 
 
A justiça, no fundo, identifica-se à vontade 
dos deuses, cujas razões escapam à 
compreensão dos homens: e estes não 
devem julgá-la”. 
24 
4.1. Código de Ur-Nammu 
 
Promulgado em alguma data situada entre 2140 e 
2004 a.C.: sua estrutura geral - e dos outros que lhe 
sucederão pode ser descrita como um meio-termo 
entre o direito fortemente concreto das sociedades 
arcaicas (pensado e manifestado exclusivamente 
para o caso em discussão) e as formas abstratas e 
gerais que caracterizam o direito moderno. As 
n o r m a s q u e s u b s i s t i r a m l i g a m - s e 
predominantemente ao domínio do direito penal e às 
penas pecuniárias; 
25 
4.2. Códigos de Eshnunna e Lipit-Ishtar 
 
Contêm um prólogo, epílogo e 43 artigos. O Código 
de Eshnunna, mais extenso e completo (possui 
sessenta artigos), traz uma simbiose entre matérias 
civil e penal; 
 já contempla institutos conexos à responsabilidade 
civil, ao direito de família e à responsabilização de 
donos de animais por lesões corporais seguidas de 
morte. 
4 – CÓDIGO DE HAMURÁBI 
26 
1.  INTRODUÇÃO 
Por conta de sua importância, far-se-á um estudo deste 
instituído jurídico dos povos mesopotâmicos em um capítulo 
à parte. 
Assim, um lugar onde quase tudo que consideramos 
civilizado nasceu, ex. escrita, tijolo , cerveja. 
O crescente fértil, onde está hoje o Iraque e uma parte do Irã. 
Tem esse nome por causa da fertilidade do Rio Tigre e do Rio 
Eufrates e ambos dão um formato de uma lua crescente de 
cabeça para baixo. 
Uma sociedade há +/- 3.000 anos e rica. 
 
27 
No final de 1901, uma expedição francesa de arqueologia 
encontrou um apedra “estrela” com aproximadamente 2,5 m de 
altura contendo um número de 282 de Leis, Artigos que 
chamamos de Código de Hamurabi, porque foi escrito a 
mando do rei Hamurabi na Babilônia 1m 1750 a.C. 
28 
2. SOCIEDADE DA BABILÔNIA DO REI HAMURABI 
 
Era dividida em três camadas sociais, e representantes por 
uma pirâmide de cabeça pra baixo: 
1ª – Awilum, homens livres com todos os direitos de 
cidadão, era o maior e tinha na sua composição tanto ricos 
como pobres; 
 
2ª – Muskênum – camada intermediária entre os Awilum e 
escravos, era formado por funcionários públicos – serviam a 
realeza; 
 
3ª – Escravos – prisioneiros de guerra e minoria da 
população; 
29 
3. ALGUNS ARTIGOS DO CÓDIGO DE HAMURABI OU ALGUNS 
TÓPICOS: 
 
Talião (a pena de Talião) Idéia da Equivalência – exemplificado na Bíblia 
com a seguinte frase: “olho por olho, dente por dente...” 
Não é uma Lei, é uma idéia que indica que a pena do delito é equivalente 
ao dano causado neste: “Se João cegou Antonio, João terá o mesmo 
sofrimento que teve Antonio; ficará cego”. Dá uma idéia de equivalência, 
a idéia da proporcionalidade. 
 
Artigo 229 e 230 – Talião: 
 
Art. 229 – “Se o construtor edificou uma casa para o homem livre 
(Awilum), mas não reforça o seu trabalho, e a casa, que construir, 
cair e causar a morte do dono da casa, esse construtor será morto”. 
Art. 230 – “Se causou a morte do filho da casa, matarão o filho do 
construtor”. 
O Código Hamurabi utiliza esse princípio no tocante a danos físicos. 
 
30 
NO BRASIL 
 
É um crime previsto no CP a conduta do agente 
que “faz justiça com as próprias mãos”. – Art. 
345 CP; 
31 
3.1 Falso Testemunho 
 
Era tratado com severidade pelos povos antigos 
notadamente na Babilônia, porque a prova material era de 
difícil constatação (prova pela fala), restando somente a 
prova testemunhal (aquela ocular) dos fatos. A prova 
testemunhal era a “Rainha das Provas”; 
 
- Art. 3º - CH – “Se um Awilum apresentou-se em um 
processo com testemunho falso e não pode 
comprovar o que disse: se esse processo é um 
processo capital (processo principal) esse Awilum 
será morto”. 
32 
NO BRASIL, o correspondente – Art. 342 do CP 
 
Reclusão – Penitenciária 
Detenção – Colônia Penal Agrícola ou Industrial 
 
“Nemo tenutuk se detegere” (prova contra si mesmo) 
- Art. 6º - CH – “Se um Awilum roubou um bem de propriedade 
de um deus ou do palácio, esse Awilum será morto; e aquele 
que receber de sua mão o objeto roubado será morto”. 
- Art. 22 - CH – “Se um Awilum cometer um assalto (roubo / 
subtração com violência) e for preso, esse Awilum será 
morto”. 
* roubo – com violência 
* furto – sem violência 
33 
NO BRASIL, 
 
o roubo é a subtração de coisa alheia móvel com 
violência ou grave ameaça a uma pessoa, com 
pena de 4 a 10 anos de reclusão, mais multa – 
Art. 157 CP; o furto é amera
ou simples subtração 
de coisa alheia – Art. 155 CP – Pena de 1 a 4 
anos de reclusão, mais multa; 
• Receptação – Art. 180 CP. 
 
34 
3.2. Estupro 
 
O estupro sem pena alguma para a vítima, era 
previsto neste código somente para “virgens 
casadas”, ou seja, mulheres que embora tiveram 
contrato de casamento firmado, ainda não 
coabitavam com os maridos. 
 
- Art. 130 – CH – “Se um Awilum amarrou a 
esposa de um (outro) Awilum, que (ainda) não 
conheceu nenhum homem e mora na casa de 
seu pai, dormir em seu seio, e a surpreenderam, 
esse Awilum será morto, mas a mulher será 
libertada”. 
 
35 
NO BRASIL 
 
(Art. 213 CP trata de estupro), pela Lei 12015/09 de 
07/08/2009 o Art. 213 do CP tem uma nova redação 
através da Lei supra citada, determinando que o 
estupro é a conjugação carnal com violência, e 
também a prática de qualquer outro ato libidinoso 
com violência. É hediondo – Art. 1º L 8072/90. Se no 
estupro resultar gravidez a mulher poderá abortar, 
interromper a gravidez – Art. 128 CP 
36 
3.3. Adultério 
 
Somente a mulher cometia crime de adultério, e o homem, 
era no máximo, cúmplice, desta forma, se um homem 
(saísse) com uma mulher casada, ela seria acusada de 
adultério e ele de cúmplice do adultério, e se a mulher fosse 
solteira não comprometida não havia crime, porque esse era 
um povo que permitia o concubinato. 
 
- Art. 129 – CH – “Se a esposa de um Awilum for 
surpreendida dormindo com outro homem, eles os 
amarrarão e os lançarão na água. Se o esposo deixar 
viver sua esposa, também deixará viver o seu servo”. O 
perdão do marido traído era estendido ao cúmplice. 
37 
NO BRASIL 
 
o adultério foi crime por mais de 60 anos (Art. 
240 CPP, porém no dia 28/03/2005 através da 
L 11106/05, o adultério foi banido da nossa 
legislação, ocorrendo a Abolitio Criminis (os 
efeitos penais da sentença são apagados, 
mas o efeito civil permanece). Hoje no Brasil 
o adultério é causa de quebra de dever de 
fidelidade (Art. 1573, I CC/02) 
38 
3.4. Defesa do consumidor 
 
Na Babilônia haviam leis que protegiam cidadãos 
dos maus prestadores de serviços. 
 
- Art. 233 – CH – “Se um pedreiro construir uma 
casa para um Awilum e não executou 
adequadamente e o muro ameaça cair, esse 
pedreiro deverá reforçar o muro as suas custas”. 
 
39 
NO BRASIL 
 
– Art. 20 do CC – Segundo CDC assim abre-
se para o consumidor três hipóteses de forma 
al ternada: 1) Refazer o serviço; 2) 
Ressarcimento; 3) Desconto no preço. 
Para acidente de consumo – Art. 14 do CDC. 
5 – CÓDIGO DE MANU 
40 
1. INTRODUÇÃO 
 
A Índia era uma região isolada entre o 
Himalaia (a mais alta cadeia de montanhas 
do mundo) e O Oceano Índico ao sul, o que 
dificultava a comunicação com outros 
povos, isto é, sem influência externa. 
41 
2. A SOCIEDADE HINDU 
 
A sociedade Hindu era dividida em castas e 
as regiões onde o hinduísmo permanece está 
inalterado até hoje. O sistema de castas não 
admite mudanças (ao menos em vida), 
portanto, nascer numa casta significa crescer 
nela, casar, ter filhos e morrer nela. A mistura 
de castas é considerado algo repulsivo, 
horroroso, hediondo, pois esta divisão foi feita 
na criação do mundo pelo deus BRAHMA. 
42 
3. O CÓDIGO DE MANU SE REFERE AS CASTAS SUPERIOR DOS 
BRAHMANES 
 
 
Varsyas ou Vaixás – era a casta dos comerciantes, 
muito ricos e poderosos como os brâmanes, na 
criação do mundo saíram da perna do deus Brahma. 
 
Sudras – era a casta inferior, sendo considerados 
uma praga, na criação do mundo saíram do pé do 
deus Brahma, quem eram: os pedreiros, os 
agr icul tores, cozinheiros, aqueles que 
trabalhavam para os outros. 
43 
3. O CÓDIGO DE MANU SE REFERE AS CASTAS SUPERIOR DOS 
BRAHMANES 
 
Brâmanes – era a casta superior, considerada a 
ma is pura f i s i camente e p r inc ipa lmente 
espi r i tualmente. Na cr iação do mundo é 
representada pela cabeça do deus Brahma. Ex de 
Brâmanes: médicos, líderes espirituais e 
administradores; 
 
Ksatryas – era a casta dos guerreiros, na criação 
do mundo era representada pelo braço do deus 
Brahma, representavam a força, os reis saíram 
desta casta. 
 
44 
Fora da Pirâmide – 0 – Fora das castas nós 
temos as pessoas consideradas o RESTO, 
nada, que eram os parias, não eram 
considerados casta, ex. sapateiros, coveiro, 
limpa-fossa e os curtidores. Na criação do 
mundo eram representados pela poeira 
debaixo do pé do deus Brahma. 0 –Dalits. 
 
Em 1950 baniu o sistema de castas, que 
dificilmente corroborou para esquecer. 
45 
4. ALGUNS ARTIGOS DO CÓDIGO DE MANU: 
 
4.1. Testemunhas 
 
Uma testemunha não pode de maneira alguma ficar 
calada, pois isto é considerado o equivalente a um 
falso testemunho (silêncio = mentira); 
 Art. 13 do CM – “É preciso ou não vir ao Tribunal 
ou falar segundo a verdade: o homem que nada 
diz, ou profere uma mentira, é igualmente 
culpado”. O testemunho de uma mulher não era 
bem visto, só era aceito em último caso, vejamos a 
regra: 
 
46 
4. ALGUNS ARTIGOS DO CÓDIGO DE MANU: 
 
 Art. 54 do CM – Mulher só podia prestar 
testemunho para mulheres, eram considerados 
inconveniente, por causa da inconstância na 
fala. 
A pena para o falso testemunho era a 
precipitação no abismo – Art. 79 do CM – “Com a 
cabeça para baixo será precipitado no abismo 
mais tenebroso do inferno, a testemunha que, 
num inquérito judicial der depoimento falso”. 
47 
NO BRASIL 
 
Código Penal, Art. 342: Fazer afirmação falsa, 
ou negar ou calar a verdade como 
testemunha, perito, contador, tradutor ou 
in térprete em processo jud ic ia l , ou 
administrativo, inquérito policial, ou em juízo 
arbitral: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, 
e multa. 
48 
4.2. Divórcio 
 
O divórcio na Índia só poderia ocorrer se a 
deficiência fosse da esposa, ou seja, era só o 
marido que decidia a separação. 
49 
Causas do divórcio 
 
- embriaguez da esposa; 
- desobediência ao marido; 
- prodigalidade (a gastona); 
- enfermidade incurável; 
- tagarelice; 
- esterilidade; 
- dar a luz somente a filhas, 
- mau caráter; 
Tais causas beneficiavam somente ao marido, o único possuidor do 
direito ao repúdio; 
 
Art. 494 do CM – “durante um ano inteiro que o marido suporte a 
aversão de sua mulher (indiferença), mas depois de um ano se ela 
continuar a odiá-lo, que ele tome o que ela possui em particular 
(tomar seus bens e riquezas), lhe dê somente o que subsistir e 
vestir-se (comida e roupa) e deixe de habitar com ela”. 
50 
NO BRASIL 
 
(mudou em 2007) – Inicialmente o casamento era indissolúvel, não existia 
a Lei do Divórcio. Em 1977 houve uma emenda constitucional número 9, 
e o casamento passou a ser dissolúvel e o legislativo aprovou a Lei 6515 
(a LD). 
51 
4.3. Adultério 
 
A pena era aplicada no caso de adultério da seguinte forma 
(só da mulher): 
 
- Art. 368 do CM – “Se a mulher, orgulhoso de sua família 
e de suas qualidade, é infiel (se trai) ao seu esposo, que 
o rei faça devorar por cães em um lugar bastante 
frequentado’’. 
 
52 
NO BRASIL 
 
foi abolido embora havia o Sid Crime por mais de 60 anos, 
em 11106/05 – Abolitio Criminus – L. 11/06/05. 
53 
4.4. Defloração 
 
A defloração no CM era definida como sendo feita SEM O 
USO DO ÓRGÃO GENITAL e era punido severamente. Além 
da pena física era necessária uma recompensa financeira e 
em dinheiro. 
 
- Art. 364 do CM – “O homem que, por orgulho, que 
macula violentamente uma rapariga (mulher virgem) pelo 
contato do seu dedo, terá dois dedos cortados 
imediatamente e merece além disso uma multa de 600 
panos”. 
54 
NO BRASIL 
 
A defloração era o antigo crime de sedução 
que também foi banido pela L. 11106/05
55 
4.5. Juros 
 
O CM legisla sobre juros inclusive impondo diferença entre as 
castas, vejamos as regras: 
 
- Art. 140 do CM – “Que ele receba 2% de juro, por mês de um 
Brahma, 3% de um Ksastrya, 4% de uma Varsya e 5% de um 
Sudra, segundo a ordem direta das castas, isto é, das 
classes”. 
 
56 
NO BRASIL 
 
É proibido o empréstimo de dinheiro a juros por pessoa física, com 
percentuais superiores a taxa permitida por Lei (Art. 4º - Usura – L. 
1521/51 – Lei de Crimes Contra a Economia Popular). Uma 
pessoa física pode emprestar dinheiro para outra pessoa física, 
desde que aplique a taxa legal de juro. As pessoas jurídicas podem 
emprestar dinheiro desde que tenha autorização do Banco Central. 
57 
4.6. Roubo e Furto 
 
O CM explica a diferença entre esses dois crimes. 
 
- Art. 329 – “A ação de tirar uma coisa com violência, à 
vista do proprietário, é um roubo, em ausência do 
proprietário é furto”. 
 
58 
NO BRASIL 
 
O furto é subtrair coisa alheia móvel, podendo ser na 
presença ou não do proprietário, e o roubo no Brasil é 
tipificado no Art. 157 – é subtrair coisa alheia móvel, 
mediante violência ou falsa ameaça. 
6 – DIREITO GREGO 
59 
1.  JANELA HISTÓRICA 
Ao lado da Itália está a Grécia e suas Ilhas próximas. 
Impossível estudar a História do Direito sem atenção à 
Grécia, berço cultural da humanidade, componente 
juntamente com Roma da História Clássica, construíram para 
a filosofia do Direito Sócrates, Platão, e Aristóteles e também 
para a mitologia Grega. Aqui nasceu a democracia. 
 
Filósofos e Matemáticos ficaram eternizados pelos seus 
conhecimentos: Tales de Mileto e Pitágoras, ambos para a 
matemática, Hipócrates para a medicina, Aristóteles para o 
Direito. 
60 
2. CIDADE ESTADO 
 
Conceito: Era a associação religiosa e 
política das famílias e das tribos com seus 
dialetos. Veremos duas cidades estado, 
Esparta e Atenas, consideradas protótipos da 
civilização grega. 
61 
2.1. – Esparta 
 
Era uma cidade fechada com instituições arcaicas baseadas 
no conservadorismo e na aristocracia, militarista; 
Licurgo foi estadista responsável pelas Leis de Esparta. 
Vejamos o procedimento do jovem espartano para se 
transformar em um soldado. 
1º passo – se a criança nasceu saudável, ficava sob a 
supervisão da cidade de Esparta – supervisão pública; 
2º passo – aos 7 anos as crianças eram afastadas das mães 
e ingressavam num grupo militar para fazer ginástica e para 
marchar; 
3º passo – dos 12 aos 17 anos, iam para o campo e 
deveriam se sustentar com o seu próprio esforço; 
62 
4º passo – com 17 anos passavam para KRIPTIA (prova de 
fogo) onde eram municiados com lanças e punhais, os quais 
deveriam ser usados para matar feras ferozes e degolar 
escravos. Se saísse vivo tornava-se adulto e recebia um lote 
de terra, devendo viver em um quartel recebendo uma 
refeição por dia. Não podiam casar antes dos 30 anos. Aos 
60 anos se aposentavam do exército e podiam fazer parte do 
Conselho dos Anciãos. As mulheres recebiam os mesmos 
treinamentos físicos para que pudessem ser boas mães. 
 
Lei de Licurgo – determinava a educação dos jovens pelo 
Estado à partir dos 7 anos, desde que fossem saudáveis; 
63 
NO BRASIL 
 
A educação é dever do Estado e da família – Art. 
205 a 214 da CF/88; 
64 
2.2. Atenas – Drácon e Sólon – 
 
“Todo homem livre que reside em Atenas é um cidadão”, foi 
ele que idealiza a EUNOMIA (= igualdade). 
 
Atenas possuía um regime mais desenvolvido e mais aberto 
que Sparta. Era pólo comercial dos vários gregos, atraindo 
comerciantes de toda parte do mundo de então. Destacam-
se as figuras de Drácon e Sólon (legisladores) – 
Drácon (621 a.C.) foi o primeiro legislador de Atenas. É 
famoso até hoje pela severidade de suas leis (a maioria 
determinava a Pena de Morte – ele não tinha proporção, 
desde um crime simples e um outro pior e até mesmo uma 
opinião – Pena de Morte – Lei Draconiana = lei severa, 
austera e dura). 
65 
ATENAS BRASIL 
1. Lista Draconiana 
d o s m a u s 
p a g a d o r e s 
“caloteiros) 
1 . L i s ta SPC / 
SERASA 
2 . L i s t a d o s 
C u l p a d o s p o r 
delitos ou crimes 
em Atenas, para 
q u e f i c a s s e 
r e g i s t r a d o i n 
p e r p e t u a r e i 
memoria 
2. Rol dos Culpados 
– CP / CPP Art. 91 
e ss 
De Drácon herdamos as seguintes listas: 
66 
Sólon (590 a.C.) foi o legislador que abrandou, suavizou 
as Leis de Drácon. É responsável pela EUNOMIA, isto é, 
a igualdade de todos perante a Lei, igualdade esta que 
está presente na maioria dos artigos que ele escreveu. É 
atribuída a ele a seguinte frase; “todo homem livre, 
domiciliado em território atiço será considerado cidadão 
ateniense”. Ele criou distritos eleitorais baseado nos 
domicílios do eleitor. Além disso concedeu anistia 
(perdão) geral para todos os crimes políticos (crime de 
opinião, delitos de opinião). 
67 
NO BRASIL 
 
a EUNOMIA – a palavra conhecida é 
ISONOMIA (igualdade) ou princípio da 
igualdade, que está presente na nossa 
Constituição no Art. 5º, Caput I da CF/88 – 
“Todos são iguais perante a Lei”, inciso I – 
“Homens e Mulheres são iguais em direito e 
obrigações”. 
6 – DIREITO ROMANO 
68 
1. INTRODUÇÃO 
 
Período +/- 800 a.C. Acima do continente africano e do Mar 
Mediterrâneo, temos a Europa. Um pouco a direita 
aparecerá a Itália conhecida como “Bota” pelo seu formato 
geográfico. Conta a lenda que Roma foi fundada em 754 
a.C. após o encontro de dois meninos, Rômulo e Remo, por 
uma loba que os teria amamentado salvando-os de 
morrerem afogados no Rio Tigre. Esses irmãos foram os 
iniciadores do Império Romano – Rômulo mata Remo. 
69 
Nossa ligação com os romanos e o Direito Romano (Flávio 
Lopes de Castro) do Livro “História do Direito geral e 
Brasil”. 
“Somos romanos até quando falamos, nossa língua é filha 
do latim, somos romanos na nossa noção urbana, somos 
romanos em nossa literatura, somos romanos mesmo 
quando temos uma noção de patriotismo. Somos romanos 
política e administrativamente, mas, principalmente, 
somos romanos quando falamos em direito, quando 
fundamos nossa sociedade em um Estado de Direito. 
Direito este sistematizado pelos romanos antigos”. 
70 
Observação: a maior relação do direito 
romano entre nós e com o nosso direito civil, 
cerca de 80% dos artigos do código civil 
foram confeccionados de forma direta (texto 
literal) e indiretamente das fontes jurídicas e 
romanas. 
71 
2. PARTICULARIDADES DE ROMA 
 
Tudo em Roma era superlativo, o Império Romano era 
composto por toda volta do Mediterrâneo, e eles chamavam 
este mar, o “Mare Nostrum”. Consideravam-se a “Cabeça 
do Mundo”, daí nasceu à expressão “caput mundi”. Roma 
tinha 1 milhão de habitantes por volta d o séc. I a.C. É 
considerado o maior imperador romano JULIS CAESAR 
(59-44 a.C.), ganhou muitas batalhas e ficou famoso pela 
formação de seu exército. Para o Direito ficou famoso o 
pensador romano MARCUS TULIUS CICERO (106-42 
a.C.). Segundo Cícero havia dois tipos de Lei: Leis da 
Natureza e Leis feitas pelos homens; 
72 
Ex. 
- Leis da Natureza – Direito Natural – A vida; 
- Leis feitas pelos homens – Direito Posto – Direito Positivo 
(Leis das 12 Tábuas, Digesto, Institutas, Novelas e Fontes 
Jurídicas Romanas). 
Definição de Direito para os Romanos: “Viver honestamente, 
não lesar ninguém e dar a cada um o que é seu” (Digesto 
Item 1, “10” - *Digesto é a reunião de pareceres de 
jurisconsultos, dividido em 50 livros. 
Períodos do Direito Romano: 
- Pré-Clássico; 
- Clássico (apogeu); 
- Pós-Clássico (decadência). 
73 
Pré-Clássico – da fundação de Roma 754 a.C. até o séc. II 
a.C. – Fica caracterizado pelo formalismo, pela rigidez e pela 
ritualidade do direito. A
família era o centro do direito. O maior 
marco desta época – “lei das Doze Tábuas”, que á 
codificação das regras da família e considerada a principal 
fonte do Direito Romano. 
74 
Clássico – do séc. II a.C. até séc. II d.C. Foi o auge do Império 
Romano e do direito. Neste período o poder do estado foi 
centralizado entre duas pessoas – Pretores e Jurisconsultos (hoje 
os juristas – doutrinadores), seriam os administradores da justiça – 
(juiz, hoje o ministro da justiça). 
Os jurisconsultos eram conhecidos como “prudentes, isto é, eram 
os estudiosos que davam pareceres e seus pareceres tinham força 
de Lei, tinham a mesma autoridade de um príncipe, e de um rei”. 
Daí nasceu a jurisprudência que para os romanos era o 
conhecimento das instituições divinas e humanas. 
OS PRETORES: Eram os magistrados que deveriam fazer justiça 
e, além disso, administrava (julgar e administrar). Existiam duas 
espécies: a) urbano – julgava as coisas relacionadas à cidade de 
Roma, ex. direito de vizinhança; b) peregrino – julgava as coisas 
do campo e julgava os estrangeiros, ex. usucapião rural, posse de 
uma terra em virtude de recurso de um prazo. 
75 
NO BRASIL 
 
o jurisconsulto tem o nome de jurista e o seu parecer não tem 
força da Lei, pode influenciar o julgador, o juiz. 
 
Jurisprudência – É a decisão reiterada ou repetida dos 
tribunais (isto é um colegiado, não é de uma pessoa). É 
considerada fonte do direito e princípio geral (Art. 4º LICC – 
Lei de Introdução do Código Civil) – “Quando a Lei foi omissa 
o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes 
e os princípios gerais do Direito”. 
76 
Pós-clássico – (III d.C. até VI d.C.) – Nesse período o direito 
romano vivia do passado, isto é, do legado da fase áurea. 
Houve aqui tentativas de codificar o direito romano, através 
dos seguintes diplomas legais: 
 
Documentos Legais: Codex, Digesto, Institutas e Novelas; 
Primeiro documento legal do período da decadência – 
CODEX (tronco de árvore): 
77 
1º Codex – reúne todo suporte legal romano. Foi criado pelo Imperador Justiniano que 
resolveu compilar todas as constituições vigentes do Império Romano. O Codex era 
formado por 12 livros e se perdeu na história, não há o original dessa obra (Código). 
Regras do Codex: 
Ninguém é forçado a defender uma causa contra a própria vontade; 
Ninguém sofrerá penalidades pelo que pensa; 
 
2º Digesto – (segundo diploma legal) – do latim digere – por em ordem, que é a 
reunião de pareceres dos jurisconsultos, composto por 50 livros, existe no original. Ex 
de uma regra: “a parte está contida no todo”, no Brasil isto tem significado “o acessório 
segue o principal”. Ex. na venda de um carro o toca CD segue; regra muito usada na 
compra de bens; “o bem acessório segue o bem principal”. 
 
3º Institutas – Divididos em 4 livros, eram manuais de direito para estudantes. Na 
verdade, as Institutas eram uma espécie de resumos do direito romano, e com isso, 
Justiniano queria que o direito romano fosse estudado, respeitado e aplicado por um 
número cada vez maior de pessoas. 
 
4º Novelas – eram as publicações das Leis de Justiniano, escritas em grego, voltada 
paro o Império Romano do Oriente. 
78 
Leis das XII Tábuas (Período Pré-clássico do séc. VIII a.C. 
até II d.C.) 
Introdução: Em Roma as regras eram costumeiras e 
desconhecidas dos plebeus (povo), no período pré-clássico, 
portanto “o povo” simplesmente era punido, resolveram 
então, impor a elite romana (os patrícios) que as regras do 
direito fossem conhecidas e colocadas por escrito, e o 
instrumento de pressão usado foi a ameaça de abandonar 
Roma, deixando a elite sem os seus empregados. Ato 
contínuo, os patrícios positivaram essas regras através das 
Leis das XII Tábuas. Com essa participação do povo nasceu 
a figura do “tribuno da plebe” (hoje representa o deputado). 
79 
Tábua Primeira – “Chamamento a juízo” 
- Item n. 10 – “Depois do meio dia, se apenas uma parte 
comparece, o pretor decidirá a favor daquele que está 
presente”. Essa regra é a origem da revelia no processo civil, 
isto é, o não comparecimento do réu ao Processo. 
80 
 
NO BRASIL 
 
se o réu não contestar a ação, reputar-se-ão verdadeiros os 
fatos (a história) afirmados pelo autor (Art. 319 CPC); 
 
81 
- Item n. 11 – “O pôr do sol será o termo final da 
audiência” (em Roma só durante o dia). 
82 
NO BRASIL 
 
o Art. 172 CPC determina que os atos 
processuais realizar-se-ão das 6h00 às 
20h00; para o STF dia é o período entre o 
nascer do sol e o pôr do sol, da aurora ao 
crepúsculo (Ministro Celso de Mello); 
83 
Tábua Terceira – “Direito ao Crédito” 
- Item n. 2 – (Trato de dinheiro a juros) “Se 
alguém coloca o seu dinheiro a juros 
superiores a 1% ao ano, que seja condenado 
a devolver o quádruplo”. 
84 
NO BRASIL 
 
juros Legais – Art. 406 e 407 do CC; 
 
Art. 406. Quando os juros moratórios não forem 
convencionados, ou o forem sem taxa estipulada, ou quando 
provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a 
taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de 
impostos devidos à Fazenda Nacional. 
Art. 407. Ainda que se não alegue prejuízo, é obrigado o 
devedor aos juros da mora que se contarão assim às dívidas 
em dinheiro, como às prestações de outra natureza, uma vez 
que lhes esteja fixado o valor pecuniário por sentença 
judicial, arbitramento, ou acordo entre as partes. 
 
85 
- Item n. 9 – (Como recuperar o dinheiro do 
devedor?) “Se são muitos os credores, é 
permitido, depois do terceiro dia de feira, 
dividir o corpo do devedor em tantos pedaços 
quanto sejam os credores, não importando 
evitar mais ou menos; se os credores 
preferirem, poderão vender o devedor a um 
estrangeiro além do Rio Tigre”. 
86 
NO BRASIL 
 
Há possibilidade de punição para o devedor na área civil? – 
aquele que honra com a sua dívida. R. – aqui como regra 
geral não há punição para o devedor civil. Havia duas 
exceções previstas no Art. 5º, I - LXVII da CF88 são elas: 
devedor ou devedora de pensão alimentícia por atraso de 
no máximo de três meses; a prisão do depositário ou 
depositário infiel, por força da Lei, Contrato ou Ordem 
Judicial. 
87 
Tratado dos Direitos Humanos, em 1992 – Pacto de São José da 
Costa Rica – Decreto 698/92 – Surgem um CAN (Conflito Aparente 
de Normas) – Havia uma dúvida entre a regra do Art. 5º, I – LXVII 
da CF/88 e a regra do decreto 698/92 no seu Art. 7º. Para o Art. 5º 
da CF/88 existia duas hipóteses de prisão civil (Devedor de 
alimentos e Depositário Infiel). Para o Art. 7º do Decreto, a prisão 
civil só ocorreria para o devedor de alimentos. Até 02/12/08 o STF 
entendia que valia a norma constitucional por ser superior ao 
Decreto. Em 03/12/08, quando questionado, o STF, tendo em vista 
a nova composição, com os novos ministros, decidiu que a prisão 
civil por dívida prevista na CF, não se aplica ao depositário infiel, 
pois o direito a liberdade é um dos direitos fundamentais de sua 
privação, somente pode ocorrer em casos excepcionais, nos quais 
não se enquadra o depositário infiel. A justificativa é que todo 
tratado de Direitos Humanos tem natureza jurídica de norma supra 
legal, estando acima da CF. 
7 – DIREITO MUÇULMANO 
88 
1.  JANELA HISTÓRICA 
O Direito muçulmano é resultante da religião islâmica, que 
surgiu na Arábia no século VII d.C. Atualmente, é o Direito 
de aproximadamente um quinto da população muncial, pouco 
importando a nacionalidade de seus seguidores. Su principal 
documento legal é o Alcorão. 
89 
2. COMO FOI FUNDADO O ISLAMISMO? 
 
O islamismo teve como fundador Maomé (Muhammad). No 
ano de 622, Maomé fugiu de Meca para Medina, pois era 
contrário ao politeísmo que naquela época predominava 
entre os árabes; essa fuga sagrada é conhecida como
hégira 
e originou o calendário muçulmano. Maomé, então, declarou 
a jihad (guerra santa) contra os líderes de Meca e a relegião 
árabe, e fundou o islamismo. 
90 
3. COMO SURGIU O ALCORÃO? 
 
Segundo a história, o Alcorão surgiu por meio de Maomé, 
que ouviu do anjo Gabriel as palavras de Alá e as transmitiu 
a seus seguidores. Como Maomé não sabia ler nem 
escrever, quando pregava, seus seguidores escreviam o que 
ouviam em peles de cabra ou em pedras. No entanto, foi o 
sucessor de Maomé, Abu Bakr, aconselhado pelo califa 
Omar, que resolveu compilar as palavras do profeta, e assim 
surgiu o Alcorão. O livro foi dividido em 114 capítulos (suras), 
subdivididos em versículos. Hoje, cerca de 40 países adotam 
o Alcorão como lei fundamental. 
91 
4. ALGUNS PONTOS DO ALCORÃO 
 
4.1. Bebidas e Jogos 
 
No tocante a bebidas e jogos, o muçulmano deve, segundo o 
Alcorão, reservar a maior parte de seus rendimentos para o 
sustento de sua família. Poderá gastar em jogos ou consumir 
em bebidas somente o que sobrar (supérfluo). 
Capítulo II, versículo 219 do Alcorão: “Interrogar-te-ão 
sobre o vinho e os jogos de azar. Responde: ‘neles, há culpa 
grave e alguma utilidade’. E perguntarão: ‘o que deveremos 
gastar?’. Responde: ‘O supérfluo’. Assim Deus esclarece 
suas revelações. Quiçá reflitais”. 
92 
No BRASIL 
 
O jogo de azar é considerado contravenção penal (art. 50, lei das 
Contravenções Penais – LCP). A pena é de prisão simples de 3 meses a 
1 ano e multa. São jogos de azar aqueles em que tanto o ganho como a 
perda dependem somente da sorte (ex.: roleta, bingo). O Supremo 
Tribunal Federal aprovou a Súmula Vinculante 2, que trata de bingos e 
loterias como o seguinte teor: “É inconstitucional a lei ou ato normativo 
estadual ou distrital que disponha sobre sistemas de consórcios e 
sorteios, inclusive bingos e loterias”. 
Apresentar-se publicamente em estado de embriaguez, de modo que 
cause escândalo ou ponha em perigo a segurança própria ou alheia, é 
contravenção penal (art. 62, LCP). A pena é de prisão simples de 15 dias 
a 3 meses ou multa. Não há contravenção penal se a embriaguez for na 
própria casa do agente ou em ambiente estritamente privado. Prova-se a 
embriagues por exame de sangue, bafômetro ou prova testemunhal. 
93 
4.2. Usurpação e Suborno 
 
No Alcorão existem a previsão e a proibição de suborno a 
juízes para a apropriação de bens alheios. 
Capítulo II, versículo 188 do Alcorão: “Não usurpeis os 
bens uns dos outros por meios ilícitos, e não os empregueis 
para subornar os juízes e apoderar-vos, intencional e 
injustamente, de bens alheios”. 
94 
No BRASIL 
 
O particular que oferece vantagem a funcionário público 
comete o crime de corrupção ativa (art. 333, CP): “oferecer 
ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para 
determina-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício”. A 
pena é de 2 a 12 anos de reclusão e multa. No Código Penal, 
a usurpação referente a crimes contra o patrimônio está 
tipificada nos arts. 161 e 162, e a usurpação e função 
pública, no art. 328. 
95 
4.3. Poligamia 
 
No Alcorão, há possibilidade de o homem casar-se com mais 
de uma mulher, Porém o islamismo, atualmente, determina 
duas condições básicas: 1) o homem só poderá casar com 
até quatro mulheres; 2) após o casamento, o marido deve 
tratar a todas igualmente. 
Capítulo IV, versículo 3 do Alcorão: “...desposai tantas 
mulheres quantas quiserdes; duas ou três ou quatro. 
Contudo, se não puderdes manter igualmente entre elas, 
então desposais uma só ou limitai-vos às cativas que por 
direito possuis. Assim ser-vos-á mais fácil evitar as 
injustiças”. 
96 
No BRASIL 
 
Contrair alguém, sendo casado, novo casamento é 
considerado crime de bigamia (art. 235, CP). A bigamia é 
considerada crime contra a família. Tanto o homem como a 
mulher que, sendo casados, contraem um segundo 
casamento são sujeitos ativos desse crime. A pena é de 
reclusão de 2 a 6 anos. Aquele que, n~]ao sendo casado, 
contrai casamento com pessoa casada, conhecendo essa 
circunstância, é punido com reclusão ou detenção de 1 a 3 
anos. 
97 
4.4. Difamação e Injúria 
 
No Alcorão, tanto a difamação como a injúria são condutas 
que serão punidas com castigo doloroso no dia do 
Julgamento Final (Juízo Final). 
Capítulo XIV, versículo 23-24 do Alcorão: “Os que difamam 
as mulheres honradas, reservadas, crentes serão 
amaldiçoados neste mundo e no outro e receberão um 
castigo doloroso no dia em que suas próprias línguas, mãos 
e pernas testemunharem contra eles”. 
98 
No BRASIL 
 
A difamação e a injúria são crimes contra a honra. A 
difamação ocorre quando alguém imputa fato ofensivo à 
reputação de outrem. Tem previsão no art. 139 do Código 
Penal e a pena é de 3 meses a 1 ano de detenção mais 
multa. Ex.: dizer que fulano de tal praticou incesto com sua 
irmã. 
Já a injúria ocorre quando alguém ofende a dignidade ou 
decoro de outrem. Tem previsão no art. 140 do Código Penal 
e a pena é de 1 a 6 meses de detenção ou multa. Ex.: xingar 
um médico de açougueiro. 
8 – DIREITOS NA IDADE MÉDIA 
99 
1.  JANELA HISTÓRICA 
Ao lado da Itália está a Grécia e suas Ilhas próximas. 
Impossível estudar a História do Direito sem atenção à 
Grécia, berço cultural da humanidade, componente 
juntamente com Roma da História Clássica, construíram para 
a filosofia do Direito Sócrates, Platão, e Aristóteles e também 
para a mitologia Grega. Aqui nasceu a democracia. 
Filósofos e Matemáticos ficaram eternizados pelos seus 
conhecimentos: Tales de Mileto e Pitágoras, ambos para a 
matemática, Hipócrates para a medicina, Aristóteles para o 
Direito. 
10
0 
2. DIREITO GERMÂNICO 
 
O Direito dos germânicos baseava-se nos usos e costumes e 
não era escrito. 
A família era o centro de onde partiam as regras, bem como 
os costumes, sendo eles a fonte do Direito. Na figura do pai 
havia o poder absoluto, conhecido como mund. Por meio dos 
usos e costumes germânicos, a família era responsável pelas 
dívidas, atos ilícitos e erros dos filhos. 
10
1 
No BRASIL 
 
Os pais são responsáveis pela reparação civil dos danos 
causados pelos filhos menores que estiverem sob sua 
autoridade e em sua companhia (art. 932, I, CC). 
10
2 
2.1. Fontes do Direito Canônico 
 
•  Regras da Bíblia (ius divinum); 
•  Determinações dos papas e dos Concílios do Vaticano; 
•  Costumes. 
10
3 
2.2. Juízos de Deus 
 
Os Juízos de Deus eram procedimentos que deveriam ser 
seguidos para q eu o acusado pudesse provar sua 
inocência. Acreditava-se que a divindade intervinha a favor 
do inocente. Destacamos os ordálios e os duelos. Ordálio 
era o procedimento segundo o qual o acusado se submetia a 
determinadas provas. Por exemplo: imersão de part5e do 
corpo em água fervente. Se as queimaduras fossem curadas 
sem sequelas, o acusado era considerado inocente; caso 
contrário, culpado. Duelo era o procedimento segundo o qual 
os acusados duelavam fisicamente (duelo de espadas) ou 
verbalmente (duelo judiciário), sendo a parte vencedora 
inocente perante Deus. 
10
4 
2.3. Inquisição 
 
Foi o tribunal especial para julgar e condenar os hereges, as 
pessoas que faziam oposição aos cânones da Igreja ou que 
eram acusadas de realizar bruxaria e feitiçaria. O tribunal era 
conhecido como Tribunal do Santo Ofício da inquisição. 
9 – DIREITO INGLÊS 
10
5 
1.  JANELA HISTÓRICA 
O Direito anglo-saxão surgiu no século VI d.C., com a 
conversão da Inglaterra ao cristianismo. A principal 
característica desse Direito é que ele não é codificado nem 
legislado. Assim, não há Código Penal, Código Civil, etc. No 
Direito inglês, o juiz, para decidir um processo, analisa o caso 
concreto e se baseia no precedente judicial. 
10
6 
2. COMMON LAW 
 
É o pilar
de sustentação do Direito inglês; na verdade, é o 
direito costumeiro (consuetudinário). No sistema da common 
law, o juiz, para decidir o caso concreto, se socorre da 
jurisprudência dos tribunais ingleses (precedente judicial). 
10
7 
3. MAGNA CARTA DE 1215 
 
Escrita em latim com 67 artigos, foi o mais importante 
documento do Direito inglês, influenciando vários diplomas 
legais, dentre eles a atual Constituição brasileira. Na Magna 
Carta, o rei João Sem Terra se comprometeu a respeitar 
direitos adquiridos pelos barões ingleses. 
10
8 
No BRASIL 
 
São institutos jurídicos que tiveram origem na Magna Carta 
inglesa e estão presentes na Constituição Federal de 1988: 
11) Júri (art. 5º, XXXVIII): é reconhecida a instituição do júri, 
com a organização que lhe der a lei, assegurados a plenitude 
de defesa, o sigilo das votações, a soberania dos veredictos 
e a competência para julgar os crimes dolosos contra a vida; 
2) habeas corpus (art. 5º, LXVIII): será concedido sempre 
que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência 
ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade e 
abuso de poder. 
10 – LEIS PORTUGUESAS 
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1.  JANELA HISTÓRICA 
Chegamos agora a Portugal, no século XI, no reinado de D. 
Diniz (1279-1325). É importante o estudo de algumas leis 
portuguesas porque muitas delas foram aplicadas no Brasil 
Colônia e no Brasil império. Naquela época, o rei português 
incentivou o estudo do Direito notadamente com a fundação 
da Universidade de Coimbra (1290). Destacamos, para o 
estudo da história do Direito, as seguintes leis portuguesas: 
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2. LEI DAS SETE PARTIDAS 
 
Era uma enciclopédia jurídica, inspirada basilarmente no 
Direito romano e no Direito canônico. Foi trazida da Espanha 
por D. Diniz e traduzida para o português, com aplicação 
obrigatória em Portugal. O nome Sete Partidas se deu por 
causa da divisão da enciclopédia em sete livros: Livro I – 
Fontes do Direito e Direito Eclesiástico; Livro II – 
Composição Política e Militar do Reino; Livro III – 
Procedimentos Judiciais; Livro IV – Direito de Família; Livro 
V – Contratos; Livro VI – Sucessões; Livro VII – Delitos e 
Penas. 
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3. ORDENAÇÕES AFONSINAS 
 
Esse documento legal foi o primeiro de origem portuguesa, 
surgido em 1446. Era formado pela reunião de leis 
portuguesas e das resoluções régias em geral. Recebeu 
esse nome por causa do rei Afonso V, da dinastia de Avis. 
Sofreu influência do Direito canônico e da lei das Sete 
Partidas, bem como compilou os usos e costumes 
portugueses. As Ordenações Afonsinas foram divididas em 
cinco livros: Livro I – Direito Eclesiástico, Direito do Rei, 
Direito da Nobreza e Direito dos Estrangeiros; Livro II – 
Direito Eclesiástico, Direito do Rei, Direito da Nobreza e 
Direito dos Estrangeiros; Livro III – Regras do Processo Civil; 
Livro IV – Direito Civil e Direito Marítimo (Comercial); Livro V 
– Direito Penal e Processual Penal. 
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3.1. Estrutura do Judiciário nas ordenações Afonsinas 
 
O Judiciário português, nessa época, era dividido em três 
graus de jurisdição: 1º Grau: composto pelos juízes 
singulares; 2º Grau: composto pelos Tribunais Colegiados; 3º 
Grau: composto pela Casa de Suplicação. 
Levando em conta a importância para a história do Direito, 
notadamente a nossa, pois essa estrutura acabou por ser 
aplicada no Brasil, vamos analisa-la em pormenor. 
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1º Grau – Os juízes singulares eram divididos conforme sua 
especialidade; vale dizer, julgavam matérias determinadas. 
Eram divididos em sete: 
•  Juízes ordinários: eram eleitos pelos “homens bons (os 
ricos e honrados da vila); 
•  Juízes de fora: eram nomeados pelo rei e possuíam 
formação em Direito; 
•  Juízes de órfãos: julgavam os menores; 
•  Juízes de vintena: eram os juízes de paz (realizavam 
casamento); 
•  Almotacéis: julgavam o direito de vizinhança e 
funcionários públicos corruptos; 
•  Juízes de sesmaria: julgavam os casos relativos às 
questões agrárias (terras); 
•  Alvazis (juízes) dos avençais e dos judeus: julgavam 
querelas entre funcionários do rei e querelas entre judeus. 
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2º Grau – os Tribunais Colegiados eram compostos dos 
seguintes órgãos: 
•  Desembargo do Paço: era o local onde se apreciavam 
questões cíveis; 
•  Conselho da Fazenda: resolvia os conflitos de 
arrecadação de tributos; 
•  Mesa de Consciência e ordem: apreciava os recursos 
dos juízes singulares. 
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3º Grau – A Casa de Suplicação era a última instância da 
Justiça portuguesa, chefiada pelo rei. 
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6 
No BRASIL 
 
Hoje, os juízes singulares portugueses são os juízes de 
direito; os Tribunais Colegiados correspondem aos tribunais 
de Justiça; e a Casa de Suplicação é o Supremo Tribunal 
Federal. O organograma do Poder Judiciário está previsto no 
art. 92 da Constituição Federal de 1988. 
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4. ORDENAÇÕES MANUELINAS 
 
Foi o documento legal que levou o nome de D. Manuel I, o 
Venturoso, em 1512. Caracterizou-se pela soma das leis 
extravagantes existentes na época e também por ter reunido 
as normas das Ordenações Afonsinas. Foram redigidas em 
forma de decreto. Eram divididas em cinco livros, 
destacando-se, principalmente, o Direito Marítimo e os 
contratos mercantis: Livro I – Direito Administrativo e 
organização Judiciária; Livro II – Direito Eclesiástico, Direito 
do Rei, Direito da Nobreza e Direito dos Estrangeiros; Livro 
III – Regras do Processo Civil; Livro IV – Direito Civil e 
Direito Marítimo (Comercial); Livro V – Direito Penal e 
Processual Penal. 
Essas ordenações foram aplicadas no Brasil. 
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5. ORDENAÇÕES FILIPINAS 
 
Por problemas de ordem sucessória, assumiu o trono português D. 
Felipe II, rei da Espanha, neto de D. Manuel I, o Venturoso. Nascia, 
assim, a união |Ibérica (1580-1640). Também surgiram as 
Ordenações Filipinas, que foram muito aplicadas no Brasil. O 
Código Civil brasileiro de 1916, no art. 1.807, revogou 
expressamente essas ordenações, ao determinar: “Ficam 
revogadas as ordenações, Alvarás, leis, Decretos, Resoluções, 
Usos e Costumes concernentes às matérias de Direito Civil 
reguladas neste Código”. 
As ordenações Filipinas eram divididas em cinco livros: Livro I – 
Direito Administrativo e Organização Judiciária; Livro II – Direito 
Eclesiástico, Direito do Rei, Direito da Nobreza e Direito dos 
Estrangeiros; Livro III – Regras do Processo Civil; ;Livro IV – 
Direito Civil e Direito Marítimo (Comercial); Livro V – Direito Penal 
e Processual Penal.

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