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AulaOnline 02 – Positivismo
Nesta aula, 
trataremos do pensamento de Augusto Comte, filósofo francês do século XIX, que influenciou tanto a Ciência de um modo geral como o campo do Serviço Social. 
Compreender conceitos importantes como: positivo, ciência positiva, a lei dos Três Estados, assim como os critérios de classificação das ciências. 
Reconhecer a inserção do pensamento Comtiano nas Ciências e suas implicações no campo do Serviço Social dará ao aluno um amplo conhecimento sobre a influência positivista.
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Objetivo desta Aula: 
Ao final desta aula, você será capaz de:
1. Identificar os termos utilizados por Augusto Comte.
2. Reconhecer os significados implicados no termo positivo e suas principais características.
3. Relacionar o pensamento positivista e sua influência no campo científico e acadêmico com o Serviço Social.
O TERMO POSITIVISMO
O termo positivismo é um conceito que possui muitos significados. 
No contexto da disciplina, é dado destaque ao significado extraído de Augusto Comte. Sob o nome desse autor, representa corrente que visa a reforma da sociedade e de seus valores a partir da compreensão do desenvolvimento do conhecimento científico. 
A ciência apresenta-se como o estado mais evoluído do desenvolvimento da inteligência humana e deve guiar a formação da nova sociedade. 
Os saberes que, de acordo com essa posição, já alcançaram o estado científico encontram-se classificados e relacionados por uma hierarquia. 
Tais características são determinantes para entender a corrente filosófica do século XIX, fundada pelo francês Augusto Comte, no que tange a reação à filosofia especulativa, em especial, representada pelo idealismo clássico alemão.
É necessário lembrar que a filosofia é um saber que se caracteriza pelo chamado caráter crítico, desde sua emergência na Grécia com os primeiros filósofos.
Tanto a filosofia como a ciência nasce sob tal característica que assume uma dimensão importante: a interlocução.
Não basta saber ler o autor, entendê-lo em sua especificidade, em seu domínio teórico, mas conhecer a quem ele se dirige. 
Assim, ao rejeitar a filosofia especulativa dos idealistas alemães, como Fichte, Schelling, Kant e Hegel, 
Augusto Comte exalta os fatos tem como intuito de demonstrar como a realidade pode ser conhecida. 
O termo positivo guarda acepção e evidencia o fato de que o conhecimento humano só é capaz de conhecer algo que possa ser conhecido, e não as causas últimas ou primeiras das coisas como na metafísica.
“O positivismo é um rótulo novo, para uma nova fase de desenvolvimento do empirismo. Nasceu o nome em 1830 na Escola do socialista utópico Saint-Simon (1760-1825), e ganhou fortuna com Augusto Comte, o pensador protótipo do movimento, sobretudo na França. Derivado do latim positum (posto, o que está posto diante, situado), significa descritivamente o que se observa, ou experimenta.
Há motivos presentes no criticismo de Kant, que favoreceram ao positivismo. Ao publicar a Crítica da razão pura(1781), lançou barreiras às pretensões da metafísica. Em reduzindo os universais a uma validade apriorística, meramente formal, no recinto do entendimento, nada mais resta de verdadeiramente apreciável na filosofia racionalista. O positivismo deu mais um passo, reduzindo o conhecimento ao experimentável, o que na prática significa uma consideração das relações extrínsecas entre as coisas, sem que estas relações possam ser consideradas intrinsecamente, como nas ciências positivas.
O progresso das ciências experimentais prestigiou o positivismo. Lavoisier (1743-1793) desenvolvera a química; Bichat (1771-1802) fizera progredir a biologia; descobrem-se argumentos para o evolucionismo das espécies vivas, com o resultado de uma nova mundivisão, que espantava aos teólogos tradicionais; os astros são vistos a girar num céu cada vez menos sacral; o desenvolvimento das ciências sociais à base da observação dos fatos reduziu a situações meramente culturais estruturas anteriormente consideradas naturais. Estes e outros aspectos da modernidade vieram criar um clima favorável ao positivismo, que portanto desenvoltamente proclamou a importância dos métodos experimentais e advertiu para as limitações da filosofia racionalista, sobretudo da racionalista de ideias de todo autônomas da experiência”. 
PARA SABER MAIS LEIA:
http://portalcfh.ufsc.br/~simpozio/novo/2216y840.htm
(acessei, mas deu erro-página não encontrada)
Buscar a explicação dos fenômenos através das relações dos mesmos e a exaltação da observação dos fatos faz com que o positivismo não aceite outra realidade que não sejam os fatos, assim “a busca da explicação dos fenômenos através das relações dos mesmos e a exaltação da observação dos fatos, mas resulta que para ligar os fatos existe “necessidade de uma teoria”. Não sendo assim, acredita que seja impossível que os fatos sejam percebidos.
“Desde Bacon se repete que são reais os conhecimentos que repousam sobre fatos observados, mas para entregar-se à observação nosso espírito precisa de uma teoria” (TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987, p. 34).
MÉTODO E ATITUDE POSITIVISTAS
O método a ser utilizado para tal conhecimento postula leis invariáveis, assim como os das Ciências Naturais, assim como a atitude positivista consiste em descobrir as relações entre as coisas e não as causas dos fenômenos.
As estratégias como questionários, escalas de atitudes, escalas de opinião, tipos de amostragem etc. e a estatística produziam as relações entre os fatos de forma a dar coerência a eles que eram serem observados de forma imediata pela experiência.
PARA LER COMTE
Para compreender Comte é preciso ver que ele está imerso numa sociedade profundamente marcada (abalada) pela Revolução Francesa.
A visão conservadora tem a intenção de fundar “o novo pacto entre a filosofia e a ordem social, num período de contra-revolução”. (VERDENAL, René. La Filosofía Positiva de Auguste COMTE. In: CHÂTELET, François. Historia de la Filosofía: Ideas, Doctrinas. Tomo III. Madrid, Espasa-Calpe, 1976, p. 117).
“Nenhum grande progresso poderá efetivamente realizar-se se não tender em última instância para a evidente consolidação da ordem” (Política postiva, IV, p.17)
Há a apreensão de uma ordem também no sentido moral que faz com que Comte seja um autor muito estigmatizado no século XX, principalmente quando vai da sociologia à religião, fundando uma nova religião na qual é o sumo sacerdote.
A sociologia ou física social
“A ciência a que todas as ciências estão subordinadas, como ao seu fim último, é a sociologia. O escopo desta ciência é o de "perceber nitidamente o sistema geral das operações sucessivas, filosóficas e políticas, que devem libertar a sociedade da sua fatal tendência para a dissolução iminente e conduzi-Ia diretamente para uma nova organização, mais progressiva e mais sólida do que a que repousava na filosofia teológica" (Phil. pos., IV, p. 7). Para tal fim, a filosofia deve constituir-se da mesma forma que as demais disciplinas positivas e conceber os fenômenos sociais como sujeitos a leis naturais que tornem possível a previsão deles, pelo menos dentro dos limites compatíveis com a sua complexidade superior.
A sociologia, ou física social, é dividida por Comte em estática social e dinâmica social, correspondentes aos dois conceitos fundamentais em que ela se funda, os de ordem e do progresso. A estática social põe em luz a relação necessária, o "consenso universal", que existe entre as várias partes do sistema social. Assim, entre o regime político e o estado correspondente da civilização humana há uma relação necessária, pela qual um determinado regime, embora estando de acordo com a fase correspondente da civilização, se torna inadequado para unir a fase diversa e subsequente.
A ideia fundamental da dinâmica social é,pelo contrário, a do progresso, isto é, do desenvolvimento continuo e gradual da humanidade. Segundo a noção do progresso, cada um dos estados sociais consecutivos é o "resultado necessário do precedente e o motor indispensável do seguinte, segundo o luminoso axioma do grande Leibniz: “o presente está grávido do futuro". A ideia do progresso tem para a sociologia uma importância ainda maior do que a que tem a ideia da série individual das idades para a biologia. Ela explica também a aparição dos homens de gênio, desses homens a que Hegel chamava "indivíduos da história cósmica"; e a explicação de Comte é análoga à de Hegel. Os homens de gênio não são mais que os órgãos próprios do movimento predeterminado, o qual, se esses gênios porventura não surgissem, teria aberto outras vias.
O progresso realiza um aperfeiçoamento incessante, embora não ilimitado, do gênero humano; e este aperfeiçoamento assinala "a preponderância crescente das tendências mais nobres da nossa natureza" (Ib., p. 308). Mas este aperfeiçoamento não implica que uma qualquer fase da história humana seja imperfeita ou inferior às outras. Para Comte, como para Hegel, a história é sempre, em todos os seus momentos, tudo o que deve ser. "Dado que o aperfeiçoamento efetivo resulta sobretudo do desenvolvimento da humanidade, como poderia isso não ser essencialmente, em cada época, o que podia ser segundo o conjunto da situação" (Phil. pos., IV, p. 311). Comte afirma que, sem esta plenitude de cada época da história com relação a si mesma, a história seria incompreensível. E tão-pouco hesita em restabelecer na história o conceito de causa final. Os eventos da história são necessários no duplo significado do termo: no sentido de que nela é inevitável o que se manifesta primeiro como impensável, e reciprocamente. É este um modo igualmente eficaz de exprimir a identidade hegeliana entre o racional e o real. E Comte cita a este propósito "o belo aforismo político do ilustre de Maístre: tudo o que é necessário existe".
 É fácil de ver como deste ponto de vista o futuro regime sociológico parece a Comte inevitável porque racionalmente necessário. Neste regime, a liberdade de investigação e de critica será abolida. "Historicamente considerado, diz Comte (Ib., p. 39), o dogma do direito universal, absoluto e indefinido de exame é apenas a consagração, sob a forma viciosamente abstracta, comum a todas as concepções metafísicas, do estado passageiro da liberdade ilimitada, no qual o espírito humano foi espontaneamente colocado por uma consequência necessária da irrevogável decadência da filosofia teológica e que deve durar naturalmente até ao advento social da filosofia positiva". Por outros termos, a liberdade de investigação justifica-se no período de trânsito do absolutismo teológico ao absolutismo sociológico; instaurado este último, será banida por ele, como o foi pelo primeiro.” (Abbagnano, Nicola. História da Filosofia, Primeiro volume, Editorial Presença, 1999. pp.132-4)
CARACTERÍSTICAS DA SOCIOLOGIA COMTEANA
Caracteriza-se como uma “física social”, sendo dividida em estática e dinâmica, correspondentes aos dois conceitos fundamentais em que ela se funda, os de ordem e do progresso;
Abarca todos os homens em todos os tempos;
É uma visão continuista da história que suprime a descontinuidade do presente;
A sociedade estudada são os núcleos permanentes: a propriedade, a família, o trabalho, a pátria e sobretudo, a religião.
A positividade é uma estrutura mental da sociedade.
A LEI DOS TRÊS ESTADOS
A ideia-chave do Positivismo comtiano é a Lei dos Três Estados, de acordo com a qual o homem passou e passa por três estágios em suas concepções, isto é, na forma de conceber as suas ideias:
TEOLÓGICO- O ser humano explica a realidade apelando para entidades supranaturais (os "deuses"), buscando responder a questões como "de onde viemos" e "para onde vamos"; além disso, busca-se o absoluto;
METAFÍSICO- É uma espécie de meio-termo entre a teologia e a positividade. No lugar dos deuses há entidades abstratas para explicar a realidade. Continua-se a procurar responder a questões como "de onde viemos" e "para onde vamos" e procurando o absoluto;
POSITIVO- Etapa final e definitiva, não se busca mais o "porquê" das coisas, mas sim o "como", com as leis naturais, ou seja, relações constantes de sucessão ou de coexistência. A imaginação subordina-se à observação e busca-se apenas o relativo.
A NEUTRALIDADE DA CIÊNCIA
Quando discute o papel da Ciência para assegurar a marcha normal e regular da sociedade industrial, engendra um posicionamento próprio ao espírito positivista: a neutralidade da ciência, que se faz sentir nas Ciências de um modo geral e no entendimento do que chamamos de ciência. A influência Comteana no meio acadêmico e científico Brasileiro é verificável.
Além disso, Chauí descreve que “na concepção comtiana, tornar as sociedades mais científicas – ou melhor: em seu linguajar, mais positivas – não é o mesmo que as tornar tecnocráticas ou desumanizadas, mas, justamente ao contrário, é torná-las mais justas, mais cuidadosas com todos os cidadãos. Melhorar as sociedades somente é possível se as sociedades forem conhecidas – e esse conhecimento só é possível por meio da ciência. Assim, como ” somente seria possível explicar o que ocorria na sociedade de então fazendo uma referência aos eventos sociais prévios, sendo necessário, portanto, determinar os diversos agentes sociais e suas mútuas relações.
Esse procedimento – característico das investigações sociológicas – seria chamado de “filiação histórica”. O estudo científico da sociedade exige a compreensão do conjunto social: para a análise das partes é necessária uma visão do todo”.
“O Positivismo foi uma das filosofias que mais influenciou o pensamento brasileiro. Na educação brasileira, o Positivismo deixou marcas profundas. O principal motivo foi que se teve em um momento importante da historia brasileira um positivista, Benjamin Constant (1838-1891), como Ministro da Instrução. Outro fator importante a ser observado, foi que, Auguste Comte (1798- 1857), fora eliminado da escola Politécnica de Paris, por ter se envolvido em um incidente entre alunos e professores. Comte nunca terminou o seu curso Mais mesmo assim, ingressou no magistério, atuando como repetidor, examinador e outros cargos subalternos. Posteriormente, deixou a carreira do magistério e por este motivo, ficou ressentido com o ensino. Tomou a decisão que acabaria com o academicismo quando viesse o estado positivo. Comte era contra qualquer orçamento acadêmico e nada de programas determinados pelo governo. Na concepção de Comte, no estágio final da humanidade, o Positivismo deveria substituir o Catolicismo, uma modificação que ocorrera de forma semelhante na Idade Média. E para tanto exemplifica que como nos tempos medievais, a educação estava entregue ao clero, na idade positiva, a educação deveria ser entregue a Religião da Humanidade. É preciso esclarecer a diferença entre filosofia Positivista e Religião da Humanidade. Sobre a filosofia Positivista, segundo Comte, “só cabe o nome de ciência, de conhecimento certo, aquele saber que pode ser controlado pela matemática, depois de registrados os fatos pela experiência e for útil para a vida.” (TORRES, 1957, p. 207). A Religião da Humanidade, foi fundada por Comte à imagem e semelhança da Igreja Católica, “de acordo com a lei dos três estados, desde a mais humilde forma da vida religiosa até a Religião da Humanidade, há uma evolução constante. Do fetichismo ao politeísmo, deste ao monoteísmo, passando para o estado positivo [científico].” (idem, 191)”
 http://www.hcte.ufrj.br/downloads/sh/sh4/trabalhos/Sergio%20Luiz.pdf
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ATIVIDADE PROPOSTA
Pesquise a influência positivista nos meios acadêmicos brasileiros e seus principais representantes.
No Brasil o positivismo teve ampla aceitação, quer nas escolas de direito, quer nos círculos militares em virtudeda matemática, quer ainda no movimento republicano. Teve também seus materialistas e evolucionistas. Em Recife notaram-se primeiramente Tobias Barreto (1839-1889) e Silvio Romero (1859-1914), depois emigrados para outros centros. No Rio de Janeiro o republicano Benjamim Constant (1837-1891) fundava em 1876 a sociedade positivista. Mas a igreja positivista foi mais um esforço de Miguel Lemos (1854-1917) e R. Teixeira Mendes (1855-1927).  
Para essa aula, sugerimos que acesse:
 http://www.cfh.ufsc.br/~simpozio/novo/2216y840.htm
****CFH Erro! Página não encontrada.****
 http://pt.scribd.com/doc/84708933/Livro-Introducao-a-pesquisa-em-Ciencias-Sociais-Trivinos
VERDENAL, René. La Filosofía Positiva de Auguste COMTE. In: CHÂTELET, François. Historia de la Filosofía: Ideas, Doctrinas. Tomo III. Madrid, Espasa-Calpe, 1976
Sintese da Aula de Hoje
Nesta aula, você:
Compreendeu o contexto do pensamento de Augusto Comte.
Aprendeu os significados implicados no termo positivo e suas principais características.
Analisou a inserção do pensamento positivista nas Ciências e no campo do Serviço Social.
Na próxima aula, você vai estudar:
O pensamento de Marx e Engels .
Os conceitos marxistas: trabalho, modos de produção, mais-valia, Materialismo histórico e ideologia.
A inserção do pensamento positivista nas Ciências e no campo do Serviço Social.
Material online Estácio_Portal do aluno_Filosofia da Ciência

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