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Princípios norteadores do Direito Processual ok(1)

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Teoria Geral do Processo
Princípios norteadores do Direito Processual.
Paula Corrêa Rodrigues Pereira
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O que são Princípios?
Miguel Reale aduz que "princípios são enunciações normativas de valor genérico, que condicionam e orientam a compreensão do ordenamento jurídico, a aplicação e integração ou mesmo para a elaboração de novas normas.
A diferença entre as normas jurídicas que são princípios e as demais normas jurídicas reside em que os princípios têm um âmbito de incidência ilimitado, ao passo que as regras contêm em si mesmas as hipóteses específicas em que vão incidir.
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Princípios aplicáveis ao Direito Processual
Existem duas categorias distintas de princípios aplicáveis ao direito processual. A primeira contém os chamados PRINCÍPIOS INFORMATIVOS, enquanto a outra envolve os princípios fundamentais, também chamados de PRINCÍPIOS GERAIS DO PROCESSO CIVIL.
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PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO
Princípio Lógico: de acordo como princípio lógico as leis processuais devem prever os meios mais eficazes e rápidos de procurar e descobrir a verdade e evitar o erro.
Princípio Jurídico: informa que tudo em matéria de regramento de direito processual, deve ser feito de acordo com a lei (igualdade no processo e justiça na decisão.
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PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO
Princípio Político: significa que o processo deve ter o máximo rendimento possível, como garantia da sociedade, com o mínimo de sacrifício da liberdade individual.
Princípio Econômico: deve visar obter o máximo de rendimento com o mínimo de dispêndio. O Processo é acessível a todos, com vista a seu custo e à sua duração.
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Princípios Gerais do Processo na Constituição Federal
O Direito Processual está sujeito a princípios norteadores de todo o desenvolvimento da disciplina. Os princípios servem como orientação segura para a interpretação dos institutos que integram o campo de atuação da ciência, sendo certo que os mais importantes princípios processuais encontram-se consagrados na Constituição da República.
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Princípios Constitucionais do Direito Processual Civil – inovação do NCPC
Art. 1º NCPC:
“O Processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se as disposições deste código”
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Princípio do Acesso à Justiça ou da Inafastabilidade da Jurisdição
CPC 2015
Art. 3º - Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.
§1º- É permitida a arbitragem, na forma da lei. (lei 9307/96)
§2º- o Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos.
§3º- A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive nos do processo judicial. (Ver arts. 165 a 175 NCPC)
CPC 1973
Sem correspondência no CPC 73.
Com previsão no art. 5º, XXXV da CF/88
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Ainda sobre o Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição
Este princípio consagra o direito de “acesso aos tribunais” ou melhor “direito de resolução de conflitos”, hoje com um entendimento mais amplo porque com o Novo CPC a possibilidade de solução dos conflitos ganha novos rumos com a conciliação e a mediação.
Pelo dispositivo em análise nenhuma lei pode vedar o acesso ao judiciário, assim é que deve ser tida como inconstitucional qualquer norma jurídica que impeça aquele que se considera titular de uma posição jurídica de vantagem, e que sinta tal posição lesada ou ameaçada, de pleitear junto aos órgãos judiciais a proteção de que se sinta merecedor.
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Ainda sobre o Princípio da Inafastabilidade Jurisdicional
Quando a Constituição refere à impossibilidade de exclusão de lesão ou ameaça de lesão da apreciação jurisdicional quer referir-se, na verdade, à impossibilidade de exclusão de alegação de lesão ou ameaça, tendo em vista que o direito de ação não se vincula à efetiva procedência do que fora alegado; ele existe independentemente da circunstância de ter o autor razão naquilo que pleiteia; é direito abstrato. O direito de ação é o direito à uma decisão judicial.
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Princípio da Isonomia ou Igualdade das partes
Art. 5º, caput, I – “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”.
A isonomia revela-se a necessidade de dar às partes tratamento igualitário. Não basta tratar igualmente a todos, que nem sempre têm as mesmas condições econômicas, sociais ou técnicas. É preciso que a igualdade seja substancial, tal como revelada na vetusta fórmula : “tratar os iguais igualmente, e os desiguais desigualmente, na medida da sua desigualdade”.
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Ainda sobre o Princípio da Isonomia
A igualdade processual deve observar quatro aspectos:
A) imparcialidade do juiz (equidistância em relação às partes)
B) igualdade no acesso à justiça, sem discriminação
C) redução das desigualdades que dificultem o acesso à justiça, como a financeira.
D) igualdade no acesso às informações necessárias ao exercício do contraditório.
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Princípio da Isonomia (no CPC)
CPC 2015
Art. 7º- É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório.
CPC 1973
Art. 125. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste código, competindo-lhe:
I- assegurar às partes igualdade de tratamento.
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Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa
Art. 5º, LV – “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”.
Nenhuma dúvida pode restar quanto à necessidade de obediência ao contraditório, tanto no processo civil quanto no administrativo.
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Ainda sobre o Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa
É preciso dar ciência ao réu da existência do processo, e às partes, dos atos que nele são praticados, permitindo-lhes reagir àqueles que lhes sejam desfavoráveis. As partes têm o direito de ser ouvidas e de expor ao julgador os argumentos que pretendem ver acolhidos.
Trata-se da garantia de ser ouvido, de participar do processo, de ser comunicado, poder falar no processo.
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Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa (no CPC)
CPC 2015
Art. 9º. Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.
Parágrafo único- O disposto no caput não se aplica:
I- à tutela provisória de urgência;
II- às hipóteses de tutela de evidência previstas no art. 311, inciso I e III;
III- à decisão prevista no art. 701.
CPC 1973
Sem correspondência com o CPC 1973.
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Princípio do Devido Processo Legal
Art. 5º, LIV – “Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”.
É uma garantia de acesso à ordem jurídica justa.
Garantia de se obter uma verdadeira e efetiva tutela jurídica a ser prestada pelo Poder Judiciário.
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Ainda sobre o Princípio do Devido Processo Legal
O devido processo legal abarca uma série de normas ou princípios constitucionais que asseguram o direito de ação e o direito de defesa, a saber: ampla defesa, contraditório, juiz natural, publicidade dos atos processuais, duração razoável do processo, motivação das decisões, tratamento paritário conferido às partes envolvidas no processo etc.
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Princípio do Juiz Natural
Art. 5º XXXVII e LIII da CF/88 - a Lei Maior proíbe a existência de juízos ou tribunais de exceção, garantindo ainda que ninguém será sentenciado senão pela autoridade competente.
Esta garantia tem duas faces: o que a Carta Magna quer é que os processos tramitem perante juízos com competência constitucional preestabelecida. A segunda face trata-se da exigência de imparcialidade, essencial para que se tenha um processo justo.
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Ainda sobre o Princípio do Juiz Natural
Juiz natural é o juiz devido, é o juiz competente de acordo com as regras gerais e abstratas previamente estabelecidas, além de imparcial.
Tribunal de exceção é aquele designado ou criado, por deliberação legislativa ou não, para julgar determinado caso. Os juízes de exceção estão vedados. A jurisdição só pode ser exercida por quem tenha sido regularmente investido nas funções de juiz.
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Princípio da Economia e Eficiência Processuais (Razoável duração do Processo)
CPC 2015
Art. 4º- As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa.
CPC 1973
Sem correspondência no CPC de 1973.
Com previsão no art. 5º, LXXVIII da CF/88 (Princípio da Razoável Duração do Processo) – “ A todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantem a celeridade de sua tramitação”.
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Ainda sobre o Princípio da Economia e Razoável Duração do Processo
“Não existe um princípio da celeridade. O processo não tem de ser rápido/célere: o processo deve demorar o tempo necessário e adequado à solução do caso submetido ao órgão jurisdicional.” (DIDIER JR, 2015, p. 96)
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Princípio da Publicidade dos atos processuais
Art. 5º, LX e 93, IX CF/88.
“ A lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem”.
“todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos....”
Quanto às partes e seus procuradores, a garantia da publicidade não sofre restrição alguma, sendo necessária para o exercício pleno e efetivo do contraditório.
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Princípio da Publicidade dos atos processuais
Em relação a terceiros, a publicidade sofrerá restrições nas hipóteses do art. 189 do NCPC, isto é, segredo de justiça.
A publicidade é necessária para que a sociedade possa fiscalizar seus juízes, preservando-se com isso o direito à informação, garantido constitucionalmente. No entanto, justifica-se a imposição de restrições para estranhos em determinadas circunstâncias, em que a divulgação possa trazer danos às partes.
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Princípio da Publicidade e Princípio da Motivação
CPC 2015
Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão Públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade.
Parágrafo único – Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada a presença somente das partes , de seus advogados, de defensores públicos ou do ministério Público.
CPC 1973
Art. 155- os atos processuais são públicos. Correm, todavia, em segredo de justiça os processos:
I- em que o exigir o interesse público;
II- que dizem respeito a casamento, filiação, separação dos cônjuges, conversão desta em divórcio, alimentos e guarda de menores.
Art. 131. O juiz apreciará livremente a prova, atendendo aos fatos e circunstâncias constantes dos autos, ainda que não alegados pelas partes; mas deverá indicar, na sentença, os motivos que lhe formaram o convencimento.
Art. 93, IX CF/88
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Princípio da Motivação das Decisões Judiciais
Com previsão no art. 93, IX da CF/88, esse princípio traz uma regra constitucional responsável por afirmar que toda decisão judicial será motivada, sob pena de nulidade.
A fundamentação das decisões judiciais é exigida pelo ordenamento jurídico por dois motivos. Em primeiro lugar, protege-se o interesse das partes, que não só precisam saber o motivo que levou o juiz a decidir as questões da maneira como decidiu, como têm a necessidade de conhecer os motivos da decisão para que possam adequadamente fundamentar seus recursos.
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Princípio da Motivação das Decisões Judiciais
O Outro motivo que orienta esse princípio é que, a motivação das decisões é essencial para que se possa assegurar a participação da sociedade no controle da atividade jurisdicional, ou seja, é essencial para que se possa verificar se o juiz foi ou não imparcial, se julgou com observância aos demais princípios processuais, etc.
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Princípio Dispositivo ou da Inércia Jurisdicional e Princípio do Impulso Oficial – art. 5º, LIV, da CF.
CPC 2015
Art. 2º - o processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei.
CPC 1973
Art. 2º- Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou interessado a requerer, nos casos e formas legais.
Art. 262- O processo civil começa por iniciativa da parte, mas se desenvolve por impulso oficial
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Princípio Dispositivo, da inercia ou da ação
O Princípio Dispositivo prevê que, cabe à parte colocar em movimento a máquina estatal ( isto é, a estrutura do Poder Judiciário), para que dela obtenha uma concreta solução do conflito pleiteado em juízo.
Pelo Princípio do Impulso Oficial, deve-se entender que , uma vez proposta um ação por iniciativa da parte ou interessado (princípio da inércia), este se desenvolverá por iniciativa do juiz, independente de nova manifestação de vontade da parte.
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Princípio da Disponibilidade Processual
Chama-se poder dispositivo a liberdade que as pessoas tem de exercer ou não seus direitos. Em direito processual tal poder é configurado pela possibilidade de apresentar ou não pretensão em juízo, bem como de apresentá-la da maneira que melhor lhes aprouver e renunciar e ela (desistir da ação) ou certas situações processuais.
No processo penal prevalece o Princípio da Indisponibilidade, pois o crime é uma lesão irreparável ao interesse coletivo e a pena é realmente necessária para a restauração da ordem jurídica violada. 
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Princípios Processuais
Previstos no Novo CPC
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Princípio da boa-fé 
CPC 2015
Art. 5º- Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé.
CPC 1973
Sem correspondência no CPC de 1973
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Princípio da boa-fé 
O Princípio da Boa-fé deve ser analisado como uma regra geral processual, ou seja, é uma norma geral que impõe o comportamento de acordo com a boa-fé. Não há como enumerar as situações que caracterizam um comportamento de acordo com a boa-fé, da mesma forma a infinidade de situações que podem surgir ao longo do processo torna pouco eficaz qualquer enumeração legal das hipóteses de comportamento desleal. 
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Princípio da boa-fé 
O Código porém prevê regras de proteção à boa-fé, que concretizam o princípio da boa-fé e compõem a modelagem do Devido Processo Legal brasileiro. As normas sobre litigância de má-fé por exemplo (art. 79-81 NCPC). 
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Princípio da Cooperação ou Colaboração
Art. 6º- Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva.
O dever de cooperação estaria voltado eminentemente para o magistrado, de modo a orientar sua atuação como agente colaborador do processo, inclusive como participante ativo do contraditório, não mais se limitando a mero fiscal de regras. Não pode existir mais o juiz apático, que aguarda manifestações das partes para atuar.
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Princípio da Cooperação ou Colaboração
Entretanto, não somente o juiz deve colaborar para a tutela efetiva, célere e adequada. O novo direito processual defende a necessidade de uma “democracia participativa” no processo, com o consequente exercício mais ativo da cidadania, inclusive de natureza processual (ÁLVARO DE OLIVEIRA)
A doutrina processual, então, estabeleceu alguns deveres, que são recíprocos, mas, até mesmo em caráter exemplar, devem ser efetivamente implementados pelo juiz na prática forense:
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a) dever de esclarecimento: obrigação do magistrado de esclarecer com as partes quanto a determinadas dúvidas que tenha sobre alegações, posições ou pedidos realizados em juízo, dando conhecimento à outra parte sobre a diligência;
b) dever de consulta: o juiz deve ouvir previamente as partes sobre as questões de fato ou de direito que influenciarão no julgamento da causa;
c) dever de
prevenção: cabe ao magistrado apontar as deficiências postulatórias das partes, para que possam ser supridas (ex.: emenda da inicial, indeferimento da inicial por escolha inadequada do procedimento somente quando for impossível adaptá-la);
d) dever de auxílio: obrigação do juiz de auxiliar a parte a superar eventual dificuldade que lhe tolha o exercício de seus ônus ou deveres processuais (ex.: distribuição dinâmica do ônus da prova – projeto do CPC, art. 358);
e) dever de correção e urbanidade: deve o magistrado adotar conduta adequada, ética e respeitosa em sua atividade judicante.
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Princípio do Livre Convencimento Motivado ou Persuasão racional do juiz 
Conforme tal princípio, previsto no art. 371 NCPC, “ o juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento.
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Princípio do Duplo grau de Jurisdição e Verdade Real
Princípio da recorribilidade e do duplo grau de jurisdição – a parte tem o direito a que sua pretensão seja conhecida e julgada por dois juízos distintos e de hierarquia diferente.
Princípio da Verdade Real – o juiz deve se basear na verdade real ou material e não na presumida.
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