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Direito Penal - REMIÇÃO POR ESTUDO

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A Remição de Pena e as inovações trazidas pela Lei 12.433/2011 (remição por estudo) 
RESUMO
O presente trabalho tem como escopo abordar os temas referentes ao instituto da Remição de Pena, bem como a mudança no referido instituto com o advento da Lei 12.433/2011, que normatizou a remição por estudo. Aponta a importância do trabalho carcerário, bem como pelo estudo para a reinserção do apenado na sociedade, pela própria finalidade deste benefício legal. Será abordado, também, o (in)cabimento da remição quando o apenado estiver cumprindo pena em regime aberto. Será debatido, ainda, sobre a perda dos dias remidos quando o apenado incorrer em infração disciplinar.
1 INTRODUÇÃO
Antes de entrar no mérito do trabalho, faz-se mister aludir a uma diferenciação, apenas a titulo de esclarecimento. O termo “remição” no Direito Penal, não se confunde com o termo estudado no Direito Civil “remissão”. Este tem caráter de perdão, renúncia ou liberação, enquanto aquele apresenta caráter de reparação, ressarcimento.
Primeiramente, cabe considerar a importância do tema trazido a lume, visto ser meio principal, efetivo e eficaz para a (re)socialização do preso. Faz-se mister lembrar que é obrigatório o trabalho do preso na penitenciária, salvo quando tratar-se de preso provisório (em razão do disposto no art. 5º, LVII, da CRFB) ou condenados por crime político (art. 200, da LEP), visto que o trabalho do preso é uma das melhores formas para levar a efeito a sua (res)socialização, resgatando valores, bem como a importância psicológico-social que o trabalho traz ao apenado.
Como o trabalho no cárcere é obrigatório, via de regra, a remição constitui-se em direito do apenado, não somente um simples benefício, conforme está preconizado no art. 41, II, da Lei 7.210/84.
 Por meio da remição o apenado pode remir, reduzir, abreviar ou abater o cumprimento de sua pena pelo trabalho ou por estudo. 
Renato Marcão (2012, p. 213), citando Mirabete, aduz “trata-se de um meio de abreviar ou extinguir parte da pena. Oferece-se ao preso um estímulo para corrigir-se, abreviando o tempo de cumprimento da sanção para que possa passar ao regime de liberdade condicional ou à liberdade definitiva, Segundo Maria da Graça Morais Dias, trata-se de um instituto completo, ‘pois reeduca o deliquente, prepara-o para a sua reincorporação à sociedade, proporciona-lhe meios para reabilitar-se mediante de si mesmo e da sociedade, disciplina sua vontade, favorece a sua família e sobretudo abrevia a condenação, condicionando esta ao próprio esforço do penado’”. 
Com maestria ensina o Mestre Michel Foucault (2010, p. 229), quando diz que “o trabalho penal deve ser concebido como sendo por si mesmo uma maquinaria que transforma o prisioneiro violento, agitado, irrefletido em uma peça que desempenha seu papel com perfeita regularidade. A prisão não é uma oficina; ela é, ela tem que ser em si mesma uma máquina de que os detentos-operários são ao mesmo tempo as engrenagens e os produtos; ela os ‘ocupa’ e isso ‘continuamente, mesmo se fora com o único objetivo de preencher seus momentos. Quando o corpo se agita, quando o espírito se aplica a um objeto determinado, as idéias importunas se afastam, a calma renasce na alma’”.
2 REMIÇÃO PELO TRABALHO
Ao fazermos análise nos estabelecimentos prisionais onde os presos exercem atividade laborativa, observamos que os índices de falta grave, bem como tentativa de fugas, são mais reduzidos, pois lhes estimulam hábitos de trabalho e evita o ócio, face àquelas que não oferecem a oportunidade de trabalho, não ocupando a mente do apenado com planos supérfluos, como arquitetar uma fuga, por exemplo, onde impera, também, o ócio.
A remição pelo trabalho garante ao apenado que diminua em 01 (um) dia sua pena a cada 03 (três) dias trabalhados (art. 126, § 1º, II, da LEP), não tendo sido alterado pela Lei 12.433/2011, quanto à proporção de dias trabalhados para obtenção da remição. Insta ressaltar que o trabalho deve ser rotineiro, habitual, e não de forma eventual. Faz-se mister aduzir que não são computados os dias de descanso, tais como domingos e feriados, conforme estabelece o art. 33, da LEP, bem como a atividade laborativa diária do preso não deve ser inferior a seis nem superior a oito horas.
Há uma grande discussão doutrinária quanto à possibilidade do preso ter seus dias de pena remidos sem trabalho efetivo no cárcere, quando o Estado, por meio de sua administração carcerária, não oferece condições de trabalho, diante da sua inércia ou incapacidade de administrar a coisa pública. Rogério Greco (2012, p. 506) apresenta seu entendimento no sentido de conceder ao apenado que não pode trabalhar, face à inviabilização desses recursos, por parte do Estado, a remição da pena do preso. Contrariamente a esse entendimento, Fernando Capez (2011, p. 96) aduz que “o preso que pretende trabalhar, mas não consegue porque o estabelecimento não lhe oferece condições (como no caso de cadeias superlotadas), não tem direito ao desconto, pois a mera vontade de trabalhar não passa de um desejo, uma boa intenção, uma mera expectativa de direito. Para ter acesso ao benefício, é imprescindível o efetivo trabalho”. Capez (2011, p. 96) continua seu raciocínio prelecionando que “somente em um caso o preso terá direito a remir o tempo de pena sem trabalhar: quando vinha trabalhando, sofre um acidente de trabalho e fica impossibilitado de prosseguir”. Renato Marcão (2012, p. 222), no mesmo sentido de Fernando Capez, aduz que “é condenável a prática de conceder remição ao preso que não trabalhou, sob a justificativa de ausência de condições para o trabalho no estabelecimento prisional, debitando-se tal situação ao Estado, diga-se, à sociedade”.
Seguindo, contudo, a corrente de Rogério Greco, prelecionam José Adaumir Arruda da Silva e Arthur Corrêa da Silva Neto (2012, p. 245), aduzindo que “o trabalho faz parte da grade de direitos do apenado. No ambiente do cárcere, em razão da restrição de liberdade do indivíduo e de está custodiado pelo Estado, naturalmente lhe se impõe a oferta do aludido direito ao preso. Todavia, em não havendo a efetiva oferta do trabalho ao apenado, não se afigura razoável que este sofra as consequências adjacentes da supressão desse direito”. Continuam seus ensinamentos (SILVA; SILVA NETO, 2012, p. 246): “Daí falar-se em remição ficta como sendo aquela medida deferida aos presos impossibilitados de trabalhar em função do Estado/Estabelecimento Prisional não lhe oportunizar esse direito”.
Seguimos nas mesmas linhas de Fernando Capez e Renato Marcão, visto que somente o trabalho pode trazer para o apenado, valores inerentes a sua realização, como o recebimento de uma remuneração pelo trabalho efetuado, bem como os benefícios da previdência social, com fim de dignificar o cumprimento da pena. São as palavras de Renato Marcão (2012, p. 215): “Todo trabalho pressupõe responsabilidade, organização e disciplina. Para fins de remição não é diferente, já que é preciso incutir tais valores na mente e na rotina do executado, como forma de readaptá-lo à vida ordeira, dentro dos conceitos de uma sociedade produtiva”. Tomando por base as palavras do ilustre doutrinador, percebemos que estes valores somente serão alcançados, se o apenado produzir, trabalhar efetivamente, por conseguinte, caso não haja um efetivo trabalho, restará apenas o ócio, de modo que não haverá “boas intenções”, não podendo haver, desta forma, desconto na pena.
O sentenciado somente tem direito à remição, quando em decorrência do trabalho, se acidentar, ficando impossibilitado de continuar. É o que estabelece o § 4º, do art. 126, da LEP, in verbis: “O preso impossibilitado, por acidente, de prosseguir no trabalho ou nos estudos continuará a beneficiar-se com a remição”.
Outro ponto polêmico, que merece destaque, referente ao tema ora em comento, diz respeito ao incabimento da remição de pena pelo trabalho, quando o preso estiver em regime aberto ou cumprindo pena em livramento condicional.
A doutrina majoritária advoga a tese de que não háprevisão legal autorizando a concessão do benefício nessas hipóteses, bem como o caput do art. 126 da LEP dispõe expressamente, in verbis: “O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena”. Seguindo nesse liame é que os doutrinadores, majoritariamente, não admitem a remição no regime aberto, tampouco em livramento condicional, visto ser pressuposto de ingressos nesses regimes, que o apenado declare que tem aptidão para prover seu próprio sustento, mediante trabalho digno. Neste sentido, são as lições de Rogério Greco (2012, p. 505), citando Júlio Fabbrini Mirabete, dispondo que conforme as lições deste, “a remição é um direito dos condenados que estejam cumprindo a pena em regime fechado ou semiaberto, não se aplicando, assim, ao que se encontra em prisão albergue, já que a este incumbe submeter-se aos papeis sociais e às expectativas derivadas do regime, que lhe concede, a nível objetivo, a liberdade do trabalho contratual. Pela mesma razão, aliás, não se concede a remição ao liberado condicional. Também não tem direito à remição o submetido à pena de prestação de serviços à comunidade, pois o trabalho, nessa espécie de sanção, constitui, essencialmente, o cumprimento da pena”. 
Ao revés, a doutrina minoritária advoga a tese de que, assim como a lei não autoriza expressamente, também não veda a remição pelo trabalho, quando o apenado se encontra cumprindo pena em regime aberto ou livramento condicional, ferindo, desta forma, a lógica do sistema, visto que nesses regimes de execução da pena, o apenado continua com o direito ao trabalho. São as lições de José Adaumir Arruda da Silva e Arthur Corrêa da Silva Neto (2012, p. 249), quando ensinam que “nesse regime, embora menos gravoso, ainda há cumprimento de pena, portanto a oportunidade de remir ainda deve figurar como direito do apenado”. Admitem, entretanto, pertencerem a corrente minoritária, contudo, apresentam julgados, mais precisamente do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, onde se verifica a concessão da remição de pena pelo trabalho, estando o condenado em regime aberto, apesar de, conforme dito ao norte, ser a posição minoritária. 
Filiamo-nos à corrente que diz não ser possível a remição da pena em regime aberto ou livramento condicional, visto que para obtenção desses benefícios é pressuposto provar a possibilidade de fazê-lo quando colocado em regime aberto ou livramento, bem como há outras formas de remição em regime aberto ou livramento que podem ser usadas pelo sentenciado como forma de abatimento de sua pena, que será tratada no próximo tópico, referente à remição por estudo.
3 REMIÇÃO PELO ESTUDO
Insta, precipuamente, salientar, que na redação original do art.126, da LEP, até o advento da Lei 12.433/11, percebia-se claramente que a norma tinha o condão de beneficiar o sentenciado pelas atividades laborativas por ele desenvolvidas. Rezava o art. 126, caput, da LEP: “O condenado que cumpre pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, pelo trabalho, parte do tempo de execução da pena” (grifo nosso). Contudo, há algum tempo, antes mesmo da lei supramencionada viger, os juízes e tribunais vinham entendendo pela concessão da remição, também, ao apenado de estudava no cárcere, tratando, por conseguinte, o estudo, como forma de trabalho.
É indubitável que o estudo eleva o ser humano, bem como sua autoestima, uma vez que o conhecimento o liberta de suas limitações, pois com o estudo, pode-se alcançar melhor espaço no mercado de trabalho, qualificando o preso à vida ordeira que, mostrar-se-á, difícil para um ex detento. Portanto, imensurável a importância do estudo e do conhecimento adquirido pelo apenado no cárcere por trazer efetivos resultados que poderão, de maneira mais eficaz, reinseri-lo na sociedade. Desta forma, pode-se dizer que o estudo, em certos casos, traz um melhoramento mais acentuado do que o trabalho propriamente.
Importa salientar que antes de qualquer previsão legal sobre a remição por estudo, discussões doutrinárias e jurisprudenciais que trouxeram a lume, a possibilidade de remir a pena do detento pelo estudo.
Após um período, a jurisprudência majoritária já entendia ser possível a remição por estudo. Nesse sentido, o STJ sumulou o entendimento, onde observamos na redação insculpida na Súmula n. 341 (DJ 13/08/2007) que “a frequência a curso de ensino formal é causa de remição de parte do tempo de execução de pena sob regime fechado ou semiaberto”.
José Adaumir Arruda da Silva e Arthur Corrêa da Silva Neto (2012, p. 248) citam um julgado do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, da lavra do eminente desembargador, Bueno de Carvalho (2007, p. 129), vejamos: “o estudo – assim como o trabalho ou quiçá em grau superior – tem o condão de instigar o cidadão-apenado e aufere perspectivas de uma vida digna pós-presídio”.
Com o advento da Lei 12.433/2011, foi resolvida definitivamente a questão, normatizando e alterando a Lei 7.210/84, prevendo expressamente a possibilidade de remição de pena pelo estudo. Essa alteração foi feliz, uma vez que se viram consagrados os preceitos humanitários e os princípios da execução penal.
A nova redação do art. 126, caput, da Lei de Execução Penal, estabelece, in verbis: “O condenado que cumpre pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena” (grifo nosso). A remição, nessa modalidade, garante ao apenado a diminuição de 01 (um) dia a cada 12 (doze) horas de frequência escolar – atividade de ensino fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação profissional - divididas em, no mínimo, 03 (três) dias, conforme dispõe o art. 126, § 1º, I, da LEP. Isto é, não pode o apenado cumprir às doze horas em um só dia, devendo cumprir da maneira estabelecida em lei.
Possibilita-se ao preso que desenvolva suas atividades escolares de forma presencial ou por metodologia de ensino a distância e deverão ser certificadas pelas autoridades educacionais competentes dos cursos frequentados. Faz-se mister ressaltar que após a conclusão, pelo preso, de ensino fundamental, médio ou superior durante o cumprimento da pena, desde que certificada pelo órgão competente do sistema de educação, o tempo remido em função das horas de estudo será acrescido de 1/3 (um terço), medida esta mais que salutar.
O sentenciado que estiver cumprindo pena em regime aberto ou semiaberto, bem como o que usufrui liberdade condicional poderá remir, pela frequência a curso de ensino regular ou de educação profissional, parte do tempo de execução da pena ou do período de prova, observado o disposto no inciso I do § 1º do art. 126, da LEP, aplicando-se também, o disposto no referido artigo, às hipóteses de prisão cautelar. Quanto ao caso de prisão cautelar, a remição ficará condicionada a uma futura condenação.
A autoridade administrativa encaminhará mensalmente ao juízo da execução cópia do registro de todos os apenados que estejam trabalhando ou estudando, com informações dos dias de trabalho ou das horas de frequência escolar ou de atividades de ensino de cada um deles. 
O condenado pode requerer autorização para estudar fora do estabelecimento prisional. Caso deferido o pedido, deverá comprovar mensalmente, por meio de declaração da respectiva unidade de ensino, a frequência e o aproveitamento escolar.
4 DA POSSIBILIDADE DE REMIÇÃO CUMULATIVA PELO TRABALHO E ESTUDO
Antes da Lei 12.433 já se via a possibilidade de cumulação de pedidos. Esta é outra questão pacificada com previsão legal contida no § 3º do art. 126, da LEP. Alguns tribunais decidiam de forma a conceder o benefício, sendo possível a cumulação das atividades laborativas e escolares. O STJ, conforme pode ser visto em julgados passados, entendia que poderia haver cumulação, mas que a jornada diária não deveria passar de oito horas.
Resta, pacificada a matéria, observando a redação do § 3º, bastando, para tanto, que as horas de trabalho e estudosejam definidas de forma a se compatibilizarem. 
5 DA PERDA DOS DIAS REMIDOS
O dispositivo que tratava da perda dos dias remidos também foi objeto de alteração com a Lei 12.433/11. Cumpre ressaltar que antes da vigência da referida lei, o apenado que cometesse falta grave durante o cumprimento da pena, perdia o direito ao tempo que já havia remido, começando o novo período a partir da data da infração disciplinar. Era, portanto, a antiga redação do art. 127, da LEP.
Vale dizer que o art. 50, da Lei de Execução Penal, revela as formas de infrações disciplinares em que pode incorrer o sentenciado.
A nova redação traz o seguinte entendimento, in verbis: “Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 (um terço) do tempo remido, observado o disposto no art. 57, recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar”. Importante se mostra a necessidade de fazer alguns apontamentos. Insta, precipuamente, salientar que na antiga redação, verificava-se a possibilidade automática de perda dos dias remidos, por conta do cometimento de falta grave. Alguns alegavam que era inconstitucional o apenado perder todos os dias até então remidos, por conta de um cometimento de infração disciplinar. A doutrina que advogava a tese da inconstitucionalidade dizia que violava a segurança jurídica, o direito adquirido e a coisa julgada, bem como afrontava os princípios norteadores da execução. Ao revés, a doutrina que entendia perfeitamente possível a perda dos dias remidos, acreditava que não havia violação dos princípios supracitados, alegando, inclusive que o STF decidiu reiteradas vezes no sentido da constitucionalidade do art. 127, o que ensejou na edição da Súmula Vinculante 9, que estabelece: “O disposto no artigo 127 da Lei n. 7.210/84 foi recebido pela ordem constitucional vigente e não se lhe aplica o limite temporal previsto no caput do artigo 58”.
Com efeito, a nova redação trouxe benefícios para o detento. Antes, como disse acima, a perda dos dias remidos antes da Lei 12.433/11 era automática. Com o advento da lei, o juiz pode, ao seu alvedrio, até deixar de aplicar a sanção. Contudo, caso entenda, analisando o disposto do art. 57, poderá aplicar a sanção, podendo perder o apenado até 1/3 (um terço) dos dias remidos.
Para que o apenado perca seus dias remidos, faz-se necessário o juiz da execução prolatar sentença nesse sentido, não somente homologando, dando o direito para o detento se defender, em respeito ao due process of law, o qual é corolário do contraditório e ampla defesa, que são, indubitavelmente, vigas mestras do Estado Democrático de Direito. Caso o juiz não proceda dessa maneira, qualquer decisão restará eivada de nulidade.
Por fim, vale dizer, a alteração do art. 127, por se tratar de lei mais benéfica, deverá retroagir, devendo os juízes, ex officio, reverem suas decisões, no sentido de aplicar a sanção prevista na nova redação insculpida no referido artigo. 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Do estudo feito, diante de todo exposto, em que pese toda a dificuldade para o bom cumprimento da pena no sistema penitenciário brasileiro, visto este ser falho, resta imensurável a importância desse instituto para que se leve a efeito a (res)socialização do detento, resgatando valores reputados da maior relevância para a sociedade, inserindo na mente do apenado, a importância do trabalho digno, honesto, mormente, do estudo, fazendo com que o sentenciado se sinta capaz de enfrentar o mundo fora das grades da prisão de maneira mais segura, com a finalidade de que possa prover seu próprio sustento sem ter que delinquir. 
Quanto às inovações trazidas pela Lei 12.433/2011, estas só podem ser objetos de elogios, visto que melhor cumprem a finalidade da pena, atendendo os princípios da execução. Com o advento da lei ora em comento, pôs-se fim a algumas discussões sobre o instituto e suas particularidades, garantindo ao apenado um tratamento mais humano durante a execução de sua pena. 
Referências bibliográficas
BRASIL. Lei de Execução Penal: Lei n. 7.210, de 11 de julho de 1984. Brasília. Disponível em:
http//.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L7210.htm. Acesso em 29 de maio de 2012.
CAPEZ, Fernando. Execução penal simplificado. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir. 38. ed. Petrópolis: Vozes, 2010.
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal - Parte Geral. 14. ed. Rio de Janeiro: Editora Impetus, 2012.
MARCÃO, Renato Flávio. Curso de Execução Penal. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
PRADO, Luiz Regis; HAMMERSCHMIDT, Denise; MARANHÃO, Douglas Bonaldi; COIMBRA, Mário. Direito de Execução Penal. 2. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011.
SILVA, José Adaumir Arruda da; SILVA NETO, Arthur Corrêa da. Execução Penal: Novos rumos, novos paradigmas. Manaus: Editora Aufiero, 2012.

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