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Direito civil - completo

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Introdução: 
O casamento é ATO PESSOAL E SOLENE. 
 É PESSOAL, pois cabe unicamente aos nubentes 
manifestar sua vontade. Trata-se, também, ao 
lado do testamento, do ato mais SOLENE do 
direito brasileiro e assim é na maioria das 
legislações. A lei o reveste de uma série de 
formalidades perante autoridade do Estado que 
são de sua própria essência para garantir a 
PUBLICIDADE, outorgando com isso garantia de 
validade ao ato. A solenidade inicia-se com os 
editais, desenvolve-se na própria cerimonia de 
realização e prossegue em sua inscrição no 
registro público. 
Durante muito tempo, o vínculo do casamento foi 
indissolúvel por princípio constitucional em nosso 
sistema, até que a legislação admitisse o divórcio. 
O casamento, antes da CF/88, dava origem a 
SOCIEDADE CONJUGAL, uma sociedade firmada entre 
duas pessoas de sexos opostos, que envolvia 
questões afetivas de desenvolver família, cuidado 
mútuo entre os cônjuges, planejamento no que 
tange onde fixar domicílio, por exemplo, e, 
principalmente, questões patrimoniais. 
Nesse cenário PRÉ-CONSTITUCIONAL, se os cônjuges 
desejassem se separar, primeiro havia que se 
dissolver a sociedade conjugal através de uma AÇÃO 
JUDICIAL DE SEPARAÇÃO. Feita a separação, os 
cônjuges separados ingressariam com uma ação de 
conversão da separação em divórcio e aí sim, o 
divórcio colocava (e coloca) fim ao casamento. 
Então, exigiam-se dois procedimentos: 
1. Ação de dissolução da sociedade conjugal; 
2. Ação de divórcio. 
 Qual a razão para que o sistema fosse assim? A 
importância da família, que não poderia ser 
desfeita facilmente. 
Nessa época, vigorava o PODER PATRIARCAL ou 
PÁTRIO PODER, isto é, o chefe da família era o HOMEM, 
todas as decisões do núcleo familiar, passavam, 
necessariamente, por ele. Só na falta do homem, 
legitimava-se a mulher para as decisões da casa. 
 A primeira mudança de paradigmas, com a 
CF/88 e o CC/2002, foi a substituição do PODER 
PATRIARCAL pelo PODER FAMILIAR. 
 Outra mudança foi a forma de constituição de 
família. 
Durante muito tempo nosso legislador viu no 
casamento a única forma de constituição familiar, 
negando efeitos jurídicos à união livre, mais ou 
menos estável, traduzindo essa posição em nosso 
Código Civil de 1916. Essa oposição dogmática, em um 
país no qual largo percentual da população é 
historicamente formado de uniões sem casamento, 
persistiu por muitas décadas em razão da inegável 
influência da Igreja católica. Coube por isso à 
doutrina, a partir da metade do século XX, tecer 
posições em favor da união estável, preparando 
terreno para a alteração legislativa. 
Na UNIÃO ESTÁVEL, existe a convivência do homem e 
da mulher (ou de dois homens/duas mulheres) sob 
o mesmo teto ou não, mas more uxório, isto é, 
convívio como se marido e esposa fossem. A lei se 
refere a essas pessoas como COMPANHEIROS. 
Com a promulgação da CF/88, o Estado passou a 
conferir proteção à união estável entre o homem e 
a mulher como entidade familiar. A lei não define 
essa união, referindo-se apenas a alguns de seus 
elementos idôneos: “É reconhecida como entidade 
familiar à convivência duradoura, pública e contínua, 
de um homem e uma mulher (ou homem/homem e 
mulher/mulher), estabelecida com objetivo de 
constituição de família”. 
O art. 1.724 do CC estabelece que as relações entre 
os companheiros devem pautar-se por LEALDADE, 
RESPEITO e ASSISTENCIA, e de GUARDA, SUSTENTO e 
EDUCAÇÃO dos filhos. 
A união estável para ser reconhecida, exigia a 
comprovação de que o casal estivesse convivendo 
junto há, pelo menos, 05 anos. Depois, o prazo caiu 
para 03 anos, e hoje não se exige tempo nenhum, 
basta o animus (intenção de constituir família). 
Ademais, a união estável pode ser REGULAR ou 
IRREGULAR. 
REGULAR – não é no sentido de ser legal, é no sentido 
de estar regulamentada ou não. Ela é regular 
quando existe um documento, um contrato de 
constituição, que pode ser por escritura pública 
(preferencialmente) ou por instrumento particular. 
Nesse contrato pode-se (e deve-se) prever o regime 
de bens. 
IRREGULAR – também chamada de união estável de 
fato, não há contrato, são duas pessoas que se 
unem e passam a conviver juntas. Em direito não há 
diferença nenhuma entre elas, a diferença reside 
apenas na comprovação. Na regular, basta 
apresentar o contrato de constituição; na irregular 
depende de uma sentença judicial, caso em que os 
conviventes ou companheiros deverão ajuizar uma 
ação de reconhecimento ou extinção da união 
estável, com instrução probatória. 
Condições necessária à existência, 
validade e regularidade do matrimônio: 
Para que o ato nupcial seja VÁLIDO e EFICAZ, precisa 
preencher certas condições imprescindíveis a sua 
existência jurídica, a sua validade e a sua 
regularidade. 
O casamento tinha como pilar o pressuposto da 
diversidade de sexo dos nubentes. Todavia, o 
Enunciado n. 601 da 7º Jornada de Direito Civil do 
CJF/STJ, admitiu como existente e válido o 
casamento entre pessoas do mesmo sexo, bem 
como o CNH, Res. N. 175/2013. 
Ter-se-á casamento inexistente, se não houver 
celebração na forma prevista em lei. Por exemplo: 
se duas pessoas se declaram casadas redigindo um 
instrumento particular temporário; se o ato nupcial 
se der perante um simples particular; se o oficial do 
Registro lavrar um assento matrimonial sob forte 
coação, etc. Dever-se-á atentar para a boa-fé de 
ambos os cônjuges ou um deles, caso em que se tem 
casamento putativo (a pessoa realmente acreditou 
que estava casando), e cujos efeitos são, de certa 
forma, reconhecidos pela ordem jurídica. 
Como o matrimônio repousa no MÚTUO 
CONSENTIMENTO DOS INTERESSADOS, se houver 
ausência total de consentimento, ter-se-á ato 
inexiste. Exemplificativamente; se um dos nubentes 
conservar-se indiferente à indagação do juiz; se a 
celebração se efetiva apesar de ter havido 
declaração negativa de um dos noivos; se a 
embriaguez de um dos consortes lhe tira 
totalmente a consciência, não mais sabendo o que 
diz. 
As CONDIÇÕES NECESSÁRIAS À VALIDADE DO ATO 
NUPCIAL classificam-se em dois grupos: 
 O das condições naturais de aptidão física e 
intelectual; e 
 O das condições de ordem social e moral. 
Dentre as condições de aptidão física e intelectual 
têm-se: 
a) A PUBERDADE – a norma jurídica estabelece um 
limite de idade, no qual se presume que todos se 
tornam púberes, aptos para procriar; assim 
proíbe o matrimônio das mulheres e dos 
homens menores de 16 anos, sob pena de 
anulação. 
IDADE NÚBIL; 16 ANOS; 
b) A POTÊNCIA: entende-se que, normalmente, os 
nubentes devem ser capazes de efetivar a 
conjunção carnal, admitindo-se a anulação do 
casamento nos casos de impotentia coeundi, 
desde que interesse ao cônjuge que antes do 
casamento ignorava esse defeito físico 
irremediável (CC, art. 1.557, III). Já a impotentia 
generandi ou esterilidade não dá lugar à 
invalidade do casamento, pois a aptidão para 
procriar não está incluída entre as condições 
essenciais à sua validade. 
c) A SANIDADE FÍSICA – pois a existência de defeito 
físico irremediável ou de doença grave 
contagiosa ou transmissível, capaz de pôr em 
risco a saúde do outro cônjuge ou de sua 
descendência, ANTERIOR AO MATRIMÔNIO, 
constitui ERRO ESSENCIAL (CC, art. 1.557, III), DESDE 
QUE DESCONHECIDA PELO OUTRO NUBENTE, 
possibilitando a anulação do casamento. Prova-
se tal moléstia pelo exame pré-nupcial, mas em 
nosso ordenamento ele não é exigido para 
habilitação matrimonial, com exceção do 
casamento entre parentes colaterais do 
terceiro grau, caso em que deve ser feito 
perante dois médicos, nomeados pelo juiz, que 
atestem a sanidade dos noivos, afirmando que a 
realização do ato nupcial não porá em risco a 
saúde de nenhum deles e da prole. 
d) O CONSENTIMENTO ÍNTEGRO, ISENTO DE VÍCIO: hábil 
para invalidar o matrimônioé o erro que incidir 
em um fato que repercuta na convivência 
conjugal, tornando insuportável a vida em 
comum, por dizer respeito ás qualidades 
substancias, morais ou pessoais e à identidade 
civil ou social do nubente, uma vez que o exato 
conhecimento do defeito teria evitado o 
casamento, pois o consentimento não teria sido 
dado. O CC (art. 1.557) considera erro essencial 
sobre a pessoa do outro cônjuge idôneo para 
anular o casamento: o que diz respeito à sua 
identidade, sua honra e boa fama; a ignorância 
de crime, anterior ao casamento; a ignorância, 
anterior ao casamento, de defeito físico 
irremediável (que não caracterize deficiência) ou 
de moléstia grave e transmissível capaz de pôr 
em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua 
descendência. 
Em matéria matrimonial, a coação inclui-se no 
rol dos vícios de consentimento capazes de 
acarretar a anulabilidade das núpcias (CC, art. 
1.558). Não deve se casar a pessoa por qualquer 
razão coacta, desde que o consentimento tenha 
sido captado, mediante fundado temor de mal 
considerável e iminente para a vida, saúde e a 
honra, sua ou de seus familiares. Mas, se, apesar 
da proibição, houver casamento, o que sofreu 
coação está legitimado a propor ação de 
anulação (CC, art. 1.559), pouco importante que o 
constrangimento tenha sido obra do outro 
cônjuge ou de terceiro. 
São condições de ordem social: 
a) REPRESSÃO À BIGAMIA: nulo será o matrimônio 
de pessoa casada, pois, do princípio da 
monogamia decorre a proibição de segundo 
casamento, enquanto o primeiro não se 
dissolver; logo, é condição necessária à validade 
do casamento que os nubentes sejam solteiros, 
viúvos ou divorciados. 
b) PRAZO DE VIUVEZ; 
c) TUTELA E CURATELA ENQUANTO NÃO CESSADAS E 
SALDADAS AS CONTAS; 
São condições de ordem moral: 
a) A proibição do casamento em virtude de 
parentesco ou afinidade – tem-se em vista 
razão de ordem fisiológica, já que o matrimônio 
entre parentes próximos é desfavorável à 
melhoria da raça; e de ordem moral, já que 
produz graves inconvenientes. 
b) A proibição do matrimônio por homicídio ou 
tentativa de homicídio – assim é nulo o 
matrimônio do cônjuge com o condenado pelo 
homicídio ou tentativa do homicídio do outro 
consorte. 
c) O consentimento dos ascendentes ou 
representantes legais. 
Do casamento – disposições gerais: 
Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena 
de vida, com base na igualdade de direitos e deveres 
dos cônjuges. 
A lei estabelece IGUALDADE JURÍDICA entre marido e 
mulher quanto aos direitos e às obrigações, que 
consistem na fidelidade mútua, na coabitação, na 
assistência material e imaterial entre ambos em 
relação aos filhos (criar, amparar, educar e 
prepara-los para o futuro), e no respeito a e na 
consideração mútua. 
Art. 1.512. O casamento é civil e gratuita a sua 
celebração. 
Parágrafo único. A habilitação para o casamento, o 
registro e a primeira certidão serão isentos de 
selos, emolumentos e custas, para as pessoas cuja 
pobreza for declarada, sob as penas da lei. 
 A celebração do ato nupcial preconizada por 
autoridade competente é realizada gratuitamente. 
O registro, a primeira certidão e a habilitação 
matrimonial são documentos custosos, ou seja, os 
selos, emolumentos e custas serão cobradas, salvo 
para aqueles cuja pobreza for comprovada. 
Art. 1.513. É defeso a qualquer pessoa, de direito 
público ou privado, interferir na comunhão de vida 
instituída pela família. 
O planejamento familiar é de livre decisão do casal, 
competindo ao Estado proteger e não imiscuir na 
relação, ou seja, o Estado deve apenas propiciar 
recursos educacionais e financeiros para o 
exercício desse direito. 
Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em 
que o homem e a mulher manifestam, perante o juiz, 
a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o 
juiz os declara casados. 
A solenidade da celebração do casamento é 
antecedida da HABILITAÇÃO DOS NUBENTES, e 
revestida de SOLENIDADE PRESCRITA PELA LEI, sem o 
que o casamento não se celebra validamente. A 
liberdade dos cônjuges é condição fundamental para 
a validade do casamento. A manifestação deles há 
de ser por livre e espontânea vontade. 
O juiz a que se refere o dispositivo é o JUIZ DE PAZ, 
autoridade competente para, na forma da lei, 
celebrar casamentos. Os nubentes têm que 
declarar “SIM” ou “NÃO”, e não podem titubear na 
hora da resposta, a intenção de contrair 
matrimônio deve ser manifestada expressamente. 
O casamento se efetiva diante das seguintes 
palavras do juiz; “eu vos declaro casados perante a 
lei”. 
No casamento não se aplica o brocardo “quem cala, 
consente”, neste caso, quem cala, não casa. 
Art. 1.515. O casamento religioso, que atender às 
exigências da lei para a validade do casamento civil, 
equipara-se a este, desde que registrado no 
registro próprio, produzindo efeitos a partir da 
data de sua celebração. 
O CC prevê duas hipóteses para conferir efeitos 
civis ao casamento celebrado perante autoridade 
ou ministro religioso. A primeira é a de celebração 
ter ocorrido após a habilitação dos nubentes 
perante o registro civil. Neste caso, exige-se que a 
celebração tenha ocorrido dentro do prazo de 
validade da habilitação, ou seja, 90 dias, e que o 
celebrante faça a comunicação do fato (ou qualquer 
interessado o requeira) ao oficial do registro civil 
onde haja sido feita a habilitação. 
A segunda hipótese prevê a possibilidade de a 
celebração ter precedido a habilitação. Neste caso, 
os interessados devem proceder à habilitação para 
realiza o registro. 
O registro produzirá efeitos jurídicos a contar da 
celebração do casamento. Ou seja, os efeitos 
retroagem à data da celebração religiosa (efeitos ex 
tunc). 
 CC, art. 1.516 
Art. 1.516. O registro do casamento religioso 
submete-se aos mesmos requisitos exigidos para o 
casamento civil. 
§ 1° O registro civil do casamento religioso deverá 
ser promovido dentro de noventa dias de sua 
realização, mediante comunicação do celebrante ao 
ofício competente, ou por iniciativa de qualquer 
interessado, desde que haja sido homologada 
previamente a habilitação regulada neste Código. 
Após o referido prazo, o registro dependerá de 
nova habilitação. 
Os interessados no registro civil do casamento 
religioso, devem ficar atentos à validade da 
habilitação civil para o casamento que é de 90 dias. 
Mister relembrar que o prazo tratado é 
decadencial, pois é faculdade dos nubentes celebrar 
o ato nupcial. Esgotado o prazo, sem a celebração 
do casamento, decai o direito e surge a necessidade 
de uma nova habilitação. 
§ 2º O casamento religioso, celebrado sem as 
formalidades exigidas neste Código, terá efeitos civis 
se, a requerimento do casal, for registrado, a 
qualquer tempo, no registro civil, mediante prévia 
habilitação perante a autoridade competente e 
observado o prazo do art. 1.532. 
Tendo sido celebrado casamento religioso sem que 
os nubentes tivessem cuidado previamente da 
habilitação civil, o registro civil poderá se dar depois, 
a qualquer tempo, mas desde que providenciada a 
habilitação e requerido o registro civil da celebração 
religiosa. 
§ 3º Será nulo o registro civil do casamento religioso 
se, antes dele, qualquer dos consorciados houver 
contraído com outrem casamento civil. 
Caso um dos nubentes já tenha realizado ato nupcial 
com outrem, o ato posterior será nulo mediante 
registro civil por razão de bigamia, que constitui 
impedimento matrimonial. 
A hipótese é de nulidade do registro e não do 
casamento civil. Este não se considera nulo, mas já 
não é hábil para produzir efeitos civis. 
Da capacidade para o casamento: 
Para que os maiores de 16 anos e menores de 18 
anos possam celebrar o casamento é preciso que 
haja autorização dos pais ou de seus 
representantes legais. A falta de autorização é 
causa de anulabilidade do casamento. 
O consentimentoproveniente dos pais ou 
representantes legais deve ser dado por escrito e 
especificar a pessoa com quem o nubente se 
casará. 
Se houver divergência entre os pais a respeito da 
anuência para que o filho menor se case, qualquer 
um deles poderá recorrer ao juiz para solucionar o 
desacordo. 
E no caso de emancipação? A consequência da 
emancipação, como se sabe, é a aquisição da 
capacidade civil plena. O casamento é um ATO 
JURÍDICO CIVIL, então, o emancipado pode se casar 
sem a autorização dos pais ou representantes 
legais, posto que em razão da emancipação se 
tornou absolutamente capaz para os atos da vida 
civil. 
Mas cuidado: A EMANCIPAÇÃO CESSA A INCAPACIDADE, 
MAS NÃO A MENORIDADE. 
QUESTÃO: E se por algum motivo a escritura de 
emancipação perder a validade? O casamento 
continua válido? SIM, desde que não exista má-fé do 
interessado. 
 Até a celebração do casamento podem os pais 
ou tutores revogar a autorização. 
O termo final para a revogação da autorização é o 
momento da celebração do casamento. Após a 
celebração já não mais está o menor sob o poder 
familiar, pois o casamento produz eficácia plena a 
partir de sua celebração e, entre seus efeitos, 
especificamente, o casamento faz cessar a 
incapacidade dos menores, fazendo cessar o poder 
familiar dos pais sobre os filhos. 
A revogação deverá ser feita por escrito e de 
maneira fundamentada, e entregue ao oficial do 
registro. Mas caso essa revogação aconteça no 
momento da celebração nupcial, poderá ser feita 
verbalmente, devendo constar no termo do 
casamento. É o que ocorre no momento em que o 
celebrante proclama “se alguém tem algo contra 
essa união, fale agora ou cale-se para sempre”. 
A justificativa para a possibilidade de o 
consentimento ser revogado, reside na possibilidade 
de os pais ou representantes serem cientificados 
de novas informações que os façam alterar sua 
concordância. 
No entanto, a negativa dos pais ou representantes, 
quando injusta, poderá ser suprida pelo juiz. 
Por fim, não será permitido em qualquer caso, 
mesmo com autorização dos pais ou 
representantes legais, o casamento de quem não 
atingiu a idade núbil – 16 ANOS. 
Dos impedimentos: 
A parte especial do CC subordina o matrimônio a 
certos requisitos. O objetivo do legislador foi evitar 
uniões que afetem a prole, a ordem moral ou pública 
e os interesses de terceiros. 
O IMPEDIMENTO MATRIMONIAL é a ausência de 
requisitos para o casamento. Impede, portanto, a 
realização do matrimônio válido. Se alguém contrair 
matrimônio proibido, a norma fulminará de nulidade 
tal união. 
Constituem impedimentos aquelas condições 
positivas ou negativas, de fato ou de direito, físicas 
ou jurídicas, expressamente especificadas pela lei, 
as quais, permanente ou temporariamente, 
proíbem o casamento. 
Os impedimentos distribuem-se em 3 categorias: 
 
1. Não podem casar os ascendentes com os 
descentes seja o parentesco natural ou civil – 
Parentesco natural é o que tem relação 
consanguínea, parentesco civil é o que decorre 
da lei, caso do adotado. Nesse sentido, não 
podem contrair matrimônio, por exemplo, pai 
com filha, avô e neta, bisavô e bisneta, uma vez 
que na linha reta o impedimento vai, 
teoricamente, até o infinito. 
2. Não podem casar os afins em linha reta: 
Parentesco por afinidade é aquele que se 
estabelece em virtude de casamento ou união 
estável, entre um dos cônjuges e os parentes do 
outro. Por exemplo: o pai do cônjuge é parente 
por afinidade do outro cônjuge (sogro e nora); o 
irmão do cônjuge é parente por afinidade do 
outro cônjuge (cunhados), etc. 
Assim, não podem se casar sogra e genro; 
padrasto e enteada. MESMO DISSOLVIDO O 
CASAMENTO QUE ORIGINOU A AFINIDADE, 
PERMANECE O IMPEDIMENTO. Assim, não pode o 
viúvo casar com a mãe ou filha de sua falecida 
mulher; da mesma forma o filho não pode se 
casar com a mulher de seu pai. 
Mas atenção, o impedimento é só na linha reta, 
de sorte que o cunhadio desaparece com o 
desfazimento do vínculo conjugal. Portanto, nada 
impede que o viúvo se casa com a irmã de sua 
finada mulher. 
3. Não pode se casar o adotante com quem foi 
cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi 
do adotante. 
Exemplo: A, adotante, adotou B. Logo, A é pai de 
B. B se casa com C, mas divorciam-se. A, não 
pode casar com C. 
4. Não pode ser casar os irmãos, unilaterais ou 
bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro 
grau inclusive. IRMÃOS BILATERIAS são os filhos 
do mesmo pai e da mesma mãe; IRMÃOS 
UNILATERIAS são os que tenham apenas o 
mesmo pai ou a mesma mãe. Colaterais até 
terceiro grau são os tios e sobrinhos. 
Todavia, o impedimento entre colaterais de 3º 
grau não é mais invencível. É possível o 
casamento mediante suprimento judicial e 
exame médico que ateste a sanidade dos 
cônjuges e afirme não haver incompatibilidade 
sob o ponto de vista da saúde de qualquer deles 
e da prole. 
Primos, como são colaterais de quarto grau, 
podem se casar sem nenhum tipo de 
impedimento legal. 
5. Não pode se casar o adotado com o filho do 
adotante – pois neste caso terão a posição de 
irmãos. 
6. Não pode se casar as pessoas já casadas: Este 
impedimento deriva da proibição da bigamia. 
Subsistindo o primeiro casamento válido, não se 
pode contrair um segundo. Convém lembrar que 
não constitui impedimento existência de 
casamento religioso não inscrito no registro 
civil. Assim o que for casado apenas no religioso 
poderá consorciar-se novamente. 
Impedimentos 
matrimoniais
Resultantes de 
parentesco
Consanguinidade
Afinidade
Adoção
Resultantes de 
vínculo 
Resultantes de 
crime 
7. Não pode se casar o cônjuge sobrevivente com 
o condenado por homicídio ou tentativa de 
homicídio contra o seu consorte. 
Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até 
o momento da celebração do casamento, por 
qualquer pessoa capaz. 
Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, 
tiver conhecimento da existência de algum 
impedimento, será obrigado a declará-lo. 
DECLARAÇÃO OBRIGATÓRIA DE IMPEDIMENTOS: deve 
ser feita pelo oficial de registro, pelo juiz, pelo MP e 
pelo celebrante, se no momento da celebração for 
oposto publicamente impedimento para o 
casamento. 
Das causas suspensivas: 
A violação das causas suspensivas da celebração do 
casamento, não desfaz o matrimônio, visto que não 
é nulo, nem anulável, apenas acarreta a aplicação de 
sanções previstas em lei. 
Essas causas suspensivas são estabelecidas no 
interesse da prole do casamento anterior; no intuito 
de evitar a confusão sanguínea e a confusão de 
patrimônios, na hipótese de segundas núpcias. 
Para evitar a confusão de patrimônio, não deve ser 
celebrado o casamento de viúvo ou viúva que tiver 
filho do cônjuge falecido enquanto não fizer o 
inventário dos bens do casal e der a partilha aos 
herdeiros: Isso, porque os bens confiados à 
administração do pai ou da mãe, pertencentes aos 
filhos, não podem se misturar com os bens do novo 
casal. 
Para evitar a confusão de sangue, gerando um 
conflito de paternidade, a viúva ou mulher cujo 
casamento se desfez não pode se casar nos 10 
meses que se seguirem ao desfazimento da 
sociedade conjugal. Isso porque se presume do 
marido o filho nascido nos 300 dias subsequentes à 
dissolução da sociedade conjugal, por morte, 
separação judicial, nulidade ou anulação do 
casamento. Todavia, exames que comprovem a 
inocorrência de gravidez podem dispensar a 
incidência da causa de suspensão. 
Também para evitar a confusão de patrimônio, não 
deve o divorciado se casar enquanto não houver 
sido homologada ou decidia a partilha dos bens do 
casal. 
Por fim, com o escopo de desaconselhar matrimonio 
de pessoas que se acham em poder de outrem, que 
poderia por isso conseguir um consentimento não 
espontâneo, preceitua o CC que não devem casar o 
tutor ou o curador e os seus descendentes,ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a 
pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar 
a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as 
respectivas contas. Isto é assim porque o 
administrador dos bens da incapaz poderia 
procurar no matrimonio um meio de se ver livre da 
prestação de contas, se zelou mal pelos interesses 
da pupila. 
Art. 1.524. As causas suspensivas da celebração do 
casamento podem ser arguidas pelos parentes em 
linha reta de um dos nubentes, sejam consanguíneos 
ou afins, e pelos colaterais em segundo grau, sejam 
também consanguíneos ou afins. 
As causas suspensivas da celebração do 
matrimônio por interessarem exclusivamente à 
família, só poderão ser arguidas: 
 Pelos parentes em linha reta (ascendentes ou 
descendentes), de um dos nubentes, sem 
consanguíneos ou afins; 
 Pelos colaterais em segundo grau, sejam 
consanguíneos (irmãos) ou afins (cunhados). 
IMPORTANTE: Com o advento da CF/88, não há 
diferenciação de direitos entre cônjuges e 
conviventes, de modo que as causas suspensivas e 
impeditivas do casamento, aplicam-se também à 
União Estável. Nesse sentido, se uma pessoa casada 
constitui união estável com outrem, estará 
configurado o CONCUBINATO – união espúria que não 
é reconhecida nem admitida pela nossa legislação. 
Do processo de habilitação para o 
casamento: 
No período preparatório do matrimônio tem-se o 
processo de habilitação. Na habilitação para o 
casamento os nubentes deverão demonstrar que 
estão legalmente habilitados para o ato nupcial, por 
meio de processo que corre perante o Oficial de 
Registro Civil do domicílio dos noivos; se domiciliados 
em distritos diferentes, processar-se-á no Cartório 
de Registro Civil de qual deles, sob pena de nulidade 
relativa do ato. 
Para tanto deverão apresentar um requerimento 
(feito por meio eletrônico ou mecânico) subscrito (de 
próprio punho) por eles, ou a se pedido por 
procurador. Se um ou ambos, for analfabeto, será 
assinado a rogo com duas testemunhas. 
Este requerimento deverá estar acompanhado dos 
seguintes documentos: 
I - Certidão de nascimento ou documento 
equivalente; 
II - Autorização por escrito das pessoas sob cuja 
dependência legal estiverem, ou ato judicial que a 
supra; 
III - Declaração de duas testemunhas maiores, 
parentes ou não, que atestem conhecê-los e 
afirmem não existir impedimento que os iniba de 
casar; 
IV - Declaração do estado civil, do domicílio e da 
residência atual dos contraentes e de seus pais, se 
forem conhecidos; 
V - Certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença 
declaratória de nulidade ou de anulação de 
casamento, transitada em julgado, ou do registro da 
sentença de divórcio. 
 A habilitação será feita pessoalmente perante o 
oficial do registro civil, com a audiência do MP. 
Os autos da habilitação devem ser encaminhados 
pelo oficial de registro civil ao MP para que possa 
exercer sua função de fiscal da lei. Examinará a 
capacidade dos nubentes para o casamento, 
eventual existência de impedimentos e outros 
requisitos que o caso exija. 
O juiz que tem competência para atuar nos 
procedimentos administrativos de habilitação para 
o casamento é o JUIZ DE PAZ. 
Quando no processo da habilitação de casamento 
for oposto impedimento por algum interessado ou 
houver impugnação pelo órgão do MP, cabe ao juiz 
decidir a respeito. 
Ou seja, NÃO SÃO TODAS AS HABILITAÇÕES QUE SERÃO 
HOMOLOGADAS PELO JUIZ DE PAZ, MAS TÃO SOMENTE 
AS QUE FOREM IMPUGNADAS. 
Estando em ordem a documentação, o oficial 
extrairá o edital, que se afixará durante quinze dias 
nas circunscrições do Registro Civil de ambos os 
nubentes, e, obrigatoriamente, se publicará na 
imprensa local, se houver. 
O objetivo da publicidade do casamento é permitir 
que seja revelada, por qualquer pessoa, a existência 
de possíveis impedimentos ao enlace. Decorrido o 
prazo legal sem que sejam opostos impedimentos 
ou causas suspensivas, presumem-se inexistentes 
obstáculos para a celebração. Ausente qualquer 
impedimento, o oficial do registro expedirá certidão 
indicando a habilitação dos pretendes para se 
casarem dentro de 90 dias. 
Em casos de urgência, a autoridade competente 
poderá dispensar a publicação. 
 É dever do oficial do registro esclarecer os 
nubentes a respeito dos fatos que podem 
ocasionar a invalidade do casamento, bem como 
sobre os diversos regimes de bens. 
 Tanto os impedimentos quanto as causas 
suspensivas serão opostos em declaração 
escrita e assinada, instruída com as provas do 
fato alegado, ou com a indicação do lugar onde 
possam ser obtidas. Para oportunizar o 
contraditório o oficial do registro dará aos 
nubentes ou a seus representantes nota da 
oposição, indicando os fundamentos, as provas 
e o nome de quem a ofereceu. Podem os 
nubentes requerer prazo razoável para fazer 
prova contrária aos fatos alegados, e promover 
as ações civis e criminais contra o oponente de 
má-fé. 
 Cumpridas as formalidades e verificada a 
inexistência de fato obstativo, o oficial do 
registro extrairá o certificado de habilitação, 
cuja eficácia será de 90 dias. Se, passados 90 
dias, o casal não efetivar o matrimônio, terão de 
se submeter a nova habilitação. 
Da celebração do casamento: 
A norma jurídica, devido à grande importância social 
do matrimônio e para garantir a integridade do 
consentimento dos nubentes, reveste a cerimonia 
nupcial de solenidades especiais dando-lhe a devida 
publicidade. 
Preenchidos todos os requisitos, celebrar-se-á o 
casamento no dia, hora e lugar previamente 
designados pela autoridade que tiver de presidir o 
ato. 
 A nesse respeito, pode-se dizer que subsiste o 
casamento celebrado por aquele que, sem 
possuir a competência exigida na lei, exercer 
publicamente as funções de juiz de casamentos 
e, nessa qualidade, tiver registrado o ato no 
Registro Civil. 
A celebração do casamento é ato público e solene. A 
regra é no sentido de que a cerimonia tenha lugar 
no edifício público sede do cartório. A exceção é a do 
casamento celebrado fora das dependências do 
cartório. Nessa hipótese, o local da celebração deve 
se manter de portas abertas, durante o ato oficial. 
Se a autoridade celebrante for ministro religioso, a 
publicidade do ato também não se dispensa. 
Testemunhas da celebração: 
 Serão 2 se a celebração se der na sede do 
cartório; 
 Serão 4 se a celebração ocorrer em outro local 
ou se algum dos contraentes não souber ou não 
puder escrever. 
AUSENCIA DA AUTORIDADE CELEBRANTE: Nas hipóteses 
do art. 1.539 (casamento realizado em caso de 
moléstia grave de um dos nubentes) e do art. 1.540 
(casamento nuncupuativo), o casamento pode vir a 
ser celebrado perante quem não seja autoridade 
competente. Inclusive, o casamento no caso de 
moléstia grave será realizado no local onde se 
encontrar o nubente impedido de se deslocar, ainda 
que à noite. 
Art. 1.535. Presentes os contraentes, em pessoa ou 
por procurador especial, juntamente com as 
testemunhas e o oficial do registro, o presidente do 
ato, ouvida aos nubentes a afirmação de que 
pretendem casar por livre e espontânea vontade, 
declarará efetuado o casamento, nestes termos: 
"De acordo com a vontade que ambos acabais de 
afirmar perante mim, de vos receberdes por 
marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro 
casados." 
 PALAVRAS SACRAMENTAIS PROFERIDAS PELO 
CELEBRANTE. 
 Casamento por procuração: O CC prevê a 
possibilidade de, no momento da celebração, os 
contraentes declararem vontade por 
procuração com poderes especiais. Não é 
necessário haver igualdade de sexo entre o 
representado e o procurador. Da mesma forma, 
ambos os nubentes podem fazer-se 
representar por procurador, desde que sejam 
procuradores distintos. 
A celebração do casamento será imediatamente 
suspensa se algum dos contraentes: 
1. Recusar a solene afirmação de sua vontade;2. Declarar que a sua vontade não é livre e 
espontânea; 
3. Manifestar-se arrependido. 
Também será suspensa a celebração se o 
procurador não se apresentar munido de 
procuração, ou se o instrumento não se revestir 
das solenidades exigidas em lei. 
Se o nubente se arrepender e manifestar desejo de 
prosseguir com o casamento, poderá se retratar, 
MAS NÃO NO MESMO DIA. Deverão se casar, no 
mínimo, no dia seguinte, enquanto a habilitação seja 
válida. 
 Casamento nuncupuativo: Esta modalidade de 
celebração tem lugar quando algum dos 
contraentes estiver em iminente risco de vida e 
não puder contar com a presença da 
autoridade celebrante, dada a urgência da 
celebração. Por isso o número de testemunhas 
exigido é maior, em número de 06, e que não 
tenham parentesco em linha reta ou na 
colateral, até segundo grau com os nubentes. 
Vale dizer que, o nubente pode estar em 
evidente risco de morte, mas tem que estar em 
pleno consentimento mental, isto é, deve estar 
consciente. 
Não se pode realizar um casamento, quando um 
dos nubentes sofreu um AVC, está em coma e 
respirando por aparelhos, pois ele não poderá 
manifestar sua vontade. 
Da invalidade do casamento: 
O casamento celebrado em determinadas 
condições, pode ser NULO ou ANULÁVEL. 
É NULO o casamento contraído por infringência de 
impedimento. A decretação da nulidade pode ser 
promovida mediante ação direta, por qualquer 
interessado ou pelo MP. 
 Não há como suprir a nulidade do ato ou do 
negócio jurídico, sendo insuscetível de 
confirmação ou de convalescência pelo decurso 
de tempo. Nesse sentido a pretensão de 
declaração de nulidade do casamento é 
perpétua, razão pela qual a ação declaratória de 
nulidade poderá ser proposta a qualquer tempo. 
A sentença que reconhece a nulidade do 
casamento tem eficácia ex tunc, retroagindo a 
data da celebração do casamento. 
 Exceção à regra é o casamento putativo – 
casamento nulo contraído de boa-fé por ambos 
os cônjuges. 
Por sua vez, é ANULÁVEL o casamento: 
I - De quem não completou a idade mínima para 
casar; 
II - Do menor em idade núbil, quando não autorizado 
por seu representante legal; 
III - Por vício da vontade, 
IV - Do incapaz de consentir ou manifestar, de modo 
inequívoco, o consentimento; 
V - Realizado pelo mandatário, sem que ele ou o 
outro contraente soubesse da revogação do 
mandato, e não sobrevindo coabitação entre os 
cônjuges; 
VI - Por incompetência da autoridade celebrante. 
Anulação por vício de vontade: 
O casamento pode ser anulado por vício da vontade, 
se houve por parte de um dos nubentes, ao 
consentir, erro essencial quanto à pessoa do outro. 
A ação de nulidade de casamento por erro quanto à 
pessoa só pode ser promovida pelo cônjuge 
enganado, mas, uma vez ajuizada, é lícito aos 
herdeiros prosseguirem no feito, no caso de morte 
de um dos cônjuges. 
Considera-se erro essencial quanto à pessoa: 
I - O que diz respeito à sua identidade, sua honra e 
boa fama, sendo esse erro tal que o seu 
conhecimento ulterior torne insuportável a vida em 
comum ao cônjuge enganado; 
É o caso da pessoa que seja dada a prostituição. A 
anulação do casamento, todavia, dependerá de 
analise casuística. Por exemplo: João se casa com 
Mila, que há muitos anos atrás se prostituia para 
sobreviver, mas hoje tem conduta social louvável. 
Após 05 anos de casados, João descobre o passado 
de Mila e deseja anular o casamento. Muito 
provavelmente a demanda será improcedente – 
fatos ocorridos há muito tempo não têm mais o 
poder de gerar constrangimento ao outro cônjuge. 
II - A ignorância de crime, anterior ao casamento, 
que, por sua natureza, torne insuportável a vida 
conjugal; 
III - A ignorância, anterior ao casamento, de defeito 
físico irremediável que não caracterize deficiência 
ou de moléstia grave e transmissível, por contágio 
ou por herança, capaz de pôr em risco a saúde do 
outro cônjuge ou de sua descendência; 
Não se trata do caso em que o cônjuge tem alguma 
deficiência ou porta alguma doença grave, como HIV. 
Trata-se, na verdade, de VÍCIO INSTRUMENTAL que, 
em regra, IMPEDE A CONJUNÇÃO CARNAL. 
Esse defeito instrumental se biparte em: 
 IMPOTENCIA COEUNDI: aquela em que o homem 
não consegue praticar o ato sexual. É um erro 
considerado essencial que se percebido antes 
não resultaria no casamento, por isso, essa 
condição torna o casamento anulável. 
 IMPOTENCIA GENERANDI: é a questão da 
esterilidade, onde o homem tem um problema e 
não pode procriar. Esse tipo de impotência não 
leva à anulação do casamento, pois hoje em dia 
existem diversas formas de suprir essa 
infertilidade do parceiro, como a reprodução 
assistida. 
A reprodução assistida pode ser HOMOLOGA (há 
relação de DNA entre os pais e o feto) ou 
HETEROLOGA (não há relação de DNA, o sêmen é 
obtido num banco de sêmen). 
 A mulher também pode ser acometida do vício 
da COITOFOBIA. 
IMPORTANTE: Esses vícios devem existir antes do 
casamento e ser desconhecido do parceiro(a), se 
surgirem depois de contraído o matrimônio, não há 
de se falar em nulidade ou anulabilidade, mas sim em 
divórcio. 
Ademais, alegados esses defeitos, a parte não pode 
ser obrigada a se submeter a exame pericial, em 
razão do princípio da dignidade humana. 
É anulável também o casamento em virtude de 
coação, quando o consentimento de um ou de ambos 
os cônjuges houver sido captado mediante fundado 
temor de mal considerável e iminente para a vida, a 
saúde e a honra, sua ou de seus familiares. 
 Somente o cônjuge que incidiu em erro, ou 
sofreu coação, pode demandar a anulação do 
casamento; mas a coabitação, havendo ciência 
do vício, valida o ato, ressalvada a hipótese de 
defeito físico. 
Prazos para anulação do casamento: 
 180 dias no caso de casamento de incapaz; 
 02 anos se incompetente a autoridade 
celebrante; 
 03 anos no caso de erro quanto à pessoa, 
ignorância de crime anterior e de defeito 
irremediável; 
 04 anos se houver coação. 
 180 dias no caso de casamento celebrado sem 
procuração, contados a partir de quando o 
mandante tiver ciência da celebração. 
A anulabilidade do casamento é pretensão que se 
ajuíza por ação desconstitutiva, cujo prazo é 
decadencial. A sentença produz efeitos ex nunc. 
Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de 
boa-fé por ambos os cônjuges, o casamento, em 
relação a estes como aos filhos, produz todos os 
efeitos até o dia da sentença anulatória. 
 Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao 
celebrar o casamento, os seus efeitos civis só a 
ele e aos filhos aproveitarão. 
 Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao 
celebrar o casamento, os seus efeitos civis só 
aos filhos aproveitarão. 
Quando o casamento for anulado por culpa de um 
dos cônjuges, este incorrerá: na perda de todas as 
vantagens havidas do cônjuge inocente e na 
obrigação de cumprir as promessas que lhe fez no 
contrato antenupcial. 
Da relação de parentesco e contagem 
de graus: 
São parentes em linha reta as pessoas que estão 
umas para com as outras na relação de 
ascendentes e descendentes. 
Os parentes em linha reta são aqueles que têm um 
tronco comum e descendem uns dos outros. São os 
ASCENDENTES (pai, avô, bisavô, trisavô) e os 
DESCENDENTES (filhos, netos, bisnetos, trinetos). 
São parentes em linha colateral ou transversal, até 
o quarto grau, as pessoas provenientes de um só 
tronco, sem descenderem uma da outra. 
Os parentes em linha colateral não descendem um 
do outro, mas têm um ascendente em comum. São 
os irmãos (2º grau), tios (3º grau), sobrinhos (3º grau), 
primos (4º grau). 
O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de 
consanguinidade ou outra origem. 
 O PARENTESCO NATURAL é determinado pela 
consanguinidade. Consanguíneos são os 
parentes que têm, entre si, vínculos de sangue, 
descendendo uns dos outros (linha reta) ou de 
um tronco comum (linha colateral). O PARENTESCO CIVIL, é determinado pela lei que, 
para fixa-lo, toma por fundamento outras 
causas que não a consanguinidade, como, por 
exemplo, a adoção e o casamento. 
Contam-se, na linha reta, os graus de parentesco 
pelo número de gerações, e, na colateral, também 
pelo número delas, subindo de um dos parentes até 
ao ascendente comum, e descendo até encontrar o 
outro parente. 
Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes 
do outro pelo vínculo da afinidade. 
O parentesco por afinidade limita-se aos 
ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do 
cônjuge ou companheiro. 
Na linha reta, a afinidade não se extingue com a 
dissolução do casamento ou da união estável. 
 AFINIDADE é a relação que liga um dos cônjuges 
ou companheiros aos parentes do outro. Ex. 
sogro, sogra, cunhado, etc. Quanto ao 
parentesco por afinidade e linha reta, a norma 
prescreve que ele não cessa com a dissolução 
do casamento, continuando a gerar efeitos de 
impedimento matrimonial. Todavia, a morte de 
um dos cônjuges, desfaz o cunhadio. 
 
Os parentes de graus mais próximos, em questões 
sucessórias, excluem os de graus mais remotos. 
Além disso, os parentes possuem direitos e 
obrigações. Por exemplo: em relação aos filhos 
quem tem a obrigação de prestar alimentos são os 
pais, ou seja, os ascendentes em 1º grau. Só na 
ausência ou impossibilidade deles cumprirem a 
obrigação, serão chamados os avós (ascendentes de 
2º grau). Da mesma forma no caso de sucessão, 
primeiro serão chamados a receber a herança, os 
filhos e só na falta deles, legitimam-se os netos. 
Da filiação: 
FILIAÇÃO é o vínculo existente entre pais e filhos; 
vem a ser a relação de parentesco consanguíneo 
em linha reta de primeiro grau entre uma pessoa e 
aqueles que lhe deram a vida, podendo, ainda, ser 
uma relação socioafetiva entre pai adotivo e filho 
adotado ou advindo de inseminação artificial 
hieróloga. 
Nesse sentido, o art. 1.596 do CC, estabelece que: Os 
filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou 
por adoção, terão os mesmos direitos e 
qualificações, proibidas quaisquer designações 
discriminatórias relativas à filiação. 
A norma visa preservar a igualdade jurídica de 
tratamento de todos os filhos, quaisquer que sejam 
as causas determinantes da filiação. 
Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constância 
do casamento os filhos: 
I - Nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois 
de estabelecida a convivência conjugal; 
II - Nascidos nos trezentos dias subsequentes à 
dissolução da sociedade conjugal, por morte, 
separação judicial, nulidade e anulação do 
casamento; 
III - Havidos por fecundação artificial homóloga, 
mesmo que falecido o marido; 
IV - Havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de 
embriões excedentários, decorrentes de concepção 
artificial homóloga; 
V - Havidos por inseminação artificial heteróloga, 
desde que tenha prévia autorização do marido. 
 A lei trata neste dispositivo da PRESUNÇÃO DA 
PATERNIDADE. Nos incisos I, II, III e IV, essa 
presunção é LEGAL, e pode ser afastada por prova 
em contrário. Todavia, no caso do inciso V, a 
presunção de paternidade é ABSOLUTA e não cabe 
prova em contrário, pois se submetido a exame de 
DNA, vai constar que não é filho (natural da 
reprodução heteróloga, onde um dos gametas não 
pertence aos pais). Então, a presunção é absoluta, 
autorizou o procedimento é filho. 
Disposições gerais acerca do regime de 
bens entre os cônjuges: 
O casamento é uma instituição jurídica de eficácia 
complexa, deflagrando efeitos de variadas ordens, A 
par disso, todo um sistema de efeitos patrimoniais 
é desencadeado a partir da celebração do 
casamento. 
Por REGIME DE BENS, entenda-se o conjunto de 
normas que disciplina a relação jurídico-patrimonial 
entre os cônjuges, ou, simplesmente, o ESTATUTO 
PATRIMONIAL DO CASAMENTO. 
Nessa seara, três princípios fundamentais 
informam o sistema; o princípio da LIBERDADE DE 
ESCOLHA, o princípio da VIABILIDADE e o princípio da 
MUTABILIDADE. 
O primeiro afirma que, em regra, os nubentes 
podem, de acordo com a sua autonomia privada e 
liberdade de opção, escolher o regime que bem lhes 
aprouver. Não deve o Estado, salvo quando houver 
relevante motivo amparado em norma especifica, 
intervir coativamente na relação matrimonial, 
impondo este ou aquele regime. 
Já o princípio da variabilidade traduz a ideia de que 
a ordem jurídica não admite um regime único, mas 
sim uma multiplicidade de tipos, permitindo, assim, 
aos noivos, no ato de escolha, optar por qualquer 
deles. 
Finalmente, com a entrada em vigor do CC/2002, a 
liberdade patrimonial dos cônjuges, ganhou novos 
ares. Até então, não era dado aos consortes 
modificarem, no curso do casamento, o regime de 
bens adotado. Com o CC/2002, essa realidade mudou, 
uma vez que, admitiu-se o direito a essa mudança, a 
qualquer tempo, desde que observados os 
requisitos da lei. 
Esses 3 princípios encontram-se no art. 1.639 do CC: 
Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o 
casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que 
lhes aprouver. 
§ 1º O regime de bens entre os cônjuges começa a 
vigorar desde a data do casamento. 
§ 2º É admissível alteração do regime de bens, 
mediante autorização judicial em pedido motivado 
de ambos os cônjuges, apurada a procedência das 
razões invocadas e ressalvados os direitos de 
terceiros. 
Nessa linha, é preciso pontuar que a escolha do 
regime de bens opera-se por meio da celebração de 
um negócio jurídico especial e solene, denominado 
PACTO ANTENUPCIAL. 
 O PACTO ANTENUPCIAL consiste em um negócio 
jurídico formal, lavrado em escritura pública, 
condicionado ao casamento. Por meio deste 
negócio as partes escolhem o regime de bens 
que lhes aprouver. Vale dizer que é possível que 
os nubentes conciliem regras de regimes 
diversos, de maneira a adotar um estatuto 
patrimonial hibrido; podem, por exemplo, no 
pacto, conjugar regras da separação 
convencional com dispositivos aplicáveis ao 
regime de participação final nos aquestos. 
REGIME LEGAL SUPLETIVO: não havendo o pacto 
antenupcial ou, caso ele seja inválido (nulo ou 
anulável) ou ineficaz, aplicam-se, na esfera 
patrimonial dos cônjuges, as regras do REGIME DE 
COMUNHÃO PARCIAL DE BENS. 
REGIME LEGAL OBRIGATÓRIO: existem situações em 
que a lei impõe aos nubentes o REGIME DE 
SEPARAÇÃO DE BENS. Trata-se do denominado regime 
de separação legal ou regime de separação 
obrigatória de bens que, por traduzir restrição à 
autonomia privada, não comporta interpretação 
extensiva. Sob este fundamento, conclui-se pela 
impossibilidade de se estender esse regime 
obrigatório à UNIÃO ESTÁVEL, dada a ausência de 
previsão legal nesse sentido. O regime de separação 
obrigatória, portanto, foi previsto e regulado para o 
casamento, e não para a união estável. 
Proclama o art. 1.641 do CC: 
Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de 
bens no casamento: 
I - Das pessoas que o contraírem com inobservância 
das causas suspensivas da celebração do 
casamento; 
II – Da pessoa maior de 70 (setenta) anos; 
III - De todos os que dependerem, para casar, de 
suprimento judicial. 
A situação prevista no inciso II é absurda e 
inconstitucional. A alegação de que a separação 
patrimonial entre pessoas que convolarem núpcias 
acima de determinada idade teria o intuito de 
proteger o(a) idoso(a) das investidas de quem 
pretenda aplica o “golpe do baú” não convence. O que 
se nota é uma violência escancarada ao princípio da 
isonomia, pois, a idade, por si só, não é causa de 
incapacidade. 
Administração dos bens no casamento: Estabelecem 
os arts. 1.642 e 1.643 do CC, uma série de atos em que 
os cônjuges podem atuar livremente. LER OS 
ARTIGOS NO VADE. 
No que diz respeito, porém, a responsabilidade 
patrimonial pelas dívidas contraídas, o art.1.644, 
estabelece a solidariedade entre os cônjuges. 
Nessecontexto, mostra-se pertinente expor sobre 
a situação de impossibilidade de administração por 
um dos cônjuges. Em tal caso, estabelece o art. 1.651 
do CC; 
Art. 1.651. Quando um dos cônjuges não puder 
exercer a administração dos bens que lhe incumbe, 
segundo o regime de bens, caberá ao outro: 
I - Gerir os bens comuns e os do consorte; 
II - Alienar os bens móveis comuns; 
III - Alienar os imóveis comuns e os móveis ou 
imóveis do consorte, mediante autorização judicial. 
Registre-se, porém, que, em termos de 
responsabilidade, na forma do art. 1.652, o cônjuge 
que estiver na posse dos bens particulares do 
outro, será para com este e seus herdeiros 
responsável: 
I - como usufrutuário, se o rendimento for comum; 
II - como procurador, se tiver mandato expresso 
ou tácito para os administrar; 
III - como depositário, se não for usufrutuário, nem 
administrador. 
A regra é bastante razoável como forma de 
preservar os interesses do cônjuge impossibilitado 
de administrar. 
 Autorização conjugal (outorga uxória e outorga 
marital): 
Neste tópico, cabe tecermos algumas 
considerações sobre a autorização conjugal para a 
prática de determinado atos jurídicos. Tal tema era 
conhecido, tradicionalmente, como o instituto da 
OUTORGA UXÓRIA. Trata-se de figura jurídica de longa 
tradição, que, originalmente, tinha por finalidade 
preservar o patrimônio do casal de potenciais 
riscos assumidos somente pelo marido, na 
concepção histórica deste como “chefe da família”. 
Assim, para que o marido pudesse praticar 
especificas condutas, relacionadas aos bens do 
casal, exigia-se o consentimento expresso da 
mulher, daí a expressão “outorga uxória” (pois 
uxória, em latim, refere-se à mulher casada). 
Com o advento do princípio da igualdade entre 
homens e mulheres e, consequentemente, no campo 
especifico das relações familiares, a expressão 
“outorga uxória” foi atualizada para “AUTORIZAÇÃO 
CONJUGAL”. 
A autorização conjugal pode ser conceituada como 
a manifestação de consentimento de um dos 
cônjuges ao outro, para a prática de determinados 
atos, sob pena de invalidade. 
A matéria está disciplinada nos arts. 1.647 a 1.650 do 
CC. 
Dispõe o art.1.647: 
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, 
nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do 
outro, exceto no regime da separação absoluta: 
I - Alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis; 
Assim, se o marido, por exemplo, pretende vender 
um imóvel, ou hipoteca-lo, precisará da anuência da 
sua esposa. Todavia, vale anotar que para a 
AQUISIÇÃO de um bem imobiliário (um apartamento, 
por exemplo), a autorização não é exigida pela 
norma legal. 
II - Pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens 
ou direitos; 
III - Prestar fiança ou aval; 
Se a esposa pretender prestar uma fiança (ou aval) 
deverá colher a aquiescência do seu marido, sob 
pena de invalidade. Por isso, o credor – em favor de 
quem se presta a garantia pessoal – deverá ter o 
cuidado de exigir essa intervenção, para que não 
tenha a sua expectativa frustrada. 
IV - Fazer doação, não sendo remuneratória, de 
bens comuns, ou dos que possam integrar futura 
meação. 
Parágrafo único. São válidas as doações nupciais 
feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem 
economia separada. 
Todas as hipóteses legais se referem a situações 
em que o patrimônio do casal é potencialmente 
afetado, motivo pelo qual se exige autorização. Da 
leitura do caput do dispositivo, observamos, de logo, 
que a necessidade da autorização conjugal é 
dispensável para aqueles casados no regime de 
separação absoluta. 
 Qual a solução para o caso de o cônjuge 
injustamente negar a sua anuência? Qual seria a 
consequência jurídica decorrente da prática de 
qualquer ato sem a necessária outorga 
conjugal? 
A primeira pergunta, é respondida pelo art. 1.648 do 
CC: Cabe ao juiz, nos casos do artigo antecedente, 
suprir a outorga, quando um dos cônjuges a 
denegue sem motivo justo, ou lhe seja impossível 
concedê-la. 
Caso o cônjuge NÃO POSSA dar a autorização – por 
estar doente, por exemplo – o suprimento, 
desafiará um simples procedimento de jurisdição 
voluntária. Mas, se NÃO QUISER AUTORIZAR, diante da 
resistência apresentada e da lide configurada, 
deverá o interessado, deduzir sua pretensão em 
juízo, propondo uma demanda contra seu consorte. 
No que toca ao segundo questionamento 
(consequência da ausência da autorização conjugal), 
de repercussão mais profunda, a sua solução 
encontra-se no art. 1.649: 
Art. 1.649. A falta de autorização, não suprida pelo 
juiz, quando necessária (art. 1.647), tornará anulável 
o ato praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-
lhe a anulação, até dois anos depois de terminada a 
sociedade conjugal. 
Parágrafo único. A aprovação torna válido o ato, 
desde que feita por instrumento público, ou 
particular, autenticado. 
A ausência da autorização do outro cônjuge para a 
prática dos atos capitulados no art. 1.647 resulta na 
sua ANULABILIDADE, que poderá ser arguida no 
prazo decadencial de até dois anos após o fim de 
sociedade conjugal. 
Note-se que após o biênio, contado a partir da 
extinção da sociedade conjugal, não poderá mais ser 
pleiteada a invalidade do ato praticado. 
Acrescente-se ainda a previsão de 
CONVALESCIMENTO DO ATO INVÁLIDO, constante no 
parágrafo único do referido artigo, mediante a 
confirmação do outro cônjuge, por instrumento 
público ou particular, desde que devidamente 
autenticado. 
E no que tange à legitimidade para a propositura da 
ação anulatória, o art. 1.650 admite que, em caso de 
morte do cônjuge prejudicado, a demanda poderá 
ser proposta pelos seus herdeiros, supostamente 
prejudicados pela prática do ato. 
 REGIMES DE CASAMENTO PREVISTOS NO CC: 
1. Comunhão parcial de bens; 
2. Comunhão universal de bens; 
3. Separação (convencional ou obrigatória) de 
bens; 
4. Participação final nos aquestos (inutilizado 
atualmente).

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