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– Introdução: O casamento é ATO PESSOAL E SOLENE. É PESSOAL, pois cabe unicamente aos nubentes manifestar sua vontade. Trata-se, também, ao lado do testamento, do ato mais SOLENE do direito brasileiro e assim é na maioria das legislações. A lei o reveste de uma série de formalidades perante autoridade do Estado que são de sua própria essência para garantir a PUBLICIDADE, outorgando com isso garantia de validade ao ato. A solenidade inicia-se com os editais, desenvolve-se na própria cerimonia de realização e prossegue em sua inscrição no registro público. Durante muito tempo, o vínculo do casamento foi indissolúvel por princípio constitucional em nosso sistema, até que a legislação admitisse o divórcio. O casamento, antes da CF/88, dava origem a SOCIEDADE CONJUGAL, uma sociedade firmada entre duas pessoas de sexos opostos, que envolvia questões afetivas de desenvolver família, cuidado mútuo entre os cônjuges, planejamento no que tange onde fixar domicílio, por exemplo, e, principalmente, questões patrimoniais. Nesse cenário PRÉ-CONSTITUCIONAL, se os cônjuges desejassem se separar, primeiro havia que se dissolver a sociedade conjugal através de uma AÇÃO JUDICIAL DE SEPARAÇÃO. Feita a separação, os cônjuges separados ingressariam com uma ação de conversão da separação em divórcio e aí sim, o divórcio colocava (e coloca) fim ao casamento. Então, exigiam-se dois procedimentos: 1. Ação de dissolução da sociedade conjugal; 2. Ação de divórcio. Qual a razão para que o sistema fosse assim? A importância da família, que não poderia ser desfeita facilmente. Nessa época, vigorava o PODER PATRIARCAL ou PÁTRIO PODER, isto é, o chefe da família era o HOMEM, todas as decisões do núcleo familiar, passavam, necessariamente, por ele. Só na falta do homem, legitimava-se a mulher para as decisões da casa. A primeira mudança de paradigmas, com a CF/88 e o CC/2002, foi a substituição do PODER PATRIARCAL pelo PODER FAMILIAR. Outra mudança foi a forma de constituição de família. Durante muito tempo nosso legislador viu no casamento a única forma de constituição familiar, negando efeitos jurídicos à união livre, mais ou menos estável, traduzindo essa posição em nosso Código Civil de 1916. Essa oposição dogmática, em um país no qual largo percentual da população é historicamente formado de uniões sem casamento, persistiu por muitas décadas em razão da inegável influência da Igreja católica. Coube por isso à doutrina, a partir da metade do século XX, tecer posições em favor da união estável, preparando terreno para a alteração legislativa. Na UNIÃO ESTÁVEL, existe a convivência do homem e da mulher (ou de dois homens/duas mulheres) sob o mesmo teto ou não, mas more uxório, isto é, convívio como se marido e esposa fossem. A lei se refere a essas pessoas como COMPANHEIROS. Com a promulgação da CF/88, o Estado passou a conferir proteção à união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar. A lei não define essa união, referindo-se apenas a alguns de seus elementos idôneos: “É reconhecida como entidade familiar à convivência duradoura, pública e contínua, de um homem e uma mulher (ou homem/homem e mulher/mulher), estabelecida com objetivo de constituição de família”. O art. 1.724 do CC estabelece que as relações entre os companheiros devem pautar-se por LEALDADE, RESPEITO e ASSISTENCIA, e de GUARDA, SUSTENTO e EDUCAÇÃO dos filhos. A união estável para ser reconhecida, exigia a comprovação de que o casal estivesse convivendo junto há, pelo menos, 05 anos. Depois, o prazo caiu para 03 anos, e hoje não se exige tempo nenhum, basta o animus (intenção de constituir família). Ademais, a união estável pode ser REGULAR ou IRREGULAR. REGULAR – não é no sentido de ser legal, é no sentido de estar regulamentada ou não. Ela é regular quando existe um documento, um contrato de constituição, que pode ser por escritura pública (preferencialmente) ou por instrumento particular. Nesse contrato pode-se (e deve-se) prever o regime de bens. IRREGULAR – também chamada de união estável de fato, não há contrato, são duas pessoas que se unem e passam a conviver juntas. Em direito não há diferença nenhuma entre elas, a diferença reside apenas na comprovação. Na regular, basta apresentar o contrato de constituição; na irregular depende de uma sentença judicial, caso em que os conviventes ou companheiros deverão ajuizar uma ação de reconhecimento ou extinção da união estável, com instrução probatória. Condições necessária à existência, validade e regularidade do matrimônio: Para que o ato nupcial seja VÁLIDO e EFICAZ, precisa preencher certas condições imprescindíveis a sua existência jurídica, a sua validade e a sua regularidade. O casamento tinha como pilar o pressuposto da diversidade de sexo dos nubentes. Todavia, o Enunciado n. 601 da 7º Jornada de Direito Civil do CJF/STJ, admitiu como existente e válido o casamento entre pessoas do mesmo sexo, bem como o CNH, Res. N. 175/2013. Ter-se-á casamento inexistente, se não houver celebração na forma prevista em lei. Por exemplo: se duas pessoas se declaram casadas redigindo um instrumento particular temporário; se o ato nupcial se der perante um simples particular; se o oficial do Registro lavrar um assento matrimonial sob forte coação, etc. Dever-se-á atentar para a boa-fé de ambos os cônjuges ou um deles, caso em que se tem casamento putativo (a pessoa realmente acreditou que estava casando), e cujos efeitos são, de certa forma, reconhecidos pela ordem jurídica. Como o matrimônio repousa no MÚTUO CONSENTIMENTO DOS INTERESSADOS, se houver ausência total de consentimento, ter-se-á ato inexiste. Exemplificativamente; se um dos nubentes conservar-se indiferente à indagação do juiz; se a celebração se efetiva apesar de ter havido declaração negativa de um dos noivos; se a embriaguez de um dos consortes lhe tira totalmente a consciência, não mais sabendo o que diz. As CONDIÇÕES NECESSÁRIAS À VALIDADE DO ATO NUPCIAL classificam-se em dois grupos: O das condições naturais de aptidão física e intelectual; e O das condições de ordem social e moral. Dentre as condições de aptidão física e intelectual têm-se: a) A PUBERDADE – a norma jurídica estabelece um limite de idade, no qual se presume que todos se tornam púberes, aptos para procriar; assim proíbe o matrimônio das mulheres e dos homens menores de 16 anos, sob pena de anulação. IDADE NÚBIL; 16 ANOS; b) A POTÊNCIA: entende-se que, normalmente, os nubentes devem ser capazes de efetivar a conjunção carnal, admitindo-se a anulação do casamento nos casos de impotentia coeundi, desde que interesse ao cônjuge que antes do casamento ignorava esse defeito físico irremediável (CC, art. 1.557, III). Já a impotentia generandi ou esterilidade não dá lugar à invalidade do casamento, pois a aptidão para procriar não está incluída entre as condições essenciais à sua validade. c) A SANIDADE FÍSICA – pois a existência de defeito físico irremediável ou de doença grave contagiosa ou transmissível, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência, ANTERIOR AO MATRIMÔNIO, constitui ERRO ESSENCIAL (CC, art. 1.557, III), DESDE QUE DESCONHECIDA PELO OUTRO NUBENTE, possibilitando a anulação do casamento. Prova- se tal moléstia pelo exame pré-nupcial, mas em nosso ordenamento ele não é exigido para habilitação matrimonial, com exceção do casamento entre parentes colaterais do terceiro grau, caso em que deve ser feito perante dois médicos, nomeados pelo juiz, que atestem a sanidade dos noivos, afirmando que a realização do ato nupcial não porá em risco a saúde de nenhum deles e da prole. d) O CONSENTIMENTO ÍNTEGRO, ISENTO DE VÍCIO: hábil para invalidar o matrimônioé o erro que incidir em um fato que repercuta na convivência conjugal, tornando insuportável a vida em comum, por dizer respeito ás qualidades substancias, morais ou pessoais e à identidade civil ou social do nubente, uma vez que o exato conhecimento do defeito teria evitado o casamento, pois o consentimento não teria sido dado. O CC (art. 1.557) considera erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge idôneo para anular o casamento: o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama; a ignorância de crime, anterior ao casamento; a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável (que não caracterize deficiência) ou de moléstia grave e transmissível capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência. Em matéria matrimonial, a coação inclui-se no rol dos vícios de consentimento capazes de acarretar a anulabilidade das núpcias (CC, art. 1.558). Não deve se casar a pessoa por qualquer razão coacta, desde que o consentimento tenha sido captado, mediante fundado temor de mal considerável e iminente para a vida, saúde e a honra, sua ou de seus familiares. Mas, se, apesar da proibição, houver casamento, o que sofreu coação está legitimado a propor ação de anulação (CC, art. 1.559), pouco importante que o constrangimento tenha sido obra do outro cônjuge ou de terceiro. São condições de ordem social: a) REPRESSÃO À BIGAMIA: nulo será o matrimônio de pessoa casada, pois, do princípio da monogamia decorre a proibição de segundo casamento, enquanto o primeiro não se dissolver; logo, é condição necessária à validade do casamento que os nubentes sejam solteiros, viúvos ou divorciados. b) PRAZO DE VIUVEZ; c) TUTELA E CURATELA ENQUANTO NÃO CESSADAS E SALDADAS AS CONTAS; São condições de ordem moral: a) A proibição do casamento em virtude de parentesco ou afinidade – tem-se em vista razão de ordem fisiológica, já que o matrimônio entre parentes próximos é desfavorável à melhoria da raça; e de ordem moral, já que produz graves inconvenientes. b) A proibição do matrimônio por homicídio ou tentativa de homicídio – assim é nulo o matrimônio do cônjuge com o condenado pelo homicídio ou tentativa do homicídio do outro consorte. c) O consentimento dos ascendentes ou representantes legais. Do casamento – disposições gerais: Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges. A lei estabelece IGUALDADE JURÍDICA entre marido e mulher quanto aos direitos e às obrigações, que consistem na fidelidade mútua, na coabitação, na assistência material e imaterial entre ambos em relação aos filhos (criar, amparar, educar e prepara-los para o futuro), e no respeito a e na consideração mútua. Art. 1.512. O casamento é civil e gratuita a sua celebração. Parágrafo único. A habilitação para o casamento, o registro e a primeira certidão serão isentos de selos, emolumentos e custas, para as pessoas cuja pobreza for declarada, sob as penas da lei. A celebração do ato nupcial preconizada por autoridade competente é realizada gratuitamente. O registro, a primeira certidão e a habilitação matrimonial são documentos custosos, ou seja, os selos, emolumentos e custas serão cobradas, salvo para aqueles cuja pobreza for comprovada. Art. 1.513. É defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado, interferir na comunhão de vida instituída pela família. O planejamento familiar é de livre decisão do casal, competindo ao Estado proteger e não imiscuir na relação, ou seja, o Estado deve apenas propiciar recursos educacionais e financeiros para o exercício desse direito. Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados. A solenidade da celebração do casamento é antecedida da HABILITAÇÃO DOS NUBENTES, e revestida de SOLENIDADE PRESCRITA PELA LEI, sem o que o casamento não se celebra validamente. A liberdade dos cônjuges é condição fundamental para a validade do casamento. A manifestação deles há de ser por livre e espontânea vontade. O juiz a que se refere o dispositivo é o JUIZ DE PAZ, autoridade competente para, na forma da lei, celebrar casamentos. Os nubentes têm que declarar “SIM” ou “NÃO”, e não podem titubear na hora da resposta, a intenção de contrair matrimônio deve ser manifestada expressamente. O casamento se efetiva diante das seguintes palavras do juiz; “eu vos declaro casados perante a lei”. No casamento não se aplica o brocardo “quem cala, consente”, neste caso, quem cala, não casa. Art. 1.515. O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do casamento civil, equipara-se a este, desde que registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir da data de sua celebração. O CC prevê duas hipóteses para conferir efeitos civis ao casamento celebrado perante autoridade ou ministro religioso. A primeira é a de celebração ter ocorrido após a habilitação dos nubentes perante o registro civil. Neste caso, exige-se que a celebração tenha ocorrido dentro do prazo de validade da habilitação, ou seja, 90 dias, e que o celebrante faça a comunicação do fato (ou qualquer interessado o requeira) ao oficial do registro civil onde haja sido feita a habilitação. A segunda hipótese prevê a possibilidade de a celebração ter precedido a habilitação. Neste caso, os interessados devem proceder à habilitação para realiza o registro. O registro produzirá efeitos jurídicos a contar da celebração do casamento. Ou seja, os efeitos retroagem à data da celebração religiosa (efeitos ex tunc). CC, art. 1.516 Art. 1.516. O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos exigidos para o casamento civil. § 1° O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de noventa dias de sua realização, mediante comunicação do celebrante ao ofício competente, ou por iniciativa de qualquer interessado, desde que haja sido homologada previamente a habilitação regulada neste Código. Após o referido prazo, o registro dependerá de nova habilitação. Os interessados no registro civil do casamento religioso, devem ficar atentos à validade da habilitação civil para o casamento que é de 90 dias. Mister relembrar que o prazo tratado é decadencial, pois é faculdade dos nubentes celebrar o ato nupcial. Esgotado o prazo, sem a celebração do casamento, decai o direito e surge a necessidade de uma nova habilitação. § 2º O casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas neste Código, terá efeitos civis se, a requerimento do casal, for registrado, a qualquer tempo, no registro civil, mediante prévia habilitação perante a autoridade competente e observado o prazo do art. 1.532. Tendo sido celebrado casamento religioso sem que os nubentes tivessem cuidado previamente da habilitação civil, o registro civil poderá se dar depois, a qualquer tempo, mas desde que providenciada a habilitação e requerido o registro civil da celebração religiosa. § 3º Será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele, qualquer dos consorciados houver contraído com outrem casamento civil. Caso um dos nubentes já tenha realizado ato nupcial com outrem, o ato posterior será nulo mediante registro civil por razão de bigamia, que constitui impedimento matrimonial. A hipótese é de nulidade do registro e não do casamento civil. Este não se considera nulo, mas já não é hábil para produzir efeitos civis. Da capacidade para o casamento: Para que os maiores de 16 anos e menores de 18 anos possam celebrar o casamento é preciso que haja autorização dos pais ou de seus representantes legais. A falta de autorização é causa de anulabilidade do casamento. O consentimentoproveniente dos pais ou representantes legais deve ser dado por escrito e especificar a pessoa com quem o nubente se casará. Se houver divergência entre os pais a respeito da anuência para que o filho menor se case, qualquer um deles poderá recorrer ao juiz para solucionar o desacordo. E no caso de emancipação? A consequência da emancipação, como se sabe, é a aquisição da capacidade civil plena. O casamento é um ATO JURÍDICO CIVIL, então, o emancipado pode se casar sem a autorização dos pais ou representantes legais, posto que em razão da emancipação se tornou absolutamente capaz para os atos da vida civil. Mas cuidado: A EMANCIPAÇÃO CESSA A INCAPACIDADE, MAS NÃO A MENORIDADE. QUESTÃO: E se por algum motivo a escritura de emancipação perder a validade? O casamento continua válido? SIM, desde que não exista má-fé do interessado. Até a celebração do casamento podem os pais ou tutores revogar a autorização. O termo final para a revogação da autorização é o momento da celebração do casamento. Após a celebração já não mais está o menor sob o poder familiar, pois o casamento produz eficácia plena a partir de sua celebração e, entre seus efeitos, especificamente, o casamento faz cessar a incapacidade dos menores, fazendo cessar o poder familiar dos pais sobre os filhos. A revogação deverá ser feita por escrito e de maneira fundamentada, e entregue ao oficial do registro. Mas caso essa revogação aconteça no momento da celebração nupcial, poderá ser feita verbalmente, devendo constar no termo do casamento. É o que ocorre no momento em que o celebrante proclama “se alguém tem algo contra essa união, fale agora ou cale-se para sempre”. A justificativa para a possibilidade de o consentimento ser revogado, reside na possibilidade de os pais ou representantes serem cientificados de novas informações que os façam alterar sua concordância. No entanto, a negativa dos pais ou representantes, quando injusta, poderá ser suprida pelo juiz. Por fim, não será permitido em qualquer caso, mesmo com autorização dos pais ou representantes legais, o casamento de quem não atingiu a idade núbil – 16 ANOS. Dos impedimentos: A parte especial do CC subordina o matrimônio a certos requisitos. O objetivo do legislador foi evitar uniões que afetem a prole, a ordem moral ou pública e os interesses de terceiros. O IMPEDIMENTO MATRIMONIAL é a ausência de requisitos para o casamento. Impede, portanto, a realização do matrimônio válido. Se alguém contrair matrimônio proibido, a norma fulminará de nulidade tal união. Constituem impedimentos aquelas condições positivas ou negativas, de fato ou de direito, físicas ou jurídicas, expressamente especificadas pela lei, as quais, permanente ou temporariamente, proíbem o casamento. Os impedimentos distribuem-se em 3 categorias: 1. Não podem casar os ascendentes com os descentes seja o parentesco natural ou civil – Parentesco natural é o que tem relação consanguínea, parentesco civil é o que decorre da lei, caso do adotado. Nesse sentido, não podem contrair matrimônio, por exemplo, pai com filha, avô e neta, bisavô e bisneta, uma vez que na linha reta o impedimento vai, teoricamente, até o infinito. 2. Não podem casar os afins em linha reta: Parentesco por afinidade é aquele que se estabelece em virtude de casamento ou união estável, entre um dos cônjuges e os parentes do outro. Por exemplo: o pai do cônjuge é parente por afinidade do outro cônjuge (sogro e nora); o irmão do cônjuge é parente por afinidade do outro cônjuge (cunhados), etc. Assim, não podem se casar sogra e genro; padrasto e enteada. MESMO DISSOLVIDO O CASAMENTO QUE ORIGINOU A AFINIDADE, PERMANECE O IMPEDIMENTO. Assim, não pode o viúvo casar com a mãe ou filha de sua falecida mulher; da mesma forma o filho não pode se casar com a mulher de seu pai. Mas atenção, o impedimento é só na linha reta, de sorte que o cunhadio desaparece com o desfazimento do vínculo conjugal. Portanto, nada impede que o viúvo se casa com a irmã de sua finada mulher. 3. Não pode se casar o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante. Exemplo: A, adotante, adotou B. Logo, A é pai de B. B se casa com C, mas divorciam-se. A, não pode casar com C. 4. Não pode ser casar os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive. IRMÃOS BILATERIAS são os filhos do mesmo pai e da mesma mãe; IRMÃOS UNILATERIAS são os que tenham apenas o mesmo pai ou a mesma mãe. Colaterais até terceiro grau são os tios e sobrinhos. Todavia, o impedimento entre colaterais de 3º grau não é mais invencível. É possível o casamento mediante suprimento judicial e exame médico que ateste a sanidade dos cônjuges e afirme não haver incompatibilidade sob o ponto de vista da saúde de qualquer deles e da prole. Primos, como são colaterais de quarto grau, podem se casar sem nenhum tipo de impedimento legal. 5. Não pode se casar o adotado com o filho do adotante – pois neste caso terão a posição de irmãos. 6. Não pode se casar as pessoas já casadas: Este impedimento deriva da proibição da bigamia. Subsistindo o primeiro casamento válido, não se pode contrair um segundo. Convém lembrar que não constitui impedimento existência de casamento religioso não inscrito no registro civil. Assim o que for casado apenas no religioso poderá consorciar-se novamente. Impedimentos matrimoniais Resultantes de parentesco Consanguinidade Afinidade Adoção Resultantes de vínculo Resultantes de crime 7. Não pode se casar o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do casamento, por qualquer pessoa capaz. Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência de algum impedimento, será obrigado a declará-lo. DECLARAÇÃO OBRIGATÓRIA DE IMPEDIMENTOS: deve ser feita pelo oficial de registro, pelo juiz, pelo MP e pelo celebrante, se no momento da celebração for oposto publicamente impedimento para o casamento. Das causas suspensivas: A violação das causas suspensivas da celebração do casamento, não desfaz o matrimônio, visto que não é nulo, nem anulável, apenas acarreta a aplicação de sanções previstas em lei. Essas causas suspensivas são estabelecidas no interesse da prole do casamento anterior; no intuito de evitar a confusão sanguínea e a confusão de patrimônios, na hipótese de segundas núpcias. Para evitar a confusão de patrimônio, não deve ser celebrado o casamento de viúvo ou viúva que tiver filho do cônjuge falecido enquanto não fizer o inventário dos bens do casal e der a partilha aos herdeiros: Isso, porque os bens confiados à administração do pai ou da mãe, pertencentes aos filhos, não podem se misturar com os bens do novo casal. Para evitar a confusão de sangue, gerando um conflito de paternidade, a viúva ou mulher cujo casamento se desfez não pode se casar nos 10 meses que se seguirem ao desfazimento da sociedade conjugal. Isso porque se presume do marido o filho nascido nos 300 dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, por morte, separação judicial, nulidade ou anulação do casamento. Todavia, exames que comprovem a inocorrência de gravidez podem dispensar a incidência da causa de suspensão. Também para evitar a confusão de patrimônio, não deve o divorciado se casar enquanto não houver sido homologada ou decidia a partilha dos bens do casal. Por fim, com o escopo de desaconselhar matrimonio de pessoas que se acham em poder de outrem, que poderia por isso conseguir um consentimento não espontâneo, preceitua o CC que não devem casar o tutor ou o curador e os seus descendentes,ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas. Isto é assim porque o administrador dos bens da incapaz poderia procurar no matrimonio um meio de se ver livre da prestação de contas, se zelou mal pelos interesses da pupila. Art. 1.524. As causas suspensivas da celebração do casamento podem ser arguidas pelos parentes em linha reta de um dos nubentes, sejam consanguíneos ou afins, e pelos colaterais em segundo grau, sejam também consanguíneos ou afins. As causas suspensivas da celebração do matrimônio por interessarem exclusivamente à família, só poderão ser arguidas: Pelos parentes em linha reta (ascendentes ou descendentes), de um dos nubentes, sem consanguíneos ou afins; Pelos colaterais em segundo grau, sejam consanguíneos (irmãos) ou afins (cunhados). IMPORTANTE: Com o advento da CF/88, não há diferenciação de direitos entre cônjuges e conviventes, de modo que as causas suspensivas e impeditivas do casamento, aplicam-se também à União Estável. Nesse sentido, se uma pessoa casada constitui união estável com outrem, estará configurado o CONCUBINATO – união espúria que não é reconhecida nem admitida pela nossa legislação. Do processo de habilitação para o casamento: No período preparatório do matrimônio tem-se o processo de habilitação. Na habilitação para o casamento os nubentes deverão demonstrar que estão legalmente habilitados para o ato nupcial, por meio de processo que corre perante o Oficial de Registro Civil do domicílio dos noivos; se domiciliados em distritos diferentes, processar-se-á no Cartório de Registro Civil de qual deles, sob pena de nulidade relativa do ato. Para tanto deverão apresentar um requerimento (feito por meio eletrônico ou mecânico) subscrito (de próprio punho) por eles, ou a se pedido por procurador. Se um ou ambos, for analfabeto, será assinado a rogo com duas testemunhas. Este requerimento deverá estar acompanhado dos seguintes documentos: I - Certidão de nascimento ou documento equivalente; II - Autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, ou ato judicial que a supra; III - Declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que atestem conhecê-los e afirmem não existir impedimento que os iniba de casar; IV - Declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos contraentes e de seus pais, se forem conhecidos; V - Certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de nulidade ou de anulação de casamento, transitada em julgado, ou do registro da sentença de divórcio. A habilitação será feita pessoalmente perante o oficial do registro civil, com a audiência do MP. Os autos da habilitação devem ser encaminhados pelo oficial de registro civil ao MP para que possa exercer sua função de fiscal da lei. Examinará a capacidade dos nubentes para o casamento, eventual existência de impedimentos e outros requisitos que o caso exija. O juiz que tem competência para atuar nos procedimentos administrativos de habilitação para o casamento é o JUIZ DE PAZ. Quando no processo da habilitação de casamento for oposto impedimento por algum interessado ou houver impugnação pelo órgão do MP, cabe ao juiz decidir a respeito. Ou seja, NÃO SÃO TODAS AS HABILITAÇÕES QUE SERÃO HOMOLOGADAS PELO JUIZ DE PAZ, MAS TÃO SOMENTE AS QUE FOREM IMPUGNADAS. Estando em ordem a documentação, o oficial extrairá o edital, que se afixará durante quinze dias nas circunscrições do Registro Civil de ambos os nubentes, e, obrigatoriamente, se publicará na imprensa local, se houver. O objetivo da publicidade do casamento é permitir que seja revelada, por qualquer pessoa, a existência de possíveis impedimentos ao enlace. Decorrido o prazo legal sem que sejam opostos impedimentos ou causas suspensivas, presumem-se inexistentes obstáculos para a celebração. Ausente qualquer impedimento, o oficial do registro expedirá certidão indicando a habilitação dos pretendes para se casarem dentro de 90 dias. Em casos de urgência, a autoridade competente poderá dispensar a publicação. É dever do oficial do registro esclarecer os nubentes a respeito dos fatos que podem ocasionar a invalidade do casamento, bem como sobre os diversos regimes de bens. Tanto os impedimentos quanto as causas suspensivas serão opostos em declaração escrita e assinada, instruída com as provas do fato alegado, ou com a indicação do lugar onde possam ser obtidas. Para oportunizar o contraditório o oficial do registro dará aos nubentes ou a seus representantes nota da oposição, indicando os fundamentos, as provas e o nome de quem a ofereceu. Podem os nubentes requerer prazo razoável para fazer prova contrária aos fatos alegados, e promover as ações civis e criminais contra o oponente de má-fé. Cumpridas as formalidades e verificada a inexistência de fato obstativo, o oficial do registro extrairá o certificado de habilitação, cuja eficácia será de 90 dias. Se, passados 90 dias, o casal não efetivar o matrimônio, terão de se submeter a nova habilitação. Da celebração do casamento: A norma jurídica, devido à grande importância social do matrimônio e para garantir a integridade do consentimento dos nubentes, reveste a cerimonia nupcial de solenidades especiais dando-lhe a devida publicidade. Preenchidos todos os requisitos, celebrar-se-á o casamento no dia, hora e lugar previamente designados pela autoridade que tiver de presidir o ato. A nesse respeito, pode-se dizer que subsiste o casamento celebrado por aquele que, sem possuir a competência exigida na lei, exercer publicamente as funções de juiz de casamentos e, nessa qualidade, tiver registrado o ato no Registro Civil. A celebração do casamento é ato público e solene. A regra é no sentido de que a cerimonia tenha lugar no edifício público sede do cartório. A exceção é a do casamento celebrado fora das dependências do cartório. Nessa hipótese, o local da celebração deve se manter de portas abertas, durante o ato oficial. Se a autoridade celebrante for ministro religioso, a publicidade do ato também não se dispensa. Testemunhas da celebração: Serão 2 se a celebração se der na sede do cartório; Serão 4 se a celebração ocorrer em outro local ou se algum dos contraentes não souber ou não puder escrever. AUSENCIA DA AUTORIDADE CELEBRANTE: Nas hipóteses do art. 1.539 (casamento realizado em caso de moléstia grave de um dos nubentes) e do art. 1.540 (casamento nuncupuativo), o casamento pode vir a ser celebrado perante quem não seja autoridade competente. Inclusive, o casamento no caso de moléstia grave será realizado no local onde se encontrar o nubente impedido de se deslocar, ainda que à noite. Art. 1.535. Presentes os contraentes, em pessoa ou por procurador especial, juntamente com as testemunhas e o oficial do registro, o presidente do ato, ouvida aos nubentes a afirmação de que pretendem casar por livre e espontânea vontade, declarará efetuado o casamento, nestes termos: "De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados." PALAVRAS SACRAMENTAIS PROFERIDAS PELO CELEBRANTE. Casamento por procuração: O CC prevê a possibilidade de, no momento da celebração, os contraentes declararem vontade por procuração com poderes especiais. Não é necessário haver igualdade de sexo entre o representado e o procurador. Da mesma forma, ambos os nubentes podem fazer-se representar por procurador, desde que sejam procuradores distintos. A celebração do casamento será imediatamente suspensa se algum dos contraentes: 1. Recusar a solene afirmação de sua vontade;2. Declarar que a sua vontade não é livre e espontânea; 3. Manifestar-se arrependido. Também será suspensa a celebração se o procurador não se apresentar munido de procuração, ou se o instrumento não se revestir das solenidades exigidas em lei. Se o nubente se arrepender e manifestar desejo de prosseguir com o casamento, poderá se retratar, MAS NÃO NO MESMO DIA. Deverão se casar, no mínimo, no dia seguinte, enquanto a habilitação seja válida. Casamento nuncupuativo: Esta modalidade de celebração tem lugar quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida e não puder contar com a presença da autoridade celebrante, dada a urgência da celebração. Por isso o número de testemunhas exigido é maior, em número de 06, e que não tenham parentesco em linha reta ou na colateral, até segundo grau com os nubentes. Vale dizer que, o nubente pode estar em evidente risco de morte, mas tem que estar em pleno consentimento mental, isto é, deve estar consciente. Não se pode realizar um casamento, quando um dos nubentes sofreu um AVC, está em coma e respirando por aparelhos, pois ele não poderá manifestar sua vontade. Da invalidade do casamento: O casamento celebrado em determinadas condições, pode ser NULO ou ANULÁVEL. É NULO o casamento contraído por infringência de impedimento. A decretação da nulidade pode ser promovida mediante ação direta, por qualquer interessado ou pelo MP. Não há como suprir a nulidade do ato ou do negócio jurídico, sendo insuscetível de confirmação ou de convalescência pelo decurso de tempo. Nesse sentido a pretensão de declaração de nulidade do casamento é perpétua, razão pela qual a ação declaratória de nulidade poderá ser proposta a qualquer tempo. A sentença que reconhece a nulidade do casamento tem eficácia ex tunc, retroagindo a data da celebração do casamento. Exceção à regra é o casamento putativo – casamento nulo contraído de boa-fé por ambos os cônjuges. Por sua vez, é ANULÁVEL o casamento: I - De quem não completou a idade mínima para casar; II - Do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal; III - Por vício da vontade, IV - Do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento; V - Realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges; VI - Por incompetência da autoridade celebrante. Anulação por vício de vontade: O casamento pode ser anulado por vício da vontade, se houve por parte de um dos nubentes, ao consentir, erro essencial quanto à pessoa do outro. A ação de nulidade de casamento por erro quanto à pessoa só pode ser promovida pelo cônjuge enganado, mas, uma vez ajuizada, é lícito aos herdeiros prosseguirem no feito, no caso de morte de um dos cônjuges. Considera-se erro essencial quanto à pessoa: I - O que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado; É o caso da pessoa que seja dada a prostituição. A anulação do casamento, todavia, dependerá de analise casuística. Por exemplo: João se casa com Mila, que há muitos anos atrás se prostituia para sobreviver, mas hoje tem conduta social louvável. Após 05 anos de casados, João descobre o passado de Mila e deseja anular o casamento. Muito provavelmente a demanda será improcedente – fatos ocorridos há muito tempo não têm mais o poder de gerar constrangimento ao outro cônjuge. II - A ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal; III - A ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que não caracterize deficiência ou de moléstia grave e transmissível, por contágio ou por herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência; Não se trata do caso em que o cônjuge tem alguma deficiência ou porta alguma doença grave, como HIV. Trata-se, na verdade, de VÍCIO INSTRUMENTAL que, em regra, IMPEDE A CONJUNÇÃO CARNAL. Esse defeito instrumental se biparte em: IMPOTENCIA COEUNDI: aquela em que o homem não consegue praticar o ato sexual. É um erro considerado essencial que se percebido antes não resultaria no casamento, por isso, essa condição torna o casamento anulável. IMPOTENCIA GENERANDI: é a questão da esterilidade, onde o homem tem um problema e não pode procriar. Esse tipo de impotência não leva à anulação do casamento, pois hoje em dia existem diversas formas de suprir essa infertilidade do parceiro, como a reprodução assistida. A reprodução assistida pode ser HOMOLOGA (há relação de DNA entre os pais e o feto) ou HETEROLOGA (não há relação de DNA, o sêmen é obtido num banco de sêmen). A mulher também pode ser acometida do vício da COITOFOBIA. IMPORTANTE: Esses vícios devem existir antes do casamento e ser desconhecido do parceiro(a), se surgirem depois de contraído o matrimônio, não há de se falar em nulidade ou anulabilidade, mas sim em divórcio. Ademais, alegados esses defeitos, a parte não pode ser obrigada a se submeter a exame pericial, em razão do princípio da dignidade humana. É anulável também o casamento em virtude de coação, quando o consentimento de um ou de ambos os cônjuges houver sido captado mediante fundado temor de mal considerável e iminente para a vida, a saúde e a honra, sua ou de seus familiares. Somente o cônjuge que incidiu em erro, ou sofreu coação, pode demandar a anulação do casamento; mas a coabitação, havendo ciência do vício, valida o ato, ressalvada a hipótese de defeito físico. Prazos para anulação do casamento: 180 dias no caso de casamento de incapaz; 02 anos se incompetente a autoridade celebrante; 03 anos no caso de erro quanto à pessoa, ignorância de crime anterior e de defeito irremediável; 04 anos se houver coação. 180 dias no caso de casamento celebrado sem procuração, contados a partir de quando o mandante tiver ciência da celebração. A anulabilidade do casamento é pretensão que se ajuíza por ação desconstitutiva, cujo prazo é decadencial. A sentença produz efeitos ex nunc. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença anulatória. Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só a ele e aos filhos aproveitarão. Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só aos filhos aproveitarão. Quando o casamento for anulado por culpa de um dos cônjuges, este incorrerá: na perda de todas as vantagens havidas do cônjuge inocente e na obrigação de cumprir as promessas que lhe fez no contrato antenupcial. Da relação de parentesco e contagem de graus: São parentes em linha reta as pessoas que estão umas para com as outras na relação de ascendentes e descendentes. Os parentes em linha reta são aqueles que têm um tronco comum e descendem uns dos outros. São os ASCENDENTES (pai, avô, bisavô, trisavô) e os DESCENDENTES (filhos, netos, bisnetos, trinetos). São parentes em linha colateral ou transversal, até o quarto grau, as pessoas provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra. Os parentes em linha colateral não descendem um do outro, mas têm um ascendente em comum. São os irmãos (2º grau), tios (3º grau), sobrinhos (3º grau), primos (4º grau). O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consanguinidade ou outra origem. O PARENTESCO NATURAL é determinado pela consanguinidade. Consanguíneos são os parentes que têm, entre si, vínculos de sangue, descendendo uns dos outros (linha reta) ou de um tronco comum (linha colateral). O PARENTESCO CIVIL, é determinado pela lei que, para fixa-lo, toma por fundamento outras causas que não a consanguinidade, como, por exemplo, a adoção e o casamento. Contam-se, na linha reta, os graus de parentesco pelo número de gerações, e, na colateral, também pelo número delas, subindo de um dos parentes até ao ascendente comum, e descendo até encontrar o outro parente. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade. O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro. Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável. AFINIDADE é a relação que liga um dos cônjuges ou companheiros aos parentes do outro. Ex. sogro, sogra, cunhado, etc. Quanto ao parentesco por afinidade e linha reta, a norma prescreve que ele não cessa com a dissolução do casamento, continuando a gerar efeitos de impedimento matrimonial. Todavia, a morte de um dos cônjuges, desfaz o cunhadio. Os parentes de graus mais próximos, em questões sucessórias, excluem os de graus mais remotos. Além disso, os parentes possuem direitos e obrigações. Por exemplo: em relação aos filhos quem tem a obrigação de prestar alimentos são os pais, ou seja, os ascendentes em 1º grau. Só na ausência ou impossibilidade deles cumprirem a obrigação, serão chamados os avós (ascendentes de 2º grau). Da mesma forma no caso de sucessão, primeiro serão chamados a receber a herança, os filhos e só na falta deles, legitimam-se os netos. Da filiação: FILIAÇÃO é o vínculo existente entre pais e filhos; vem a ser a relação de parentesco consanguíneo em linha reta de primeiro grau entre uma pessoa e aqueles que lhe deram a vida, podendo, ainda, ser uma relação socioafetiva entre pai adotivo e filho adotado ou advindo de inseminação artificial hieróloga. Nesse sentido, o art. 1.596 do CC, estabelece que: Os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação. A norma visa preservar a igualdade jurídica de tratamento de todos os filhos, quaisquer que sejam as causas determinantes da filiação. Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos: I - Nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal; II - Nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e anulação do casamento; III - Havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido; IV - Havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga; V - Havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do marido. A lei trata neste dispositivo da PRESUNÇÃO DA PATERNIDADE. Nos incisos I, II, III e IV, essa presunção é LEGAL, e pode ser afastada por prova em contrário. Todavia, no caso do inciso V, a presunção de paternidade é ABSOLUTA e não cabe prova em contrário, pois se submetido a exame de DNA, vai constar que não é filho (natural da reprodução heteróloga, onde um dos gametas não pertence aos pais). Então, a presunção é absoluta, autorizou o procedimento é filho. Disposições gerais acerca do regime de bens entre os cônjuges: O casamento é uma instituição jurídica de eficácia complexa, deflagrando efeitos de variadas ordens, A par disso, todo um sistema de efeitos patrimoniais é desencadeado a partir da celebração do casamento. Por REGIME DE BENS, entenda-se o conjunto de normas que disciplina a relação jurídico-patrimonial entre os cônjuges, ou, simplesmente, o ESTATUTO PATRIMONIAL DO CASAMENTO. Nessa seara, três princípios fundamentais informam o sistema; o princípio da LIBERDADE DE ESCOLHA, o princípio da VIABILIDADE e o princípio da MUTABILIDADE. O primeiro afirma que, em regra, os nubentes podem, de acordo com a sua autonomia privada e liberdade de opção, escolher o regime que bem lhes aprouver. Não deve o Estado, salvo quando houver relevante motivo amparado em norma especifica, intervir coativamente na relação matrimonial, impondo este ou aquele regime. Já o princípio da variabilidade traduz a ideia de que a ordem jurídica não admite um regime único, mas sim uma multiplicidade de tipos, permitindo, assim, aos noivos, no ato de escolha, optar por qualquer deles. Finalmente, com a entrada em vigor do CC/2002, a liberdade patrimonial dos cônjuges, ganhou novos ares. Até então, não era dado aos consortes modificarem, no curso do casamento, o regime de bens adotado. Com o CC/2002, essa realidade mudou, uma vez que, admitiu-se o direito a essa mudança, a qualquer tempo, desde que observados os requisitos da lei. Esses 3 princípios encontram-se no art. 1.639 do CC: Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprouver. § 1º O regime de bens entre os cônjuges começa a vigorar desde a data do casamento. § 2º É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros. Nessa linha, é preciso pontuar que a escolha do regime de bens opera-se por meio da celebração de um negócio jurídico especial e solene, denominado PACTO ANTENUPCIAL. O PACTO ANTENUPCIAL consiste em um negócio jurídico formal, lavrado em escritura pública, condicionado ao casamento. Por meio deste negócio as partes escolhem o regime de bens que lhes aprouver. Vale dizer que é possível que os nubentes conciliem regras de regimes diversos, de maneira a adotar um estatuto patrimonial hibrido; podem, por exemplo, no pacto, conjugar regras da separação convencional com dispositivos aplicáveis ao regime de participação final nos aquestos. REGIME LEGAL SUPLETIVO: não havendo o pacto antenupcial ou, caso ele seja inválido (nulo ou anulável) ou ineficaz, aplicam-se, na esfera patrimonial dos cônjuges, as regras do REGIME DE COMUNHÃO PARCIAL DE BENS. REGIME LEGAL OBRIGATÓRIO: existem situações em que a lei impõe aos nubentes o REGIME DE SEPARAÇÃO DE BENS. Trata-se do denominado regime de separação legal ou regime de separação obrigatória de bens que, por traduzir restrição à autonomia privada, não comporta interpretação extensiva. Sob este fundamento, conclui-se pela impossibilidade de se estender esse regime obrigatório à UNIÃO ESTÁVEL, dada a ausência de previsão legal nesse sentido. O regime de separação obrigatória, portanto, foi previsto e regulado para o casamento, e não para a união estável. Proclama o art. 1.641 do CC: Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento: I - Das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento; II – Da pessoa maior de 70 (setenta) anos; III - De todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial. A situação prevista no inciso II é absurda e inconstitucional. A alegação de que a separação patrimonial entre pessoas que convolarem núpcias acima de determinada idade teria o intuito de proteger o(a) idoso(a) das investidas de quem pretenda aplica o “golpe do baú” não convence. O que se nota é uma violência escancarada ao princípio da isonomia, pois, a idade, por si só, não é causa de incapacidade. Administração dos bens no casamento: Estabelecem os arts. 1.642 e 1.643 do CC, uma série de atos em que os cônjuges podem atuar livremente. LER OS ARTIGOS NO VADE. No que diz respeito, porém, a responsabilidade patrimonial pelas dívidas contraídas, o art.1.644, estabelece a solidariedade entre os cônjuges. Nessecontexto, mostra-se pertinente expor sobre a situação de impossibilidade de administração por um dos cônjuges. Em tal caso, estabelece o art. 1.651 do CC; Art. 1.651. Quando um dos cônjuges não puder exercer a administração dos bens que lhe incumbe, segundo o regime de bens, caberá ao outro: I - Gerir os bens comuns e os do consorte; II - Alienar os bens móveis comuns; III - Alienar os imóveis comuns e os móveis ou imóveis do consorte, mediante autorização judicial. Registre-se, porém, que, em termos de responsabilidade, na forma do art. 1.652, o cônjuge que estiver na posse dos bens particulares do outro, será para com este e seus herdeiros responsável: I - como usufrutuário, se o rendimento for comum; II - como procurador, se tiver mandato expresso ou tácito para os administrar; III - como depositário, se não for usufrutuário, nem administrador. A regra é bastante razoável como forma de preservar os interesses do cônjuge impossibilitado de administrar. Autorização conjugal (outorga uxória e outorga marital): Neste tópico, cabe tecermos algumas considerações sobre a autorização conjugal para a prática de determinado atos jurídicos. Tal tema era conhecido, tradicionalmente, como o instituto da OUTORGA UXÓRIA. Trata-se de figura jurídica de longa tradição, que, originalmente, tinha por finalidade preservar o patrimônio do casal de potenciais riscos assumidos somente pelo marido, na concepção histórica deste como “chefe da família”. Assim, para que o marido pudesse praticar especificas condutas, relacionadas aos bens do casal, exigia-se o consentimento expresso da mulher, daí a expressão “outorga uxória” (pois uxória, em latim, refere-se à mulher casada). Com o advento do princípio da igualdade entre homens e mulheres e, consequentemente, no campo especifico das relações familiares, a expressão “outorga uxória” foi atualizada para “AUTORIZAÇÃO CONJUGAL”. A autorização conjugal pode ser conceituada como a manifestação de consentimento de um dos cônjuges ao outro, para a prática de determinados atos, sob pena de invalidade. A matéria está disciplinada nos arts. 1.647 a 1.650 do CC. Dispõe o art.1.647: Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: I - Alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis; Assim, se o marido, por exemplo, pretende vender um imóvel, ou hipoteca-lo, precisará da anuência da sua esposa. Todavia, vale anotar que para a AQUISIÇÃO de um bem imobiliário (um apartamento, por exemplo), a autorização não é exigida pela norma legal. II - Pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos; III - Prestar fiança ou aval; Se a esposa pretender prestar uma fiança (ou aval) deverá colher a aquiescência do seu marido, sob pena de invalidade. Por isso, o credor – em favor de quem se presta a garantia pessoal – deverá ter o cuidado de exigir essa intervenção, para que não tenha a sua expectativa frustrada. IV - Fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meação. Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem economia separada. Todas as hipóteses legais se referem a situações em que o patrimônio do casal é potencialmente afetado, motivo pelo qual se exige autorização. Da leitura do caput do dispositivo, observamos, de logo, que a necessidade da autorização conjugal é dispensável para aqueles casados no regime de separação absoluta. Qual a solução para o caso de o cônjuge injustamente negar a sua anuência? Qual seria a consequência jurídica decorrente da prática de qualquer ato sem a necessária outorga conjugal? A primeira pergunta, é respondida pelo art. 1.648 do CC: Cabe ao juiz, nos casos do artigo antecedente, suprir a outorga, quando um dos cônjuges a denegue sem motivo justo, ou lhe seja impossível concedê-la. Caso o cônjuge NÃO POSSA dar a autorização – por estar doente, por exemplo – o suprimento, desafiará um simples procedimento de jurisdição voluntária. Mas, se NÃO QUISER AUTORIZAR, diante da resistência apresentada e da lide configurada, deverá o interessado, deduzir sua pretensão em juízo, propondo uma demanda contra seu consorte. No que toca ao segundo questionamento (consequência da ausência da autorização conjugal), de repercussão mais profunda, a sua solução encontra-se no art. 1.649: Art. 1.649. A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária (art. 1.647), tornará anulável o ato praticado, podendo o outro cônjuge pleitear- lhe a anulação, até dois anos depois de terminada a sociedade conjugal. Parágrafo único. A aprovação torna válido o ato, desde que feita por instrumento público, ou particular, autenticado. A ausência da autorização do outro cônjuge para a prática dos atos capitulados no art. 1.647 resulta na sua ANULABILIDADE, que poderá ser arguida no prazo decadencial de até dois anos após o fim de sociedade conjugal. Note-se que após o biênio, contado a partir da extinção da sociedade conjugal, não poderá mais ser pleiteada a invalidade do ato praticado. Acrescente-se ainda a previsão de CONVALESCIMENTO DO ATO INVÁLIDO, constante no parágrafo único do referido artigo, mediante a confirmação do outro cônjuge, por instrumento público ou particular, desde que devidamente autenticado. E no que tange à legitimidade para a propositura da ação anulatória, o art. 1.650 admite que, em caso de morte do cônjuge prejudicado, a demanda poderá ser proposta pelos seus herdeiros, supostamente prejudicados pela prática do ato. REGIMES DE CASAMENTO PREVISTOS NO CC: 1. Comunhão parcial de bens; 2. Comunhão universal de bens; 3. Separação (convencional ou obrigatória) de bens; 4. Participação final nos aquestos (inutilizado atualmente).
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