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15/03/2016 1 Profa. Vera Lúcia dos Santos vlsantos@icb.ufmg.br Depto. de Microbiologia LMA- ICB-UFMG Diversidade Fisiológica - Adaptações às condições ambientais LMA As comunidades biológicas e os componentes abióticos (matéria e energia) do ambiente físico-químico formam os ecossistemas, que podem diferir em extensão. Habitat: Localização física da espécie Ecologia de micro-organismos LMA Cada ecossistema apresenta uma diversidade de micro-organismos distribuídos em duas categorias: Autóctones ou indígenas (residentes) Alóctones ou não- indígenas(transitórios). O ecossistema pode ser ocupado por organismos especializados metabolicamente que são restritos a um ambiente distinto. População microbiana LMA O nicho ecológico compreende o papel funcional do micro-organismo na comunidade e suas características de adaptação a condições ambientais. Cada espécie/strain de um micro-organismo apresenta requerimentos nutricionais particulares, propriedades cinéticas, potenciais bioquímicos e particularidades estruturais, graus distintos de tolerância a estresses ambientais. Nicho ecológico Determinante da habilidade ou inabilidade de realizar uma função particular em uma ambiente distinto. LMANicho ecológico LMA O estudo das relações entre os seres vivos com seu meio natural e da sua adaptação ao ambiente ou, segundo Odum (1971), é o estudo da estrutura e função do ecossistema. A estrutura compreende: a composição da comunidade biológica (número de espécies e de indivíduos, biomassa e distribuição espacial das populações), quantidade e distribuição dos componentes abióticos e a faixa-gradiente das condições ambientais. A função envolve processos relacionados com: fluxo de energia, ciclagem biogeoquímica e regulação mútua dos organismos e do ambiente. Ecologia microbiana 15/03/2016 2 LMA Comunidade: conjunto de todas as populações de uma área Populações com nichos específicos Densidade populacional pode ser descrita pela fórmula: D = número de indivíduos / área-volume Os principais fatores que promovem modificações em uma população (reguladores) são: - Fatores abióticos (físicos-químicos) - Fatores Bióticos - Interações (-) e (+) principal Competição Densidade Populacional LMA Habitat/Microambiente–localização física específica de um micro- organismo Microambiente e nicho Fluxo limitado dos agentes oxidantes e redutores e dos nutrientes necessários e Difusão dos produtos lenta pode causar inibição do crescimento Estes fluxos criam um nicho único que inclui o micro-organismo, o seu habitat físico, a utilização temporal dos recursos para o crescimento e função microbiana . um micro-organismo se multiplica até que limitações bióticas ou abióticas sejam impostas contra-balançando a taxa de crescimento -Bactérias sulfurosas incolores oxidam H2S diretamente a sulfato (aeróbia) - Redutora de sulfato- H2S (anaeróbia) LMA Exemplo de auto-regulação Associação alga/bactéria heterotrófica Autoregulação pela intensidade luminosa Decréscimo da luz leva a um decréscimo na FS e liberação de matéria orgânica Consequência: comunidade bacteriana heterotrófica é limitada com decréscimo em sua atividade e biomassa. Microambiente e nicho LMA Biofilme: possibilita a criação de microambientes e de nichos na ausência de um ambiente físico estruturado. Sistemas microbianos organizados que consistem em camadas de células microbianas que se desenvolvem sobre superfícies envoltas por uma matriz de EPS. Microambiente e nicho a) Colonização inicial por um único tipo bacteriano b) Desenvolvimento de camadas de diferentes tipos de micro-organismos. c) Biofilme maduro com agregados de células , poros intersticial e canais LMABiofilmes Formação de biofilmes em superficies de organismos vivos e inertes. LMA Iniciação: Formação de filme condicionado: adsorção de substâncias orgânicas a uma superfície sólida; Associação transiente (reversivel) do organismo com superfícies ou outros organismos - EPS (proteínas, carboidratos, polissacarídeos) e Biossurfactantes - - Apêndices externos filamentosos: Flagelos, Pilus tipo IV, adesinas Associação estável (irreversivel): adesão firme à superfície - Redução da motilidade (inibição do gene de flagelina) - Síntese de exopolissacarídeos Etapas no desenvolvimento de um biofilme Adesão Colonização Acumulação Clímax da comunidade Dispersão 15/03/2016 3 LMA • Adesão inicial: repulsão ou atração eletrostática. • Material da superfície e características da superfície da célula microbiana. Adesão inicial das bactérias às superfícies abióticas • Interações mediadas por fímbrias, flagelos, pili, EPS • Regulação da expressão gênica: secreção de fatores químicos (quorum sensing). • Topografia da superfície influencia o alinhamento das células. LMA Flemming H-C. Wingender. J. The biofilm matrix. Nature Review. v.8. p.623-633. 2010 Moléculas anfipáticas/ tenosativas Maturação: Formação e estruturação de microcolônias : Síntese de exopolissacarídeos e Interações metabólicas e genéticas Etapas no desenvolvimento de um biofilme LMA Dispersão 1- Expansiva: liberação de células do interior das microcolônia • Morte celular - limitação nutricional, espécies reativas de oxigênio, apoptose, lise por fagos • Degradação da matriz por liases • Restauração da motilidade 2 - Fragmentação: forças mecânicas (colisão com partículas suspensas) 3 - Superficial: migração do biofilme Etapas no desenvolvimento de um biofilme Adesão Colonização Acumulação Clímax da comunidade Dispersão LMA Superfície/suporte: rugosidade, hidrofobicidade (Teflon, plásticos, látex, silicone, pedra, argamassa, reboco) Característica da célula microbiana: hidrofobicidade, flagelo, fimbrias, polímero extracelular; Fluído: velocidade de fluxo, pH, força iônica do meio; Presença de materiais particulados Qualidade e concentração de nutrientes do meio líquido circundante. Fatores que afetam a formação do biofilme LMA Melhores condições de sobrevivência nos ambientes naturais Proteção contra: flutuações de pH, concentração de sais, radiações UV, fagocitose, desidratação, predadores, biocidas e antimicrobianos Troca de material genético Aumento de nutrientes nas interfaces, deposição facilitada pela presença da matriz polimérica; Aproveitamento de nutrientes; Facilidade de desenvolvimento de micro-consórcios que permitem o estabelecimento de relações de simbiose (líquens) bem como a utilização de substratos de difícil degradação; Capacidade para estabelecer e colonizar nichos ecológicos. Porque formar biofilmes? LMAControle microbiano Destruição das células planctônicas (Físicos/químicos ) Prevenção Inibição da adesão da célula a uma superfície Destruição da matriz polimérica (enzimas hidrolíticas) Melhorar o poder de penetração de biocidas (agentes químicos- tensoativos, dispersantes, ou Floculantes). Inibidores de QS Metabolitos antimicrobianos: BS, biosurfactantes, exopolissacarideos e bacteriocinas Enzimas hidrolíticas, fagos Ultrassom e campo eletrico, terapia fotodinamica Uso combinado de biocidas e estratégias que aumentam a penetração do mesmo. 15/03/2016 4 LMA Representação esquemática de SAB e suas interações. A. Os micro-organismos estão embebidos no EPS e formam um ecossistema em miniatura incluindo heterotróficos efototróficos. B. SAB – ligação entre a litosfera e a atmosfera. Efeitos observados na interface incluem: - 1 interações entre os micro- organismos - 2 interações biofilme-atmosfera, - 3 interações substrato-atmosfera. Funções do EPS: retenção de água por longos períodos de tempo mantém a viabilidade das células. Biofilmes sub-aéreos -SAB Environmental Microbiology (2007) 9(7), 1613–1631 LMA Ambientes com condições variáveis – impõem habitantes a longos períodos de estresse - dormência induzida, que são subitamente interrompidos pelo eventual retorno das condições de crescimento permissiva. Organismos com ampla tolerância a diferentes e flutuantes estresses: poikilo-tolerantes. Ex: fungos microcoloniais. As características dos MCF poikilo-tolerantes: -Capacidade de sobreviver por longos períodos (suspensão do metabolismo - micro-colônias). -Capacidade de re-organizar-se internamente por constantemente substituir células mortas ou morrendo, com novos brotos; -Capacidade de formar hifas filamentosas (melanizadas) para penetrar em rochas (mm a cm) - proteger-se dos estresses ambientais. -Capacidade de criar uma camada, semelhante a verniz, formada a partir da impregnação de camadas de matriz extracelular e melanina com minerais. Micro-organismos poikilo-tolerantes LMA A biomassa total de um organismo é determinada pelo nutriente presente no meio em menor concentração em relação aos seus requerimentos. Lei do Mínimo de Liebig Composição Química Média da Célula (%) Oxigênio...................................... 65 Carbono...................................... 18 Hidrogênio................................... 10 Nitrogênio..................................... 3,05 Subtotal...................................... 96 Cálcio (Ca).................................... 1,8 Fósforo (P).................................... 1,2 Potássio (K). ............................. ...0,35 Enxofre (S).....................................0,25 Sódio (Na)..................................... 0,15 Cloro (Cl)...................................... 0,15 Magnésio (Mg)............................... 0,05 Flúor (F)........................................ 0,007 Ferro (Fe)...................................... 0,005 Subtotal........................................ 3,962 Outros(Zn,Br,Mn,Cu,I,Co)........... 0,038 Em um dado ecossistema sempre haverá algum fator nutricional limitante. LMA Para um microrganismo se estabelecer em um ecossistema cada um dos parâmetros abióticos deve permanecer dentro da faixa de tolerância. Se qualquer condição exceder os limites mínimo ou Máximo= organismo falha e morre. Lei Combinada de Odum (1971) A presença e sucesso de um organismo ou grupo de organismos num ecossistema depende de nutrientes e de sua tolerância aos fatores ambientais. Lei da Tolerância de Shelford LMALimitações abióticas ao crescimento microbiano Baixo Alto Fluxo de carbono, energia e nutrientes Resposta microbiana 1-Sucesso ecológico (geração de ATP, absorção de nutrientes, crescimento, motilidade, quimiotaxia, FS) 2- Sobrevivência/manutenção (quiescência, dormência, esporulação) 3-Falha ecológica (estarvação, morte, autólise, stress oxidativo, competição, predação, parasitismo) Le i d o M ín im o de L ie bi g Le i d a To le râ nc ia d e S he lfo rd LMA Faixa de valores que permitem a sobrevivência dos micro-organismos /Resposta a fatores ambientais: - Nível ótimo, maior atividade, taxa de crescimento e metabolismo. - Limite de tolerância máximo e mínimo - onde a função fisiológica cessa-morte. Faixa gradiente 15/03/2016 5 LMA Químicos: nutrientes minerais, Composição atmosférica, pH, Fatores de crescimento, Fontes de Carbono e energia, potencial de eletro redução. Físicos: radiação eletromagnética, pressão, Salinidade – disponibilidade de água, temperatura, Superfície. Biológico: interações entre os micro-organismos (competição, mutualismo, antagonismo) Determinantes ambientais LMA Habilidade de se tornarem temporariamente inativos mas viáveis (endósporos). Habilidade de crescimento a baixa concentração de substrato (oligotrófico). Formação de micro-colônias. Sistemas de regulação global (repressão catabólica, sistema de dois componentes envolvendo uma histidina quinase). Adaptações fisiológicas, estruturais e morfológicas. Estratégias de sobrevivência LMAAdaptações para sobrevivência em ambientes pobres Rosetas: Caulobacter (bacilo aquático) morfologia semelhante a uma estrela LMA Micro-organismos extremófilos: são aqueles que prosperam em ou requerem condições extremas que excedam as condições ótimas para o crescimento e reprodução da maioria dos organismos terrestres. Extremo ambiental: qualquer influência ambiental que prejudica a estrutura e / ou função de um organismo de tal ordem que a sua capacidade é reduzida. Micro-organismos extremófilos e extremo ambiental Uma fonte termal azul esverdeada devido a cianobactérias LMAExtremófilos Problemas fisiológicos em ambientes extremos: • Retenção da água • Manter Membranas celulares funcionais • Manter Proteínas funcionais • Manter DNA funcional LMACaracterísticas de ambientes extremos nos quais os micro-organismos crescem 15/03/2016 6 LMACaracterísticas de ambientes extremos nos quais os micro-organismos crescem LMAEfeitos ambientais no crescimento microbiano Distribuição ↔ métodos de controle ou otimização de suas atividades LMA Temperatura Temperatura ótima de crescimento psicrófilas (12 a 17°C) psicrotróficas (20 a 30°C) mesófilas (28 a 37°C) termófilas (50 a 90°C) termófilas extremas (>80°C) LMAHipertermófilos são na sua maioria Archaea LMA Efeito da temperatura Afeta a taxa de crescimento por afetar a taxa das reações químicas. Mudanças na taxa de crescimento são comparáveis dentro de uma certa faixa às respostas das reações químicas a temperatura. Afeta as taxas de reações químicas – Potencial redox – Difusão – Movimento brawniano – Viscosidade – Tensão superficial LMA Mudança de fase de lipídeos da membrana: desestabilização da bicamada Despolimerização do citoesqueleto Citoplasma se torna altamente viscoso: alteração dos processos de difusão, incluindo osmose Mudança no pH, desnaturação de proteínas. Stress- Baixa temperatura Estrutura fase lamelar fluída-cristalina 15/03/2016 7 LMABaixas temperaturas-nível celular Cristais de gelo grandes se formam no exterior das células, porque o ponto de congelamento do fluido extracelular é maior que o do fluido intracelular (que tem mais solutos em solução). Aumento dos cristais extracelulares: promovem a saída da água intracelular por osmose. Causa lesões nas membranas e provoca intensa desidratação das células e Aumento da concentração de soluto LMAMicro-organismos psicrófilos Adaptações Enzimas e proteínas: maior quantidade de estrutura secundaria em α hélice e menor quantidade em lamina β. maior quantidade de aminoácidos polares e menor quantidade de hidrofóbicos para manter as proteínas flexíveis. Modificação da composição das membrana celulares Aumento de ácidos graxos insaturados, encurtamento das cadeias e diminuição de ácidos graxos cíclicos (conferem flexibilidade) Estas alterações mantém as membranas em um estado semi- fluido a baixas temperaturas. Exemplos: Pseudomonas, Listeria LMA Departamento de Microbiologia –ICB / Laboratório de Microbiologia Aplicada Ácidosgraxos poli-insaturados se inclinam deixando aberturas = mais fluidez LMA Micro-organismos termófilos e hipertermófilos Efeito das altas temperaturas Desnaturação de proteínas Alteração do dobramento das proteínas reduzindo a sua atividade Fusão lipídica e lise celular Perda de água aumentada- evaporação Efeito de altas temperaturas LMAAdaptações que permitem crescimento a altas temperaturas Proteínas e enzimas: oPresença de aminoácidos com cargas + e – na superfície/ligações de hidrogênio entre aas carregados/minimiza desnaturação em baixo pH e alta temperatura. o acúmulo de solutos (2,3 difosfoglicerato cíclico) que estabilizam proteínas; o presença de proteínas específicas que estabilizam outras proteínas por dobramento a temperaturas próximas do limite de crescimento (chaperonina) Aumento da percentagem de G / C . o Presença de proteínas de união ao DNA que impeçam a sua fusão (histonas). Archaea hipertermófilas codificam para uma proteína Alba (Sso10b) o DNA girase reversa: Superenovelamento + (enrola o DNA no sentido +- mais estável o Acumulo de sal: K + evita depurinização Formação de estruturas de resistência: esporos Hipertermófilos (Sulfolobus acidocaldarius) têm uma taxa de mutação mais baixa, sugerindo que a proteção do DNA e mecanismos de reparo são mais eficientes do que as bactérias mesofílicas. LMA Modificação de lipídeos da membrana (bacteria): aumento da percentagem dos ácidos graxos saturados/ insaturados, ramificados e de alto peso molecular, Isomerização cis-trans de ácidos graxos. Fosfolipídios com alto ponto de fusão: CL, PE Estrutura da membrana celular diversa (arqueobactérias e bactérias hipertermófilas): presença de cadeia ramificada de isoprenóide (fitanil, difitanil) unidos ao glicerol por ligações éter. Ausencia de ácidos graxos. Adaptações que permitem crescimento a altas temperaturas 15/03/2016 8 LMA Espectro eletromagnético das radiações: - Gama: comprimento curto, alta energia - radio: comprimento alto e baixa energia Radiação LMA A radiação ultravioleta: 1 a 320 nm O efeito mais letal dos raios UV é a 264 nm, o mais eficientemente absorvido pelo DNA Efeitos deletérios Hidroxilação de Citosina e uracila Efeito da radiação UV LMA Efeitos deletérios • Entrecruzamentos entre DNA e proteínas • Quebra e desnaturacão de DNA • Formação de dímeros de timina localizados na mesma cadeia de forma adjacente, impedindo assim a replicação do DNA Efeito da radiação UV LMA A bactéria pode reparar os dímeros por processos de reparo: Foto-reativação: por intermédio da enzima fotoliase e luz de 360 nm retiram-se os dímeros, sistema mais antigo de reparo Reativação no escuro: um fragmento de DNA é retirado, contendo os dímeros de timidina, na ausência de luz error prone repair UV- Mecanismos de reparo LMA Migrar para longe da radiação Atenuação de luz, antes de chegar ao interior da célula Água - materiais que absorvem luz UV (Fe, substâncias húmicas, sais de N) Viver em meios que absorvem a radiação UV (CaCO3, sílica, areia, solos e biofilmes) Produção de Pigmentos absorventes (melanina (MCF), micosporinas) Proteção frente a luz UV LMA Raios X e γ: comprimento na faixa de 10-4 nm to 1 nm γ -Alta energia, alto poder de penetração, podendo causar mutações, quebra de ácidos nucléicos, danos a enzimas, e morte celular. Ao interagirem com a matéria, produzem ions instáveis e radicais livres que interagem com as moléculas de forma destrutiva. Endosporos: mais resistentes a radiação γ -0,3-0,4 Mrad 90% de morte - 1/10 mata 100% de células vegetativas Efeito da radiação Ionizante 15/03/2016 9 LMA É uma bactéria poliextremófila: suporta muitas condições extremas de vida: radiações, estresse oxidativo, dessecação e falta de nutrientes. Suporta 3000 vezes mais radiação do que aquela suficiente para matar um ser humano (1Mrad) (3Mrad), 10 vezes a do endosporo, 1500 vezes a de E. coli: 6Mrad O genoma completo possui 3284 Kb: – dois cromossomos (com 2649 e 412 Kb) – um megaplasmídio (177 Kb) – um pequeno plasmídio (45,7 Kb). - célula/arranjo apresenta 4-10 cópias do genoma: arranjados em uma estrutura em anel (torroid); troca de DNA Resistência: mecanismo de reparo do DNA que faz a montagem do genoma após fragmentação. A resistência a radiação extrema é um efeito secundário de sua seleção para a resistência à desidratação Deinococcus radiodurans LMA Mecanismo de reparo em Deinococcus radiodurans LMA A quantidade de luz em um dado ambiente depende de barreiras que impedem a penetração da luz. A intensidade da luz decresce: com o quadrado da distância até a fonte. com o espalhamento e absorção (extinção), turbidez da água. Micro-organismos exibem comportamento fototático = mover em direção ou para longe de uma fonte de luz Vesículas de gás= movimentação vertical ao longo de uma coluna d'água. Luz visível LMAVesículas de gás Cilindros ocos, formados por proteínas GvpA alinhadas de forma paralela, e reforçadas por ligações cruzadas promovidas pelas proteínas GvpC, criando uma superfície impermeável a água e permeável ao gás. Reduzem a densidade final da célula, aumentando a sua flutuabilidade. Vesículas de gás de cianobactérias- Anabaena (pontos brilhantes) e Microcystis (arranjadas em feixes) LMA Vesículas de gás Bactérias aquáticas, fotossintetizantes Flutuação de cianobactérias (florescimento) - regiões com intendidade luminosa ótima à fotossíntese LMA A penetração da luz na água é diferente para cada comprimento de onda que compõem a luz visível, influenciando na distribuição espacial de algas e bactérias com diferentes pigmentos (absorvem a luz em diferentes λ) Luz visível 15/03/2016 10 LMA Pressão atmosférica: pressão exercida pelo peso da coluna de ar (na superfície da Terra ao nível do mar = 1 atm ou 760 milímetros mercúrio ou 101,325 kPa). Alterações não afetam micro-organismos diretamente Indiretamente: a água pode evaporar ou o oxigênio se tornar limitante afetando o metabolismo Pressão atmosférica LMA Pressão exercida pelo peso da coluna de água (a 10 metros da coluna de água ao longo de 1 cm2 de área - peso de 1 Kg e exerce 1 atm de pressão). A maior parte dos organismos vive com uma pressão de 1 atm. No fundo do oceano, a pressão hidrostática pode atingir 600-1100 atm. Sensíveis: crescimento ótimo a 1 atm e o crescimento diminui com o aumento da pressão. Bactérias barotolerantes –resistem a pressões bastante altas – 1-500 atm. Bactérias barofílicas –precisam de pressões elevadas para crescer (400–500 atm) - São inibidos ou mortos a pressão atmosférica. Pressão hidrostática LMA Danos: inibe a síntese de DNA, RNA, proteínas, funções de transporte de membrana e taxas de atividade de várias enzimas (conformação terciária). A pressão de 100 MPa (1000 atm) a temperatura of 2 ◦C tem efeito nas membranas similar ao da temperatura de −18 ◦C a pressão atmosférica (redução da fluidez-empacotamento de ácido graxos). Adaptação: enzimas com conformação que minimiza as mudanças devido a pressão (preserva os sítios de ligação ao substrato); Soluto compatível. Membranas com maior proporção de ácidos graxos insaturados; Ajustes na expressão de proteínas de transporte de membrana/ genes controladores de pressão; mudanças na composição de membrana para ajuste de permeabilidade. Pressão hidrostática LMA Pressão Osmótica - força com a qual a água se move através da membrana citoplasmática a partir de uma soluçãode baixa concentração de soluto para o meio contendo alta concentração de soluto (osmose). Atividade de água e pressão osmótica LMA Isotônico - Não há movimento de água para dentro ou para fora da célula As células podem estar em um meio: Hipertônico - concentração de solutos fora da célula é maior que no interior. A água flui para fora da célula - plasmólise Hipotônico - a concentração de soluto no interior da célula é maior que fora dela. A água flui para dentro da célula: pode inchar e se romper LMA Os efeitos osmóticos são de maior importância em ambientes salinos. Salinidade: termo químico para a soma da concentração de todos os constituintes iônicos dissolvidos na água. Alta concentração de sal afeta a pressão osmótica, desnatura proteínas (rompe a estrutura terciária) e desidrata as células. Salinidade 15/03/2016 11 LMAEfeito da concentração do íon sódio no crescimento de micro-organismos 1-15% de NaCl 15-30% de NaCl Em relação a necessidade de sal (NaCl), micro-organismos podem ser: Não Halófilos (até 0,2 M): não necessitam de sal e não toleram a presença no meio. Halotolerantes: não necessitam de sal, mas toleram a presença no meio. Halófilos ( até 3,5 M): necessitam de sal em uma concentração moderada. Halófilos extremos: necessitam de sal em altas concentrações. LMAAmbientes com altas concentrações de sais Salt evaporation ponds –Baia de São francisco) Great Salt Lake Baixa diversidade: Archaea, Bacteria e algumas algas. Halófilos extremos requerem pelo menos 1,5 M NaCl para crescimento (8%m/v) (a maioria 2 – 4 M -23% e até a saturação de 36%). Lise celular ocorre abaixo de 1,5 M. Membranas apresentam isoprenoides/éter, e negativamente carregada e requer íons sódio para a sua estabilidade. Bombas de transporte: alta concentração de K+Cl- interno para balancear a alta concentração de Na+Cl- externo. Compensação de cargas em arqueas . Enzimas exigem cátions (Na +, K +) para o seu papel catalisador . Enzimas e proteínas estruturais com excesso de aminoácidos ácidos (COO-) LMAAlgas Halofilas Dunaliella salina Algas fotossinteticas vermelhas (beta caroteno/protege da luz) Dunaliella salina, Alta salinidade: importa ions K+ . Altera a via fotossintética para a produção de glicerol ao invés de açúcar (Substância não-iônica solúvel em água =soluto compativel) LMA A disponibilidade de água é geralmente expressa em termos físicos como a atividade de água (fração molar do total de moléculas de água que estão disponíveis). Disponibilidade de água • Os solutos diminuem a entropia e a água é menos livre para escapar do líquido, assim a pressão de vapor é reduzida: aw diminui < 1. Solutos para reduzir Aw - álcoois - açúcares (sorbitol, frutose de milho) - sais de cálcio e sódio - glicerina - emulsificantes (goma xantana) - proteínas Química da redução de Aw Ligações da água com: grupos de hidroxilas dos açúcares; grupo amina e carbonila das proteínas; pontes de hidrogênio; forças dipolo-dipolo; forças de Van der Waals; ligações iônicas. LMAAtividade aquosa (aw) e crescimento dos micro-organismos LMA As bactérias vivem, em geral, em meios com elevada atividade aquosa (meios hipotônicos) em que a água entra na célula e poderia levar à lise osmótica se não existisse uma parede celular rígida. Protozoários: vacúolos contráteis para bombear o excesso de água entrando na célula quando em solução hipotônica. Bactéria: pode excretar ativamente a água através das aquaporinas. A vida com aw elevada 15/03/2016 12 LMA Em habitats com baixa atividade aquosa (meios hipertônicos), o micro-organismo deve manter uma alta concentração interna de solutos que retenham a água, caso contrário, a saída excessiva de água levaria à plasmólise e parada do crescimento Processos: Bombeamento de íons inorgânicos (KCl) para o interior da célula Síntese de solutos orgânicos acumulados no interior da célula para o ajuste da atividade de água citoplasmática (BS) A vida com aw baixa LMA Solutos compatíveis Como os micro-organismos se adaptam em condições de baixa atividade de água? Prolina (G(+) Staphylococcus aureus); Glicina betaina (bacterias halófilas) Ectoina (Ectothiorhodospira) Glutamato Sacarose, Trehalose, Glucose, Frutose (Cianobacterias de aguas continentales, fotosintéticas anoxigénicas) LMA Solutos compatíveis Glicerol, Manitol, Sorbitol, Ribitol (Cianobacterias e algas marinhas, Dunaliella, levaduras osmofílicas, fungos xerófilos) (Algas marinas) KCl: Arqueobacterias halófilas extremas LMA Danos no DNA, Efeitos na desnaturação de proteínas. Provoca um aumento na temperatura de fusão (Tm) das membranas, resultando numa transição para a fase de gel a uma temperatura à qual as membranas poderiam estar na fase líquido/ cristalina. Efeitos da desidratação das células LMA Formação de esporos: Sobrevivência em estado dormente e crescimento ativo em condições favoráveis Formação polissacarídeos extracelulares (cápsulas, camada mucosa) com trehalose Síntese de açúcares (sacarose, trehalose), que forma uma fase de "cristal" não cristalino que se liga a proteínas impedindo a desnaturação Trehalose forma ligaçõe s de H com lipídios (substituindo moléculas de água) mantendo estado fluido cristalino da membrama celular. Mecanismos de reparo de DNA (fragmentação em condições de dessecação Adaptações aos períodos de dessecação LMApH O pH do micro habitat pode ser diferente do macro habitat Os micro-organismos podem alterar o pH do micro habitat Liberação de produtos de degradação ácidos ou básicos. • Produção de ácidos orgânicos (lático) • Thiobacillus sp. (quimiolitotrófico) -oxida enxofre reduzido a ácido sulfúrico • Produção de amônia através da desaminação de aminoácidos • Oxidação de minerais (pirita) Podem impactar o macroambiente 15/03/2016 13 pH- Habitats ácidos Ambientes ácidos Algas eucarióticas (Euglena mutabilis, Cyanidum caldarium) Fungos e leveduras Eubacterias (Bacillus acidocaldaricus, Thiobacillus spp) Arqueobacterias (Sulfulobus spp, Thermoplasma spp,, Picrophilus spp) Ambientes alcalinos Algas eucarióticas (Chlorella spp,, diatomáceas) Fungos (Penicillium, Fusarium) Cianobacterias (Microcystis aeruginosa,Anabaenopsis, Spirulina, Plectonema nostocorum) Eubacterias (Bacillus alcalophilus, B.pasteurii, Ectothiorhodospira, Flavobacterium,, Agrobacterium, bact. Nitrificantes) Arqueobacterias (Natronococcus, Natronobacterium) LMA Ação direta: • Desnaturação de componentes celulares • Clorofila, DNA, proteínas - pH ácido • Fosfolípideos da membrana, RNA - pH alcalino Ação indireta: • Dissociação e solubilização de muitas moléculas que diretamente influenciam os micro-organismos • Solubilidade do CO2, afetando a fotossíntese e a disponibilidade de nutrientes essenciais (amônio e fosfato), afeta a mobilidade de metais pesados os quais são tóxicos para os micro-organismos • Afeta a força proton motora Efeitos do pH LMA Acidófilas: Arquea Sulfolobus cresce bem a 90oC, pH 1-5, Oxidiza H2S (ou So) a H2SO4 - Fixa CO2 como fonte de C Picrophilus oshimae: pH 0,7, e não cresce acima de pH 4 Alga vermelha Cyanidarium caldarium: pH 0,5 Ferroplasma acidarmanus: não tem parede celular e cresce em dreno ácido de mina a pH 0. O H+ é importante para manutenção da integridade da membrana (diferentes, a membrana lisa). Mantém pH interno próximo da neutralidade,bombeando prótons para fora da célula. pH LMAHelicobacter pylori H. pylori coloniza a mucosa gástrica e é sensível ao suco gástrico (pH ótimo é neutro), mas reside entre o epitélio gástrico e camada mucosa do estômago (ligeiramente alcalino) H. pylori tem capacidade única de manter pH neutro no espaço periplásmico pela síntese interna de urease. A urease hidroliza uréia que libera amônia e bicarbonato (este excretado pelos pulmões na forma de CO2) A amônia neutraliza o ácido gástrico que alcaliniza o microhabitat onde a bactéria vive e se multiplica. LMA Departamento de Microbiologia –ICB / Laboratório de Microbiologia AplicadaAlcalófilas cianobactéria Plectonema, cresce a pH 13 Adaptações: bombeia para fora OH-, e bomba Na+/H+ para aumentar o H+ interno LMA Potencial de oxidação-redução: mede a tendência de um composto de doar ou receber elétrons- escala útil para a medida da anaerobiose. Alto valor de Eh positivos: indica que o ambiente favorece as reações de oxidação Aeróbios estritos : somente metabolicamente ativos a Eh + Eh negativos: indica ambiente altamente redutor. Anaeróbios estritos : metabolicamente ativos a Eh - (ex= acetogênicos, metanogênicos, bactérias do S). Anaeróbios Facultativos podem sobreviver em uma faixa ampla de Eh. Potencial de oxidação-redução /Respiração anaeróbia 15/03/2016 14 LMA O2 e CO2, são os gases principais que afetam o crescimento De acordo com resposta ao O2 os micro-organismos são classificados em: AERÓBIOS Estritos (obrigatórios): necessitam de O2 (respiração aeróbica) Microaerófilo: necessitam de O2 em níveis menores que atmosfera (respiração aeróbica) ANAERÓBIOS Aerotolerantes: não necessitam de O2 mas podem tolerar sua presença (fermentação) Estritos (obrigatórios): não toleram O2 (letal) (fermentação, respiração anaeróbica) Facultativos: crescem na presença e ausência O2 mas crescem melhor na sua presença (fermentação, respiração aeróbica) Atmosfera gasosa LMAPor que o O2 é tóxico para os anaeróbios? O2 é poderoso agente oxidante e excelente aceptor de elétrons na respiração Processos celulares geram formas reativas de O2 (respiração e as proteínas flavoproteínas, quinonas e de Fe-S) Espécies reativas (radicais livres- atomos, moléculas ou íons com um e- desemparelhado) são oxidantes poderosos que destroem constituintes celulares Formas tóxicas do oxigênio células devem ser capazes de se proteger contra estas espécies reativas para manter sua integridade LMA Departamento de Microbiologia –ICB / Laboratório de Microbiologia Aplicada Balance between production and elimination of ROS and their potential biological effects. The steady- state ROS level is provided by the balance between ROS generation and elimination. However, under any conditions some ROS portion escapes defense systems and affects biological systems—damage cellular components, induce and modify regulatory cascades, and attack invaders. The latter three events lead to cellular injury via different mechanisms, adaptation to changeable conditions and host protection against infections. Glutationa reduzida Ácido ascorbico (vit C), Carotenóides Retinol (vit A) e tocoferol (vit E). Enzimas antioxidantes: Superoxido dismutases (EC 1.15.1.1), Catalases (EC 1.11.1.6), Glutationa peroxidase dependente de S (GPx, EC 1.11.1.9), Dtdiaforase (EC 1.6.99.2) Proteinas que previnem o dano induzido por ROS-ligando-se a íons de metais de transição (Fe e Cu): metalotioneinas e ferritinas. LMA Enzimas que inativam o O2 tóxico Aeróbio obrigatório (catalase e superóxido dismutase) Anaeróbio (catalase e superóxido dismutase ausentes na maioria) Aeróbio facultativo ((catalase e superóxido dismutase) Microaerófilo (necessitam de baixos teores de O2) (pequenas quantidades de catalase e superóxido dismutase) Aerotolerante (suportam a presença de O2, apesar de não o utilizarem) (superóxido dismutase) LMA Diversidade metabólica LMAFunção vital dos micro- organismos nos ecossistemas Consumidores terciários Consumidores secundários Consumidores primários Fluxos de carbono Ciliates and flagellates, important microbial primary consumers, feed on the bacteria and fungi, recycling nutrients as part of the microbial loop. Organic matter (OM). 15/03/2016 15 LMA Funil catabólico Compostos químicos complexos são degradados por uma série de vias periféricas, com a produção de metábolitos centrais. Variedade de enzimas: hidrolases, peroxidases, dehalogenases, redutases Consórcio com funções catabólicas complementares que coletivamente degradam o xenobiótico. Vias periféricas
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