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CEDERJ - Pedagogia - Psicologia da Educação - Texto 3 Aula 5

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61 Licenciatura em Pedagogia – Disciplina: Psicologia da Educação 
Aula 5/Texto 3: 
Principais abordagens teóricas do desenvolvimento humano: a 
abordagem psicanalítica clássica – O explorador da Mente 
 
Referência Bibliográfica: FERRARI, Márcio. O explorador da mente. Revista Escola. 
Série Pensadores - Olhares sobre o ensino - Sigmund Freud. Editora Abril: edição 214, agosto/2008. 
Disponível em: http://antigo.revistaescola.abril.com.br/edicoes/0214/aberto/mt_292272.shtml. 
Acesso em 07/02/2010. 
 
 
Os estudos do pai da psicanálise provocaram impacto em várias áreas, inclusive na 
Educação 
Da antropologia à teoria literária, da filosofia à ciência política, poucas áreas do 
pensamento humano escaparam à influência do médico austríaco Sigmund Freud (1856-
1939). A Educação não é exceção. Como o próprio Freud observou, suas pesquisas 
começaram pela observação da histeria em mulheres, mas aos poucos foram se deslocando 
para a psicologia infantil. 
 
Getty Images 
 
 
Um dos motivos da ampla influência da psicanálise é que seu autor a desenvolveu em 
duas vertentes: no estudo do psiquismo (o conjunto de processos mentais conscientes e 
inconscientes) e no do método terapêutico. Portanto, ao mesmo tempo que abre caminho para 
um profundo conhecimento do ser humano, essa ciência tem noção dos limites e das 
dificuldades de sua aplicação como cura ou solução. Por isso, tentar fazer uso prático da 
psicanálise na escola é perda de tempo. "Muita gente utiliza diversas teorias na Educação 
como quem se vale de uma caixa de ferramentas", diz Leandro de Lajonquière, psicanalista e 
professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. As maiores contribuições 
de Freud nessa área estão no conhecimento do desenvolvimento sexual da criança (leia a 
reportagem de capa) e no papel da linguagem. 
Pelo menos em duas ocasiões, Freud escreveu que Educação, política e psicanálise são 
atividades "impossíveis", pois as três lidam com a palavra. "Mas isso não quer dizer que não 
há como exercê-las. Temos de ter em mente que, quando a linguagem é o instrumento, o 
resultado profissional nunca é exatamente o pretendido", explica De Lajonquière. 
 
 
 
 
 
 
62 Licenciatura em Pedagogia – Disciplina: Psicologia da Educação 
Biografia 
Experiências próprias pontuaram sua obra 
Sigismund Schlomo Freud, que passou a assinar Sigmund Freud, nasceu em 1856 em 
Freiberg, na Áustria, numa família judia de classe média que, três anos depois, se mudaria 
para Viena, onde Freud se formou em medicina. Seu interesse pela pesquisa o levou a estudar 
neuropatologia em Paris e a se associar ao médico Joseph Breuer (1842-1925). Casou-se com 
Martha Bernays, com quem teve seis filhos. Experiências clínicas e pessoais, como a morte do 
pai, foram elaboradas por Freud como teoria psicanalítica e apresentadas pela primeira vez de 
modo sistemático no livro A Interpretação dos Sonhos (1900), ao qual se seguiram 
Psicopatologia da Vida Cotidiana (1904) e Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade 
(1905). A obra de Freud adquiriu amplitude de temas em Totem e Tabu (1913) e O Mal-Estar 
na Civilização (1930). Acuado pelos nazistas, ele mudou-se com a família em 1938 para 
Londres, onde morreu no ano seguinte. 
Repressão sexual 
As pesquisas que Freud fez sobre linguagem se relacionam a um dos objetos de estudo 
da psicanálise, o inconsciente - região psíquica à qual a pessoa não tem acesso voluntário, mas 
que se manifesta em sonhos, atos falhos e sintomas de neuroses e psicoses. O conceito já era 
estudado por Jean Charcot (1825-1893), com quem Freud trabalhou (leia o quadro abaixo). O 
jovem austríaco, porém, concluiu que os conflitos da mente tinham origem na sexualidade. 
O cientista chegou a apostar que a escola desempenharia um papel revolucionário caso 
abolisse ou atenuasse a função sexualmente repressora que sempre exercera. Porém, com o 
tempo ele passou a ver as coisas de outro modo. Mas advertiu que o sofrimento que a 
Educação infligia aos alunos ao lidar com pulsões e afetos sexuais poderia ser, de certa forma, 
atenuado. "A pedagogia sempre ignorou a sexualidade, que se manifesta queira a escola ou 
não", observa De Lajonquière. 
Freud detectou uma ampla gama de impulsos operando dentro e fora da libido (energia 
sexual) do indivíduo desde o nascimento. O contato corporal com a mãe - sobretudo pela 
amamentação - a transforma no primeiro objeto amoroso do ser humano. A descoberta de 
conexões libidinais e mecanismos de percepção que emergem durante os primeiros anos de 
vida levou Freud a elaborar a teoria do complexo de Édipo - que não é doença, como sugere o 
uso deturpado da palavra "complexo", mas um processo universal ao qual todos estamos 
sujeitos. 
Simplificadamente, ele refere-se ao desejo sexual dos meninos pela mãe e à rivalidade 
com o pai na disputa pelo amor materno. Na menina ocorreria um processo similar, também 
relacionado ao vínculo inicial com a mãe. Em ambos os casos, a superação dessa fase 
resultaria, entre outras coisas, no redirecionamento da libido e na internalização da autoridade 
paterna - etapa fundamental da formação do superego, uma das três partes do aparelho 
psíquico formador da personalidade, juntamente com o ego e o id. 
O id é a parte primal da mente, que contém forças instintivas inacessíveis à 
consciência. Já o superego se forma juntando aspectos de censura e ideais construídos por 
influência dos pais, dos educadores e dos valores civilizacionais. E o ego representa a razão, a 
busca de controle e equilíbrio e a tentativa de defesa contra pulsões agressivas e auto-
agressivas. 
 
 
 
 
 
 
 
63 Licenciatura em Pedagogia – Disciplina: Psicologia da Educação 
Os caminhos de Freud 
Hulton Archive 
 
 
MÉTODO HIPNÓTICO Charcot, dando aula em Paris, mostra como conhecer o 
inconsciente 
 
A cura pela palavra e pela livre associação 
Sigmund Freud trabalhou com a intuição dos processos inconscientes nos estudos 
clínicos feitos em Paris com o neurologista Jean Charcot, que usava a hipnose para tratar 
histeria. Em Viena, ele teve contato com Joseph Breuer, que cuidou da paciente conhecida 
como Anna O. Num estado próximo da auto-hipnose, ela falava sobre as primeiras vezes que 
experimentou os sintomas de histeria, e só isso reduziu a incidência e a violência dos surtos. 
Nos casos que acompanhou, Freud percebeu que a relutância em associar idéias, os silêncios e 
as dificuldades de pronúncia indicavam conflito entre o consciente e o inconsciente reprimido, 
geralmente material de natureza sexual. A psicanálise surgiu da crença de que trazer à tona 
esse teor e tratar dele pela fala seria um meio de desatar o nó psíquico. Freud começou então a 
afirmar a existência da sexualidade infantil e a necessidade de conhecê-la. 
Sublimação e arte 
 Essas três instâncias administram a rede de pulsões de satisfações sexuais e de morte, 
que coexistem em todos os seres humanos. Os critérios de cada um para lidar com elas 
obedecem às necessidades de autoconservação, de prevenção do sofrimento e de maximização 
do prazer. A complexidade do processo leva à inibição ou à repressão de instintos. Um dos 
resultados desse processo é a sublimação, que conduz à produção cultural por uma atividade 
psíquica de reelaboração da pulsão do prazer. 
Essas constatações fizeram Freud concluir que não haveria civilização sem repressão. 
Mas, para ele, a escola poderia direcioná-la para o lado bom: a sublimação que leva à 
produção artística. "Porém, como todo processo psíquico, esse mecanismo é inconsciente e 
não pode ser conduzido por uma programação feita pela escola", explica De Lajonquière. 
Há pelo menos uma observação feita por Freudaos pais que vale para os educadores: 
"Nós nos preocupamos demais com os sintomas e muito pouco com o lugar do qual provêm. 
E quando criamos os filhos queremos simplesmente ser deixados em paz, queremos uma 
'criança modelo' sem nos perguntarmos se isso é bom ou ruim para ela". 
Quer saber mais? 
BIBLIOGRAFIA 
De Piaget a Freud, Leandro de Lajonquière, 256 págs., Ed. Vozes, tel. (11) 3105-7144, 38,70 
reais 
Freud e a Educação, Maria Cristina Kupfer, 104 págs., Ed. Scipione, tel. (11) 3990-1788, 
29,90 reais

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