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APOSTILA DE ESTUDOS – INTRODUÇÃO ÀS TEORIAS PSICANALÍTICAS Prof.ª. Jéssica Lira 1º BIMESTRE: I. A Psicanálise enquanto prática clínica e enquanto teoria: Freud (1923) define: “Psicanálise é o nome de (1) um procedimento para a investigação de processos psíquicos que são quase inacessíveis por qualquer outro modo, (2) um método (baseado nessa investigação) para o tratamento de distúrbios neuróticos e (3) uma coleção de informações psicológicas obtidas ao longo dessas linhas, e que gradualmente se acumula numa nova disciplina científica”. “Uma prática clínica que Freud teoriza”. • Nascimento da clínica psicanalítica; • Movimento psicanalítico: pacientes histéricas remontam a Clínica psicanalítica; • Estudos com Breuer e Charcot auxiliam Freud em sua prática; • Freud, pesquisador da alma. “Uma teoria que opera no campo da Clínica” • A Psicanálise é primordialmente clínica; • O conhecimento psicanalítico advém da escuta Clínica; • “Pode-se dizer que a Psicanálise nasceu com o século XX, pois a publicação em que ela emergiu perante o mundo como algo novo – A Interpretação dos Sonhos – traz a data “1900”. Porém, como bem se pode supor, ela não caiu pronta dos céus. Teve seu ponto de partida em ideias mais antigas, que ulteriormente desenvolveu; originou-se de sugestões anteriores, as quais elaborou. Qualquer história a seu respeito deve, portanto, começar por uma descrição das influências que determinam sua origem, e não desprezar a época e as circunstâncias que precederam sua criação” (FREUD, 1923). • A Psicanálise iniciou com o objetivo de compreender algo da natureza daquilo que era conhecido como doenças nervosas funcionais, tendo em vista que o saber médico não estava conseguindo abarcar e dar conta deste novo acontecimento. “A transmissão da teoria psicanalítica historicamente e na atualidade”. • A importância de “transmitir” a Psicanálise; • Transmitir não é ensinar! Latim: Transmittere. Sig.: “atribuir a outrem; referir; contar; transferir; transportar. - “Trans”: através. - “Mittere”: enviar. “A Psicanálise não pode ser desatrelada de seu tempo”. • Ler: “Deve-se enviar Psicanálise nas Universidades? ” (FREUD, 1919) Os encontros das quartas-feiras da Sociedade: • Início: 1901 – “(...) um certo número de médicos mais jovens reuniu-se em torno de mim com a intenção expressa de aprender, praticar e difundir a Psicanálise”, disse Freud. • Quem sugeriu que o grupo inicia-se? Wilhelm Stekel – foi paciente de Freud; Era médico; apaixonou-se pela Psicanálise após seu êxito clínico com Freud. • Grupo inicial: Stekel, Max Kahane; Rudolf Reitler e Alfred Adler. • As sociedades psicanalíticas: as Escolas de Psicanálise; A formação do analista e o tripé psicanalítico. O ofício da Psicanálise historicamente e na atualidade: • A ética psicanalítica: ética do inconsciente; • Regra fundamental: associação livre; insignire; “Por uma marcar, distinguir, assinalar”. “(...) A inclusão da Psicanálise no currículo universitário seria sem dúvida olhada com satisfação por todo psicanalista. Ao mesmo tempo, é claro que o psicanalista pode prescindir completamente da universidade sem qualquer prejuízo para si mesmo. Porque o que ele necessita, em matéria de teoria, pode ser obtido na literatura especializada e, avançando ainda mais, nos encontros científicos das sociedades psicanalíticas, bem como no contato pessoal com os membros mais experimentados dessas sociedades. No que diz respeito à experiência prática, além do que adquirir com a sua própria análise pessoal, pode consegui-la ao levar a cabo os tratamentos, uma vez que consiga supervisão e orientação de psicanalistas reconhecidos. ” (FREUD, 1919). • Sublimação1 para Freud é um dos mecanismos fundamentais para a compreensão de todas as escolhas profissionais. • O desejo de tornar-se analista: análise pessoal. • Freud, em “Recomendações aos médicos que exercem a Psicanálise (1912)”, dirige algumas recomendações técnicas aos analistas. • Apresentar a diferença entre ser analista e o profissional da Psicanálise e da medicina. A vida e a Obra de Freud2: • Filho predileto, de 6 irmãos; • Autodidata; • Pesquisador insaciável; • Grande teórico: diversas Obras ao longo da vida; • Ler: “Um estudo autobiográfico” (1925); • A leitura mais apropriada para abordar pela primeira vez a Obra de Freud: “Cinco lições de Psicanálise” (1910). • Freud: médico neurologista; • Nasceu na Morávia; • Família Judaica; • Teve 6 filhos, sendo a Anna Freud a mais conhecida. Síntese dos principais acontecimentos e marcos teóricos: ▪ 06 de maio de 1856: nascimento de Freud – Sigismund Schlomo Freud – em Freiberg, na Morávia, hoje Pribor, na República Tcheca. ▪ 1860: Família Freud instala-se em Viena, em situação financeira precária. ▪ 1865: Entrada de Freud no Gymnasium. ▪ 1871: Charcot começa a interessar-se pela histeria no hospital de la Salpêtrière, em Paris. ▪ 1873: Freud ingressa na Universidade de Viena. Ele abandona a ideia de fazer Direito após ler o ensaio “A Natureza”, de Goethe. ▪ 1874: Freud frequenta as aulas de Franz Brentano. ▪ 1876: Pesquisa no laboratório de fisiologia de Ernst Von Brucke, sobre as glândulas sexuais das enguias. ▪ 1877: Publicação de seus trabalhos anatômicos. ▪ 1878: Faz amizade com Breuer, que o encoraja moral e materialmente. ▪ 1879: Freud frequenta as aulas de psiquiatria de Meynert – ele se interessa pelo aspecto neurológico dos sintomas. 1 Termo derivado das belas-artes (sublime), da química (sublimar) e da psicologia (subliminar), para designar ora uma elevação do senso estético, ora uma passagem do estado sólido para o estado gasoso, ora, ainda, um mais-além da consciência. Sigmund Freud* conceituou o termo em 1905 para dar conta de um tipo particular de atividade humana (criação literária, artística, intelectual) que não tem nenhuma relação aparente com a sexualidade*, mas que extrai sua força da pulsão* sexual, na medida em que esta se desloca para um alvo não sexual, investindo objetos socialmente valorizados. (ROUDINESCO & PLON, 1998). 2 Ler: Freud: uma vida para o nosso tempo, de Peter Gay. ▪ 1880: Breuer inicia o tratamento de Anna O. ▪ 1881: Freud obtém seu diploma de médico. ▪ 1882: Sem recursos materiais, ele não pode prosseguir a carreira de pesquisador. Em abril conhece Martha Bernays e se torna seu noivo no mês de junho. Ele ingressa no Hospital Geral de Viena. Breuer fala- lhe do Caso de Anna O., e Freud se interessa. ▪ 1883: Freud torna-se assistente de Meynert e decide especializar-se em neurologia. ▪ 1884: Freud descobre as propriedades analgésicas da cocaína. Ele começa a tratar com eletroterapia pacientes que sofrem de doença nervosa. ▪ 1885: Freud ganha uma bolsa da Universidade para realizar pesquisas e escolhe ir a Paris para estudar com Charcot. ▪ 1886: Freud estabelece um consultório particular e casa-se com Martha. ▪ 1887: Nascimento da 1ª filha – Mathilde. Freud começa a utilizar a hipnose. Conhece Fliess. ▪ 1888: Freud aplica, pela primeira vez, um método inspirado em Breuer em Emmy Von N. (Emmy Moser). ▪ 1889: Nascimento de seu primeiro filho, Jean-Martin. ▪ 1890: Freud começa a utilizar o método catártico. ▪ 1891: No seu 35º aniversário, recebe de seu pai a Bíblia familiar com uma dedicatória em hebraico. Nascimento de seu 2º filho, Oliver. A família se instala no nº 19 da Berggasse. Publica seu 1º livro “Sobre a concepção das afasias”, e o dedica para Freud. ▪ 1892: Uma das suas pacientes (Elisabeth Von R.) inspira-lhe no método da associação livre. Nascimento de seu terceiro filho, Ernst. ▪ 1893: Freud vai a Berlim para encontrar Fliess. Formula, numa carta a Fliess, a teoria da sedução traumática, que abandonará4 anos mais tarde. Morte de Charcot. Nascimento de sua segunda filha, Sophie. ▪ 1894: Freud escreve artigo sobre “As psiconeuroses de defesa”. ▪ 1895: Publicação de “Estudos sobre a Histeria”. 23-24 de julho tem um sonho (A injeção de Irma); pela 1ª vez interpreta esse sonho. Escreve “Projeto para uma Psicologia científica”. Nascimento de sua última filha, Anna. ▪ 1896: Rompimento com Breuer. Freud utiliza pela 1ª vez o termo “Psicanálise”. Morte de seu pai, Jacob. Em uma carta a Fliess, Freud utiliza pela 1ª vez o termo “aparelho psíquico”. ▪ 1897: Freud inicia a sua auto análise. Ele desiste da teoria da sedução. Em carta a Fliess, formula sua 1ª interpretação da tragédia de Sófocles, Édipo Rei. ▪ 1898: Termina a escrita de A Interpretação dos Sonhos, exceto o cap. VII. ▪ 1899: Publica “A Interpretação dos Sonhos”, datado pelo editor como sendo de 1900. ▪ 1900: Fliess acusa Freud de roubar sua ideia sobre a bissexualidade e os dois rompem. ▪ 1901: Publica “Sobre a psicopatologia da vida cotidiana”. ▪ 1902: Freud é nomeado professor extraordinário. Criação da Sociedade psicológica das Quartas-feiras, em Viena. ▪ 1905: Publica “Três Ensaios”; “Caso Dora”. ▪ 1906: Início da correspondência com Jung. ▪ 1907: Início da análise de Ernst Lanzer (O homem dos ratos); ▪ 1908: A Sociedade psicológica das Quartas-feiras torna-se a sociedade psicanalítica de Viena. ▪ 1909: Viagem aos EUA com Jung e Ferenczi: conferência de Freud na Clark University. ▪ 1910: Início da análise de Serguei Pankejeff (O homem dos lobos). Ferenczi propõe a criação de uma organização internacional (a IPA). Jung é eleito presidente. ▪ 1913: Ruptura definitiva com Jung. ▪ 1915: Freud escreve diversos artigos sobre a metapsicologia. ▪ 1920: Sophie, filha de Freud, morre aos 27 anos de gripe espanhola. ▪ 1923: Freud descobre um câncer na mandíbula. Morte de Heinerle, neto preferido de Freud, segundo filho de sua filha Sophie. ▪ 1930: Freud recebe o prêmio Goether em Frankfurt. A mãe de Freud morre aos 95 anos. ▪ 1933: Nazistas queimam os livros de Freud em Berlim. Emigração em massa dos psicanalistas alemães. ▪ 1938: Freud deixa Viena, com sua mulher e sua filha Anna, graças a ajuda da princesa Marie Bonaparte. ▪ 1939: 23 de setembro – morte de Freud, às 3 horas da manhã. II. A Clínica da histeria como origem: Aspectos históricos: • O termo histeria é derivado da palavra grega hystera e significa matriz. De acordo com Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, matriz é o "lugar onde algo se gera ou cria; órgão das fêmeas dos mamíferos onde se gera o feto; útero" (1988, p. 422). • Hipócrates, médico renomado da Grécia Antiga (460-377 a.C) entendia a histeria como sendo uma doença orgânica de origem uterina e, portanto, especificamente feminina que afetava todo o corpo por sufocações da matriz. Ele supunha que a histeria se desenvolvia pela privação de relações sexuais, dessecando o útero, que perderia peso e se deslocaria pelo corpo em busca da umidade necessária. A paciente teria sua respiração afetada, desenvolvendo convulsões se o útero subisse até o hipocôndrio e estacionasse nesse órgão. Caso o útero prosseguisse sua subida e atingisse o coração, a paciente emitiria sinais de ansiedade, opressão e vômitos. • Em seu Timeu, Platão retomou a tese hipocrática, sublinhando que a mulher, diferentemente do homem, trazia em seu seio um “animal sem alma”. Próximo da animalidade: assim foi, durante séculos, o destino da mulher, e mais ainda da histérica. • Há uma mudança de paradigmas a partir dos estudos de Charcot a respeito dos sintomas histéricos. Charcot influenciou fortemente as pesquisas freudianas no que tange a origem de sintomas que se apresentavam no corpo mas que não tinham incidências fisiológicas, ou seja, cuja origem não era encontrada através de exames fisiológicos, biológicos, etc. • Segundo Roudinesco & Plon (1998) a histeria é a “doença” princeps e proteiforme que possibilitou não apenas a existência de uma clínica freudiana, mas também o nascimento de um novo olhar sobre a feminilidade. • Freud, a medicina e a histeria: • Freud nunca aceitou o conhecimento médico como sendo “acabado”. Sempre se colocou a frente daquilo que as respostas óbvias da medicina não conseguiam alcançar. Assim nasce seu interesse pela hipnose e pelas pacientes histéricas. • Freud recusara a ideia que vigorava em sua época de que a histeria era fingimento e que os sintomas apresentados pelas pacientes, por não terem incidências físicas, eram falsos. • Freud opta por realizar pesquisas por uma via própria, o que faz com que ele se aproxime de grandes teóricos de sua época e divida com eles os anseios que àquelas afecções sem origem orgânica alguma, lhes causavam. • No que tange aos primórdios da Psicanálise, Freud passou a escutar as pacientes que eram tidas como histéricas e, também, a praticar – juntamente com Dr. Breuer – o método hipnótico. • Freud, cada vez mais, distancia-se da medicina em seu aspecto clássico e passa a desenvolver um novo método de aproximação terapêutica, a Psicanálise vai nascendo aos poucos... Charcot e a Hipnose: • A questão que precede: mesmerismo3. • Mesmerismo é abandonado a partir da metade do séc. XIX e dá espaço à Hipnose (James Braid inventa esta nova técnica). • Charcot, médico neurologista e professor de anatomia e patologia da Faculdade de Medicina de Paris, também revolucionou o mundo da ciência médica quando afirmou que havia um grupo de doenças que não apresentavam lesões anatômicas identificáveis, a este tipo, deu-se o nome de neuroses (que até então eram “perturbações sem lesão e nas quais a sintomatologia não apresentava a regularidade desejada). • Todavia, apesar da ausência de um referencial anatômico, a histeria apresentava aos seus olhos uma sintomatologia bem definida, obedecendo a regras precisas. Esse reparo é importante, porque lhe permite afastar a hipótese de simulação, o grande fantasma da psiquiatria do século XIX. • Charcot conseguiu notar posteriormente a noção de trauma em suas pacientes histéricas e as ressonâncias deste trauma para os sintomas que eram apresentados. O que Charcot não esperava era que nas narrativas que eram postas, o componente sexual ficasse evidente. 3 O pressuposto do mesmerismo era o de que os seres animados estavam sujeitos às influências magnéticas, pois os corpos dos animais e do homem são dotados das mesmas propriedades que o ímã. Essas ideias levaram Anton Mesmer, doutor em medicina pela Universidade de Viena, a experimentar clinicamente a eficácia do magnetismo. A novidade de Mesmer residiu em substituir o ímã, que era comumente empregado com fins terapêuticos, pelo seu próprio corpo. Não há necessidade de ímãs, basta o contato de sua mão para que o efeito terapêutico seja alcançado. FREUD & CHARCOT: o início No inverno de 1885, Freud vai a Paris e assiste ao curso de Charcot, cujas aulas práticas eram ministradas na Salpêtrière, e adere entusiasticamente ao modelo fisiológico oferecido por ele para a histeria. Os aspectos mais salientados tanto por Charcot como por Freud, nesse período, eram os que diziam respeito ao fato de que a histeria não era uma simulação, que ela era uma doença funcional com um conjunto de sintomas bem definido e na qual a simulação desempenhava um papel desprezível. Outro ponto enfatizado por ambos foi que a histeria era tanto uma doença feminina como masculina, desfazendo dessa forma a ideia de que apenas as mulheres padeciam de manifestações histéricas (como sugeria o próprio termo “ histeria”, que deriva da palavra grega hystéra, que significa “ útero”). • A teoria do trauma psíquico de Charcot terá absoluta repercussão sobre os escritos iniciaisde Freud. Todavia, muito embora se configure de suma importância sua existência inicial, paradoxalmente ela se tornará o maior impeditivo para tudo que de mais consistente se construirá posteriormente na teoria freudiana: a teoria da sexualidade, a teoria edipiana, etc. • No início, para Freud, é necessário que haja uma sugestão do médico ao paciente para que através deste modo sugestivo consiga-se eliminar os sintomas. Explicando: coloca-se o paciente sob o efeito hipnótico, para que assim, faça-se sugestões que removam os sintomas apresentados. • Esse procedimento, porém, apenas elimina o sintoma, mas não remove a causa. Freud propõe, então, que se empregue um método elaborado por Joseph Breuer e que consiste em fazer o paciente remontar, sob efeito hipnótico, à pré-história psíquica da doença a fim de que possa ser localizado o acontecimento traumático que originou o distúrbio (Freud, ESB, v. I, p. 99). • As influências do Dr. Breuer começaram a se tornar bem mais incisivas que as de Charcot, assim, Freud passou a trabalhar de maneira mais próxima com aquele que tanta admirava: Dr. BREUER. Breuer e o tratamento de Anna O. • Breuer era grande amigo de Freud e que no início da carreira de Freud o ajudou bastante. Breuer acreditava na genialidade e competência de Freud e assim dividiu com ele muitas das suas aflições clínicas. • Breuer teve grande influência em boa parte das pesquisas iniciais de Freud e em sua vida pessoal também. Alguns biógrafos afirmam que a figura desempenhada por Breuer para Freud era a figura paterna. • Freud inventou o método catártico para a histeria. Redigiu, juntamente com Freud, a obra inaugural da Psicanálise “Estudos sobre a Histeria”. Ademais, Breuer teve uma importante paciente para a história da Psicanálise, Bertha Pappenheim, mais conhecida como Anna O. • Muitas discordâncias pesaram na relação de Breuer e Freud, sobretudo no que tange ao entendimento da histeria, da sexualidade e da ciência. Freud queria construir uma obra teórica absolutamente inovadora para a época; enquanto Breuer continuava um erudito clássico, ligado aos princípios da fisiologia de seu tempo. • Anna O. (Bertha Pappenheim), era uma jovem que era extremamente controlada pelos pais e que tornou-se mundialmente conhecida por ser considerada como o caso clínico inaugural da Psicanálise. O interessante é que Anna O. era paciente de Breuer e não de Freud. • Anna O. começou a desenvolver um conjunto de sintomas muito chamativos, como: alucinações em que os ponteiros do relógio se deformam, em que ela vê cobras no jardim, ela se vê impossibilitada de beber qualquer líquido que não seja suco, ela perde a capacidade falar alemão e passa a falar somente em inglês, ela sente muitas dores no corpo e produz um estrabismo convergente nos olhos. Os sintomas produzidos por Anna O. são indubitavelmente desafiadores. • Freud e Breuer escrevem “Estudos sobre histeria” a quatro mãos e têm muitas divergências, pois cada um tem um entendimento distinto sobre a Histeria. • Para Breuer, a histeria é paradigmática. Para ele, a histeria é uma espécie de retenção de afeto, que se descola para o corpo como uma forma de conversão (este que é sintoma principal da histeria. Freud acompanhava esta ideia até certo ponto, pois ele acreditava que estes afetos retidos, estas emoções retidas, eram de natureza sexual. • Freud escutava e discutia com Breuer a respeito do caso de Anna O., mas era Breuer quem ia até a casa da referida paciente e a submetia a sessões diárias de hipnose. • Breuer utilizava-se daquilo que denominou de método catártico. O método catártico. • Breuer intitulo o seu método clínico de catártico (de Kátharsis, que significa purgação), pois o que ocorria durante o tratamento era uma “purgação” ou uma descarga do afeto que estava originalmente ligado à uma experiência traumática. • Na história da psicanálise, o método catártico deriva do campo do hipnotismo. Foi ao se desligar progressivamente da prática da hipnose, entre 1880 e 1895, que Freud passou pela catarse, para inventar o método psicanalítico propriamente dito, baseado na associação livre, ou seja, na fala e na linguagem. • O que Freud notou foi que era através da fala do paciente que devíamos depositar todos os nossos impulsos investigativos e que os sintomas que outrora se alojavam em seus corpos, desapareciam na medida em que eram falados. • Anna O. brilhantemente denominou tal procedimento de “talking cure” ou “a cura pela fala...”. A hipótese etiológica da histeria. • Mas como surgem os sintomas histéricos? Anteriormente já vimos que a maior discordância entre Freud e Breuer reside justamente neste impasse que foi Definição por Roudinesco & Plon (1998): Palavra grega utilizada por Aristóteles para designar o processo de purgação ou eliminação das paixões que se produz no espectador quando, no teatro, ele assiste à representação de uma tragédia. O termo foi retomado por Sigmund Freud e Josef Breuer, que, nos Estudos sobre a histeria, chamam de método catártico o procedimento terapêutico pelo qual um sujeito consegue eliminar seus afetos patogênicos e então ab-reagi-los, revivendo os acontecimentos traumáticos a que eles estão ligados. justamente por este impasse que Freud conseguiu prosseguir e avançar teoricamente com a Psicanálise. • Freud, ao procurar responder à pergunta sobre a origem da histeria, cria um novo saber: a psicanálise. • Freud, que já se dedicava ao estudo da histeria junto a Breuer em Viena, vai adentrar o espaço em cujo umbral se detiveram Charcot e Janet: o Inconsciente. As leis que regem a histeria são as mesmas que comandam a formação dos sonhos. • Eis a concepção freudiana da histeria: trata-se de uma defesa contra a recordação (ideia) de um evento traumático de natureza sexual ocorrido na infância (por exemplo a sedução por parte de um adulto). • Quando criança, o sujeito teve uma experiência sexual cuja carga de afeto foi insuportável para o sujeito e lhe é inconciliável com a consciência. Desse conflito resulta que a ideia é recalcada (isolada de todas as outras) e permanece ativa no Inconsciente. • Daí Freud usar inicialmente a designação “histeria da defesa”. Uma vez, já na vida adulta, essa recordação, despertada por algum acontecimento, é convertida em um sintoma no corpo, que é um memorial do trauma. (Se há mentira na histeria é essa: o que parece ser a causa — o acontecimento atual — não o é. • Freud passa a denominá-la “histeria de conversão”: “na histeria, a representação inconciliável torna-se inofensiva pelo fato de sua soma de excitações ser transposta para o corporal, processo para o qual proponho o nome de conversão.” • Os sintomas têm uma significação que é sexual, apresentam um valor simbólico, expressam a realização de um desejo. O tratamento consiste em, através da livre associação de ideias, chegar às cenas traumáticas “esquecidas” no Inconsciente. Freud se corrigirá em seguida: essas cenas não foram necessariamente vividas, e sim fantasiadas, mantendo, porém, sua carga traumática III. Recalque & Inconsciente. Recalque (Verdrangung) - conceito: Na linguagem comum, a palavra recalque designa o ato de fazer recuar ou de rechaçar alguém ou alguma coisa. Assim, é empregada com respeito a pessoas a quem se quer recusar acesso a um país ou a um recinto específico. Para Freud, o recalque designa o processo que visa a manter no inconsciente todas as ideias e representações ligadas às pulsões e cuja realização, produtora de prazer, afetaria o equilíbrio do funcionamento psicológico do indivíduo, transformando-se em fonte de desprazer. Freud, que modificou diversas vezes sua definição e seu campo de ação, considera que o recalqueé constitutivo do núcleo original do inconsciente. No Brasil também se usa “recalcamento”. Inconsciente (Unbewusste) – conceito: Conceitualmente empregado em língua inglesa pela primeira vez em 1751 (com a significação de inconsciência), pelo jurista escocês Henry Home Kames (1696-1782), o termo inconsciente foi depois vulgarizado na Alemanha, no período romântico, e definido como um reservatório de imagens mentais e uma fonte de paixões cujo conteúdo escapa à consciência. Em psicanálise*, o inconsciente é um lugar desconhecido pela consciência: uma “outra cena”. Na primeira tópica* elaborada por Sigmund Freud*, trata-se de uma instância ou um sistema (Ics) constituído por conteúdos recalcados que escapam às outras instâncias, o pré-consciente* e o consciente* (Pcs-Cs). Na segunda tópica, deixa de ser uma instância, passando a servir para qualificar o isso* e, em grande parte, o eu* e o supereu*. • O recalcamento é um dos conceitos mais importante da teoria freudiana, sobretudo da sua metapsicologia. • Em “A história do movimento psicanalítico”, Freud declara: “(...) o recalcamento é o pilar fundamental sobre o qual descansa o edifício da Psicanálise”. • Em português, há três formas encontradas de tradução para a palavra alemã “Verdrangung”: repressão, recalque, recalcamento. ▪ TRAUMA E DEFESA o Freud passa a aplicar uma técnica que unia a sugestão hipnótica à catarse. Com o tempo, porém, verifica que a sugestão, por seu caráter excessivamente diretivo e coercitivo, acabava criando um obstáculo à pesquisa. Nesse momento, abandona a hipnose e se defronta com um fenômeno que não podia ocorrer com o paciente sob efeito hipnótico: a defesa. Tem início, então, sua independência com relação a Breuer e a seus contemporâneos, incluindo-se aí Charcot e Bernheim. o Quando abandona a hipnose e solicita a seus pacientes que procurem se lembrar do fato traumático que poderia ter causado os sintomas, verifica que, por mais que se esforcem, esbarram numa resistência a que as ideias patogênicas se tornem conscientes. o Analisando detalhadamente cada caso, chega à conclusão de que em todos eles essas ideias eram de natureza aflitiva, capazes de provocar vergonha, autocensura e sofrimento psíquico. Freud conclui: o que impedia que essas ideias fossem livremente recordadas o pelos pacientes era uma defesa psíquica. o A defesa surge, desta forma, como uma censura do eu do paciente à ideia ameaçadora, forçando-a a se manter fora da consciência. Ao mecanismo de transformação da carga de afeto ligada a essas ideias em sintomas corporais, Freud denomina conversão. A resistência foi interpretada por Freud como o sinal externo de uma defesa (Abwer) cuja finalidade era manter fora da consciência a ideia ameaçadora. o A defesa é exercida pelo eu sobre uma representação ou conjunto de representações que despertam sentimentos de vergonha e de dor. o Se a ideia de trauma está ligada às excitações muito intensas provenientes tanto de fonte exógena como de fonte endógena, a ideia de defesa surge para designar aqueles mecanismos capazes de reduzir ou de suprimir o efeito traumático. o O agente da defesa é o eu e os mecanismos colocados em jogo na ação defensiva são mecanismos do eu ou estão ligados ao eu. Apesar do termo defesa ter sido empregado mais para designar uma proteção contra a excitação proveniente de fonte interna (contra as pulsões), quando empregada em sentido amplo designa a ação do aparato psíquico contra toda e qualquer excitação excessivamente intensa. o Sob essa forma, defesa não se confunde com recalque, já que este último possui uma especificidade que não encontramos na primeira. Com o emprego cada vez mais constante da noção e pelo fato de Freud passar a referi-la mais à pulsão do que às excitações provenientes de fonte exógena, a defesa passa a ser vista com uma operação que se exerce de forma inconsciente. Da teoria da sedução à fantasia: o que é realidade psíquica? A teoria da sedução – “todos os pais são molestadores?” - Freud abandonou a teoria da sedução em 1897; - “Freud atribuía à histeria uma causalidade sexual, decorrente de uma sedução vivida na infância, e tal como Charcot, definiu uma zona histerogênica, ou seja, uma região do corpo que era libidinalmente investida e cuja excitação era acompanhada por um prazer sexual capaz de levar ao ataque histérico” (ROUDINESCO & PLON, 1998, p. 472). - “Após o abandono da teoria da sedução, em 1897, a causalidade sexual serviu para explicar o conflito psíquico produtor da neurose: o histérico sofria de reminiscências e, depois, de fantasias e sonhos, cujo conteúdo convinha explorar através da psicanálise. Para isso, era preciso voltar à infância e, portanto, às primeiras experiências sexuais do sujeito.” (ROUDINESCO & PLON, 1998, p. 473). - Neurose era fruto de um abuso sexual real (Freud – 1895 e 1897); - Fliess teve grande influência sobre Freud para que ele abandonasse a sua teoria da sedução. - Freud substituiu a teoria da sedução pela da fantasia – o que inclui: realidade psíquica, baseada no inconsciente. - A questão da fantasia: enigma das causas sexuais: elas eram fantasísticas, mesmo quando havia um trauma real, uma vez que o real da fantasia não é da mesma natureza que a realidade material. - Carta a Fliess em 21 de setembro de 1897: “Não acredito mais em minha neurótica”. (Algumas) Formações do Inconsciente: CHISTES (Witz): Fossem quais fossem suas modalidades, com efeito, o Witz era, a seu ver, como que uma expressão do inconsciente, identificável em todos os indivíduos. Freud estuda primeiramente a técnica do chiste, para em seguida mostrar o mecanismo de prazer que este emprega. Por fim, descreve o aspecto social do chiste e sua relação com o sonho e com o inconsciente. Dentre os diferentes Witze, Freud distingue os inofensivos dos tendenciosos, tendo estes por móbil a agressividade, a obscenidade ou o cinismo. Quando atingem seu objetivo, os chistes, que requerem a presença de pelo menos três pessoas (o autor da piada, seu destinatário e o espectador), ajudam a suportar os desejos recalcados, fornecendo-lhes um modo de expressão socialmente aceitável. ATOS FALHOS (Fehlleistung): Ato pelo qual o sujeito*, a despeito de si mesmo, substitui um projeto ao qual visa deliberadamente por uma ação ou uma conduta imprevista. Tal como em relação ao lapso, Freud foi o primeiro, a partir de A interpretação dos sonhos, a atribuir uma verdadeira significação ao ato falho, mostrando que é preciso relacioná-lo aos motivos inconscientes de quem o comete. O ato falho ou acidental torna-se equivalente a um sintoma, na medida em que é um compromisso entre a intenção consciente do sujeito e seu desejo inconsciente. IV. INTRODUÇÃO À INTERPRETAÇÃO DOS SONHOS (TRAUMDEUTUNG) - Livro publicado em novembro de 1899, mas datado de 1900. - A morte do pai (1896) fez com que diversos sonhos relacionados a tal evento se iniciassem. - Sentimentos amorosos pela mãe; universalidade do mito edipiano; realização, como o sonho, de desejos infantis inconscientes: cap. V. - A experiência clínica fora fundamental para a feitura da Obra. - Obra bem trabalhada e investida: 223 sonhos – 47 de Freud e 176 de pacientes ou amigos próximos. - Três partes essenciais da obra: 1. resenha bibliográfica detalhada dos trabalhos sonho o sonho efetuados antes de Freud; 2. Método de Interpretação dos sonhos, a teoria da formação do sonho, sua função e o trabalho do sonho; 3. célebre cap. VII – teoria do funcionamento do aparelho psíquico. - O sonho apresenta-se como uma significação individual e subjetiva. - A partir de Freud: “sonhos são realizações de desejos inconscientes”. Não é mais uma espécie de adivinhaçãocomo era tido outrora. - Sonho: formação do inconsciente. - Interpretação dos sonhos é a via real que leva o sujeito ao conhecimento das atividades inconscientes da psiquê. E é o melhor caminho para o estudo das neuroses. CARACTERÍSTICAS DOS SONHOS: - Os sonhos são realizações de desejo; - As ideias oníricas são de caráter alucinatório; - Os sonhos têm um sentido e um método científico de interpretá-lo é possível; - Há conteúdos manifestos e latentes: o que corresponde ao sonho lembrado e contado pela pessoa e o conteúdo latente, oculto, inconsciente, ao qual se chegará através da interpretação. - O conteúdo manifesto do sonho é o substituto deformado de um conteúdo inconsciente ao qual se pretende chegar através da interpretação. A QUESTÃO DA INTERPRETAÇÃO: - Interpreta-se o sonho falado, ou seja, o conteúdo manifesto; - Método freudiano: cada elemento do sonho tem um significado de algo oculto e inconsciente; - Deve-se entender o sonho não como um todo, mas sim parcelas isoladas de seu conteúdo; - A importância da interpretação: ultrapassagem do sistema consciente; - Os sonhos diminuem as fronteiras entre o que é “normal” e o que é patológico. - A interpretação do sonho é tarefa infinita. “Contém ela(...) a mais valiosa de todas as descobertas que tive a felicidade de fazer. Compreensão dessa espécie só ocorre uma vez na vida” (FREUD) - Interpretação: meio psicanalítico para abordar e acessar as manifestações do inconsciente. O DESEJO EM CENA: - Verdade fundamental na psicanálise: verdade do desejo. -Tal verdade é dissimulada e precisa ser decifrada. -Psicanálise: teoria e prática do deciframento. -Em que consistem os desejos: “crimes não cometidos”; paixões não vivenciadas; amores reprimidos. - Somos protegidos – pela censura – dos riscos que os desejos nos remetem. - Para Freud, a origem do sonho remonta os desejos sexuais infantis reprimidos. - Assim, o sonho, como realização de desejos inconscientes, revela e oculta. Afinal, qual a importância da interpretação dos sonhos para a obra de Freud? - Ganhos psicanalíticos: abandono da neurologia e entrada em solo estritamente psicanalítico; - A questão do desejo na psicanálise; - A importância da figura do analista: o paradigma da interpretação. - A presente obra nos mostrou a importância do advento interpretativo na clínica psicanalítica: a fala do paciente deve ser desvelada. - A descoberta (descrita) dos desejos incestuosos – Complexo de Édipo em questão (Cap. V). - Freud, com o passar dos anos, acrescenta pontos em sua obra – ela continha rico conhecimento desde os primórdios. - Último cap. – utilizado para ensejo na criação de obras como Além do Princípio do Prazer (1920) e O Eu e o Isso (1923): concepção do aparelho psíquico. V. A PRIMEIRA TÓPICA FREUDIANA E O MODELO DE APARELHO PSÍQUICO Primeira tópica freudiana: A primeira tópica freudiana perdura o período de 1900 a 1920 na Obra freudiana. Freud instaura e distingue o inconsciente, o pré-consciente e o consciente. É com a Interpretação dos sonhos que o Freud propõe um novo modelo de aparelho psíquico, não mais calcado em um substrato neural (tal como o era em Projeto para uma psicologia científica). O Projeto: Publicado em 1895, o Projeto para uma psicologia científica é uma forma que Freud encontrou para transformar tudo aquilo em que acreditava e que estava debruçado estudando em Ciência, de fato. Todavia, o Freud médico ainda estava muito presente nos escritos iniciais de Freud. Segundo o próprio Freud, o Projeto para uma psicologia científica é: “(...) (a) intenção é prover uma psicologia que seja ciência natural: isto é, representar os processos psíquicos como estados quantitativamente determinados de partículas materiais especificáveis, tornando assim esses processos claros e livres de contradição. Duas são as ideias principais envolvidas: [1] A que distingue a atividade do repouso deve ser considerada como Q, sujeita às leis gerais do movimento. (2) Os neurônios devem se encarados como as partículas materiais”. Primeira tópica freudiana: inconsciente4, consciente e pré-consciente. Neste esquema Freud destaca apenas as extremidades perceptiva e motora e assinala a direção do processo psíquico. Já vimos, porém, que o sistema perceptivo caracteriza-se pela permeabilidade, condição para que ele se mantenha livre para a recepção de novos estímulos. O primeiro sistema do aparelho recebe os estímulos perceptivos (P), mas nada conserva deles. P absolutamente não tem memória, tampouco pode conservar quaisquer marcas para associação, pois P seria impedido em sua função de receptor se o resto de uma ligação anterior se afirmasse contra uma nova percepção. Por trás dele, há um segundo sistema que transforma a excitação momentânea, recebida por P, em traços permanentes ou mnêmicos (Mn), nas palavras de Freud (1900/2012, p. 566): 4 Já definido na página 10 desta apostila. Primeiro aparelho psíquico proposto por Freud em 1900 Das percepções que nos chegam, resta um traço em nosso aparelho psíquico que podemos chamar de “traço mnêmico”. Chamamos de “memória” a função relacionada com esse traço mnêmico [o qual] apenas pode consistir em modificações permanentes nos elementos dos sistemas. Subsequente ao sistema inconsciente, estaria o pré-consciente, instância que guarda o registro do que é passível de se tornar consciente e que tem a chave da atividade motora. Entre inconsciente e pré-consciente há uma forte censura pela qual cada representação terá que passar para chegar à consciência (o inconsciente não tem acesso à consciência exceto pelo pré-consciente), porém, essa é uma passagem que obriga seu processo excitatório a tolerar alterações (FREUD, 1900/2012, p. 569). Para passar pela censura, muitas vezes a representação mnêmica terá que passar por grandes alterações, para não ser reconhecida pela consciência. O pré-consciente submete o material inconsciente a uma crítica, resultando disso uma exclusão da consciência. Ele se encontra entre o inconsciente e a consciência como um anteparo a esta última, mantendo com ela íntima relação. Esta instância crítica é identificada como aquilo que guia nossa vida de vigília e decide sobre nosso agir consciente, voluntário, estando situada na extremidade motora. PRÉ-CONSCIENTE: Freud* utilizou o termo pré-consciente como substantivo para designar uma das três instâncias, com as do consciente* e do inconsciente*, de sua primeira tópica*. Empregado como adjetivo, o termo qualifica os conteúdos dessa instância ou sistema que, apesar de não estarem presentes na consciência*, continuam acessíveis a ela, diversamente dos conteúdos do sistema inconsciente. No contexto da segunda tópica freudiana, o pré-consciente, distinto do eu* e sobretudo da parte inconsciente deste, inscreve-se, todavia, no domínio dessa instância. No último capítulo de A interpretação dos sonhos*, o pré- consciente é objeto de definições mais precisas. É concebido, a princípio, na reformulação do aparelho psíquico, “como o último dos sistemas na extremidade motora, para indicar que, desse ponto, os fenômenos de excitação podem chegar à consciência sem maior demora, desde que sejam atendidas outras condições, como, por exemplo, um certo grau de intensidade, uma certa distribuição da função a que chamamos atenção. CONSCIENTE (Bewusste): Termo utilizado por Freud, quer como adjetivo, para qualificar um estado psíquico, quer como substantivo, para indicar a localização de certos processos constitutivos do funcionamento do aparelho psíquico. Nessa condição, o consciente é, junto com o pré-conscientee o inconsciente, uma das três instâncias da primeira tópica freudiana. Processo primário e processo secundário5: A distinção entre os dois modos de funcionamento do aparelho psíquico — o processo primário e o processo secundário — constitui uma das concepções mais estáveis no interior da teoria psicanalítica. Ela corresponde aos dois modos de circulação da energia psíquica: a energia livre e a energia ligada, assim como corresponde também à oposição entre o princípio de prazer e o princípio de realidade. O EU tem, pois, uma dupla função: a de inibição e a de defesa. Escreve Freud: A catexia de desejo levada ao ponto da alucinação e a completa produção do desprazer, que implica o total consumo da defesa, foram por nós consideradas como processos psíquicos primários. Em compensação, aqueles processos que só se tornam possíveis mediante uma boa catexia do ego e que representam versões atenuadas dos mencionados processos psíquicos primários foram considerados como processos psíquicos secundários. (Freud, ESB, v. I, pp. 432-33) É nos sonhos e nos sintomas que os processos primários se apresentam de forma privilegiada para Freud, enquanto o pensamento da vigília, a atenção, o raciocínio e a linguagem são exemplos de processos secundários. O sonho é o exemplo privilegiado de processo primário para Freud, pois é acompanhado de uma diminuição das necessidades orgânicas e por um desligamento dos estímulos externos que tornam supérflua a função secundária do ego. A precondição essencial do sono, e, portanto, do sonho, é a queda da carga endógena em psi. O bebê dorme quando não está atormentado por nenhuma necessidade (fome, sede) ou por algum estímulo externo (frio, por exemplo). 5 Ler: Freud e o Inconsciente, de Garcia-Roza, capítulo “A pré-história da Psicanálise II”. O processo primário e o processo secundário é uma prefiguração da oposição entre princípio da realidade e princípio do prazer. PROCESSO PRIMÁRIO: No Projeto para uma psicologia científica, a noção de deslocamento é situada como intrinsecamente ligada ao processo primário, constitutivo do sistema inconsciente, caracterizado pelo livre deslocamento de uma energia de investimento. A condensação, o deslocamento e a figuração —, constitui o processo primário. PROCESSO SECUNDÁRIO: O processo secundário formado pelo sistema pré- consciente, mais estável e mais organizado. O pré-consciente age como um protetor do consciente: faz triagens e seleciona, com a finalidade de afastar as moções desagradáveis que possam importunar o consciente. Nesse sentido, está ligado ao processo secundário Assim como ele adormece depois da mamada, o adulto também adormece depois da refeição e da cópula (Freud, ESB, v. I, p. 444). Capítulo VII da Interpretação dos Sonhos6: É tido como capítulo mais importante d’A Interpretação dos Sonhos, afinal, é nele que Freud formula toda uma nova teoria sobre o aparelho psíquico e é nele que o Freud médico fica em segundo lugar e dá lugar ao Freud psicanalista. Ele é de suma importância porque faz com que Freud rompa de uma vez com uma explicação neurológica (presente no Projeto) e parta para uma explicação psicológica, que dará espaço para uma metapsicologia. O sonho tem um sentido, e esse sentido é correlativo do trabalho de interpretação. A explicação “neurológica” cede lugar a uma decifração do sentido. É nesse momento que se articulam o desejo e a linguagem. E é por essa pertença à linguagem que o sonho vai tornar-se o modelo para a compreensão dos sintomas, dos mitos, das religiões, da obra de arte como formas dissimuladas do desejo. Essa é a razão pela qual Freud afirma que o sonho é o pórtico real da psicanálise. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COSTA, A. Sonhos. Rio de Janeiro: Zahar, 2006. FONTENELE, L. A Interpretação. Rio de Janeiro: Zahar, 2002. FREUD, S. (1900). A Interpretação dos sonhos. Tradução do Alemão de Renato Zwick. Porto Alegre: L&PM, 2013. _________. (1905). Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. _________. (1905). Fragmento da análise de um caso de histeria. Rio de Janeiro: Standard, 1996. V. VII. _________. (1910). Cinco lições de Psicanálise. São Paulo: Companhia das Letras, 2014. _________. (1914). A História do movimento psicanalítico. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. _________. (1914). À guisa de Introdução ao Narcisismo. Rio de Janeiro: Imago, 2004. _________. (1915). A pulsão e seus destinos. Rio de Janeiro: Imago, 2004. _________. (1920). Além do princípio do prazer. Porto Alegre: L&PM, 2016. _________. (1930). O mal-estar na cultura. Porto Alegre: L&PM, 2012. GARCIA-ROZA, L.A. Freud e o Inconsciente. Rio de Janeiro: Zahar, 1985. ______________. Introdução à metapsicologia freudiana V. 2: a interpretação dos sonhos. Rio de Janeiro: Zahar, 2008. ______________. Introdução à metapsicologia freudiana V. 3: artigos de metapsicologia. Rio de Janeiro: Zahar, 2004. 6 Ler: Capítulo VII da Interpretação dos Sonhos, de Freud. GAY, P. Freud: uma vida para o nosso tempo. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. LAPLANCHE, J. Vocabulário de Psicanálise. São Paulo: Martins Fontes, 1998. MEZAN, R. Freud: pensador da cultura. São Paulo: Companhia das Letras, 1985. NASIO, J.D. O prazer de ler Freud. Rio de janeiro: Zahar, 1999. PEREZ, D. O. O Inconsciente: onde mora o desejo. Rio de Janeiro: civilização brasileira, 2012. ROUDINESCO, E. Sigmund Freud: na sua época e em nosso tempo. Rio de Janeiro: Zahar, 2016. ROUDINESCO, E.; PLON, M. Dicionário de Psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar, 1998. 2º BIMESTRE: A sexualidade em Freud: complexo de Édipo e desejo. MITO ÉDIPO REI: Laio, rei da cidade de Tebas e casado com Jocasta, foi advertido pelo oráculo de que não poderia gerar filhos e, se esse mandamento fosse desobedecido, ele seria morto pelo próprio filho, que se casaria com a mãe. O rei de Tebas não acreditou e teve um filho com Jocasta. Depois arrependeu-se do que havia feito e mandou abandonarem a criança numa montanha com os tornozelos furados para que ela morresse. A ferida que ficou no pé do menino é que deu origem ao nome Édipo, que significa pés inchados. O menino não morreu e foi encontrado por alguns pastores, que o levaram a Polibo, o rei de Corinto, este que o criou como filho legítimo. Já adulto, Édipo também foi até o oráculo de Delfos para saber o seu destino. O oráculo disse que o seu destino era matar o pai e se casar com a mãe. Espantado, ele deixou Corinto e foi em direção a Tebas. No meio do caminho, encontrou com Laio que pediu “A história do ódio em relação a Freud é tão antiga quanto a da psicanálise. Ninguém toca impunemente no sexo, no segredo da intimidade, nos assuntos de família, na pulsão de morte e na barbárie dos regimes que escravizam mulheres, homossexuais, marginais e anormais sem pagar um preço por isso (ROUDINESCO: “Freud – mas por que tanto ódio?”)” para que ele abrisse caminho para passar. Édipo não atendeu ao pedido do rei e lutou com ele até matá-lo. Sem saber que havia matado o próprio pai, Édipo prosseguiu sua viagem para Tebas. No caminho, encontrou-se com a Esfinge, um monstro metade leão, metade mulher, que atormentava o povo tebano, pois lançava enigmas e devorava quem não os decifrasse. O enigma proposto pela esfinge era o seguinte: Qual é o animal que de manhã tem quatro pés, dois à tarde, e três à noite? Ele disse que era o homem, pois na manhã da vida (infância) engatinha com pés e mãos, à tarde (idade adulta) anda sobre dois pés e à noite (velhice) precisa das duas pernas e de uma bengala. A Esfinge ficou furiosa por ter sidodecifrada e se matou. O povo de Tebas saudou Édipo como seu novo rei, e entregou-lhe Jocasta como esposa. Depois disso, uma violenta peste atingiu a cidade e Édipo foi consultar o oráculo, que respondeu que a peste não teria fim enquanto o assassino de Laio não fosse castigado. Ao longo das investigações, a verdade foi esclarecida e Édipo cegou-se e Jocasta enforcou- se. * Oráculo: analogia ao inconsciente – é lá que estão todas as verdades; - Enigma: conflito psíquico infantil - Esfinge: analista – quem leva ou traz os conflitos para desvendarmos. - Édipo conseguiu decifrar o enigma porque dizia respeito a ele – ele sofreu com os pés na infância. - Jocasta: “muitos, em sonhos, já se deitaram com suas mães. - Mito do Édipo-Rei: interpretação dos sonhos. Cap VII. - Édipo somos todos nós: Freud viu isto em si (Carta com Fliess). - Dialética edipiana: consolidou-se na teoria freudiana a partir da clínica e da análise pessoal. - Para Freud: complexo de édipo é determinante na estruturação da identidade, da orientação do desejo, da constituição das instâncias, sobretudo supereu e ideal de Eu. - Período: 3 a 5 anos de idade. * 3 grandes momentos da conceituação: 1- Carta a Fliess – 15 de outubro de 1897; (Freud reconheceu em si) - Retoma em Interpretação dos sonhos (Sonhos sobre a morte de pessoas queridas) - Édipo-Rei: nossos próprios desejos infantis. - Em 1910 – utilizou o termo complexo de édipo. 2- Identificação: Psicologia das Massas e Análise do Eu - O Eu e o Isso: desejos sexuais do menino pela mãe. Formulação – ambivalência em relação a ambos os pais (1º tempo); - A saída do Édipo com as identificações (2º tempo). 3- A organização genital infantil (1923) “Todos possuem um pênis” - Ainda que não veja, tem uma crença de que crescerá. 2º momento: estava lá, mas foi retirado. Noção de castração: “designa uma experiência psíquica completa, inconscientemente vivida pela criança por volta dos 5 anos de idade e decisiva para a assunção de sua futura identidade sexual.” ❖ 5 etapas na castração (meninos) 1 – Todos possuem um pênis; 2- Pênis é ameaçado; 3- Menino vê seres castrados: a ameaça é real; 4- Mãe é castrada: emergência da angústia; 5- Menino aceita a lei da castração. ❖ 4 tempos na castração (meninas) 1- Todos possuem um pênis (clitóris é um); 2- Clitóris é pequeno demais para ser um (fui castrada); 3- Ódio pela mãe; 4- Três saídas do complexo de édipo: ausência de inveja do pênis; vontade de ser dotada de um pênis do homem; vontade de ter substitutos do pênis (nascimento do complexo de édipo). Complexo de édipo: falo e castração = núcleo da neurose. - A sexualidade define-se pela forma em que se constituiu no campo do Édipo; - Angústia de castração retira o menino do Édipo; - Narcisismo do menino x investimento libidinal na figura parental; - Complexo de Édipo dá lugar ao recalque. - Menina entra no Édipo por causa da inveja do pênis; - Ódio da mãe e sentimento de inferioridade; - Supereu fraco e falho Por que elaborar uma teoria da sexualidade que tenha como pressuposto básico a infância? Qual a característica fundamental da sexualidade infantil? “Pequeno perverso polimorfo”. Que é, então, o Édipo? O Édipo é a experiência vivida por uma criança de cerca de quatro anos que, absorvida por um desejo sexual incontrolável, tem de aprender a limitar seu impulso e ajustá-lo aos limites de seu corpo imaturo, aos limites de sua consciência nascente, aos limites de seu medo e, finalmente, aos limites de uma Lei tácita que lhe ordena que pare de tomar seus pais por objetos sexuais. Eis então o essencial da crise edipiana: aprender a canalizar um desejo transbordante. No Édipo, é a primeira vez na vida que dizemos ao nosso insolente desejo: “Calma! Fique mais tranquilo! Aprenda a viver em sociedade!” Assim, concluímos que o Édipo é a dolorosa e iniciática passagem de um desejo selvagem para um desejo socializado, e a aceitação igualmente dolorosa de que nossos desejos jamais serão capazes de se satisfazer totalmente. Porém, o Édipo não é apenas uma crise sexual de crescimento, é também a fantasia que essa crise molda no inconsciente infantil. Com efeito, a experiência vivida do terremoto edipiano fica registrada no inconsciente da criança e perdura até o fim da vida como uma fantasia que definirá a identidade sexual do sujeito, determinará diversos traços de sua “personalidade” e fixará sua aptidão a gerir os conflitos afetivos. No caso de a criança ter experimentado, por ocasião da crise edipiana, um prazer precoce demais, intenso demais e inesperado demais, isto é, no caso de a experiência de um prazer excessivo ser traumática, a fantasia daí resultante seria a causa certa de uma futura neurose. O Édipo, no entanto, é mais que uma crise sexual e uma fantasia que ela modela no inconsciente; é também um conceito, o mais crucial dos conceitos psicanalíticos. Diria que é a própria psicanálise, uma vez que o conjunto dos sentimentos que a criança experimenta durante essa experiência sexual que chamamos de complexo de Édipo é, para nós psicanalistas, o modelo que utilizamos para pensar o adulto que somos. Assim como a criança edipiana, percebemos a escalada do desejo pelo outro, forjamos fantasias, sentimos prazer com nosso corpo ou o corpo do outro, temos medo de ser superados por nossos impulsos e aprendemos, finalmente, a refrear nosso desejo e nosso prazer para viver em sociedade. Que é a psicanálise senão uma prática sustentada por uma teoria que concebe o homem de hoje a partir da experiência edipiana vivida por todas as crianças quando têm de aprender a refrear seu desejo e moderar seu prazer? Enfim, o Édipo é também um mito, já que essa crise real e concreta vivida por uma criança de quatro anos, é uma explosiva alegoria da luta entre as forças impetuosas do desejo sexual e as forças da civilização que se lhe opõem. O melhor desfecho para essa luta é um compromisso chamado pudor e intimidade. Em resumo... O Édipo é: 1. É uma chama de sexualidade vivida por uma criança de quatro anos no cerne da relação com seus pais. 2. É uma fantasia sexual forjada inocentemente pelo menino ou pela menina para aplacar o ardor de seu desejo. 3. É também a matriz de nossa identidade sexual de homem e de mulher, pois é durante a crise edipiana que a criança sente pela primeira vez um desejo masculino ou feminino em relação ao genitor do sexo oposto. 4. É ainda uma neurose infantil, modelo de todas as nossas neuroses adultas. 5. É uma fábula simbólica que põe em cena uma criança encarnando a força do desejo, e seus pais encarnando tanto o objeto desse desejo quanto o interdito que o refreia. 6. É a chave-mestra da psicanálise. É o conceito soberano que gera e organiza todos os outros conceitos psicanalíticos e justifica a prática da psicanálise. 7. É, enfim, o drama infantil e o inconsciente que todo analisando representa na cena do tratamento ao tomar seu psicanalista como parceiro. A sexualidade infantil: - A teoria da sexualidade infantil representa o fundamento essencial da teoria psicanalítica desenvolvida por Freud no segundo dos Três ensaios (...). Essa teoria causou polêmica na época, o que não significa que a sexualidade infantil teria sido negada no século XIX. O que se negou foi a forma como Freud abordou o tema, pois a sexualidade infantil era entendida sob formas de controle e vigilância exercidas sobre a criança. - Autoerotismo: A primeira vez que Freud empregou o termo “autoerotismo” foi numa carta a Fliess, em 9 de dezembro de 1899, e designou como o estrato sexual mais primitivo, agindo com independência de qualquer fim psicossexual e exigindo somente sensações locais de satisfação (FREUD, 2006, 377). DESENVOLVIMENTO NA PSICANÁLISE • Segundo Freud,a maioria dos aspectos significativos da personalidade no adulto é formada nos primeiros 5 anos do sujeito. • A questão do desenvolvimento psicossexual em Os Três Ensaios sobre a teoria da sexualidade (1905) – corpo erotizado e libidinalmente investido. • Em cada fase do desenvolvimento, o prazer localiza-se em uma parte específica do corpo chamada zona erógena. Em cada fase, observa-se um momento crítico e fundamental para o desenvolvimento. A forma de lidar com esses momentos pode representar um desenvolvimento contínuo ou a fixação naquela fase. FASE ORAL - Zona erotizada: boca. - Prazer: ingestão de alimentos; sucção; excitação da mucosa e dos lábios. - Enquanto come-se, se é acalentado e acarinhado. Associa-se prazer e redução da tensão à amamentação. - Em adultos: fixação oral expressa-se em: comer, chupar, lamber, beijar, beber, fumar, roer unha, etc. FASE ANAL - Zona erotizada: ânus. - Controle dos esfíncteres (uretra e ânus) – ponto crítico. - Por volta dos 2 anos a criança aprende a controlar os esfíncteres. - O valor simbólico das fezes para as crianças. - Características adultas da fixação anal: ordem e controle. Rituais compulsivos. FASE FÁLICA - Entre os 3 e 5 anos. - Órgãos genitais privilegiados. - A questão das diferenças sexuais. - Complexo de Édipo: estruturação da personalidade. - Diferenças entre meninos e meninas. - SUPEREU: herdeiro do complexo de Édipo. LATÊNCIA Um tempo no qual os desejos sexuais da fase são recalcados com sucesso, pelo supereu. Durante ele, o desejo sexual torna-se inconsciente. Nesse período da vida, depois que a primeira eflorescência da sexualidade feneceu, surgem experiências como vergonha, repulsa e moralidade, resultado da relação. ❖ ATIVIDADE AVALIATIVA I! A partir da temática aqui discutida sobre “A sexualidade na teoria freudiana” por que é problemática a aproximação entre normalidade e sexualidade? É possível que consigamos mensurar uma normalização ou uma normalidade no campo da sexualidade? Se sim, o que é normal em termos sexuais para você? Teoria pulsional em Freud: somos sujeitos pulsionais e não instituais! Metapsicologia freudiana: - Os artigos da Metapsicologia representam a tentativa mais concentrada de Freud de esclarecimento das bases teóricas sobre as quais está assentada a psicanálise. Os cinco artigos que compõem o conjunto — As pulsões e seus destinos, O recalque, O inconsciente, Suplemento metapsicológico à teoria dos sonhos e Luto e melancolia — fazem parte de uma coletânea de 12 artigos da qual os outros sete se perderam. Todos os artigos restantes foram escritos no ano de 1915 quando Freud teve sua clínica bastante reduzida em decorrência da eclosão da Primeira Guerra Mundial. - O termo “metapsicologia” possui, em Freud, dois sentidos: o primeiro, mais explícito, diz respeito à metapsicologia entendida como um conjunto de modelos conceituais que constituem a estrutura teórica da psicanálise; um segundo sentido é fornecido pelo próprio Freud em algumas cartas dirigidas a Fliess e numa passagem de A psicopatologia da vida cotidiana, onde o termo é empregado pela primeira vez (Freud, ESB, v. VI, p. 304). Esse outro sentido diz respeito às relações entre a metapsicologia e a metafísica (a semelhança dos termos não é casual). - “A teoria das pulsões é, por assim dizer, nossa mitologia” , escreve Freud (ESB, v. XXII, p. 119). - Como se dá a pulsão em Freud: ela nunca se dá por si mesma (nem a nível consciente, nem a nível inconsciente), ela só é conhecida pelos seus representantes: a ideia (Vorstellung) e o afeto (Affekt). Além do mais, ela é meio física e meio psíquica. Daí seu caráter “mitológico” - Pulsão, diz Freud, é “ um conceito situado na fronteira entre o mental e o somático” ; ou ainda, “ é o representante psíquico dos estímulos que se originam dentro do organismo e alcançam a mente” (ESB, v. XIV, p. 142). - Paulo César de Souza considera a tradução francesa de trieb por pulsion como uma resposta a uma biologização injustificável que a tradução inglesa do mesmo termo por instinct provocou. - Pulsão sexual x norma moral; - O problema de distinguir entre o normal e o patológico no campo da sexualidade. - Primeiro dualismo pulsional x Segundo dualismo pulsional. Pulsão sexual x Pulsão do Eu. Pulsão de vida e Pulsão de morte. - A história da psicanálise é atravessada pelo modo de pensar dualista de Freud. Os pares antitéticos: consciente-inconsciente, princípio de prazer-princípio de realidade, ativo- passivo, pulsões sexuais-pulsões de autoconservação etc. são exemplos desse dualismo. No quadro da primeira teoria das pulsões, Freud opunha as pulsões sexuais às pulsões de autoconservação (ou pulsões do ego); esse dualismo é substituído, a partir de 1920, pelo novo dualismo: pulsões de vida-pulsão de morte. ▪ Ponto centralizadores: - Pulsão difere-se do instinto7, não se reduz às simples atividades sexuais; - Há quatro características da pulsão para Freud: “A “força” ou “pressão” constitui a própria essência da pulsão e a situa como o motor da atividade psíquica. O “alvo”, isto é, a satisfação, pressupõe a eliminação da excitação que se encontra na origem da pulsão; esse processo pode comportar “alvos intermediários” ou até fracassos, ilustrados pelas pulsões — chamadas de pulsões 7 Por instinto se entende um comportamento inato, fixado hereditariamente, comum aos indivíduos de uma espécie: o instinto migratório de certas aves, por exemplo. Em resumo: instinto é um comportamento pré- fixado em uma determinada espécie e que prescinde que você siga o mesmo padrão comportamental outrora estabelecido pela sua espécie. Segundo Laplanche & Pontalis (2008, p. 241), Instinto é “(...) classicamente, esquema de comportamento herdado, próprio de uma espécie animal, que pouco varia de um indivíduo para outro, que se desenrola segundo uma sequência temporal pouco suscetível de alterações e que parece corresponder a uma finalidade”. Pulsão: empregado por Sigmund Freud a partir de 1905, tornou-se um grande conceito da doutrina psicanalítica, definido como a carga energética que se encontra na origem da atividade motora do organismo e do funcionamento psíquico inconsciente do homem. Pulsão x Instinto: a escolha da palavra pulsão para traduzir o alemão Trieb correspondeu à preocupação de evitar qualquer confusão com instinto e tendência. Essa opção correspondia à de Sigmund Freud, que, querendo marcar a especificidade do psiquismo humano, preservou o termo Trieb, reservando Instinkt para qualificar os comportamentos animais. Os três ensaios sobre a teoria da sexualidade: foi na versão inicial desse livro que Freud recorreu pela primeira vez à palavra pulsão. Num trecho acrescentado em 1910, ele forneceu uma definição geral que, em sua essência, não sofreria nenhuma modificação: “Por pulsão, antes de mais nada, não podemos designar outra coisa senão a representação psíquica de uma fonte endossomática (no próprio corpo, grifo meu) de estimulações que fluem continuamente, em contraste com a estimulação produzida por excitações esporádicas e externas. A pulsão, portanto, é um dos conceitos da demarcação entre o psíquico e o somático.” “inibidas quanto ao alvo” — que se desviam parcialmente de sua trajetória. O “objeto” da pulsão é o meio de ela atingir seu alvo, e nem sempre lhe está originalmente ligado. (Alfred Adler, citado por Freud, havia assinalado isso ao falar do “entrecruzamento das pulsões”: um mesmo objeto pode servir, simultaneamente, para a satisfação de várias pulsões.) Por último, a “fonte” das pulsões é o processo somático, localizado numa parte do corpo ou num órgão, cuja excitação é representadano psiquismo pela pulsão.” Da infância à puberdade, a pulsão sexual não existe como tal, mas assume a forma de um conjunto de pulsões parciais, as quais é importante não confundir com as pulsões classificadas por categoria (cuja existência Freud sempre rejeitou, como é atestado, por exemplo, por sua refutação da ideia de uma pulsão gregária em Psicologia das massas e análise do eu). O caráter sexual das pulsões parciais, cuja soma constitui a base da sexualidade infantil, define-se, num primeiro momento, por um processo de apoio em outras atividades somáticas, ligadas a determinadas zonas do corpo, as quais, dessa maneira, adquirem o estatuto de zonas erógenas. Assim, a satisfação da necessidade de nutrição, obtida através do sugar, é uma fonte de prazer, e os lábios se transformam numa zona erógena, origem de uma pulsão parcial. Num segundo momento, essa pulsão parcial, cujo caráter sexual é assim ligado ao processo de erotização da zona corporal considerada, separa- se de seu objeto de apoio para se tornar autônoma. Funciona então de maneira auto erótica. Esse registro do autoerotismo constitui a fase preparatória da instauração do que Freud chamaria, alguns anos depois, de narcisismo primário, resultante da convergência das pulsões parciais para o eu inteiro, e não mais apenas para uma zona corporal específica. Posteriormente, a pulsão sexual pode encontrar sua unidade através da satisfação genital e da função da procriação. O conceito de Narcisismo: - O termo “narcisismo” foi empregado pela primeira vez por Freud em 1909, durante uma reunião da Sociedade Psicanalítica de Viena, quando o apontou como um estágio necessário entre o autoerotismo e o amor objetal. Nesse mesmo ano, ao preparar a segunda edição dos Três ensaios sobre a teoria da sexualidade, incluiu uma nota de rodapé sobre a natureza bissexual do indivíduo, na qual o termo “narcisismo” aparece pela primeira vez em seus escritos. - O conceito é retomado no artigo sobre Leonardo da Vinci, de 1910, e na análise do caso Schreber, publicado no ano seguinte. O capítulo III de Totem e tabu dedica um espaço maior ao assunto, quando Freud compara o narcisismo à fase animista da história da humanidade, mas é no artigo de 1914, Para introduzir o narcisismo, que a carga explosiva do conceito surge em sua plenitude. - A leitura desse artigo supõe, contudo, que tenhamos passado previamente pelos Três ensaios sobre a teoria da sexualidade, de 1905. Isto não apenas pela nota de rodapé na qual Freud faz menção ao narcisismo, mas sobretudo pelo conceito de autoerotismo desenvolvido no ensaio que tem por título “A sexualidade infantil. - Freud tem sua atenção despertada para a sexualidade, considerada fator importante na constituição das neuroses, pelo menos dez anos antes da publicação dos Três ensaios. Num artigo de 1895, que tem por título “Sobre a justificativa de se separar da neurastenia uma determinada síndrome intitulada ’neurose de angústia’”, ele aponta o acúmulo de excitação sexual não descarregada como o fator preponderante na etiologia da neurose. Nesse mesmo texto, distingue a excitação sexual somática da libido sexual de ordem psíquica, embora ainda não considere esta última inconsciente. Sexualidade infantil: - Nos Três ensaios, e sobretudo a partir de Para introduzir o narcisismo (1914), “sexualidade infantil” deixa de ser um termo descritivo, empregado para designar comportamentos sexuais na infância, comportamentos imaturos e parciais, e passa a ser empregado como conceito explicativo designando a natureza da sexualidade humana. A sexualidade infantil deixa de ser um fenômeno exclusivo da infância, oposto à sexualidade adulta, madura e completa, e passa a ser a característica definidora da sexualidade humana, seja ela a de um adulto ou a de uma criança: o fato da sexualidade humana ser sempre parcial, não plena, e marcada pela incompletude. A teoria da libido: - A libido é concebida por ele como uma energia psíquica, como a expressão anímica da pulsão sexual,21 ou ainda como uma força suscetível de variações quantitativas que poderia servir de medida para os processos e as transformações no domínio da excitação sexual. O fato, porém, é que ela não se constitui numa ideia clara e distinta para a psicanálise. A palavra libido, em latim, tem uma significação aproximada a “vontade” e “desejo”; Freud assinala que a palavra alemã mais aproximada do que ele pretende designar por “libido” é Lust (prazer, gana), mas que é inadequada porque designa tanto a sensação de necessidade como a de satisfação; finalmente, em várias passagens, emprega os termos “libido” e “pulsão sexual” como se fossem sinônimos. 1. A libido é referida à pulsão sexual e apenas a ela, sendo irredutível a qualquer outra forma de energia anímica. A ênfase de Freud sobre este ponto era justificada pelo fato de Jung ter proposto uma libido primordial indiferenciada que poderia ser sexualizada ou dessexualizada. O conceito deixa de designar a energia sexual e passa a designar uma tensão geral, indeterminada, uma espécie de élan vital. O que para Jung soava como uma ampliação do conceito, para Freud soava como uma diluição que, além de não trazer qualquer benefício teórico, obscurecia o conceito por ele produzido. 2. Apesar de Freud ter utilizado o conceito de libido num registro predominantemente quantitativo, não deixa de lhe atribuir também um caráter qualitativo. Em várias passagens, refere-se a um quantum de libido, algo que é concebido como uma força ou uma energia capaz de aumento ou diminuição e cuja distribuição ou deslocamento tornam possível a explicação da sexualidade humana. Mas não deixa, por outro lado, de lhe conferir um caráter qualitativo, o responsável pela distinção entre a libido e outra energia que possa servir de suporte aos processos psíquicos em geral. O que Freud está marcando, desde esse momento, é o lugar do não-sexual, que primeiro vai ser ocupado pelas chamadas pulsões de autoconservação e mais tarde pela pulsão de morte. A segunda tópica freudiana: EU, ISSO E SUPEREU. - Além do princípio do prazer (1920); - O Eu e o Isso (1923). - A questão da modificação do EU pelo ISSO e pelas influências externas. As instâncias ideais e o SUPEREU: - EU IDEAL X IDEAL DE EU: O eu ideal é uma instância que remete àquilo que nós gostaríamos de ter sido, àquilo que teria sido o nosso lugar no desejo dos nossos pais, das expectativas da sociedade, daquilo que o outro espera da gente. O eu ideal corresponde a uma figura do narcisismo. No fundo é um objeto para o outro, aquilo que completaria este outro. Já o Ideal de eu é uma instância secundária, ela é formada a partir do complexo de édipo e tem a ver com uma substituição simbólica desse narcisismo mais primário. Ela diz para gente o que devemos ser como um ideal, tomando algo, alguém como ideal para poder autorizar o nosso próprio desejo. Enquanto o eu ideal é uma instância imaginária, o ideal de eu é uma instância simbólica. Ela (ideal de eu) diz: “é como eu devo ser para poder desejar aquilo com quem me identifico”. Substituímos às figuras que outrora foram fundamentais em nossas vidas (pai, mãe) por outras figuras ideais (professor, médico, analista, namorado, etc.) justamente pela via do ideal de eu. É a partir dele que montamos as nossas estruturas fundamentais de admiração e que servirão de base para elegermos quem vamos “amar”. Amar alguém é, no fundo, colocar/incluir esta pessoa no nosso espectro de ideal de eu. Ideal de eu é uma instância de formação da nossa personalidade, junto com o supereu. Enquanto o supereu diz “isto não pode! Isto não é permitido”, o ideal do eu apresenta-se para nós como formulador de nossos ideais reguladores, aquilo do qual a gente tenta se aproximar, aquilo peloqual a gente se orienta, o nosso horizonte, portanto o ideal de eu nunca se alcança. A questão da compulsão à repetição em Freud, sobretudo em Além do princípio do prazer: - Por que repetimos atos que são danosos à nossa vida? - Por que parece que escolhemos sofrer? - Por que sempre que alcançamos algo, logo em seguida a falta se instara em nossa existência? ❖ ATIVIDADE AVALIATIVA II! A partir da temática aqui discutida sobre “Teoria pulsional em Freud” explique e exemplifique com um caso em questão por que, para Freud, todos nós estamos fadados a repetir atos que são perniciosos à nossa vida? O MAL ESTAR NA CULTURA: estamos fadados ao sofrimento? É possível uma vida sem lenitivos? o Texto fundamental na Obra freudiana; É um texto para se conhecer Freud de maneira categórica! o É tido como um texto fundamental para o século XX; o Neste texto é possível que vejamos toda a força do intelecto de Freud: afinal, Freud faz um diagnóstico preciso da humanidade, da cultura e do ser humano; o Freud não cita diretamente, mas Kant e Nietzsche são discutidos aqui: Kant – ética; Nietzsche – violência, culpa. o Embora seja uma continuidade, o “mal estar na cultura” se distingue tacitamente do “Futuro de uma ilusão”, pois em 1927 Freud ainda apresenta-se entusiasmado com a ciência e sua superior capacidade em relação à religião. o Freud sugeriu “civilization and its discontents”. Civilização: deslocamento; controle; higienização. Mais fraco e restrito que o termo “cultura”. o Quem diferencia civilização de cultura é Norbert Elias – o processo civilizador: Civilização – surgiu na França do século XIII, no seio da aristocracia, era a “maneira como aqueles membros da sociedade que rondavam o rei deveriam proceder. Civilizado é aquele mais urbano e instruído. Civilização: união de um grupo para tirar proveito de um bem. Cultura: normas, regras; o que manterá o grupo vivo. Das Unbehagen in der Kultur: o mal estar é intrínseco ao ser humano. - Unbehagen (mal-estar): desconforto. Behagen: sentir-se protegido. Logo, unbehagen remete à uma fragilidade; falta de abrigo; a querer estar protegido. - 1930: mostra o oculto; o segredo por detrás de toda cultura e da nossa humanidade, ou seja, seu mal estar e suas origens mais profundas. • 1ª PARTE DO ENSAIO: retoma sua análise da religião e localiza a sua origem na sensação de desamparo da criança, que é oposta ao seu narcisismo originário e a violenta. - “Na vida psíquica, nada do que uma vez se formou pode perecer”. - “Sentimento oceânico”: nossa vida prolonga o desamparo infantil. O sentimento oceânico proposto pelas religiões é uma projeção posterior do sentimento do bebê de indistinção com o mundo e de amparo absoluto. 2ª PARTE DO ENSAIO: “não estamos programados para a felicidade”. - Todas as vezes que nos saciamos, em seguida surge uma nova necessidade. - Freud encontrou isto nos gregos: “Viver é ter desgostos” (Eurípedes). ESQUEMA! Bebê: behagen – sentir-se protegido Fim de toda libido para o adulto. Atingir estado de completude, sem conflito com o mundo. • Noção de sublime (ligado ao trágico): - Paixões mistas: misturam prazer e terror. - Prazer extraído do terror: cinema, literatura, teatro. - O mal estar na cultura e O Inquietante, são os melhores textos freudianos escritos sobre o trágico. • Freud apresenta o homem desamparado, imerso em um mundo que só lhe confronta com dores e horrores: estes vêm tanto do corpo, como do mundo externo, com suas armadilhas terríveis e também, talvez acima de tudo, das relações humanas. • Homem x Cultura: “O homem é o lobo do Homem” (Hobbes). • O mal estar na cultura trata da cultura, do sentimento de culpa, da felicidade e outras coisas enaltecidas. • Freud o chamou de livrinho e não considerava grandes coisas. Obsoleto, disse ele. • Muito embora não houvesse nada de completamente novo, Freud analisou as questões com maior concentração. • Morte: teoria do sublime. No centro da Psicanálise. Obstáculo à felicidade = sentimento de culpa. Felicidade – infelicidade: sadismo. o Homem freudiano: destrutivismo. Cultura marcada pela violência; por um impulso incontrolável de agressão que põe por água abaixo a visão humanista e iluminista do homem racional como o centro do mundo e o coroamento da natureza. Carrega a natureza dentro de si e nunca poderá controla-la. Os homens criam mecanismos e saídas para lidar com a verdade inexorável: - Sublimação! Arte: espécie de filtro do esquecimento – aproxima-se a certas drogas, ao amor e a religião. Cultura: recalque dos restos, avesso da sexualidade animal. Marquês de Sade. ▪ Mal estar: limitação que a cultura impõe aos impulsos, que frustra os nossos desejos. ▪ Consciência moral: parte essencial para o mal estar. ▪ Origem da cultura: o assassinato do pai da horda primevo. VERGONHA: Demonstrativo do contato Simbólico ▪ Gênese do Supereu: introjeção de uma culpa estruturante. ▪ Desgraças: castigo de um pai severo; alimentou a nossa culpa. ▪ Trágico - Eros x Tânatos: - Tecnologia e seus usos pelo homem: estamos mais evoluídos? - Freud: “Mas quem pode prever o desfecho?” - Ler: página 183 de Mal estar na cultura (versão L&PM) – sobre o ceticismo freudiano. ▪ “Amar ao próximo como a ti mesmo”: defesa humana contra impulsos agressivos. ▪ Crítica ao socialismo: homem enquanto sujeito elevado. ▪ SUPEREU E ÉTICA: o que remonta a relação de ambos? ❖ ATIVIDADE AVALIATIVA III! A partir da temática aqui discutida sobre “O mal estar na cultura”, explique, em suas palavras, o que Freud quer dizer quando afirma que “uma vida sem lenitivos é impossível de ser vivida”? “QUANTO MAIS CULTURA, MAIS CULPA E MAIS MAL ESTAR!” CARL GUSTAV JUNG • Grande importância na história da Psicanálise – Freud acreditava que Jung poderia levar a Psicanálise para além das fronteiras do judaísmo. • Psiquiatra suíço. Criador da Psicologia Analítica. • Discípulo de Freud de 1907 a 1913. • Em abril de 1906, enviou a Freud os seus Diagnostisch Assoziationsstudien (Estudos diagnósticos de associação), inaugurando assim uma longa correspondência: um total de 359 cartas. Para Freud, esse encontro foi de importância crucial, pois abria para a psicanálise o “novo continente” das psicoses. Logo se iniciou um grande debate entre Freud, Jung e Bleuler sobre o estatuto da esquizofrenia (que ainda era chamada dementia praecox), e sobre a questão do auto-erotismo e do autismo. • Quando encontrou Freud, Jung já tinha uma concepção do inconsciente e do psiquismo, herdada de Théodore Flournoy, de Janet e de todos os artífices da subconsciência. Não só não compartilhava as hipóteses vienenses, como também estava em desacordo com a concepção freudiana da sexualidade infantil, do complexo de Édipo e da libido. O que o aproximava de Freud era, por um lado, o fascínio por uma obra na qual acreditava encontrar a confirmação de suas hipóteses sobre as idéias fixas subconscientes, as associações verbais e os complexos, e por outro lado, a atração por um ser excepcional com o qual podia se medir. • Em 1910, em Nuremberg, foi eleito primeiro presidente da Internationale Psychoanalytische Vereinigung (IPV), futura International Psychoanalytical Association* (IPA). • Em 1912, o conflito entre Freud e Jung se tornou evidente, quando Jung preparou a publicação